Buscar

Fundamentos de Economia

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 79 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 79 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 79 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

DEFINIÇÃO
Conceitos fundamentais de Economia. Síntese da história do pensamento
econômico. Breve apresentação dos pensadores econômicos mais
influentes da história e o contexto de suas contribuições. Panorama sobre a
pesquisa econômica contemporânea. Áreas de desenvolvimento da
economia e economistas contemporâneos.
PROPÓSITO
Aprender os fundamentos e as contribuições mais recentes da ciência
econômica, tal como a história do pensamento econômico para a
compreensão contextualizada da Economia Moderna.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Definir conceitos fundamentais para compreensão das análises econômicas
MÓDULO 2
Descrever uma breve história do pensamento econômico
MÓDULO 3
Descrever a agenda de pesquisa econômica atual
INTRODUÇÃO
O estudo de qualquer ciência começa com uma série de conceitos básicos.
Em Economia, começaremos falando sobre as escolhas das pessoas sobre
como alocar recursos, dado que há limites no que podemos fazer. Iremos
também apresentar a evolução da ciência econômica ao longo do tempo e
descrever os caminhos que estão sendo desenvolvidos.
MÓDULO 1
 Definir conceitos fundamentais para compreensão das análises
econômicas
UMA DIGRESSÃO SOBRE
ECONOMIA E CIÊNCIA
O termo “economia” vem do grego e significa “costume” ou “lei”, ou também
“gerir”, “administrar”, daí “regras da casa” ou “administração doméstica”.
Mas o que é, de fato, Economia?
Economia é uma ciência social preocupada com a produção, distribuição e
consumo de bens e serviços.
Ela estuda como indivíduos, empresas, governos e nações fazem escolhas
sobre alocação de recursos, de forma a satisfazer suas necessidades, e
busca entender como esses agentes podem se organizar e coordenar
esforços para alcançar o melhor resultado possível.
Mas o que é uma ciência?
Ciência é uma forma de conhecimento, assim como religião, intuição e
senso comum. A ciência produz conhecimento por meio de teorias.
Por exemplo, a Astronomia, através da teoria geocêntrica, considera a Terra
fixa no centro do universo, com todos os outros corpos celestes orbitando
ao seu redor. Poucas pessoas acreditam na teoria geocêntrica, mas
qualquer um quando vai à praia utiliza essa teoria para posicionar um
guarda-sol.
Da mesma forma, existem diversas teorias nas quais não é necessário
acreditar, embora sejam úteis, como, por exemplo, modelos econômicos, a
física newtoniana ou mapas. Você acredita que o mundo é bidimensional ao
olhar um aplicativo de mapas em seu celular?
É preciso deixar claro que a Ciência não trata de verdade, mas sim de erro
útil. A Ciência é apenas uma ferramenta para resolver problemas, e não
para estabelecer verdades.
A teoria nada mais é do que uma ferramenta imperfeita, baseada em
simplificações grosseiras da realidade (natural, social, econômica etc.), pois
seu o objetivo é ser útil.
O precursor da Ciência Moderna é Francis Bacon, que, no século XVI,
deixou registrado que “Saber é poder”. A partir de Bacon e da Revolução
Científica Moderna, começa a busca pelo desenvolvimento de um
conhecimento sistemático da natureza que permita atingir objetivos
concretos.
 
Fonte: Shutterstock
 Francis Bacon
 EXEMPLO
Por exemplo, se chove, nós nos molhamos. Se determinado medicamento
for utilizado, a mortalidade de certa doença será reduzida. Assim, há uma
tentativa de compreensão do mundo por meio de relações de
causalidade.
Mas como sabemos se uma teoria é útil? Geralmente, submetemos a
teoria ao teste empírico, ou seja, ela deve explicar determinado conjunto
de dados.
Por exemplo, se a teoria diz que “se chove, então, molha”, buscamos uma
série de dados sobre “chuva ou sol” e sobre “objeto molhado ou seco”, e
vemos se a teoria explica a relação empírica observada.
O teste empírico deve sempre ser construído de forma a isolar as variáveis
relevantes do problema ― ou, em outras palavras, tomar “tudo mais como
constante” para não comprometer o resultado da avaliação. Afinal, em geral,
há outras variáveis que afetam as observações (uma superfície pode
estar molhada porque alguém a lavou com água encanada).
Embora um teste empírico seja bem-sucedido, jamais afirmamos que
aceitamos a teoria. Dizemos apenas que não a rejeitamos, mas não
podemos aceitá-la, porque, desde o princípio, sabemos que ela é
imperfeita, e seguimos com ela enquanto não for rejeitada e não aparecer
outra melhor (isto é, que explique melhor os dados).
A ciência econômica é tipicamente dividida em:
Microeconomia – que estuda o comportamento de agentes individuais.

Macroeconomia – que analisa a economia de maneira agregada.
Analise as seguintes questões:
Qual deve ser a regulação do setor de telefonia para garantir cobertura
adequada à população?
Essa questão é tipicamente estudada em Microeconomia.
Já a Macroeconomia busca responder a questões como: “Por que a inflação
aumentou?”.
Essa questão é tipicamente estudada em Macroeconomia.
Em todos os casos, porém, precisamos analisar a escolha individual dos
agentes envolvidos. Esse será o primeiro passo de nosso estudo.
ESCOLHA INDIVIDUAL
Qualquer questão em Economia envolve escolha individual, independente
de estarmos no campo de Macroeconomia ou de Microeconomia.
Em última instância, até decisões macroeconômicas são baseadas em uma
série de decisões individuais sobre o que fazer ou não. Portanto, podemos
dizer que economia é sobre escolhas.
Quando vamos à feira, há diversos produtos em inúmeras barracas. É
pouco provável que tenhamos dinheiro para comprar tudo o que desejamos,
e, mesmo que tenhamos, não há espaço suficiente na geladeira para
guardar todos esses bens.
 
Fonte: Shutterstock
Alguém pode argumentar que basta comprar outra geladeira. Contudo, o
espaço de sua casa é limitado, de forma que precisamos escolher qual
produto comprar e qual colocar na geladeira.
O fato de alguns produtos estarem à venda na feira já envolve uma escolha.
O feirante escolheu quais produtos levar para a feira, e os produtores
agrícolas também escolheram quais bens iriam cultivar.
Notamos, então, que:
Todas as atividades econômicas passam por escolhas.
Existem quatro princípios econômicos contidos na escolha individual:
Escassez de recursos

Custo real

Decisão marginal

Oportunidades de melhoria
ESCASSEZ DE RECURSOS
No geral, não podemos ter tudo o que queremos. Nossa renda é limitada, o
que restringe o que podemos adquirir. A renda que escolhemos gastar indo
ao cinema equivale a que deixamos de gastar com algum outro bem ou
serviço.
Todavia, existem alguns indivíduos muito ricos, e você deve estar pensando
que ele pode ter tudo. Mesmo eles não podem fazer tudo o que querem,
porque há uma limitação de tempo: o dia possui apenas 24 horas.
Assim, o tempo que escolheremos dedicar a determinada atividade não
poderá ser dedicado a outra. O tempo que dedicamos ao nosso sono é
também um momento em que deixamos de trabalhar, por exemplo.
Precisamos realizar escolhas, o que apenas reflete o fato de que os
recursos são escassos.
Recurso é qualquer elemento que pode ser usada na produção de um bem.
Em uma economia, geralmente, consideramos como recursos o trabalho, a
terra, o capital físico e o capital humano (conquistas educacionais e
habilidades individuais).
UM RECURSO É ESCASSO QUANDO SUA
QUANTIDADE DISPONÍVEL É INSUFICIENTE
PARA SATISFAZER TODOS OS USOS QUE
UMA SOCIEDADE QUER FAZER DELE.
(KRUGMAN & WELLS, 2001)
A escassez de recursos faz com que os indivíduos e a sociedade sejam
obrigados a fazer escolhas, e há diversas formas de fazê-las. Uma delas é
permitir que surjam como o resultado de escolhas individuais, o que
acontece, normalmente, em economias de mercado.
Há também decisões que a sociedade considera que é melhor não serem
fruto do resultado de escolhas individuais, como consumir bebida alcoólica e
dirigir.
CUSTO REAL
O custo de adquirir algo envolve também o que dispensamos para realizar a
aquisição.
Suponha que você tenha prestado vestibular para uma universidade privada
e tenha sidoaprovado para o curso integral em Ciências Econômicas.
O custo monetário de estudar em uma universidade privada é o valor da
mensalidade mais o gasto com passagem, alimentação e material. Mas isso
não inclui tudo: esse não é custo real de estar em uma universidade
privada.
Estudar em tempo integral significa que você está abrindo mão de fazer um
curso de inglês pela tarde ou de trabalhar em algum estabelecimento. O
custo de abrir mão de outra atividade se chama custo de oportunidade.
O custo de oportunidade de uma atividade da qual abrimos mão. É o que
abdicamos ao deixar de escolher nossa segunda melhor alternativa.
O custo real de algo é a soma de seus custos monetário e de oportunidade.
Portanto, no final das contas, todo custo é um custo de oportunidade.
 EXEMPLO
Programas sociais e custo de oportunidade
Custo de oportunidade é um conceito essencial em Economia, e é usado na
formulação e no funcionamento de programas sociais.
Há alguns anos, a secretária estadual de educação do Rio de Janeiro
formulou o programa Renda Melhor Jovem.
O projeto consistia em depósitos na poupança de jovens beneficiados pelo
Renda Melhor e pelo Cartão Família Carioca que cursassem o Ensino
Médio em escolas públicas. Após a conclusão do Ensino Médio, os jovens
poderiam usar essa poupança.
A ideia de pagar um valor para esses jovens estudarem tem como base o
conceito de custo de oportunidade. Muitos desses jovens pobres largam a
escola para trabalhar e ajudar suas famílias.
DECISÃO MARGINAL
Diversas decisões importantes em nossas vidas começam com a pergunta:
“Quanto?”. Ou seja, tem relação com a quantidade.
Se você está cursando duas disciplinas ― Microeconomia e
Macroeconomia ―, e precisa escolher o quanto vai dedicar de tempo de
estudo para cada uma delas.
Quando temos decisões de “quanto?”, em Economia, vemos isso como uma
decisão marginal.
 
