Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Programa de Pós-Graduação EAD UNIASSELVI-PÓS LEGISLAÇÃO E AVALIAÇÃO DO ENSINO SUPERIOR NO BRASIL Autores: Giancarlo Moser Norberto Siegel Vilmar Urbaneski 378.0026 M899l Moser, Giancarlo Legislação e avaliação do ensino superior no Brasil / Giancarlo Moser; Norberto Siegel e Vilmar Urbaneski. Indaial : Uniasselvi, 2011. 99 p. : il. Inclui bibliografia. ISBN 978-85-7830-502-4 1. Educação superior – legislação. I. Centro Universitário Leonardo da Vinci CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090 Reitor: Prof. Dr. Malcon Tafner Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol Coordenador da Pós-Graduação EAD: Prof. Norberto Siegel Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: Profa. Hiandra B. Götzinger Montibeller Profa. Izilene Conceição Amaro Ewald Profa. Jociane Stolf Revisão de Conteúdo: Evandro André de Souza Revisão Gramatical: Profa. Camila Thaísa Alves Diagramação e Capa: Centro Universitário Leonardo da Vinci Copyright © Editora Grupo UNIASSELVI 2011 Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. Impresso por: Possui graduação em História pela UFSC (1992), Licenciatura em Sociologia (1993), graduação em Processos Gerenciais (2008), Post Laurea em Cultura e Sociologia (Universita di Trento, 1993), especialização em Administração, (2003), mestrado em Patrimônio Cultural e Turismo (Universidade do Vale do Itajaí, 2001) e doutoramento em Ciências Sociais (Universidade de Aveiro, 2007) e atualmente é pós-doutorando da Fundação Getúlio Vargas, no Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (FGV/CPDOC). Atua como: professor de graduação e pós-graduação; avaliador de Ensino Superior MEC/INEP (desde 2001) e pelo CEE/SC. Professor de graduação e Diretor do Centro Universitário Leonardo da Vinci e Diretor de Relações Institucionais do Grupo UNIASSELVI. Editor-Chefe da Editora UNIASSELVI. É autor de diversos livros. Tem experiência na área de Educação Superior, com ênfase multidisciplinar, atuando principalmente nos seguintes temas: Educação Superior, História da Educação, Planejamento e Gestão de Instituições de Ensino, Patrimônio Histórico e Cultural e Editoras Universitárias. Giancarlo Moser Possui graduação em Filosofia pela Fundação Educacional de Brusque (1990), graduação em Teologia pelo Instituto Teológico de Santa Catarina (1994), especialização em Filosofia e Teoria do Conhecimento e Filosofia da Ciência pela Fundação Educacional de Brusque (2001) e mestrado em Educação pela Fundação Universidade Regional de Blumenau (2005). Professor de graduação e pós-graduação do Centro Universitário Leonardo da Vinci. Tem experiência na área de Filosofia e Educação, com ênfase em Ética. Na EAD, publicou: Fundamentos da Educação: Temas Transversais e Ética, Filosofia Geral e da Educação, Fundamentos Epistemológicos da Geografia, Ética na Educação Escolar, entre outros. Atualmente é coordenador pedagógico da UNIASSELVI-PÓS. Norberto Siegel Possui graduação em Filosofia pela Universidade São Francisco de São Paulo (1994), especialização em Filosofia e Teoria do Conhecimento e Filosofia da Ciência pela Fundação Educacional de Brusque (2001), mestrado em Educação pela Fundação Universidade Regional de Blumenau (2006). Atualmente, leciona em cursos de graduação e pós-graduação. Tem experiência na área de Filosofia. Na EAD, publicou: Filosofia da Religião. Vilmar Urbaneski Sumário APRESENTAÇÃO ............................................................................ 7 CAPÍTULO 1 Aspectos Conceituais do Ensino Superior Brasileiro ........... 9 CAPÍTULO 2 Os Principais Marcos Regulatórios do Ensino Superior no Brasil: Regulação, Supervisão e Avaliação ...................... 21 CAPÍTULO 3 A Articulação entre o PDI, PPI, PPC e as Diretrizes Curriculares Nacionais ............................................................ 45 CAPÍTULO 4 Avaliação no Ensino Superior ................................................. 73 APRESENTAÇÃO Caro(a) pós-graduando(a): Bem-vindo a mais uma disciplina de seu curso. Esta disciplina é bastante técnica, pois apresenta a estrutura de funcionamento do Ensino Superior no Brasil. A educação está repleta de Leis, Decretos, Pareceres, Normas que estão em vigência e regem o sistema de ensino. O ensino superior brasileiro segue a legislação Federal estabelecida pelo MEC, sob tutela do Governo Federal. O MEC, através de suas secretarias, estabelece as regras de funcionamento das instituições de ensino superior, bem como estabelece o marco regulatório e o sistema de avaliação de todo o processo de ensino. Diante disso, esta disciplina tem por finalidade apresentar os principais aspectos que norteiam o Ensino Superior no Brasil, tais como: o Conselho Nacional de Educação (CNE), o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) e o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (SINAES). Neste caderno de estudos, reunimos as principais legislações e normas que regem o ensino superior no Brasil em quatro capítulos, que são: “Os aspectos conceituais do ensino superior brasileiro”; “Os principais marcos regulatórios do ensino superior no Brasil: avaliação, supervisão e regulação”; “O PDI, PPI, PPC e as Diretrizes Curriculares Nacionais”; “A avaliação no ensino superior”. Desejamos a você bons estudos e esperamos que tenha sucesso em seu aprendizado. Os autores. CAPÍTULO 1 Aspectos Conceituais do Ensino Superior Brasileiro A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: 9 Compreender os aspectos teóricos e conceituais que norteiam a oferta do Ensino Superior no Brasil. 9 Conhecer as principais propostas de Ensino Superior estabelecidas no mundo atual e seus tipos de aplicação e formato. 10 Legislação e avaliação do ensino superior no brasil 11 Aspectos Conceituais do Ensino Superior BrasileiroCapítulo 1 Contextualização Neste capítulo iremos apresentar as principais formas e os conceitos que norteiam a oferta de Ensino Superior, apresentado, de forma sintética, quais os seus principais postulados e suas origens teóricas e práticas. Para que se possa entender o processo de Avaliação, Regulação e Supervisão no Ensino Superior brasileiro contemporâneo deve-se ir além das simples observações e análises de que tratam os Instrumentos de Avaliação do MEC/Inep, pois os mesmos refletem nos seus parâmetros e indicadores aplicados nas concepções de Ensino Superior vigente na estrutura educacional da área. Dessa forma, este capítulo é introdutório e explanatório, pois privilegia o entendimento conceitual com base histórica, pretendendo esclarecer os modelos utilizados no sistema de Ensino Superior vigente atualmente. Concepções de Ensino Superior no Mundo Ocidental Contemporâneo Para melhor entendermos o processo de Regulação, Avaliação e Supervisão do Ensino Superior, temos que saber que atualmente os modelos avaliativos propostos pelo MEC/Inep estão em consonância direta com propostas filosóficas e operacionais de modelos distintos de ensino superior. Para uma compreensão mais adequada, apresentamos os modelos atuais vigentes, destacando os seus principais postulados e práticas: • o modelo clássico Francês, conhecido também como Modelo Napoleônico; • o Modelo alemão, baseado no tripé Ensino-Pesquisa-Extensão; • o Modelo Universalista ou Modelo Americano, pautado pela massificação do Ensino Superior e na busca da inclusão de todos os segmentos sociais no mesmo. a) Modelo Napoleônico Este modelo é oriundo do chamado período napoleônico (1799-1815) e vem eivado de concepções próprias desse período, com a ascensão da burguesiae a busca de valores educacionais que privilegiassem a formação de profissionais de cunho prático e com espírito voltado à profissionalização. 12 Legislação e avaliação do ensino superior no brasil Deste modelo, pode-se resumir o seguinte: • elitização – o ensino superior voltado para uma pequena elite; • heteronomia – todo o sistema vinculado ao Estado; • sistema de cátedra – o professor presta contas ao Estado; • hiper-centralização – o mesmo currículo em todo o país; • hierarquização do sistema – universidades mais prestigiadas do que outras; • politização – o sistema é visto como um instrumento para identidade nacional; • ênfase no conhecimento técnico. No Brasil, esse modelo foi adotado por D. João VI, que tinha um controle sobre a lei, o currículo, o conteúdo, os professores, os estudantes, os horários e taxas a serem pagas pelos estudantes. A nomeação de professores, como não poderia deixar de ser, era controlada pelo governo, e não pelas escolas. Esse modelo dissociava ensino e pesquisa, e influenciou a formação profissional implantado no ensino superior. b) Modelo Alemão Este modelo é um dos mais tradicionais no sistema, também conhecido como Modelo Humboldtiano, pois entende o Ensino Superior lastreado na autonomia das Universidades e sendo uma aplicação do tripé Ensino, Pesquisa e Extensão. Modelo Humboldtiano: este conceito teve origem na organização da Universidade de Berlim, em 1808, e tem no famoso texto de Humboldt (1997) “Sobre a Organização Interna e Externa das Instituições Científicas Superiores em Berlim” a reflexão mais significativa e concisa sobre a universidade. Pode-se afirmar que as formulações de Humboldt, bem como seus pressupostos mais gerais, são ainda tomadas como relevantes quando a questão da universidade é discutida. Humboldt concebeu a universidade desenvolvendo essencialmente duas tarefas: de um lado, promoção do desenvolvimento máximo da ciência, de outro, produção do conteúdo responsável pela formação intelectual e moral da nação. (FERREIRA, 2009) Esse modelo foi adotado por D. João VI, que tinha um controle sobre a lei, o currículo, o conteúdo, os professores, os estudantes, os horários e taxas a serem pagas pelos estudantes. 