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esportes coletivos - futebol e futsal

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Fazemos parte do Claretiano - Rede de Educação
FUTEBOL E FUTSAL
Olá a todos, satisfação! Meu nome é Robson Amaral da Silva. 
Sou licenciado em Educação Física pela Universidade Federal de 
São Carlos (CEF/UFSCar), especialista em Lazer pela Universidade 
Federal de Minas Gerais (UFMG) e mestre em Educação também 
pela UFSCar (PPGE/UFSCar). Sou professor do Centro Universitário 
Claretiano de Batatais (Ceuclar) nos cursos de Bacharelado e 
Licenciatura, pesquisador da Sociedade de Pesquisa Qualitativa 
em Motricidade Humana e membro do Núcleo de Estudos de 
Fenomenologia em Educação Física (Nefef/UFSCar). Fui treinador de 
equipes universitárias (masculinas e femininas) de futsal e gostaria 
de compartilhar com vocês minhas experiências e conhecimentos!
E-mail: robsonsilva@claretiano.edu.br
Claretiano – Centro Universitário
Rua Dom Bosco, 466 - Bairro: Castelo – Batatais SP – CEP 14.300-000
cead@claretiano.edu.br
Fone: (16) 3660-1777 – Fax: (16) 3660-1780 – 0800 941 0006
www.claretianobt.com.br
Robson Amaral da Silva
Batatais
Claretiano
2015
FUTEBOL E FUTSAL
© Ação Educacional Claretiana, 2015 – Batatais (SP)
Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução, a transmissão total ou parcial por qualquer forma 
e/ou qualquer meio (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação e distribuição na web), ou o 
arquivamento em qualquer sistema de banco de dados sem a permissão por escrito do autor e da Ação 
Educacional Claretiana.
CORPO TÉCNICO EDITORIAL DO MATERIAL DIDÁTICO MEDIACIONAL
Coordenador de Material Didático Mediacional: J. Alves
Preparação: Aline de Fátima Guedes • Camila Maria Nardi Matos • Carolina de Andrade Baviera • Cátia 
Aparecida Ribeiro • Dandara Louise Vieira Matavelli • Elaine Aparecida de Lima Moraes • Josiane Marchiori 
Martins • Lidiane Maria Magalini • Luciana A. Mani Adami • Luciana dos Santos Sançana de Melo • Patrícia 
Alves Veronez Montera • Raquel Baptista Meneses Frata • Rosemeire Cristina Astolphi Buzzelli • Simone 
Rodrigues de Oliveira
Revisão: Cecília Beatriz Alves Teixeira • Eduardo Henrique Marinheiro • Felipe Aleixo • Filipi Andrade de Deus 
Silveira • Juliana Biggi • Paulo Roberto F. M. Sposati Ortiz • Rafael Antonio Morotti • Rodrigo Ferreira Daverni 
• Sônia Galindo Melo • Talita Cristina Bartolomeu • Vanessa Vergani Machado
Projeto gráfico, diagramação e capa: Bruno do Carmo Bulgarelli • Eduardo de Oliveira Azevedo • Joice 
Cristina Micai • Lúcia Maria de Sousa Ferrão • Luis Antônio Guimarães Toloi • Raphael Fantacini de Oliveira • 
Tamires Botta Murakami
Videoaula: Fernanda Ferreira Alves • José Lucas Viccari de Oliveira • Marilene Baviera • Renan de Omote 
Cardoso
Bibliotecária: Ana Carolina Guimarães – CRB7: 64/11
DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
 
796.334 S583f 
 
 Silva, Robson Amaral da 
 Futebol e futsal / Robson Amaral da Silva – Batatais, SP : Claretiano, 2015. 
 168 p. 
 
 ISBN: 978-85-8377-431-0 
 1. Futebol. 2. História. 3. Cultura. 4. Sociedade. 5. Jogo. 6. Futsal. 7. Regras. 
 8. Técnica e tática. I. Futebol e futsal. 
 
 
 
 
 
 
 CDD 796.334 
INFORMAÇÕES GERAIS
Cursos: Graduação
Título: Futebol e Futsal 
Versão: dez./2015
Formato: 15x21 cm
Páginas: 168 páginas
SUMÁRIO
CADERNO DE REFERÊNCIA DE CONTEÚDO
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................... 7
2. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO ........................................................................ 8
3. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ............................................................................. 17
Unidade  1 – ORIGEM E HISTÓRIA DO FUTEBOL
1. OBJETIVOS ......................................................................................................... 19
2. CONTEÚDOS ...................................................................................................... 19
3. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ................................................... 20
4. INTRODUÇÃO À UNIDADE ................................................................................. 21
5. OS PRIMEIROS TEMPOS .................................................................................... 22
6. HISTÓRIA DO FUTEBOL NO BRASIL: PROCESSOS E INTERPRETAÇÕES ............... 33
7. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................... 50
8. CONSIDERAÇÕES ............................................................................................... 51
9. e-ReFeRÊnCiaS ................................................................................................. 52
10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 54
Unidade  2 – FUTEBOL, CULTURA E SOCIEDADE
1. OBJETIVOS ......................................................................................................... 55
2. CONTEÚDOS ...................................................................................................... 55
3. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ................................................... 55
4. INTRODUÇÃO À UNIDADE ................................................................................. 57
5. FUTEBOL COMO FENÔMENO MODERNO ......................................................... 58
6. FUTEBOL, UMA PAIXÃO NACIONAL ................................................................... 64
7. UM "POUCO" DE FUTEBOL NA HISTÓRIA POLÍTICA DO BRASIL ........................ 70
8. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................... 78
9. CONSIDERAÇÕES ............................................................................................... 79
10. e-ReFeRÊnCiaS ................................................................................................. 79
11. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 80
Unidade  3 – O JOGO DE FUTEBOL
1. OBJETIVOS ......................................................................................................... 83
2. CONTEÚDOS ...................................................................................................... 83
3. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ................................................... 83
4. INTRODUÇÃO À UNIDADE ................................................................................. 84
5. O JOGO .............................................................................................................. 85
6. AS MATRIZES FUTEBOLÍSTICAS .......................................................................... 125
7. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................... 134
8. CONSIDERAÇÕES ............................................................................................... 135
9. e-ReFeRÊnCiaS ................................................................................................. 136
10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 137
Unidade  4 – METODOLOGIAS DE ENSINO DO FUTEBOL/FUTSAL
1. OBJETIVO ........................................................................................................... 139
2. CONTEÚDOS ...................................................................................................... 139
3. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ................................................... 140
4. INTRODUÇÃO À UNIDADE ................................................................................. 141
5. METODOLOGIAS DE ENSINO DO FUTEBOL E DO FUTSAL .................................. 141
6. METODOLOGIAS SITUACIONAIS........................................................................ 158
7. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................... 165
8. CONSIDERAÇÕES ............................................................................................... 165
9. e-ReFeRÊnCiaS ................................................................................................. 166
10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 166
7
CADERNO DE REFERÊNCIA DE 
CONTEÚDO
1. INTRODUÇÃO
Prezado aluno, iniciamos agora nossos estudos sobre o Fu-
tebol e o Futsal. E para o melhor aproveitamento do estudo, esta 
foi dividida em cinco unidades, descritas, brevemente, a seguir.
Na Unidade 1 preocupamo-nos em mostrar os possíveis 
caminhos percorridos pelo futebol a partir da apresentação de 
alguns jogos da Antiguidade e Idade Média, seus possíveis pre-
cursores, até o advento do denominado "futebol moderno" na 
Inglaterra, no século 19. No Brasil, optamos por contar sua traje-
tória histórica a partir do momento em que o futebol moderno 
chegou ao país, trazido pelas mãos de Charles Miller, em 1894. 
Destacamos sua prática elitista e racista nas primeiras décadas 
do século 20, bem como os processos de popularização e profis-
sionalização do futebol no país.
Na Unidade 2, estudamos o futebol como fenômeno mo-
derno, paixão nacional e manifestação esportiva e cultural, com 
suas influências e implicações na vida pública e política de nosso 
país.
Na Unidade 3, buscamos apresentar toda a estrutura do 
jogo de futebol, desde sua proposta como simples modalidade 
esportiva até sua caracterização como jogo extremamente com-
plexo, sustentado por elementos táticos, técnicos e um conjunto 
de regras.
8 © FUTEBOL E FUTSAL
CADERNO DE REFERÊNCIA DE CONTEÚDO
Diante da complexidade do jogo de futebol/futsal, é preci-
so "dividi-lo" em unidades menores para que os alunos tenham 
condições de passar por experiências que permitam seu apren-
dizado. Na Unidade 4 são apresentadas algumas possibilidades 
metodológicas que têm como objetivo permitir o desenvolvi-
mento adequado do jogo nessas modalidades.
Por fim, a Unidade 5 realiza um apanhado geral do futsal, 
apresentando sua trajetória histórica, os elementos técnicos, tá-
ticos e as regras específicas da modalidade. O conteúdo desta 
unidade apoia-se nas informações fornecidas nas unidades ante-
riores, principalmente na relação técnica-tática a partir da meto-
dologia fenômeno-estrutural.
Após essa breve exposição dos principais assuntos a serem 
abordados, você terá uma ideia do que trataremos ao longo do 
material e poderá, assim, se preparar de maneira adequada para 
este jogo do saber que se inicia.
No Tópico Orientações para o Estudo da Unidade você en-
contrará algumas orientações de cunho motivacional, dicas e es-
tratégias que lhe auxiliarão em seus estudos.
2. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO 
Abordagem Geral
Aqui, você entrará em contato com os assuntos principais 
deste conteúdo de forma breve e geral e terá a oportunidade de 
aprofundar essas questões no estudo de cada unidade. Desse 
modo, essa Abordagem Geral visa fornecer-lhe o conhecimento 
básico necessário a partir do qual você possa construir um refe-
rencial teórico com base sólida – científica e cultural – para que, 
9© FUTEBOL E FUTSAL
CADERNO DE REFERÊNCIA DE CONTEÚDO
no futuro exercício de sua profissão, você a exerça com compe-
tência cognitiva, ética e responsabilidade social. Vamos começar 
nossa aventura pela apresentação das ideias e dos princípios bá-
sicos que fundamentam este estudo.
O conteúdo elaborado para o desenvolvimento deste ma-
terial está dividido em cinco unidades e organizado de forma que 
possa facilitar sua aprendizagem e, consequentemente, sua futu-
ra intervenção baseada na responsabilidade e ética profissionais.