Fonte: Shutterstock
Gastar mais tempo estudando Microeconomia significa que você terá um
benefício nessa matéria: é provável que você tire uma nota mais alta, mas
também implica menos tempo estudando Macroeconomia.
Sua decisão envolverá um trade-off, ou seja, uma comparação entre o
custo e o benefício. Essa comparação faz parte de uma escolha. Um trade-
off é um dilema, isto é, uma situação em que comparamos custo e
benefício, e realizamos uma escolha que envolve também renúncias
Como decidir, então, quanto tempo dedicar a cada uma das disciplinas? No
geral, decisões desse tipo são tomadas a cada momento.
Suponha que as duas provas, de Microeconomia e Macroeconomia, sejam
no mesmo dia. No dia anterior, você decide dedicar metade do tempo à
Macroeconomia, e a outra metade, à Microeconomia.
Antes de chegar ao fim do tempo destinado à Macroeconomia, você nota
que é melhor dedicar mais tempo do que o que tinha pensado. À noite, já
com sono, você percebe que ainda faltou conteúdo de Macroeconomia, mas
ainda está finalizando o de Microeconomia. O que fazer?
Se você teve nota melhor em uma prova anterior de Microeconomia,
possivelmente, optará por dedicar o tempo disponível restante à
Macroeconomia.
Decisões como essas são marginais. Elas envolvem um trade-off na
margem, isto é, uma análise de custo benefício de um pouco mais de uma
atividade e um poucos menos de outra.
Muitas decisões no nosso dia a dia são tomadas com base em análises
marginais, que desempenham um papel fundamental na economia.
Se estou com sede, decido se vou tomar um copo d’água ou não. Após o
primeiro copo, avalio se ainda quero tomar o segundo, e assim por diante.
Não tomamos uma decisão apenas entre “não beber água’” ou “tomar toda
a água da casa”, mas entre “um copo a mais” ou “um gole a mais”. Essa
decisão sobre um gole adicional é uma decisão na margem.
OPORTUNIDADES DE MELHORIA
Para começar entenda o exemplo a seguir:
autor/shutterstock
Sempre que vemos as notícias, reparamos que há uma enorme quantidade
de pessoas nas lojas. Mas por que, se esses produtos são vendidos
normalmente no dia a dia?
Segundo os consumidores, as promoções são melhores que em qualquer
outra época do ano. Assim, quando as pessoas veem uma oportunidade de
melhorar sua situação, nesse caso, por meio da compra de produtos mais
baratos, elas aproveitam.
Ao tentarem prever como os indivíduos se comportarão em alguma situação
econômica, em geral, os economistas consideram que os indivíduos
aproveitarão a oportunidade de melhorar suas situações. Essas
oportunidades são exploradas até que se esgotem, isto é, até que tenham
sido plenamente aproveitadas pelas pessoas.
No geral, o fato de que as pessoas exploram oportunidades de melhorar
sua própria situação é uma das hipóteses amplamente adotada em modelos
econômicos.
Quando há redução do preço do chocolate, mais consumidores irão
comprá-lo. Se o salário dos engenheiros se reduz, e o dos médicos
aumenta, é provável que alguns alunos do Ensino Médio deixem de prestar
vestibular para Engenharia e mudem para Medicina.
Quando há mudanças nas oportunidades disponíveis e, consequentemente,
de comportamento, afirmamos que as pessoas se deparam com novos
incentivos.
Para os economistas, qualquer tentativa de mudança de ação é fruto de
mudanças de incentivos. Portanto, uma política que peça às indústrias que
poluam menos só será eficaz se gerar uma mudança de incentivos
condizente com o objetivo de redução da poluição.
 EXEMPLO
Política econômica e mudança de incentivos
Durante a pandemia da Covid-19, diversas medidas foram tomadas para
seu combate. Duas delas foram: a proibição de frequentar praias e a de sair
sem o uso de máscaras.
Para que essas medidas tivessem resultado, não bastou pedir à população
para mudar de comportamento. Os governos instituíram multas, caso as
obrigações fossem descumpridas. Dessa forma, a população teve uma
mudança de incentivos.
Para reforçar seu aprendizado, assista ao vídeo com uma breve
contextualização sobre os princípios econômicos contidos na escolha
individual.
MERCADOS: INTERAÇÕES ENTRE
INDIVÍDUOS
Uma economia é um sistema que coordena a produção de muitos agentes.
Em uma economia de mercado, essa coordenação ocorre sem
centralização: cada indivíduo toma sua própria decisão.
Todavia, as decisões individuais não são independentes, pois dependem
das decisões dos demais. Portanto, para compreendermos como funciona
uma economia de mercado, precisamos entender a interação entre as
escolhas individuais.
O resultado da escolha de diversas pessoas pode ser bem diferente daquilo
que os indivíduos esperariam. O uso de novas técnicas agrícolas é um
exemplo.
Alguns agricultores, ao adotarem novas tecnologias, tiveram uma produção
tão grande que o resultado foi uma redução do preço do produto, que fez
com que diversos produtores saíssem do mercado.
Enquanto a escolha individual possui quatro princípios, a interação entre
indivíduos em uma economia de mercado possui cinco:

1. GANHOS DE COMÉRCIO.
2. MOVIMENTAÇÃO DOS MERCADOS EM
DIREÇÃO AO EQUILÍBRIO.


3. USO EFICIENTE DOS RECURSOS PARA
O ALCANCE DOS OBJETIVOS DA
SOCIEDADE.
4. MERCADOS RUMO À EFICIÊNCIA.


5. AÇÃO GOVERNAMENTAL EM PROL DO
AUMENTO DE BEM-ESTAR.
GANHOS DE COMÉRCIO
Os economistas consideram que o comércio, ou a possibilidade de trocas
entre indivíduos, é uma ferramenta importante para melhorar a situação de
uma sociedade.
Suponha que uma pessoa tente suprir sozinha todas as suas necessidades.
Ela produz seus tecidos, costura suas roupas, planta seu alimento, pinta
seus próprios quadros e constrói sua própria casa. Deve ser possível viver
dessa forma, mas parece uma vida bastante dura.
A existência do comércio torna possível que as pessoas dividam tarefas
entre si e ofertem bens ou serviços demandados por outras pessoas em
troca de bens e serviços que ela deseja. Na maioria das sociedades, há
poucos indivíduos tentando viver de forma autossuficiente, porque existem
ganhos de comércio.
Duas pessoas, ao trocar e dividir, podem obter aquilo quemais desejam.
Pode ser que Gabriel seja melhor que Rafael na cozinha, e que Rafael seja
melhor na faxina. Isso permite que Gabriel seja o responsável pela comida e
a troque com Rafael por faxina.
Os ganhos de comércio são oriundos dessa divisão de tarefas, conhecida
como especialização: cada indivíduo se ocupa de poucas atividades. Os
mercados permitem que uma pessoa se especialize, pois sabem que
podem encontrar os bens e serviços que desejam e trocar com outras
pessoas.
 EXEMPLO
Moeda e suas funções
Moeda é costuma ser definida como qualquer ativo que pode ser
utilizado facilmente para comprar bens e serviços.
Um ativo é líquido quando pode ser convertido em dinheiro vivo de forma
simples. Portanto, moeda consiste no próprio dinheiro vivo, que é, por
definição, líquido (ou, então, em outros ativos altamente líquidos).
A moeda tem papel fundamental em uma economia, pois gera ganhos de
comércio. Isso é possível porque a moeda permite que trocas indiretas
sejam realizadas, acabando com problema da dupla coincidência de
necessidades que ocorria em um sistema de escambos.
A moeda tem três funções:
1. Meio de troca – pois cumpre o papel de um ativo que as pessoas
utilizam para trocar bens e serviços.
2. Reserva de valor – pois é uma forma de guardar poder de compra ao
longo do tempo.
3. Unidade de conta – que representa uma medida que as pessoas
utilizam para fixar preços e fazer cálculos econômicos.
MOVIMENTAÇÃO DOS MERCADOS EM
DIREÇÃO AO EQUILÍBRIO
Aprendemos que há um princípio afirmando que as pessoas aproveitam
oportunidades de melhorar sua situação.
Por exemplo, quando vamos à praia, buscamos um pedaço de areia que
tenha menos gente para nos instalarmos. No verão, não restam muitos
espaços vazios. Isso acontece porque as pessoas buscam explorar as
oportunidades para melhorar de situação.
Conforme as pessoas vão chegando à praia, elas buscam o local mais
vazio, até não haver mais locais vazios: todas as oportunidades de melhoria
acabam, pois já foram exploradas.
Os economistas chamam de equilíbrio uma situação em que os indivíduos
não podem melhorar, fazendo, individualmente, algo diferente.
Uma economia está em equilíbrio quando nenhum indivíduo pode melhorar
sua situação adotando uma ação diferente.
Os mercados, normalmente, alcançam o equilíbrio por meio da mudança
de preços, que aumentam ou diminuem, até que todas as oportunidades
para melhorar a situação individual tenham se esgotado. Portanto, cada vez
que houver uma mudança, a economia se moverá em direção a um novo
equilíbrio.
USO EFICIENTE DOS RECURSOS
PARA O ALCANCE DOS OBJETIVOS
DA SOCIEDADE
O que importa para economistas não é o dinheiro, mas o bem-estar das
pessoas em uma sociedade.
Os recursos de uma economia são usados de forma eficiente quando todas
as oportunidades de melhorar a situação de cada um são exploradas por
completo.
Uma economia é eficiente quando utiliza todas as oportunidades de
melhorar a situação de uma pessoa sem piorar a de outras.
Por exemplo, Mariana mora na zona rural e planta hortaliças. Contudo, sua
terra é pequena, e sua plantação está morrendo por falta de espaço. Por
sua vez, Pedro, vizinho de Mariana, é proprietário de um latifúndio, e não
usa a terra para nada. Claramente, a terra dessa economia está sendo
usada de forma ineficiente.
Há uma maneira de melhorar a situação de todos, transferindo a plantação
de hortaliças de Mariana para as terras de Pedro.
O exemplo é fictício. Embora essa situação ocorra na vida real, não é
simples de resolver ineficiências dessa forma, uma vez que existe
propriedade privada, e, para isso, o estado deveria realizar uma reforma
agrária.
Quando uma economia está operando de forma eficiente, os ganhos
oriundos do comércio são maximizados, dados os recursos disponíveis.
Quando uma economia é eficiente, a única maneira de melhorar a
situação de uma pessoa é piorando a de outra: ou seja, já esgotamos os
ganhos de troca.
Dado que eficiência é algo ótimo, ela deveria ser o único objetivo em uma
economia?
A resposta é não. Eficiência não é o único critério que importa. Equidade e
justiça também são critérios relevantes. Em geral, há um trade-off entre
eficiência e equidade, uma vez que políticas que almejam a equidade,
muitas vezes, alcançam-na às custas da eficiência.
Considere, por exemplo, a política de assentos preferenciais. Para
assegurar que sempre haja assento disponível para grávidas, deficientes,
idosos e pessoas com crianças de colo, normalmente, há um número
reservado de vagas no transporte público.
Muitas vezes, esses assentos ficam vagos, enquanto algumas pessoas
ficam em pé. Isso gera ineficiência, mas será que gostaríamos de resolver
essa ineficiência deixando as pessoas do grupo preferencial sem assento?
Essa situação envolve um trade-off entre eficiência e justiça.
MERCADOS RUMO À EFICIÊNCIA
Frequentemente (mas não sempre), os mercados levam à eficiência.
Normalmente, não temos um “planejador central” que se certifica de que a
economia esteja operando de forma eficiente. O Estado não precisa gerar
eficiência, porque os mercados já cumprem essa função razoavelmente
bem.
Como veremos no próximo módulo, Adam Smith chama isso de “mão
invisível do mercado”. Assim, os incentivos presentes em uma economia de
mercado já garantem que os recursos sejam utilizados da melhor maneira
possível, sem que haja desperdício de oportunidades. Contudo, há
exceções para esse princípio.
Quando temos falhas de mercado, a busca individual a partir do interesse
próprio piora a situação da sociedade, e o resultado é ineficiente. Isso
acontece, em geral, quando a ação individual de uma pessoa tem efeitos
colaterais sobre outras pessoas, o que os economistas chamam de
externalidade.
 
