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Fundamentos de economia 2

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DEFINIÇÃO
Preferências e escolhas do consumidor. Insumos e custos do produtor. Mercados de competição perfeita. Método da
escolha ótima de consumo do consumidor para diferentes tipos de preferência de acordo com a sua renda. Produto
ótimo da firma em um mercado perfeitamente competitivo. Conceitos atrelados a esses métodos e suas definições. 
PROPÓSITO
Compreender as escolhas de consumo e produção de consumidores e firmas para o estudo da determinação das curvas
de oferta e demanda dos diferentes mercados, assim como o processo de formação de preços e as diferentes dinâmicas
de variação na renda, no preço de bens e no custo de insumos. 
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Identificar a escolha ótima de um consumidor racional a partir de suas preferências e renda 
MÓDULO 2
Reconhecer as curvas de indiferença e suas propriedades 
MÓDULO 3
Distinguir os tipos de custo da firma e suas aplicações 
MÓDULO 4
Demonstrar a quantidade de produto para a maximização do lucro do produtor 
INTRODUÇÃO
Pessoas se deparam todos os dias com escolhas sobre o gasto da sua renda em bens e serviços.
Quando vão a uma pizzaria, por exemplo, elas devem decidir quantos pedaços querem comer e o quanto estão
dispostas a pagar por uma fatia de pizza ou por toda a iguaria. Mesmo num rodízio, em que o preço é fixo e uma fatia
extra não tem custo, os fregueses precisam escolher se vale a pena comer mais um pedaço ou se eles estão satisfeitos.
Afinal, depois de certa quantidade ingerida, comer mais pode despertar náuseas ou enjoo; nestes casos, a satisfação
com a comida diminui ao invés de aumentar.
Podemos então afirmar que um cliente quer tirar o máximo de satisfação de sua refeição dada a sua disposição de
pagar por ela. Mas como se mede o nível máximo de satisfação dos consumidores? Não é tudo uma questão pessoal de
gosto?
Sim, é uma questão de gosto – e talvez seja o papel da psicologia (e não da economia) tentar compreender como ele
surge. No entanto, os economistas podem dizer muito sobre como um indivíduo racional se comporta para satisfazer
esses gostos pessoais. Nosso tema gira em torno desse tópico. 
 
Fonte: Shutterstock
 Fonte: Shutterstock.
MÓDULO 1
 Identificar a escolha ótima de um consumidor racional a partir de suas
preferências e renda 
UTILIDADE E CONSUMO 
Quando se fala sobre o comportamento do consumidor, não é uma tarefa trivial medir o sentimento subjetivo de
satisfação gerado ao consumir uma pizza ou um refrigerante. Muito menos trivial se mostra a comparação da sua
satisfação com a de outros indivíduos. Felizmente, isso não é necessário. 
Para analisarmos esse comportamento, só precisamos supor que cada pessoa busca maximizar alguma medida própria
de satisfação obtida por meio do consumo de bens e serviços. A essa medida damos o nome de utilidade do
consumidor.
Trata-se de um conceito utilizado pelos economistas para compreender o comportamento de escolha, cujo valor, na
prática, sequer precisa ser medido. A utilidade do consumidor depende de tudo aquilo que um indivíduo consome. O
conjunto de bens e serviços consumidos é chamado de cesta de consumo. 
 EXEMPLO
Duas fatias de pizza e um refrigerante podem constituir uma cesta de consumo, enquanto três fatias e nenhum
refrigerante podem ser outra.
Existe uma relação entre as cestas de consumo individuais possíveis e o montante total de utilidade gerado por elas.
Essa relação é conhecida como função utilidade. Ela varia em cada indivíduo, pois se revela uma questão pessoal e
subjetiva. 
Evidentemente, as pessoas não possuem calculadoras em suas cabeças para medir exatamente o quanto de utilidade
suas escolhas de consumo irão gerar. Porém, ainda que de forma grosseira, elas tomam decisões partindo do princípio
de qual escolha irá lhes trazer mais satisfação. 
 EXEMPLO
O que me faz mais feliz: viajar no feriado ou comprar um videogame novo?
Para medir essa utilidade, podemos supor – a fim de simplificar o processo – que ela possa ser mensurada com uma
unidade hipotética denominada util. Ilustrando um exemplo de função utilidade, a figura a seguir mostra a utilidade total
que Júlia obtém ao comer (sem nenhum custo) salgadinhos numa festa: 
 
Fonte: A autora
A função utilidade de Júlia indica uma inclinação positiva em sua maior parte, mas, à medida que o número de
salgadinhos consumidos aumenta, ela se torna mais achatada. Isso significa que uma iguaria a mais traz mais utilidade
até certo ponto, ou seja, o valor dela diminui quando mais unidades são consumidas. 
A partir do décimo salgadinho, adicionar um a mais demonstra ser algo ruim para Júlia, piorando a sua situação. Se for
racional, ela perceberá isso e não consumirá o décimo primeiro. Desse modo, quando Júlia for decidir sobre o número
de iguarias a ser consumido, ela tomará essa decisão considerando a mudança na sua utilidade total proveniente do
consumo de mais um salgadinho. 
 
Fonte: Shutterstock
 Fonte: Shutterstock.
Isso revela a seguinte ideia geral: para maximizar sua utilidade total, o consumidor precisa se concentrar na utilidade
marginal, ou seja, a utilidade de se consumir um pouco a mais, como, por exemplo, um salgadinho adicional. 
UTILIDADE MARGINAL DECRESCENTE 
O gráfico anterior também mostra a utilidade marginal gerada para Júlia ao consumir uma unidade de salgadinho
adicional. O painel (b) indica a curva de utilidade marginal implícita construída a partir da variação de utilidade gerada
por intervalos unitários. 
A curva de utilidade marginal, por sua vez, tem inclinação negativa: cada salgadinho a mais acrescenta menos valor em
utilidade que o anterior. A própria figura informa isto: enquanto o primeiro salgadinho rende 15 utils, o décimo oferece
-1,5 utils. Trata-se, portanto, do último salgadinho a ter utilidade marginal negativa: o seu consumo diminui a utilidade
total, ou seja, o excesso de salgadinhos começa a cair mal! 
 ATENÇÃO
Isso não é uma verdade imutável para todos os bens e serviços. Afinal, o consumo de algo em excesso não vai
necessariamente render uma utilidade marginal negativa no final da curva.
Apesar desse alerta, a suposição de que as curvas de utilidade marginal sejam negativamente inclinadas é bastante
aceita pelos economistas.
 
O princípio da utilidade marginal decrescente atesta que:
A primeira unidade traz mais valor que a segunda

A segunda, por sua vez, possui mais valor que a terceira unidade

E assim por diante.
A intuição por trás desse princípio é a seguinte: à medida que o montante consumido de um bem ou serviço aumenta, a
satisfação adicional que um indivíduo obtém de uma unidade a mais diminui. Quanto mais consumimos algo, mais
próximos ficamos do estágio de satisfação até finalmente atingirmos a saciedade, ponto em que uma unidade a mais do
bem não nos acrescenta em nada em termos de utilidade. 
 DICA
Vale notar que, embora o princípio da utilidade marginal decrescente nem sempre seja verdadeiro (você consegue
pensar em um exemplo?), ele vale na maior parte dos casos, sendo o suficiente para embasar a teoria do
comportamento do consumidor.
ORÇAMENTO E RESTRIÇÃO 
Até aqui trabalhamos com a ideia de que uma pessoa pararia de consumir um bem ao atingir um certo nível de
saciedade no qual uma unidade a mais dele não traria satisfação extra ou até mesmo diminuiria sua utilidade total. Um
exemplo disso foi o caso dos salgadinhos.
Um pressuposto implícito na análise que fizemos até então é que:
 
autor/shutterstock
Não há custo adicional para o consumo de uma unidade a mais do bem.
 
autor/shutterstock
Existe dinheiro infinito; portanto, um indivíduo não precisa se preocupar com isso.
A realidade, no entanto, é diferente:
 
autor/shutterstock
Consumir mais de um bem requer, em geral, recursos adicionais – e o consumidor precisa levar em conta esse fator ao
fazer suas escolhas.
O que são esses recursos adicionais? Para simplificar, os chamaremos de custo. O que levamos em consideração é o
chamado custo de oportunidade,isto é, o ganho potencial ao qual se renuncia quando se opta por uma alternativa. Em
outras palavras, trata-se do benefício do qual abrimos mão quando fazemos uma escolha.
 EXEMPLO
O custo de oportunidade de jogar uma partida de futebol é o prazer que você teria ao dar um mergulho na praia no
mesmo período.
Um dos pressupostos básicos da economia é que os recursos são escassos. O custo de oportunidade faz a ponte entre
a escassez de recursos e a escolha. O recurso escasso, neste caso, é o dinheiro, pois o consumidor tem um orçamento
limitado.
Vejamos o exemplo abaixo:
Gabriel está fazendo uma dieta especial para treinos, alimentando-se exclusivamente de frango e batata-doce. Ele
recebe em salário, semanalmente, 30 reais. Dado o seu apetite, a satisfação dele aumenta ao consumir mais de cada
bem; por conta disso, ele gasta toda sua renda nas duas iguarias.
O quilo da batata custa R$3 e o do frango, R$6. Quais são as possibilidades de escolha para Gabriel? Qualquer que
seja a cesta de consumo escolhida por ele, sabemos que seu custo não pode ser maior que o seu salário, ou seja, o
montante total de dinheiro que ele possui para gastar.
 
Fonte: Shutterstock
 Fonte: Shutterstock.
Assim:
(1) GASTO EM BATATAS + GASTO EM FRANGO ≤ RENDA TOTAL
 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Como Gabriel, os consumidores têm uma renda finita que restringe suas possibilidades de consumo. Demonstrando que
o consumidor deve escolher uma cesta de consumo menor ou igual à sua renda total, a condição (1) é chamada de
restrição orçamentária.
Isso significa que ele não pode gastar mais do que o total de recursos (renda) de que dispõe. Desse modo, as cestas de
consumo só são factíveis – isto é, financeiramente viáveis – quando obedecem à restrição orçamentária.
O conjunto de cestas de consumo factíveis de um consumidor recebe o nome de conjunto de possibilidades de
consumo. As pertencentes a esse conjunto dependem tanto da renda do consumidor quanto dos preços de bens e
serviços.
A figura a seguir informa as possibilidades de consumo de Gabriel. O montante de batatas no seu pacote está
representado no eixo horizontal; o de frango, no vertical.
 