O acesso à história do futebol e do futsal por meio da com-
preensão das condições históricas determinantes para suas tra-
jetórias torna-se uma necessidade para o profissional de Educa-
ção Física. Conhecer os antecedentes históricos das modalidades 
com as quais irá trabalhar é saber se posicionar criticamente 
em sua própria área de atuação e reconhecer os fatores que a 
influenciam.
Em seguida, nossa preocupação se voltará para a estrutura 
do jogo. Que jogos são esses? Como poderíamos nos apropriar 
deles, no sentido de caracterizá-los e utilizá-los como instrumen-
tos de nossas intervenções? Para muitos, o futebol e futsal são 
jogos praticados com os pés por duas equipes, cujo objetivo é 
fazer mais gols que a equipe adversária. Diante da complexidade 
de suas estruturas, tal caracterização torna-se insuficiente para 
a compreensão destas modalidades esportivas. É necessário in-
cluir a ideia de duas equipes que, pela cooperação e oposição, 
disputam um objeto (a bola) dentro de determinado espaço, res-
peitando os demais jogadores e as regras específicas do jogo.
Para que essa disputa pela bola e as relações de oposição/
cooperação sejam possíveis, os espaços do jogo preenchidos 
adequadamente e as situações de ataque e defesa da equipe, 
equilibradas, consideramos importante a utilização apropriada e 
10 © FUTEBOL E FUTSAL
CADERNO DE REFERÊNCIA DE CONTEÚDO
consciente dos elementos técnicos (o que fazer?) e táticos (como 
e quando fazer?).
Os elementos técnicos do jogo estão relacionados às tare-
fas motoras associadas ao passe, condução e controle de bola, 
chute, cabeceio etc., utilizadas em cada uma das modalidades. 
Por sua vez, o comportamento tático está ligado à realização de 
tarefas específicas, no sentido de potencializar as próprias ações 
de jogo e dificultar as ações da equipe adversária. Para a com-
preensão dos elementos, comuns às duas modalidades e que 
partilham os mesmos princípios, estudaremos as unidades es-
truturantes e funcionais dos jogos desportivos coletivos propos-
tos por Claude Bayer (1992).
Defendemos a ideia de que o ensino dessas modalidades 
somente é possível após o entendimento dessas unidades e a 
adequada utilização dos jogos de futebol e futsal. Neste estudo, 
você terá a oportunidade de conhecer algumas das principais 
metodologias de ensino do futebol/futsal – analítico-sintética, 
global-funcional, mista, situacionais, fenômeno-estrutural e de 
conceito recreativo de jogo.
Esses temas foram selecionados para que você possa ter 
uma sólida formação acadêmica e o contato com dimensões 
significativas do futebol e do futsal. Sendo assim, aproveite esta 
oportunidade.
Glossário de Conceitos
O Glossário de Conceitos permite a você uma consulta rá-
pida e precisa das definições conceituais, possibilitando-lhe um 
bom domínio dos termos técnico-científicos utilizados na área de 
11© FUTEBOL E FUTSAL
CADERNO DE REFERÊNCIA DE CONTEÚDO
conhecimento dos temas tratados no material Futebol e Futsal. 
Veja, a seguir, a definição dos principais conceitos deste estudo:
1) Conhecimento tático: comportamento relacionado às 
ações desempenhadas pelo jogador ou pela equipe, 
durante uma partida de futebol/futsal, caracterizado 
pelo respeito aos princípios táticos do jogo, às ações 
de cooperação e oposição, à defesa e ao ataque, aos 
papéis e funções a serem desempenhados em campo/
quadra (quando da posse ou não da bola), às unidades 
estruturais e funcionais, às funções relativas às posi-
ções ocupadas.
2) Elementos táticos: elementos que dão sustentabilida-
de ao comportamento tático e estão relacionados aos 
princípios táticos do jogo.
3) Elementos técnicos: ações realizadas com propósito 
específico em um dado contexto. Elementos relaciona-
dos aos fundamentos básicos do jogo ou de determi-
nada modalidade. No caso do futebol/futsal, referem-
-se a passe, condução, domínio, controle, cabeceio, 
drible, chute e defesa do goleiro.
4) Esporte: prática convencionalmente regrada, caracte-
rizada pela disputa direta ou indireta entre oponentes 
em busca de objetivos comuns, apoiada ou não em 
relaçõesde cooperação e oposição. Pode ser acompa-
nhada ou não pelo público, mídia especializada e in-
vestidores sob a chancela de associações, federações 
e confederações representativas.
5) Jogo de futebol/futsal: dentre as inúmeras definições 
para o jogo de futebol/futsal disponíveis neste estu-
do, assumimos, neste momento, a seguinte caracteri-
12 © FUTEBOL E FUTSAL
CADERNO DE REFERÊNCIA DE CONTEÚDO
zação: o futebol/futsal pode ser entendido como um 
jogo convencionado, praticado predominantemente 
com os pés, cujo objetivo é fazer mais gols que a equi-
pe adversária. Caracteriza-se por situações complexas, 
de ordem e frequência não previstas, que exigem, a 
todo o momento, adaptação, tomada de decisão e 
respostas imediatas para as situações de cooperação 
e oposição que se estabelecem na disputa pelo objeto 
do jogo (a bola).
Esquema dos Conceitos-chave
Para que você tenha uma visão geral dos conceitos mais 
importantes deste estudo, apresentamos, a seguir (Figura 1), um 
Esquema dos Conceitos-chave do estudo. O mais aconselhável é 
que você mesmo faça o seu esquema de conceitos-chave ou até 
mesmo o seu mapa mental. Esse exercício é uma forma de você 
construir o seu conhecimento, ressignificando as informações a 
partir de suas próprias percepções.
É importante ressaltar que o propósito desse Esquema dos 
Conceitos-chave é representar, de maneira gráfica, as relações 
entre os conceitos por meio de palavras-chave, partindo dos 
mais complexos para os mais simples. Esse recurso pode auxiliar 
você na ordenação e na sequenciação hierarquizada dos conte-
údos de ensino.
Com base na teoria de aprendizagem significativa, enten-
de-se que, por meio da organização das ideias e dos princípios 
em esquemas e mapas mentais, o indivíduo pode construir o 
seu conhecimento de maneira mais produtiva e obter, assim, 
13© FUTEBOL E FUTSAL
CADERNO DE REFERÊNCIA DE CONTEÚDO
ganhos pedagógicos significativos no seu processo de ensino e 
aprendizagem.
Aplicado a diversas áreas do ensino e da aprendizagem 
escolar (tais como planejamentos de currículo, sistemas e pes-
quisas em Educação), o Esquema dos Conceitos-chave baseia-se, 
ainda, na ideia fundamental da Psicologia Cognitiva de Ausubel, 
que estabelece que a aprendizagem ocorre pela assimilação de 
novos conceitos e de proposições na estrutura cognitiva do alu-
no. Assim, novas ideias e informações são aprendidas, uma vez 
que existem pontos de ancoragem.
Tem-se de destacar que "aprendizagem" não significa, ape-
nas, realizar acréscimos na estrutura cognitiva do aluno; é preci-
so, sobretudo, estabelecer modificações para que ela se configu-
re como uma aprendizagem significativa. Para isso, é importante 
considerar as entradas de conhecimento e organizar bem os ma-
teriais de aprendizagem. Além disso, as novas ideias e os novos 
conceitos devem ser potencialmente significativos para o aluno, 
uma vez que, ao fixar esses conceitos nas suas já existentes es-
truturas cognitivas, outros serão também relembrados.
Nessa perspectiva, partindo-se do pressuposto de que é 
você o principal agente da construção do próprio conhecimen-
to, por meio de sua predisposição afetiva e de suas motivações 
internas e externas, o Esquema dos Conceitos-chave tem por 
objetivo tornar significativa a sua aprendizagem, transformando 
o seu conhecimento sistematizado em conteúdo curricular, ou 
seja, estabelecendo uma relação entre aquilo que você acabou 
de conhecer com o que já fazia parte do seu conhecimento de 
mundo (adaptado do site disponível em: <http://penta2.ufrgs.
br/edutools/mapasconceituais/utilizamapasconceituais.html>. 
Acesso em: 4 set. 2015).
14 © FUTEBOL E FUTSAL
CADERNO DE REFERÊNCIA DE CONTEÚDO
Figura 1 Esquema dos Conceitos-chave de Futebol e Futsal.
Como você pode observar, esse Esquema dá a você, como 
dissemos anteriormente, uma visão geral dos conceitos mais im-
portantes deste estudo. Ao segui-lo, você poderá transitar en-
tre um e outro conceito deste material e descobrir o caminho 
para construir o seu processo de ensino e de aprendizagem. Por 
exemplo, de acordo com o Esquema, podemos verificar que o 
futebol e o futsal envolvem reflexões ligadas a aspectos técnicos, 
táticos, históricos, socioculturais às regras que lhes são específi-
cas e às suas metodologias de ensino. Ao estudarmos estes ele-
mentos, tomaremos contato com uma visão abrangente destas 
modalidades.
O Esquema dos Conceitos-chave é mais um dos recursos 
de aprendizagem que vem se somar àqueles disponíveis no am-
biente virtual, por meio de suas ferramentas interativas, bem 
15© FUTEBOL E FUTSAL
CADERNO DE REFERÊNCIA DE CONTEÚDO
como àqueles relacionados às atividades didático-pedagógicas 
realizadas presencialmente no polo. Lembre-se de que você, alu-
no EaD, deve valer-se da sua autonomia na construção de seu 
próprio conhecimento.
Questões autoavaliativas
No final de cada unidade, você encontrará algumas ques-
tões autoavaliativas sobre os conteúdos ali tratados, as quais 
podem ser de múltipla escolha, abertas objetivas ou abertas 
dissertativas.
Responder, discutir e comentar essas questões, bem como 
relacioná-las com a prática do ensino do futebol e do futsal pode 
ser uma forma de você avaliar o seu conhecimento. Assim, me-
diante a resolução de questões pertinentes ao assunto tratado, 
você estará se preparando para a avaliação final, que será dis-
sertativa. Além disso, essa é uma maneira privilegiada de você 
testar seus conhecimentos e adquirir uma formação sólida para 
a sua prática profissional.
As questões de múltipla escolha são as que têm como res-
posta apenas uma alternativa correta. Por sua vez, entendem-se 
por questões abertas objetivas as que se referem aos conteú-
dos matemáticos ou àqueles que exigem uma resposta determi-
nada, inalterada. Já as questões abertas dissertativas obtêm 
por resposta uma interpretação pessoal sobre o tema tratado; 
por isso, normalmente, não há nada relacionado a elas no item 
Gabarito. Você pode comentar suas respostas com o seu tutor 
ou com seus colegas de turma.