Fonte: Shutterstock
 Adam Smith
javascript:void(0)
ADAM SMITH (1723-1790)
Filósofo e economista inglês considerado por muitos o pai da economia
moderna.
Poluição é um exemplo clássico de externalidade negativa.
AÇÃO GOVERNAMENTAL EM PROL
DO AUMENTO DE BEM-ESTAR
Quando há falhas de mercado, é possível que ações governamentais
melhorem o bem-estar da sociedade.
Considere uma indústria que produz algo importante, mas gera poluição
(por exemplo, usinas termoelétricas que geram energia, mas são muito
poluentes). Essa indústria não tem incentivo para levar em conta o custo de
sua ação para a sociedade e deixar de produzir poluição.
RESPOSTA 1 RESPOSTA 2
RESPOSTA 1
A sociedade pode subsidiar a adoção de uma nova tecnologia que gere
menos poluição.
javascript:void(0)
javascript:void(0)
RESPOSTA 2
O governo pode multar a indústria.
Essas soluções mudam os incentivos da indústria, dando a ela motivos para
poluir menos. No entanto, as possíveis soluções vão depender da
intervenção do Estado.
Assim, quando os mercados não funcionam corretamente, a ação do
governo pode tornar o resultado mais próximo de algo eficiente, mudando a
forma de alocar recursos na sociedade.
Em geral, o mercado não funciona corretamente quando há externalidades.
Também há uma falha quando o bem em questão não consegue ser
eficientemente administrado pelo mercado.
Por exemplo, vamos pensar na iluminação pública. Não precisamos pagar
para passar sob um poste de luz na rua, o que diminui o incentivo a
contribuir para a provisão do serviço. Esse último caso é conhecido como
bem público.
Por fim, alguns agentes econômicos podem ter poder de mercado, como
uma firma monopolista, que poderá restringir o uso de recursos por outros
indivíduos para maximizar seu lucro individual.
 SAIBA MAIS
Variáveis endógenas e exógenas
O objetivo de um modelo econômico é demonstrar como as variáveis
exógenas afetam as endógenas.
As variáveis endógenas são aquelas que o modelo tenta explicar. Já as
variáveis exógenas são as que o modelo toma como dadas.
As variáveis exógenas são determinadas fora do modelo, servindo como
insumo, enquanto as endógenas são determinadas dentro do modelo: são
seu resultado.
A figuraa seguir representa um esquema mais intuitivo para essas
variáveis:
Variáveis Exógenas

MODELO ECONÔMICO

Variáveis Endógenas
Considere um produtor de cogumelos. A demanda por seus cogumelos vai
depender de seu preço e da renda dos consumidores. A oferta, por sua vez,
vai depender dos preços do cogumelo e dos insumos utilizados na
produção.
O equilíbrio acontece quando oferta e demanda se igualam. Nesse caso, as
variáveis exógenas são a renda individual e o preço dos insumos, e a
variável endógena será o preço do cogumelo.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. MARCELA PODE VIAJAR DO RIO DE JANEIRO PARA SÃO PAULO
DE ÔNIBUS OU DE AVIÃO. A VIAGEM DE ÔNIBUS CUSTA R$100,00 E
DURA 6 HORAS. A VIAGEM DE AVIÃO CUSTA R$200,00 E DURA 1
HORA. ENQUANTO ESTÁ VIAJANDO ― DE ÔNIBUS OU DE AVIÃO ―,
MARCELA NÃO PODE TRABALHAR E DEIXA DE GANHAR R$30,00
POR HORA.
FAÇA UMA ANÁLISE ECONÔMICA DA SITUAÇÃO E ASSINALE A
ALTERNATIVA INCORRETA:
A) A viagem de ônibus é mais barata. Portanto, Marcela deve ir de ônibus.
B) O custo total da viagem de avião é menor do que o da viagem de ônibus.
C) O custo total da viagem de avião é de R$230,00.
D) O custo total da viagem de ônibus é de R$280,00.
2. SOBRE A ECONOMIA DE MERCADO, ASSINALE A RESPOSTA
CORRETA:
A) Os mercados são sempre eficientes.
B) Os recursos de uma economia são usados de forma eficiente, ainda que
haja oportunidade de melhorar a situação de cada indivíduo.
C) Há um dilema entre eficiência e equidade.
D) Um mercado está em equilíbrio quando os agentes econômicos querem
mudar de comportamento.
GABARITO
1. Marcela pode viajar do Rio de Janeiro para São Paulo de ônibus ou
de avião. A viagem de ônibus custa R$100,00 e dura 6 horas. A viagem
de avião custa R$200,00 e dura 1 hora. Enquanto está viajando ― de
ônibus ou de avião ―, Marcela não pode trabalhar e deixa de ganhar
R$30,00 por hora.
Faça uma análise econômica da situação e assinale a alternativa
incorreta:
A alternativa "A " está correta.
Viajar de ônibus tem um custo monetário menor do que viajar de avião, mas
devemos levar em conta o custo de oportunidade. Ao optar pelo ônibus,
Marcela gastará R$100,00 e perderá R$180,00 (= R$30,00 x 6 horas).
Dessa forma, o custo real para Marcela ir de ônibus é de R$280,00. Ao
optar por viajar de avião, Marcela pagará R$200,00 pela passagem e
perderá R$30,00 pela hora de viagem. Assim, o custo real para a viagem de
avião é de R$230,00, enquanto o custo total para a viagem de ônibus é R$
280,00. Em outras palavras, o custo real da viagem de ônibus é maior do
que da viagem de avião.
2. Sobre a economia de mercado, assinale a resposta correta:
A alternativa "C " está correta.
Vamos analisar as alternativas:
A) A alternativa está incorreta. Embora os mercados sejam frequentemente
eficientes, na presença de externalidades, bens públicos ou poder de
mercado, eles falham.
B) A alternativa está incorreta. Por definição, eficiência é uma situação em
que não há possibilidade de melhorar a situação de uma pessoa sem piorar
a de outra. Portanto, a alterativa está incorreta.
C) A alternativa está correta. Embora eficiência seja um conceito com o qual
os economistas se preocupam, existem outros extremamente relevantes,
como justiça e equidade. No geral, há um dilema entre justiça e eficiência,
uma vez que diversas situações justas podem ser ineficientes, como o
exemplo do assento preferencial.
D) A alternativa está incorreta. Por definição, um mercado está em equilíbrio
quando os seus participantes não podem melhorar mudando
individualmente suas ações.
MÓDULO 2
 Descrever uma breve história do pensamento econômico
ORIGEM DA CIÊNCIA ECONÔMICA
No módulo anterior, falamos sobre a Economia enquanto ciência
contemporânea. Mas até se tornar o que é hoje, a ciência econômica
passou por diversas transformações. Não há consenso a respeito de
quando o pensamento econômico começou.
Embora a maior parte das pessoas só tenha ouvido falar de Economia
enquanto ciência a partir de Adam Smith, pode-se argumentar que, nas
formas mais rudimentares de civilização, já existia algum tipo de
pensamento econômico, partindo do pressuposto de que seres racionais
já se preocupavam com seu sustento.
É ingênuo pensar que uma civilização antiga como a egípcia, que era
caracterizada pela produção e distribuição de parte dos recursos, não tenha
desenvolvido algum tipo de ideias econômicas, especialmente quando se
considera a existência de comércio (em forma de troca) com outras nações
e a propensão egípcia a manter registros escritos.
Na Grécia Antiga, Platão já contribuía para o pensamento econômico
tocando alguns conceitos como a divisão do trabalho, a teoria da moeda, a
produção como base da riqueza do Estado (na época, Cidade-Estado) e até
a propriedade comum. Seu discípulo Aristóteles também contribuiu no
campo, sistematizando sua teoria, mas se opunha a seu mestre no tópico
da propriedade comum.
 