Fonte: A autora
Conectando os textos e A a F, a linha inclinada para baixo divide os pacotes de consumo entre quais se pode comprar e
aqueles em que isso não é possível. Os pacotes factíveis ficam abaixo dessa linha (cuja divisória também deve ser
incluída na lista), enquanto os de cima pertecem ao grupo dos que não são.
 EXEMPLO
No ponto D, há 6kg de batatas e 2kg de frango. Multiplicando-os pelos preços, temos 6 × R$3 + 2 × R$6 = R$30. Logo, a
cesta D satisfaz a restrição orçamentária, custando exatamente a renda de Gabriel.
Verifique que os demais pontos sobre a linha negativamente inclinada são as cestas nas quais Gabriel gastaria
exatamente o total de sua renda. Mostrando todas as cestas de consumo disponíveis quando ele a gasta inteiramente,
tal linha recebe o nome de reta orçamentária.
Como vimos acima, Gabriel precisa escolher um número de batatas (o que vamos denominar xb) e outro de frango (xf),
multiplicando-os por seus preços respectivos: pb e pf. A soma das duas multiplicações deve ser menor ou igual ao total
de sua renda m.
 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Quando Gabriel consome uma cesta sobre a sua reta orçamentária, isto é, gasta todo o seu salário, seu gasto com
batata-doce e frango é exatamente igual à sua renda.
Assim:
 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Podemos utilizar as equações (2) e (3) para fazer manipulações algébricas e calcular as cestas possíveis para Gabriel
de forma mais fácil. Supondo que ele queira gastar toda a sua renda e substituindo m = R$30, podemos testar as
diferentes combinações de cesta consumidas por ele.
Vejamos agora um caso extremo: Gabriel consome apenas frango (isto é, xb = 0): substituindo os valores na equação 3,
temos 0 x 3 + xf x 6 = 30. Assim, o máximo de frango xf que pode ser consumido é igual a 5kg, pois 30 ÷ 6 = 5. Desse
modo, o intercepto do eixo vertical da reta orçamentária fica no ponto A quando toda a renda dele é consumida nessa
iguaria. Fazendo o exercício análogo para o ponto F, no qual sua renda agora é dedicada inteiramente à batata-doce,
ficamos com uma cesta de 10kg dela.
 DICA
Podemos repetir este exercício para todos os pontos da reta orçamentária.
Os demais pontos sobre a linha orçamentária podem ser analisados à luz da relação de perdas e ganhos com a qual
Gabriel se depara ao gastar todo o seu salário. Essa relação é tipicamente chamada pelo seu nome em inglês: trade-
off.
Vejamos outro exemplo:
Gabriel quer sair do ponto A e consumir 2kg de batata-doce ao mesmo tempo em que deseja comer a maior quantia
possível de frango. Para ingerir 2kg de batatas, ele precisa renunciar ao equivalente de R$6 em frango, medida que
corresponde exatamente ao valor do quilo dessa iguaria. Ou seja, para consumir 2kg de batata, Gabriel precisa
renunciar a 1kg de frango, o que o coloca na posição da cesta B de sua reta orçamentária, ficando com 4kg dele e 2kg
dela.
 
Fonte: Shutterstock
 Fonte: Shutterstock.
Se repetirmos este exercício para os pontos C, D, E e F, veremos que Gabriel está sempre trocando mais batata por
menos frango e vice-versa, deslizando, assim, sobre a sua reta orçamentária. A mudança de cestas de consumo sobre
essa reta (tanto para cima quanto para baixo) expressa o custo de oportunidade de um bem em termos do outro.
A inclinação da reta orçamentária informa, para um indivíduo, o custo de oportunidade ao consumir uma unidade a mais
de um bem de acordo com a quantidade de outro pertencente à cesta de consumo dele que precisa ser renunciada.
 ATENÇÃO
A inclinação da reta orçamentária de Gabriel é -1/2. Trata-se da variação no eixo vertical (a mudança na quantidade de
frango denotada por Δxf) dividida pela variação no horizontal (modificação na de batata denotada por Δxb). Ou seja,
a razão (Δxf/Δxb) é igual a½, o que significa o seguinte: meio quilo de frango tem de ser sacrificado para ele conseguir
1kg a mais de batata.
O número de quilos de frango ao qual é preciso renunciar para obter 1kg a mais de batata é chamado pelos economistas
de preço relativo daquele em termos desta.
 DICA
Também é possível calcular o mesmo tipo de preço da batata em termos do frango. Basta fazer a conta inversa: para
obter 1kg a mais de frango, é preciso renunciar a 2kg de batata. Sendo assim, 2 é o preço relativo desta em termos
daquele.
Desse modo, a inclinação da reta orçamentária não depende da renda do indivíduo, e sim dos preços de cada
bem.
Perceba que -1/2 = -R$3/R$6 = -pb/pf.
No entanto, isso não é verdade para a posição da reta orçamentária: o quanto essa reta está afastada da origem
depende da renda do consumidor.
Exemplo: Se a renda de Gabriel aumentasse para R$42 por semana, então ele poderia comprar um montante maior
dessas duas iguarias, totalizando um máximo de 7kg de frango, ou 14kg de batata, ou qualquer outra cesta de consumo
intermediária.
Como indica esta figura, a reta orçamentária se desloca para direita ou para fora.
 
Fonte: A autora
Se, por outro lado, seu salário diminuísse para R$18 por semana, a reta dele se deslocaria para a esquerda (ou para
dentro); neste caso, o máximo que Gabriel poderia adquirir agora seria o seguinte: 3kg de frango, ou 6kg de batata-doce,
ou novamente uma cesta intermediária.
Nos dois casos, a inclinação da reta orçamentária dele é a mesma da sua situação inicial, pois os preços relativos dos
bens não mudaram.
RETA ORÇAMENTÁRIA E PREÇOS RELATIVOS
ESCOLHA ÓTIMA DE CONSUMO
Vamos supor agora que a renda de Gabriel não mude, mantendo o orçamento inicial de R$30 por semana. Sabemos
que, para aumentar sua saciedade, ele prefere consumir maiores montantes dos dois bens já citados.
Como podemos identificar qual cesta Gabriel vai escolher? Emoutras palavras, qual escolha traz mais utilidade para
ele?
Como vimos na parte inicial do módulo, os consumidores querem escolher cestas de consumo que maximizem a sua
utilidade total dada uma determinada restrição orçamentária. Este tipo recebe o nome de cesta de consumo ótima.

Para descobrirmos a cesta que satisfaz essa condição para Gabriel, precisamos analisar, dentre as cestas de consumo
factíveis, qual delas conta com a combinação de bens (frango e batata-doce) que lhe rende mais utilidade.
A tabela a seguir aponta o grau de utilidade que os diferentes consumos de frango e batata-doce geram para ele. De
acordo com ela, quanto mais Gabriel consumir de cada um dos bens, maior será a sua utilidade.
Para maximizar sua utilidade, ele deve escolher a combinação dos dois bens que gera maior utilidade total, isto é, a
soma das utilidades geradas pelo consumo de cada bem. Contudo, Gabriel tem uma restrição orçamentária e deve
enfrentar um trade-off entre frango e batata: para obter mais de um, ele deve consumir menos de outro.
Utilidade do consumo de frango Utilidade do consumo de batata
Quantidade de frango (kg) Utilidade do frango (util) Quantidade de batata (kg) Utilidade da batata (util)
0 0 0 0
1 20 1 15
2 30 2 27
3 35 3 37
4 37 4 45
5 38 5 52
6 57
7 61
8 63
9 64
10 64.5
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
A cesta de consumo ótima de Gabriel recai sobre a sua reta orçamentária, pois ela tem as combinações máximas de
consumo dos dois bens, gastando, assim, toda a renda dele.
Já a próxima tabela indica as cestas sobre a reta orçamentária de Gabriel conforme ele desliza para baixo nessa reta.
Suas colunas apontam as combinações de quantidade de cada bem em cada cesta e as respectivas utilidades, além da
utilidade total de cada cesta na última coluna:
Cesta de
consumo
Quantidade de
frango (kg)
Utilidade do
frango (util)
Quantidade de
batata (kg)
Utilidade da
batata (util)
Utilidade
total (util)
A 5 38 0 0 38
B 4 37 2 27 64
C 3 35 4 45 80
D 2 30 6 57 87
E 1 20 8 63 83
F 0 0 10 64.5 64.5
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
Conforme observamos na tabela, a cesta de consumo que maximiza a utilidade total dele é a D, com 2kg de frango e
6kg de batata-doce. Com ela, Gabriel obtém a utilidade total de 87 utils, índice maior que o de qualquer outra cesta.
Perceba que, nas combinações das cestas à esquerda de D, ou seja, com menos batata-doce e mais frango, a utilidade
cresce à medida que Gabriel prescinde de frango por mais batata. A partir da cesta D, no entanto, a utilidade total
começa a cair. Assim, podemos dizer que a cesta de consumo D é a que melhor resolve o trade-off entre o consumo de
frango e o de batata. O pacote D é, portanto, a cesta ótima dele, maximizando sua utilidade total.
Esta figura ilustra a relação entre as cestas da reta orçamentária de Gabriel e a sua utilidade total:
 
Fonte: A autora
ANÁLISE MARGINAL
No exemplo anterior, descobrimos o topo da curva de utilidade total de Gabriel usando a observação direta. No entanto,
a construção dessa curva pode ser muito trabalhosa. Em geral, a análise marginal é uma ferramenta mais rápida e
eficiente para resolver o problema da escolha ótima.
Sabemos que Gabriel toma uma decisão sobre o montante de batata a ser consumido levando em conta o seguinte
fator:
 
shutterstock
Quanto mais batata-doce consumir...
 
