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TCC ELIZANGELA%25253b VERS__O FINAL (2)

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ESTÁCIO - FCAT 
 
 
DANIELLE MODESTO BRAGA PINHEIRO 
ELIZÂNGELA ROCHA GONDIM ARAÚJO 
JOANA D’ARC LOURINHO PORTILHO 
 
 
 
 
 
 
VIVACIDADES DE ALEGRIA, AMIZADE E BEM-
ESTAR: REPRESENTAÇÕES SOCIAIS SOBRE 
SAÚDE, DOENÇA E GRUPOS ENTRE IDOSOS 
PARTICIPANTES DE UM GRUPO DE CONVIVÊNCIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CASTANHAL - PA 
2016 
 
 
FACULDADE DE CASTANHAL – FCAT 
 
DANIELLE MODESTO BRAGA PINHEIRO 
ELIZÂNGELA ROCHA GONDIM ARAÚJO 
 JOANA D’ARC LOURINHO PORTILHO 
 
 
VIVACIDADES DE ALEGRIA, AMIZADE E BEM-
ESTAR: REPRESENTAÇÕES SOCIAIS SOBRE 
SAÚDE, DOENÇA E GRUPOSENTRE IDOSOS 
PARTICIPANTES DE UM GRUPO DE CONVIVÊNCIA 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de 
Enfermagem – Bacharelado – turma 10ENFN11.2 da 
Estácio FCAT, como requisito para obtenção do título de 
Bacharel em Enfermagem. 
Orientador: Prof. Msc. Horácio Pires Medeiros 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CASTANHAL - PA 
2016 
 
 
DANIELLE MODESTO BRAGA PINHEIRO 
ELIZÂNGELA ROCHA GONDIM ARAÚJO 
JOANA D’ARC LOURINHO PORTILHO 
 
VIVACIDADES DE ALEGRIA, AMIZADE E BEM-ESTAR: 
REPRESENTAÇÕES SOCIAIS SOBRE SAÚDE, DOENÇA E 
GRUPOS ENTRE IDOSOS PARTICIPANTES 
DE UM GRUPO DE CONVIVÊNCIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Data: ____/___/_____ 
 
Resultado: ___________________ 
 
Banca Examinadora: 
 
 
________________________________________________________ 
Orientador: Prof. Msc. Horácio Pires Medeiros 
 
 
 
________________________________________________________ 
Prof.ª Esp. Bruna Alessandra Costa e Silva 
 
 
 
 
________________________________________________________ 
Prof. Msc. Marcelo Valente de Souza 
 
 
 
CASTANHAL / PARÁ 
2016 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao 
curso de Enfermagem – Bacharelado – turma 
10ENFN11.2 da Faculdade Estácio - FCAT, como 
requisito para obtenção do título de Bacharel em 
Enfermagem. 
Orientador: Prof. Msc. Horácio Pires Medeiros 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico aos meus avós, Raimundo e Francisca. 
Em especial a minha vó Francisca que sempre me 
deu muito carinho e amor até os dias de hoje. 
 
 Danielle Modesto Braga 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico ao grupo de idosos do SESC Castanhal, 
por terem aceitado participar dessa pesquisa e 
partilhado muitas de suas experiências e 
vivências conosco. 
 
Elizângela Rocha Gondim Araújo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico ao meu esposo Estanislau, e aos meus 
filhos Manoel Vinicius e Marcos Victor, pelo 
apoio incondicional no decorrer desde cinco anos, 
e aos idosos que participaram desta pesquisa. 
 
Joana D’Arc Lourinho Portilho 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Agradeço a Deus e a Nossa Senhora de Nazaré pelas graças alcançadas e que me 
deram esperança, força e guiaram-me nesta caminhada. 
Aos meus pais Carlos Alberto Gomes Braga e Maria das Graças Modesto Braga que 
me deram a vida e que sempre estiveram e estão ao meu lado. Em especial a minha mãe uma 
pessoa maravilhosa, que é minha amiga, meu apoio e me ensinou a lutar pelos meus sonhos. 
Aos meus irmãos Tays Modesto, Roberta Modesto e Carlos Alberto Júnior, que 
juntos passamos os melhores momentos da infância e adolescência. Em especial as minhas 
irmãs que sempre foram um espelho para mim nesta caminhada acadêmica e ensinaram-me a 
nunca desistir dos sonhos, mesmo nos momentos de dificuldades. 
 Aos meus avós, Raimundo e Francisca, que hoje se encontram acamados e 
precisando de todo meu carinho e atenção. Que hoje tento retribuir todo amor e carinho que 
me deram na infância. Em especial a minha vó Francisca que sempre me deu muito carinho e 
amor até os dias de hoje. 
Agradeço em especial ao meu esposo Waltency Pinheiro Júnior que tanto amo, por 
toda dedicação e respeito, apoio e amor que ele demonstra por mim deste que estamos juntos, 
especialmente nesta fase que tive que me dedicar aos estudos e sempre me apoiou cuidando 
dos nossos filhos e incentivou-me para realizar este sonho e soube entender e estar ao meu 
lado. 
Agradeço aos meus filhos Vitor e Beatriz pelo apoio e carinho nos meus momentos 
de estudo. 
Meus agradecimentos ao querido orientador Professor Horácio Medeiros, que com 
jeito sábio soube orientar-nos nesta caminhada. 
Aos meus colegas que estiveram ao meu lado, em especial as minhas amigas de TCC 
Joana e Elizângela pela paciência e que apesar das diferenças de personalidade soubemos 
trilhar nosso caminho do sucesso. 
Meus agradecimentos a todos que participaram deste estudo direta ou indiretamente, 
em especial aos idosos do grupo de convivências SESC Castanhal. 
 