Fonte: Shutterstock
A Idade Média representa um período de transformações na estrutura da
sociedade, e grandes transformações costumam vir acompanhadas de
novas ideias.
Seguindo a queda do Império Romano, cuja economia era escravocrata e
latifundiária, o período deu origem à forma de organização econômica
conhecida como feudalismo. Trabalho e terra passaram a ser transferidos,
e não mais vendidos.
O feudalismo sofreu muitas transformações ao longo da Idade Média,
atingindo seu auge por volta do século X.
O desenvolvimento de novas técnicas agrícolas aumentou a produtividade
das terras, e a Europa vivenciou um período de estabilidade que permitiu o
crescimento populacional e a formação de cidades. Essa combinação de
fatores deu origem ao mercador independente.
A Igreja Católica se tornou a instituição dominante na Europa, e, portanto,
quase todos os acadêmicos e escritores ocidentais do período eram
clérigos.
ESCOLÁSTICOS
Nos primeiros anos da Idade Média, os escritores cristãos tinham uma
abordagem puramente ética do estudo econômico. Sua aversão ao
comércio e à propriedade baseava-se na convicção de que a busca pela
riqueza os desviaria do “caminho da graça”.
Os estudiosos da economia medieval ficaram conhecidos como
escolásticos, e seu principal expoente foi Tomás de Aquino.
Aquino buscou assimilar a filosofia aristotélica ao Cristianismo. Recorrendo
aos argumentos éticos e econômicos de Aristóteles, ele pôde justificar a
propriedade privada defendendo obrigações para o proprietário individual,
desde que atendesse aos interesses da comunidade.
Ele desenvolveu ideias a respeito do valor de um bem, introduzindo uma
teoria do salário justo e do preço justo, esboçando uma noção de justiça
distributiva e condenando a cobrança dos juros e da usura (Empréstimo de
dinheiro a juros) .
Seus interesses chegavam à Economia somente a partir de questões
morais e éticas, não tratando, dessa maneira, os assuntos econômicos
como um fim em si.
 
Fonte:Shutterstock
 Tomás de Aquino
Dentre as principais contribuições dos escolásticos para o pensamento
econômico, podemos citar dois elementos: uma ênfase na utilidade como
principal fonte de valor e a noção de preço justo.
Esse período é considerado como a pré-história do pensamento econômico
e começou a desaparecer no século XVI com a Revolução Científica que se
iniciou na Europa.
O Renascimento deixava suas marcas no pensamento das ciências naturais
e políticas, e influenciaria diretamente no desenvolvimento do pensamento
econômico.
SURGIMENTO DA ECONOMIA
POLÍTICA
As bases para o capitalismo industrial moderno também haviam sido
estabelecidas. A classe mercantil enriqueceu, a aristocracia e o clero
começaram a perder influência, a expansão do comércio proporcionou o
surgimento de centros comerciais e industriais, e universidades foram
criadas.
A esfera de produção se transformou, com os comerciantes deixando de ser
apenas fornecedores de matérias-primas e se tornando também detentores
de meios de produção e empregadores de mão de obra.A alta inflação
vigente na Europa no período também influenciou o pensamento
econômico.
Nesse período pré-mercantilismo, Jean Bodin esboçou a primeira teoria
quantitativa da moeda, em sua Resposta aos Paradoxos de Malestroit
(Réponseaux Paradoxes de M. de Malestroit, 1568), afirmando que a
principal causa do aumento dos preços era o aumento do ouro e da prata
em circulação.
A revolução cultural e científica proporcionou a ascensão de uma
abordagem de pensamento secular no lugar da religiosa. No campo da
Economia, não foi diferente: ela passou a se emancipar da ética e da
filosofia política.
 
Fonte: Shutterstock
 Jean Bodin
Influenciados pelo crescimento dos Estados-Nação e pelos trabalhos de
pensadores como Maquiavel, Hobbes e Locke, o pensamento econômico
deixou de se preocupar apenas com o comportamento de agentes
econômicos individuais e passou a examinar também o Estado. Assim,
foram estabelecidos os pilares para o pensamento econômico moderno.
Emergiu uma nova disciplina como ciência: a Economia Política, cujo
objeto de estudo era a atividade pública, tratando da acumulação e do
gerenciamento da riqueza, a fim de aumentar a eficiência do Estado.
Agora, o conhecimento passava a ser baseado nos aspectos individuais e
empíricos dos objetos.
Sir William Petty é considerado um dos pais da economia política
moderna, pois foi um defensor e expoente do método empírico e
quantitativo.
MERCANTILISTAS
Uma segunda fase de transformações ocorreu durante o Mercantilismo. No
campo do pensamento econômico, foram propostas ideias de um sistema
comercial restritivo com o objetivo de aumentar a prosperidade econômica
de uma nação.
Os pensadores do período podem ser divididos entre bullionistas (ou
metalistas) e, propriamente, mercantilistas.
O primeiro grupo (bullionistas ou metalistas) defendia a regulamentação
do câmbio. Por não entenderem a teoria do comércio internacional,
enxergavam qualquer saída de metais preciosos como uma desvantagem.
Desse modo, advogaram pela proibição da exportação de qualquer espécie
que tivesse como consequência a saída de ouro e prata da nação, assim
como a proibição de importações, especialmente de mercadorias de luxo,
que envolviam pagamentos na forma de metais preciosos. Em
contrapartida, defendiam a exportação de mercadorias, como bens
manufaturados, cujos pagamentos significavam a entrada de metais
preciosos em seus países.
O segundo grupo (mercantilistas) acreditava que havia a necessidade de
incentivar a troca de mercadorias, buscando alcançar uma balança
comercial favorável, isto é, o país deveria exportar mais do que importar.
Ficou claro que a Economia passara a ser Política, influenciada por um
envolvimento maior do Estado. A nação passou a ser vista como uma
grande empresa comercial, o que acarretou a defesa e a adoção de
políticas protecionistas.
Em geral, o pensamento mercantilista dialogava com o poder do Estado,
com ideias de unidade nacional, e seus objetivos eram identificados com a
riqueza de uma nação.
 
Fonte: Shutterstock
 Thomas Mun
 ATENÇÃO
Algumas teorias sobre a conceituação do valor e teorias monetárias sobre o
papel dos juros na economia também foram esboçadas nessa época. Os
principais contribuintes para o pensamento econômico da época são:
Thomas Mun, Antonio Serra e Edward Misselden.
Contudo, a posição teórica mercantilista foi se tornando inadequada frente à
acumulação capitalista e seu controle sobre a produção, com a difusão do
comércio e da competição, que resultaram em uma queda dos lucros.
Nasceu uma classe capitalista de mestres artesãos que controlavam a
produção, em conflito com os interesses dos comerciantes. Essas
mudanças foram acompanhadas por uma mudança radical na maneira de
conceber os fatos econômicos.
A intervenção do Estado na economia passou a ser vista com suspeita, e a
ideia de que o lucro se originava na esfera de produção começou a se
disseminar. Para prosperar, a nova classe de empresários capitalistas
precisava abrir mão dos laços morais e ideológicos tradicionais.
A partir do final do final do século XVII, a celebração do individualismo, em
conjunto com o desenvolvimento da ética protestante, legitimou a usura e a
atividade econômica.
Entre os economistas da época, começou a se disseminar a noção de que
restrições administrativas na produção criavam mais desvantagens do que
vantagens para a coletividade. Passaram a defender a intervenção do
Estado apenas no reconhecimento e na proteção ao direito de propriedade.
Os autores desse período foram os precursores da Economia Política
Clássica.
PRECURSORES DA ECONOMIA
POLÍTICA CLÁSSICA
Influenciados pela Política Aritmética de Sir William Petty, publicada em
1690, que marcou o início do pensamento precursor da economia política
clássica, iniciou-se uma crítica ao pensamento mercantilista prévio. Dudley
North e Mandeville atacaram o protecionismo do Estado e defenderam o
livre comércio.
A ênfase mercantilista em uma balança comercial positiva também foi
criticada: o comércio internacional não poderia ser uma fonte de perda para
nenhuma das partes, uma vez que, sendo uma atividade voluntária, não
ocorreria em primeiro lugar se não gerasse ganhos para todos.
A teoria também avançou em outros aspectos.
Richard Cantillon propôs que a terra era a principal fonte de riqueza, e que
essa riqueza seria produzida com o poder do trabalho empregado. Além
disso, distinguiu o valor intrínseco do valor de mercado dos bens, o que foi
considerado um esboço da teoria de preço e custo.
Na França do final do século XVIII, os conceitos pós-mercantilistas foram
sofisticados por um grupo de pensadores que ficaram conhecidos como
fisiocratas, encabeçados por François Quesnay.
As principais contribuições da escola fisiocrata para o pensamento
econômico moderno consistem na rejeição do conceito mercantilista de
riqueza por meio da troca e no reconhecimento da produção como fonte de
riqueza, na invenção do termo e da política do laissez faire, laissez passer,
e no Tableau Economique (1759), principal obra de Quesnay.
Interessado em transformar o setor agrícola em indústria capitalista
eficiente, o autor apresentou um modelo quantitativo da produção de
mercadorias. Ao fazer uma distinção entre trabalho produtivo e improdutivo,
apontou uma fonte de riqueza no excedente que a terra é capaz de produzir,
que seria advinda do fato de que nela se produz mais do que se consome.
Quesnay foi precursor da acumulação de capital. Seu trabalho também traz
a ideia de interdependência entre os setores da economia e a inovadora
representação de trocas como um fluxo circular de dinheiro e bens. Desse
modo, os fisiocratas foram os primeiros a tentar analisar, de maneira
sistemática, a circulação da riqueza na economia.
O filósofo David Hume também fez valiosas contribuições ao pensamento
econômico. Embora não tenha estruturado suas ideias de maneira
sistemática, como os pensadores que viriam a posteriori, suas obras tiveram
grande influência na filosofia geral encontrada posteriormente no trabalho
de Adam Smith.
 
