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A Juventude e as Tecnologias de Informação ante o Valor do Silêncio

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Nome: Félix Angélico Sakuayela
Disciplina: Filosofia Contemporânea
A Juventude e as Tecnologias de Informação ante o Valor do Silêncio
Para esta reflexão, usarei o método crítico-comparativo, tendo como objecto a juventude antes do elevado domínio das tecnologias de informação e a juventude na era do domínio elevado das tecnologias de informação, tendo como referência para estes dois objectos o valor do silêncio.
“Os que só andam muito devagar podem avançar bem mais, se continuarem sempre pelo caminho recto, do que aqueles que correm e dele se afastam.” Assim dizia René Descartes ao terminar o primeiro parágrafo de sua celebérrima obra Discurso do Método.
Há tempos, os telemóveis, os iPodes e os computadores não exerciam quase nenhuma influência negativa na vida da juventude das décadas passadas. Olhava-se para o computador como apenas uma máquina para gabinetes, capaz de exercer altos cálculos de dados e estatísticas e facultar a realização de grandes trabalhos curriculares; olhava-se para o telemóvel como apenas um meio de comunicação a longa distância, bastante útil principalmente entre as instituições laborais. Neste contexto, via-se na juventude um espírito ameno, uma paz interior, uma despreocupação na luta intensa para a aquisição destas tecnologias de informação, pois elas eram mais necessárias em gabinetes do que nos bolsos, e que quando fossem nos bolsos eram apenas para assegurar uma comunicação importantíssima a longa distância. Nesta época, quando um jovem, por sorte conseguisse um computador a prioridade era para realização de grandes tarefas como teses ou monografias.
Hoje é muito diferente, pois assiste-se lucidamente uma corrida intensa e interminável nas compras destas tecnologias de informação, os objectivos para a aquisição destes meios estão completamente deturpados, pois a corrida intensa e interminável para a aquisição destes meios é apenas para a exibição e só para a exibição. Assim, jovens diversos, segamente, empreendem esforços para poderem adquirir um telemóvel, iPode ou computador cuja versão seja a última. Muitas das vezes tal esforço não é acompanhado de princípios ético-morais, por isso assistimos constantemente assaltos, brigas e mortes ligadas à fase juvenil, por essa razão, actualmente se fala muito de delinquência juvenil. 
Nota-se a ausência da paz interior que anteriormente se via na juventude. O espírito ameno, a conservação do silêncio e a busca por coisas essências já não se torna nem preocupação nem prioridade para a juventude. 
As preocupações essências ao invés de se circunscreverem na busca das coisas de verdadeiro valor, na busca do silêncio, na busca da paz de espírito, circunscrevem-se na busca de coisas efêmeras, passageiras e superficiais e por isso mesmo seus frutos também são efêmeros, passageiros e superficiais, deste modo, hoje eu adquiro um telemóvel de 250 mil kwanzas e depois de duas semanas, pela actualização e consequentemente pela insatisfação, adquiro um telemóvel de 400 mil kwanzas. Pela constante actualização do modelo do telemóvel, a corrida não cessa e cada vez mais tal velocidade torna-se maior.
Como se não bastasse, os que “andam muito devagar” nesta corrida, apesar de avançarem bem são vistos como “fora da moda”, ou seja, atrasados, pelo facto de não empreenderem esforços na corrida intensa e interminável para a aquisição destes meios superficiais. É este triste juízo de valor que os demais jovens fazem sobre aqueles que não têm computadores ou telemóveis cujo modelo seja último ou mais próximo ao último. E ainda, há quem se vê inferior do outro pelo facto de não ter um telemóvel ou computador da moda, cujo modelo esteja entre os últinos.
O silêncio é trocado por esta luta intensa e interminável. Está visível que a juventude actual vai perdendo o valor e o sentido do silêncio como sendo um princípio necessário e indispensável para uma convivência digna e dignificante, útil para a projeção do futuro, preciso para o exame pessoal e para a auto-correção. Para piorar usa-se os telemóveis ou os computadores para manter uma frequência nas redes socias, em qualquer hora do dia (manhã, tarde e noite), e ainda o que se partilha em tais redes sociais são assuntos insignificantes e imprudentes, mas que constituem infelizmente assuntos de preocupação e de debate para tal juventude.
Apesar desta triste realidade, ainda há aqueles jovens que estão longe desta corrida intensa e interminável, e a estes, todos os jovens deveriam imitar. Afinal as grandes almas revolucionaram o mundo no silêncio, tornaram-se figuras porque conheceram e reconheceram o valor do silêncio. Reconhece-se que no silêncio, Isaac Newton formulou a lei da gravidade (a quando da queda da maçã, enquanto ele estava de baixo da árvore, silencioso e atento). Reconhece-se ainda, que pelo silêncio, Albert Einstein discorreu a sua teoria da relactividade. No silêncio, os grandes líderes acordaram a paz a nível mundial e o término da segunda grande guerra.
“As maiores almas são capazes dos maiores vícios, como também das maiores virtudes” René Descartes.
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Luanda, 04 de Junho de 2019

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