Danielle Modesto Braga Pinheiro 
 
 
 
 
 
Agradeço Àquele que me presenteou com o bem mais precioso que poderia receber 
um dia, a vida, e com ela a capacidade para pensar, amar e lutar pela conquista de meus 
objetivos. Muitas foram as lutas, maiores as vitórias, e isso porque o Senhor Deus se fez 
sempre presente, transformando a fraqueza em força e a derrota em vitória. Reconheço que o 
tempo todo o Senhor amou a mim e que sem a Sua misericordiosa, graça e intervenção nada 
disso seria possível. Não sou mais a mesma. Amadureci ao enfrentar os vários obstáculos, 
mas agora tudo é felicidade, pois atingi o meu alvo. Hoje, tenho a certeza de que a Sua 
companhia foi o que fundamentou essa vitória. Sou grata ao Senhor hoje, amanhã e 
eternamente. Obrigado, Senhor! 
Ao meu grande amor e companheiro Aldeir, que durante esses anos de graduação foi 
muito mais do que um esposo, foi meu amigo, um incentivador e admirador de minhas 
conquistas. Obrigada por ter tido paciência, pelo apoio em concretizar minhas aspirações e 
incentivar-me nos momentos difíceis da vida, e por todo o seu carinho! Te amo. 
Aos meus filhos, Douglas, Darlan e Brendo, por me darem grande apoio nos 
caminhos traçados, por me incentivarem e pelo grande carinho! Amo vocês. 
Agradeço ao meu orientador Horácio Medeiros. Uma pessoa dedicadíssima e 
comprometida com o ensino e pesquisa. Sempre disposto a ouvir, ajudar e partilhar seus 
conhecimentos. Obrigado pela atenção, cuidado, incentivo, paciência, orientação e 
principalmente pelo exemplo de dedicação e compromisso! Obrigada. 
Às minhas parceiras de TCC Danielle e Joana. Obrigada por ter compartilhado 
comigo não só os momentos do TCC, mas também momentos da vida. Obrigada por terem 
tido paciência e pela confiança em mim depositada. 
Aos mestres que transmitiram e estimularam a formação de conhecimentos, Prof.ª 
Msc. Nadile de Castro, pelo incentivo científico, à nossa Coordenadora Prof.ª Msc. Andréa 
Leal pela paciência e por todos os estímulos. Agradeço a todos que nestes cinco anos 
contribuíram para minha formação enquanto profissional. 
Agradeço aos professores participantes da banca examinadora que dividiram comigo 
este momento tão importante e esperado: Prof.ª Esp. Bruna Silva e Prof. Msc. Marcelo 
Valente. 
Aos idosos participantes desse estudo, por terem aceitado participar dessa pesquisa e 
partilhado muitas de suas experiências e vivências conosco. Suas vozes são o corpo deste 
trabalho. Ao SESC Castanhal e a Coordenadora do grupo de idosos Hildeana Nogueira, por 
abrir as portas da instituição e nos ajudarem na construção dessa pesquisa. Meu muito 
obrigado. A todos muitíssimo obrigada! 
Elizângela Rocha Gondim Araújo 
 
 
Agradeço primeiramente a Deus, por iluminar meu caminho, dando-me forças, ânimo 
para superar as dificuldades no decorrer desta trajetória e por ter me ajudado a manter a fé nos 
momentos difíceis. 
Ao meu esposo Estanislau, pela paciência, incentivo e o constante apoio, 
especialmente nesta fase em que abdiquei de momentos juntos para realizar um sonho e soube 
entender. 
 Aos meus filhos Manoel Viniciuse Marcos Victor, por toda compreensão e por 
entenderem a minha ausência, os momentos de tensão, preocupações, alegrias, mas 
principalmente pela torcida e o carinho incondicional, que foi minha principal razão para 
concretização deste sonho. 
Agradeço a minha família, irmãos, irmãs, enteados, sobrinhos, sobrinhas, minha sogra, 
cunhadas, e cunhados pelas suas orações, abraços, carinhos e estímulo que foram 
imprescindíveis para mim, que vieram no momento que mais precisei e todos me fizeram 
acreditar que eu conseguiria, e pelo apoio ilimitado em todos os sentidos. 
Ao meu orientador Horácio Medeiros pelas correções e incentivo que contribuiu para 
realização deste trabalho. 
Aos colegas de curso que compartilharam comigo experiências, momentos de alegrias 
e preocupações no decorrer destes cinco anos, em especial as minhas colegas de pesquisa 
Danielle e Elizângela, pela dedicação, auxílio ilimitado em relação à busca e organização de 
estudo acerca do tema. 
Aos professores que dedicaram tempo e compartilharam experiência, que contribuiu 
para o meu aprendizado. 
Aos idosos do grupo de convivência Plenitude SESC Castanhal, que nos receberam e 
contribuíram com este trabalho. 
Agradeço aos professores membros da banca por aceitarem fazer parte deste processo. 
 Amigos de trabalho e a todos, que mesmo de longe torceram por mim e que fizeram 
parte desta trajetória. 
 