13 Aspectos Conceituais do Ensino Superior BrasileiroCapítulo 1 Pode-se caracterizá-lo objetivamente da seguinte forma: • elitização; • autonomia – autonomia em relação ao Estado; • liberdade de cátedra – o professor tem grande liberdade de ensino e pesquisa • associação entre ensino e pesquisa; • descentralização – o alcance da universidade é local; • ênfase no conhecimento enciclopédico; • orientação neo-humanista. Dentro desta perspectiva, ou seja, de contradições entre esses 2 modelos, apresentamos o texto da Professora Maria de Fátima Costa de Paula1, da Universidade Federal Fluminense, que caracteriza as diferenças entre as concepções alemã e francesa de Ensino Superior: Encontramos divergências profundas entre as concepções alemã e francesa de universidade. O modelo alemão enfatiza a importância da pesquisa na universidade, e mais do que isto, da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e formação; ao passo que, no modelo francês, a pesquisa não é tarefa primordial da universidade, havendo dissociação entre universidades, que se dedicam fundamentalmente ao ensino, e “grandes escolas”, voltadas para a pesquisa e a formação profissional de alto nível. Enquanto o modelo francês volta-se para a formação especializada e profissionalizante, via escolas isoladas, o alemão enfatiza a formação geral, científica e humanista, com enfoque na totalidade e universalidade do saber e na consequente importância da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras como órgão central da universidade. Enquanto a universidade francesa, desde Napoleão, é mantida e dirigida pelo Estado, tornando-se uma espécie de aparelho ideológico deste, com pequena autonomia frente aos poderes políticos, a universidade alemã, embora sendo instituição do Estado, por ele mantida e vivendo sob a sua vigilância, conservou uma parte notável do seu caráter corporativo e deliberativo, gozando de liberdade de ensino e de pesquisa, nas suas primeiras décadas de funcionamento, no século XIX. Enquanto a intelligentsia francesa possuía forte vínculo com o Estado e com a política napoleônica, os intelectuais alemães mantinham uma posição de maior neutralidade frente aos poderes políticos instituídos. (DE PAULA, 2011, p. 6-7). Sendo assim, essas propostas acabaram ganhando terreno no mundo ocidental, sendo implantadas de formas mais ou menos distintas nos países em O modelo alemão enfatiza a importância da pesquisa na universidade, e mais do que isto, da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e formação; ao passo que, no modelo francês, a pesquisa não é tarefa primordial da universidade, havendo dissociação entre universidades, 14 Legislação e avaliação do ensino superior no brasil formação da América, principalmente nos séculos XIX e XX. Podemos afirmar que cada país teve motivações políticas e estruturais distintas, dentro de períodos históricos específicos de sua formação, portanto devemos entender que as adaptações foram fundamentais para que o Ensino Superior atende-se as necessidades e demandas que o momento exigiu. c) O Modelo Atual: O Americano O sistema de Ensino Superior dos EUA pode parecer confuso para um país como o Brasil em que a regulamentação sobre o mesmo é rígida e controlada pelo Estado. Nesse sistema existem diversas formas de “Ensino Superior” que, conforme o estado da federação norte-americana, são totalmente isentas de fiscalização pelo governo, podendo ir desde as instituições comunitárias, voltadas para públicos de classes mais simples, até as instituições da chamada Ivy League, instituições da elite americana. A Ivy League (Liga de hera) é um grupo de oito universidades privadas do Nordeste dos Estados Unidos da América. Originalmente, a denominação designava uma liga desportiva formada por essas universidades, das mais antigas dos Estados Unidos. O grupo, também referido como as oito antigas, é constituído pelas instituições de maior prestígio científico nos Estados Unidos e no mundo e, assim, atualmente, a denominação tem conotação, sobretudo, de excelência acadêmica, também associada a certo elitismo e ao establishment WASP. Os membros da Ivy League são: • Universidade Brown, em Providence, Rhode Island, fundada em 1764 como College of Rhode Island. • Universidade Columbia, em Nova Iorque, fundada em 1754 como King’s College. • Universidade Cornell, em Ithaca, Nova Iorque, fundada em 1865. • Dartmouth College, em Hanover, New Hampshire, fundada em 1769. • Universidade Harvard, em Cambridge, Massachusetts, fundada em 1636, fundada como New College, depois Harvard College. 15 Aspectos Conceituais do Ensino Superior BrasileiroCapítulo 1 • Universidade da Pensilvânia, em Filadélfia, Pensilvânia, fundada em 1751 como Academy of Philadelphia. • Universidade Princeton, em Princeton, New Jersey, fundada em 1746 como College of New Jersey. • Universidade Yale, em New Haven, Connecticut, fundada em 1701 como Collegiate School. (LEITE, 2009). De qualquer maneira, pode-se sintetizar o sistema Americano da seguinte forma: • massificação – as universidades recebem muitos alunos; • diversificação – escolas de elite, de excelência, e outras fracas; • autonomia – a presença do Estado regulador é desprezível; • competitividade – competição por alunos e por recursos; • flexibilidade – de currículos, salários e de gestão; • padrão industrial; • especialização das áreas de conhecimento; • orientação diversificada – humanistas, profissionais, de pesquisa; • prestação de serviços para a sociedade; • espalhou-se pelo mundo depois da Segunda Guerra; • as universidades americanas estão entre as melhores do mundo; • são dirigidas pelo mercado; • o estudante é visto como consumidor e a procura é que definea qualidade; • estão surgindo universidades empresas transnacionais; • nos países subdesenvolvidos - a pesquisa é deixada para o segundo plano por ser mais cara. Atividade de Estudos: 1) Faça uma pequena pesquisa e disserte sobre o modelo brasileiro de Ensino Superior atual, contrapondo o sistema de Universidades Públicas Federais e o sistema de Instituições Privadas de Ensino Superior. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 16 Legislação e avaliação do ensino superior no brasil Observando o Ambiente de Ensino- Aprendizagem nas Instituições de Ensino Superior O ambiente de ensino-aprendizagem das instituições de ensino superior esteve por muito tempo desvinculado da disseminação do conhecimento e do intercâmbio de ideias, comportando-se de forma individualizada, sem propiciar a criação de um ambiente harmônico e adequado à comunhão de ideias de docentes e discentes. Tal característica possibilitava a cada aluno o acesso à sabedoria e ao mesmo tempo à ignorância. Os professores, agentes motivadores do saber, não submetiam integralmente os seus conhecimentos ao processo de ensino- aprendizagem, temendo perder a sua posição, pois o domínio das informações não seria somente deles. Nesse contexto, ao mesmo tempo em que a sabedoria é estimulada, a criação de conhecimento, por meio do inter-relacionamento professor-aluno, é refreada (LUCKESI et al., 1998). A aquisição e transmissão do conhecimento podem ser compreendidas como o processo de criação de um ambiente de ensino-aprendizado, a partir da criatividade, do julgamento e do diálogo entre os indivíduos, que na sociedade do conhecimento necessitam desenvolver a proatividade, a flexibilidade, a multidisciplinaridade e a abertura para novos ensinamentos (SVEIBY,1998). Para aprofundar o estudo sobre as concepções de ensino superior e as suas discussões no ordenamento cotidiano das IES no Brasil, é interessante visitar o Portal do MEC, principalmente no link do Conselho Nacional de Educação, onde estão disponíveis os pareceres e súmulas dos conselheiros. Cada parecer é sempre embasado em uma profunda conceituação doutrinária que percorre a discussão com sua concepção teórica, provendo o material de sustentação e sendo indispensável para quem quiser entender os modelos e propostas na realidade brasileira. O link é: https://goo.gl/WqyB1D O ambiente de ensino- aprendizagem das instituições de ensino superior esteve por muito tempo desvinculado da disseminação do conhecimento e do intercâmbio de ideias, comportando- se de forma individualizada, sem propiciar a criação de um ambiente harmônico e adequado à comunhão de ideias de docentes e discentes. 