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GESTÃO FINANCEIRA

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TEMA 1
MÓDULO 1
A ANÁLISE DE DEMONSTRATIVOS FINANCEIROS, APLICAÇÕES E SEUS PRINCIPAIS USUÁRIOS
No dia a dia das atividades corporativas e no mercado financeiro, analistas e gestores necessitam, em diversas situações, de informações financeiras para embasar suas conclusões e tomadas de decisão.
Como exemplo, temos o caso dos investidores no mercado de capitais. Eles têm a dura tarefa de escolher ações para compor seu portifólio de investimentos. Para tanto, buscam entender o potencial de lucratividade das empresas nas quais pretendem alocar recursos.
Da mesma forma que os investidores no mercado de capitais, os próprios gestores das corporações precisam tomar decisões empresariais que carecem de embasamento financeiro. Podemos citar como exemplos:
INVESTIMENTOS EM NOVOS PROJETOS;
CAPTAÇÃO DE RECURSOS;
CONCESSÃO DE CRÉDITO A CLIENTES.
Nesse sentido, é fundamental ter acesso a dados contábeis produzidos com qualidade (fidedignos à realidade vivida pelas corporações) que sejam provenientes dos demonstrativos financeiros das empresas:
1. Balanço patrimonial (BP)
2. Demonstração de resultado de exercício (DRE)
3. Demonstração do fluxo de caixa (DFC).
No entanto, cabe observar que as informações advindas dos demonstrativos financeiros geralmente requerem um tratamento. A partir dele, é possível haver a efetuação de análises mais completas e aprofundadas, para que possam ser utilizadas no suporte à tomada de decisão.
É no tratamento das informações dos demonstrativos financeiros que são aplicadas as técnicas de análise de demonstrativos financeiros. A figura abaixo sintetiza o processo de transformação de dados contábeis provenientes desses demonstrativos em informações úteis para análise e tomada de decisão.
Esta figura mostra que os dados do balanço patrimonial (BP), do demonstrativo de resultados (DRE) e do demonstrativo de fluxo de caixa são os insumos a serem estudados na análise dos demonstrativos. Desse estudo, sairão as informações para a futura tomada de decisão.
FERRAMENTAS E PRINCIPAIS INDICADORES UTILIZADOS NA ANÁLISE DE DEMONSTRATIVOS FINANCEIROS
O primeiro e mais tradicional tipo de análise de demonstrativos financeiros é a análise horizontal e vertical. Ela permite um rápido entendimento da situação econômico-financeira das empresas e o levantamento dos “pontos de atenção” que deverão ser explorados em maior profundidade em análises posteriores.
Enquanto a análise horizontal demonstra a evolução histórica de uma conta ou grupo de contas...
A vertical denota a relevância da conta — o peso relativo — no demonstrativo analisado.
Além da análise horizontal e vertical, são sugeridos, na literatura sobre finanças e contabilidade, uma infinidade de indicadores utilizados para a análise de demonstrativos financeiros. De forma geral, é possível categorizá-los em três grupos principais:
Clique nas barras para ver as informações.
INDICADORES DE RENTABILIDADE E ANÁLISE DO DESEMPENHO ECONÔMICO DAS EMPRESAS
Os indicadores de rentabilidade e análise do desempenho econômico das empresas são usados para o entendimento da capacidade das companhias gerarem lucro e remunerarem os investidores.
Os principais interessados na lucratividade das empresas são os sócios, que desejam entender se os recursos aportados estão rendendo adequadamente. Em termos práticos, isso poderia ser efetuado pela comparação com o custo do capital próprio (também chamado de taxa mínima de atratividade ou custo de oportunidade).
Entre os principais indicadores utilizados nessa tarefa, podemos citar os índices de retorno, as margens de lucro e o giro dos recursos investidos.
Contemporaneamente, muitos analistas vêm utilizando indicadores que visam a calcular o lucro econômico, estimando o quanto o lucro contábil supera os encargos financeiros dos recursos investidos na empresa.
Além dos sócios das empresas, outros agentes — como credores e analistas de risco de crédito — também se interessam pelo diagnóstico da rentabilidade e da situação econômica.
Várias pesquisas apontam a habilidade preditiva desses indicadores no que tange à capacidade de as empresas honrarem seus compromissos com terceiros no longo prazo.
INDICADORES DE ENDIVIDAMENTO E ANÁLISE DO RISCO DE INADIMPLÊNCIA
Os indicadores de risco de inadimplência e endividamento são bastante utilizados no mercado para o diagnóstico da estrutura de capital e do nível de alavancagem das empresas. Eles têm como principais usuários os próprios gestores das corporações e os emprestadores (debenturistas e bancos).
De forma prática, essa análise busca informar se as empresas estão muito ou pouco endividadas e qual é sua probabilidade de calote (risco de inadimplência ou de crédito).
Entre os principais índices de risco de inadimplência e endividamento, temos:
· Relação entre a dívida e o patrimônio líquido: indica a proporção de recursos de sócios e terceiros na empresa;
· Relação entre a dívida de curto prazo e a total: auxilia na mensuração da relevância das dívidas contidas no passivo circulante da empresa;
· Índices de cobertura de juros e de dívida: relacionam o volume de obrigações com credores (juros e principal dívida);
· Geração de caixa operacional das empresas (LAJI e LAJIDA):
Os lucros antes de juros e impostos (LAJI) e aqueles antes de juros, impostos, depreciação e amortização (LAJIDA) são, respectivamente, índices que medem a eficiência produtiva de uma empresa, a capacidade de geração de caixa de sua atividade-fim e o potencial competitivo do negócio em relação aos seus concorrentes.
Esses dois tipos de lucros também são bastante conhecidos pelos nomes em inglês: earning before interests, taxes, depreciation and amortization (EBITDA) e earning before interests and taxes (EBIT).
Além dos gestores e credores das empresas, outros grandes interessados nesses índices de risco de inadimplência e endividamento são as agências de rating. Elas analisam o risco de crédito corporativo atribuindo notas às empresas, que, por sua vez, auxiliam o mercado na determinação das taxas de juros aplicadas sobre empréstimos e financiamentos.
INDICADORES DA SITUAÇÃO FINANCEIRA DE CURTO PRAZO
Os indicadores da situação financeira de curto prazo são bastante utilizados no mercado para o diagnóstico da capacidade de as empresas honrarem seus compromissos com terceiros. Além disso, eles dimensionam as necessidades de recursos para financiamento das atividades operacionais de curto prazo.
Os principais indicadores usados nessa tarefa são os índices de liquidez, os prazos médios dos componentes do ativo e passivo circulante, os ciclos operacional e financeiro e os indicadores de capital de giro.
Esse ferramental tem aplicação direta na gestão financeira corporativa, dando suporte ao estudo e à definição de políticas comerciais (compra e venda) e de estoques, visando a garantir níveis adequados de liquidez para as empresas.
Ele também pode ser utilizado para a análise de crédito de curto prazo tanto por instituições financeiras (financiamento do capital de giro) quanto pelas próprias empresas para concessão de crédito aos seus clientes.
USUÁRIOS DA ANÁLISE DE DEMONSTRATIVOS FINANCEIROS
Conforme enunciamos nos parágrafos anteriores, a análise de demonstrativos financeiros é de interesse de diversos agentes no meio corporativo e no mercado financeiro. Entre eles, podemos destacar:
Investidores
Sócios e acionistas utilizam a análise de demonstrativos financeiros de empresas para acompanhar a lucratividade e avaliar o risco dos seus investimentos;
Analistas de valores mobiliários
Empregam a análise de demonstrativos financeiros para embasar projeções de resultado e tecer avaliações sobre os preços (cotações) das ações no mercado de ações;
Gestores de empresas
Usam a análise de demonstrativos financeiros para embasar decisões corporativas, como, por exemplo, investimento em projetos, tomada de recursos (dívida ou capital próprio), concessão de crédito aos seus clientes e definição de políticas de compra e estoque;
Bancos e outros tipos de credores
Bancos (comerciais, de fomento e de investimento)e debenturistas utilizam a análise de demonstrativos financeiros para avaliar a concessão de crédito às empresas e determinar as taxas de juros cobradas em suas operações;
Agências de rating
Empregam a análise de demonstrativos para avaliar e classificar o risco de crédito das empresas, consistindo na probabilidade de inadimplência das dívidas das corporações (informação usada por credores na concessão de crédito);
Reguladores
Usam a análise de demonstrativos para acompanhar o desempenho de empresas em mercados regulados, visando a estabelecer tarifas justas (para empresas e seus clientes) e zelar pelo bom desempenho delas na prestação de seus serviços.
Importante
No caso de pequenas empresas, cabe ressaltar que a obtenção de informações para análise pode se tornar mais complexa que obtida em empresas de grande porte, como, por exemplo, as SAs cotadas em bolsas de valores. Isso ocorre pelo fato de, muitas vezes, elas estarem preocupadas unicamente em efetuar registros contábeis com o intuito de efetuar o levantamento de impostos.
É importante observar que existem situações específicas em empresas cujo foco não está voltado para a análise de demonstrativos com os fins descritos neste módulo. Conheceremos algumas delas a seguir:
Empresas de auditoria financeira têm como objetivo em suas atividades o exame dos demonstrativos contábeis. Elas buscam emitir opinião sobre a fidedignidade da situação patrimonial, financeira e contábil do auditado, bem como a verificação de conformidade e a de prevenção e detecção de fraude. A análise para a tomada de decisões não é seu objetivo.
Analistas técnicos, também conhecidos como grafistas, embasam suas decisões de investimento em ações pela análise dos gráficos de cotações das ações no tempo, não se fundamentando na análise dos demonstrativos financeiros.
Consumidores não corporativos (de forma distinta dos clientes corporativos, que possuem maior grau de dependência de seus fornecedores) não têm, em geral, interesse no entendimento da situação econômico-financeira das empresas produtoras dos produtos ou serviços que consomem.
Organizações não governamentais e funcionários comuns das empresas (desde que não sejam gestores de orçamento ou não tenham interesse no entendimento do desempenho da companhia) não são usuários frequentes da análise de demonstrativos financeiros.
MÓDULO 2
O BALANÇO PATRIMONIAL
Antes de apresentarmos e discutirmos as técnicas de análise de demonstrativos financeiros, é fundamental conhecermos a matéria-prima de nosso trabalho: os próprios demonstrativos financeiros.
Mais especificamente, vamos nos dedicar a compreender as características dos principais documentos contábeis utilizados nesse processo:
· Balanço patrimonial (BP)
· Demonstração de resultado do exercício (DRE)
· Demonstração do fluxo de caixa (DFC)
Vamos nos restringir à exploração da estrutura desses demonstrativos sem nos preocuparmos com os procedimentos contábeis utilizados em suas confecções, já que eles seriam próprios e adequados a um curso introdutório sobre fundamentos da contabilidade.
O primeiro demonstrativo que apresentaremos é o balanço patrimonial (BP). Ele consiste em uma apresentação estática, ordenada e resumida de todas contas patrimoniais — bens, direitos e obrigações — de uma empresa em determinada data. O quadro a seguir apresenta a estrutura típica de um BP:
	Ativo
	Passivo
	Ativo circulante
· Disponibilidades
· Clientes
· Estoques
· Adiantamento a fornecedores
· Impostos a recuperar
· Outros
	Passivo circulante
· Empréstimos e financiamentos
· Fornecedores e contas a pagar
· Salários
· Impostos
· Dividendos
· Outros
	Ativo não circulante
· Realizável a longo prazo
· Investimentos
· Imobilizado
· Intangível
	Passivo não circulante
· Empréstimos e financiamentos
· Outros
	· 
	Patrimônio líquido
· Capital social
· Reserva de lucros
O BP é uma apresentação:
1. Estática, porque não descreve as movimentações que determinaram os saldos das contas patrimoniais da empresa;
2. Ordenada, pois as contas no ativo são organizadas por ordem de liquidez (conversibilidade em dinheiro), enquanto as do passivo o são por ordem de exigibilidade;
3. Resumida, já que o BP não apresenta o detalhamento das contas patrimoniais exibidas de forma sumarizada;
4. Em uma data, que pode ser o final de um ano (31/12), de um trimestre ou de determinado mês (disponível geralmente em relatórios internos das empresas).
O BP é dividido em dois grandes grupos: ativo e passivo. Eles, por sua vez, são subdivididos em subgrupos de contas conforme suas características e o prazo de maturação.
O ativo é composto das aplicações de recursos da empresa (bens e direitos)...
Enquanto o passivo o é das fontes de recursos da companhia (obrigações com sócios e terceiros).
O ATIVO CIRCULANTE
O ativo circulante (AC) é composto tanto por recursos disponíveis — caixa, bancos e aplicações financeiras de curto prazo — quanto por bens e direitos cuja empresa pretenda converter em dinheiro em prazo inferior a um ano da data de fechamento do BP.
Como exemplo, suponha que uma empresa possua um saldo de R$500 mil em sua conta Clientes no BP fechado em 31/12/20X1. Isso significa que os recebíveis contidos nessa conta têm prazo de vencimento igual ou inferior a 31/12/20X2.
Além de disponibilidades e clientes, uma conta que geralmente possui relevância no AC é a dos estoques. Outras contas comumente encontradas nele são os adiantamentos a fornecedores e os impostos a recuperar.
Contas que possuem pouca relevância (baixo valor) e não se enquadram nas demais descritas anteriormente são, em geral, sumarizadas na conta Outros ativos circulantes. O quadro a seguir apresenta um resumo das características das contas que compõem o ativo circulante:
	COMPONENTES DO ATIVO CIRCULANTE:
	Disponível — caixa, bancos e aplicações financeiras de curto prazo. Em geral, as aplicações financeiras que constam do ativo circulante se referem a investimentos em renda fixa com baixo risco e alta liquidez;
	Clientes — recebíveis, como duplicatas a receber e cartões de crédito, relativos ao financiamento de vendas efetuadas a prazo pela empresa com vencimento inferior a um ano;
	Estoques — em empresas comerciais, referem-se às mercadorias registradas a preço de custo (valor pago na aquisição delas). Em indústrias — dependendo da fase no processo produtivo —, os estoques podem ser classificados como matéria-prima (ou insumo), produto em processo ou produto acabado;