Joana D’Arc Lourinho Portilho 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aos que possuem o privilégio de envelhecer, cabe 
a alegria de ter vivido o bastante para aprender as 
preciosas lições da vida. 
Marislei Brasileiro 
 
 
 
LISTA DE ABREVIAÇÕES 
 
CNS – Conselho Nacional de Saúde 
EVOC – Ensemble de Programmes Permettantl Analyse dês Evoctions 
FCAT – Faculdade de Castanhal 
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 
IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada 
NC – Núcleo Central 
OMS – Organização Mundial da Saúde 
PIN – Política Nacional do Idoso 
RS – Representações Sociais 
SESC – Serviço Social do Comércio 
TALP – Teste de Associação Livre de Palavras 
TCLE – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido 
TNC – Teoria do Núcleo Central 
TRS – Teoria das Representações Sociais 
UEPA – Universidade do Estado do Pará 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESUMO 
Introdução: O Brasil vem experimentando uma transição demográfica acelerada, com a queda 
acentuada nos níveis de fecundidade, além da influência na queda da mortalidade em todas as 
idades, o país vive um período de envelhecimento. Segundo projeções do Instituto de 
Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), dentre todos os grupos etários da população, que 
deverá apresentar maior taxa de crescimento entre os anos de 2010 e 2050, será a população 
de 60 anos ou mais, com tendência de aumento para os idosos em idade avançada, com mais 
de 80 anos. Então, é necessário conhecer como esses indivíduos representam saúde, doença e 
grupo, com vistas a orientar o cuidar-educar em enfermagem nesses novos tempos. Objetivo: 
Analisar as representações sociais de idosos participantes de um grupo de convivência sobre 
saúde, doença e grupo. Metodologia: estudo de abordagem qualitativa, do tipo exploratório, 
pautado em uma perspectiva multimétodos para coleta e análise de dados, com base na Teoria 
das Representações Sociais e Teoria do Núcleo Central. Participaram do estudo 101 idosos, 
participantes do grupo de convivência para idosos, Plenitude do Serviço Social do Comércio 
(SESC) Castanhal-Pará. A coleta ocorreu por meio do teste de evocações livres de palavras. A 
análise foi com base no quadro de quatro casas processado no EVOC 2003®*. Conclusão: 
Esse estudo proporcionou uma visão integrada do contexto do envelhecimento para grupo de 
pessoas diferentes, sob o olhar das representações sociais de saúde, doença e grupo, 
possibilitando melhores condições para lidar com seus hábitos frente ao processo saúde-
doença, contribuindo de maneira significativa para a prática assistencial do Enfermeiro. 
 
Palavras Chave: Representações Sociais. Saúde. Grupo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
____________________________ 
* EVOC - Ensemble de Programmes Permettant L’Analyse des Evocations – Conjunto de Programas que 
Permitem a Análise de Evocações 
 
 
 
 
ABSTRACT 
Introduction: the Brazil comes experiencing an accelerated demographic transition, with the 
sharp drop in fertility levels, in addition to the influence on the fall of mortality at all ages, the 
country is experiencing a period of aging. According to projections of the Institute of applied 
economic research (IPEA), among all age groups of the population, which is expected to 
introduce higher rate of growth between 2010 and 2050, will be the population of 60 years or 
more, with a tendency of increase for the elderly in old age, with more than 80 years. So, it is 
necessary to know how these individuals represent health, disease and group, to guide the 
care-educating in nursing in these new times. Objective: to Analyze the social representations 
of the elderly participants of a group of living together on health, disease and group. 
Methodology: study with a qualitative approach, the exploratory type, based on a perspective 
multimethods for data collection and analysis, based on the theory of social representations 
and Central Nucleus theory. Participated in this study, Seniors group 101 of coexistence for 
the elderly, fullness of Social Service of Commerce (SESC) Castanhal-Pará. The collection 
occurred through the test of evocations of free words. The analysis was based on a framework 
of four houses rendered in EVOC 2003®. Conclusion: this study has provided an integrated 
view of the context of aging for different group of people, under the gaze of social 
representations of health, disease and group, making it better able to handle their habits 
outside the health-disease process, contributing significantly to the care practice of the nurse. 
 
Keywords: Social Representations. Health. Group. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO................................................................................................... 14 
1.1 APRESENTAÇÃO DO TEMA .......................................................................... 14 
1.1.1 Justificativa........................................................................................................... 15 
1.2 PROBLEMÁTICA E QUESTÃO DE PESQUISA ........................................... 16 
 
2 OBJETIVOS........................................................................................................ 18 
2.1 OBJETIVO PRIMÁRIO .................................................................................... 18 
2.2 OBJETIVOS SECUNDÁRIOS ......................................................................... 18 
 
3 REFERENCIAL TEÓRICO............................................................................ 19 
3.1 SOBRE O PROCESSO DO ENVELHECIMENTO ........................................ 19 
3.2 ENVELHECIMENTO ATIVO, SOCIAL E GRUPOS .................................... 20 
3.3 ENFERMAGEM GERONTOLÓGICA ............................................................. 22 
3.4 TEORIA DAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS .............................................. 23 
3.5 TEORIA DO NÚCLEO CENTRAL .................................................................. 25 
 
4 METODOLOGIA................................................................................................ 27 
4.1 DESENHO .......................................................................................................... 27 
4.2 CENÁRIO DE PESQUISA ................................................................................27 
4.3 PARTICIPANTES DO ESTUDO ....................................................................... 28 
4.3.1 Critérios de inclusão............................................................................................ 28 
4.3.2 Critérios de exclusão............................................................................................ 28 
4.4 COLETA DE DADOS ........................................................................................ 28 
4.5 ANÁLISE DOS DADOS .................................................................................... 29 
4.6 ASPECTOS ÉTICOS DA PESQUISA ................................................................. 30 
 
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES ..................................................................... 32 
5.1 CARACTERIZAÇÃO DE QUEM FALA .......................................................... 32 
5.2 ESTRUTURA DAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS SOBRE SAÚDE, 
DOENÇA E GRUPO ........................................................................................... 40 
5.2.1 Sobre saúde .......................................................................................................... 40 
5.2.2 Sobre doença......................................................................................................... 45 
5.2.3 Sobre grupo........................................................................................................... 49 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................ 54 
 