Fonte:Shutterstock
 David Hume
Suas principais ideias econômicas envolviam o destaque ao trabalho, bem
como a atenção a oscilações e mudanças na economia, e apontaram a
inter-relação de fatos econômicos com outras forças sociais.
Na parte monetária, descreveu o mecanismo pelo qual uma mudança na
quantidade de moeda em circulação alteraria o valor do dinheiro na
economia ― assunto debatido até hoje.
ECONOMIA POLÍTICA CLÁSSICA
Economia clássica é o nome dado ao sistema de teoria econômica que foi
desenvolvido a partir do final do século XVIII, iniciado com a publicação do
livro Uma investigação sobre a natureza e as causas da riqueza das
nações, mais conhecido simplesmente por A Riqueza das Nações, de Adam
Smith, em 1776. Mas o que torna sua obra tão importante?
A teoria clássica proposta nesse período contrastou fortemente com as
tendências anteriores do pensamentoeconômico. Embora tenham
assimilado diversos conceitos estabelecidos por seus antecessores, os
clássicos identificaram falhas em todas as soluções propostas previamente
para os problemas econômicos.
Uma das principais discrepâncias é que os clássicos viam como positivos os
resultados que decorriam naturalmente das forças econômicas. Nesse
período, surgiu a noção de uma “mão invisível do mercado”, de forças que
naturalmente convergiriam para um equilíbrio eficiente, sem
necessidade de intervenção estatal.
A visão clássica de um sistema econômico harmonioso destoava das
crenças mercantilistas e escolásticas de que o mercado era caracterizado
por desequilíbrios que exigiam intervenções e restrições. Essa visão
otimista do funcionamento dos mercados é um dos principais traços do
pensamento clássico.
Outra característica é seu interesse no crescimento econômico. Essa
preocupação os levou a estudar os mercados e o sistema de preços sob a
ótica da alocação de recursos. Os economistas clássicos estudaram a
formação de mercados e preços relativos para entender seu impacto no
crescimento econômico.
Teóricos e suas contribuições.
ADAM SMITH
Um dos principais diferenciais de Adam Smith em relação aos autores que
lhe antecederam foi o fato de que ele se empenhou em construir sua teoria
de forma sistemática. Em A Riqueza das Nações, ele lançou as bases da
teoria econômica clássica de livre mercado.
Suas principais contribuições para o campo do pensamento econômico
envolvem o desenvolvimento do conceito de divisão do trabalho e a
exposição de que o interesse individual racional e a concorrência podem
conduzir ao desenvolvimento econômico. Além disso, suas obras também
tocaram temas como a teoria do valor, passando por conceitos de
excedente, teoria dos salários e distribuição.
Os escritos de Smith tocaram uma infinidade de temas, uma vez que a
Macroeconomia da época se preocupava com um escopo mais amplo dos
determinantes do crescimento ― não apenas com fatores econômicos, mas
com fatores culturais, políticos, sociológicos e históricos.
THOMAS MALTHUS
Thomas Malthus, mais conhecido por sua teoria da população, também
contribuiu para o pensamento clássico. Em suas obras, discorreu sobre
distribuição de renda e consumo improdutivo, e apontou os riscos de uma
crise de superprodução frente à falta de demanda ― ideia que foi retomada
por Keynes quase um século depois.
DAVID RICARDO E JOHN STUART MILL
David Ricardo, seu contemporâneo, acrescentou à teoria econômica a
noção de que há ganhos na troca internacional para as duas partes que
estão comercializando, mesmo que uma seja mais competitiva que a outra.
Em outras palavras, mesmo que uma das partes consiga produzir mais de
todos os bens com a mesma quantidade de recursos, é economicamente
vantajoso para as duas partes comercializar bens. Essa ideia foi aprimorada
posteriormente por John Stuart Mill sob a forma de vantagens
comparativas.
Os escritos de Ricardo trataram de muitos outros tópicos, como as teorias
do valor, dos salários, lucros e aluguel, da acumulação, do desenvolvimento
econômico e de moeda e bancos. Ricardo também levantou a questão
sobre as leis naturais que determinariam a distribuição do produto entre as
classes da sociedade.
Foi ainda nesse período que as noções de utilitarismo começaram a ser
desenvolvidas, sendo posteriormente incorporadas à teoria econômica. O
utilitarismo, de maneira geral, afirma que ações que maximizam felicidade e
bem-estar são boas, e que a utilidade é uma propriedade de um bem ou
objeto capaz de produzir um benefício ou prazer.
PENSAMENTO ECONÔMICO
SOCIALISTA
O período em que se desenvolveu a escola clássica de pensamento
econômico foi ao mesmo tempo uma época de crescimento econômico e
desenvolvimento teórico, e de intenso conflito entre as classes de
trabalhadores e capitalistas.
O fim das guerras napoleônicas, o movimento trabalhista que se
desenvolveu a partir do ludismo e as revoluções de 1848 influenciaram as
correntes de pensamento do período.
Enquanto para os economistas clássicos como Smith, Ricardo e Mill, o
capitalismo significava uma expansão da produção, aumento da riqueza e
troca econômica entre as nações, outros não viam esse sistema econômico
com o mesmo entusiasmo.
Malthus já apresentava uma visão mais pessimista, argumentando que,
nesse sistema, não seria permitido ao trabalhador receber mais que um
salário de subsistência ― uma crença compartilhada por Ricardo e alguns
outros economistas clássicos.
A derrota da classe trabalhadora no movimento de 1848 encerrou um ciclo
de luta que havia durado mais de 30 anos e inaugurou uma fase de
hegemonia cultural burguesa e crescimento econômico.
Para os trabalhadores da época, essa fase inicial do capitalismo significava
arcar com os custos da expansão da produção: condições perigosas ou
insalubres de trabalho, desemprego e longas horas de trabalho duro. O
contexto era terreno fértil para o surgimento de novas ideias.
Duas escolas de pensamento se opuseram à ordem social e econômica
vigente:
Escola Histórica Alemã – crítica radical da economia política clássica;
Movimento Socialista – que culminou no pensamento social e
econômico revolucionário conhecido como marxismo.
Nesse período, muitas teorias socialistas novas e alternativas foram
elaboradas, destacando-se a grande síntese da crítica de Marx à Economia
Política Clássica.
Embora Marx reconhecesse os méritos científicos dos grandes economistas
clássicos ingleses, considerava a economia política clássica como uma
expressão teórica da burguesia no período em que o capitalismo se
afirmava.
 
Fonte: Shutterstock
 Karl Marx
Marx desenvolveu sua teoria com forte ênfase no conflito de classes,
acusando a burguesia de cooptar as necessidades de toda a sociedade
para combater a aristocracia e, depois, estabelecer-se como classe
dominante, apresentando seus interesses próprios como coletivos e o
espírito da acumulação privada de capital como instrumento para fazer
crescer a riqueza nacional.
Segundo a crítica de Marx, o sistema teórico clássico se baseou na análise
de classe sociais, até que essa análise deixasse de ser útil, ou seja, quando
a burguesia alcançasse o poder ― momento em que as teorias de harmonia
de interesses e de fatores produtivos se tornaram mais úteis. Nesse sentido,
a herança científica da economia política clássica estava comprometida e
deveria passar, agora, aos economistas socialistas.
Marx buscou identificar os limites da economia política clássica, a fim de
criticá-la. Ele diferiu desse grupo de economistas quanto ao pano de fundo
filosófico: Marx não era utilitário, empirista ou baseado em leis naturais da
Filosofia.
Dentre as críticas feitas por Marx aos economistas clássicos, três se
sobressaíram, listando a incapacidade dos clássicos de:
1
Explicar a natureza do lucro e do capital.
2
Reconhecer o caráter histórico do capitalismo.
3
Reconhecer o caráter exploratório do modo de produção capitalista ― o que
os levou a focar sua atenção nas relações de troca em vez da produção.
REVOLUÇÃO MARGINALISTA OU
UTILITARISTA
O final do século XIX testemunhou o nascimento da teoria microeconômica
moderna. Essa época foi marcada pela elaboração de um conjunto de
ferramentas analíticas que transformaram a economia clássica em
neoclássica.
A análise marginal, hoje presente nos livros-texto de Microeconomia, pode
ser considerada a mais importante dessas ferramentas. A Matemática foi
incorporada de maneira definitiva na análise econômica.
 ATENÇÃO
Jevons, Menger e Walras são alguns dos principais nomes associados a
essa mudança radical na forma de conceber a teoria econômica.
À medida em que a teoria marginalista se desenvolveu, a estrutura da teoria
econômica se modificou, de modo a elaborar um sistema muito diferente do
exposto pela economia clássica.
O interesse no crescimento econômico dos economistas clássicos deu lugar
ao interesse na alocação dos recursos.O centro do sistema neoclássico
girava em torno do problema da alocação de recursos escassos, dados
os seus possíveis usos alternativos.
Os marginalistas aceitavam a abordagem utilitarista e, a partir dela,
reformularam a análise do comportamento humano, que foi construído a
partir de cálculos racionais, visando à maximização da utilidade individual.
Isso revela outra face distinta da abordagem neoclássica!
A mudança no agente econômico como objeto de análise. Os clássicos
tinham como objeto principal agentes econômicos coletivos, como as
classes sociais e o governo. Os marginalistas, por sua vez, se
concentravam em agregados sociais mínimos: a unidade tomadora de
decisão, como consumidores, famílias ou firmas.
ORTODOXIA NEOCLÁSSICA
A revolução marginalista se espalhou pelo mundo ocidental, impactando
significativamente o pensamento econômico. No contexto político-
econômico, a Europa Ocidental experimentava um momento de
desenvolvimento industrial e capitalista. Em conjunto, esses fatores
estabeleceram as bases para a economia neoclássica.
Alfred Marshall foi um matemático que ofereceu uma enorme contribuição
ao pensamento econômico com a publicação de seu livro Princípios de
Economia (1890). Sua obra pode ser entendida como uma reformulação
geral da teoria econômica produzida até então, sintetizando a análise
clássica e a abordagem marginalista de custo e utilidade, elaborando um
mecanismo de análise econômica.
Uma de suas principais contribuições ao campo foi sua análise de
equilíbrio parcial, que conseguiu unir várias partes da teoria econômica,
até então analisadas separadamente.
Marshall fez a importante distinção entre os períodos da economia,
diferenciando o curto do longo prazo. Ele introduziu e aprimorou uma série
de conceitos que são utilizados na análise econômica, desde propriedades
da curva de demanda, distinção de retornos crescentes e decrescentes,
e maximização do bem-estar – temas abordados até hoje em cursos de
Economia.
 