shutterstock
... Menos frango ele poderá comprar.
Aplicando a análise marginal, podemos verificar que sua decisão passa a ser em torno do gasto de um real marginal,
ou seja, a maneira de alocar uma unidade adicional de moeda entre as duas iguarias.
Para isso, primeiramente devemos nos perguntar:
Quanto de utilidade adicional ele irá ganhar ao gastar um real a mais em frango ou batata? Ou melhor, quanto de
utilidade marginal por real a mais isso rende?
Esta tabela indica o cálculo da utilidade marginal (Umg) por real gasto em frango ou batata:
(a) Frango (pf = R$6 por kg) (b) Batata (pb = R$3 por kg)
Qtd. de
frango
(kg)
Utilidade
do frango
(util)
Umg/kg de
frango
(util)
Umg
por real
(util)
Qtd. de
batata
(kg)
Utilidade
da batata
(util)
Umg/kg
de batata
(util)
Umg
por real
(util)
0 0 - - 0 0 - -
1 20 20 3.3 1 15 15 5
2 30 10 1.7 2 27 12 4.0
3 35 5 0.8 3 37 10 3.3
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
(a) Frango (pf = R$6 por kg) (b) Batata (pb = R$3 por kg)
Qtd. de
frango
(kg)
Utilidade
do frango
(util)
Umg/kg de
frango
(util)
Umg
por real
(util)
Qtd. de
batata
(kg)
Utilidade
da batata
(util)
Umg/kg
de batata
(util)
Umg
por real
(util)
4 37 2 0.3 4 45 8 2.7
5 38 1 0.2 5 52 7 2.3
6 57 5 1.7
7 61 4 1.3
8 63 2 0.7
9 64 1 0.3
10 64.5 0.5 0.2
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
A tabela está dividida em dois painéis, um para cada bem. Observemos as colunas de cada painel:
PRIMEIRA E SEGUNDA
São idênticas às colunas da tabela apresentadas anteriormente.
TERCEIRA
Mostra a utilidade marginal de cada bem, ou seja, o aumento de utilidade que Gabriel tem ao consumir uma unidade a
mais de um dos bens.
QUARTA
Exibe a utilidade marginal por real para cada bem.
O valor de Umg é obtido dividindo a utilidade marginal pelo preço de cada unidade de bem: R$6 por quilo de frango e
R$3 pelo de batata. Como podemos observar, assim como a utilidade marginal de ambos diminui à medida que ele
aumenta o montante consumido de cada bem, a utilidade marginal por real também decresce.
Isso significa que, em virtude da utilidade marginal decrescente de Gabriel, cada real a mais gasto lhe rende menos
utilidade extra que o anterior.
Denotando respectivamente por UmgF e UmgBa utilidade marginal por quilo de batata-doce e de frango, a utilidade
marginal por real de cada bem é igual a:
Ç
 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
A figura abaixo mostra as curvas de utilidade marginal por real gasto em cada bem:
 
Fonte: A autora
Já observamos em outra tabela que D (a cesta ótima de consumo de Gabriel) é composta por 2kg de frango e 6kg de
batata, correspondendo aos pontos DF e DB em cada painel. Repare que, neste ponto, a utilidade marginal por real
gasto para cada bem é igual:
 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Isso não é apenas uma coincidência. Analisemos outra cesta de consumo factível para Gabriel.
Na cesta C, a utilidade marginal de cada bem por real está representada na figura pelos pontos CF e CB. Além disso, a
Umg de Gabriel por real gasto em frango é 0.8; já em batata-doce, ela é 2.7. Esse dado revela que ele está consumindo
muito frango e pouca batata.
MAS POR QUE ISSO ACONTECE?
Se a Umg por real gasto em batata é maior que a de frango, é um indício de que ele pode melhorar sua situação
respeitando o próprio orçamento.

Basta gastar 1 real a menos em frango e 1 a mais em batata, adicionando 2.7 utils com esta em sua utilidade total e
perdendo 0.8 utils com aquele.

Ao todo, Gabriel terá ganhado 1.9 em utilidade fazendo essa “troca”.
Ele procederá dessa maneira até que a utilidade marginal dos dois bens se iguale. Neste ponto, não será mais vantajoso
trocar um real a mais de um bem pelo outro. Assim, quando Gabriel escolher seu pacote de consumo ótimo, sua
utilidade marginal por real gasto em frango e batata será igual.
Essa regra constitui um princípio básico da teoria da escolha do consumidor conhecido como regra de consumo ótimo.
Quando um consumidor maximiza a sua utilidade total segundo a restrição orçamentária dele, a utilidade marginal por
unidade de moeda gasta em cada bem ou serviço que faz parte da sua cesta de consumo é igual.
De forma matemática, para qualquer um dos bens b e f, a regra do consumo ótimo frisa que, na cesta ótima de
consumo, ocorre o seguinte cálculo:
 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontalEmbora seja mais fácil compreender essa regra quando a cesta de consumo tem apenas dois bens, ela poderá ser
aplicada para qualquer quantidade de bens e serviços que o consumidor comprar. Na cesta ótima de consumo, as
utilidades marginais por real gasto em cada um dos bens são iguais.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. SOBRE A FUNÇÃO UTILIDADE, ASSINALE A AFIRMATIVA FALSA:
A) A função utilidade mostra a relação entre a cesta de consumo e a utilidade total gerada por ela.
B) O princípio da utilidade marginal decrescente implica que a inclinação da função utilidade é negativa.
C) Para maximizar a utilidade, o consumidor considera a utilidade marginal de consumo de uma unidade a mais de um
bem ou serviço.
D) Utilidade é uma medida de satisfação do consumidor ao consumir, sendo expressa na unidade chamada de utils.
2. SOBRE A CESTA DE CONSUMO ÓTIMA, ASSINALE A AFIRMATIVA VERDADEIRA:
A) A cesta ótima do consumidor racional recai abaixo da sua reta orçamentária.
B) A cesta ótima do consumidor racional é a que maximiza sua utilidade marginal para cada bem.
C) Na cesta ótima do consumidor racional, o consumidor maximiza a sua utilidade independentemente de sua restrição
orçamentária.
D) Na cesta ótima do consumidor racional, as utilidades marginais por real gasto em cada um dos bens são iguais.
GABARITO
1. Sobre a função utilidade, assinale a afirmativa falsa:
A alternativa "B " está correta.
 
O princípio da utilidade marginal decrescente aponta que a inclinação da função utilidade diminui à medida que a
quantidade de bens aumenta, mas não que essa inclinação é negativa. A curva de utilidade marginal possui uma
inclinação negativa, pois cada unidade a mais de bem rende uma utilidade menor que a anterior. A razão por trás dessa
inclinação é o princípio da utilidade marginal decrescente.
2. Sobre a cesta de consumo ótima, assinale a afirmativa verdadeira:
A alternativa "D " está correta.
 
A alternativa (a) é falsa pelo fato de a cesta ótima recair sobre a sua reta orçamentária para que o consumidor gaste
toda a sua renda disponível. Para os consumidores, consumir mais de um bem aumenta a sua utilidade. A alternativa (b)
é falsa, já que a cesta ótima maximiza a sua utilidade total, e não a marginal. A alternativa (c) não é verdadeira, pois a
definição de cesta ótima de consumo diz que a cesta é ótima dada uma restrição orçamentária.
MÓDULO 2
 Reconhecer as curvas de indiferença e suas propriedades
FUNÇÃO DE UTILIDADE TOTAL
No módulo anterior, introduzimos o conceito de função utilidade, que é responsável pela determinação da utilidade total
do consumidor dada a sua cesta de consumo. Vimos ainda como a utilidade total de Júlia variava quando mudávamos o
número de salgadinhos consumido, ou seja, a quantidade consumida de um bem.
Entretanto, quando estudamos o problema de escolha de Gabriel, vimos que a opção pela cesta de consumo ótimo
envolvia o seguinte dilema: como alocar o último real gasto entre dois bens (frango e batata-doce)? Surge ainda outra
pergunta:
 
COMO É POSSÍVEL EXPRESSAR A FUNÇÃO DE UTILIDADE
TOTAL EM TERMOS DE DOIS BENS?
RESPOSTA
Basta usar o mapa da função utilidade.
Vejamos agora o caso de Ana, que consome apenas cerveja e drinks (coquetéis) quando vai ao bar. Como seria a
função utilidade dela para esses dois bens?
 
Fonte: Shutterstock
 Fonte: Shutterstock.
Uma possibilidade (complicada!) é fazer um gráfico similar ao de Júlia acrescido de um terceiro eixo para o segundo
bem. O painel (a) desta figura, portanto, ilustra um morro de utilidade tridimensional:
 
Fonte: A autora
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Observemos as correspondências dos eixos:
VERTICAL HORIZONTAL
Já a altura do morro, indicada por uma linha de contorno constante por ponto, mede a quantidade de utilidade gerada
por combinações de consumo ao longo de cada linha de contorno. Todos os pontos ao longo de uma linha do tipo
geram o mesmo retorno em utilidade para Ana.
 EXEMPLO
Com 4 latinhas de cerveja e 2 drinks, o ponto A gera 20 utils para Ana, enquanto B, com 1 latinha e 6 drinks, consegue a
mesma quantia.
No entanto, não existe apenas uma forma de representar a relação entre utilidade total e consumo de dois bens. Como
na geografia com mapas topográficos, é possível fazer a representação da superfície tridimensional em curvas de nível
em apenas duas dimensões.
Trata-se do painel (b) da figura acima. Nele, as linhas de contorno que mapeiam as cestas de consumo do painel (a)
estão representadas como curvas achatadas num plano cartesiano. Os economistas definem como curvas de
indiferença as que geram a mesma quantidade de utilidade total para diferentes combinações de bens.
 ATENÇÃO
Um indivíduo é indiferente em relação a duas cestas que estão sobre a mesma curva de indiferença, já que elas lhe
rendem a mesma utilidade. reprehenderit in voluptate velit esse cillum dolore eu fugiat nulla pariatur.
Dadas as preferências de um consumidor, existe uma curva de indiferença para cada nível de utilidade total. A curva de
indiferença I2 destacada na figura (b) mostra as cestas que geram 20 utils; as outras duas curvas (I1 e I3),
respectivamente, 10 e 40 utils. Existem ainda outras infinitas curvas de indiferenças de Ana que não estão
representadas nos gráficos.
Observe com atenção o painel (b) e verifique por que o consumidor é indiferente entre as cestas de consumo A
e B: elas estão na mesma curva de indiferença, gerando, portanto, o mesmo nível de utilidade!
Observaremos agora as propriedades dessas curvas. Embora diferentes indivíduos tenham preferências únicas e
nunca apresentem o mesmo conjunto de curvas de indiferença, os economistas acreditam que elas apresentem algumas
propriedades gerais. Essas curvas estão ilustradas nos quatro painéis desta figura:
 