REFERÊNCIAS ................................................................................................. 56 
 
ANEXOS 
14 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
1.1 APRESENTAÇÃO DO TEMA 
 
O Brasil vem experimentando uma transição demográfica acelerada, com a queda 
acentuada nos níveis de fecundidade, além da influência na queda da mortalidade em todas as 
idades. O país vive um período de envelhecimento, modificando o formato triangular da 
pirâmide populacional, com a base larga, que vem dando lugar, ao longo dos anos, a uma 
pirâmide etária típica de uma população em processo de envelhecimento (BORGES, 2015). 
Segundo projeções do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), dentre todos 
os grupos etários da população quem deverá apresentar maior taxa de crescimento entre os 
anos de 2010 e 2050 será a população de 60 anos ou mais, com tendência de aumento para os 
idosos em idade avançada com mais de 80 anos. De acordo com a Organização Mundial de 
Saúde (OMS), a população de idosos no Brasil vai saltar de 7% para 14% até 2025, tornando 
o país o sexto no mundo em número de pessoas com idade acima de 60 anos (CAMARANO, 
2015; IBGE, 2009). 
Envelhecer atualmente é uma realidade, o que antes era privilégio das populações que 
viviam em países desenvolvidos, hoje é observado nos países em desenvolvimento. A 
população está envelhecendo em velocidade maior que a dos países desenvolvidos. Em cinco 
décadas pouco mais de 80% dos idosos do mundo viveram em países em desenvolvimento, 
comparativamente com 60% em 2005 (OMS, 2008). 
O envelhecimento da população tem profundas implicações, trazendo importantes 
desafios para a sociedade, entre eles pode-se destacar a promoção do envelhecimento ativo, 
manter o idoso inserido na sociedade, implementação de políticas e programas de 
“envelhecimento ativo” que melhorem a saúde, a participação e segurança dos idosos. Assim, 
os grupos de terceira idade são apontados como alternativas para melhorar a qualidade de 
vida, autonomia e a independência dos idosos (MIRANDA; SCHALL; MODENA, 2007). 
Estar inserido em um espaço de convivência no qual é possível compartilhar alegrias, 
tristezas, trocar conhecimentos, entre outros, propicia ao idoso motivação e suporte 
emocional. Os grupos de convivência possibilitam ao idoso realizar diferentes atividades e, ao 
mesmo tempo, conversar, sorrir e estar com outras pessoas, o que é benéfico à saúde dos 
idosos (ARAÚJO; COUTINHO; SANTOS, 2006). 
Os idosos que estão inseridos em grupos de convivência com pessoas da mesma idade 
e com os mesmos objetivos, constroem representações em que se acentuam os aspectos 
15 
 
positivos da velhice, com isso a aceitação do processo natural do envelhecimento 
(OLIVEIRA, 2012). 
Nesse sentido, as representações sociais consistem em um ato de pensamento no qual 
um sujeito reporta-se a um objeto, que pode ser uma pessoa, uma coisa, um acontecimento 
material, psíquico ou social, um fenômeno natural, uma ideia, uma teoria, entre outros 
(JODELET, 2001). 
De tal modo, as representações sociais são uma forma de pensamento social, cuja 
gênese, propriedades e funções devem ser relacionadas com os processos que afetam a vida e 
a comunicação sociais, com os mecanismos que concorrem para a definição da identidade e a 
especificidade dos sujeitos (JODELET, 2005). 
As representações sociais construídas pelos idosos participantes de um grupo de 
convivência são formas de conhecimentos socialmente elaboradas e partilhadas. Têm um 
objetivo prático e que contribui para a construção de uma realidade comum a seu grupo de 
convivência (JODELET, 2001). 
 
1.1.1 Justificativa 
 
Os avanços tecnológicos alcançados na área da saúde ocasionaram inúmeras 
transformações demográficas. Entre elas é possível destacar a redução da mortalidade por 
doenças infecciosas e parasitárias, queda na taxa de natalidade, redução na taxa de 
mortalidade infantil e um aumento da expectativa de vida ao nascer. Esse prolongar da vida é 
uma conquista que vem exigindo da sociedade, não só as mudanças na saúde pública, mas a 
ruptura de crendices, tabus e preconceitos acerca do envelhecimento (BALDISSERA; 
BUENO, 2010). 
A nova realidade demográfica brasileira, requerer modificações e inovações nos 
modelos de atenção à saúde da população idosa. Isto requer estruturas criativas, com 
propostas e ações amplas e diferenciadas, possibilitando à pessoa idosa usufruir totalmente os 
anos proporcionados a mais pelos avanços tecnológicos (VERAS, 2008). 
O aumento da expectativa e a qualidade de vida das pessoas idosas podem estar 
associados não somente à evolução da tecnologia, mas também à vivência dos idosos em 
grupos, a qual transcende as atividades físicas e de lazer. Os grupos de convivência para 
idosos são uma forma de interação, inclusão social e uma maneira de resgatar a autonomia. 
Possibilita aos participantes um espaço de convivência, que podem partilhar conhecimentos, 
alegrias, tristezas, entre outros. Propicia ao idoso um suporte emocional, melhora a 
16 
 
autoestima, senso de humor e promove inclusão social, bem como a construção de 
representações sociais (ARAÚJO; COUTINHO; SANTOS, 2006; OLIVEIRA, 2012). 
Compreender as representações sociais dos idosos participantes de grupo de 
convivência acerca de saúde, doença e grupo possibilita a compreensão pelo profissional de 
enfermagem de como as representações sociais são produzidas e transformadas. Assim como 
também podem elaborar um planejamento de ações e estratégias que possam trabalhar com a 
promoção da saúde e na prevenção de doenças, melhorando assim a qualidade de vida desses 
idosos (CAMARGO, 2007; SILVA, 2014). 
Estudar as representações sociais de idosos inseridos em um grupo de convivência 
sobre saúde, doença, grupo é relevante para esta população que necessita atenção e cuidados. 
Os profissionais da enfermagem precisam conhecer o que é necessário para eles terem uma 
vida melhor. Assim, investigando as representações desses idosos tem-se a possibilidade de 
estabelecer metas e ações específicas e adequadas para proporcionar uma melhor qualidade de 
vida a essa população. Isto, através da adoção de ações educativas em saúde, que promovam o 
envelhecimento saudável, estimulando o idoso à prática de atividades físicas no cotidiano e no 
lazer, hábitos saudáveis de alimentação, cuidados com a saúde, proporcionando a inclusão 
sociale manutenção da autonomia e independência durante o processo do envelhecimento. 
 