16 © FUTEBOL E FUTSAL
CADERNO DE REFERÊNCIA DE CONTEÚDO
Bibliografia Básica
É fundamental que você use a Bibliografia Básica em seus 
estudos, mas não se prenda só a ela. Consulte, também, as bi-
bliografias apresentadas no Plano de Ensino e no item Orienta-
ções para o estudo da unidade.
Figuras (ilustrações, quadros...)
Neste material instrucional, as ilustrações fazem parte in-
tegrante dos conteúdos, ou seja, elas não são meramente ilustra-
tivas, pois esquematizam e resumem conteúdos explicitados no 
texto. Não deixe de observar a relação dessas figuras com os con-
teúdos do estudo, pois relacionar aquilo que está no campo visu-
al com o conceitual faz parte de uma boa formação intelectual.
Dicas (motivacionais)
Este estudo convida você a olhar, de forma mais apurada, 
a Educação como processo de emancipação do ser humano. É 
importante que você se atente às explicações teóricas, práticas e 
científicas que estão presentes nos meios de comunicação, bem 
como partilhe suas descobertas com seus colegas, pois, ao com-
partilhar com outras pessoas aquilo que você observa, permite-
-se descobrir algo que ainda não se conhece, aprendendo a ver 
e a notar o que não havia sido percebido antes. Observar é, por-
tanto, uma capacidade que nos impele à maturidade.
Você, como aluno do curso de Bacharelado em Educação 
Física na modalidade EaD, necessita de uma formação conceitual 
sólida e consistente. Para isso, você contará com a ajuda do tutor 
a distância, do tutor presencial e, sobretudo, da interação com 
17© FUTEBOL E FUTSAL
CADERNO DE REFERÊNCIA DE CONTEÚDO
seus colegas. Sugerimos, pois, que organize bem o seu tempo e 
realize as atividades nas datas estipuladas.
É importante, ainda, que você anote as suas reflexões em 
seu caderno ou no Bloco de Anotações, pois, no futuro, elas po-
derão ser utilizadas na elaboração de sua monografia ou de pro-
duções científicas.
Leia os livros da bibliografia indicada, para que vocêam-
plie seus horizontes teóricos. Coteje-os com o material didático, 
discuta a unidade com seus colegas e com o tutor e assista às 
videoaulas.
No final de cada unidade, você encontrará algumas ques-
tões autoavaliativas, que são importantes para a sua análise 
sobre os conteúdos desenvolvidos e para saber se estes foram 
significativos para sua formação. Indague, reflita, conteste e 
construa resenhas, pois esses procedimentos serão importantes 
para o seu amadurecimento intelectual.
Lembre-se de que o segredo do sucesso em um curso na 
modalidade a distância é participar, ou seja, interagir, procuran-
do sempre cooperar e colaborar com seus colegas e tutores.
Caso precise de auxílio sobre algum assunto relacionado a 
este material, entre em contato com seu tutor. Ele estará pronto 
para ajudar você.
3. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
BAYER, C. La enseñanza de los juegos deportivos colectivos: baloncesto, fútbol, 
balonmano, hockey sobre hierba y sobre hielo, rugby, balonvolea, waterpolo. 2. ed. 
Barcelona: Hispano Europea, 1992. 
© FUTEBOL E FUTSAL
19
UNIDADE 1
ORIGEM E HISTÓRIA DO FUTEBOL
1. OBJETIVOS
• Possibilitar o acesso à história do futebol, desde a prá-
tica de alguns jogos que o antecederam até sua institu-
cionalização na Inglaterra.
• Apresentar o contexto brasileiro e permitir a compre-
ensão das condições históricas que determinaram sua 
trajetória.
• Oferecer condições necessárias para compreender a 
história do futebol de forma crítica e contextualizada.
• Favorecer a reflexão pedagógica frente aos conteúdos 
históricos e a atualidade do futebol.
2. CONTEÚDOS
• Os possíveis jogos precursores do futebol.
• A história do futebol moderno na Inglaterra e no Brasil.
• O elitismo e o racismo no início da prática do futebol 
moderno no Brasil.
• O processo de popularização e profissionalização do fu-
tebol moderno no país.
20 © FUTEBOL E FUTSAL
UNIDADE 1 – ORIGEM E HISTÓRIA DO FUTEBOL
3. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE
Antes de iniciar o estudo desta unidade, é importante que 
você leia as orientações a seguir:
1) Tenha sempre à mão o significado dos conceitos expli-
citados no Glossário e suas ligações pelo Esquema de 
Conceitos-chave para o estudo de todas as unidades 
deste CRC. Isso poderá facilitar sua aprendizagem e 
seu desempenho.
2) Para que você aproveite todo o conteúdo desta uni-
dade, é necessário tomar certos cuidados. Por ser um 
material sustentado especialmente em fatos históri-
cos, é importante que seja feita uma leitura cuidadosa 
do texto elaborado e das obras citadas, bem como o 
acesso a outras informações relacionadas ao tema e 
que permitam a comprovação ou mesmo uma reestru-
turação do conteúdo desenvolvido.
3) Para facilitar a sua leitura, a compreensão dos aspec-
tos históricos e a cronologia dos fatos, sugerimos que 
fique atento às possíveis lacunas de tempo e à sequên-
cia de fatos sobre a história do futebol.
4) A fim de compreender a evolução histórica do futebol, 
a partir da prática de jogos com bola até sua institucio-
nalização, note as possíveis influências exercidas por 
seus precursores (os quais não se restringem ao jogo 
praticado na Inglaterra no início do século 19).
5) Para ampliar seus conhecimentos e a quantidade de 
informações a respeito do futebol, sugerimos que não 
se atenha somente a este material. Consulte as fontes 
indicadas e busque novas referências.
21© FUTEBOL E FUTSAL
UNIDADE 1 – ORIGEM E HISTÓRIA DO FUTEBOL
4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Caro(a) aluno(a), daremos início ao estudo de Futebol e 
Futsal. A partir desse momento, você irá se deparar com uma das 
manifestações mais populares e apaixonantes do mundo. Recor-
reremos à caracterização de Bruni (1994, p. 7) para nos ajudar 
nesse primeiro contato:
Sua definição estrita, como esporte que utiliza uma bola joga-
da com os pés, mal deixa entrever o universo de significações 
simbólicas, psíquicas, sociais, culturais, históricas, políticas e 
econômicas inesgotáveis que envolvem multidões, encontradas 
no público em geral, nas torcidas organizadas, nos jogadores e 
equipes técnicas e burocráticas, concentradas em torno de um 
espetáculo que empolga sociedades, nações, países [...], mobi-
lizando milhões de dólares e conquistando a adesão cada vez 
maior de pessoas de todas as camadas sociais.
Pelas colocações de Bruni, percebemos que o futebol não 
consiste apenas em uma modalidade esportiva formal, regida 
por um conjunto de regras, mas trata-se de uma prática social 
que pode ser compreendida como uma construção histórica or-
ganizada a partir da segunda metade do século 19 e que se mo-
dernizou até os dias atuais. Veja que a definição de Bruni expres-
sa uma pequena parcela do universo do futebol e nem sequer 
faz referência ao esporte como uma "simples" prática de lazer, 
por exemplo.
Iniciaremos nossos estudos tendo contato com os primei-
ros jogos e sua influência na evolução do futebol, tal qual o co-
nhecemos hoje. Partiremos da China, passaremos pelo Japão, 
Grécia, Itália, França e, finalmente, pela Inglaterra. O acesso a 
algumas dessas práticas e a essa remota história será realizado 
por meio dos textos de Aquino (2002) e Normando (2004).
22 © FUTEBOL E FUTSAL
UNIDADE 1 – ORIGEM E HISTÓRIA DO FUTEBOL
O futebol no Brasil será abordado tendo como referenciais 
a influência inglesa e sua prática enquanto privilégio das elites 
paulistana e carioca. Veremos também que, antes de se transfor-
mar na manifestação esportiva mais popular da cultura do povo 
brasileiro, o racismo esteve presente em sua prática.
Nessa esfera, apresentaremos os motivos e os processos 
sociais que determinaram a popularização do futebol, bem como 
sua inserção nas classes sociais populares, apesar da resistência 
de grupos economicamente privilegiados, contrários ao avanço 
do profissionalismo nessa área.
De maneira geral, acompanharemos a trajetória do futebol 
no Brasil, destacando especialmente o período que compreende 
sua chegada em 1894 – sua prática elitista e racista, passando 
pelo amadorismo marrom (que será abordado no Tópico 6 desta 
unidade) – até sua profissionalização, em 1933.
Para que você realmente possa compreender o "fenômeno 
futebol", trate-o com cuidado e respeito. Somente dessa forma 
poderá apreendê-lo na condição de "esporte das multidões" ou 
"paixão nacional". Assim, você aumentará suas chances de com-
preender quem é o seu aluno/atleta e o que ele procura em suas 
aulas/sessões de treinamento.
5. OS PRIMEIROS TEMPOS
Há muitas histórias sobre a origem do futebol. No entanto, 
as referências levam-nos a constatar que o futebol não foi simples-
mente inventado, como o basquetebol ou o voleibol, criados para 
atender a determinadas demandas a partir de práticas esportivas 
já existentes. O futebol é fruto da evolução histórica de inúme-
ros jogos com bola, praticados por diversos povos em diferentes 
23© FUTEBOL E FUTSAL
UNIDADE 1 – ORIGEM E HISTÓRIA DO FUTEBOL
épocas, e que, em determinadas situações e condições históricas 
(como veremos mais adiante), foi alvo de um processo de insti-
tucionalização, tornando-se um dos pilares do esporte moderno.
De forma semelhante ao rúgbi, ninguém sabe especifi-
car, ao certo, quando se inicia a história do futebol. Para Aquino 
(2002), apesar de referências feitas por historiadores e arqueólo-
gos, os quais registram a prática de algo parecido com o futebol 
no Egito e na Babilônia (centros de civilização da Antiguidade), 
informações mais precisas apontam que na China praticava-se o 
tsutchu, há aproximadamente 2.300 anos.
Tsutchu, que significa "golpe na bola com os pés", era pra-
ticado em três modalidades. A primeira caracterizava-se pela 
participação de apenas um jogador, que fazia malabarismo com 
a bola. Na segunda, havia o envolvimento de duas equipes com 
o objetivo de transpor a bola sobre uma rede, mas os jogadores 
não podiam deixar a bola tocar o solo no próprio campo. Na ter-
ceira, duas equipes tinham como meta passar a bola em alvos 
parecidos com gols, dispostosnos cantos do campo. De acordo 
com Aquino (2002), estas modalidades foram criadas por Yang-
-Tsé, membro da guarda do imperador Huang-Ti, e seriam utiliza-
das como treinamento da guarda imperial e, posteriormente, de 
todos os soldados que se preparavam para guerra.