	Adiantamento a fornecedores — recursos transferidos a fornecedores antecipadamente à entrega de produtos adquiridos com a expectativa de compensação (mediante entrega futura) em prazo inferior a um ano da data de fechamento do balanço;
	Impostos a recuperar — trata-se daqueles pagos na compra de mercadorias e insumos que serão recuperados (deduzidos) quando a empresa apurar os impostos a recolher referentes à venda de seus produtos ou revender as mercadorias previamente adquiridas.
O ATIVO NÃO CIRCULANTE
Um segundo grupo do ativo é o ativo não circulante (ANC), que consiste nas aplicações de recursos de longo prazo da empresa.
Na contabilidade, ativos de longo prazo são aqueles que se espera transformar em dinheiro no prazo superior a um ano ou que não haja um prazo definido para sua realização. O ANC é composto por quatro grupos de contas:
· Realizável a longo prazo
· Investimentos
· Imobilizado
· Intangível
O realizável a longo prazo (RLP) contém, em geral, direitos com vencimento superior a um ano ou, por prudência, indica que a empresa não deve contar com o recebimento já no exercício seguinte.
Recebíveis de clientes com prazo de vencimento superior a 12 meses provenientes de vendas parceladas e financiadas pela própria empresa, assim como os empréstimos concedidos a executivos da companhia que, por prudência, mesmo que o prazo estabelecido para restituição seja inferior a um ano, são alocados no RLP.
Em geral, o realizável a longo prazo é um grupo de pouca expressão no BP das empresas.
Os investimentos no ANC consistem em bens e direitos que a empresa possuaem caráter permanente (sem prazo definido para realização), buscando gerar rendimentos, ainda que não sejam utilizados em suas atividades normais.
Exemplo
Ações ou participações de outras empresas. Caso a empresa possua a propriedade de imóveis e terrenos que não estejam sendo utilizados em suas operações, eles também são classificados como investimentos.
Alternativamente, quando a empresa conta com imóveis sendo utilizados em suas atividades operacionais, eles são classificados em outro grupo de contas: o imobilizado.
No imobilizado de uma empresa, constam todos os ativos de caráter permanente empregados na produção de mercadorias e serviços que a companhia comercializa no mercado.
Exemplo
Edificações (utilizadas para abarcar as operações da empresa), máquinas, móveis, veículos e infraestrutura de informática.
Uma característica importante dos itens do imobilizado é que, em geral, eles sofrem depreciação. Esse fenômeno consiste em um artifício contábil que visa a reduzir gradativamente o valor dos ativos tangíveis da empresa, buscando, com isso, evidenciar sua degradação ou envelhecimento – e consequente perda valor.
A depreciação também é lançada como despesa na DRE, embora não constitua saída de caixa (dispêndio). Os prazos de depreciação de ativos são determinados pela Receita Federal. Cabe observar que as regras contábeis postulam que os terrenos de propriedade das empresas não podem ser depreciados.
O quarto e último grupo do ANC é o intangível, que é um grupo de contas que abarca os ativos não corpóreos de posse da empresa, ainda que eles — direta ou indiretamente — agreguem no desenvolvimento de suas atividades.
Exemplo
Marcas que as organizações adquirem de outras empresas, sendo utilizadas para identificar produtos e auxiliar no processo de comercialização, além do valor pago em licenças para funcionamento, direitos de uso de ativos, softwares e valores pagos na aquisição de franquias.
É importante observar que, dada a natureza não corpórea dos ativos intangíveis, a contabilidade trabalha com regras rígidas com o objetivo de evitar ilusões relativas aos valores registrados nos balanços.
Exemplo
Graças ao conservadorismo no registo do valor de marcas, elas somente podem ser “ativadas” (lançadas no ativo) quando compradas. Portanto, não é possível efetuar o registro contábil do valor daquelas geradas pela própria empresa. Por fim, vale destacar que diversos componentes do intangível são amortizados ao longo do tempo, o que constitui um processo similar ao da depreciação de bens corpóreos do imobilizado e investimentos (cujo prazo também é determinado pela Receita Federal).
O quadro a seguir apresenta um resumo das características das contas que compõem o ativo não circulante:
	Componentes do ativo não circulante:
	Realizável a longo prazo — clientes e outros recebíveis com prazo de recebimento superior a um ano ou nos casos em que houver incerteza no prazo de recebimento de contas que originalmente constariam do AC. É o caso, por exemplo, de empréstimos efetuados a diretores da empresa e depósitos judiciais;
	Investimentos — ações e participações em outras empresas, obras de arte, imóveis e terrenos de propriedade da organização que estejam alugados para terceiros ou simplesmente não sejam utilizados nas suas operações;
	Imobilizado — imóveis, terrenos, máquinas, móveis, veículos, infraestrutura de informática e outros bens corpóreos de propriedade da empresa que sejam empregados em suas atividades. Em geral, os itens do imobilizado sofrem depreciação ao longo do tempo de acordo com prazos definidos pela Receita Federal (uma das exceções seriam os terrenos, pois eles não têm depreciação);
	Intangível — marcas, patentes, licenças de funcionamento, softwares, direitos de uso de propriedade e outros bens não corpóreos que contribuam direta ou indiretamente para o desenvolvimento das atividades da empresa. Somente o valor das marcas compradas pela organização pode ser registrado no intangível. O valor daquelas criadas pela empresa não pode ser “ativado”. De forma análoga à depreciação aplicada nos ativos de longo prazo corpóreos das empresas, os ativos intangíveis podem ser amortizados.
O PASSIVO CIRCULANTE
O passivo circulante (PC) consiste nas obrigações de curto prazo das empresas. Fazem parte desse grupo contas, como, por exemplo, fornecedores, impostos a pagar, salários e obrigações trabalhistas, empréstimos e financiamentos, dividendos a pagar e adiamento de clientes.
Na realidade, o nome de todas aquelas que integram o PC pode ser seguido do termo “a pagar”, o que muitas vezes é efetuado para diferenciá-las das contas de resultado homônimas que constam na DRE. De forma similar ao verificado no AC, as contas que compõem o PC possuem prazo de vencimento inferior a um ano da data de fechamento do BP. Cabe ressaltar que não constam no PC lançamentos associados a perspectivas de atividades futuras.
Somente são registrados fatos e eventos econômico-financeiros já concretizados pela empresa. Como exemplo, peguemos a conta Fornecedores. Nela, somente estão registradas as obrigações já contraídas com os fornecedores de produtos ou mercadorias já recebidos pela empresa.
Pagamentos futuros a fornecedores referentes a pedidos efetuados e ainda não recebidos pela empresa não são registrados nessa conta. O quadro a seguir expõe um resumo das características das contas que compõem o passivo circulante:
	Componentes do passivo circulante:
	Empréstimos e financiamentos — valor do principal das dívidas contraídas com bancos, debenturistas e outros tipos de credores. Em geral, os passivos registrados nesse grupo são onerosos, isto é, incide sobre eles a cobrança de juros. Constam no PC os empréstimos e o financiamento com prazo inferior a 12 meses do fechamento do BP;
	Fornecedores — obrigações contraídas com fornecedores de mercadorias, insumos ou serviços vendidos (entregues) ou prestados à empresa com data de pagamento inferior a um ano da data de encerramento do BP. Em muitos BPs, essa conta pode ser denominada como duplicatas a pagar;
	Contas a pagar — contas de luz, telefone, internet e outras prestações de serviço necessárias ao funcionamento das atividades operacionais da empresa;
	Salários e provisões trabalhistas a pagar — consistem no compromisso futuro dos salários que devem ser pagos aos colaboradores da empresa referente a períodos passados (horas de trabalho já executadas). Neste grupo, também são lançados valores referentes a férias e 13º salário já acumulados que sejam proporcionais ao tempo trabalhado pelo colaborador na empresa;
	Imposto de renda e outros tipos de tributos a pagar — obrigações relativas a imposto de renda e contribuição, como ICMS, ISS, IPI, PIS e COFINS, além de outros tipos de tributos já apurados pela empresa. Em geral, impostos em atraso são destacados em contas separadas;
	Dividendos a pagar — parcela do lucro líquido de exercícios anteriores destinada à remuneração dos sócios da empresa.
O PASSIVO NÃO CIRCULANTE
De forma análoga à do RLP, o passivo não circulante (PNC) consiste nas obrigações de longo prazo das empresas, ou seja, aquelas que possuem vencimento posterior a um ano da data de encerramento do BP.
O grupo de contas mais comum no PNC é o de empréstimos e financiamentos, que compreende as dívidas (ou parcelas das dívidas) da empresa com bancos e debenturistas com prazo superior a 12 meses.
Imagine uma empresa que, em dezembro do exercício anterior (dezembro de 20X1), tenha contraído um empréstimo com pagamento futuro em 36 meses. As 12 primeiras parcelas do principal serão amortizadas no ano seguinte (vencimento em 20X2) e constarão no PC no BP fechado em 20X1, enquanto as demais parcelas (as 24 restantes) ficarão no PNC (vencimento a partir de 20X3).
O valor lançado nos empréstimos e financiamentos (tanto no PC como no PNC) sempre se refere ao valor do principal da dívida e não inclui expectativa de juros referentes a períodos futuros.
Também constam no PNC parcelamentos de impostos, fornecedores de longo prazo e provisões, entre outrascontas, com vencimento superior a um ano. O quadro a seguir estabelece um resumo das características das contas que compõem o passivo não circulante.
	Componentes do passivo não circulante:
	Empréstimos e financiamentos — valor do principal das dívidas contraídas com bancos, debenturistas e outros tipos de credores com prazo superior a um ano;
	Fornecedores — obrigações contraídas com fornecedores de mercadorias, insumos ou serviços vendidos (entregues) ou prestados à empresa com data de pagamento superior a um ano da data de encerramento do BP;
	Parcelamentos de tributos em atraso — impostos que não foram pagos no período adequado e tiveram prazo de pagamento e valores renegociados com o governo;
	Provisões para contingências — despesas relacionadas a valores financeiros que ainda não foram desembolsados pela empresa referentes a fatos e eventos econômico-financeiros já ocorridos em exercícios passados. Como exemplo disso, temos as provisões para contingências trabalhistas que derivam da possibilidade de pagamentos relacionadas a litígios com ex-funcionários da empresa que estejam sendo discutidos na justiça do trabalho. As provisões para contingências têm contrapartida em despesas lançadas na DRE e reduzem o lucro da empresa.
O PATRIMÔNIO LÍQUIDO
O último grupo de contas que analisaremos do passivo e do próprio BP é o patrimônio líquido (PL). Em termos práticos, ele pode ser apresentado de duas formas.
Matematicamente, o PL corresponde à diferença entre o conjunto de bens e direitos (contidos no ativo) e as obrigações da empresa (contidas no PC e no PNC)...
Conceitualmente, ele diz respeito à informação dos recursos alocados pelos sócios (acionistas nas SAs e cotistas nas limitadas) na empresa.
Juntando as duas informações, podemos afirmar que o montante de recursos registrado no PL seria uma previsão de quanto os sócios receberiam ao final de um exercício contábil.
Isso seria possível na hipótese de encerramento das atividades da empresa e da liquidação dos ativos e passivos exigíveis pelo valor registrado na contabilidade. Os principais componentes do PL são:
O CAPITAL SOCIAL
O capital social consiste nos recursos aportados na empresa pelos sócios no ato da constituição da sociedade ou em momentos posteriores.
AS RESERVAS DE CAPITAL E DE LUCRO
As reservas de lucro são os lucros gerados pela empresa em períodos anteriores que ainda não foram distribuídos aos sócios, enquanto as reservas de capital correspondem ao registro de valores aportados por sócios na organização que excederam o valor patrimonial das ações registrado no capital social.
AS AÇÕES EM TESOURARIA
As ações em tesouraria indicam o registro de valores pagos na compra de ações da própria empresa no mercado. Quando ela adquire uma ação de outra companhia, ocorre a contabilização de recursos que saíram das disponibilidades e simultaneamente o registro dos valores pagos nas ações da conta Investimentos no ANC. Quando a empresa adquire as próprias ações no mercado, o processo é diferente. No lugar do lançamento das ações no ANC, ele é efetuado no PL como uma conta redutora (valores negativos), correspondendo a uma saída de recursos para os sócios. Em muitos casos, as ações em tesouraria são posteriormente canceladas.
OS AJUSTES DE AVALIAÇÃO PATRIMONIAL
Os ajustes de avaliação patrimonial consistem em correções de valores de ativos ou passivos em relação ao seu valor justo.
O quadro a seguir contém um resumo das características das contas que compõem o passivo não circulante.
	Componentes do patrimônio líquido:
	Capital social — registro dos recursos aportados pelos sócios da empresa em sua constituição ou em aportes posteriores;
	Reservas de lucro — lucros gerados pela empresa que ainda não foram distribuídos aos sócios;
	Reservas de capital — valores aportados por sócios na empresa que excederam o valor patrimonial das ações registrado no capital social;
	Ações em tesouraria — registro no PL (como conta redutora) de valores pagos na compra de ações da própria empresa no mercado, correspondendo a uma saída de recursos para os sócios;
	Ajustes de avaliação patrimonial — correções de valores de ativos ou passivos em relação ao seu valor justo.
Para termos um melhor entendimento do BP, apresentaremos um exemplo de uma empresa fictícia simplificada: a Fábrica de Embalagens S.A. Posteriormente, no último módulo, ele será utilizado na aplicação da análise horizontal e vertical.
Os quadros abaixo apresentam, respectivamente, os resultados apurados de dois anos (20X1 e 20X2) do ativo e do passivo da Fábrica de Embalagens.
	Ativo circulante
	20X2
	20X1
	Disponível
	583.465
	341.975
	Clientes
	325.355
	137.898
	Estoques
	418.843
	245.325
	Outros
	72.238
	61.200
	