17 Aspectos Conceituais do Ensino Superior BrasileiroCapítulo 1 O Papel da Universidade A Universidade é uma organização humana das mais antigas, cuja história, no mundo ocidental, vem sendo construída há dez séculos, desde quando, no final do século X, foram criadas a Universidade de Bolonha, na Itália, e a Universidade de Paris, na França, originadas de uma associação livre de estudantes e professores, destinadas ao estudo de Teologia e dos Clássicos. Nascidas de modo espontâneo, a partir da vontade de seus integrantes e despidas de qualquer interferência do poder leigo e religioso, logo as instituições passaram a granjear o respeito e a admiração da sociedade, cultivando, na sua organização, a mais ampla autonomia de funcionamento. Segundo Burke (2003, p. 87): Em 1450, o currículo das universidades europeias, uma rede que se estendia de Coimbra a Cracóvia, era notavelmente uniforme, permitindo assim que os estudantes se transferissem com relativa facilidade de uma instituição para outra (prática conhecida como peregrinatio academica). O primeiro grau era o bacharelado, e as artes em que o estudante se tornava bacharel eram as sete “artes liberais”, divididas em duas partes, o trivium, mais elementar, que lidava com a linguagem (gramática, lógica e retórica), e o quadrivium, mais avançado, que lidava com os números (aritmética, geometria, astronomia e música).[...] O primeiro grau podia ser seguido por um curso em uma das três faculdades superiores, teologia, direito e medicina, esquema ternário de um tipo raro na Idade Média.[...] As faculdades superiores eram as consideradas mais “nobres”, outro termo que revela a projeção da hierarquia no mundo do intelecto. Mas foi a partir do século XVIII que a universidade se viu compelida a sair de sua “Torre de Marfim” para se interessar pelos problemas que a sociedade enfrentava, sofrendo inúmeras transformações, algumas delas profundas, como a perda da autonomia plena para o Estado. Essa autonomia ficou condicionada aos interesses maiores da sociedade. Daí surgiram os dois principais grupos institucionais de universidades modernas: as públicas e as privadas. Ortega y Gasset (1946, p. 30) conceitua a universidade medieval como um ambiente A Universidade é uma organização humana das mais antigas, cuja história, no mundo ocidental, vem sendo construída há dez séculos, desde quando, no final do século X, foram criadas a Universidade de Bolonha, na Itália, e a Universidade de Paris, na França, originadas de uma associação livre de estudantes e professores, destinadas ao estudo de Teologia e dos Clássicos. 18 Legislação e avaliação do ensino superior no brasil que não investiga; ocupa-se muito pouco de profissão, o seu essencial é... <<cultura geral>> - teologia, filosofia, “artes”. Isso que hoje se chama “cultura geral” não era tal para a Idade Média; não era ornato do espírito ou disciplina formadora da personalidade; era, sim, o sistema de idéias [sic] sobre o Mundo e a Humanidade que o homem de então possuía. Era, enfim, o repertório de convicções que havia de dirigir efetivamente a sua existência. E do ponto de vista acadêmico-pedagógico, as universidades se dividiram conforme as sociedades e as missões para as quais foram instituídas. Assim, na Alemanha, criou-se o modelo de universidade de pesquisa, chamado de Modelo Humboldtiano, com a implantação dos institutos especializados, e na França, a universidade profissionalizante, através das chamadas “Grandes Escolas”, que tinham como objetivo formar engenheiros, médicos, administradores públicos, professores e advogados. Para alcançar o atual estágio de desenvolvimento do Ensino Superior, a sociedade passou, sucessivamente, por várias etapas que caracterizam uma verdadeira revolução. Atividade de Estudos: 1) _______________________________________________________ O Brasil encontra-se em um período ímpar de sua história, tendo despontado nos últimos 25 anos como uma nação democrática e estável na maioria de suas instituições republicanas, crescendo no cenário mundial como uma nação respeitável e emergindo com um dos maiores PIBs do mundo, derivado de sua potencia agrícola e de seu parque industrial. Com base na afirmativa acima e tomando em consideração as concepções de Ensino Superior apresentadas nesse capítulo, desenvolva uma argumentação sobre qual seria o melhor modelo conceitual de Ensino Superior a ser implantado para que o Brasil possa continuar desenvolvendo-se e mantendo um crescimento sustentável, promovendo a melhoria contínua de suas condições internas. Justifique. ____________________________________________________ ____________________________________________________ Assim, na Alemanha, criou- se o modelo de universidade de pesquisa, chamado de Modelo Humboldtiano, com a implantação dos institutos especializados, e na França, a universidade profissionalizante, através das chamadas “Grandes Escolas”,que tinham como objetivo formar engenheiros, médicos, administradores públicos, professores e advogados. 19 Aspectos Conceituais do Ensino Superior BrasileiroCapítulo 1 ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ Um bom estudo sobre a atualidade e os cenários possíveis para o Ensino Superior no Brasil e no Mundo pode ser encontrado em http://www.unemat.br/prpdi/pdi/docs/ensino_superior_mundo_ brasil_tendencias_cenarios_2003_2025.pdf Algumas Considerações O balanço da situação da educação no País e os cenários projetados para a próxima década sugerem alguns dos enormes desafios a serem enfrentados. É verdade que os anos 90 mostram avanços inegáveis, que representam um importante ponto de inflexão nas características estruturais do sistema. São aspectos inequívocos do redesenho do sistema educacional do País a quase universalização da cobertura do nível fundamental e a progressiva democratização do acesso ao ensino médio. Em consequência, os novos desafios assumem maior complexidade. Não se trata mais de apenas assegurar o acesso, mas sim de promover a permanência e o sucesso das crianças e jovens na escola e de oferecer um ensino de qualidade. Também em relação ao ensino superior, os desafios são imensos. Sua expansão é inexorável, como revelam os dados projetados. Mas o sistema deverá se expandir e, simultaneamente, tornar-se mais flexível para absorver as novas demandas surgidas da transformação por que vem passando o ensino médio e da própria dinâmica das mudanças sociais e econômicas deste início do século XXI. http://www.unemat.br/prpdi/pdi/docs/ensino_superior_mundo_brasil_tendencias_cenarios_2003_2025.pdf http://www.unemat.br/prpdi/pdi/docs/ensino_superior_mundo_brasil_tendencias_cenarios_2003_2025.pdf 20 Legislação e avaliação do ensino superior no brasil Há indícios bastante evidentes de que estamos ingressando numa nova era das políticas educacionais no País. Nosso sistema educacional, que até o final da década de 80 caracterizava-se pela disjunção entre o ensino fundamental de massa versus educação de elite para os níveis superiores, ingressa agora num novo patamar. Referências BURKE, Peter. Uma história social do conhecimento: de Gutenberg a Diderot. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2003. DE PAULA, Maria de Fátima Costa. A influência das concepções alemã e francesa sobre a universidade de São Paulo e a universidade do Rio de Janeiro quando de suas fundações. Disponível em: <www.anped.org.br/reunioes/25/ mariafatimapaulat11.rtf>. Acesso em: 28 out. 2011. LEITE, Felipe Laragnoit de Cillo. Boom imobiliário e treinamento de corretores de imóveis no Brasil: um estudo de caso de uma empresa líder do setor. 2009. 146f. Dissertação (Mestrado em Administração) - FEA/USP, 2009. ORTEGA Y GASSET, J. Meditaciones del Quijote. In: GASSET, J. O. Obras Completas (1ª Edição ed., Vols. Tomo I (1902-1916), p. 309-400). Madrid: Revista de Occidente, 1946. PEREIRA, Elisabete Monteiro de Aguiar. A universidade da modernidade nos tempos atuais. Avaliação. (Campinas) [online]. 2009, vol.14, n.1, pp. 29-52. ISSN 1414-4077. SVEIBY, Karl Erik. A Nova Riqueza das Organizações: gerando e avaliando patrimônios de conhecimento. Rio de Janeiro: Campus, 1998. CAPÍTULO 2 Os Principais Marcos Regulatórios do Ensino Superior no Brasil: Regulação, Supervisão e Avaliação A partir da concepção do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: 9 Entender a diversidade do sistema de Ensino Superior no Brasil e as principais formas de IES segundo a LDB e legislação correlata. 9 Conhecer a legislação consolidada que norteia e normatiza o sistema de Ensino Superior no Brasil pós-LDB 9.394/1996. 