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DO PATOLÓGICO AO CULTURAL NA SURDEZ: PARA ALÉM DE UM E DE OUTRO OU PARA UMA REFLEXÃO CRÍTICA DOS PARADIGMAS

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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PELOTAS
LIBRAS
VICTÓRIA HECKTHEUER HALLAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DO PATOLÓGICO AO CULTURAL NA SURDEZ: PARA ALÉM DE UM E DE OUTRO OU PARA UMA REFLEXÃO CRÍTICA DOS PARADIGMAS
 
 
 
 
 
Pelotas
2019
O texto, “Do patológico ao cultural na surdez: para além de um e de outro ou para uma reflexão crítica dos paradigmas", de Audrei Gesser (2008), apresenta a pesquisa sobre o primeiro contato com a surdez no ensino de Libras para ouvintes, abordando uma reflexão sobre os termos utilizados para designar os termos surdo, deficiente auditivo, surdo-mudo e mudo, com o objetivo de saber a reação nos primeiros contatos com a surdez. Sintetiza a importância de discutir-se e sensibilizar-se com as condições às quais os surdos se encontram na sociedade atual. Seja por conta de falas preconceituosas ou até mesmo pela dificuldade de comunicação com ouvintes, já que não se é ensinado libras para todos, somente para os que têm algum tipo de interesse, portanto, a maioria das pessoas não consegue se comunicar com os surdos. Só isto, já gera uma exclusão social por parte dos ouvintes, já que muitos inviabilizam a inserção dos surdos nos ambientes.
Além disso, os surdos convivem diariamente com uma nomenclatura preconceituosa e pejorativa sobre eles, que incluem os termos deficientes auditivos, surdo-mudo e mudo. Há, no texto, um relato sobre a parte da deficiência ser pejorativa por remeter, ou lembrar um deficiente mental. Tal fato possibilitou um parecer sobre: se os surdos sentem-se incomodados, discriminados por serem chamados de deficientes, será que não devemos nos preocupar e repensar, não só a maneira e a nomenclatura à qual nos referimos aos surdos, e sim, a todos. Afinal, se os surdos sentem-se discriminados, é porque a palavra carrega um sentido pejorativo, e talvez usá-las com frequência menor, amenize o preconceito que possuímos e possa trazê-los para o nosso convívio.
É nítido o despreparo por parte das instituições, dos governos e dos cidadãos acerca da questão do surdo. Normalmente os surdos são vistos como anormais, como um problema na hora da comunicação, como se fosse, literalmente, um problema que se deve evitar, e não se é ensinado sobre a cultura surda, sobre a construção cultural que foi, hipocritamente, desenvolvida pelos ouvintes - pelo menos, a ideia de cultura surda no senso comum.
“Sabe uma coisa que eu fico irritada? Assim né, até entendo eles, mas outro dia vi um aluno surdo, NOSSO aluno ((estabelecendo contato visual com os outros professores entrevistados)). Ele estava na rua se fazendo de coitadinho. Sabe aqueles pacotinhos de caneta que as pessoas vendem por aí? Assim com uma notinha dizendo que são “deficientes auditivos”. Então, ele tava tirando vantagem da sua surdez para ganhar dinheiro”
Essa frase representa essa realidade, que fala na visibilidade que os indivíduos surdos têm, é uma visibilidade pautada na deficiência. E realmente é, visto que é normal que vejamos surdos vendendo canetas, vendendo papéis com o alfabeto em libras, ou doces e balas, com a finalidade de ganhar seu dinheiro pelo fato de ser um deficiente. Como se o fato de ser surdo os limitasse ao ponto de não conseguirem exercer nenhum tipo de profissão. O que não é uma verdade, segundo o que o texto traz.
Porém, apesar disso, temos que levar em consideração que o surdo têm vários problemas institucionalizados, extremamente comuns, o despreparo da sociedade para lidar com a surdez. O que é justificado pela visão patológica pela qual a surdez é representada, como se fosse a ausência de algo, a falta de alguma parte. A perspectiva de desvio da normalidade coloca os surdos em um patamar de especial, que acaba por contribuir para a disseminação do preconceito. 
 	A língua de sinais está pautada na libertação do surdo como anormal, na libertação da visão patológica que existe em torno do surdo, porque desvia do surdo a visão de deficiência cognitiva e da uma concepção de diferença linguística e cultural.
 	É explícito que ainda existem muitas pendências em relação à cultura dos surdos, da maneira como os enxergamos, do respaldo e acessibilidade que os é oferecido.
A indignação presente no cotidiano dos surdos é muito válida, visto que o preconceito e “ridicularização” está presente na vida dos mesmos, de diversas maneiras. Lidar com as pessoas surdas devia ser uma coisa natural, visto que somos todos civilizados e que há maneira de comunicação, a língua de sinais.
O texto busca trazer uma sensibilização da maneira a qual lidamos com a diferença do próximo, no foco dos surdos. Ter empatia e procurar entender a maneira como os surdos podem sentir-se em decorrência das nossas atitudes é iniciar o caminho para a melhor convivência e buscar o desenvolvimento de um ambiente propício para uma troca de experiências e respeito às diferenças, e não uma rotulação de deficiências e subestimação do próximo.
A expansão de conhecimento sobre este assunto para a população de modo geral é de extrema relevância, para não criar uma segregação entre ouvintes e surdos, e sim, ter consciência da heterogeneidade da sociedade, sem fazer qualquer tipo de julgamento de valor, superestimação ou subestimação, de qualquer indivíduo que seja.

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