1.2 PROBLEMÁTICA E QUESTÃO DE PESQUISA 
 
O desejo de estudar essa temática surgiu durante as ações realizadas com o grupo de 
idosos do SESC Castanhal, em 2014, através de um Projeto de Extensão da Faculdade. Nesse 
projeto, foram realizadas ações educativas, que estimulam o idoso ao autocuidado, hábitos 
alimentares saudáveis, entre outros, com vista a proporcionar ao idoso uma maior qualidade 
de vida. 
O Serviço Social do Comércio – SESC – Castanhal é mantido pelos empresários do 
comércio de bens, turismo e serviços. O SESC é uma entidade privada que tem como objetivo 
proporcionar o bem-estar e qualidade de vida aos trabalhadores deste setor e sua família. O 
SESC Castanhal passou a funcionar no dia 11 de junho de 1984, mas o lançamento da pedra 
fundamental foi no dia 18 de setembro de 1988, na Avenida Magalhães Barata, n.º 1190, 
Edifício Pimbô. No entanto no dia 28 de janeiro de 2001 passaram para o edifício próprio na 
Avenida Barão do Rio Branco s/n, Bairro: Nova Olinda, Castanhal/Pará. 
Nessa instituição há um grupo de idosos, cujo nome é Plenitude. Atualmente tem a 
participação de 189 idosos, sendo 14 homens e 175 mulheres, com faixa etária entre 60 e 85 
17 
 
anos. O grupo foi criado em maio de 2000 pela técnica Raimunda Abido, com formação na 
área de Serviço Social. Na ocasião constatou que nas ações promovidas pelo SESC havia um 
grande número de idosos à procura de atividades que ocupassem seu tempo livre. 
O grupo deu início a suas atividades no ano de 2000 e desde então vem desenvolvendo 
atividades socioeducativas, voltadas para a pessoa idosa, que visam a estimular o exercício da 
cidadania, por meio de ações que criam condições para promover sua autonomia, integração e 
participação na sociedade. Isto, conforme preconiza o plano internacional de Madri e as leis 
brasileiras voltadas para esse segmento populacional: Política Nacional do Idoso (PNI) e o 
Estatuto do Idoso. 
Nesse grupo são desenvolvidas ações, tais como: atividade física em geral, reuniões, 
passeios, festas temáticas, excursões, oficinas, visitas institucionais, campanhas, dinâmicas de 
grupo e educação em saúde. Essas atividades são realizadas como objetivo proporcionar 
autonomia aos idosos e que eles sejam protagonistas da sua própria vida. 
No decorrer do projeto de extensão, durante o desenvolvimento das ações educativas, 
de promoção e prevenção da saúde, constatou-se que cada participante tem um modo de 
pensar e de lidar com as questões relacionadas à saúde, doença e sobre o próprio grupo. A 
participação em grupos com pessoas da mesma idade e com os mesmos objetivos possibilita a 
construção de representações sociais. 
Desta maneira, a vivência nesse grupo de convivência exerce sobre o idoso um papel 
transformador, desenvolvendo em sua coletividade formas de conviver com as perdas e 
ganhos da velhice. Partindo deste princípio, faz-se necessário analisar as representações 
sociais desses idosos sobre saúde, doença e grupos, possibilitando entender o ser idoso de 
forma integral e não de forma isolada. 
Surge, assim, a questão de pesquisa: quais as representações sociais sobre saúde, 
doença e grupo entre idosos participantes de um grupo de convivência? 
E como questões norteadoras: Qual o perfil sociodemográfico desses idosos? Qual o 
conteúdo e a estrutura das representações sociais desses idosos sobre saúde, doença e grupo? 
 
 
 
 
 
 
18 
 
2 OBJETIVOS 
 
2.1 OBJETIVO PRIMÁRIO 
 
Analisar as representações sociais sobre saúde, doença e grupo entre idosos 
participantes de um grupo de convivência. 
 
2.2 OBJETIVOS SECUNDÁRIOS 
 
* Identificar o perfil sociodemográfico desses idosos. 
* Constatar o conteúdo e a estrutura das representações sociais desses idosos sobre 
 saúde, doença e grupo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
19 
 