22 Legislação e avaliação do ensino superior no brasil 23 Os Principais Marcos Regulatórios do Ensino Superior no Brasil: Regulação, Supervisão e AvaliaçãoCapítulo 2 Contextualização Este capítulo apresenta a atual estrutura de Ensino Superior brasileiro e os principais marcos regulatórios referenciais no sistema pós-LDN 9.394/1996, com uma abordagem sobre o processo de diversificação e diferenciação que o mesmo apresenta com seus influxos históricos, por meio da legislação pertinente ao processo, que levaram aos modelos diversos de Instituições de Ensino Superior. A oferta diferenciada de modalidade de formação superior, estabelecida pela LDB 9.394/1996, está dividida, basicamente, em: Cursos Superiores (Sequenciais) de Formação Específica (que não permite a sequência de estudos de pós-graduação); Cursos de Bacharelado, Cursos de Licenciatura e Cursos Tecnológicos. Diferenciação e Diversificação do Ensino Superior no Brasil Este processo de diferenciação e diversificação do Ensino Superior brasileiro está estabelecido no artigo 43 da LDB 9.394/1996, que claramente coloca o Ensino Superior além do tripé ensino, pesquisa e extensão, definindo o sistema da seguinte forma: Art. 43. A educação superior tem por finalidade: I - estimular a criação cultural e o desenvolvimento do espírito científico e do pensamento reflexivo; II - formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua; III - incentivar o trabalho de pesquisa e investigação científica, visando o desenvolvimento da ciência e da tecnologia e da criação e difusão da cultura, e, desse modo, desenvolver o entendimento do homem e do meio em que vive; IV - promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicações ou de outras formas de comunicação; V - suscitar o desejo permanente de aperfeiçoamento cultural e profissional e possibilitar a correspondente concretização, integrando os conhecimentos que vão sendo adquiridos numa estrutura intelectual sistematizadora do conhecimento de cada geração; Incentivar o trabalho de pesquisa e investigação científica, visando o desenvolvimento da ciência e da tecnologia e da criação e difusão da cultura, e, desse modo, desenvolver o entendimento do homem e do meio em que vive. 24 Legislação e avaliação do ensino superior no brasil VI - estimular o conhecimento dos problemas do mundo presente, em particular os nacionais e regionais, prestar serviços especializados à comunidade e estabelecer com esta uma relação de reciprocidade; VII - promover a extensão, aberta à participação da população, visando à difusão das conquistas e benefícios resultantes da criação cultural e da pesquisa científica e tecnológica geradas na instituição. Como podemos perceber no artigo 43 da LDB, a Educação Superior no Brasil é um sistema complexo e diversificado, com instituições públicas e privadas e com vários níveis de ensino, desde a graduação até a pós-graduação (lato e stricto sensu) e com diferentes tipos de cursos e programas. Ainda sobre a organização do Ensino Superior no Brasil, cabe ressaltar que elas podem ser compreendidas como autônomas, empresariais, religiosas, técnicas e militares. Sobre essas questões, nos apoiamos em Soares (2002, p. 47-48) que apresenta uma explicação sobre cada uma delas. Acompanhe !!! Autônomas: a autonomia consagrada na Constituição para as universidades públicas e privadas não foi, ainda, implementada no que se refere à autonomia financeira dasuniversidades públicas federais. As universidades públicas estaduais em São Paulo e Paraná, por sua vez, já contam com essa prerrogativa, pelo menos em estágio mais avançado do que as federais. As universidades privadas garantem sua autonomia por contar com recursos próprios. Empresariais: no Brasil, essa categoria existe unicamente entre as instituições privadas, em função da especificidade da instituição mantenedora, ou seja, são mantidas por grupos empresariais ou empresários, como instituições lucrativas. Religiosas: é no campo privado que aparecem as instituições que, no Brasil, são denominadas confessionais, vinculadas a uma Diocese, ordem religiosa (jesuíta, salesiana, marista etc.) ou, ainda, a uma denominação religiosa (tais como Luterana, Metodista etc.). Técnicas: a esse tipo corresponderiam no Brasil as IES especializadas quando estruturadas com ênfase em áreas de engenharia e tecnológicas, em geral, como é o caso da Universidade Federal de Itajubá. Além disso, de acordo com a legislação, a oferta de formação tecnológica concentra-se nos Centros Federais de Educação Tecnológica (CEFETs) e nos Centros de Educação Tecnológica (CETs). 25 Os Principais Marcos Regulatórios do Ensino Superior no Brasil: Regulação, Supervisão e AvaliaçãoCapítulo 2 Militares: não existem universidades militares em nosso país. No entanto, poder-se-ia mencionar, aqui, os institutos ligados ao exército brasileiro (Instituto Militar de Engenharia/IME) e à aeronáutica (Instituto Tecnológico da Aeronáutica/ITA), que formam recursos humanos em diferentes especialidades no campo da engenharia. (SOARES, 2002, p. 47-48) Sobre a tipologia das IES no Brasil, a LDB, a Lei nº 9.394/96, trouxe inovações no sistema de ensino superior, principalmente quanto à natureza e dependência administrativa. No tocante à natureza acadêmica, constata-se que ela foi definida por decretos complementares, tais como os Decretos nº 3.860/01, 2.406/97 e 5.773/2005. No nível das instituições, isto é, no plano vertical, além das já existentes, foram criados mais dois novos tipos: a universidade especializada e os centros universitários. No plano horizontal, criaram-se novos tipos de cursos e programas, tais como os cursos sequenciais (no nível da graduação), os mestrados profissionais (no nível da pós-graduação) e a regulamentação da educação a distância (SOARES, 2002). Para melhor entendimento, apresentamos um organograma estrutural da Organização Acadêmica brasileira. Figura 1 – Organização acadêmica da educação superior Fonte: Soares, 2002, p. 47. CENTROS UNIVERSITÁRIOS INSTITUIÇÕES NÃO UNIVERSITÁRIAS INST. SUPERIORES DE EDUCAÇÃO CEFETS E CETS FACULDADES ISOLADAS FACULDADES INTEGRADAS INSTITUIÇÕES UNIVERSITÁRIAS UNIVERSIDADES UNIVERSIDADES ESPECIALIZADAS 26 Legislação e avaliação do ensino superior no brasil Deve-se ressaltar que “Faculdades Isoladas e Integradas” são entendidas atualmente como somente “Faculdades”. Dando continuidade aos nossos estudos, vamos apresentar as principais diferenças de cada uma das organizações acadêmicas do Ensino Superior no Brasil. Para isso, vamos nos basear nas ideias de Soares (2002), que faz uma ótima descrição sobre as instituições universitárias e não-universitárias. De acordo com a figura 1, as instituições universitárias classificam-se em: • Universidades: instituições que se caracterizam pela indissociabilidade das atividades de ensino, pesquisa e de extensão. • Universidade Especializada: caracteriza-se por concentrar suas atividades de ensino e pesquisa num campo do saber, tanto nas áreas básicas como nas aplicadas, pressupondo a existência de uma área de conhecimento ou formação especializada dos quadros profissionais de nível superior. • Centros Universitários: configuram-se como uma nova modalidade de instituição de ensino superior pluricurricular (criados a partir do Decreto n° 3860/01). Caracterizam-se pela oferta de ensino de graduação, qualificação do seu corpo docente e pelas condições de trabalho acadêmico proporcionadas à comunidade escolar. (SOARES, 2002) Já as instituições não-universitárias caracterizam-se por atuar numa área específica do conhecimento ou da formação profissional e não tem autonomia para criação de novos cursos superiores, necessitando de autorização do poder executivo. As instituições não-universitárias classificam-se em: • Faculdades Isoladas e Integradas: como afirmado anteriormente, são entendidas como faculdades, abrangem mais de uma área de conhecimento e estão organizadas para atuar com regimento comum e comando unificado. • Centros de Educação Tecnológica e os Centros Federais de Educação Tecnológica (CEFETS e CETS): são instituições especializadas de educação profissional pós-secundária, públicas ou privadas que tem a finalidade de qualificar profissionais, nos vários níveis e modalidades de ensino. • Institutos Superiores de Educação: têm por finalidade a formação inicial, continuada e complementar para o magistério da educação básica, podendo oferecer cursos de licenciatura e de pedagogia, entre outros. (SOARES, 2002) As instituições de ensino superior, de acordo com sua organização e respectivas prerrogativas acadêmicas, serão credenciadas como: I- faculdades; II- centros universitários; e III- universidades. 27 Os Principais Marcos Regulatórios do Ensino Superior no Brasil: Regulação, Supervisão e AvaliaçãoCapítulo 2 É importante destacar que essa organização tem suas normativas e constantemente o MEC faz alterações conforme as políticas públicas de educação. De acordo com decreto nº 5.773, de maio de 2006, seu Art. 12: As instituições de ensino superior, de acordo com sua organização e respectivas prerrogativas acadêmicas, serão credenciadas como: I- faculdades; II- centros universitários; e III- universidades. Para finalizar essa etapa, apresentamos a figura 2, que dá uma ideia de outros aspectos referentes ao Ensino Superior no Brasil. Figura 2 – Cursos, Níveis/Diplomas e Certificados Pós-Graduação EspecialistaDoutorMestre Mestre Mestrado Mestrado Profissional Doutorado Especialização Sequenciais Formação Específica Extensão Extensão Complementação de Estudos Formação Específica Cursos sequenciais de complementação de Estudos Lato SensuStricto Sensu Graduação Bacharelado TecnólogoLicenciatura Plena Licenciatura Curta Outros Títulos Certificados Diplomas Obs.: O ensino superior no Brasil pode ser oferecido através de três modalidades: ensino presencial, semipresencial e a distância. 