Ainda no Oriente, mas agora no Japão, cerca de 500 ou 600 
anos após a origem do ancestral chinês, surgiu o Kemari, que de-
monstrava aspectos muito mais ritualísticos do que competitivos. 
Não se contavam pontos, de forma que o único objetivo do jogo 
era apurar a técnica de dominar a bola com os pés. Normando 
(2004, n. p.) relata que o Kemari deveria ser praticado entre árvo-
res nobres – "um pinheiro a noroeste, um ácer a sudoeste, uma 
cerejeira a nordeste e um salgueiro a sudeste". Tal como o tsutchu, 
24 © FUTEBOL E FUTSAL
UNIDADE 1 – ORIGEM E HISTÓRIA DO FUTEBOL
inicialmente havia o propósito militar, tornando-se, mais adiante, 
uma prática dos nobres, até chegar às classes populares.
Veja, na Figura 1, uma ilustração do Kemari.
Fonte: Normando (2004).
Figura 1 O Kemari.
Depois de ter passado pela China e pelo Japão, a história 
segue até a Grécia, no século 1 a.C., onde se praticava o epyskiros. 
Tal prática era muito popular, embora não fizesse parte dos Jogos 
Olímpicos (AQUINO, 2002). Apesar da referência, Aquino (2002) 
e Normando (2004) afirmam que há poucas informações sobre 
esta modalidade. O que se sabe é que o vencedor era determina-
do quando a equipe conseguia ultrapassar a linha demarcatória 
com a bola nas extremidades do campo (NORMANDO, 2004).
É interessante que, nesse contexto, durante 12 séculos de 
existência dos antigos jogos olímpicos, esportes com bola jamais 
foram incluídos nos programas oficiais, apesar do enorme inte-
resse dos gregos por esse tipo de jogo. O epyskiros compunha 
25© FUTEBOL E FUTSAL
UNIDADE 1 – ORIGEM E HISTÓRIA DO FUTEBOL
um grupo de jogos denominados de sphairomakhia, que englo-
bava esportes em que a bola era jogada com as mãos ou com os 
pés (AQUINO, 2002).
Vejamos, agora, o exemplo da Itália, mais especificamente 
de Roma, local onde se praticava o harpastum. Inspirado no jogo 
grego, utilizava uma bola de couro parecida com a atual. O couro 
envolvia uma bexiga de boi cheia de ar e o campo era retangular, 
dividido por três linhas, uma central e duas linhas de meta nas 
extremidades. Segundo Aquino (2002), a bola deveria ser passa-
da de jogador a jogador até que um deles tivesse condições de 
arremessá-la em direção à linha de meta adversária. Caso a bola 
a transpusesse, a equipe marcava um ponto.
Para Normando (2004, n. p.):
Claramente, a armação do "time" sujeitava-se às qualidades 
físicas e técnicas dos jogadores e, ao que tudo indica, a brutali-
dade das disputas foi cedendo espaço para jogadas viabilizadas 
a partir de uma unidade coletiva. A bola era pequena e deve-
ria ser lançada detrás das linhas demarcatórias. As equipes de-
senvolveram uma diversidade de alternativas táticas e técnicas 
para ludibriar os adversários nas quais os passes e dribles eram 
incentivados para o deleite do público que aplaudia e gritava 
com regozijo.
Pela descrição, note que o fato de se assumir uma meta 
a ser alcançada, a existência de parceiros e um adversário a ser 
"vencido" implicam a adoção de táticas de ataque e defesa em 
um jogo com bola. Essa transformação pode ter traçado uma 
inquestionável aproximação tática com o jogo contemporâneo, 
colocando-o como um antecessor direto do futebol atual.
Como resultado de suas invasões, Roma apropriou-se do 
epyskiros, criando o harpastum. E, com a conquista de terras ao 
norte da Europa, essa modalidade logo foi introduzida pelo exér-
26 © FUTEBOL E FUTSAL
UNIDADE 1 – ORIGEM E HISTÓRIA DO FUTEBOL
cito romano no continente europeu. Certamente, o processo 
evolutivo do futebol teve um avanço considerável com o apogeu 
do Império Romano. Os atuais territórios da França e da Ingla-
terra acabaram incorporando essa influência em suas culturas 
(AQUINO, 2002; NORMANDO, 2004).
Entretanto, no que se refere à Inglaterra, existe uma di-
vergência entre alguns historiadores: uns acreditam que tenha 
sido de fato os romanos, durante os quatro séculos de domínio 
que se seguiram à primeira expedição de Júlio César, no ano 43 
d.C., que deram a conhecer aos bretões as regras do harpastum; 
outros afirmam que os romanos, ao chegarem à Bretanha, já en-
contraram lá um futebol nativo, de origem meio lendária, meio 
cívica. Para Normando (2004), tal dúvida é justificada pelo que 
denominou de "orgulho britânico", pois os ingleses acreditam 
ser os inventores do esporte contemporâneo.
A partir do século 12, e durante muito tempo, a brutalida-
de esteve presente nos jogos com bola na Inglaterra, designados 
de ludus pilae. Durante as terças-feiras de Carnaval (Shrove Tues-
days), aproximadamente 500 pessoas de cada lado disputavam 
uma bola, com o objetivo de ultrapassar a linha de meta adversá-
ria. Para isso, esbofeteavam-se e provocavam uma enorme con-
fusão. Na cidade de Ashbourne, por exemplo, os portões norte 
e sul eram as metas a serem atingidas. Ao final das disputas, era 
comum o registro de mortes de alguns participantes (NORMAN-
DO, 2004).
Veja, na Figura 2, representações da ludus pilae.
27© FUTEBOL E FUTSAL
UNIDADE 1 – ORIGEM E HISTÓRIA DO FUTEBOL
Fonte: Normando (2004).
Figura 2 Ilustração do ludus pilae.
Diante de tanta brutalidade, em 1314, o rei Eduardo II proi-
biu a prática do ludus pilae na Inglaterra, argumentando que "es-
tas escaramuças ao redor de bolas de grande tamanho, de que 
resultam muitos males, que Deus não permita" (AQUINO, 2002, 
p. 15). Para Normando (2004, n. p.), "temia-se que o interesse 
pelo ludus pilae desvanecesse o empenho dos homens no arco e 
flecha ou na esgrima – práticas de maior utilidade nos entreve-
ros bélicos". As proibições reais foram reforçadas de tempos em 
tempos, de modo que o futebol na Inglaterra da Idade Média não 
passasse de um jogo severamente combatido pelas autoridades.
Contrariamente ao que aconteceu na Inglaterra, as práti-
cas com bola na Itália do mesmo período não sofreram persegui-
ções pelas autoridades. Na época, houve até certo estímulo por 
parte da ala nobre italiana ao que denominaram de calcio (NOR-
MANDO, 2004), prática iniciada em Florença e cuja denominação 
passou a fazer referência ao futebol contemporâneo praticado 
no país. Ainda hoje, no dia de São João, padroeiro da cidade de 
Florença, em 24 de junho, seus habitantes encenam o histórico 
jogo.
28 © FUTEBOL E FUTSAL
UNIDADE 1 – ORIGEM E HISTÓRIA DO FUTEBOL
Normando relata que os italianos podem ter sido os pri-
meiros a organizarem um conjunto de regras de um jogo com 
bola. No calcio (veja Figura 3), em específico, havia a participação 
de 27 jogadores com funções específicas, sendo três zagueiros fi-
xos, quatro zagueiros avançados, cinco que atuavam no meio de 
campo e quinze na posição que corresponde aos atacantes.
Fonte: Normando (2004).
Figura 3 O calcio.
Assim como na Itália, o futebol também encontrou o apoio 
de nobres na França. O jogo dos franceses, denominado soule 
ou choule, foi, provavelmente, outra variante do harpastum ro-
mano, sendo praticado tanto pelo homem do povo como pelos 
nobres. Segundo o relato de Aquino (2002), o soule era realizado 
em dimensões preestabelecidas e disputado sem número fixo de 
participantes. A meta desse jogo era conseguir passar a bola por 
entre dois balões. Quem conseguisse fazê-lo marcava um ponto 
para sua equipe.
29© FUTEBOL E FUTSAL
UNIDADE 1 – ORIGEM E HISTÓRIA DO FUTEBOL
Menos violento que o futebol dos ingleses, Normando 
(2004) relata que esse jogo francês quase não encontrou resis-
tência. Por um lado, sua prática diferiu da rudeza da disputa an-
glo-saxã, na medida em que privilegiava a habilidade dos dribles 
em detrimento da força dos chutões. Por outro lado, em conso-
nância com os ingleses, as partidas podiam envolver até povoa-
dos inteiros em contendas que duravam horas ou mesmo dias.
O autor relata tambémque, do final da Idade Média até 
o início da Moderna, os colonizadores passaram a descortinar a 
cultura dos povos americanos e, como não podia ser diferente, 
os jogos com bola também fizeram parte dessa cultura – pela 
primeira vez foram encontrados relatos da utilização de bolas 
confeccionadas com látex. Contudo, acredita-se que os jogos 
praticados nas Américas não contribuíram para a consolidação 
do futebol moderno.
Voltando à Europa, agora na Idade Moderna, foi observado 
um relaxamento na oposição ao futebol a partir do século 17. 
Para Normando (2007, n. p.),
Talvez, o mais eficiente dos caminhos alternativos que garanti-
ram a sobrevivência do jogo de bola tenha sido sua esportivi-
zação, isto é, sua codificação em regras que tentaram diminuir 
seu acentuado tom de violência e de desordem e que viabiliza-
ram sua tolerância, sobretudo, nas escolas e universidades da 
Inglaterra do início do século 19.
O caráter violento do futebol mudou apenas quando o es-
porte chegou às escolas, por volta de 1840. Antes, no período 
de 1810 a 1840, colégios ingleses como Eton, Harrow, Rugby, 
Shrewsbury Westminster possuíam suas próprias regras, o que 
impossibilitou a disputa entre suas respectivas equipes. O espor-
te tornou-se, a partir desta data, obrigatório nos recreios esco-
30 © FUTEBOL E FUTSAL
UNIDADE 1 – ORIGEM E HISTÓRIA DO FUTEBOL
lares britânicos, uma vez que a rainha Vitória, aconselhada pelo 
pedagogo Thomas Arnold, pôs fim à proibição.