Fonte: A autora
LETRA A: CURVAS DE INDIFERENÇA NUNCA SE CRUZAM
Se duas curvas de indiferença com diferentes níveis de utilidade se cruzassem, qual seria o nível de utilidade da cesta
de consumo em que elas se cruzam? Seria diferente pelas curvas serem díspares? Ou seria igual por uma cesta de
consumo ter um só nível de utilidade total? Essa inconsistência indica que curvas de indiferença diferentes não podem
de cruzar.
LETRA B: QUANTO MAIS DISTANTE DA ORIGEM, MAIOR A
UTILIDADE TOTAL DA CURVA
O motivo para isso é que partimos do princípio de que mais é melhor. Assim, quanto maior a quantidade dos dois bens,
mais para “fora" está situada a curva de indiferença.
LETRA C: CURVAS DE INDIFERENÇA SÃO NEGATIVAMENTE
INCLINADAS
Novamente, a razão para isso é a hipótese de que mais é melhor. O diagrama no painel (c) da figura acima ilustra o que
aconteceria se uma curva de indiferença tivesse inclinação para cima: à medida que aumentássemos as quantidades
dos dois bens, permaneceríamos nessa mesma curva. Isso é incompatível com nosso pressuposto (o de que mais é
melhor).
LETRA D: CURVAS DE INDIFERENÇA SÃO CONVEXAS
Geometricamente, isso significa que um segmento de reta ligando dois pontos da curva de indiferença fica inteiramente
sobre a curva. O diagrama (d) da figura atesta que a inclinação dela diminui à medida que deslizamos para baixo e para
a direita.
Desse modo, o arco da curva vai em direção à origem; além disso, a inclinação dela é maior em cima do que embaixo.
Esse atributo se deve ao princípio da utilidade marginal decrescente: na prática, indivíduos preferem médias (cestas com
um pouco dos dois bens) a extremos.
TAXA MARGINAL DE SUBSTITUIÇÃO
Como vimos, as curvas de indiferença são inclinadas para baixo. Também observamos que sua inclinação diminui à
medida que deslizamos para baixo delas. A inclinação da curva de indiferença em cada ponto está diretamente
relacionada aos termos do trade-off enfrentado por um consumidor.
Esta figura representa uma curva de indiferença de Ana:
 
Fonte: A autora
Na curva I1, se Ana se move da cesta A para a B, ela precisa renunciar a 2 unidades de cerveja por 1 drink adicional
para manter a utilidade total. Porém, estando mais à direita dacurva (no ponto C), se renunciar a apenas 1 cerveja, ela
terá de tomar mais 4 drinks para manter a utilidade total.
ISSO ILUSTRA QUE, QUANDO SE MOVE PARA BAIXO E PARA A
DIREITA DA CURVA DE INDIFERENÇA, OCORRE O SEGUINTE:
1
2
Ana troca mais de um bem por menos de outro.
Os termos desse trade-off, ou seja, a razão entre drinks adicionais consumidos e cervejas renunciadas, são escolhidos
para manter a sua utilidade total constante.
Reformulando os trade-offs examinados acima em termos de inclinação, verificamos na figura apresentada que:
 
robuart / Shutterstock
A inclinação da curva de indiferença entre A e B da figura é -2.
 
robuart / Shutterstock
A inclinação dessa curva entre os pontos C e D é -1/4.
A inclinação da curva de indiferença, portanto, diminui à medida que deslizamos para a direita e que a curva vai se
tornando mais achatada.
Mas por que os trade-offs mudam ao longo da curva de indiferença?
Isso se deve ao ponto inicial de Ana e ao princípio da utilidade marginal decrescente. Analisando o caso intuitivamente,
no ponto A ela tem muita cerveja e poucos drinks.
Quanto à sua utilidade marginal, verifica-se que:
1
A das últimas unidades de cerveja é relativamente pequena se comparada às primeiras unidades dela.
2
A de uma unidade adicional de drinks é relativamente alta, já que Ana só consome uma unidade deles na cesta A, ou
seja, ainda está nas unidades iniciais de consumo de drinks.
E3
Ao deslizar para a direita da curva, Ana está perdendo-a em consumo de cerveja e ganhando no de drinks – e esses
dois efeitos precisam se anular entre si.
 RELEMBRANDO
Reformulando esse raciocínio, temos que: Mudança na utilidade total por causa de menos consumo de cerveja +
Mudança na utilidade total por mais consumo de drinks = 0
À medida que Ana se move para a direita da curva de indiferença, assim como o faz sua posição inicial, o trade-off dos
dois bens vai mudar, uma vez que a utilidade marginal do consumo de um bem adicional também é modificada.
No exemplo da mudança do ponto C para o D, a situação inicial de Ana é inversa à da mudança de A para B: ela já
consome alguns drinks e pouca cerveja.
Desse modo, a utilidade marginal que ela perde renunciando uma unidade de cerveja é relativamente alta, enquanto a
de consumir um drink a mais é relativamente baixa, já que Ana:
 
shutterstock
Está numa posição inicial com pouca cerveja e muitos drinks.
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javascript:void(0)
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
 
shutterstock
Quer mudar para ainda menos cerveja e mais drinks.
Utilizando as notações UmgC e UmgD para denotar respectivamente as utilidades marginais de cerveja e drinks e
representar as mudanças no consumo de ambos, podemos formalizar esse mecanismo com o emprego de equações.
De forma geral, a mudança na utilidade total gerada pela variação no consumo de um bem é igual a essa variação
multiplicada pela utilidade marginal dele.
Assim:
MUDANÇA NA UTILIDADE TOTAL DEVIDO À VARIAÇÃO NO
CONSUMO DE CERVEJAS =
 
MUDANÇA NA UTILIDADE TOTAL DEVIDO À VARIAÇÃO NO
CONSUMO DE DRINKS =
 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Reescrevendo a equação nos novos termos, fica expresso o seguinte:
 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Rearranjando-a, ela agora fica assim:
 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
 ATENÇÃO
Perceba o sinal de negativo do lado esquerdo da última equação: ele representa a perda de utilidade total por conta da
redução do consumo de latinhas de cerveja, o qual, por sua vez, deve ser igual ao ganho de utilidade total proveniente
do aumento do número de drinks no lado direito da equação.
Devemos entender a relação dessas mudanças com a inclinação da curva de indiferença. Dividindo os dois lados da
equação 2 por e por , encontramos isto:
 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Nesta equação, temos:
Lado esquerdo
Menos a inclinação da curva de indiferença e taxa pela qual Ana está disposta a trocar uma quantidade de cerveja por
outra de drinks.

Lado direito
Razão entre a utilidade marginal de drinks e a de cerveja — ou seja, a razão entre o que Ana ganha a mais de utilidade
com aqueles e com esta.
A razão entre as utilidades marginais do lado direito da equação acima é conhecida como taxa marginal de substituição
(TMS). Substituição, no caso específico, refere-se aos drinks no lugar das cervejas. Juntando tudo isso, vemos que a
inclinação da curva de indiferença de Ana é exatamente igual à razão entre a utilidade marginal de um drink e a
de uma cerveja – ou à sua TMS.
 ATENÇÃO
Relembremos que a inclinação das curvas de indiferença diminui quando que nos movemos para baixo e para a direita,
tornando-se mais achatadas. Logo, se o lado esquerdo da equação está diminuindo, o mesmo deve acontecer no direito
para satisfazer a igualdade.
Quando deslizamos para direita, o que acontece na prática é o seguinte: a razão entre a UmgD e a UmgC diminui.
 COMENTÁRIO
Verificamos isso na análise intuitiva da utilidade marginal decrescente dos bens.
O achatamento das curvas de indiferança a refletir a lógica da utilidade marginal decrescente é denominado taxa
marginal de substiuição decrescente. Em termos gerais, ela informa o seguinte: um indivíduo que consome poucas
unidades do bem C e muitas de D está disposto a trocar uma quantidade grande do bem D por uma unidade a mais do
C - e vice versa.
A CONDIÇÃO DE TANGÊNCIA
De que forma os conceitos de curva de indiferença e TMS se relacionam com o que vimos de restrição orçamentária e
cesta ótima no módulo 1? Para ilustrarmos essa relação, indicamos a figura a seguir. Seu diagrama contém algumas
curvas de indiferença de Ana e sua restrição orçamentária:
 