28 Legislação e avaliação do ensino superior no brasil Diplomas e certificados: os diplomas são oferecidos aos alunos que concluem a graduação (bacharelado, licenciatura e tecnólogo), cursos sequenciais de formação específica e cursos de pós- graduação stricto sensu (mestrado e doutorado). Já os certificados são fornecidos para cursos de extensão, cursos sequenciais de formação de complementação de estudos e para pós-graduação lato sensu (especializações e MBAs). Os Principais Aspectos que Marcaram o Avanço do Ensino Superior na Última Década Um dos marcos fundamentais que estabelecem o regramento do Ensino Superior Brasileiro após a LDB de 1996 é o Decreto 3.860, que foi revogado pelo Decreto nº 5.773, de 2006. Esse decreto definiu de forma mais objetiva as competências dos órgãos e autarquias do MEC para os processos envolvidos na expansão do ensino superior brasileiro. Nesse sentido, vale destacar, conforme Decreto nº 5.773, de 2006, em seu art. 1º, nos parágrafos 1, 2 e 3, sobre as funções de regulação, supervisão e avaliação das instituições e cursos superiores do sistema federal de ensino: § 1o A regulação será realizada por meio de atos administrativos autorizativos do funcionamento de instituições de educação superior e de cursos de graduação e sequenciais. § 2o A supervisão será realizada a fim de zelar pela conformidade da oferta de educação superiorno sistema federal de ensino com a legislação aplicável. § 3o A avaliação realizada pelo Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior - SINAES constituirá referencial básico para os processos de regulação e supervisão da educação superior, a fim de promover a melhoria de sua qualidade. (BRASIL 2006, grifos dos autores) A avaliação realizada pelo SINAES constituirá referencial básico para os processos de regulação e supervisão da educação superior, a fim de promover a melhoria de sua qualidade. A supervisão será realizada a fim de zelar pela conformidade da oferta de educação superior. A regulação será realizada por meio de atos administrativos. 29 Os Principais Marcos Regulatórios do Ensino Superior no Brasil: Regulação, Supervisão e AvaliaçãoCapítulo 2 Figura 3 – Regulação, Supervisão e Avaliação do Ensino Superior Fonte: Os autores. Conforme art. 5º do decreto 5.773 de 2006, compete ao MEC, como autoridade máxima da educação superior no Brasil, através de suas Secretarias, “exercer as funções de regulação e supervisão da educação superior, em suas respectivas áreas de atuação”. (BRASIL, 2006). O Art. 3º desse mesmo decreto estabelece as seguintes competências: [...] para as funções de regulação, supervisão e avaliação serão exercidas pelo Ministério da Educação, pelo Conselho Nacional de Educação - CNE, pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira - INEP, e pela Comissão Nacional de Avaliação da Educação Superior - CONAES, na forma deste Decreto. Para entender melhor sobre as competências do CNE, INEP e CONAES, apresentamos a você, conforme decreto 5.773 de 2006, em seus artigos 6º, 7º e 8º, as seguintes competências: DECRETO Nº 5.773, DE 9 DE MAIO DE 2006 [...] Art. 6o No que diz respeito à matéria objeto deste Decreto, compete ao CNE: I - exercer atribuições normativas, deliberativas e de assessoramento do Ministro de Estado da Educação; 30 Legislação e avaliação do ensino superior no brasil II - deliberar, com base no parecer da Secretaria competente, observado o disposto no art. 4o, inciso I, sobre pedidos de credenciamento e recredenciamento de instituições de educação superior e específico para a oferta de cursos de educação superior a distância; III - recomendar, por sua Câmara de Educação Superior, providências das Secretarias, entre as quais a celebração de protocolo de compromisso, quando não satisfeito o padrão de qualidade específico para credenciamento e recredenciamento de universidades, centros universitários e faculdades; IV - deliberar sobre as diretrizes propostas pelas Secretarias para a elaboração, pelo INEP, dos instrumentos de avaliação para credenciamento de instituições; V - aprovar os instrumentos de avaliação para credenciamento de instituições, elaborados pelo INEP; VI - deliberar, por sua Câmara de Educação Superior, sobre a exclusão de denominação de curso superior de tecnologia do catálogo de que trata o art. 5o, § 3o, inciso VII; VII - aplicar as penalidades previstas no Capítulo IV deste Decreto; VIII - julgar recursos, nas hipóteses previstas neste Decreto; IX - analisar questões relativas à aplicação da legislação da educação superior; e X - orientar sobre os casos omissos na aplicação deste Decreto, ouvindo o órgão de consultoria jurídica do Ministério da Educação. Art. 7o No que diz respeito à matéria objeto deste Decreto, compete ao INEP: I - realizar visitas para avaliação in loco nos processos de credenciamento e recredenciamento de instituições de educação superior e nos processos de autorização, reconhecimento e renovação de reconhecimento de cursos de graduação e sequenciais; II - realizar as diligências necessárias à verificação das condições 31 Os Principais Marcos Regulatórios do Ensino Superior no Brasil: Regulação, Supervisão e AvaliaçãoCapítulo 2 de funcionamento de instituições e cursos, como subsídio para o parecer da Secretaria competente, quando solicitado; III - realizar a avaliação das instituições, dos cursos e do desempenho dos estudantes; IV - elaborar os instrumentos de avaliação conforme as diretrizes da CONAES; V - elaborar os instrumentos de avaliação para credenciamento de instituições e autorização de cursos, conforme as diretrizes do CNE e das Secretarias, conforme o caso; e VI - constituir e manter banco público de avaliadores especializados, conforme diretrizes da CONAES. Art. 8o No que diz respeito à matéria objeto deste Decreto, compete à CONAES: I - coordenar e supervisionar o SINAES; II - estabelecer diretrizes para a elaboração, pelo INEP, dos instrumentos de avaliação de cursos de graduação e de avaliação interna e externa de instituições; III - estabelecer diretrizes para a constituição e manutenção do banco público de avaliadores especializados; IV - aprovar os instrumentos de avaliação referidos no inciso II e submetê-los à homologação pelo Ministro de Estado da Educação; V - submeter à aprovação do Ministro de Estado da Educação a relação dos cursos para aplicação do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes - ENADE; VI - avaliar anualmente as dinâmicas, procedimentos e mecanismos da avaliação institucional, de cursos e de desempenho dos estudantes do SINAES; VII - estabelecer diretrizes para organização e designação de comissões de avaliação, analisar relatórios, elaborar pareceres e encaminhar recomendações às instâncias competentes; 32 Legislação e avaliação do ensino superior no brasil VIII - ter acesso a dados, processos e resultados da avaliação; e IX - submeter anualmente, para fins de publicação pelo Ministério da Educação, relatório com os resultados globais da avaliação do SINAES. Fonte: BRASIL. MEC. Decreto nº 5.773 de 2006. Disponível em: <http://www.planalto.gov. br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Decreto/D5773.htm#art79>. Acesso em: 22 nov. 2011. Em suma, podemos apresentar as principais competências do CNE, INEP e CONAES nas figuras que seguem. Figura 4 – Competências do CNE Fonte: Os autores. Figura 5 – Competências do INEP Fonte: os autores. 33 Os Principais Marcos Regulatórios do Ensino Superior no Brasil: Regulação, Supervisão e AvaliaçãoCapítulo 2 Figura 6 – Competências do CONAES Fonte: os autores. De acordo com a normativa 40, republicada em 2010, em seu artigo 53, parágrafo 3: “Os cursos na modalidade a distância devem ser considerados de maneira independente dos cursos presenciais para fins dos processos de regulação, avaliação e supervisão”. A atual estrutura do Ministério da Educação está distribuída da forma representada na figura a seguir. Isso permite uma melhor compreensão da legislação que será apresentada, principalmente nos aspectos de órgãos e autarquias que compõem o MEC e o fluxo processual ou normativo apresentado na legislação. 34 Legislação e avaliação do ensino superior no brasil Figura 7 – Estrutura organizacional do MEC Fonte: Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/images/stories/ organograma.gif>. Acesso em: 22 out. 2011. Na sequência, apresentamos a legislação principal (lei, decreto, portaria, resolução) referente ao funcionamento do ensino superior no Brasil e um breve comentário sobre seu mérito e qual a normatização nela contida. Você sabe qual a diferença entre indicação, parecer, resolução, decreto, portaria, lei? A seguir, apresentamos algumas definições Ministério da Educação Conselho Nacional de Educação Secretaria Executiva Gabinete do Ministro Consultoria Jurídica Subsecretaria de Assuntos Administrativos Subsecretaria de Planejamento e Orçamento Secretaria de Educação Superior Representação do MEC nos Estados Instituto Benjamin Constant Institutos Nacionais de Estudos e Pesquisas Educacionais Colégio Pedro II Escolas Técnicas Federais Escolas Agrotécnicas Ferderais Centros Federais de Educação Tecnológico Instituições Isolados de Ensino Superior Universida- des Federais Hospital de Clínicasde Porto Alegre Subordinação Vinculação Supervisão Fundo Nac. do Desenvolvimen- to da Educação Fundação Joaquin Nabuco Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior Instituto Nacional de Educação de Surdos Secretaria de Educação Especial Secretaria de Educação Básica Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica Secretaria de Educação a Distância 35 Os Principais Marcos Regulatórios do Ensino Superior no Brasil: Regulação, Supervisão e AvaliaçãoCapítulo 2 que irão ajudá-lo a compreender melhor como funciona