3 REFERENCIAL TEÓRICO 
 
3.1 SOBRE O PROCESSO DO ENVELHECIMENTO 
 
De acordo com a OMS a população idosa é definida como aquela a partir dos 60 anos 
de idade. Esse limite é válido para os países em desenvolvimento, mas admite-se um ponto de 
corte de 65 anos de idade para os países desenvolvidos pela tradição de utilizarem este índice 
há várias décadas. No entanto é difícil caracterizar uma pessoa idosa utilizando como único 
critério a idade. Além disso, nesse segmento, conhecido como terceira idade, estão incluídos 
indivíduos diferenciados entre si, tanto do ponto de vista socioeconômico como demográfico 
e epidemiológico (OMS, 2006). 
O processo de envelhecimento caracteriza-se por ser contínuo irreversível e universal, 
implicando a ocorrência de várias alterações no organismo que repercutem em dimensões 
diversas do desenvolvimento humano. As repercussões do fenômeno do envelhecimento 
estendem-se a diversos domínios, nomeadamente ao nível da saúde, social e político (DIAS, 
2014). 
A velhice pode ser vista e definida a partir das mais diversas áreas do conhecimento. 
Pela perspectiva da medicina, a ênfase recai nos estudos sobre saúde, ciclo de vida, 
medicação, morte. No caso da área político-administrativa, o foco estará nas políticas públicas 
para o envelhecimento, o sistema de proteção social, a concessão de benefícios, já a 
psicologia se preocupa em compreender os processos do envelhecimento (LUCA, 2006). 
Diversas são as denominações para se referir à velhice: meia idade, velho, idoso, 
terceira idade. De acordo com Peixoto (2003), a utilização do termo idoso, embora seja mais 
respeitoso, não é tão preciso quanto velho. O uso dos termos velho e idoso sempre levou em 
consideração a classe social e a qualidade do envelhecimento, sendo o termo velho mais 
específico para classificar pessoas decadentes e pobres. Já com relação à definição terceira 
idade, expressão de origem francesa, designa principalmente “os jovens velhos”, os 
aposentados dinâmicos, enquanto idoso simboliza as pessoas mais velhas. 
O envelhecimento é um processo que está cercado de muitas concepções falsas, de 
temores, crenças e mitos. A velhice como etapa da vida, também é uma palavra carregada de 
inquietude, fragilidade e às vezes angústias (ROTTA, 2009). 
As preocupações sociais decorrentes do envelhecimento em nossa sociedade são 
relativamente recentes. O surgimento de um discurso científico sobre envelhecimento nasce 
20 
 
do interesse das instituições e profissionais que atuam com idosos a partir da década de 1960. 
As ações do estado, nesta década, eram direcionadas ao idoso pobre, carente, doente e 
marginalizado da sociedade, marcadas pelo asilamento, referendadas por uma visão negativa 
da velhice (MEDEIROS, 2011). 
Nos últimos anos, em todos os segmentos da sociedade, as questões relativas à terceira 
idade têm merecido destaque. Entretanto, a infraestrutura necessária para responder às 
demandas desse grupo etário ainda é precária em termos de instalações, programas específicos 
e mesmo recursos humanos adequados, quantitativa e qualitativamente. São inúmeros os 
problemas atuais na área da saúde, vivenciados pela população de idosos e por uma sociedade 
que se transforma rapidamente. Com o acelerado crescimento da população idosa, esse quadro 
de precariedade e defasagem de alternativas concretas frente às prementes necessidades tende 
a se agravar (VERAS, 2004). 
A melhor condição de saúde, especialmente relacionada à preservação da autonomia e 
da mobilidade física é um importante fator para a permanência da vida ativa nas idades mais 
avançadas. Para isso, é necessário modificações no perfil das políticas públicas, em especial 
nas áreas de saúde e previdência social. Idoso com boas condições de saúde e autonomia 
física e mental mantém boas perspectivas de vida (MEDEIROS, 2011). 
A PNI destaca principalmente: 
 
A promoção do envelhecimento saudável, a manutenção e a melhoria, ao máximo, 
da capacidade funcional dos idosos, a preservaçãode doenças, a recuperação da 
saúde dos que adoecem e a reabilitação daqueles que venham a ter a sua capacidade 
funcional restrita, de modo a garantir-lhes permanência no meio em que vivem, 
exercendo de forma independente suas funções na sociedade (BRASIL, 1999, p.01). 
 
Percebe-se, assim, que o envelhecimento é um processo complexo que envolve muitas 
variáveis. Assegurar a participação contínua do indivíduo idoso nas questões sociais, 
econômicas, culturais, civis e espirituais, é uma forma de manter um envelhecimento 
saudável. 
 
3.2 ENVELHECIMENTO ATIVO, SOCIAL E GRUPOS 
 
Envelhecimento ativo é um processo de otimização das oportunidades para a saúde, 
participação e a segurança, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida à medida que as 
pessoas envelhecem. Aplica-se tanto a indivíduos quanto a grupos populacionais. Permite que 
as pessoas percebam o seu potencial para o bem-estar físico, social e mental ao longo do curso 
21 
 
da vida, propicia proteção, segurança e cuidados adequados, quando necessários, e permite 
que as que pessoas participem da sociedade de acordo com suas necessidades, desejos e 
capacidades (BRASIL, 2006). 
A palavra “ativo” refere-se à participação contínua nas questões sociais, econômicas, 
culturais, espirituais e civis, e não somente à capacidade de estar fisicamente ativo ou de fazer 
parte da força de trabalho. O envelhecimento ativo é aumentar a expectativa de uma vida 
saudável e a qualidade de vida para todas as pessoas que estão envelhecendo, inclusive as que 
são frágeis, fisicamente incapacitadas e que requerem cuidados (GONTIJO, 2005). 
O envelhecimento bem sucedido é uma questão pragmática de valores particulares que 
permeia o curso da vida, incluindo as condições próximas à morte. A implementação de 
programas que elevem a qualidade de vida dos idosos tem sido objetivada tanto por 
profissionais quanto por idosos, visto que todos almejam um envelhecimento saudável, 
produtivo, ativo ou bem sucedido (NERI, 2008). 
É desejável que o envelhecimento ocorra com qualidade e manutenção da autonomia 
dos indivíduos, buscando preservar a oportunidade de os mais velhos continuarem a participar 
da sociedade e minimizar as possibilidades de exclusão social (LIMA, 2005; NERI, 2008). 
A política de envelhecimento ativo, proposta pela OMS enfatiza que envelhecer bem 
não é apenas uma questão individual e sim um processo que deve ser facilitado pelas políticas 
públicas e pelo aumento das iniciativas sociais e de saúde ao longo do curso de vida (OMS, 
2005). 
Para Neri (2007, p. 150): 
 
(...) qualidade de vida na idade madura excede os limites da 
responsabilidade individual e deve ser vista por múltiplos aspectos, ou 
seja, uma velhice satisfatória não será atributo do indivíduo biológico, 
psicológico ou social, mas resulta da interação entre pessoas e de suas 
relações intra, extra-individuais e comunitárias. 
 