Fonte: A autora
Ana só pode gastar R$40 quando sai. O preço da latinha de cerveja é de R$5 e o de um copo de drink, R$8. Qual é a
cesta ótima de consumo dela?
Para responder a essa pergunta, devemos analisar as curvas de indiferença representadas por I1, I2 e I3 no diagrama.
I3
A representada por I3 é a utilidade máxima que Ana gostaria de ter. No entanto, não é possível alcançá-la, uma vez que
todas as cestas de consumo dessa curva de indiferença estão acima de sua reta orçamentária. Ela está limitada por sua
renda.
I1
javascript:void(0)
javascript:void(0)
Ana tampouco deveria escolher as cestas da curva de indiferença I1, pois, embora as cestas entre os pontos B e C ao
longo dessa curva sejam factíveis, há outras cestas de consumo que lhe geram mais utilidade e que cabem na sua
renda.
I2
Veja o caso da cesta A: assim como B e C, ela está sobre a sua reta orçamentária, porém gera mais utilidade que
ambas por estar na curva de indiferença I2, ou seja, mais afastada da origem que a curva I1.
De fato, a cesta de consumo A é a escolha ótima de Ana, com 3 latinhas de cerveja e 3 drinks. Ela está na curva de
indiferença mais afastada que Ana pode alcançar dada a sua renda.
Na cesta ótima, a reta orçamentária apenas toca a curva de indiferença mais afastada, sendo tangente em relação a
ela. Essa é a chamada condição de tangência, sendo aplicada quando as curvas de indiferença são convexas.
PREÇOS E TAXA MARGINAL DE SUBSTITUIÇÃO
No ponto de tangência entre a curva de indiferença e a reta orçamentária, ou seja, a cesta ótima, a curva de
indiferença tem a mesma inclinação da reta orçamentária.
Retomando a equação representada acima, temos que:
INCLINAÇÃO DA CURVA DE INDIFERANÇA = -UMGD/UMGC
 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Na cesta ótima, podemos substituir a inclinação dessa curva pela da reta orçamentária, pois já vimos que ambas são
iguais nesse ponto.
Assim:
INCLINAÇÃO DA RETA ORÇAMENTÁRIA = -UMGD/UMGC
 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
 RELEMBRANDO
O que é a inclinação da reta orçamentária? Como vimos no módulo anterior, essa inclinação é exatamente a razãode
preços 
Juntando as duas equações, chegamos à regra do preço relativo:
javascript:void(0)
, NA CESTA ÓTIMA DE CONSUMO.
 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Lembrando que a razão entre as utilidades marginais dos bens é chamada de TMS, obtemos uma regra geral para a
cesta ótima de consumo:
A taxa marginal de substituição é igual à razão entre os preços dos dois bens.
A CONDIÇÃO DE TANGÊNCIA
EFEITOS DE UMA VARIAÇÃO NO PREÇO E NA RENDA
O que vai acontecer se o preço de um dos bens mudar? Suponha que, por alguma razão, o bar que Ana frequenta
resolva aumentar os preços dos drinks. Agora, em vez de R$8, eles custam R$20. Como essa mudança vai afetar a
escolha de consumo dela?
Com o aumento dos preços dos drinks, ela vai consumir menos unidades do que antes, mas, como o preço da cerveja
se manteve, Ana ainda pode consumir a mesma quantidade máxima dessa bebida.
O painel (a) desta figura destaca a nova reta orçamentária de Ana (RO2) e a inicial (RO1):
 
Fonte: A autora
A inclinação da reta orçamentária de Ana mudou. Isso ocorre porque o preço relativo dos drinks em termos de cervejas
subiu, isto é, a razão aumentou em seu valor absoluto.
A RO de Ana agora intercepta o eixo horizontal em 2, que é o número máximo de drinks que ela pode consumir. Sua
cesta ótima de consumo inicial consistia em 3 cervejas e 3 drinks, o que agora deixou de ser factível, já que está acima
de sua reta orçamentária.
Para lidar com a nova situação, ela terá de escolher uma nova cesta de consumo ótima ao eleger um ponto na RO2 que
toque a curva de indeferença mais afstada possível.
É o que mostra o painel (b) da figura: sua nova cesta ótima será de B, com 4 cervejas e 2 drinks.
Resta uma dúvida: se o preço dos drinks permanecer constante, mudando, em vez disso, a renda direta de Ana, o que
acontecerá?
Suponhamos que ela recebeu um aumento de salário, podendo agora gastar R$80 no bar. A inclinação de sua reta
orçamentária não muda, pois os preços dos bens permaneceram iguais. No entanto, Ana agora terá mais dinheiro para
gastar tanto em cerveja como em drinks.
 
Fonte: A autora
Os dois interceptos de sua reta orçamentária mudam, pois ela tem mais poder aquisitivo. Assim, sua reta orçamentária
inteira se desloca para fora, se afastando da origem. Ana pode escolher outra cesta de consumo, ou seja, uma que
toque sua nova reta orçamentária RO2. Isso consequentemente aumentará o seu consumo.
Ela, portanto, consome mais os dois bens quando sua renda aumenta: o consumo de drinks sobe de 3 (cesta A) para 6
(B); o de cerveja, de 3 para 6 latinhas. Isso é possível porque, em sua função utilidade, ambos constituem bens normais,
isto é, aqueles cuja demanda varia positivamente de acordo com a variação na renda.
SUBSTITUTOS E COMPLEMENTOS PERFEITOS
Algumas vezes, a preferência pela combinação de dois bens pode ter algum tipo de relação.
 EXEMPLO
Se Pedro toma exclusivamente café com açúcar e, a cada xícara da bebida, coloca duas colheres de açúcar, existe uma
relação complementar entre os dois bens. Por outro lado, se gosta tanto de mate quanto de guaraná, ele pode substituir
um pelo outro. Isso resulta em formatos diferentes da curva de indiferença.
No primeiro caso, quando um consumidor quer consumir dois bens na mesma proporção, eles são chamados de
complementos perfeitos. Como dissemos, Pedro só gosta de tomar uma xícara de café acompanhada de duas
colheres de açúcar. Uma xícara extra sem açúcar não lhe oferece utilidade adicional, tampouco uma colher extra sem
café.
O painel (a) desta figura indica as curvas de indiferença de Pedro para xícaras de café e colheres de açúcar:
 
Fonte: A autora
Essas curvas formam ângulos retos, pois uma unidade adicional de cada bem fora da proporção 1:2 não lhe dá mais
utilidade, o que significa que ele permanece na mesma curva de indiferença.
Somente um aumento dos dois bens na proporção de sua preferência faria Pedro dar “um salto” nas suas curvas de
indiferença. O diagrama (a) ainda evidencia:
 
autor/shutterstock
Reta orçamentária de Pedro (em cinza).
 
autor/shutterstock
Cesta A tangenciando a reta (sua cesta de consumo ótimo).
Note que a inclinação da reta orçamentária aqui não afeta seu consumo relativo de café e açúcar. Ele consome ambos
sempre na mesma proporção independentemente de seu preço. Repare ainda que, no ponto B, as curvas de indiferença
sofrem uma mudança abrupta de inclinação: da esquerda para a direita, a curva deixa de ser vertical, passando a ser
horizontal.
O que acontece com a taxa marginal de substituição?
No caso de complementos perfeitos, essa taxa é indefinida, pois o consumidor não está disposto a fazer qualquer
substituição entre os dois bens.
Já o diagrama (b) da figura acima aponta as curvas de indiferença de Pedro para o segundo caso: gostar tanto de mate
quanto de guaraná, ou seja, os dois bens lhe conferem a mesma utilidade. Como está sempre disposto a substituir a
mesma quantidade de um item pela de outro, suas curvas de indiferença são linhas retas e sua taxa marginal de
substituição, constante (afinal, a TMS é a inclinação da CI, que é uma reta. Logo, trata-se de uma constante).
O painel (b) também destaca a reta orçamentária de Pedro: quando ela tem inclinação diferente das curvas de
indiferença, como é o caso, essa curva vai encostar na reta em um dos eixos. Desse modo, ele consumirá apenas o
bem:
DIAGRAMA (B)
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Fonte: A autora
 
autor/shutterstock
Mais barato.
 
autor/shutterstock
Que ele puder comprar a maior quantidade possível, como o mate (indicado pela cesta b).
Composto apenas por um dos bens, esse tipo de cesta ótima é chamado pelos economistas de solução de canto.
O que aconteceria se a inclinação da reta orçamentária de Pedro fosse igual à da própria reta? Uma de suas curvas de
indiferença a tocaria em todos os seus pontos, de modo que qualquer cesta sobre a reta de Pedro seria uma cesta
ótima.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. SOBRE AS CURVAS DE INDIFERENÇA, ASSINALE A ALTERNATIVA FALSA:
A) Curvas de indiferença de um consumidor racional são côncavas.
B) Curvas de indiferença geram a mesma quantidade de utilidade total para diferentes combinações de bens.
C) Existe uma curva de indiferença para cada nível de utilidade total.
D) Curvas de indiferença mais distantes da origem oferecem mais utilidade.
2. SOBRE A TAXA MARGINAL DE SUBSTITUIÇÃO, ASSINALE A ALTERNATIVA FALSA:
A) No ponto de tangência entre a curva de indiferença e a reta orçamentária, a taxa marginal de substituição é igual à
inclinação dessa reta.
B) A taxa marginal de substituição é a razão entre as utilidades marginais de dois bens.
C) A inclinação da curva de indiferença é igual à taxa marginal de substituição.
D) Quando dois bens têm uma utilidade marginal decrescente, a taxa marginal de substituição é crescente.
GABARITO
1. Sobre as curvas de indiferença, assinale a alternativa falsa:
A alternativa "A " está correta.
 
As curvas de indiferença do consumidor racional são convexas. A inclinação de uma curva de indiferença diminui à
medida que deslizamos para baixo e para a direita. Isso se deve ao princípio da utilidade marginal decrescente.
2. Sobre a taxa marginal de substituição, assinale a alternativa falsa:
A alternativa "D " está correta.
 
A taxa marginal de substituição será decrescente se os dois bens tiverem uma utilidade marginal também decrescente.
Isso se dá pelo fato de o trade-off entre ambos mudar ao longo da curva; assim, um consumidor vai exigir cada vez mais
do bem 2 para compensar cada unidade do 1 ao qual ele renuncia à medida que a quantidade daquele aumenta em
relação à consumida deste.
MÓDULO 3
 Distinguir os tipos de custo da firma e suas aplicações
CUSTOS E INSUMOS
No módulo anterior, verificamos como o consumidor racional toma decisões de consumo. Agora veremos como a firma
realiza as suas decisões de produção.
Primeiramente, precisamos definir o que é firma.
Firma: organizaçãoque produz bens e serviços com o objetivo de vendê-los. Para produzi-los, ela precisa de insumos
que envolvem custos.
Já a função de produção da firma é a relação entre a quantidade de produto feita por ela e seu montante de insumos.
 EXEMPLO
Um exemplo de insumo é o número de trabalhadores da firma. O custo seria o salário deles.
Para uma compreensão melhor desses conceitos, tomaremos a fábrica de Vitória como exemplo. Por questão de
simplicidade, vamos supor que ela:
Vitória paga o aluguel de 20 máquinas em sua fábrica; no momento, não tem capacidade de alugar mais máquinas nem
menos, pois já assinou contrato com o locatário delas. Isso é conhecido como insumo fixo, pois sua quantidade é fixa e
não pode variar — ao menos, não no curto prazo.
 