o sistema de ensino superior no Brasil. Indicação - ato propositivo subscrito por um ou mais Conselheiros, contendo sugestão justificada de estudo sobre qualquer matéria de interesse do Conselho. Parecer – ato pelo qual o Conselho ou a Câmara pronuncia-se sobre matéria de sua competência. Resolução: ato decorrente de parecer, destinado a estabelecer normas a serem observadas pelos sistemas de ensino sobre matéria de competência do Conselho ou das Câmaras. Decreto: é uma ordem emanada de autoridade superior para o cumprimento de uma resolução. Decreto-Lei: é um decreto com força de lei expedido pelo poder executivo. Portaria: é um documento administrativo expedido por chefes de repartições ou outras autoridades contendo instrução sobre a aplicação da lei. a) Lei nº 10.861/2004 – Sinaes Essa lei institui o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior – SINAES, que tem como objetivo assegurar o processo nacional de avaliação das instituições de educação superior, dos cursos de graduação e do desempenho acadêmico de seus estudantes, nos termos do art. 9º, VI, VIII e IX, da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. b) Portaria nº 2.051/2004 - Sinaes Essa portaria regulamenta os procedimentos de avaliação do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (SINAES), instituído pelo decreto 10.861, de 14 de abril de 2004. Dispõe sobre as competências da Comissão Nacional de Avaliação da Educação – CONAES e traz orientações para os três tipos de avaliações: Institucional, de cursos e ENADE. Dispõe ainda 36 Legislação e avaliação do ensino superior no brasil sobre os conceitos das instituições e cursos de graduação, numa escala de cinco níveis: 4 e 5 - indicativos de pontos fortes; 1 e 2 – indicativos de pontos fracos; e 3 - indicativo do mínimo aceitável para os processos de autorização, reconhecimento e renovação de reconhecimento de cursos e de credenciamento e recredenciamento de instituições. c) Decreto nº 5.622/2005 – Educação a Distância Esse decreto regulamenta o art. 80 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional sobre Educação a Distância. Esse decreto caracteriza a EAD como modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação, com estudantes e professores desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos. d) Decreto nº 5.773/2006 – regulação, supervisão e avaliação das IES Abordamos esse decreto anteriormente. Ele apresenta o exercício das funções de regulação, supervisão e avaliação de instituições de educação superior e cursos superiores de graduação e sequenciais no sistema federal de ensino. e) Portaria nº 1.027/2006 – CTAA Essa portaria dispõe sobre banco de avaliadores do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior - Sinaes, a Comissão Técnica de Acompanhamento da Avaliação – CTAA. Estabelece que as avaliações das instituições e dos cursos serão realizadas in loco por comissões, compostas por avaliadores cadastrados no banco de avaliadores do SINAES - BASis, sob a gestão do INEP. f) Decreto nº 6.303/2007 – credenciamento de polos Esse decreto altera os dispositivos dos Decretos nos 5.622, de 19 de dezembro de 2005, e 5.773, de 9 de maio de 2006. Uma das alterações efetuadas por esse decreto é a obrigatoriedade das instituições que ofertam cursos na modalidade EAD terem polos de apoio presencial devidamente credenciados e atividades presenciais obrigatórias (avaliação, estágios, defesa de trabalhos ou prática em laboratório). 37 Os Principais Marcos Regulatórios do Ensino Superior no Brasil: Regulação, Supervisão e AvaliaçãoCapítulo 2 g) Portaria Normativa nº 40/2007, republicada em 2010 – E-MEC Essa portaria institui o e-MEC, sistema eletrônico de fluxo de trabalho e gerenciamento de informações relativas aos processos de regulação da educação superior no sistema federal de educação. Em suma, essa portaria estabelece que “A tramitação dos processos regulatórios de instituições e cursos de graduação e sequenciais do sistema federal de educação superior será feita exclusivamente em meio eletrônico, no sistema e-MEC”. Credenciamento, Autorização e Reconhecimento As IES, para poderem funcionar, dependem de atos autorizativos, expedidos pelo MEC. As modalidades de atos autorizativos são: “credenciamento e recredenciamento de instituições de educação superior e de autorização, reconhecimento e renovação de reconhecimento de cursos de graduação.” (BRASIL, 2011). Para compreendermos melhor sobre credenciamento, autorização e reconhecimento, apresentamos a você algumas informações que consideramos importante saber e que estão disponíveis no portal do MEC. CREDENCIAMENTO E RECREDENCIAMENTO • Para iniciar suas atividades, as instituições de educação superior devem solicitar o credenciamento junto ao MEC. De acordo com sua organização acadêmica, as IES são credenciadas como: faculdades, centros universitários e universidades. • Inicialmente a IES é credenciada como faculdade. O credenciamento como universidade ou centro universitário, com as respectivas prerrogativas de autonomia, depende do credenciamento específico de instituição já credenciada, em funcionamento regular e com padrão satisfatório de qualidade. • O primeiro credenciamento da instituição tem prazo máximo de três anos, para faculdades e centros universitários, e de cinco anos, para as universidades. 38 Legislação e avaliação do ensino superior no brasil • O recredenciamento deve ser solicitado pela IES ao final de cada ciclo avaliativo do Sinaes, junto à Secretaria competente. Para saber se uma instituição é credenciada, consulte a página do e-MEC (http://emec.mec.gov.br). AUTORIZAÇÃO • Para iniciar a oferta de um curso de graduação, a IES depende de autorização do Ministério da Educação. A exceção são as universidades e centros universitários que, por terem autonomia, independem de autorização para funcionamento de curso superior. No entanto, essas instituições devem informar à Secretaria competente os cursos abertos para fins de supervisão, avaliação e posterior reconhecimento (art. 28, § 2° do Decreto nº 5.773, de 9 de maio de 2006). • No processo de autorização dos cursos de graduação de Direito, Medicina, Odontologia e Psicologia, inclusive em universidades e centros universitários, a Secretaria de Educação Superior considera a manifestação do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil e do Conselho Nacional de Saúde (art. 28, §2º do Decreto nº 5773, de 9 de maio de 2006). Para saber se um curso de uma instituição é autorizado pelo MEC, acesse http://emec.mec.gov.br. RECONHECIMENTO E RENOVAÇÃO DE RECONHECIMENTO • O reconhecimento deve ser solicitado pela IES quando o curso de graduação tiver completado 50% de sua carga horária. O reconhecimento de curso é condição necessária para a validade nacional dos respectivos diplomas. • Assim como nos processos de autorização, o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil e o Conselho Nacional de Saúde têm prerrogativas para manifestar-se junto ao Ministério da Educação no ato de reconhecimento dos cursos de graduação de Direito, Medicina, Odontologia e Psicologia.http://emec.mec.gov.br/ http://emec.mec.gov.br/ http://emec.mec.gov.br 39 Os Principais Marcos Regulatórios do Ensino Superior no Brasil: Regulação, Supervisão e AvaliaçãoCapítulo 2 • A renovação do reconhecimento deve ser solicitada pela IES ao final de cada ciclo avaliativo do Sinaes junto à Secretaria competente. Fonte: Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/index.php? option=com_content&view=article&id=12467&Itemid=783>. Acesso em: nov. 2011. Atividade de Estudos: 1) Estabeleça algumas características das universidades, centros universitários e faculdades. a) As universidades: ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ b) Centros Universitários: ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ c) Faculdades: _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ 40 Legislação e avaliação do ensino superior no brasil 2) Quais são as funções de regulação, supervisão e avaliação das instituições e cursos superiores do sistema federal de ensino? ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 3) Realize uma pesquisa no site do e-MEC (http://emec.mec.gov. br) sobre as instituições de ensino superior de seu Estado ou município. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 4) Explique a diferença entre credenciamento, autorização e reconhecimento de curso. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ http://emec.mec.gov.br http://emec.mec.gov.br 41 Os Principais Marcos Regulatórios do Ensino Superior no Brasil: Regulação, Supervisão e AvaliaçãoCapítulo 2 Caso você queira conhecer um pouco da plataforma e-MEC, acesse o: http://emec.mec.gov.br Sugerimos que você acesse o portal do MEC e conheça as Secretarias, bem como toda a estrutura de funcionamento da Educação no Brasil. http://portal.mec.gov.br Caso queira conhecer as normas (leis, decretos, portarias normativas, resoluções, pareceres e normas) sobre o Ensino Superior no Brasil, acesse: http://meclegis.mec.gov.br Caso você queira acompanhar diariamente os despachos e decretos sobre a legislação educacional, acesse: http://www.cmconsultoria.com.br/legislacoes.php Algumas Considerações A regulamentação, supervisão e avaliação do complexo Sistema de Ensino Superior não se encerra nas citadas legislações desse capítulo, pois os temas são muitos e é imensamente diversificada a atuação nas esferas públicas e privadas da matéria no Brasil. Os processos e seus procedimentos serão apresentados com mais propriedade nos capítulos 4 e 5 deste material. http://emec.mec.gov.br http://portal.mec.gov.br http://meclegis.mec.gov.br http://www.cmconsultoria.com.br/legislacoes.php 42 Legislação e avaliação do ensino superior no brasil Referências BRASIL. Decreto nº 5.622/2005, de 19 de dezembro de 2005. Regulamenta o art. 80 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Decreto/D5622.htm>. Acesso em: 24 nov. 2011. BRASIL. Decreto nº 5.622/2005, de 19 de dezembro de 2005. Regulamenta o art. 80 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Decreto/D5622.htm>. Acesso em: 24 nov. 2011. BRASIL. Decreto nº 5.773, de 9 de maio de 2006. Dispõe sobre o exercício das funções de regulação, supervisão e avaliação de instituições de educação superior e cursos superiores de graduação e sequenciais no sistema federal de ensino. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004- 2006/2006/Decreto/D5773.htm>. Acesso em: 21 nov. 2011. BRASIL. Decreto nº 6.303, de 12 de dezembro de 2007. Altera dispositivos dos Decretos nos 5.622, de 19 de dezembro de 2005, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, e 5.773, de 9 de maio de 2006, que dispõe sobre o exercício das funções de regulação, supervisão e avaliação de instituições de educação superior e cursos superiores de graduação e sequenciais no sistema federal de ensino. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007- 2010/2007/Decreto/D6303.htm>. Acesso em: 24 nov. 2011. BRASIL. Lei nº 10.861, de 14 de abril de 2004. Institui o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior – SINAES e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2004/lei/l10.861.htm>. Acesso em: 24 nov. 2011. BRASIL. Portaria nº 1.027, de 15 de maio de 2006. Dispõe sobre banco de avaliadores do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior - SINAES, a Comissão Técnica de Acompanhamento da Avaliação - CTAA, e dá outras providências. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_ content&view=article&id=13153&Itemid=904>. Acesso em: 24 nov. 2011. BRASIL. Portaria nº 2.051, de 9 de julho de 2004. Regulamenta os procedimentos de avaliação do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (SINAES), instituído na Lei no 10.861, de 14 de abril de 2004. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/PORTARIA_2051.pdf>. Acesso em: 24 nov. 2011. 43 Os Principais Marcos Regulatórios do Ensino Superior no Brasil: Regulação, Supervisão e AvaliaçãoCapítulo 2 BRASIL. PortariaNormativa n. 40/2007. Institui o e-MEC, sistema eletrônico de fluxo de trabalho e gerenciamento de informações relativas aos processos de regulação da educação superior no sistema federal de educação. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_ content&view=article&id=13153&Itemid=904>. Acesso em: 24 nov. 2011. SOARES, M. S. A. (Coord.). Educação superior no Brasil. Brasília: CAPES, 2002. MACHADO, L. M.; LABEGALINI, A. C. F. B. A educação inclusiva na legislação de ensino. Marília: Edições M3T Tecnologia e Educação, 2007. 44 Legislação e avaliação do ensino superior no brasil CAPÍTULO 3 A Articulação entre o PDI, PPI, PPC e as Diretrizes Curriculares Nacionais A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: 9 Conhecer os elementos que compõem o PDI, PPI, PPC e as DCN. 9 Relacionar as informações contidas nestes documentos com as IES. 46 Legislação e avaliação do ensino superior no brasil 47 A Articulação entre o PDI, PPI, PPC e as Diretrizes Curriculares NacionaisCapítulo 3 Contextualização Neste capítulo vamos conhecer os principais elementos que norteiam as ações das IES no Brasil e que se fazem presentes pelo PDI, PPI, PPC e DCN. Estas 4 siglas orientam o trabalho das IES e determinam as ações a serem seguidas. Primeiramente vamos conhecer o Plano de Desenvolvimento Institucional – PDI – e apresentar as estratégias de ações e o perfil institucional. Posteriormente vamos conhecer o Projeto Pedagógico Institucional (PPI), que tem um caráter mais pedagógico, em que são apresentados os aspectos filosóficos e técnico- metodológicos e que guiará as práticas acadêmicas e pedagógicas da instituição. Além disso, vamos conhecer os elementos que compõem o Projeto Pedagógico dos Cursos (PPC) e as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) com suas principais orientações. Plano de Desenvolvimento Institucional – PDI O objetivo desta seção é apresentar o Plano de Desenvolvimento Institucional, mais conhecido como PDI, e destacar sua importância para as IES e como referência básica para avaliação das instituições pela sociedade ou pelo Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior. Em 2004, a Secretaria da Educação Superior do Ministério da Educação lançou as diretrizes que orientam as IES na elaboração do PDI. Nessas orientações “[...] constatou-se a necessidade de introduzir, como parte integrante do processo avaliativo das Instituições de Ensino Superior - IES, o seu planejamento estratégico, sintetizado no que se convencionou denominar de Plano de Desenvolvimento Institucional – PDI.” (BRASIL, 2004, p. 2). O Plano de Desenvolvimento Institucional é um documento elaborado pela IES em que são apresentadas a missão e visão da instituição, a estrutura organizacional e suas diretrizes pedagógicas e acadêmicas. Mas um aspecto importante a se destacar é que a elaboração desse documento deve ser coletiva. Ou seja, para a elaboração desse documento, é necessário envolver toda a IES. É importante salientar que esse documento, construído coletivamente, reflete a identidade da Instituição e seus princípios filosóficos. Além disso, ele determina as demandas da IES e seu envolvimento com a comunidade na qual está inserida. 48 Legislação e avaliação do ensino superior no brasil A seguir, apresentamos as orientações para a elaboração do PDI conforme as atualizações propostas no Artigo 16 do Decreto nº 5.773, de 09 de maio de 2006. a) Pressupostos e Orientações para a elaboração do PDI Inicialmente gostaríamos de apresentar os pressupostos básicos para a melhor compreensão do PDI, pois são de suma importância para o entendimento do funcionamento da IES. São eles: Devem integrar os anexos ao PDI, no caso de faculdades ou credenciamento de IES nova, os seguintes documentos: projetos de cursos previstos para o primeiro ano de vigência de PDI; regimento ou estatuto (ou proposta de), conforme a natureza da instituição e outros documentos relevantes e complementares ao PDI, que a IES entenda que devam fazer parte do mesmo. A construção do PDI deverá se fazer de forma livre, para que a Instituição exercite sua criatividade e liberdade, no processo de sua elaboração. Entretanto, os eixos temáticos constantes das Instruções a seguir deverão estar presentes, pois serão tomados como referenciais das análises subsequentes, que se realizarão por comissão designada pela SESu/MEC e SETEC/ MEC para este fim. O texto do PDI deverá ser conciso e claro, contendo dados e informações relevantes para a análise de mérito da proposta e que permitam também, tanto à IES como ao MEC, identificar e monitorar o cumprimento das metas institucionais estabelecidas. (BRASIL, 2006). É importante destacar que as instituições que solicitam junto ao MEC seu credenciamento para a oferta de ensino superior também devem elaborar o PDI e descrever toda a sua infraestrutura e seu projeto pedagógico. Outro elemento importante a se destacar é que por esse documento é que são feitas as avaliações do MEC junto as IES. Quanto às orientações gerais para a elaboração do PDI, o MEC destaca os seguintes aspectos: O Plano de Desenvolvimento Institucional – PDI, elaborado para um período de 5 (cinco) anos, é o documento que identifica a Instituição de Ensino Superior (IES), no que diz respeito à sua filosofia de trabalho, à missão a que se propõe, às diretrizes pedagógicas que orientam suas ações, à sua estrutura organizacional e às atividades acadêmicas que desenvolve e/ou que pretende desenvolver. A elaboração do PDI deverá explicitar o modo pelo qual o documento foi construído e a interferência que exercerá A construção do PDI deverá se fazer de forma livre, para que a Instituição exercite sua criatividade e liberdade, no processo de sua elaboração. PDI, elaborado para um período de 5 (cinco) anos, é o documento que identifica a Instituição de Ensino Superior (IES), no que diz respeito à sua filosofia de trabalho, à missão a que se propõe, às diretrizes pedagógicas que orientam suas ações, à sua estrutura organizacional e às atividades acadêmicas que desenvolve e/ ou que pretende desenvolver. 