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Gerenciamento e Planejamento Tributário Estudo de Caso Professor: Jovi Barboza 2 Unicesumar estudo de caso Tomo a liberdade de apresentar um caso mais abrangente, isto é, não é um caso específi- co, de uma empresa somente, ou de uma pessoa, mas, sim, o caso Brasil, que, realmente, vai importar a todos, pois não afeta apenas a uma comunidade ou pessoa em particular, afeta todos os brasileiros que sofrem com a denominada carga tributária brasileira. Observe a carga tributária nos últimos seis governos brasileiros (Sarney, Collor, Itamar, FHC, Lula e Dilma, o atual), conforme demonstra um trabalho realizado pelo IBPT – Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário – e que apresentamos, em resumo, no Gráfico 1: Gráfico 1: Evolução da carga tributária por períodos de governo Fonte: Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT). Antes de comentar especificamente esses índices, é preciso fazer uma consideração im- portante. Na época do Brasil Colonial, a Coroa Portuguesa exigia 20% do ouro produzido no país, como TRIBUTO. Na época, o PIB – PRODUTO INTERNO BRUTO era única e exclusi- vamente medido pela extração do ouro e do pau-brasil, que tanto deixaram os franceses interessados, observa-se por essa informação que a Carga Tributária brasileira já nasceu alta: 20% (vinte por cento), na época. Com o passar do tempo, logicamente, a economia brasileira passou a agregar ao PIB outros incrementos (riquezas), como cana-de-açúcar, café, feijão, milho, algodão, em um primeiro momento, e produtos industrializados, em um período secundário. Estudando a economia brasileira, verifica-se que, do período colonial até aproximadamente 1930, o país consolidou uma economia primário-exportadora. À medida que a população do país crescia, aconte- cia o mesmo com a economia, que, obviamente, acompanha o crescimento populacional. Unicesumar 3 estudo de caso Assim, os números absolutos de cada um dos fatores produtivos foram crescendo propor- cionalmente, mas estreitando a diferença entre a carga tributária e o volume de riqueza do país. Por consequência, temos registrado, por volta de 1900, um percentual beirando os 12%, ao invés dos 20% (1/5) da época do período colonial. A divulgação do crescimento do PIB é fornecida e comentada mais frequentemente em percentuais de crescimento do que em números absolutos, conforme apresentado no Gráfico 2, que tem como base os dados obtidos junto ao IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística: Gráfico 2: Crescimento do PIB brasileiro desde 1900 em percentuais Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2012). O gráfico demonstra apenas algumas médias do crescimento do PIB referentes a alguns períodos e, ainda, o percentual de três em três anos. O que podemos perceber é que, em alguns períodos, o PIB cresceu acima de 10%, que é um panorama completamente diferen- te do que se verifica atualmente, pois estamos registrando crescimento neutro (quase zero, em 2014), sendo que, para 2015, espera-se um crescimento “zero” ou até mesmo negativo. Por outro lado, o Gráfico 1 demonstra o crescimento do PESO da Carga Tributária, como resultado de um estudo feito constantemente pelo IBPT. Observe que encontramos a se- guinte ocorrência, conforme Tabela 1: 4 Unicesumar estudo de caso GOVERNO (*) ANO CARGA V.PTOS. V.