Fonte: Shutterstock
 Fonte: Shutterstock.
No entanto, ela pode escolher quantos trabalhadores irá contratar. Esse outro tipo de insumo é denominado insumo
variável; com ele, uma firma pode variar a sua quantidade a qualquer momento.
A rigidez do montante dos insumos – isto é, se eles são fixos ou variáveis – depende, na verdade, do horizonte de
tempo: no longo prazo, passado um tempo suficientemente grande, as firmas podem ajustar a quantidade de qualquer
insumo.
 EXEMPLO
Após alguns anos ou o tempo do contrato de aluguel de Vitória, ela poderia negociar outro contrato com o locatário de
máquinas e ajustar sua quantidade de capital fixo.
Desse modo, não existem insumos fixos no longo, mas apenas no curto prazo.
O número de carros produzido por ela depende de quantos trabalhadores foram contratados. Cada um – mesmo sem
ser muito eficiente – pode operar as 20 máquinas adquiridas por Vitória.
 
shutterstock
Quando um trabalhador adicional é contratado, as máquinas são divididas igualmente entre os funcionários.
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Quando há dois trabalhadores, cada um opera dez máquinas.
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Se forem três, cada um mexe em 6 e se reveza nas 2 restantes.
E assim por diante.
Se Vitória empregar um número maior de trabalhadores, as máquinas serão operadas de forma mais intensiva; assim,
mais carros estarão sendo produzidos. A função de produção da firma é a relação entre a quantidade de trabalho e a
de produto (carros) para um dado montante de insumo fixo (máquinas).
A figura a seguir informa a função de produção da fábrica de Vitória em dois formatos (diagrama e tabela):
 
Fonte: A autora
Denominada curva de produto total da fábrica, essa função de produção revela como uma quantidade de produto
depende do montante de insumo variável para uma dada quantidade de insumo fixo. O eixo vertical, por sua vez, exibe o
número de carros produzidos (Y); o eixo horizontal, o montante de insumo variável, ou seja, o número de trabalhadores
empregados (L).
A curva de produto total está positivamente inclinada, mas sua inclinação não é constante: à medida que se
acrescentam trabalhadores empregados, o número de carros produzido aumenta, mas esse acréscimo na produção é
cada vez menor. Ou seja: ao deslizarmos para a direita da curva, ela se tornará mais achatada.
Para entendermos essa mudança na inclinação, observemos a tabela da figura acima: ela mostra o produto marginal
do trabalho (PMgL), isto é, a variação na quantidade de produto ao se acrescentar uma unidade de trabalho. Já
possuímos as informações sobre a quantidade dele para todas as unidades de trabalho, ou seja, para 1, 2, 3
trabalhadores – e assim por diante.
 DICA
Nem sempre é necessário haver uma informação individualizada dessa maneira: muitas vezes, a quantidade de produto
para a variação do trabalho é conhecida em dezenas (para empresas com 10 ou 20 trabalhadores, por exemplo) ou
outros intervalos possíveis.
Para calcularmos o PMgL nesses casos, podemos usar a seguinte equação:
ÇÃ
ÇÃ
 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Ou, mais formalmente, esta:
 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
A inclinação na curva de produto total é igual ao produto marginal do trabalho. Podemos observar que ele diminui
quando mais trabalhadores são empregados; portanto, a curva se achata à medida que outros mais são contratados.
A razão para isso é simples: em geral, ocorrem retornos decrescentes de um insumo quando se registra um aumento
em sua quantidade. Mantido constante o montante dos demais insumos, reduz-se o produto marginal dele.
 EXEMPLO
Pense numa sorveteria: se só houver uma máquina de sorvete e um trabalhador operando, pode-se aumentar bastante
a produção ao contratar um empregado extra para eles se revezarem entre duas atividades: fazer sorvete e atender os
clientes. Mas não se ganha muito em produção contratando 10 empregados com apenas uma máquina: não é possível
que todos eles a operem ao mesmo tempo.
O mesmo ocorre com a fábrica de Vitória. Cada trabalhador adicional trabalha com uma quantidade menor que o total
anterior de 20 máquinas. Isso faz com que ele não consiga produzir tanto quanto o anterior; portanto, o produto marginal
por trabalhador diminui.
 
Fonte: A autora
 ATENÇÃO
A hipótese dos retornos decrescentes só é válida caso tudo mais seja mantido de maneira constante. Se os demais
insumos pudessem mudar também, as curvas de produto total e marginal se deslocariam.
Esta figura demonstra as curvas de produto total (PT) e marginal por trabalhador (PMgL) na fábrica de Vitória na
situação inicial (20 máquinas) e na atual (10):
 
Fonte: A autora
Observemos estes dois painéis:
PAINEL (A)
A menos que sejam empregados 0 trabalhadores, PT10, que representa a produção com 10 máquinas, está situada
abaixo de PT20 (20 máquinas), pois, com menos unidades disponíveis, qualquer número de trabalhadores produz menos
carros.
ETAPA 02
Mostra o exposto no painel anterior em termos de produto marginal. Embora as duas curvas tenham inclinação para
baixo, já que o número de máquinas em cada situação é fixo, pmgl20 fica acima de pmgl10 em todos os pontos,
refletindo, assim, que o PMgL é mais alto quando há mais insumo fixo.
CURVAS DE CUSTO
Mostramos que Vitória pode conhecer sua função de produção verificando a relação entre insumos de trabalho e capital
e produção de automóveis. Mas nada falamos sobre suas escolhas de produção. Em geral, os produtores vão escolher
uma produção que maximize seus lucros.
A definição formal de lucro é:
Lucro = receita total - custo total
Ou, em notação, ele é expresso da seguinte forma:
Π
javascript:void(0)
javascript:void(0)
 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
A receita total (RT) é o que um produtor obtém pela produção vendida, ou seja, o preço daquele bem multiplicado pelo
montante vendido dele. Se estamos falando do número de automóveis (qA) e do seu preço (pA), a receita total é dada
pela igualdade:
 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
E o custo total? Como vimos neste módulo, insumos são custosos e apresentam dois tipos: fixos e variáveis. Cada
insumo vai ter seu custo ao ser empregado na produção. O do aluguel de máquinas – insumos fixos, ou seja, que não
variam – recebe o nome de custo fixo (CF).
O CF não depende do montante produzido, uma vez que o produtor já incorre nele quando toma a decisão de produzir,
não podendo mudar sua quantidade – ao menos, não no curto prazo. Já o custo do insumo variável é denominado custo
variável (CV).
 EXEMPLO
Os trabalhadores de Vitória.
O CV consiste no número de trabalhadores multiplicado pelo seu salário (que é o custo por unidades de trabalho). Como
a quantidade produzida depende desse número, o custo variável também depende dele.
A soma dos custos fixo e variável para um determinada montante de produto configura, portanto, o custo total (CT)
dela. Essa relação pode ser expressa pela equação:
CUSTO TOTAL = CUSTO FIXO + CUSTO VARIÁVEL 
OU 
CT = CF + CV.
 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
A tabela a seguir indicacomo é calculado o custo total da fábrica de Vitória. Perceba que o CT sobe conforme o número
de unidades produzida aumenta. Isso ocorre por conta do CV: quanto maior for o montante produzido, maior será o
custo total da fábrica.
Quantidade de carros
Y
Quantidade de trabalho
L
Custo variável
CV
Custo fixo
CF
Custo total
CT
0 0 R$0 R$500 000 R$500 000
13 1 1 000 500 000 501 000
24 2 2 000 500 000 502 000
33 3 3 000 500 000 503 000
40 4 4 000 500 000 504 000
45 5 5 000 500 000 505 000
48 6 6 000 500 000 506 000
50 7 7 000 500 000 507 000
50 8 8 000 500 000 508 000
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
CUSTOS MARGINAL E MÉDIO
Imaginemos agora que Vitória queira fazer uma análise na margem sobre seus custos e compreender o custo de cada
unidade a mais de carro em sua produção. Assim como acontece no caso do produto marginal, será mais fácil entender
o custo adicional de uma unidade a mais de produto se tivermos as informações detalhadas para cada unidade dele.
Infelizmente, este não é o caso: ela só dispõe desses dados em intervalos de produção.
 EXEMPLO
Zero, 13, 24 carros.
Vamos analisar então a sorveteria de Mateus. A tabela a seguir detalha, na primeira coluna, a produção dela e os seus
custos. Ele possui um custo fixo: diariamente, são gastos R$125 com aluguel, máquina etc..
Mateus precisa pagar seus funcionários e os insumos para a feitura do produto, como açúcar, leite e outros ingredientes.
Eles representam o seu custo variável (expresso na coluna 3) e dependem de quantos sorvete são produzidos. Já o
custo total, ou seja, a soma dos custos fixo e variável, figura na coluna 4:
 
Fonte: Shutterstock
 Fonte: Shutterstock.
Quantidade de
sorvete Y
Custo fixo
CF
Custo variável
CV
Custo total
CT
Custo médio
CME
C. marginal
CMg
0 R$125 R$0 R$125
1 125 5.00 130.00 130.00 5.00
2 125 20.00 145.00 72.50 15.00
3 125 45.00 170.00 56.67 25.00
4 125 80.00 205.00 51.25 35.00
5 125 125.00 250.00 50.00 45.00
6 125 180.00 305.00 50.83 55.00
7 125 245.00 370.00 52.86 65.00
8 125 320.00 445.00 55.63 75.00
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
Já apresentamos esses conceitos neste módulo. Além dessas medidas de custo, existem ainda outras duas muito
usadas pelos economistas:
 
autor/shutterstock
Custo marginal (CMg)
 
autor/shutterstock
Custo médio (CMe)
Assim como observamos no produto marginal, o custo marginal é a variação no custo total ao se acrescentar uma
unidade de trabalho (por exemplo, um trabalhador a mais ou um dia a mais de trabalho). Sua forma de cálculo também
é parecida com a que vimos antes:
ÇÃ
ÇÃ 
 
OU 
 
 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
O custo médio, por sua vez, possui um cálculo ainda mais simples: como o próprio nome diz, ele é uma média. Para
calculá-lo, basta dividir o custo total pela quantidade de produto.
É 
 
OU 
 
 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
As colunas 5 e 6 da tabela anterior oferecem respectivamente os custos médio e marginal da sorveteria de Mateus. O
marginal aumenta com o número produzido de sorvetes, enquanto o médio começa alto e diminui à medida que mais
unidades são produzidas. No entanto, a partir da 5ª unidade de sorvete, ele volta a crescer.
Para compreendermos o comportamento das duas curvas, devemos observar os diagramas desta figura:
 