Qual foi a razão dessa trégua? Por que a rainha Vitória de-
cidira que os jovens ingleses poderiam e até deveriam se entre-
gar a esse esporte tão primitivo, tão bárbaro? Arnold recomen-
dava que os esportes fossem utilizados nas escolas, com o fim de 
canalizar para os campos de competição a energia que, de outra 
forma, os jovens poderiam desperdiçar em práticas condenáveis. 
Segundo esse educador, não eram práticas condenáveis apenas 
o vício do jogo e o do álcool, mas as ideias políticas de sentido 
reformista que poderiam pôr em risco o conservadorismo defen-
dido pelos vitorianos.
Com o futebol, os meninos não perderiam tempo conver-
sando nos recreios, trocando ideias; os nobres poderiam ser 
influenciados pelos plebeus e pela classe média em ascensão. 
Além disso, o que haveria de mais eficaz e menos perigoso do 
que colocar os jovens para correr atrás de uma bola, brigando 
por ela durante a hora do recreio?
Na primeira década do século 19, o futebol e outros espor-
tes já faziam parte da educação regular dos jovens que frequen-
tavam as escolas públicas, particulares e as universidades. Em 
cada uma delas, o futebol organizou-se, direcionado à institucio-
nalização. Foi nesse momento que surgiram as primeiras leis ou 
regras escritas, impressas e publicadas.
A grande popularização do esporte no continente europeu 
culminou na necessidade de padronizar regras para as disputas 
entre as nações, abrindo, deste modo, espaço para um movimen-
to clubístico que passou a ser denominado de "associacionismo".
31© FUTEBOL E FUTSAL
UNIDADE 1 – ORIGEM E HISTÓRIA DO FUTEBOL
Neste ponto, concluímos o verdadeiro motivo de assumir 
os ingleses como os inventores do futebol: coube aos britânicos 
a institucionalização do jogo, iniciando, assim, a sistematização 
das primeiras regras em manuais de conduta desportiva, que de-
limitavam aspectos, como o número de jogadores, tamanho de 
campo e os gestos que seriam ou não permitidos.
Logo, o futebol moderno começou a ser criado em 1848, 
quando, na Universidade de Cambridge, uma conferência reuniu 
a maioria dos diretores de colégios que praticavam o esporte. 
Nessa reunião, foi decidida a proibição de usar as mãos e os bra-
ços (com exceção do goleiro) no jogo. As regras, entretanto, não 
foram aceitas por todas as escolas.
Quinze anos mais tarde, em 26 de outubro de 1863, reu-
nidos na Taberna Freemason, em Great Queen Street, Londres, 
onze clubes e escolas criaram as bases para as regras que hoje 
regem o futebol. Foi fundada, então, a Football Association.
Nessa reunião foi levantada uma polêmica quanto à prefe-
rência pelo jogo de futebol "limpo", em que seria coibida a vio-
lência e abolido o jogo com as mãos, de acordo com as regras de 
Cambridge, o qual permitia um maior contato e uso das mãos, 
sendo agressivo em muitos casos. Como os representantes não 
chegaram a um consenso, a questão foi colocada em votação, 
vencendo as regras propostas por Cambridge. Os derrotados, 
descontentes, abandonaram o futebol para desenvolverem ou-
tro esporte: o rúgbi. Daí para frente, o futebol e o rúgbi passaram 
a seguir caminhos distintos.
O primeiro torneio de futebol foi realizado em 1871, em 
uma disputa entre clubes. No ano seguinte, em 30 de novembro 
de 1872, Inglaterra e Escócia empataram em 0 x 0, no que se 
considera o primeiro amistoso internacional da história, como 
32 © FUTEBOL E FUTSAL
UNIDADE 1 – ORIGEM E HISTÓRIA DO FUTEBOL
mencionamos anteriormente. O profissionalismo no futebol foi 
iniciado somente em 1885 e, no ano seguinte, foi criada, na In-
glaterra, a International Board, entidade cujo objetivo principal 
era estabelecer e mudar as regras do futebol.
Na Figura 4, você pode ver como era a 
bola de futebol usada no final do século 19.
No início do século 20, o futebol 
mundial começou a se organizar. As 
federações nacionais existiam, mas sem 
uma organização internacional capaz de 
regular as relações entre um país e outro 
no campo futebolístico.
Dessa forma, em 21 de maio de 1904, foi aprovado um 
estatuto que regeria as relações futebolísticas entre as nações, 
surgindo, então, a FIFA (Federation International Football Asso-
ciation), que, devido a problemas diplomáticos, à falta de credi-
bilidade de uma entidade recém-criada e ao cenário iminente de 
guerra, conseguiu, somente em 1930, pôr em prática o sonho de 
organizar um torneio mundial entre seleções nacionais, realiza-
do, curiosamente, no Uruguai, em virtude do estado catastrófico 
em que se encontravam os países europeus pós-guerra.
Nesse ponto, o futebol já havia se espalhado por todos os 
cantos do planeta, chegando ao Brasil na última década do sé-
culo 19, trazido por marinheiros, padres jesuítas ou, quem sabe, 
pelo próprio Charles Miller. Mas esse é um assunto que aborda-
remos mais adiante.
Até aqui, foi apresentada uma descrição dos principais fa-
tos que compõem a história do futebol.
Figura 4 Bola de futebol 
do final do século 19.
33© FUTEBOL E FUTSAL
UNIDADE 1 – ORIGEM E HISTÓRIA DO FUTEBOL
6. HISTÓRIA DO FUTEBOL NO BRASIL: PROCESSOS 
E INTERPRETAÇÕES
Neste tópico teremos contato com a história do futebol 
dentro do contexto do esporte moderno: desde sua origem na 
Inglaterra, no final do século 19, até sua chegada e desenvolvi-
mento no Brasil. Devido à falta de registros, muitas informações 
se perderam. Por essa razão, em algumas situações, o período e 
as datas são aproximados.
Este histórico não consistirá apenas no apontamento de 
datas e fatos isolados, o que, por si, é uma tarefa relativamente 
tranquila de ser realizada. O mais interessante é entendermos o 
contexto histórico que propiciou as condições para que o futebol 
se transformasse no esporte mais popular do mundo.
Apesar do consenso em relação à chegada do futebol no 
Brasil pelas mãos de Charles Miller, em 1894, há estudos que 
relatam que jogos com bola já eram praticados em nosso país. 
Há menções sobre um jogo com bola nos anais de 1746 da Câma-
ra Municipal de São Paulo. De acordo com os registros, tal jogo 
era proibido, pois causava "agrupamentos de vadios e desordei-
ros" (AQUINO, 2002, p. 24). Que jogo seria esse? Até hoje não se 
sabe. Porém, não há dúvida de que foram os ingleses (tripulantes 
de navios mercantes), a partir de 1864, os primeiros a jogarem 
futebol no litoral brasileiro.
Há, também, informações de que as primeiras práticas do 
jogo com bola na província de São Paulo datam de 1872, no Colé-
gio São Luís, em Itu. Nesse colégio, os alunos eram incentivados 
por um sacerdote a chutarem umbalão de couro contra um dos 
muros do colégio. Note que, até o momento, não foram feitas 
referências a um jogo de futebol e, sim, a um jogo com bola.
34 © FUTEBOL E FUTSAL
UNIDADE 1 – ORIGEM E HISTÓRIA DO FUTEBOL
A primeira menção à palavra "futebol" pode ser encontra-
da em um trecho do Regulamento do Colégio Pedro II, no Rio de 
Janeiro, em 1892 (CARRANO, 2000 apud AQUINO, 2002, p. 25):
O diretor e o vice-diretor do Ginásio procurarão desenvolver 
em seus alunos o gosto pelos exercícios de tiro ao alvo, de bes-
ta, tiro e flecha, exercícios ginásticos livres, saltos, jogo de vo-
lante etc. E farão, todos os domingos, um passeio para fora do 
centro da cidade [...]. São permitidos como jogos escolares: a 
barra, a amarela, o futebol, a peteca, o jogo de bola, o cricket, 
[...] o crochê, corridas, saltos e outros, que, a juízo do diretor, 
concorram para desenvolver a força e a destreza dos alunos, 
sem pôr em risco sua saúde.
Oficialmente, a entrada do futebol – estabelecido de acor-
do com as regras do Football Association – como elemento inte-
grante da cultura corporal de movimento do Brasil ocorreu em 
1894, quando Charles William Miller (1874-1953), brasileiro de 
descendência inglesa, volta de seus estudos na Inglaterra e traz 
consigo uma bola de futebol e alguns uniformes para a prática 
do jogo, transformando-se no grande incentivador do futebol na 
capital paulista.
No final do século 19 e início do século 20, o futebol já 
acumulava adeptos e praticantes, especialmente os jovens da 
elite econômica em São Paulo e no Rio de Janeiro. No princípio, 
o futebol apresentou um caráter essencialmente elitista, em que 
apenas os estudantes dos colégios grã-finos tinham a oportu-
nidade de participar dos jogos que aconteciam no interior das 
escolas. Nesse sentido, o futebol fazia parte de uma série de ati-
vidades que eram executadas pelos alunos durante as aulas de 
atividade física.
De acordo com algumas fontes, em 14 de abril de 1895, foi 
realizada a primeira partida de futebol no Brasil, no campo da 
35© FUTEBOL E FUTSAL
UNIDADE 1 – ORIGEM E HISTÓRIA DO FUTEBOL
Companhia Paulista de Aviação, entre equipes de trabalhadores 
de indústrias inglesas. Já o primeiro clube destinado à prática 
do futebol foi fundado na cidade de São Paulo, em 1898, e rece-
beu o nome de Associação Atlética Mackenzie College. Augusto 
Shaw, professor desse colégio, voltou dos Estados Unidos trazen-
do consigo uma bola de basquetebol, esporte que pretendia di-
fundir entre os alunos. Só que estes preferiram chutá-la.
A partir desse período, outros clubes foram fundados. Eles 
se organizaram e formaram a Liga Paulista de Futebol.
Na cidade de Rio Grande (RS) foi fundado, em 14 de ju-
lho de 1900, o primeiro clube destinado à prática exclusiva do 
futebol, o Sport Club Rio Grande. Devido a esse fato, essa data 
passou a ser considerada o "Dia do Futebol".
No Rio de Janeiro, então capital federal, o precursor do 
futebol foi Oscar Cox (1880-1931), que também estudou na Eu-
ropa. Cox foi responsável pela formação da primeira equipe de 
futebol no Rio de Janeiro, em 1901, e pela fundação do Flumi-
nense Football Club, em 21 de julho de 1902 (AQUINO, 2002). 