	1.399.900
	786.398
	Realizável a longo prazo
	74.835
	41.793
	Imobilizado
	1.337.945
	1.137.925
	
	2.812.680
	1.966.115
	Passivo circulante
	20X2
	20X1
	Empréstimos e financiamentos
	932.193
	590.178
	Fornecedores
	284.048
	144.415
	Impostos, salários e outros
	59.633
	60.443
	
	1.275.873
	795.035
	Não circulante
	646.375
	518.685
	Patrimônio líquido
	890.433
	652.395
	
	2.812.680
	1.966.115
MÓDULO 3
A DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADO DO EXERCÍCIO E A DO FLUXO DE CAIXA
Neste módulo, discutiremos as características de outros dois importantes demonstrativos — as demonstrações de resultado e do fluxo de caixa — fundamentais para o entendimento do desempenho econômico (lucro) e financeiro (caixa) gerado a cada exercício contábil.
A DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADO DO EXERCÍCIO
A demonstração de resultado do exercício (DRE) é um documento que apresenta, de forma sumarizada, o montante movimentado nas contas de resultado da empresa — receitas, custos e despesas — em determinado período (um ano, um trimestre ou um mês), evidenciando o lucro líquido das atividades da companhia.
O quadro a seguir apresenta a estrutura típica de uma DRE:
	Receita bruta
(-) Deduções da receita bruta
	(=) Receita líquida
(-) Custo dos produtos, mercadorias ou serviços vendidos (CPV, CMV ou CSV)
	(=) Lucro bruto
(-) Despesas administrativas e comerciais
(+) Outras receitas operacionais
	(=) Lucro antes dos juros e impostos
(-) Despesas financeiras
(+) Receitas financeiras
	(=) Lucro antes dos impostos (LAI)
(-) Imposto de renda e contribuição social (IR & CS)
	(=) Lucro líquido
A primeira conta da DRE é a da receita bruta, também chamada de receita bruta de vendas. Ela consiste no montante das vendas efetuadas na empresa em determinado período.
· O conceito de venda na contabilidade implica a entrega de produtos, mercadorias ou serviços vendidos pela empresa aos seus clientes (princípio da realização da receita).
Muitas vezes, outras áreas da empresa (como, por exemplo, a área comercial) denominam pedidos feitos por clientes (e ainda não entregues) como vendas. Mas eles não podem ser considerados assim pela contabilidade antes da consumação da entrega.
Outro princípio contábil relevante é o da competência, responsável pela determinação de que as receitas de vendas (e os gastos a elas associados) devem ser registradas na DRE no período em que elas são realizadas. Isso independe de quando ocorrem, de fato, os recebimentos (ou pagamento dos valores gastos) dos valores vendidos.
Dessa forma, é fundamental entender a diferença entre receitas e recebimentos (e, de forma análoga, despesas e pagamentos).
Receitas são apuradas pelo regime de competência, sendo registradas quando as vendas são efetuadas, enquanto recebimentos o são pelo regime de caixa, ou seja, quando os recursos das vendas são incorporados às disponibilidades da empresa.
O próximo quadro aponta os principais conceitos e princípios referentes à contabilização das receitas:
	Princípio da realização da receita — as receitas de vendas são consideradas realizadas no momento da entrega do bem ou do serviço para o cliente;
	Princípio da competência — determina que, independentemente de recebimento e pagamento, as receitas e despesas devem ser atribuídas aos períodos de sua ocorrência;
	Regime de competência — modelo de apuraçãode resultado que segue o princípio da competência para direcionar o período de lançamento das receitas e despesas. A DRE é apurada seguindo o regime de competência;
	Regime de caixa — modelo de apuração de resultado cujos lançamentos são efetuados no período em que os recursos monetários (provenientes de recebimentos e pagamentos) são movimentadas e geram impacto nas disponibilidades da empresa.
A segunda linha da DRE se refere às deduções da receita bruta de vendas, consistindo geralmente nos tributos apurados sobre o faturamento, como IPI, ICMS, ISS, PIS e COFINS, e e as devoluções de vendas.
O tipo de tributo que será deduzido das receitas da empresa dependerá da sua atividade.
Empresas que atuam no ramo de comércio e indústrias geralmente pagam o ICMS sobre suas vendas...
Enquanto as organizações da área de serviços arcam com o ISS.
Além do ICMS, diversas atividades industriais sofrem a incidência do IPI sobre suas vendas.
O quadro seguinte sumariza os principais tipos de tributos apurados sobre o faturamento das empresas:
	ICMS — imposto sobre circulação de mercadorias e prestação de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e comunicação. Cada estado tem o dever de definir a alíquota e arrecadar os valores dos seus contribuintes;
	IPI — imposto sobre os produtos industrializados. Ele incide tanto nos produtos nacionais quanto nos importados, sendo um imposto de esfera federal e arrecado pelo Tesouro Nacional;
	ISS — imposto sobre serviços de qualquer natureza, exceto para as atividades nas quais incide o ICMS. Ele é da esfera municipal;
	PIS e COFINS — são siglas de dois tipos de tributos referentes a programas sociais do Governo Federal: o Programa de Integração Social e o Contribuição para Financiamento da Seguridade Social. Essas contribuições incidem sobre a receita das empresas, exceto as microempresas e empresas de pequeno porte, que contribuem pelo Simples Nacional;
	IE — o imposto de exportação (IE) é da esfera federal, sendo aplicado na venda de produtos nacionais (ou nacionalizados) para o exterior.
A terceira linha da DRE é a da receita líquida, que é composta pela diferença entre a receita bruta e as deduções da receita. Na análise dos demonstrativos financeiros, essa receita possui um papel especial, sendo utilizada pelos analistas como base para o cálculo das margens de lucro e na análise vertical da DRE.
De forma geral, a receita líquida é considerada mais adequada para comparações entre negócios devido a possíveis distinções tributárias entre as empresas analisadas e eventuais distorções ocasionadas por devoluções de vendas.
Na sequência da receita líquida, temos o custo das vendas, podendo ser identificado como custo dos produtos, mercadorias ou serviços vendidos (CPV, CMV ou CSV).
1. O custo dos produtos vendidos (CPV) é registrado no caso de empresas industriais e corresponde ao custo de fabricação dos produtos que a empresa vendeu em determinado período. Em sua formação, são computados, entre outros itens, gastos com matéria-prima e mão de obra da área fabril, além do custo com energia elétrica e depreciação das máquinas. Não fazem parte do CPV gastos como os salários de colaboradores da área financeira ou a energia utilizada pela área administrativa, que serão computados como despesas administrativas e comerciais.
2. O custo das mercadorias vendidas (CMV) é registrado no caso de empresas comerciais e se refere aos valores pagos aos fornecedores pelas mercadorias vendidas em determinado período. Tanto o CMV como o CPV de um período correspondem à baixa dos estoques da empresa no mesmo intervalo de tempo.
3. O custo dos serviços vendidos (CSV) é registrado no caso de empresas prestadoras de serviço e compreende todos os gastos efetuados na execução dos serviços realizados e faturados pela organização em determinado período, como, por exemplo:
4. Mão de obra utilizada no serviço;
5. Depreciação de equipamentos utilizados na prestação;
6. Outros gastos relativos ao tipo de serviço executado.
7. No caso de uma escola, por exemplo, fazem parte do CSV o salário dos professores, o aluguel dos espaços de aula, o custo da intranet acadêmica, a energia gasta no espaço acadêmico, a depreciação dos computadores e outros utensílios utilizados no ambiente de aula.
8. Gastos administrativos, como salários dos colaboradores do departamento de pessoal e da secretária, geralmente não são computados no CSV, sendo lançados nas despesas administrativas e comerciais.
Este quadro resume os principais conceitos associados aos tipos de custos sobre as vendas das empresas:
	CPV — o custo dos produtos vendidos mensura os gastos associados ao processo de fabricação daqueles comercializados pela empresa em determinado período, como, por exemplo, matéria-prima, mão de obra, gastos com energia e depreciação de máquinas. É pertinente às empresas industriais.
	CMV — o custo das mercadorias vendidas se refere ao custo de aquisição (pago aos fornecedores da empresa) daquelas comercializados em determinado período. É pertinente a empresas comerciais.
	CSV — o custo dos serviços vendidos se refere aos gastos efetuados na execução daqueles realizados e faturados pela organização em determinado período. É pertinente a empresas prestadoras de serviços.
Quadro 13: Tipos de custos sobre as vendas.
Na sequência do custo das vendas, temos a apuração do lucro bruto (também chamado de resultado bruto), que consiste na diferença entre a receita líquida e o CPV, CMV ou CSV, dependendo da atividade da empresa.
O lucro bruto é um importante resultado para os analistas financeiros por revelar quanto dos recursos foi gerado pela empresa com o propósito de suportar tanto as despesas das áreas de suporte administrativo e comercial quanto as financeiras referentes a empréstimos e financiamentos contraídos pela companhia.
Em geral, a fim de gerar comparabilidade com outros negócios, analistas financeiros calculam a razão entre o lucro bruto e a receita líquida para o conhecimento da margem bruta em termos percentuais.
Empresas com maiores margens brutas que companhias comparáveis atuando no mesmo segmento e efetuando atividades similares demonstram, em geral, maior habilidade para promover o markup de seus produtos e mercadorias e/ou maior eficiência na gestão de seus custos de vendas.
Abaixo do lucro bruto, são registradas as despesas administrativas e comerciais, compreendendo todos os gastos operacionais da empresa que não foram computados nos custos de vendas.
Fazem parte desse grupo de contas:
· Salários pagos aos colaboradores das áreas administrativas e comerciais;
· Energia usada fora da área de produção;
· Aluguéis do espaço alocado às áreas administrativas
· com marketing e comercialização;
· Depreciação de equipamentos e móveis utilizados pelo staff administrativo.
· De forma similar ao que é aplicado nas receitas de vendas, as despesas administrativas e comerciais são registradas seguindo o princípio da competência.
1. O quadro a seguir apresenta os componentes do grupo de contas que compõem as despesas administrativas e comerciais:
	Despesas com salários (não computados no CPV e no CSV);
	Despesas de aluguéis (não referentes a atividade operacional da empresa);
	Despesas com energia elétrica (não utilizada na confecção de produto ou prestação de serviço);
	Depreciação de equipamentos, móveis, imóveis, veículos e infraestrutura de informática (de bens não associados ao processo produtivo);
	Despesas de marketing e comercialização;
	Despesas com advogados;
	Despesas com transporte e estadia em viagens a serviço da empresa
2. Quadro 14: Componentes das despesas administrativos e comerciais.
Importante
Além das receitas de vendas habituais, em alguns casos, as empresas registram outras receitas operacionais. Entre elas, podemos destacar as receitas de equivalência patrimonial e de ajuste ao valor de mercado, além de aluguéis recebidos e reversão de provisão para devedores duvidosos.
Abatendo do lucro bruto as despesas administrativas e comerciais e acrescentando as outras receitas operacionais,obtemos o lucro antes dos juros e impostos (LAJI).
O LAJI é reconhecido por muitos analistas de lucro operacional pela sua capacidade de revelar o lucro da empresa após considerar todos os custos e despesas operacionais.
Resta agora abater os gastos com financiamentos com terceiros e impostos (imposto de renda e contribuição social) antes da apuração do resultado líquido para os acionistas (lucro líquido).
Outro tipo de lucro derivado do LAJI bastante cobiçado pelos analistas é o lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização (LAJIDA).
Cabe observar que tanto o LAJI como o LAJIDA são componentes de vários indicadores, como margens de lucro, índices de cobertura e apuração do lucro econômico.
O LAJIDA pode ser obtido a partir do LAJI pela adição das despesas de depreciação e amortização registradas no CPV (ou CSV) e nas despesas administrativas e comerciais.
Após a obtenção do LAJI, são registradas na DRE tanto as despesas financeiras relativas aos juros pagos aos credores das empresas (empréstimos e financiamentos) quanto as receitas financeiras referentes aos juros recebidos em aplicações financeiras.
Normalmente, essas informações são sumarizadas em uma única linha da DRE que corresponde às despesas financeiras líquidas (quando o valor das despesas financeiras supera o das receitas financeiras) ou às receitas financeiras líquidas (quando o inverso acontece).
Este quadro detalha as fórmulas para cálculo das receitas e despesas financeiras líquidas:
	Receita financeira líquida = receita financeira – despesa financeira. Aplicável quando a receita financeira supera a despesa financeira;
	Despesa financeira líquida = despesa financeira – receita financeira. Aplicável quando a despesa financeira supera a receita financeira.
Quadro 15: Fórmulas das receitas e despesas financeira líquidas.
Abatendo do LAJI as despesas financeiras e acrescentando as receitas financeiras, chegamos ao lucro antes dos impostos (LAI), que será utilizado como base para o cálculo do imposto de renda e da contribuição social (IR & CS) a serem pagos pela empresa.
Os dois tributos são de esfera federal e correspondem, em geral (na hipótese de a empresa ser optante do regime tributário do lucro real), a 34% do LAI (25% referente ao IR e 9% a CS).
No caso de a empresa possuir em seu ativo circulante impostos a recuperar, poderá haver, conforme regras definidas pela Receita Federal, uma redução no pagamento dos valores de IR & CS apurados no período.
Abatendo do LAI o IR & CS, alcançamos finalmente:
VALOR APURADO DO LUCRO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO;
Parcela do resultado que ficará à disposição dos sócios para retirada da empresa (pagamento de dividendos) ou reinvestimento (sendo alocada transitoriamente nas reservas de lucros e futuramente transferida para o capital social).
De forma similar ao que se observou no caso do BP, para termos um melhor entendimento da demonstração do resultado de exercício, apresentaremos no próximo quadro a DRE dos anos de 20X1 e 20X2 da Fábrica de Embalagens:
	