Fonte: A autora
DIAGRAMA (A)
O diagrama (a) mostra a curva de CT da sorveteria de Mateus, indicando o aumento dela com o número de unidades
produzida. A inclinação da curva de CT também não é constante, pois ela se torna cada vez mais inclinada à medida
que se desliza para a direita. A razão para isso são os retornos decrescentes do insumo variável.
DIAGRAMA (B)
No segundo gráfico, vemos a curva de custo marginal (CMg) da sorveteria. Como pudemos ver anteriormente no caso
da curva de produto marginal, que corresponde à inclinação da de produto total, o custo marginal é igual à inclinação da
curva de CT. Como ela é positivamente inclinada, a inclinação da própria curva de custo total aumenta. Novamente, os
retornos decrescentes de insumos justificam a inclinação da CMg. Como o produto marginal do insumo declina, cada
vez mais insumo variável será necessário para produzir qualquer unidade adicional de produto. Como cada unidade
adicional de insumo variável tem de ser paga, o custo por unidade adicional de produto também aumenta.
DIAGRAMA (C)
O terceiro diagrama (c) indica o custo médio. Conforme apontamos, ele não tem inclinação constante: a curva de CM
tem um formato de “U”. Isso ocorre por dois efeitos acontecerem simultaneamente na curva de custo médio.
 ATENÇÃO
Lembre-se de que o produto marginal é decrescente.
Recordemos que o custo total é composto por dois tipos de custo: variável e fixo. Assim, o médio também pode ser
decomposto em dois componentes:
 
autor/shutterstock
Custo fixo médio (CFM);
 
autor/shutterstock
Custo variável médio (CVM).
O cálculo de ambos é direto: divide-se cada um pela quantidade de produto produzida.
É
 
 
OU 
 
 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Á É Á
 OU 
 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
No início da produção, quando há poucas unidades, o custo total médio (CME) é alto por conta do peso grande que o
componente do custo fixo tem sobre ele. Conforme se produz mais, esse componente de custo fixo vai sendo “diluído”.
Em outras palavras, assim que o denominador aumenta, o CFM diminui, de modo que a inclinação da curva também
diminui, tornando-a mais achatada. Isso ocorre até ela atingir um ponto mínimo e voltar a crescer.
O crescimento do custo médio depois do ponto de mínimo ocorre por conta do outro efeito: o do custo variável. Se, por
um lado, o CFM cai, o CVM sobe. Esse crescimento do custo variável se deve ao efeito dos retornos decrescentes dos
insumos, fazendo com que, quanto maior for a quantidade de produto, mais insumo variável será necessário para
produzir unidades adicionais, aumentando, por sua vez, o custo variável.
Indicaremos mais à frente uma figura que possui essa dinâmica dos custos, ilustrando, para tal, cada uma das curvas.
Como se pode observar, o CFM e o CMg se cruzam no ponto mínimo de custo total médio.
A partir deste ponto (destacado pela letra M na figura), o CVM ultrapassa o CFM; dessa forma, os efeitos do
componente variável do custo médio ultrapassam o efeito do componente fixo dele.
 
Fonte: A autora
Notemos também que a curva de custo marginal intercepta a de custo médio no mesmo ponto. Correspondendo a um
custo total médio mínimo, a quantidade de produto desse ponto recebe o nome de produto de custo mínimo. Abaixo
dele, o CVM é menor que o CFM; com isso, a curva de custo médio total declina. Acima do ponto M, no entanto, o CVM
ultrapassa o CFM e é maior do que ele, de maneira que o custo médio passa a crescer.
CURVAS DE CUSTO
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. SOBRE FUNÇÃO DE PRODUÇÃO DA FIRMA, ASSINALE A AFIRMATIVA FALSA:
A) É a relação entre a quantidade de produto que uma firma irá produzir e a de insumos.
B) Os insumos da função de produção de curto prazo são fixos.
C) A curva que mostra como a quantidade de produto depende do montante de insumo variável para uma dada quantia
de insumo fixo é chamada de curva de produto total.
D) A inclinação da curva de produto total é igual ao produto marginal do insumo variável.
2. QUESTÃO NÚMERO DOIS DO MÓDULO 3.
A) O custo variável é a variação no custo total ao se acrescentar uma unidade de insumo variável.
B) O custo fixo médio é o custo fixo dividido pela quantidade total produzida.
C) A curva de custo marginal é crescente.
D) O custo total é a soma dos custos fixo e variável.
GABARITO
1. Sobre função de produção da firma, assinale a afirmativa falsa:
A alternativa "B " está correta.
 
No curto prazo, os produtores não conseguemmodificar o montante de alguns insumos. Trata-se dos chamados
insumos fixos. Eles só podem alterar a sua produção mudando a quantidade de insumos variáveis. No longo prazo, não
existem insumos fixos: todos eles são variáveis.
2. Questão número dois do módulo 3.
A alternativa "A " está correta.
 
Tal definição corresponde ao custo marginal.
MÓDULO 4
 Demonstrar a quantidade de produto para a maximização do lucro do produtor
OFERTA E COMPETIÇÃO PERFEITA
No módulo anterior, estudamos as curvas de custo do produtor e enunciamos os conceitos de lucro e receita.
Mas resta saber ainda como esses conceitos estão relacionados entre si e de que forma afetam as escolhas de
produção e oferta das firmas.
Isso depende do tipo de mercado no qual uma firma se encontra. Neste módulo, contudo, analisaremos uma na seguinte
situação: competição perfeita.
Se você já foi a uma feira, deve ter notado que, em geral, existe mais de um feirante vendendo batatas ou tomates.
Também já deve ter percebido que o preço desses produtos repetidos costuma ser muito parecido ou igual entre as
barracas.
O barulho alto característico das feiras é um sintoma da competição que os feirantes enfrentam entre si. Para vender
produtos que não oferecem muitas diferenças entre uma barraca e outra, competir é inevitável. Para isso, recorre-se à
voz. Mas por que eles não usam outros recursos, como alterar o preço e a quantidade ofertada, para tentar vender
mais?
 
Fonte: Shutterstock
 Fonte: Shutterstock.
José e Sônia são dois feirantes que vendem batatas. Ambos comercializam o seu produto na mesma feira aos
domingos. Suponha também que suas batatas sejam da mesma qualidade. Na prática, eles competem entre si ao
disputarem potenciais compradores.
Será que um dos dois devia impedir o outro de vender batatas? Ou eles deveriam fazer um acordo para aumentar o
preço dela?
É provável que a resposta seja não. Há centenas de outros feirantes vendendo esse item, seja na mesma feira ou em
outra talvez não muito distante. Sônia e José definitivamente estão competindo com todos esses vendedores de batata.
Se ambos tentassem aumentar o preço da batata, provavelmente não conseguiriam vender muito, pois os consumidores
encontrariam outra mais barata a apenas algumas barracas de distância. Desse modo, podemos dizer que José e Sônia
são produtores tomadores de preço.
Um produtor é chamado assim quando suas ações não afetam o preço de mercado do bem que ele vende. O raciocínio
análogo vale para os consumidores tomadores de preço: eles não podem influenciar esse preço por meio de suas
ações.
Em um mercado perfeitamente competitivo, consumidores e produtores são tomadores de preço. Com isso, decisões
individuais, de quem quer que elas partam, não afetam o preço de mercado de determinado bem. Além disso, há duas
condições necessárias para a competição perfeita:
Competição perfeita
 
autor/shutterstock
PRIMEIRA CONDIÇÃO
A) A indústria deve possuir um número relativamente grande de produtores; B) Nenhum deles pode ter participação de
mercado grande. 
 
A participação de mercado de um produtor é a fração do produto total da indústria pela qual ele é responsável. Se
possuir uma parcela muito grande dele, ele passará a influenciar o preço de mercado do bem que produz. Por exemplo,
na crise do petróleo da década de 1970, a OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) tinha quase 1/3 de
fatia da produção total de petróleo mundial. Ao diminuir a quantidade ofertada, ela influenciou diretamente no preço do
barril. Este não é o caso de José nem de Sônia.