% PIB-FINAL CARGA $ PIB PER CAPITA SARNEY Até 1990 29,91% - - - - - COLLOR Até 1993 25,09% -4,82% -16,00% - - - ITAMAR Até 1994 28,92% 3,83% 15,27% 349.205 100.990 2.391,00 F H C Até 2002 32,53% 3,61% 11,10% 1.556.182 506.226 8.378,00 LULA Até 2010 36,02% 3,49% 7,87% 3.770.085 1.255.438 10.776,00 DILMA Até 2014 36.40% 0,38% 1,06% 4.800.000 1.740.000 21.818,00 Tabela 1: Carga Tributária de 1990 a 2014 Fonte: adaptada de IBPT1. A leitura que se faz Do Gráfico 1 acima é a seguinte: • 1986 – Carga Tributária de 22,39% (início do Governo José Sarney). • 1990 – Carga Tributária de 29,91% (início do Governo Fernando Collor). • 1993 – Carga Tributária de 25,09% (início do Governo Itamar Franco – pós impeachment). • 1995 – Carga Tributária de 28,92% (início do Governo FHC – Fernando Henrique). • 2003 – Carga Tributária de 32,53% (início do Governo Lula – Luiz Inácio). • 2011 – Carga Tributária de 36,02% (início do Governo Dilma Roussef ). Estranhamente, a carga tributária, no período Sarney, teve queda percentual (de -4,82%), talvez provocada pela incidência da alta inflação, que corroía, mais ainda, o poder aquisitivo da moeda e impedia a aplicação de medidas arrecadatórias. Para melhor entendimento, é preciso esclarecer que a Carga Tributária é uma “relação percentual” entre o volume de tributos arrecadado e o PIB – Produto Interno Bruto – do ano analisado. O Brasil não tem a maior carga tributária do mundo, mas tem uma das mais altas. O ranking de 2007, disponível no Tribunal de Contas da União, apresentou as seguintes cargas tributárias por país, conforme Gráfico 3: 1 Disponível em: <https://www.ibpt.org.br/>. Acesso em: 27 ago. 2015. Unicesumar 5 estudo de caso Gráfico 3: Ranking mundial da Carga Tributária Fonte: Portal TCU – Tribunal de contas da União2. O mesmo Portal informa, também, os PIBs per capita dos países ranqueados. Então, vejamos a tabela desses valores, para que possamos fazer uma comparação entre a arrecadação por indivíduo e o ganho individual de cada habitante. Vejamos a Tabela 2: 2 Disponível em: < http://portal2.tcu.gov.br/portal/page/portal/TCU/comunidades/contas/contas_governo/contas_09/Textos/Ficha%203%20-%20Carga%20 Tributaria.pdf >. Acesso em: 27 ago. 2015. 6 Unicesumar estudo de caso Tabela 2: Ranking de Carga Tributária versus PIB per capita Fonte: Portal TCU – Tribunal de contas da União3. Observe, por exemplo, a diferença entre o Brasil e a Noruega. A Noruega tem a maior carga tributária do ranking, mas, também, tem o maior PIB per capita. O estudo aponta, por su- posição, que, se o PIB per capita pode ser considerado o GANHO bruto de cada habitante, por hipótese, o Norueguês ganharia US$ 82.279 por ano, pagaria US$ 48.215 de tributos e ficaria com US$ 34.063 no bolso. Porém, a arrecadação tributária da Noruega é suficien- te para prover ao cidadão todos os benefícios que precisa (educação, saúde, segurança etc.); no Brasil, conforme o ranking, o Brasileiro, por hipótese, ganharia US$ 7.107 por ano, pagaria US$ 2.436 de tributos e ficaria com US$ 4.670 em seu bolso. Mas, o grande proble- ma é que: no Brasil não há benefício do Estado para o cidadão, ele tem que comprar tudo: saúde, escola, segurança etc. (com muito menos dinheiro do que o Norueguês, que não precisa comprar nada). Assim, o que podemos concluir é que o caso brasileiro é um caso sério, pois o brasileiro paga uma alta tributação e não conta com nenhum retorno do Estado em termos de be- nefício. Ou seja, a cultura política brasileira é de cobrar tributos sem ter a responsabilidade total de cuidar do cidadão, motivo pelo qual, torna-se injusta e ilegítima a carga tributária elevada, considerando-se que o cidadão deve, após pagar o tributo, pagar, ainda, pelos be- nefícios que aquele tributo deveria lhe proporcionar. 3 Disponível em: < http://portal2.tcu.gov.br/portal/page/portal/TCU/comunidades/contas/contas_governo/contas_09/Textos/Ficha%203%20-%20Carga%20 Tributaria.pdf>. Acesso em: 27 ago. 2015.