Fonte: Shutterstock
 Alfred Marshall
 VOCÊ SABIA
O americano Irving Fisher também utilizou a Matemática de forma extensiva
em sua análise econômica. No entanto, seu trabalho estava voltado para a
Macroeconomia. Ele propôs a versão mais conhecida da equação
quantitativa da moeda, e sua contribuição central para a teoria econômica
foi a teoria sobre juros – há até uma Equação de Fisher, batizada em sua
homenagem.
No vídeo a seguir, abordaremos aspectos essenciais sobre AS
TRANSFORMAÇÕES DA REVOLUÇÃO MARGINALISTA E DA
ORTODOXIA NEOCLÁSSICA PARA A ECONOMIA
ECONOMIA KEYNESIANA
A Primeira Guerra Mundial foi um conflito de dimensões até então
desconhecidas pela humanidade. Na esfera econômica, seus impactos
envolveram a interrupção do comércio e de pagamentos internacionais, e
levaram governos a realizar intervenções econômicas até então
inimagináveis. Foi feita uma produção de larga escala para atender
necessidades de guerra, gerando enormes dívidas nacionais.
O grau de profundidade das crises vivenciadas no período entre guerras
não tinha precedentes. Eclodiu a crise econômica de 1929. O desemprego
atingiu níveis recordes e se tornou persistente. O descontentamento social
não tardou a aparecer, e a tradição clássica ortodoxa de pensamento
econômico não estava preparada para lidar com essa situação.
O pensamento neoclássico havia se estruturado em torno da Lei de Say,
que previa que o pleno emprego era o estado normal de funcionamento da
economia. Se houvesse um afastamento do nível de emprego considerado
normal, não seria de grande magnitude, e o próprio sistema econômico
providenciaria uma resposta que faria o emprego retornar ao seu nível
normal.
No entanto, a realidade parecia bastante distante do que previa o
pensamento econômico. Não apenas a ociosidade na força de trabalho e da
capacidade da indústria alcançaram proporções incomuns, como também
havia poucos indícios de que a situação estava caminhando para se corrigir.
Apesar da enorme distância entre as premissas neoclássicas e os eventos
do mundo real, os economistas neoclássicos ofereciam uma justificativa
para essas supostas anormalidades no funcionamento da economia. A
persistência dos altos níveis de desemprego poderia ser explicada pela
rigidez no sistema econômico, que paralisava o mecanismo de ajuste
natural.
Segundo eles, a inflexibilidade dos salários, causada, principalmente, pela
estrita adesão ao salário mínimo por influência dos sindicatos, não permitia
que a economia seguisse sua trajetória natural. Do contrário, se os salários
baixassem, empregadores contratariam mais trabalhadores, e a economia
voltaria ao nível de pleno emprego.
No início do século XX, a análise econômica retomou o interesse dos
economistas clássicos em economia agregada, ou seja, nas teorias
macroeconômica e monetária.
John Maynard Keynes, um economista britânico, revolucionou as esferas
acadêmica e política com as ideias que propôs em seu livro A Teoria Geral
do Emprego, do Juro e da Moeda. O pensamento keynesiano, com ênfase
na política fiscal, foi tão influente que dominou a política econômica dos
EUA e de diversas outras nações ocidentais do período.
De certa forma, as ideias de Keynes se assemelham em vários aspectos às
escolas que antecederam os economistas clássicos – a mercantilista e a
fisiocrata. A ideia de que a poupança tende a causar baixo consumo e
depressão econômica, interrompendo o fluxo circular da renda, já havia sido
apontada por economistas anteriores a Adam Smith e seus seguidores.
Keynes também rompeu com a escola clássica em sua descrença na Lei de
Say: à diferença dos clássicos, ele não acreditava que a oferta cria sua
própria demanda.
Dentre as principais ideias expressas em sua Teoria Geral, estão:
1
A teoria da preferência pela liquidez ― que ofereceu uma explicação para
os determinantes da taxa de juros sob a ótica do mercado de moeda.
2
A teoria da demanda efetiva.
3
A noção de um efeito multiplicador na economia ― devido ao componente
do consumo na renda.
4
A relação entre poupança e investimento.
Boa parte desses conceitos está presente nos cursos contemporâneos de
Macroeconomia.
As ideias desenvolvidas por Keynes representaram uma mudança na meta
da política pública: de estabilização dos preços para manutenção do nível
de renda e emprego em valores altos.
ECONOMIA DEPOIS DE KEYNES
Entre as décadas de 1940 e 1970, muitos economistas aprimoraram as
ideias de Keynes, enquanto alguns se opuseram a elas.
A influência mais importante do trabalho de Keynes foi sua incorporação em
forma de síntese na estrutura geral de princípios econômicos aceitos. Uma
das maiores contribuições nesse aspecto foi o livro Fundamentos da Análise
Econômica (1947), de Paul Samuelson. Essa obra explicava as ideias e os
princípios do pensamento econômico em conjunto com os princípios
ortodoxos dos economistas neoclássicos.
Outros, no entanto, discordavam de Keynes, como Milton Friedman, um
grande defensor da eficiência dos mercados e da interferência mínima dos
governos. Uma de suas maiores contribuições para a economia foi sua
teoria da renda permanente.
No período subsequente, durante as décadas de 1970 e 1980, outras
teorias ganharam força: a teoria das expectativas racionais, de Robert
Lucas, e as ideias da economia pelo lado da oferta. Ambas as teorias se
utilizam das premissas neoclássicas básicas e desafiam as proposições
teóricas da economia keynesiana.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. SOBRE A ECONOMIA POLÍTICA CLÁSSICA, É FALSO AFIRMAR
QUE:
A) A teoria clássica contrasta fortemente com as tendências anteriores do
pensamento econômico.
B) Adam Smith foi o primeiro a escrever um livro sobre teoria econômica.
C) David Ricardo acrescentou à teoria econômica a noção de que há
ganhos na troca internacional para as duas partes que estão
comercializando, mesmo que uma seja mais competitiva que a outra.
D) Foi neste período que as noções de utilitarismo começaram a serdesenvolvidas.
2. SOBRE A ECONOMIA KEYNESIANA, PODEMOS AFIRMAR QUE:
A) As ideias de Keynes se assemelham às ideias dos economistas
clássicos.
B) Keynes concordava com a lei de Say.
C) As ideias de Keynes, com ênfase em política fiscal, surgiram em um
contexto no qual a realidade parecia bastante distante do que previa o
pensamento econômico.
D) O pensamento de Keynes representou uma mudança na meta da política
pública de estabilização do emprego para uma política de estabilização dos
preços.
GABARITO
1. Sobre a economia política clássica, é falso afirmar que:
A alternativa "B " está correta.
Vamos analisar as alternativas:
A) Verdadeira
A visão clássica de um sistema econômico harmonioso destoa das crenças
mercantilistas e escolásticas de que o mercado é caracterizado por
desequilíbrios que exigem intervenções e restrições. Essa visão otimista do
funcionamento dos mercados é um dos principais traços do pensamento
clássico.
B) Falsa
Outros antes de Adam Smith desenvolveram ideias econômicas em forma
de livro, como, por exemplo, Quesnay com seu Tableau Economique. O
diferencial de Smith em relação aos demais autores que lhe antecederam, e
que o faz ser considerado “o pai da Economia Moderna”, foi o fato de que
ele se empenhou em construir sua teoria de forma sistemática.
C) Verdadeira
Essa ideia foi aprimorada posteriormente por John Stuart Mill sob a forma
de vantagens comparativas.
D) Verdadeira
Jeremy Bentham e John Stuart Mill foram alguns dos filósofos a desenvolver
esse conceito, posteriormente incorporado à Microeconomia pelos
marginalistas.
2. Sobre a economia keynesiana, podemos afirmar que:
A alternativa "C " está correta.
Vamos analisar as alternativas:
A) A alternativa está incorreta. As ideias de Keynes rejeitavam a economia
política clássica de não intervenção do Estado na economia e se
assemelhavam em vários aspectos às escolas que o antecederam.
B) A alternativa está incorreta. O economista britânico rejeitava a ideia de
que a oferta cria sua própria demanda.
C) A alternativa está correta. O pensamento de Keynes foi tão influente no
contexto entre guerras que dominou a política econômica dos EUA e de
diversas outras nações ocidentais do período.
D) A alternativa está incorreta. Suas ideias representaram justamente uma
mudança no sentido contrário: a meta da política pública mudou de
estabilização dos preços para estabilização do nível de renda e emprego
em valores altos.
MÓDULO 3
 Descrever a agenda de pesquisa econômica atual
CAMINHOS DA PROFISSÃO DE
ECONOMISTA
Para onde vamos e para onde caminhamos: o que tem sido feito na
profissão de economista?
Como vimos ao longo deste tema, a Economia como ciência teve sua
origem há muitos séculos. Ao longo dessa trajetória, passou por
transformações em seu objeto de análise, método e abordagem teórica,
sendo diretamente influenciada pelos contextos sociais e políticos da época
em que seus teóricos viveram.
Mais recentemente, no século XX, a Economia consolidou o ferramental
matemático como instrumento de análise, que a distingue das demais
Ciências Sociais, subdividindo-se em duas grandes áreas: Macroeconomia
e Microeconomia.
Mas, e hoje, como está a ciência econômica?
Ela tem o mesmo enfoque e os mesmos métodos de antigamente?
Quais campos têm sido estudados pela Economia, e o que tem sido
pesquisado?
Pensando em todas essas questões, vamos apresentar algumas áreas da
Economia que não são tão conhecidas fora da profissão. Citaremos também
alguns grandes economistas dos últimos tempos.
Ao longo dos anos, conforme a ciência econômica foi se desenvolvendo,
novas áreas foram surgindo, principalmente na Economia Aplicada.
Os economistas, em vez de focarem nas relações econômicas tradicionais
como objeto de estudo, passaram a aplicar as teorias desenvolvidas e o
ferramental econômico em outras áreas, como educação, saúde,
desenvolvimento, política e meio ambiente.
Essas novas áreas de pesquisa, muitas vezes, deixam de fazer uma clara
distinção entre Macro e Microeconomia, juntando, inclusive, algumas das
áreas citadas acima, como veremos.
TEORIA DOS JOGOS
Como vimos ao longo dos módulos anteriores, a ciência econômica busca
analisar as decisões individuais, e como indivíduos tomam decisões ótimas.
O campo da Teoria dos Jogos tem como interesse situações em que os
indivíduos se comportam estrategicamente, isto é, como os indivíduos vão
realizar escolhas quando as escolhas dos outros interferem no resultado.
Um dos exemplos clássicos é o famoso dilema dos prisioneiros.
Dois criminosos foram presos pela polícia, que os interroga em salas
separadas. Caso apenas um dos criminosos confesse individualmente, o
confessante é libertado imediatamente pela sua colaboração, e o outro tem
uma pena maior (três anos de prisão). Caso ambos confessem, eles são
condenados a uma pena igual: dois anos de prisão. Se nenhum dos dois
confessar, eles receberão apenas uma pena por um crime menor (um ano
de prisão).
Qual será a decisão individual? Qual será o resultado? Claramente, a ação
de um dos criminosos influencia no resultado do outro.
Os pioneiros da área são os matemáticos John Von Neumann, John Nash
e o economista Oskar Morgenstern.
O desenvolvimento da Teoria dos Jogos foi uma revolução em Economia,
embora a área seja considerada nova, ao abordar problemas cruciais por
meio de modelos matemáticos.
Por exemplo, a Economia Neoclássica tinha grande dificuldade em lidar
com a competição imperfeita, como oligopólios. Com o crescimento da
Teoria dos Jogos, foi possível modelar o comportamento competitivo dos
agentes.
Além disso, a Teoria dos Jogos tem uma vasta gama de aplicações, sendo
usada em Economia, Psicologia, Biologia Evolucionária, Guerras e Política.
JOHN NASH (1928-2015)
Ganhador do Prêmio Nobel de Economia em 1994 pelo que ficou
conhecido como Equilíbrio de Nash: uma situação que, se alcançada,
faz com que nenhum agente veja vantagem em alterar individualmente
seu comportamento.
javascript:void(0)
 