 
autor/shutterstock
SEGUNDA CONDIÇÃO
Os consumidores devem considerar os produtos de todos os produtores equivalentes. 
Isso não seria verdade se os compradores acreditassem que as batatas de Sônia são de melhor qualidade que as de
José. Caso realmente fossem melhores, ainda que ela aumentasse um pouco o seu preço, os consumidores
continuariam comprando em virtude de sua melhor qualidade. 
No caso de commodities (ou produtos padronizados), os consumidores costumam considerar o produto de um
produtor como perfeitamente substituível pelo de outro. Temos como exemplo um produtor de batatas como José ou
Sônia. Eles não podem aumentar o preço de suas batatas sem perder todas as suas vendas para outros vendedores. 
Assim, para que uma indústria seja perfeitamente competitiva, é necessário que seu produto seja padronizado.
LIVRE ENTRADA E SAÍDA
Além das duas condições enunciadas acima, os mercados perfeitamente competitivos têm ainda outra característica: a
livre entrada e saída de firmas e produtores. Dito de outra forma, não há barreiras para seu acesso ao mercado.
 EXEMPLOS DE BARREIRAS À ENTRADA
Acesso limitado a recursos, obstáculos legais e regulamentações governamentais.
Tampouco existem custos adicionais associados à saída do mercado, como tarifas associadas ao fechamento de uma
firma. Contudo, a livre entrada e saída não é uma condição necessária para a competição perfeita, e sim uma
característica comum na maioria dos mercados competitivos.
Como funcionam os mercados perfeitamente competitivos?
Para responder a essa pergunta, primeiramente examinaremos de que modo um produtor maximiza o seu lucro
individualmente em uma indústria perfeitamente competitiva. Em seguida, entenderemos o significado de lucro
econômico a partir da análise dos lucros e prejuízos de um negócio hipotético.
PRODUTO ÓTIMO
Imagine que João e Maria administrem um cultivo de café. Suponha que o preço de mercado da saca seja R$40 e que
eles sejam tomadores de preço, podendo, assim, vender o montante que quiserem com esse preço.
Quantas sacas eles devem produzir para maximizar seu lucro?
Já verificamos no módulo anterior que o lucro é igual à receita total menos o custo total, assim como a receita total é o
preço de mercado multiplicado pela quantidade de produto.
Como fizemos no caso do consumidor, recorreremos agora à análise marginal para encontrar a quantidade ótima de
produto (que maximiza o lucro) a ser vendida. Quando um produtor aumenta o montante dele em uma unidade, sua
receita cresce, mas, infelizmente, acontece o mesmo com seu custo.
Também vimos que esse aumento no custo por unidade extra de produto é conhecido como custo marginal.
Analisemos agora outro conceito relativo a esse tópico: receita marginal (RMg). Analogamente, ela é a receita adicional
gerada com a venda ao se aumentar o produto em uma unidade.
Formalmente, temos a seguinte equação:
ÇÃ
ÇÃ
 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Mas como isso ajuda a descobrir a quantidade ótima de sacas de café que João e Maria deve produzir para maximizar
os lucros de sua produção?
A tabela a seguir aponta a receita total, o custo total e o lucro total por unidade de saca de café do cultivo de ambos,
além dos cálculos do custo e RMg. A última coluna, por sua vez, exibe o ganho líquido por saca, isto é, a receita
marginal menos o custo marginal.
Quantidade de
café Y (sacas)
Custo
variável
CV
Custo
total CT
C. Marginal por
saca CMg
R. Marginal por
saca RMg
Ganho líquido
por saca
0 R$0 20.00 - - -
1 25.00 45.00 25.00 40.00 15.00
2 55.00 75.00 30.00 40.00 10.00
3 65.00 110.00 35.00 40.00 5.00
4 75.00 150.00 40.00 40.00 0.00
5 85.00 195.00 45.00 40.00 -5.00
6 95.00 245.00 50.00 40.00 -10.00
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
Como vimos no módulo 3, esta tabela evidencia que o custo variável e o total crescem à medida que a produção
aumenta. O custo marginal também sobe a cada unidade de café por conta dos retornos decrescentes dos insumos. A
RMg, no entanto, permanece constante, uma vez que o preço do produto não muda (afinal, João e Maria são tomadores
de preço).
Examinemos agora a última coluna, a de ganho líquido por saca: até a 4ª saca de café produzida, ambos registram um
ganho líquido positivo. Produzir, portanto, gera mais receita do que custos. Na quarta saca, o ganholíquido já é zero; a
partir da 5ª, ele passa a ser negativo, pois o custo marginal é maior que a receita marginal.
Podemos observar essas curvas graficamente para a melhor absorção desse conceito:
 
Fonte: A autora
A curva de custo marginal (CMg) apresenta uma inclinação positiva e permanece abaixo da de receita marginal (RMg)
até o ponto E, onde ela intercepta a RMg. Até E (ou até a 4º saca), João e Maria contabilizam um ganho líquido positivo
por saca.
A partir de E, a CMg ultrapassa a curva de receita marginal, enquanto o ganho líquido se torna negativo, ou seja, eles
passam a perder dinheiro com a produção de unidades adicionais de sacas de café.
Desse modo, o ponto que maximiza o lucro de ambos é o E, com uma produção de quatro sacas de café. Note que,
neste ponto, a receita marginal é exatamente igual ao custo marginal. Isso é chamado de regra de produto ótimo do
produtor. Na quantidade ótima de produto, Rmg = CMg.
LUCROS E PREJUÍZOS
Sabemos então que, no ponto indicado, João e Maria não encontram incentivos para produzir mais nem menos, pois ele
se trata da quantidade de produto ótima deles. Mas este é o único ponto no qual a produção dele e sua manutenção no
mercado fazem sentido? A resposta é não.
A decisão de uma firma permanecer ou não em um mercado depende de seu lucro econômico, medida que considera
o custo de oportunidade dos recursos de um negócio além de suas despesas explícitas.
 EXEMPLO
Se fôssemos pensar no lucro econômico de João e Maria, poderíamos incluir como custo de oportunidade de investir na
produção de café o quanto esse dinheiro renderia no banco. Lembremos que custo de oportunidade é o que você deixa
de obter (rendimento do banco) ao optar por outra atividade (produção de café).
O que diferencia o lucro econômico do contábil é o custo implícito, isto é, os benefícios dos quais se abdica no uso dos
recursos da firma.
Vamos supor que todos os custos (implícitos e explícitos) estejam incluídos na tabela a seguir, mostrando, portanto, o
lucro econômico. Para saber se Maria e João operam em lucro ou prejuízo, devemos olhar para:
Custo total médio mínimo de sua produção;
Preço de mercado do café.
Esta tabela calcula o custo variável médio e o total médio para a produção de ambos. Consideramos o custo fixo como
dado; portanto, são valores de curto prazo:
Quantidade de café Custo Custo Custo variável médio Custo total médio
Y (sacas) variável CV total CT CVM = CV/Y CTM = CT/Y 
0 R$0 20.00 - -
1 25.00 45.00 25.00 45.00
2 55.00 75.00 27.50 37.50
3 65.00 110.00 21.67 36.67
4 75.00 150.00 18.75 37.50
5 85.00 195.00 17.00 39.00
6 95.00 245.00 15.83 40.83
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
Como se pode observar, o custo total médio é minimizado na quarta saca no valor de R$36,67, que corresponde ao
produto de custo mínimo. Mas o que isso nos diz a respeito de uma firma ser lucrativa ou não?
No módulo anterior, frisamos que o lucro π é igual à receita total (RT) menos o custo total (CT).
Logo:
SE RT > CT, A FIRMA É LUCRATIVA;
SE RT < CT, A FIRMA TEM PREJUÍZO;
SE RT = CT, A FIRMA POSSUI CUSTO E RECEITA IGUAIS E LUCRO
ZERO.
 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Também é possível manipular essas equações dividindo os dois lados pelo produto Y e expressar essa ideia em termos
de receita e custo por unidade de produto:
Π
 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
O primeiro termo do lado direito da equação (RT/Y) representa a receita média, que é igual ao preço de mercado das
sacas de café, uma vez que o preço é constante. Já o segundo termo constitui o custo total médio.
Dessa maneira, uma firma será lucrativa se o preço de mercado de seu produto exceder o custo total médio da
quantidade que ela produz e terá prejuízo se o preço de mercado for inferior.
Reescreveremos essas relações a seguir:
SE P > CTM, A FIRMA É LUCRATIVA;
SE P < CTM, A FIRMA TEM PREJUÍZO;
SE P = CTM, A FIRMA POSSUI CUSTO E RECEITA IGUAIS E LUCRO
ZERO.
 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Também podemos observar essa relação graficamente. Esta figura apresenta dois diagramas com diferentes preços de
mercado de saca de café:
 
Fonte: A autora
No painel (a), o preço de mercado da saca de café excede o custo total médio mínimo, em que p = 40, e a firma opera
em lucro. João e Maria possuem uma situação lucrativa, pois o preço de R$40 excede o custo total médio a equilibrar
receita e custo; afinal, o ponto de custo total médio mínimo é R$36,67.
O ponto E do gráfico é o caso já analisado no qual ambos produzem a quantidade maximizadora de lucro: quatro sacas
de café. Nesse montante, o custo total médio, indicado por B no gráfico, é de R$37,50. Como o preço de mercado por
saca é maior que o custo total médio por unidade, a produção de João e Maria mostra ser lucrativa.
Esse lucro é indicado pela distância vertical entre a reta de receita marginal e o custo total médio dessa quantidade de
sacas ou pela distância entre os pontos E e B multiplicada pelo número de sacas. A área sombreada (cinza) no gráfico
ilustra o lucro de João e Maria.
É possível expressar o lucro total também em termos de lucro por unidade:
Π
OU
Π
 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Já no gráfico (b), conforme indica a letra D, a firma, com p = 30, ou seja, abaixo do custo total médio mínimo, opera em
prejuízo. Nessa situação, a curva de custo marginal corta a de receita marginal (ou preço) no ponto C, que corresponde
ao montante de duas sacas de café.
Agora é negativa a distância entre a reta de receita marginal e o ponto de custo total médio associado à quantidade W,
que equivale a R$37,50. O custo total médio excede o preço de mercado. Com isso, a produção de Maria e João opera
em prejuízo.
Assim, para determinar se um produtor é lucrativo ou não, é necessário comparar o preço de mercado do bem e o que
iguala receita e custo para o produtor, ou seja, seu custo total médio mínimo.
ESCOLHA DO PRODUTOR
A CURVA DE OFERTA
Vimos até aqui como os produtores de um mercado perfeitamente competitivo decidem suas quantidades ótimas de
produção. Também apontamos neste módulo que, no curto prazo, o número de produtores ou firmas desse tipo de
indústria é fixo, não havendo entrada nem saída.
Mas qual é a quantidade total de bens ofertada em um determinado mercado?
Sabemos que cada produtor tomará o preço como dado e fará sua escolha individual sobre a quantidade ótima de
produto. Neste módulo, fizemos a suposição de que não haja diferença na qualidade dos bens dos produtores. Vamos
estender essa hipótese para supor também que todos os produtores sejam iguais, ou seja, arquem com os mesmos
custos e insumos.
Como seria a curva de oferta dessa indústria?
Revisitemos o mercado de café analisado anteriormente. Vamos supor, que além de João e Maria, existam outros 49
participantes idênticos, totalizando, assim, um grupo de 50. Sabendo que o número de produtores desse mercado é
dado, cada um vai tomar sua decisão de produzir individualmente.
 
Fonte: Shutterstock
 Fonte: Shutterstock.
Desse modo, cada um igualará seu custo marginal à receita marginal, isto é, ao preço de mercado. Como os produtores
são iguais e têm os mesmos custos, todos eles decidirão produzir o mesmo número de sacas de café: quatro
(quantidade ótima de produto).
Se houver 50 produtores de café, a quantidade de oferta da indústria será 50 vezes 4 sacas, ou seja, 200 sacas de café.
Já o preço dela será de R$40. O resultado disso é a curva de oferta da indústria de curto prazo ilustrada no painel
(a):
 
Fonte: A autora
Neste diagrama, D representa a curva de demanda e E, o ponto de equilíbrio de mercado de curto prazo, no qual a
quantidade de oferta é igual à de demanda para um dado número de produtores.
No curto prazo, não há entrada nem saída de participantes, pois estamos olhando um

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