Cox e os demais fundadores do Fluminense eram jovens chefes 
de empresas, empregados de alto nível ou simplesmente filhos 
de pais ricos, legítimos representantes das elites cariocas.
Portanto, no Rio de Janeiro, o primeiro clube fundado com 
a intenção de ser um clube de futebol foi o Fluminense, que co-
brou ingressos pela primeira vez em 16 de julho de 1903, para 
que o público pudesse assistir a uma partida de futebol. Assis-
tiram à partida 2.500 pessoas e 969 pagaram para vê-la. Nesse 
jogo, até o presidente da República da época, Rodrigues Alves, 
esteve presente (REIS; ESCHER, 2006).
36 © FUTEBOL E FUTSAL
UNIDADE 1 – ORIGEM E HISTÓRIA DO FUTEBOL
Nos primeiros anos do século 20, o futebol começou a se 
propagar no seio da classe rica. Alguns colégios tinham-no como 
prática sistemática em seus espaços destinados às atividades 
físicas e, em pouco tempo, bons jogadores estavam sendo for-
mados para ingressar nas equipes de futebol dos clubes já con-
solidados. No Rio de Janeiro, havia o Paysandu; em São Paulo, 
o clube Germânia (atualmente denominado Clube Pinheiros), o 
Club Athletico Paulistano e o São Paulo Athletic Club.
Era muito comum a utilização de palavras e expressões em 
inglês ao se referirem ao futebol (por exemplo: field, goalkeeper, 
fullback). Nas arquibancadas, os homens vestiam-se de ternos, 
chapéus e traziam bengalas; as mulheres usavam vestidos lon-
gos com mangas até o punho, acompanhadas de sombrinhas. 
No campo, os jogadores utilizavam calções abaixo dos joelhos, 
camisas de gola, e quando cometiam faltas, falavam "I am sorry" 
("desculpe-me").
Como as pessoas de classes sociais mais baixas não podiam 
frequentar os mesmos espaços que as pessoas das classes so-
ciais mais abastadas (as arquibancadas), foram criadas as "ge-
rais", que eram espaços destinados aos "pobres".
Nesse período, o futebol enfrentava a concorrência de ou-
tras práticas esportivas, como o ciclismo, o remo, o tiro ao alvo, 
o críquete e corridas de cavalo.
A cor do futebol
Além de elitista, a prática do futebol também poderia ser 
classificada como racista. Neste caso, acreditamos que o racismo 
no futebol brasileiro merece uma atenção especial, não porque 
o futebol apresente um caso isolado de atitudes racistas ao lon-
37© FUTEBOL E FUTSAL
UNIDADE 1 – ORIGEM E HISTÓRIA DO FUTEBOL
go de sua história, mas porque, durante a formação do Estado 
brasileiro, a prática da segregação racial foi uma política delibe-
rada de Estado. Por isso, o preconceito acentuava-se no futebol, 
dependendo da cor da pele.
Os relatos de acontecimentos racistas na sociedade bra-
sileira, e também em muitas outras partes do mundo, são inú-
meros e lamentáveis. No caso do racismo na sociedade brasilei-
ra, podemos afirmar que há razões históricas que remontam ao 
tempo do Brasil Colônia. 
Não pretendemos, nesta unidade, realizar uma discussão 
ou um estudo que explique essa história em detalhes, todavia, 
ela serve para que nós tenhamos ciência de que o racismo, pre-
sente nos fenômenos esportivos modernos (e no caso específico 
do futebol), tem suas raízes e sua presença no conjunto da histó-
ria do povo brasileiro e da formação do Brasil como nação.
Após a publicação da lei que concedeu a liberdade aos es-
cravos em 1888, nenhuma política pública de inclusão foi desen-
volvida a fim de possibilitar aos negros o acesso ao mercado de 
trabalho assalariado e a uma vida digna.
Os negros foram, deliberadamente, colocados à margem 
da sociedade e obrigados a viver sob condições desumanas. A 
busca pela afirmação e por espaços dignos de vida tornou-se re-
duzida, sendo o futebol uma das poucas oportunidades para que 
essas pessoas pudessem encontrar um lugar dentro da socieda-
de brasileira nas primeiras décadas do século 20.
Para evidenciar o racismo e o elitismo que perpetuaram 
ao longo do estabelecimento do futebol, a partir da sua formali-
zação, Aquino (2002) recorre a duas passagens envolvendo dois 
dos nossos principais escritores – Lima Barreto e Rui Barbosa.
38 © FUTEBOL E FUTSAL
UNIDADE 1 – ORIGEM E HISTÓRIA DO FUTEBOL
O primeiro foi responsável pela criação da Liga contra o Fu-
tebol. Segundo Lima Barreto, o futebol, além de ser usado como 
"ópio do povo", era prática racista da burguesia e filho do impe-
rialismo inglês.
Já Rui Barbosa, antes de uma viagem de navio para a Ar-
gentina, ficara sabendo que o selecionado brasileiro estaria no 
navio e disse ao Ministro das Relações Exteriores: 
Pois saiba o senhor que eu, minha família e meus auxiliares não 
viajamos com essa corja de malandros! Futebolista é sinônimo 
de vagabundo, e pode escolher imediatamente, senhor Minis-
tro, ou eles ou eu (BECKER, L. 2015, n. p.)
A delegação então teve que viajar de trem até Buenos 
Aires. 
O autor também faz referência ao ofício enviado pela LigaMetropolitana de Sports Atléticos, em maio de 1907, aos clubes 
associados, comunicando que não registraria amadores que fos-
sem "pessoas de cor". Isso fez com que fosse criada a Liga Subur-
bana de Football.
Absurdos como "negro sujo" e "crioulo nojento" eram ex-
pressões muito frequentes nos campos de futebol no Brasil, nos 
anos de 1920 e 1930. Hoje, tais expressões foram substituídas 
por outras mais amenas, embora não menos cruéis.
Mesmo jogadores negros como Leônidas da Silva e Domin-
gos da Guia, que, nos anos de 1930 e 1940, foram os jogadores 
mais bem pagos no futebol da época, continuaram a ser desvalo-
rizados intelectualmente. Ambos conseguiram superar o precon-
ceito, de maneira que, com seus talentos, adentraram ao mundo 
da prática do futebol.
39© FUTEBOL E FUTSAL
UNIDADE 1 – ORIGEM E HISTÓRIA DO FUTEBOL
Convém salientar, porém, que Leônidas e Domingos da 
Guia foram exceções, uma vez que muitos jogadores negros su-
cumbiram ao racismo presente no futebol da época. Citamos 
como exemplo o caso do jogador Carlos Alberto, que, por ser 
mulato, maquiava-se com pó de arroz para embranquecer o ros-
to, pois o clube carioca para o qual tinha se transferido (Flumi-
nense) era um dos times mais resistentes à inclusão de pessoas 
pobres e negras nas competições oficiais de futebol.
Outro exemplo é o caso do primeiro grande jogador da 
história do futebol brasileiro, Arthur Friedenreich, que era filho 
de pai alemão e mãe negra. Na década de 1920, chegava sem-
pre atrasado aos jogos, pois ficava preso nos vestiários passando 
goma arábica nos cabelos para alisá-los, pois era mulato. Segun-
do Corrêa (1985), esse foi o primeiro negro a superar-se no fute-
bol racista da época. Fausto, tão bom jogador quanto Friedenrei-
ch, foi o primeiro negro a ser convocado para a seleção brasileira.
Nessa época, o racismo no futebol brasileiro era tão acin-
toso que até o presidente da República, Epitácio Pessoa, impediu 
que jogadores negros disputassem o campeonato sul-americano 
de seleções de futebol, que seria realizado na Argentina. Um dos 
argumentos utilizado pelo presidente era que, em caso de der-
rota brasileira, os brancos da equipe poderiam culpar os negros 
e, com isso, alimentar ainda mais o preconceito racial no Brasil.
A história nos mostra inúmeros casos em que jogadores ne-
gros (e somente os negros) foram responsabilizados por derrotas 
que ficaram gravadas na memória dos apaixonados por futebol.
Na fatídica derrota da seleção brasileira de futebol na Copa 
de 1950, realizada no Brasil, a seleção uruguaia venceu por 2×1. 
Coincidência ou não, o goleiro Barbosa e os defensores Juvenal e 
Bigode, todos negros, foram responsabilizados pela derrota. So-
40 © FUTEBOL E FUTSAL
UNIDADE 1 – ORIGEM E HISTÓRIA DO FUTEBOL
bre essa tragédia do futebol brasileiro, o escritor Eduardo Galea-
no elaborou uma bela crônica sobre o eterno drama vivido pelo 
goleiro Barbosa. Diz o escritor Galeano (2004, p. 43):
Na hora de escolher o melhor goleiro do campeonato, os jor-
nalistas do Mundial de 50 votaram, por unanimidade, no bra-
sileiro Moacir Barbosa. Barbosa era também, sem dúvida, o 
melhor goleiro de seu país; pernas com molas, homem sereno 
e seguro que transmitia confiança à equipe, e continuou sendo 
o melhor até que se retirou das canchas, tempos depois, com 
mais de 40 anos de idade. Em tantos anos de futebol, Barbosa 
evitou, quem sabe, tantos gols, sem machucar nunca nenhum 
atacante. Mas, naquela final de 50, o atacante uruguaio Ghiggia 
o tinha surpreendido com um chute certeiro da ponta direita. 
Barbosa, que estava adiantado, deu um salto para trás, roçou a 
bola e caiu. Quando se levantou, certo de que havia desviado 
o tiro, encontrou a bola no fundo da rede. E esse foi o gol que 
esmagou o estádio do Maracanã e fez o Uruguai campeão. Pas-
saram-se anos e Barbosa nunca foi perdoado. Em 1993, durante 
as eliminatórias para o mundial dos Estados Unidos, quis dar 
ânimo aos jogadores da seleção brasileira. Foi visitá-los na con-
centração, mas as autoridades proibiram sua entrada. Naquela 
época, vivia de favor na casa de uma cunhada, sem outra renda 
além de uma aposentadoria miserável. Barbosa comentou: "no 
Brasil, a pena maior por um crime é de 30 anos. Há 43 anos 
pago por um crime que não cometi.
Segundo Corrêa (1985), somente após a vitória na Copa de 
1958, disputada na Suécia, os negros no futebol brasileiro foram 
mais valorizados, mas unicamente pela sua ginga e malandra-
gem dentro de campo – jamais por sua capacidade cognitiva ou 
intelectual.