Envelhecer é um processo vital inerente a todos os seres humanos. A velhice é uma 
etapa da vida, parte integrante de um ciclo natural, constituindo-se como uma experiência 
única e diferenciada. Manter-se ativo nesta fase da vida é importante para um envelhecimento 
com qualidade, permanecer inserido na sociedade, permite ao idoso manter seu papel social. 
Manter o idoso inserido socialmente em uma sociedade que vê a velhice como 
inutilidade, dependência e improdutividade, torna-se um grande desafio. Múltiplas são as 
22 
 
alternativas que buscam inserir estes indivíduos em diferentes espaços sociais, visando uma 
melhor qualidade de vida e seu reconhecimento como pessoa (OLIVEIRA, 2012). 
Os grupos de convivência para idosos têm sido apontados como alternativas para 
manter esses indivíduos inseridos na sociedade, bem como melhorar a qualidade de vida, 
autonomia e independência, promove mecanismos individuais e coletivos para as ações de 
intervenção na velhice (MIRANDA, SCHALL, MODENA 2007). 
A possibilidade de ter um espaço de convivência, no qual é permitido compartilhar 
seus sentimentos, conhecimentos, entre outros, proporcionam ao idoso um suporte emocional 
e motivação. Os grupos de convivência para idosos possibilitam realizar diferentes atividades 
e, ao mesmo tempo, conversar, sorrir e partilhar com outras pessoas seus conhecimentos e 
experiências adquiridas ao longo da vida (ARAÚJO; COUTINHO; SANTOS, 2006). 
O grupo é uma experiência primordial e constituinte para qualquer indivíduo. A 
experiência grupal é crucial, pois é no grupo que se encontra reconhecimento interpessoal, 
sentimento de pertencimento, criação de objetivos comuns, coesão, trocas afetivas e 
cognitivas. Pertencer a um grupo pode significar a construção ou reconstrução de identidades, 
regaste de vínculos familiares que levam o velho à retomada de seu papel social. No grupo 
ocorre também o reconhecimento de seus direitos enquanto cidadão, estimulando a reflexão 
sobre as possibilidades da construção de novos papéis social e políticos (MAIA; BERALDO, 
2009). 
A participação em grupos com pessoas da mesma idade e com os mesmos objetivos 
possibilita a construção de representações sociais, que permitem a interpretação e a 
construção de realidades sociais. Possibilita ao idoso expressar a relação com o grupo, e ao 
mesmo tempo, essas representações os situam nesse grupo (DUVEEN, 2008). 
 
3.3 ENFERMAGEM GERONTOLÓGICA 
 
A Gerontologia é definida pela OMS como a área do conhecimento científico voltada 
para o estudo do envelhecimento em sua perspectiva mais ampla, levando em conta os 
aspectos clínicos, biológicos, condições psicológicas, sociais, econômicas e históricas 
(MONTANHOLI; OLIVEIRA; CARVALHO, 2006). 
Esta área, em sua constituição, incorpora subsídios científicos e técnicos de outros 
ramos que lhe são afins. Aqui está sua maior contradição, que corresponde a sua maior 
riqueza: ao mesmo tempo, que se desloca como “especialização”, ela ultrapassa, de imediato, 
23 
 
as características da atomização e da unilateralidade. O objeto não pode ser fragmentado, 
porque a parte isolada ou colheita do contexto originário do real, só pode ser explicada na 
integridade de suas características (SANTOS, 2008). 
A Enfermagem Gerontologia é o estudo científico do cuidado de enfermagem ao 
idoso. Caracteriza-se como ciência aplicada, com o propósito de utilizar os conhecimentos do 
processo de envelhecimento, para o planejamento da assistência de enfermagem e dos 
serviços, que melhor atendam à promoção da saúde, à longevidade, à independência e ao nível 
mais alto possível de funcionamento do idoso (SANTOS, 2000). 
Para o cuidar em Enfermagem Gerontologia é necessário conhecer o processo do 
envelhecimento, com a finalidade de produzir ações que possam atender totalmente às 
necessidades expressas e não expressas do idoso. Assim, possibilitando a esse idoso manter 
ao máximo possível a sua autonomia e independência (SILVA et al., 2013). 
A assistência de enfermagem está centrada em diversos cenários, voltados ao cuidado 
do idoso, à família e à comunidade. Diante do cenário atual referente ao envelhecimento 
populacional, a possibilidade de ter uma especialidade voltada a essa população proporciona 
ao enfermeiro a obtenção de conhecimentos que irá direcionar suas condutas às necessidades 
de cada indivíduo, possibilitando assim um envelhecimento saudável (POPIN et al., 2010). 
Na atenção ao idoso, a importância do cuidado se dá pelo fato de que a população 
idosa apresenta grande diversidade entre si e em relação aos demais grupos etários. Então, 
para sua compreensão torna-se necessário empregar diversos pontos de vista. A compreensão 
das representações dos idosos construídas no grupo de convivência contribui para o processo 
do cuidar em enfermagem (RICCI et al., 2006). 
 