	20X2
	20X1
	Receita bruta das vendas
	1.845.338
	1.684.410
	(-) Impostos sobre vendas e devoluções
	-414.615
	-377.358
	(=) Receita líquida de vendas
	1.430.723
	1.307.053
	(-) Custo dos produtos vendidos
	-1.283.728
	-1.109.545
	(=) Lucro bruto
	146.995
	197.508
	(-) Despesas com vendas e administrativas
	-74.163
	-58.465
	(+) Outras receitas operacionais
	27.975
	1.473
	(=) Lucro antes dos juros e impostos (LAJI)
	100.808
	140.515
	(-) Despesas financeiras líquidas
	-65.145
	-51.398
	(=) Lucro antes dos impostos (LAI)
	35.663
	89.118
	(-) IR & CS
	-10.698
	-30.600
	(=) Lucro líquido do exercício
	24.965
	58.518
1. Quadro 16: DRE da Fábrica de Embalagens.
2. A demonstração do fluxo de caixa
3. Além da DRE, outro demonstrativo bastante utilizado para complementar o entendimento do desempenho econômico-financeiro das empresas é a demonstração do fluxo de caixa (DFC).
4. A DFC se trata de um documento que busca explicar a movimentação dos itens que influenciaram na variação do saldo das disponibilidades do fim de um exercício para outro. Exemplificando, o DFC de 20X1 detalha as movimentações que promoveram a evolução do saldo disponível de 20X0 para 20X1.
5. Existem dois métodos distintos para a apuração do fluxo de caixa: o direto e o indireto. A diferença primordial é que:
6. No direto, são projetados recebimentos e pagamentos (regime de caixa) no lugar das receitas e despesas (regime de competência)...
7. Enquanto, no indireto, ambas são preservadas no cálculo do fluxo e o ajuste de competência para caixa é efetuado pela variação de capital de giro.
8. Para entendermos essas metodologias, devemos apresentar conceitos relativos ao cálculo do capital de giro, ponto que excede os objetivos deste tema. Por ora, utilizaremos este modelo para o entendimento da estrutura do DFC:
	Fluxo de caixa
	Das atividades operacionais
(+) Recebimentos de clientes
(-) Pagamentos dos fornecedores
(-) Pagamento de despesas administrativas e comerciais
(-) Pagamentos de tributos
(-) Pagamento de despesas financeiras
(=) Caixa das atividades operacionais (I)
	Das atividades de investimento
(-) Aquisição de ativos imobilizados, investimentos e intangíveis
(+) Recebimento na venda de itens do ANC
(+) Recebimento de dividendos
(=) Caixa obtido pelas atividades de investimento (II)
	Das atividades de financiamento
(-) Pagamento de empréstimos e financiamentos
(+) Novos empréstimos e financiamentos
(+) Integralização de capital
(-) Pagamento de dividendos
(=) Caixa obtido pelas atividades de financiamento (III)
	Fluxo de caixa do período = I + II + III
Quadro 17: Estrutura típica de uma demonstração do fluxo de caixa.
O modelo de DFC apresentado neste quadro compõe uma estrutura típica do método direto no qual se computam as entradas e saídas de caixa distribuídas em três tipos de atividades: operacionais, de investimento e de financiamento.
O DFC pode ser entendido como um documento complementar às informações provenientes do BP e da DRE, podendo, inclusive, ser elaborado a partir das contas deles.
O quadro a seguir apresenta o DFC dos anos de 20X1 e 20X2 da Fábrica de Embalagens:
	Fluxo de Caixa:
	20X2
	20X1
	Das Atividades Operacionais:
	
	
	(+) Recebimentos de Clientes
	1.674.818
	1.602.725
	(-) Pagamentos de Fornecedores
	-1.183.818
	-1.195.138
	(-) Pagamentos de Despesas e Impostos
	-500.286
	-342.995
	(-) Pagamento de Despesas Financeiras
	-65.145
	-51.398
	(=) Caixa das Atividades Operacionais (I)
	-74.431
	13.194
	
	
	
	Das Atividades de Investimento:
	
	
	(-) Aquisição Imobilizados Inv. e Intangíveis
	-366.857
	-44.456
	(=) Caixa das Atividades de Investimento (II)
	-366.857
	-44.456
	
	
	
	Das Atividades de Financiamento:
	
	
	(-) Pagamento de Empréstimos e Financiamentos
	-590.178
	-255.654
	(+) Entrada de Novos Empréstimos e Financiamentos
	1.059.883
	255.687
	(+) Integralização de Capital
	213.073
	102.345
	(=) Caixa das Atividades de Financiamento (III)
	682.778
	102.378
	
	
	
	Fluxo de Caixa (I + II + III)
	241.491
	71.116
	
	
	
	Disponibilidades
	583.465
	341.975
	
	
	
	Variação das Disponibilidades
	241.490
	-
MÓDULO 4
ANÁLISE HORIZONTAL E VERTICAL
Após termos entendido as estruturas dos principais demonstrativos financeiros, já estamos prontos para começar a discutir a maneira de analisá-los. Para efetuar essa tarefa, veremos neste módulo como se utiliza uma ferramenta simples e eficaz conhecida como análise horizontal e vertical.
Essa metodologia nos permitirá obter um entendimento da situação econômico-financeira da empresa pelo estudo da composição e evolução das contas de BP, DRE e DFC.
CÁLCULO DOS ÍNDICES DA ANÁLISE HORIZONTAL E VERTICAL
A análise horizontal consiste no exame minucioso da evolução histórica de uma conta ou um grupo de contas. Ela informa quanto (percentualmente) determinada conta (ou um grupo delas) aumentou ou diminuiu de um período para o outro, auxiliando, assim, na avaliação do desempenho da empresa.
Exemplo
Tomemos o valor das receitas líquidas de venda da Fábrica de Embalagensnos anos 20X1 e 20X2. Como podemos observar no quadro 16, as receitas líquidas em 20X1 foram de R$ 1.307.053 enquanto elas, em 20X2, apresentaram um valor de R$ 1.430.723.
Para aplicarmos a análise horizontal, basta dividirmos o valor do ano 20X2 pelo de 20X1, subtraindo, na sequência, 1 e multiplicando o resultado por 100 para convertê-lo em percentual. O quadro a seguir demonstra o uso da análise horizontal nas receitas líquidas da Fábrica de Embalagens:
	Receitas líquidas de 20X1 = R$1.307.053
	Receitas líquidas de 20X2 = R$1.430.723
	Variação % das receitas líquidas = (1.430.723/1.307.053) – 1
	Variação % das receitas líquidas = 0,095 ou 9,5%
Quadro 18: Aplicação da análise horizontal nas receitas líquidas da Fábrica de Embalagens.
Conforme podemos observar na operação demonstrada no quadro acima, as receitas líquidas de vendas da Fábrica de Embalagens apresentaram um crescimento de 9,5% entre os anos de 20X1 e 20X2.
Em conjunto com os índices apurados para as outras contas da DRE, esse resultado nos auxiliará a entender a evolução da situação econômico-financeira da empresa. O procedimento para execução da análise horizontal no BP e na DFC é análogo ao da DRE.
Enquanto a análise horizontal nos permite entender a evolução temporal das contas da empresa, a vertical nos indica o percentual relativo de uma conta (ou grupo de contas).
No caso do BP, a base geralmente utilizada é o total do ativo ou do passivo; na DRE, habitualmente se emprega a receita líquida; e, na DFC, o recebimento de clientes. A análise horizontal avalia o peso (ou relevância) das contas da empresa.
Exemplo
Vejamos o valor do lucro líquido da Fábrica de Embalagens em 20X1 a fim de compará-lo com as receitas líquidas do mesmo período para a obtenção do índice correspondente à análise vertical.
Como podemos observar no quadro a seguir, o lucro líquido de 20X1 foi de R$58.518. Este quadro demonstra o uso da análise vertical para a obtenção do peso relativo do lucro líquido da Fábrica de Embalagens no ano de 20X1:
	Receitas líquidas de 20X1 = R$1.307.053
	Lucro líquido de 20X1 = R$58.518
	Peso relativo do lucro líquido = 58.518/1.307.053 = 4,5%
Conforme podemos verificar no quadro, o lucro líquido da Fábrica de Embalagens corresponde a 4,5% da receita líquida da empresa no ano de 20X1. Esse indicador (razão entre o lucro líquido e a receita líquida) é também conhecido como margem líquida, um dos principais índices utilizados na análise da rentabilidade e situação econômica das empresas.
Agora que vimos como são feitos os cálculos necessários para a obtenção dos índices da análise horizontal e vertical, demonstraremos sua aplicação em todas as contas de BP (ativo e passivo) e DRE da Fábrica de Embalagens.
Os três quadros a seguir apresentam, respectivamente, a aplicação da análise horizontal e vertical nos dois anos (20X1 e 20X2) do ativo, do passivo e da DRE da Fábrica de Embalagens:
	Ativo circulante
	Horizontal
	Vertical
	20x2
	Vertical
	20x1
	Disponível
	70,6%
	20,7%
	583.465
	17,4%
	341.975
	Clientes
	135,9%
	11,6%
	325.355
	7,0%
	137.898
	Estoques
	70,7%
	14,9%
	418.843
	12,5%
	245.325
	Outros
	18,0%
	2,6%
	72.238
	3,1%
	61.200
	
	78,0%
	49,8%
	1.399.900
	40,0%
	786.398
	Realizável a longo prazo
	79,1%
	2,7%
	74.835
	2,1%
	41.793
	Imobilizado
	17,6%
	47,6%
	1.337.945
	57,9%
	1.137.925
	
	43,1%
	100,0%
	2.812.680
	100,0%
	1.966.115
Quadro 20: Análise horizontal e vertical no ativo da Fábrica de Embalagens.
	Passivo circulante
	Horizontal
	Vertical
	20x2
	Vertical
	20x1
	Empréstimos e financiamentos
	58,0%
	33,1%
	932.193
	30,0%
	590.178
	Fornecedores
	96,7%
	10,1%
	284.048
	7,3%
	144.415
	Impostos, salários e outros
	-1,3%
	2,1%
	59.633
	3,1%
	60.443
	
	60,5%
	45,4%
	1.275.873
	40,4%
	795.035
	Não circulante
	24,6%
	23,0%
	646.375
	26,4%
	518.685
	Patrimônio líquido
	36,5%
	31,7%
	890.433
	33,2%
	652.395
	
	43,1%
	100,0%
	2.812.680
	100,0%
	1.966.115
Quadro 21: Análise horizontal e vertical no passivo da Fábrica de Embalagens.
	