Fonte: Shutterstock
ECONOMIA POLÍTICA
Como vimos no Módulo 2, a Economia Política enquanto campo de estudo
é antiga. Contudo, a atividade de sua vertente contemporânea é bem
distinta da de antigamente. Hoje, a pesquisa estuda escolhas de políticas
públicas como são realizadas por políticos, que, por sua vez, são escolhidos
por eleitores que compõem uma sociedade (democrática ou não).
Uma de suas grandes contribuições foi mostrar que (para explicar
resultados econômicos, ou seja, porque alguns países são pobres e outros
ricos, ou por que imigrantes têm sucesso em alguns lugares, e não em
outros) é preciso olhar além de preços e renda, analisando, também, a
História e a Sociologia.
Um dos fundadores da área como a conhecemos hoje é o italiano Alberto
Alesina.
 
Fonte: Shutterstock
 Alberto Alesina
Em seus trabalhos, ele atentou para os seguintes aspectos:
O fato de que ciclos eleitorais podem gerar comportamento cíclico na
atividade econômica.

Como fatores políticos levavam a um acúmulo de dívida pública maior do
que o socialmente desejável.

Como a independência dos bancos centrais em relação a pressões políticas
era um fator preponderante para a estabilidade macroeconômica.
Alesina estabeleceu como a desigualdade de renda poderia ser prejudicial
ao crescimento econômico, ao desencadear conflitos políticos
redistributivos, e trouxe o estudo da cultura como um grande determinante
de resultados políticos e econômicos.
Segundo ele, as mesmas variáveis culturais, sociológicas e históricas que
influenciam nas escolhas de determinadas formas de instituições podem
estar correlacionadas com a política fiscal. Perguntas como o motivo de os
EUA gastarem pouco com bem-estar em comparação à Europa podem ter
suas respostas em questões culturais.
 VOCÊ SABIA
Assim como Alesina, dois outros italianos, Persson e Tabellini, contribuíram
consideravelmente para a área. Eles combinaram o melhor de três
diferentesáreas ― teoria macroeconômica, escolha pública e escolha
racional ― para sugerir uma abordagem unificada em economia política..
Assim como em Macroeconomia Moderna, indivíduos se comportam de
forma racional, e suas preferências sobre os resultados econômicos
induzem suas preferências acerca de políticas.
Já em escolha pública, a delegação de decisões políticas para
representantes políticos pode resultar em problemas de agência entre
políticos e eleitores.
Problemas de agência são situações em que uma ação é delegada de um
agente para o outro. Em geral, esses agentes possuem objetivos
conflitantes, de forma que o resultado ótimo para um não é desejável para
outro.
 EXEMPLO
Por exemplo, existem um fazendeiro e um agricultor que trabalha em sua
fazenda. O objetivo do fazendeiro é maximizar seu lucro, enquanto o
objetivo do agricultor é maximizar seu bem-estar. Nesse cenário, em que o
fazendeiro delega o cuidado da plantação para o agricultor, o resultado do
lucro dependerá do esforço do agricultor.
Na ausência de mecanismos que incentivem o agricultor a se esforçar,
buscando a maximização de lucro, o resultado final não será a maximização
esperada pelo fazendeiro. Na política, isso também ocorre, uma vez que o
incentivo dos políticos difere do incentivo dos eleitores.
Por fim, como na escolha racional, as instituições políticas moldam os
processos pelos quais os políticos são eleitos e as políticas públicas são
executadas.
ECONOMIA COMPORTAMENTAL
Como vimos no Módulo 2, os economistas clássicos introduziram a noção
de que interesses individuais racionais importam.
A teoria contemporânea pressupõe que indivíduos são racionais e tomam
decisões com base nas informações disponíveis, fazendo as escolhas que
geram maiores ganhos com base em alguma medida de benefício.
Partindo desse entendimento, um consumidor não vai comprar dois pares
de sapatos quando precisa apenas de um. Também é razoável supor que as
pessoas vão economizar ao longo de suas vidas para garantir uma
aposentadoria, enquanto pessoas endividadas cortariam seus gastos em
vez de parcelar uma nova televisão no cartão de crédito. Entretanto, se
somos realmente racionais, por que tantas pessoas fazem o oposto do que
a teoria supõe?
 SAIBA MAIS
Richard Thaler, um economista norte-americano, e Daniel Kahneman,
psicólogo israelense, foram pioneiros em unir a economia à psicologia,
criando e desenvolvendo o campo da Economia Comportamental. Ambos
foram premiados com o Nobel pelas suas contribuições.
A premissa básica é que os seres humanos nem sempre são racionais.
Muitas vezes, suas escolhas podem ser baseadas em questões subjetivas e
culturais, que, em alguns momentos, pesam mais que a racionalidade. Isso
não significa que a Economia Comportamental abandona por completo a
noção de racionalidade – apenas incorpora ao processo de tomada de
decisão outros fatores antes desconsiderados.
A Economia Comportamental tenta explicar por que as pessoas não
economizam para a aposentadoria, priorizando o consumo no presente.
Isso ocorre porque o prazer presente é mais próximo e mais palpável do
que o possível sofrimento em um tempo futuro e distante.
Thaler explica também o comportamento de manada nos mercados
financeiros: quando o mercado está em alta, mais pessoas decidem investir
nas ações, o que decorre de um pensamento irracional de que os preços
vão subir amanhã porque estão subindo hoje.
Outro aspecto da economia comportamental é o nudge, uma espécie de
"empurrãozinho" que pode influenciar o processo de tomada de decisão de
um indivíduo. É mais provável que as pessoas escolham uma opção
específica se ela for a opção padrão.
No preenchimento de cadastros, por exemplo, as pessoas estão mais
inclinadas a receber e-mails de promoções, se essa for a opção padrão,
devendo clicar no botão de que não desejam estar na lista desses e-mails
para desativar o recebimento, do que se necessitarem clicar em um botão
afirmando que desejam estar nessa lista. Em outras palavras, as pessoas
tendem a aceitar a opção que lhes é oferecida, e não arcar com os custos
psicológicos da escolha.
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
A Economia do Desenvolvimento estuda o processo de desenvolvimento
dos países de baixa renda. Como o processo de desenvolvimento
econômico é amplo e complexo, essa área cobre diversos outros campos
que afetam o crescimento social e econômico dos países.
Nesse sentido, foca não somente em métodos que promovam o
crescimento econômico e nas mudanças estruturais, mas também na
melhora de aspectos que envolvam a população, como condições de saúde,
educação e trabalho.
O crescimento econômico, em particular, é investigado há muitos anos
pelos economistas, como vimos no módulo anterior, de História do
Pensamento Econômico. Como a Economia, contudo, essa área passou por
diversas transformações até se tornar o que é hoje.
Os neoclássicos propuseram alguns modelos de desenvolvimento
econômico que, frequentemente, são vistos nos cursos de Macroeconomia
e desenvolvimento de um currículo de graduação em Economia.
Com o passar dos anos, esses modelos foram ficando cada vez mais
sofisticados, incorporando mais elementos e variáveis determinantes do
crescimento econômico, visando torná-los mais próximos da realidade.
 SAIBA MAIS
Alguns dos economistas mais importantes a elaborar modelos de
desenvolvimento são: Roy Harrod, Evsey Domar, Robert Solow e Paul
Romer.
Características como crescimento populacional, progresso tecnológico,
capital humano, e até o papel e a qualidade das instituições foram, pouco a
pouco, sendo incorporadas nas equações.
Daron Acemoglu e James Robinson são dois economistas contemporâneos
que mostraram evidências empíricas robustas sustentando a tese do papel
desempenhado pelas instituições no desenvolvimento econômico, com
ênfase nos direitos de propriedade.
Outros economistas apontam, entre outros tantos fatores institucionais que
impactam o crescimento, para:
A importância da organização dos sistemas financeiros nacionais;
O desenho de Constituições;
O tipo de regime de um país (democrático ou autoritário);
O grau de liberalização comercial de um país.
O grande desafio da área é a dupla causalidade que esses fatores
costumam apresentam com o crescimento econômico. Nesse caso, é difícil
responder:
Instituições melhores levam a mais crescimento econômico, ou países que
têm mais crescimento econômico estabelecem melhores instituições?
Outra camada do desenvolvimento econômico ― talvez a mais desafiadora
― é a do impacto das culturas e das crenças no crescimento. Nesse caso, o
obstáculo é que crenças e costumes são elementos muito difíceis de serem
medidos e capturados pelos dados, mas isso não significa que devam ser
ignorados.
A literatura econômica vem desenvolvendo muitos estudos nessa área na
última década, mostrando como normas sociais, crenças individuais e
coletivas influenciam as preferências dos indivíduos, e que essas normas
variam lentamente ao longo do tempo.
ECONOMIA DA POBREZA
Outro campo que se propôs a investigar a economia de baixa renda é o de
Economia da Pobreza.
 SAIBA MAIS
Os laureados com o Prêmio Nobel de Economia de 2019, Michael Kremer,
Esther Duflo e Abhijit Banerjee, fizeram contribuições com uma abordagem
experimental para aliviar a pobreza global.
Os três economistas publicaram uma série de artigos, muitas vezes em
conjunto, utilizando um método bastante empregado na Medicina: os
Randomized Controled Trials (RCTs), ou Estudos Aleatorizados
Controlados. De forma resumida, essa abordagem experimental consiste
em dividir a população de um estudo em grupos aleatorizados de controle e
tratamento para testar a efetividade de determinada política.
Os autores realizaram uma série de estudos desse tipo, desenvolvendo
uma ferramenta muito poderosa para testar intervenções que podem reduzir
a pobreza. Essas intervenções variam desde a realização de tutorias
corretivos nas escolas, passandopelo fornecimento de redes contra
mosquitos para famílias, de modo a prevenir doenças, até políticas de
microcrédito.
 