49 A Articulação entre o PDI, PPI, PPC e as Diretrizes Curriculares NacionaisCapítulo 3 sobre a dinâmica da Instituição, tendo como pressuposto o atendimento ao conjunto de normas vigentes. É imprescindível, na elaboração do PDI, considerar como princípios, a clareza e a objetividade do texto, bem como a coerência, de forma a expressar a adequação entre todos os seus elementos, e a factibilidade, de forma a demonstrar a viabilidade do seu cumprimento integral. A recomendação do Plano de Desenvolvimento Institucional, não autoriza, por si só, as IES a implementarem a expansão nele prevista, devendo as mesmas, de acordo com os cronogramas apresentados no PDI, proceder às solicitações que se fazem necessárias, encaminhando seus pedidos, pelo Sistema SAPIENS. Os Projetos Pedagógicos, incluindo a denominação de curso e o perfil proposto, devem ser objeto de avaliação posterior. (BRASIL, 2006. Grifos dos autores). Dentre as orientações gerais, é interessante destacar que o PDI não é um documento elaborado por um corpo técnico da instituição, mas deve envolver de forma participativa o maior número de pessoas. Além disso, deve-se descrever o processo como se deu a construção do PDI na IES. b) 10 Elementos Temáticos Essenciais do PDI Com a finalidade de orientar e apoiar as IES no trabalho de elaboração do PDI, o MEC elaborou um formulário que contém as dimensões que são analisadas no processo de credenciamento ou recredenciamento da instituição. Esse documento baseia-se no decreto nº 5.773, de 9 de maio de 2006, art. 16, que apresenta os elementos essenciais que devem estar presentes no PDI. INSTRUMENTO Eixos Temáticos Essenciais do PDI I. PERFIL INSTITUCIONAL • Breve Histórico da IES; • Missão; • Objetivos e Metas (Descriçãodos objetivos e quantificação das metas com cronograma); • Área (s) de atuação acadêmica. 50 Legislação e avaliação do ensino superior no brasil II. PROJETO PEDAGÓGICO INSTITUCIONAL – PPI • Inserção regional; • Princípios filosóficos e técnico-metodológicos gerais que norteiam as práticas acadêmicas da instituição; • Organização didático-pedagógica da instituição: – Plano para atendimento às diretrizes pedagógicas, estabelecendo os critérios gerais para definição de: 1) Inovações consideradas significativas, especialmente quanto à flexibilidade dos componentes curriculares; 2) Oportunidades diferenciadas de integralização curricular; 3) Atividades práticas e estágio; 4) Desenvolvimento de materiais pedagógicos; 5) Incorporação de avanços tecnológicos. • Políticas de Ensino; • Políticas de Extensão; • Políticas de Pesquisa (para as IES que propõem desenvolver essas atividades acadêmicas); • Políticas de Gestão; • Responsabilidade Social da IES (enfatizar a contribuição à inclusão social e ao desenvolvimento econômico e social da região). III. CRONOGRAMA DE IMPLANTAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DA INSTITUIÇÃO E DOS CURSOS (PRESENCIAL E A DISTÂNCIA) Oferta de Cursos As Instituições deverão apresentar dados relativos ao número de vagas, dimensões das turmas, turno de funcionamento e regime de matrícula de seus cursos. Informar ainda a situação atual dos cursos (em funcionamento, em fase de autorização ou de futura solicitação), incluindo o cronograma de expansão na vigência do PDI conforme detalhamento a seguir: • Graduação (Bacharelado, Licenciatura e Tecnologia); • Sequenciais (formação específica, complementação de estudos); • Programas Especiais de Formação Pedagógica; • Pós-Graduação (lato sensu); • Pós-Graduação (stricto sensu); • Polos de EAD (atender Portaria Normativa nº 2, de 10 de janeiro de 2007); 51 A Articulação entre o PDI, PPI, PPC e as Diretrizes Curriculares NacionaisCapítulo 3 • Campi e cursos fora de sede. IV. PERFIL DO CORPO DOCENTE • Composição (titulação, regime de trabalho, experiência acadêmica no magistério superior e experiência profissional não acadêmica); • Plano de Carreira; • Critérios de seleção e contratação; • Procedimentos para substituição (definitiva e eventual) dos professores do quadro; • Cronograma e plano de expansão do corpo docente, com titulação e regime de trabalho, detalhando perfil do quadro existente e pretendido para o período de vigência do PDI. V. ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA DA IES • Estrutura Organizacional, Instâncias de Decisão e Organograma Institucional e Acadêmico. • Órgãos Colegiados: competências e composição. • Órgãos de apoio às atividades acadêmicas. VI. POLÍTICAS DE ATENDIMENTO AOS DISCENTES • Programas de apoio pedagógico e financeiro (bolsas). • Estímulos à permanência (programa de nivelamento, atendimento psicopedagógico). • Organização estudantil (espaço para participação e convivência estudantil). • Acompanhamento dos egressos. VII. INFRAESTRUTURA • Infraestrutura física (detalhar salas de aula, biblioteca, laboratórios, instalações administrativas, sala de docentes, coordenações, área de lazer e outros); • Biblioteca: – Quantificar acervo por área de conhecimento (livros e periódicos, assinatura de revistas e jornais, obras clássicas, dicionários, enciclopédias, vídeos, DVD, CD Rom’s e assinaturas eletrônicas); – Espaço físico para estudos; – Horário de funcionamento; 52 Legislação e avaliação do ensino superior no brasil – Pessoal técnico-administrativo; – Serviços oferecidos; – Formas de atualização e cronograma de expansão do acervo. • Laboratórios: – Instalações e equipamentos existentes e a serem adquiridos, indicando sua correlação pedagógica com os cursos e programas previstos; – Recursos de informática disponíveis; – Relação equipamento/aluno; – Descrição de inovações tecnológicas significativas. • Recursos tecnológicos e de áudio visual. • Plano de promoção de acessibilidade e de atendimento diferenciado a portadores de necessidades especiais (Decreto nº 5.296/04 e Decreto nº 5.773/06). • Cronograma de expansão da infraestrutura para o período de vigência do PDI. VIII. AVALIAÇÃO E ACOMPANHAMENTO DO DESENVOLVIMENTO INSTITUCIONAL • Procedimentos de autoavaliação institucional em conformidade com a Lei nº 10.861/2004 (SINAES). IX. ASPECTOS FINANCEIROS E ORÇAMENTÁRIOS • Demonstração da sustentabilidade financeira, incluindo os programas de expansão previstos no PDI: – Estratégia de gestão econômico-financeira; – Planos de investimentos; – Previsão orçamentária e cronograma de execução (5 anos). X. ANEXOS • Projeto pedagógico do (s) curso (s) solicitado (s) para primeiro ano de vigência do PDI. Fonte: BRASIL. SAPIEnS. Instruções para elaboração de Plano de Desenvolvimento Institucional. Artigo 16 do Decreto nº 5.773 de 09 de maio de 2006. Disponível em: <http://www4.mec.gov.br/sapiens/pdi.html>. Acesso em: 09 out. 2011. 53 A Articulação entre o PDI, PPI, PPC e as Diretrizes Curriculares NacionaisCapítulo 3 Desde 2001, através do decreto nº 3.860, de 9 de junho de 2001, é obrigatório as IES elaborarem o PDI para fins de credenciamento. Para as instituições que já são credenciadas, é necessário mantê-lo atualizado para o recredenciamento, que ocorre a cada 5 anos. Cabe ressaltar que as legislações brasileiras com relação ao credenciamento e recredenciamento das IES são regulamentadas pelo Ministério da Educação com portarias, resoluções, normativas e atos institucionais e que estão sujeitas a alteração na legislação. Por isso, é necessário estar atento e acompanhar as legislações referentes ao Ensino Superior no Brasil. O PDI obriga as instituições a ter uma prática. “Mais que cumprir um papel burocrático de controle por parte das políticas oficiais, é um meio que proporciona mudanças, desde que analisados os dados com coerência, de forma participativa, articulada e integrada.” (CARON, 2008, p. 60). Para aprofundar seus estudos sobre o PDI, uma sugestão é a leitura do artigo “O PDI como Referente para Avaliação de Instituições de Educação Superior: Lições de uma Experiência”, elaborado por Stella Cecília Duarte Segenreich e que está disponível na Scielo: http://www.scielo.br/pdf/ensaio/v13n47/v13n47a03.pdf. Resumo do artigo: O Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (SINAES), instituído em abril de 2004, colocou o Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) como um de seus principais eixos de referência. Neste trabalho será descrita e analisada a experiência de organização do PDI em uma universidade consolidada do Rio de Janeiro, em 2002, com o objetivo de demonstrar que, à medida que este plano é resultado de uma construção coletiva, impõe-se naturalmente como fio condutor para qualquer avaliação, interna ou externa. Inicialmente, é feita uma análise da concepção governamental do PDI naquele momento para, em seguida, descrever a experiência realizada. Finalmente são levantadas questões e alternativas de ação como, por exemplo, a necessidade de inserir a avaliação de cada PDI, no bojo do projeto de avaliação interna do SINAES, não só em relação às metas nele propostas, mas, também, em relação ao seu próprio processo de construção e implementação. http://www.scielo.br/pdf/ensaio/v13n47/v13n47a03.pdf 54 Legislação e avaliação do ensino superior no brasil Projeto Pedagógico Institucional - PPI As IES são criadas com base em um planejamento criterioso de suas atividades e da sua proposta de desenvolvimento social para a região ou comunidade em que está inserida. Por isso, a elaboração da PPI deve ser muito bem estruturada e sedimentada. Segundo Barros (apud SILVA, 2011, p. 85), “[...] O Projeto Pedagógico Institucional é uma construção histórica, aberta e sujeita a avaliações com vistas à sua melhor adequação”. A citação de Davi Ferreira Barros ressalta que o PPI é uma construção histórica. Se o PPI é uma construção histórica, logo deve representar os anseios
Compartilhar