	Horizontal
	Vertical
	20x2
	Vertical
	20x1
	Receita bruta das vendas
	9,6%
	129,0%
	1.845.338
	128,9%
	1.684.410
	(-) Impostos sobre vendas e devoluções
	9,9%
	-29,0%
	-141.615
	-28,9%
	-377.358
	(=) Receita líquida de vendas
	9,5%
	100,0%
	1.430.723
	100,0%
	1.307.053
	(-) Custo dos produtos vendidos
	15,7%
	-89,7%
	-1.283.728
	-84,9%
	-1.109.545
	(=) Lucro bruto
	-25,6%
	10,3%
	146.995
	15,1%
	197.508
	(-) Despesas com vendas e administrativas
	26,8%
	-5,2%
	-74.163
	-4,5%
	-58.465
	(+) Outras receitas operacionais
	1799,8%
	2,0%
	27.975
	0,1%
	1.473
	(=) Lucro antes dos juros e impostos (LAJI)
	-28,3%
	7,0%
	100.808
	10,8%
	140.515
	(-) Despesas financeiras líquidas
	26,7%
	-4,6%
	-65.145
	-3,9%
	-51.398
	(=) Lucro antes dos impostos (LAI)
	-60,0%
	2,5%
	35.663
	6,8%
	89.118
	(-) IR & CS
	-65,0%
	-0,7%
	-10.698
	-2,3%
	-30.600
	(=) Lucro líquido do exercício
	-57,3%
	1,7%
	24.965
	4,5%
	58.518
Quadro 22: Análise horizontal e vertical na DRE da Fábrica de Embalagens.
Aplicação da análise horizontal e vertical nos demonstrativos da fábrica de embalagens
1. No último quadro, enquanto as receitas líquidas cresceram 9,5% do ano 20X1 para 20X2, o lucro líquido apresentou uma queda de 57,3% no mesmo período.
2. Essa diminuição foi motivada pelo aumento de 15,7% do CPV e de aproximadamente 27% das despesas tanto com vendas e administrativas quanto as financeiras líquidas (taxas superiores à taxa do crescimento das receitas).
3. A análise vertical aponta que o principal fator para a queda da lucratividade da empresa foi o aumento do CPV devido a seu peso (84,9% da receita líquida). Para isso, basta fazer uma comparação com os 4,5% e 3,9% das despesas com vendas e administrativas e despesas financeiras líquidas, respectivamente.
4. A análise do quadro 20 nos permite observar que as contas “estoques” e “clientes” cresceram a taxas de 135,9% e 70,7%, índices bastante superiores à média do ativo (43,1%).
5. Considerando que a conta “clientes” é uma função direta do volume de vendas e do prazo médio de recebimentos, é de se supor que a Fábrica de Embalagens está concedendo mais prazo de pagamento para seus clientes. Afinal, suas vendas somente aumentaram 9,6%.
6. Da mesma forma, é possível inferir que a empresa está passando por dificuldades em girar seus estoques. Afinal, deve-se considerar que eles variam em função do volume de vendas (que não aumentou muito de um período para outro) e do prazo médio de estoques.
7. Ainda no quadro 20, pode-se observar que, em 20X2, a empresa investiu em ativos imobilizados (aumento de 17,6%), o que pode significar que ela estivesse ampliando sua capacidade produtiva.
8. A análise do quadro 21 nos permite entender a composição e a evolução das fontes de financiamento da Fábrica de Embalagens. Se, no ano de 20X1, somarmos os percentuais referentes à análise vertical do PNC (que é formado basicamente por empréstimos e financiamentos no caso em questão) e os empréstimos e financiamentos do PC, obteremos um valor de 56,4%.
9. No mesmo ano, o patrimônio líquido correspondia a 33,2%. Isso nos permite constatar que a empresa é bastante alavancada financeiramente (possuindo um alto nível de endividamento em relação ao capital dos acionistas), o que pode influenciar em seu risco de inadimplência.
10. É possível observar pela análise horizontal que a empresa aumentou seu volume de dívidas (empréstimos e financiamentos) tanto no curto (aumento de 58%) quanto no longo prazo (aumento de 24,6%).
11. Também observamos recursos provenientes de sócios (aumento de 36,5% do patrimônio líquido), o que sugere que a Fábrica de Embalagens vem captando recursos para algum (ou diversos) propósito(s).
12. Por fim, o quadro 23 apresenta a aplicação da análise horizontal e vertical nos anos 20X1 e 20X2 da DFC da Fábrica de Embalagens.
O primeiro ponto a ser observado é que a última linha do DFC — fluxo de caixa — do ano 20X2 apresenta um valor de R$241.490. Este número corresponde à variação do saldo das disponibilidades dos anos de 20X1 para 20X2 registradosna penúltima linha do DFC (quadro 23), assim como nas primeiras linhas do quadro 20.
A análise dos componentes do DFC em 20X2 revela que as atividades operacionais e de investimento foram responsáveis, respectivamente, por uma redução de caixa de R$74.431 e R$366.857(o equivalente a 4,44% e 21,90% dos recebimentos efetuados no mesmo ano).
Esses saldos negativos foram compensados pelo caixa proveniente das atividades de financiamento no valor R$682.778 (40,77% dos recebimentos de 20X2), possibilitando o aumento das disponibilidades na ordem de R$241.490.
Essa análise sumarizada obtida com o DFC corrobora as percepções provenientes da análise horizontal e vertical do BP e da DRE que foi apresentada nos parágrafos anteriores.
	Fluxo de Caixa:
	Horizontal
	Vertical
	20X2
	Vertical
	20X1
	Das Atividades Operacionais:
	
	
	
	
	
	(+) Recebimentos de Clientes
	4,50%
	100,00%
	1.674.818
	100,00%
	1.602.725
	(-) Pagamentos de Fornecedores
	-0,95%
	-70,68%
	-1.183.818
	-74,57%
	-1.195.138
	(-) Pagamentos de Despesas e Impostos
	45,86%
	-29,87%
	-500.286
	-21,40%
	-342995
	(-) Pagamento de Despesas Financeiras
	26,75%
	-3,89%
	-65.145
	-3,21%
	-51.398
	(=) Caixa das Atividades Operacionais (I)
	-664,12%
	-4,44%
	-74.431
	0,82%
	13.194
	
	
	
	
	
	
	Das Atividades de Investimento:
	
	
	
	
	
	(-) Aquisição Imobilizados Inv. e Intangíveis
	725,21%
	-21,90%
	-366.857
	-2,77%
	-44.456
	(=) Caixa das Atividades de Investimento (II)
	725,21%
	-21,90%
	-366.857
	-2,77%
	-44.456
	
	
	
	
	
	
	Das Atividades de Financiamento:
	
	
	
	
	
	(-) Pagamento de Empréstimos e Financiamentos
	130,85%
	-35,24%
	-590.178
	-15,95%
	-255.654
	(+) Entrada de Novos Empréstimos e Financiamentos
	314,52%
	63,28%
	1.059.883
	15,95%
	255.687
	(+) Integralização de Capital
	108,19%
	12,72%
	213.073
	6,39%
	102.345
	(=) Caixa das Atividades de Financiamento (III)
	566,92%
	40,77%
	682.778
	6,39%
	102.378
	
	
	
	
	
	
	Fluxo de Caixa (I + II + III)
	239,57%
	14,42%
	241.491
	4,44%
	71.116
	
	
	
	
	
	
	Disponibilidades
	
	
	583.465
	
	341.975
	
	
	
	
	