Fonte: Shutterstock
O sucesso dessa abordagem influenciou consideravelmente a forma
de avaliar políticas de nossa geração. Embora não apontem um amplo
conjunto de conclusões, esses estudos permitem tirar lições simples, mas
poderosas, com grandes efeitos para a erradicação da pobreza.
Outra vantagem é que, pelo fato de serem estudos controlados, há a
possibilidade de verificar possíveis efeitos colaterais não antecipados,
colocando na balança, ao final dos experimentos, os benefícios e os custos
não antecipados das intervenções.
ECONOMIA DA DESIGUALDADE
A desigualdade econômica é um tópico de interesse e preocupação de
cientistas sociais. Existe uma grande variedade de tipos de desigualdade
econômica, muitas vezes medida na forma de distribuição de renda ou de
riqueza. Também pode ser avaliada como desigualdade entre países,
regiões ou grupos de pessoas.
A lista de pessoas que já estudou esse tópico é extensa.
O economista francês Thomas Piketty escreveu o livro O Capital no Século
XXI (2013), sobre o crescimento da desigualdade da riqueza mundial. A
obra causou rebuliço no meio acadêmico ao trazer à tona o debate sobre
taxação progressiva e tributação da riqueza global como único caminho
eficiente para combater a concentração da renda, que, segundo o autor,
seria consequência inevitável do capitalismo.
Documentando com dados detalhados a evolução histórica da concentração
da renda e da riqueza, Piketty desenvolve uma grande teoria do capital e da
desigualdade. Alguns autores já desenvolveram estudos rebatendo suas
conclusões, mas o debate ainda está em desenvolvimento.
ECONOMIA DA SAÚDE E DA
EDUCAÇÃO
A Economia da Saúde é uma área de estudo aplicado que permite uma
análise rigorosa e sistemática dos problemas enfrentados na promoção de
saúde para todos.
Economistas da saúde utilizam como ferramental as teorias do consumidor,
do produtor e da escolha social para entender o comportamento dos
indivíduos, dos provedores de saúde e de organizações públicas e privadas.
Um dos muitos exemplos estudados pelos economistas da saúde envolve
perguntas como: “Transferências governamentais durante a gravidez
melhoram a saúde da criança ao nascer?”.
A Economia da Educação é a área que estuda questões relacionadas à
Educação, sejam elas de demanda pela mesma, seu financiamento e sua
provisão, ou relacionadas à eficiência comparativa entre diferentes
programas e políticas.
Uma pergunta que os economistas da Educação se preocupam em
responder é:
“Há uma relação entre escolaridade e resultados no mercado de trabalho?”
Como estudamos no Módulo 1, o programa Renda Melhor Jovem era
um exemplo de política pública que aplicava o conceito de custo de
oportunidade. Será que essa política foi eficaz, fazendo com que os jovens
permanecessem mais tempo na escola para, no futuro, terem um salário
melhor no mercado de trabalho? Questões assim também fazem parte das
preocupações da área.
OUTRAS ÁREAS VOLTADAS À
ECONOMIA
Listamos aqui uma série de áreas nas quais a literatura econômica tem
apresentado terreno fértil e se expandido nas últimas décadas.
Existem muitos outros campos que um economista pode estudar e nos
quais pode atuar, o que é uma das grandes vantagens da profissão.
Campos mais clássicos como Macroeconomia e Microeconomia seguem
igualmente trazendo novidades.
A Economia do Trabalho, por exemplo, procura entender o funcionamento
e a dinâmica dos mercados de trabalho assalariado.
A Economia Ambiental dedica-se a estudar a escassez dos recursos
ambientais, propondo minimizar o impacto causado no meio ambiente e nos
ecossistemas.
A Economia do Crime ― área relativamente nova ― usa o raciocínio
econômico para explicar a tomada de decisões em condutas ilícitas.
A Econometria desenvolve um ferramental mais aplicado do que diversas
áreas e pesquisas citadas aqui. Sendo assim, a gama de possibilidades é
praticamente infinita.
 ATENÇÃO
Na seção Explore +, sugerimos algumas fontes de conhecimento que
possibilitam maior aprofundamento sobre o que tem sido feito na área nos
últimos anos.
Para encerrar esta etapa de seu aprendizado, assista ao vídeo que
abordará as TEORIAS ECONÔMICAS QUE DESCREVEM E
TRANSFORMAM SOCIEDADES.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. SOBRE A ÁREA DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO, NÃO
PODEMOS AFIRMAR QUE:
A) Os modelos econômicos de desenvolvimento modernos incorporam
variáveis como crescimento populacional, progresso tecnológico e capital
humano.
B) Não há evidências empíricas de que instituições afetam o
desenvolvimento econômico, pois é o crescimento econômico que
determina boas instituições.
C) A forma de organização dos sistemas financeiros nacionais, o desenho
de constituições, o tipo de regime de um país e seu grau de liberalização
comercial influenciam no desenvolvimento econômico dos países.
D) Um dos obstáculos para determinar se cultura e crenças afetam o
crescimento econômico é o fato de essas variáveis serem difíceis de ser
mensuradas e capturadas pelos dados.
2. SEGUNDO A ECONOMIA COMPORTAMENTAL, PODEMOS AFIRMAR
QUE:
A) A racionalidade humana está sempre acima de questões subjetivas e
culturais.
B) A Economia Comportamental não faz distinção entre os comportamentos
presente e futuro.
C) A Economia Comportamental postula que não há custos psicológicos na
escolha.
D) A Economia Comportamental busca explicar por que os indivíduos
tomam decisões aparentemente irracionais, unindo Economia à Psicologia.
GABARITO
1. Sobre a área de desenvolvimento econômico, não podemos afirmar
que:
A alternativa "B " está correta.
Vamos analisar as alternativas:
A) Verdadeira
A preocupação de que os parâmetros e dados inseridos no modelo
explicassem a realidade levou os economistas a elaborarem modelos de
desenvolvimento cada vez mais sofisticados.
B) Falsa
Embora exista um problema de dupla causalidade que dificulte determinar
se instituições afetam o crescimento econômico, Daron Acemoglu e James
Robinson apresentaram evidências empíricas de que as instituições
desempenham função importante no desenvolvimento econômico.
C) Verdadeira
Economistas contemporâneos desenvolveram trabalhos apontando para
evidências empíricas nesse sentido.
D) Verdadeira
A literatura econômica tem apresentado importantes contribuições na área
nas últimas décadas.
2. Segundo a Economia Comportamental, podemos afirmar que:
A alternativa "D " está correta.
Vamos analisar as alternativas:
A) A alternativa está incorreta. Às vezes, escolhas podem ser baseadas em
questões subjetivas que pesam mais que a racionalidade econômica.
B) A alternativa está incorreta. Em determinadas situações, sentir-se bem
no presente é melhor do que sofrer no futuro.
C) A alternativa está incorreta. A Economia Comportamental supõe que as
pessoas tendem a aceitar a opção que lhes é dada, e não arcar com os
custos psicológicos da escolha.
D) A alternativa está correta. A premissa básica da Economia
Comportamental é que os seres humanos nem sempre são racionais.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste tema, estudamos alguns conceitos básicos de Ciências Econômicas.
Além disso, vimos como essa ciência evoluiu ao longo do tempo e que
caminhos está trilhando neste momento.
Vimos, também, os diversos objetos de estudo da Economia, que, afinal,
busca responder como alocar recursos da melhor forma possível. Essa é a
régua para determinar se a profissão é bem-sucedida: devemos contribuir
para a melhor alocação possível dos recursos que temos à nossa
disposição. Assim, teremos mais desenvolvimento, menos pobreza e
desigualdade, e melhores políticas públicas para a sociedade.
REFERÊNCIAS
CAMPANTE, F. A ciência da Economia Política: o legado de Alberto
Alesina. Nexo Jornal, 2020.
GOVERNO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. Renda Melhor Jovem.
2014.
KRUGMAN, P.; WELLS, R. Introdução à Economia. 2. ed. Rio de Janeiro:

Outros materiais