Você deve estar se perguntando: por que esse racismo 
todo? Para responder à sua questão, vamos tentar encontrar 
uma história na própria história.
41© FUTEBOL E FUTSAL
UNIDADE 1 – ORIGEM E HISTÓRIA DO FUTEBOL
A democratização do futebol
Vimos que o futebol se origina no contexto do desenvolvimen-
to e ampliação da sociedade capitalista no final do século 19. Era uma 
prática eminentemente burguesa e, ainda, com certa dose de nobre-
za. As pessoas simples, pertencentes à classe dos trabalhadores, não 
participavam oficialmente dessa modalidade por razões estruturais e 
econômicas da referida sociedade e não dispunham de tempo livre 
para praticar o esporte, em função das horas dispendidas no trabalho.
Podemos concluir que o esporte, no início de sua história, 
funcionava como um diferenciador de classes sociais. Ou seja, 
pela prática esportiva amadora, a burguesia da época mostrava e 
reafirmava a todos a crença em sua superioridade social e, tam-
bém, racial. Com o futebol, não foi diferente.
O futebol, assim como os demais esportes da época, era 
extremamente elitista e excludente. Só eram admitidos pratican-
tes de famílias ricas, como os barões do café, empresários e al-
tos funcionários das companhias industriais inglesas. O próprio 
Charles Miller, quando organizou o futebol moderno no Brasil, 
realizou os primeiros jogos em clubes da elite paulistana.
Apesar da forte oposição em relação à democratização, 
essa situação se alterou gradualmente. Quais fatores podem ter 
influenciado a democratização do futebol? Aquino (2002, p. 32), 
à primeira vista, cita dois:
Os adeptos do esporte bretão argumentavam que uma peleja 
de futebol estimulava o bom funcionamento de todos os órgãos, 
além do espírito de disciplina e de solidariedade entre os atle-
tas [...]. A prática do futebol contou com o fato de serem poucas 
e simples as regras do jogo. Qualquer um, inclusive indivíduos 
dos segmentos pobres e não alfabetizados da sociedade, poderia 
praticá-lo facilmente segundo as regras. Bastava dispor de uma 
bola, de couro ou de pano, para animar um racha. O campo podia 
ser um terreno baldio, uma várzea, uma praça ou uma rua.
42 © FUTEBOL E FUTSAL
UNIDADE 1 – ORIGEM E HISTÓRIA DO FUTEBOL
Para Aquino, a Revolta da Vacina de 1904 também influen-
ciou a democratização do futebol. Com intensa participação po-
pular, especialmente dos capoeiristas, ela se deu pela imposição 
da vacina antivariólica às camadas mais baixas da sociedade. No 
trecho a seguir, há a explicação para esse fato (SANTOS apud 
AQUINO, 2002, p. 33):
Quem venceu esta rebelião de 1904? O futebol. Atribuindo o 
comando da rebelião aos capoeiristas, a polícia matou a capo-
eira, que reinava absoluta desde o século anterior [...]. O que 
restou para aquela gente? A bola, nos terrenos baldios que a 
remodelação da cidade oferecia [...]
Com o aumento da popularização do futebol, ele começou 
a ser praticado em ruas, praças e terrenos baldios com bolas de 
meia e de borracha. Com isso, times de "esquina" começaram a 
surgir. O mais famoso foi o do Corinthians Paulista. Em 1910, o 
Corinthians inglês, em uma excursão pela América do Sul, veio 
ao Brasil e goleou todas as equipes com as quais jogaram. Os 
torcedores das gerais vibraram e, um mês depois, um grupo de 
artesãos e pequenos funcionários fundou o Corinthians Paulista 
(SANTOS apud AQUINO, 2002).
Em 1904, também por influência inglesa, foi fundado, no 
subúrbio industrial da cidade doRio de Janeiro, o The Bangu Ath-
letic Club. Seus associados eram altos funcionários de origem in-
glesa da Companhia Progresso Industrial Ltda., fábrica de tecidos 
situada no bairro de Bangu. Como não havia, na época, número 
suficiente de altos funcionários para que dois times completos 
fossem formados, operários da linha de produção interessados 
em participar do jogo foram convidados. O Bangu tornou-se, 
desse modo, o primeiro clube a permitir o acesso dos operários 
a esse esporte, que era privilégio apenas da burguesia carioca e 
paulistana (CALDAS, 1990).
43© FUTEBOL E FUTSAL
UNIDADE 1 – ORIGEM E HISTÓRIA DO FUTEBOL
A escolha dos operários-jogadores dava-se, segundo o au-
tor, em função do desempenho profissional e da boa conduta. A 
partir do convite, o jogador escolhido passava a desempenhar na 
fábrica um trabalho mais leve e, nos dias de treino, tinha autori-
zação para deixar o trabalho mais cedo (CALDAS, 1990).
A partir daí, iniciou-se a fase amadora do futebol brasileiro, 
bem como a sua popularização. Os clubes de fábrica foram de-
terminantes no início desse processo; com isso, o futebol deixou 
de ser um privilégio apenas da colônia inglesa e das camadas 
sociais abastadas.
Em pouco tempo, o exemplo da fábrica de Bangu difundiu-
-se. Sua participação em campeonatos, com o bom desempenho 
da equipe, incentivou a formação de outros times ligados a fábri-
cas, juntamente com o Fluminense e Botafogo.
No estado de São Paulo, houve casos parecidos ao de Ban-
gu. Em 1902, na cidade de Sorocaba, interior paulista, foi funda-
do o Votorantim Athletic Club, também por iniciativa dos altos 
funcionários e técnicos ingleses da fábrica. Na capital paulistana, 
no bairro da Mooca, a empresa de tecelagem Regoli e Cia. Ltda. 
também tinha seu time de futebol. Em 1909, o empresário Ro-
dolfo Crespi comprou-a, e o clube passou a se chamar Crespi F.C.; 
na década de 1930, foi rebatizado com o nome de Clube Atlético 
Juventus.
Em pouco tempo, os clubes de fábrica já eram comuns, e 
passou a existir uma tradição de jogos entre eles, resultado da 
organização de competições e campeonatos. Inicialmente, essas 
competições eram entre as fábricas e, mais tarde, entre as equi-
pes de origem inglesa.
44 © FUTEBOL E FUTSAL
UNIDADE 1 – ORIGEM E HISTÓRIA DO FUTEBOL
O gosto e o desenvolvimento dessa prática levaram, nos 
anos seguintes, à transformação dos times de fábricas, forma-
dos por operários, em clubes de futebol. No início, os empresá-
rios (donos das fábricas), por conta dessa inevitável associação, 
foram os primeiros financiadores da organização e da estrutura 
física e material desses clubes.
Entretanto, a inclusão de equipes de origem operária nas 
disputas dos torneios em que participavam os times da elite 
não era bem-vinda, bem como a presença de jogadores de ori-
gem simples nas equipes formadas por jogadores das classes 
privilegiadas.
Os donos das fábricas, representantes da pequena burgue-
sia industrial brasileira da época, tinham grande interesse em 
financiar equipes de futebol e, também, os clubes ligados aos 
operários, uma vez que preservavam uma imagem de ordem e 
eficiência que os conduziria ao sucesso.
Logo, se "o prestígio da empresa não era totalmente de-
pendente da equipe de futebol, podia, em parte, ser favorecido 
por ele" (ANTUNES, 1994, p. 106). O clube era uma espécie de 
cartão de visitas; ele carregava seu nome e suas cores e, ao mes-
mo tempo, divulgava seus produtos. Os empresários não demo-
raram a perceber que o futebol praticado pelos operários pode-
ria funcionar como um grande veículo de publicidade (BRUHNS, 
2000).
Nessa mesma época, surgiram jornais especializados e de-
dicados aos esportes – em São Paulo, por exemplo, havia o Bra-
sil Esportivo e o Sport. Em pouco tempo, a estrutura jornalística 
contaria com repórteres dedicados integralmente aos aconteci-
mentos referentes ao futebol.
45© FUTEBOL E FUTSAL
UNIDADE 1 – ORIGEM E HISTÓRIA DO FUTEBOL
Com o passar dos anos, e apesar da resistência imposta 
por alguns clubes, o futebol já não era mais privilégio dos rapa-
zes das famílias ricas. Na década de 1920, eram frequentes os 
jogos entre equipes que tinham em seus quadros jogadores de 
diferentes classes sociais, com imensa presença da classe traba-
lhadora como espectadora.
Para ilustrar essa vitória do futebol, Aquino (2002, p. 33) 
aponta uma passagem do artigo de João do Rio, pseudônimo 
do escritor Paulo Barreto, intitulado "Teremos nós um novo es-
porte em moda?", de 26 de junho de 1905, no Jornal Gazeta de 
Notícias:
Não há dúvida. Há vinte anos a mocidade carioca não sentia a 
necessidade urgente de desenvolver os músculos. Os meninos 
dedicavam-se ao 'esporte' de fazer versos maus. Eram todos 
poetas aos quinze anos [...]. De um único exercício se cuida-
va então: a capoeiragem. Mas a arte de revirar rabos-de-raia e 
pregar cabeçadas era exclusiva de uma classe inferior. Depois, 
a moda trouxe aos poucos o hábito de outras terras – o futebol 
se preparava agora para absorver todas as atenções. A mocida-
de fala só de matchs de futebol, de goals, de chutes, em uma 
algaravia técnica, de que resultam palavras inteiramente novas 
no nosso vocabulário.
Em 1923, o Vasco da Gama, com um time formado por ne-
gros e pobres trabalhadores, conquistou o Campeonato Carioca. 
Na época, isso foi para os times elitistas – formados por estu-
dantes e profissionais bem-sucedidos da alta sociedade carioca 
– motivo de humilhação.
Como podemos perceber, no Brasil, os conflitos e interes-
ses antagônicos das classes sociais, próprios da sociedade capi-
talista, estavam presentes e reproduzidos no processo de popu-
larização do futebol.
46 © FUTEBOL E FUTSAL
UNIDADE 1 – ORIGEM E HISTÓRIA DO FUTEBOL
Amadorismo marrom
Em resposta à ascensão do futebol no contexto das fábri-
cas, houve certa resistência dos sindicatos dos trabalhadores. Na 
época, comunistas e anarquistas que organizavam a luta sindi-
cal no Brasil, especialmente em São Paulo, acreditavam que a 
prática do futebol pudesse prejudicar a luta e a organização dos 
trabalhadores por melhores condições de trabalho. Segundo os 
sindicalistas, o tempo livre dedicado à prática desse jogo atrapa-
lharia a mobilização e a construção de uma consciência de clas-
se. O futebol era entendido como o novo "ópio do povo".