	
	Variação das Disponibilidades
	
	
	241.490
	
	-
Quadro 23: Análise horizontal e vertical na DFC da Fábrica de Embalagens.
A utilização do exemplo hipotético da Fábrica de Embalagens demonstra a grande aplicabilidade da metodologia e seu potencial no suporte às diversas análises financeiras efetuadas no mercado. Com isso, pudemos entender como é feita a análise da situação econômico-financeira de empresas.
TEMA 2
MÓDULO 1
COMO EFETUAR A ANÁLISE DA SITUAÇÃO ECONÔMICA DE EMPRESAS
Neste módulo, apresentaremos uma visão geral da análise da rentabilidade e da situação econômica de empresas. Além disso, veremos os tipos de indicadores empregados nessa tarefa e como eles podem ser utilizados de forma conjunta.
A ANÁLISE DE DEMONSTRATIVOS FINANCEIROS E SEUS OBJETIVOS
Como saber se um negócio está indo bem ou não? Efetuada diariamente por diversos atores no cenário corporativo e no mercado financeiro, esta pergunta é ambígua, já que o desempenho de uma empresa possui diversas dimensões.
Mesmo que o interesse esteja restrito ao enfoque financeiro da companhia, podemos fragmentá-lo de formas distintas. Essa fragmentação pode ser ainda mais específica nestes casos
SITUAÇÃO FINANCEIRA DE CURTO PRAZO: Aparentemente similares, essas três dimensões citadas possuem enfoques distintos. A situação financeira de curto prazo se refere à capacidade de as empresas honrarem seus compromissos com terceiros. Ela ainda dimensiona as necessidades de recursos para financiamento de estoques, contas a receber e outros ativos circulantes. Em outras palavras, podemos dizer que essa situação está relacionada à liquidez e ao volume de recursos investidos no capital de giro da companhia.
RISCO DE INADIMPLÊNCIA E ENDIVIDAMENTO: O risco de inadimplência e endividamento está relacionado ao nível de alavanca
gem financeira da empresa. Ele busca informar se as empresas estão muito ou pouco endividadas e qual é sua probabilidade de 
calote (risco de inadimplência ou de crédito).
RENTABILIDADE E A SITUAÇÃO ECONÔMICA DA EMPRESA: Das três dimensões enunciadas anteriormente, provavelmente a que desperta a maior curiosidade é a que diz respeito à rentabilidade e à situação econômica da empresa. Afinal, ela se refere à capacidade de uma organização gerar lucros e remunerar os recursos investidos pelos sócios. Muitos analistas a consideram a mais relevante. Afinal, uma empresa que desfrute de uma boa situação econômica geralmente conta com as melhores condições de reestruturar dívidas e conseguir um financiamento para o capital do capital de giro.
Para efetuar a tarefa de analisar a rentabilidade e a situação econômica de uma empresa, geralmente são utilizados três tipos distintos de indicadores:
· OS ÍNDICES DE RETORNO;
· 
AS MARGENS DE LUCRO;
· 
O GIRO DOS RECURSOS INVESTIDOS.
OS ÍNDICES DE RETORNO
Eles comparam o lucro gerado em determinado período, que é obtido pela inspeção da demonstração de resultado do exercício (DRE), com o investimento efetuado na companhia, o qual, por sua vez, advém da análise do balanço patrimonial (BP).
O índice mais utilizado dessa categoria é o retorno sobre o patrimônio líquido, que também conhecido no mercado pela sigla ROE (referente ao termo em inglês return on equity). O ROE consiste na relação entre o lucro líquido da empresa e patrimônio líquido:
ROE = Lucro líquido / Patrimônio líquido
Para exemplificar a utilização do ROE, analisaremos o caso de uma empresa hipotética.
Os dois primeiros quadros da Fábrica de Embalagens Ltda. apresentam respectivamente seus dois componentes (ativo e passivo) do BP, enquanto o terceiro contém a demonstração do seu resultado do exercício (DRE). Os dados são relativos aos resultados dos exercícios dos anos 20X1 e 20X2
Ativo da Fábrica de Embalagens
Passivo da Fábrica de Embalagens
 DRE da Fábrica de Embalagens
Tomando os resultados da Fábrica de Embalagens do ano 20X1 apresentados no quadro acima, notamos que o lucro líquido registrado no exercício foi de R$58.518. No mesmo período, de acordo com os resultados apresentados anteriormente (segundo quadro), observamos que o patrimônio líquido registrado pela empresa foi de R$652.395.
Utilizando esses dados contábeis, é possível calcular o ROE de 20X1 da Fábrica de Embalagens:
Quadro: Cálculo do ROE da Fábrica de Embalagens em 20X1
	ROE = Lucro líquido/patrimônio líquido
Lucro líquido da fábrica de embalagens em 20X1 = R$58.518
Patrimônio líquido da Fábrica de Embalagens em 20X1 = R$652.395
ROE da Fábrica de Embalagens em 20X1 = 58.518/652.395
ROE da Fábrica de Embalagens em 20X1 = 9,0%
Nota-se que o ROE da Fábrica de Embalagens registrado em 20X1 foi de 9,0%.
Veremos no módulo 3 que o ROE de uma empresa pode ser analisado de formas distintas, sendo uma delas (e a mais relevante) a comparação com custo do capital próprio.
Podemos adiantar que essa comparação consiste na rentabilidade mínima exigida pelos sócios da companhia em função do risco do empreendimento. Isso quer dizer que, caso o ROE da empresa seja igual ou superior ao custo do capital próprio, os recursos investidos pelos sócios serão remunerados adequadamente.
Por outro lado, caso o ROE seja inferior ao custo do capital próprio, os recursos dos sócios não vão gerar um retorno adequado.
AS MARGENS DE LUCRO: Uma segunda categoria de indicadores da situação econômica de uma companhia é o das margens de lucro. Essas margens apontam o quanto (percentualmente) a empresa gerou de lucro comparativamente à receita de determinado exercício contábil.
As margens podem ser calculadas em relação aos diversos lucros (bruto, LAJI, LAJIDA e lucro líquido) e têm como denominador a receita líquida de vendas da empresa. Podemos dizer então que a margem líquida consiste na razão entre o lucro líquido e a receita líquida (duas informações presentes na DRE). Essa margem pode ser calculada pelo uso da fórmula :
Tomando os resultados da Fábrica de Embalagens do ano 20X1 apontados no terceiro quadro, observamos que o lucro líquido registrado no exercíciofoi de R$58.518, enquanto a receita líquida do mesmo período alcançou os R$1.307.053,00. Utilizando esses dados contábeis, já podemos calcular a margem líquida de 20X1 da Fábrica de Embalagens:
	Margem líquida = Lucro líquido/Receita líquida
Lucro líquido da Fábrica de Embalagens em 20X1 = R$58.518
Receita líquida da Fábrica de Embalagens em 20X1 = R$1.307.053
Margem líquida da Fábrica de Embalagens em 20X1 = 58.518/1.307.053
Margem líquida da Fábrica de Embalagens em 20X1 = 4,5%
A margem líquida da Fábrica de Embalagens registrada em 20X1 foi de 4,5%. Faremos uma análise mais precisa disso no módulo 2, mas já adiantamos que ela pode ocorrer de formas distintas.
· Uma das formas seria a comparação da margem líquida de uma empresa com a de empresas atuantes no mesmo segmento. Geralmente, toma-se, para isso, a média setorial dentro de um mesmo período.
· Caso a margem da empresa analisada seja superior à média setorial, haverá um indicativo positivo em relação à eficiência na gestão de seus custos e na geração de lucros; caso contrário, esse indicativo será negativo.
GIRO DOS RECURSOS INVESTIDOS
Além de margens e retornos, outra categoria de indicadores bastante utilizada na análise do desempenho econômico de empresas é a do giro dos recursos investidos. Esses indicadores analisam a capacidade de as empresas gerarem receitas a partir de recursos investidos em determinado período.
Para entendermos o cálculo do giro, devemos ter em mente que:
1. 
2. Ele é a razão entre a receita líquida e o montante de recursos registrados no ativo (ativo total ou permanente) ou passivo da empresa (patrimônio líquido ou capital investido, que consiste na soma dos recursos aportados por sócios e credores).
3. Esse cálculo depende do enfoque da análise. Um dos indicadores mais utilizados nessa categoria é o giro do patrimônio líquido (giro do PL), que pode ser calculado por esta fórmula:
GIRO DO PL= receita líquida /patrimônio líquido
Tomando os resultados da Fábrica de Embalagens do ano 20X1 apresentado no terceiro quadro, a receita líquida registrada em 20X1 foi de R$1.307.053. No mesmo período, o patrimônio líquido a empresa foi de R$652.395 (segundo quadro).
Com esses dados contábeis, é possível calcular o giro do patrimônio líquido de 20X1 da Fábrica de Embalagens:
	Giro do PL = Receita líquida/Patrimônio líquido
Receita líquida da Fábrica de Embalagens em 20X1 = R$1.307.053
Patrimônio líquido da Fábrica de Embalagens em 20X1 = R$652.395
Giro do PL da Fábrica de Embalagens em 20X1 = 1.307.053/652.395
Giro do PL da Fábrica de Embalagens em 20X1 = 2,00
Vemos no quadro acima que o giro do patrimônio líquido da Fábrica de Embalagens registrado em 20X1 foi de 2,00. Isso significa que, para cada unidade monetária (reais, dólares ou outro tipo de moeda) investida pelos sócios da empresa, foram geradas duas unidades monetárias no ano analisado.
Conforme discutiremos no módulo 2, o giro do patrimônio líquido pode ser analisado de formas distintas, sendo uma delas a comparação do giro de um ano com o dos anos anteriores. Essa forma de análise permite verificar se a capacidade de as empresas gerarem receitas a partir dos recursos investidos pelos sócios vem melhorando (giros crescentes) ou piorando (giros decrescentes) ao longo do tempo.
A RELAÇÃO ENTRE OS INDICADORES DA SITUAÇÃO ECONÔMICA
Comumente, analistas se deparam com situações nas quais os indicadores da situação econômica não evoluem na mesma direção ao longo do tempo. Ou, muitas vezes, eles se apresentam de forma distinta em relação aos parâmetros setoriais (médias dos indicadores do setor).
Ex: Vamos supor que, em 20X0, a Fábrica de Embalagens tivesse registrado os seguintes valores em seus demonstrativos financeiros:
	Lucro líquido da Fábrica de Embalagens em 20X0 = R$45.315
Receita líquida da Fábrica de Embalagens em 20X0 = R$745.987
Patrimônio líquido da Fábrica de Embalagens em 20X0 = R$402.403
Com base nas informações deste quadro e nas fórmulas 1,2 e 3, é possível calcular os indicadores da situação econômica da Fábrica de Embalagens do ano de 20X0. Em seguida, basta compará-los com os indicadores 20X1 (de acordo com o que foi apresentado no quadro acima).
Podemos observar, pela análise deste quadro, que o giro do patrimônio líquido apresentou, de 20X0 para 20X1, um aumento de eficácia na geração de receitas a partir dos recursos investidos pelos sócios. No entanto, o ROE e a margem líquida tomaram uma direção contrária nos períodos avaliados. Surge então a seguinte questão:
Ainda é possível observar que a margem e o giro constituem, na realidade, componentes do retorno. Pode-se atestar isso pela decomposição apresentada nas fórmulas 4 e 5:
Essa decomposição permite entender os fatores que influenciaram a variação do retorno de um período a outro. Ela também é útil para avaliar o efeito da estratégia comercial da empresa e a eficiência do uso dos recursos investidos nela.
No caso da Fábrica de Embalagens, é possível observar que a redução da margem de lucro (que pode ter sido ocasionada por uma redução de preços ou piora na eficiência da gestão de custos) implicou a queda da rentabilidade de 20X0 para 20X1, mesmo levando em consideração o aumento do volume das vendas em relação aos recursos aportados pelos sócios.
Precisamos ter calma agora. Ainda veremos no módulo 3 que a mesma decomposição efetuada com o ROE, relacionando o retorno ao produto de margem e giro, poderá ser aplicada a outros tipos de indicadores de rentabilidade.
MÓDULO 2
ANÁLISE DAS MARGENS DE LUCRO E GIRO DOS INVESTIMENTOS
Neste módulo, trataremos com maior profundidade os componentes dos índices de retorno: as margens de lucro e o giro dos investimentos. Em seguida, apresentaremos os tipos de margens e a forma de analisá-las (isolada e conjuntamente), buscando, com isso, entender a habilidade das empresas de gerir seus custos e despesas.
De maneira similar, apresentaremos as diferentes abordagens de giros que podem variam em função do tipo de investimento considerado em seu cálculo.
MARGENS DE LUCRO — TIPOS E ANÁLISE
Como vimos no módulo 1, os índices de retorno podem ser considerados os mais relevantes no diagnóstico do desempenho econômico de empresas. Apesar dessa constatação, a vivência nos ambientes corporativos e no mercado financeiro revela outra coisa.
Em termos de popularidade, outro grupo de indicadores lidera a preferência dos analistas: o das margens de lucro.
Conforme explicado anteriormente, as margens comparam o lucro gerado em determinado período com a receita da empresa. Isso permite uma análise da eficiência na gestão de custos e despesas da companhia.
Há diversos tipos de margens. Eles levam geralmente o nome do lucro utilizado para seu cálculo, tendo como denominador a receita líquida de vendas. Na literatura, as principais margens baseadas nos demonstrativos de resultado do exercício societários são estas: bruta, LAJI, lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização (LAJIDA) e líquida.
Dessa forma, a margem bruta é a razão do lucro bruto, enquanto tanto a receita líquida quanto as margens LAJI, LAJIDA e líquida são respectivamente as razões entre o LAJI, o LAJIDA e o lucro líquido e a receita líquida. As fórmulas 6, 7, 8 e 9 apresentam, de forma respectiva, as margens bruta, LAJI, LAJIDA e líquida:
À exceção da margem LAJIDA, todas as informações necessárias para o cálculo das margens (grifadas em negrito no quadro abaixo) estão diretamente acessíveis na DRE. Este quadro contém a estrutura típica de uma demonstração de resultado do exercício:
Dado o interesse dos analistas no conhecimento do LAJIDA, muitas empresas o informam em seus relatórios financeiros.
Caso essa informação não esteja diretamente disponível:
Cabe observar que o custo das mercadorias vendidas (CMV), que é pertinente às empresas comerciais, não inclui depreciação e amortização. Quando uma organização é puramente comercial, todos os gastos de depreciação e amortização são registrados unicamente na linha de despesas administrativas e comerciais.
Outro ponto que mereceser destacado é o seguinte: geralmente, os analistas não demonstram interesse pelo acompanhamento da margem LAI (razão entre o lucro antes dos impostos e a receita líquida).
Em geral, são margens baseadas em relatórios societários, como a DRE típica (produzida pela contabilidade), buscando apresentar o lucro apurado em determinado exercício. Mas alguns analistas financeiros internos das empresas utilizam em seus estudos margens de lucro adicionais geradas a partir de relatórios gerenciais.
Chamados muitas vezes de margens de contribuição, esses indicadores oferecem quebras do lucro adicionais àquelas apresentadas diretamente na DRE. Isso permite um entendimento ainda mais aprofundado da apuração de custos e despesas por produtos e unidades de negócio, o que serve de suporte para análises gerenciais.
Vamos entender isso melhor? Retomemos então o exemplo da Fábrica de Embalagens!
Para um melhor entendimento do cálculo e da análise das margens de lucro, aplicaremos as fórmulas 6, 7, 8 e 9 nos dados da DRE da Fábrica de Embalagens apresentada no terceiro quadro. 
Para uma estimativa do LAJIDA da Fábrica de Embalagens, podemos supor adicionalmente que a depreciação e a amortização da empresa sejam equivalentes a 10% do ativo imobilizado do ano analisado.
O quadro a seguir apresenta o cálculo das margens bruta, LAJI, LAJIDA e líquida dos anos de 20X1 e 20X2 da Fábrica de Embalagens:
Quadro: Cálculo das margens de lucro da Fábrica de Embalagens em 20X1 e 20X2
Margem bruta = Lucro bruto/Receita líquida
Margem bruta da Fábrica de Embalagens em 20X1 = 197.508/1.307.053 = 15,1%
Margem bruta da Fábrica de Embalagens em 20X2 = 146.995/1.430.723 = 10,3%
Margem LAJI = LAJI/Receita líquida
Margem LAJI da Fábrica de Embalagens em 20X1 = 140.515/1.307.053 = 10,8%
Margem LAJI da Fábrica de Embalagens em 20X2 = 100.808/1.430.723 = 7,0%
Margem LAJIDA = LAJIDA/Receita líquida
LAJIDA = LAJI + Depreciação e amortização
LAJIDA Fábrica de Embalagens em 20X1 = 140.515 + (10% x 1.137.925) = 254.308
Margem LAJIDA da Fábrica de Embalagens em 20X1 = 254.308/1.307.053 = 19,5%
LAJIDA Fábrica de Embalagens em 20X2 = 100.808 + (10% x 1.337.945) = 234.602
Margem LAJIDA da Fábrica de Embalagens em 20X2 = 234.602/1.430.723 = 16,4%
Margem líquida = Lucro líquido/Receita líquida
Margem líquida da Fábrica de Embalagens em 20X1 = 58.518/1.307.053 = 4,5%
Margem líquida da Fábrica de Embalagens em 20X2 = 24.965/1.430.723 = 1,7%
De posse dos resultados das margens de lucro dos anos 20X1 e 20X2 da Fábrica de Embalagens, é possível efetuar uma análise da lucratividade da empresa de duas formas distintas.
A primeira forma diz respeito a uma análise da evolução temporal das margens, comparando a margem de um ano com a do ano anterior. A segunda maneira se traduz em uma comparação das margens da companhia com as de empresas similares que atuem no mesmo segmento de atuação.
O quadro a seguir apresenta um resumo dos resultados das margens da Fábrica de Embalagens (segundo os cálculos efetuados no quadro anterior), acrescentando-lhe as margens médias hipotéticas das empresas concorrentes:
	