O amadorismo garantia, predominantemente, que somen-
te a elite pudesse participar de competições com eficiência e 
domínio do jogo, pois não tinha de trabalhar, dispondo de mais 
tempo livre que a classe trabalhadora. A prática amadora asse-
gurava, portanto, a ausência dos mais humildes, uma vez que 
eles não poderiam se dedicar ao futebol como exercício profis-
sional. Isso, obrigatoriamente, afastava-os dos jogos oficiais e do 
convívio com a burguesia paulistana e carioca.
Com a intenção de impedir a ascensão dos pobres, a Liga Me-
tropolitana baixou uma norma que estabelecia que somente seriam 
registrados atletas capazes de assinar o próprio nome na súmula do 
jogo e que comprovassem estar estudando ou trabalhando. Depois 
disso, os dirigentes (especialmente o time do Vasco da Gama) co-
meçaram a dar declarações de que determinado atleta trabalhava 
em suas casas comerciais, e os jogadores começaram a receber os 
famosos bichos. Para Mário Filho (apud AQUINO, 2002, p. 42),
Chamavam-se esse dinheiro de bicho porque, às vezes, era um 
cachorro, cinco mil réis, outras, um coelho, dez mil réis, outras 
um peru, vinte mil réis, um galo, cinqüenta, uma vaca, cem. Não 
parava aí. Havia vacas de uma, de duas pernas, de acordo com 
o jogo.
47© FUTEBOL E FUTSAL
UNIDADE 1 – ORIGEM E HISTÓRIA DO FUTEBOL
Surgiu, com essa prática, o amadorismo marrom, expres-
são inventada por associação à imprensa marrom que vive da 
exploração de casos ilegais e sensacionalistas. A partir de então, 
os jogadores começaram a receber para jogar: além dos bichos, 
recebiam móveis, materiais de construção, empregos, entre ou-
tras coisas.
O fato é que, apesar disso, pobres e negros semostravam 
grandes jogadores, de forma que os clubes da elite acabaram 
se rendendo aos seus talentos. No começo, mascaravam o pro-
fissionalismo recebendo salários como simples empregados do 
clube ou de uma fábrica, embora, na verdade, a remuneração 
viesse do vínculo com o time de futebol.
Nesse período, a relação dos jogadores com os clubes 
pode ser denominada de semiprofissionalismo. Nesse contexto, 
muitos dos grandes jogadores do Brasil foram contratados por 
outras equipes da América Latina e Europa, dentre eles Domin-
gos da Guia e Fausto.
Para Caldas (1990), o semiprofissionalismo só interessa-
va aos clubes, pois, enquanto as arrecadações nos estádios só 
aumentavam e enriqueciam os clubes, os jogadores permane-
ciam na mesma condição de explorados e sem nenhum direito. 
Submetiam-se a essa situação na esperança de um dia profissio-
nalizarem-se. Enquanto isso, os dirigentes, com raras exceções, 
exploravam a ignorância e a subserviência dos jogadores em tro-
ca de salários irrisórios ou de empregos sem nenhuma garantia. 
Esse foi o quadro do futebol brasileiro até início dos anos 1930: 
um semiprofissionalismo de mão única, no qual somente os clu-
bes ganhavam.
Dessa maneira, racismo, elitismo, conflitos de classes e 
sentimento de superioridade marcaram os momentos iniciais do 
48 © FUTEBOL E FUTSAL
UNIDADE 1 – ORIGEM E HISTÓRIA DO FUTEBOL
futebol brasileiro, conflito esse que teve o seu ápice de mani-
festação quando da profissionalização do futebol no país. Nesse 
sentido, conservar o futebol amador garantia, no modo de ver da 
elite, que brancos e negros, pobres e ricos mantivessem sempre 
uma distância.
O profissionalismo no futebol brasileiro
No sentido de acabar com a prática do amadorismo mar-
rom ou semiprofissionalismo, algumas pessoas passaram a de-
fender a profissionalização do futebol. Associado a isso, outro 
fator que favoreceu esse processo foi o crescente êxodo de joga-
dores para o exterior, atraídos pelos altos salários oferecidos por 
clubes estrangeiros.
Para se ter uma ideia, em 1931, cerca de 30 jogadores bra-
sileiros foram para clubes italianos. Diante desta realidade, a ne-
cessidade de manter o jogador por contrato também favoreceu 
esse processo, pois muitos jogadores abandonavam seus clubes, 
a qualquer momento. Nos dois principais centros desportivos do 
país – Rio de Janeiro e São Paulo – no ano de 1933, foram cria-
das, respectivamente, a Liga Carioca e a Liga Paulista de Futebol, 
responsáveis pela implantação do profissionalismo no Futebol 
(AQUINO, 2002).
Com a profissionalização oficial do futebol no Brasil, em 
1933, foram ampliadas as oportunidades de trabalho de muitos 
operários, havendo a possibilidade de organização e formação 
de equipes mais competitivas e jogadores com boa qualidade 
técnica. Entretanto, apesar do profissionalismo, jogadores de 
clubes de fábrica continuaram trabalhando como operários e 
treinavam após o expediente.
49© FUTEBOL E FUTSAL
UNIDADE 1 – ORIGEM E HISTÓRIA DO FUTEBOL
Houve muita resistência a esse movimento, especialmente 
dos clubes do Rio de Janeiro e de São Paulo, que não viam com 
bons olhos a mistura de classes sociais na hora do jogo de fute-
bol. O problema é que os clubes do subúrbio e das periferias já 
começavam a apresentar bons jogadores e a levar grande nú-
mero de pessoas para assistir aos jogos. Foi o caso do Vasco da 
Gama do Rio de Janeiro.
Com maior representação social, as disputas entre os clubes 
tornaram-se mais acirradas, assim como a busca pelos melhores 
jogadores. Como nesse momento os melhores jogadores provi-
nham das camadas populares, os grandes clubes, se quisessem 
tê-los em seus times, teriam de contratá-los e pagar por eles.
No contexto dos anos de 1930, o Brasil era governado pelo 
presidente Getúlio Vargas que, para conter o avanço político da 
classe trabalhadora e da esquerda, propôs uma política traba-
lhista que regulamentava uma série de profissões, inclusive a de 
jogador de futebol. Os atletas, finalmente, transformaram-se em 
empregados dos clubes.
Em 1940, três quartos dos jogadores profissionais já tinham 
origem social na classe trabalhadora. No entanto, era um profis-
sionalismo tutelado pelos dirigentes e presidentes dos clubes.
Os atletas profissionais, com raízes operárias e humildes, 
eram submetidos a uma relação paternalista e de controle so-
bre seus hábitos de vida e recebiam salários insatisfatórios. Tais 
hábitos e cultura, segundo Caldas (2001), eram extremamente 
repugnados e rejeitados pelas classes média e alta.
Depois de 1950, apesar da derrota da seleção brasileira de 
futebol para a seleção uruguaia na Copa do Mundo de Futebol 
realizada no Brasil, esse esporte, definitivamente, entrou para o 
50 © FUTEBOL E FUTSAL
UNIDADE 1 – ORIGEM E HISTÓRIA DO FUTEBOL
cenário cultural brasileiro como um grande espetáculo de mas-
sa. O futebol consolidou-se, também, pela presença maior dos 
meios de comunicação na divulgação e organização dos eventos.
No Brasil, até 1970, os jogos eram transmitidos pela tele-
visão na forma de videoteipe. Com as conquistas das Copas do 
Mundo de 1958, na Suécia, e de 1962, no Chile, o estilo brasileiro 
de futebol ganhou reconhecimento internacional, por ser jogado 
com arte. O futebol no Brasil, então, consolidou-se como uma 
grande mercadoria da indústria cultural.
Atualmente, o futebol profissional, enquanto grande pro-
duto da lógica capitalista, está vinculado à indústria do entrete-
nimento como um produto a ser consumido pelas milhares de 
pessoas que vão aos estádios ou pelos milhões que assistem aos 
jogos pela TV.
Durante as transmissões ao vivo dos jogos pela televisão, 
a publicidade de inúmeros produtos aparece a cada minuto. São 
mercadorias de toda ordem: de lâminas de barbear e perfumes 
até marcas de bebidas alcoólicas.
O jogador profissional não mais representa as cores de seu 
clube; transformou-se em uma espécie de representante comer-
cial de seus patrocinadores pessoais. O trabalho atual dos grandes 
jogadores valorizados no futebol mundial consiste em alternar as 
horas de treinamento e as horas de gravação de comerciais publi-
citários. É aquilo que podemos chamar de "jogador mercadoria".
7. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
Sugerimos que você procure responder, discutir e comen-
tar as questões a seguir que tratam da temática desenvolvida 
nesta unidade.
51© FUTEBOL E FUTSAL
UNIDADE 1 – ORIGEM E HISTÓRIA DO FUTEBOL
A autoavaliação pode ser uma ferramenta importante para 
você testar o seu desempenho. Se você encontrar dificuldades 
em responder a essas questões, procure revisar os conteúdos es-
tudados para sanar as suas dúvidas. Esse é o momento ideal para 
que você faça uma revisão desta unidade. Lembre-se de que, na 
Educação a Distância, a construção do conhecimento ocorre de 
forma cooperativa e colaborativa; compartilhe, portanto, as suas 
descobertas com os seus colegas.
Confira, a seguir, as questões propostas para verificar o seu 
desempenho no estudo desta unidade:
1) Podemos afirmar que Charles Miller, quando trouxe o futebol ao Brasil, 
em 1894, encontrou um ambiente favorável que facilitou sua aceitação. 
Do seu ponto de vista, o que poderia explicar tamanha afinidade? O que 
pode ter facilitado a entrada e permanência desta modalidade no Brasil?
2) Como você descreveria a prática do futebol no Brasil no início do século 
20? Aponte fatores que podem ter contribuído para sua popularização e 
consequente mudança do quadro inicial.
3) Vimos que o processo de profissionalização do futebol sofreu influências 
de vários fatores. Explique como a prática pelos operários das fábricas fa-
cilitou a implantação do profissionalismo em nosso país. Como você justi-
ficaria o amadorismo marrom no mesmo período?
8. CONSIDERAÇÕES
Nesta unidade, você estudou questões relativas à proble-
mática histórica do futebol, como a importância desse esporte 
para a história da cultura da humanidade, desde a Antiguidade 
até os dias de hoje. Além disso, pôde conhecer algumas das prin-

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