	Fábrica de Embalagens
	Média setorial
	Indicador
	20X1
	20X2
	20X1
	20X2
	Margem bruta
	15,1%
	10,3%
	14,7%
	13,1%
	Margem LAJI
	10,8%
	7,0%
	11,7%
	10,2%
	Margem LAJIDA
	19,5%
	16,4%
	19,3%
	18,5%
	Margem líquida
	4,5%
	1,7%
	6,8%
	5,3%
1. A análise das margens no quadro acima aponta uma piora generalizada nas margens da Fábrica de Embalagens entre os períodos de 20X1 e 20X2. Enquanto a margem bruta apresentou uma queda de 4,8% (em termos absolutos), as margens LAJI, LAJIDA e líquida sofreram perdas na ordem de 3,8%, 3,1% e 2,8%, respectivamente.
2. Como pode ser observado na comparação dos elementos da DRE da Fábrica de Embalagens no terceiro quadro, a queda da margem bruta se deve a um aumento no custo dos produtos vendidos superior ao das receitas líquidas nos períodos analisados.
3. Enquanto as receitas subiram 9,5%, o CPV apresentou um crescimento de 15,7%. Essa redução da margem bruta afetou todos os lucros registrados nas linhas inferiores da DRE, sendo a principal razão da degradação das demais margens de lucro.
4. Analisando os elementos que determinaram a queda da margem LAJI, é possível observar uma peculiaridade. Além do aumento do CPV, outro componente contribuiu para sua deterioração: o crescimento das despesas administrativas e comerciais em 26,8% (superior aos 9,5% relativo às receitas).
5. Esses efeitos foram parcialmente atenuados pelo aumento das outras receitas operacionais em aproximadamente 1.800%. Isso fez com que a queda da margem LAJI – e, por consequência, das demais margens – fosse inferior à da margem bruta em 1% (em termos absolutos).
6. A comparação das quedas das margens LAJIDA e LAJI (3,1% contra 4,8% de redução em termos absolutos) aponta que o aumento da depreciação e da amortização (de 1,7% em relação à receita líquida correspondente à diferença da variação das duas margens) diminuiu o impacto da queda da margem LAJIDA.
7. Isso isoladamente deveria ser considerado um atenuante da queda das margens se fosse levado em conta que a depreciação e a amortização não são uma saída efetiva de caixa. Ainda assim, a redução da margem LAJIDA de 18,5% para 16,4% aponta uma piora na lucratividade da empresa.
Quanto à análise da evolução histórica das margens, observa-se, na DRE da Fábrica de Embalagens, o aumento de 26,7% nas despesas financeiras líquidas. Esse fator — além dos outros fatores elencados anteriormente — contribuiu para a degradação da margem líquida.
Dessa forma, podemos afirmar que a queda da lucratividade da empresa (de R$58.518 em 20X1 para R$24.965 em 20X2, equivalente a -57,3%) se deve ao aumento dos custos e das despesas — CPV (aumento de 15,7%), despesas administrativas, comerciais e financeiras (aproximadamente 27%).
Podemos inferir isso pelo fato de as despesas terem sido superiores ao aumento das receitas líquidas (de R$1.307.053 em 20X1 para R$1.430.723 em 20X2, equivalente a 9,5%). Elas só foram atenuadas pelo aumento das outras receitas operacionais, que cresceram aproximadamente 18 vezes no período analisado (1.800%).
Comentário
Em casos do tipo, a fim de buscar informações para inferências futuras, sugere-se averiguar a composição das outras receitas operacionais, verificando se elas foram compostas de receitas recorrentes ou ocasionais.
Caso se observe a expectativa da não recorrência das outras receitas operacionais para os exercícios futuros, isso poderá ser considerado um fator agravante na análise.
Buscando capturar esse efeito, é usual nesses casos efetuar correções tanto no LAJI e LAJIDA — que passariam a ser chamados de LAJI e LAJIDA ajustados — quanto no cálculo das margens decorrentes.
Além das outras receitas operacionais, as próprias receitas de vendas, custos e despesas podem ser afetadas por componentes não recorrentes que deveriam ser estornados para o cálculo dos lucros ajustados.
Exemplo
	Supondo que, no caso da Fábrica de Embalagens, 90% das outras receitas operacionais de 20X2 fossem consideradas não recorrentes, poderíamos calcular o LAJI e o LAJIDA ajustados (e as margens correspondentes).
Quadro: Cálculo do LAJI, LAJIDA e margens ajustadas da Fábrica de Embalagens em 20X2
Outras receitas operacionais em 20X2 = R$27.975
Outras receitas operacionais não recorrentes em 20X2 = R$27.975 x 90% = R$25.178
LAJI em 20X2 = R$100.808
LAJI ajustado em 20X2 = LAJI em 20X2 – Outras rec. oper. não recorrentes em 20X2
LAJI ajustado em 20X2 = R$100.808 – R$25.178 = R$75.630
Margem LAJI ajustada em 20X2 = 75.630/1.430.723 = 5,3%
LAJIDA em 20X2 = 234.602
LAJIDA ajustado em 20X2 = LAJIDA em 20X2 – Outras rec. oper. não recor. em 20X2
LAJIDA ajustado em 20X2 = R$234.602 –R$25.178 = R$209.425
Margem LAJIDA da Fábrica de Embalagens em 20X2 = 209.425/1.430.723 = 14,6%
Comparando as margens LAJI e LAJIDA com suas versões baseadas em lucros ajustados, observamos uma queda de aproximadamente 1,7% em termos absolutos. Isso demonstra que a deterioração da lucratividade da Fábrica de Embalagens teria sido ainda

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