3.4 TEORIA DAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS 
 
Representações Sociais (RS) é um termo filosófico que significa a reprodução de uma 
percepção retida na lembrança ou do conteúdodo pensamento. Nas ciências sociais, são 
definidas como categorias de pensamento que expressam a realidade, explicam-na, 
justificando-a ou questionando-a (MINAYO; HARTZ; BUSS, 2000). 
A Teoria das Representações Sociais (TRS) desenvolvidas pelo sociólogo Serge 
Moscovici, teve origem na França, na década de 1960 e culminou na publicação de sua obra 
“A Psicanálise, sua imagem e seu público”. Foi o pioneiro nos estudos das RS como teoria do 
senso comum, porém recusou, inicialmente, a apresentar um conceito da teoria. Isso porque 
24 
 
para Moscovici, “(...) a realidade das representações sociais é fácil de apreender, não é o 
conceito” (ALEXANDRE, 2004, p.125). 
O autor Durkheim foi quem exerceu maior influência na TRS vista como uma forma 
Sociológica de Psicologia Social por Serge Moscovici. Foi o sociólogo que mais demonstrou 
hostilidade à Psicologia opondo-se ao estudo das representações individuais, proposta por 
Moscovici (ROTTA, 2009). 
Mendonça e Pontes (2002) destacam que o conceito de Durkheim de representações 
coletivas aplica-se melhor às sociedades menos complexas. Quanto à teoria de Moscovici para 
as RS era voltada para as sociedades mais modernas (ROTTA, 2009). 
Tais RS manifestam-se em palavras, sentimentos e condutas e institucionalizam-se, 
portanto, podem e devem ser analisadas a partir da compreensão das estruturas e dos 
comportamentos sociais (MINAYO, 2011). 
As RS comunicam-se entre si. São dinâmicas e refletem um determinado modo de 
compreender o mundo e de ver a vida. São o conjunto de explicações, crenças e ideias 
comuns a um determinado grupo de indivíduos, resultam de uma interação social, sem perder 
de vista a questão da individualidade, torna familiar algo até então desconhecido (MORAES 
et al., 2014). 
As RS produzem normas de conduta, regulam comportamentos, prescrevendo 
possibilidades para a ação. Consistem, portanto, em um ato de pensamento no qual o sujeito 
reporta-se a um objeto, que pode ser uma pessoa, uma coisa, um acontecimento material, 
psíquico ou social, um fenômeno natural, uma teoria, entre outros (JODELET, 2001). 
De acordo com Abric (2001, p.165), representações sociais são: 
 
(...) o produto e o processo de uma atividade mental pela qual um indivíduo 
ou um grupo reconstrói o real com que se confronta e lhe atribui uma 
significação especifica. Elas são determinadas, ao mesmo tempo pelo 
próprio sujeito (sua história, vivência), pelo sistema social e ideológico no 
qual se encontra inserido e pela natureza dos vínculos que mantém com tal 
sistema. 
 
 
As RS são uma forma de conhecimento, socialmente elaborada e compartilhada, que 
tem como objetivo prático e concorre para construção de uma realidade comum a um 
conjunto social. São ao mesmo tempo estáveis e móveis, rígidas e flexíveis, são consensuais, 
mas também marcadas por fortes diferenças interindividuais (SÁ, 2002). 
25 
 
Apresentam-se como uma maneira de interpretar e pensar a realidade cotidiana, uma 
forma de conhecimento da atividade mental desenvolvida pelos indivíduos e pelos grupos. 
São elaboradas e partilhadas socialmente, ligadas a inserções específicas dentro de um 
conjunto de relações sociais, isto é, a grupos sociais que têm por funções explicar aspectos 
relevantes da realidade, definir a identidade grupal, orientar práticas sociais e justificar ações 
e tomadas de posição depois que elas são realizadas (WACHELKE, 2007). 
Um exemplo clássico de estudo nas RS no campo da saúde é o trabalho de Jodelet, 
realizado em 1989, sobre representações sociais da loucura. O estudo foi realizado em uma 
colônia (Ainoy-le-château, França) com treze pequenas comunidades e com um grande 
hospital psiquiátrico, que desenvolve atividades de assistência, ensino e pesquisa 
(MEDEIROS, 2011). 
A partir do estudo de Jodelet (2001) as pesquisas na área da saúde, com em relação às 
RS têm aumentado constantemente e isso pode auxiliar na compreensão dos comportamentos 
e hábitos da saúde de uma população. Isto, como por exemplo, os processos de construção dos 
conceitos populares sobre saúde e doença. As RS de saúde e doença interagem para 
determinar concepções específicas de necessidades humanas de saúde (MEDEIROS, 2011). 
Dessa forma, saber como os indivíduos representam as concepções do processo de 
saúde-doença é essencial para que se possa entender as necessidades de determinado grupo, 
podendo planejar, uma forma peculiar de cuidado adequado à necessidade social. 
A TRS se desdobra em três abordagens, a saber, Abordagem Societal, Abordagem 
Processual e Abordagem Estrutural. Neste estudo optou-se pela abordagem estrutural, que 
tem por base a Teoria do Núcleo Central, do que se trata a seguir. 
 
3.5 TEORIA DO NÚCLEO CENTRAL 
 
A Teoria do Núcleo Central (TNC) foi proposta por Jean Claude Abric (1998) no ano 
de 1976. O autor sustenta a hipótese de que toda representação social está organizada em 
torno de um núcleo central e um sistema periférico. O núcleo central está relacionado à 
memória coletiva, dando consistência, significação e permanência às RS, sendo, portanto, 
estável e resistente a mudanças (MACHADO, 2010). 
De acordo com a TNC (ABRIC, 1998) as RS constituem-se como um conjunto 
organizado e estruturado de informações, crenças, opiniões e atitudes, compostas de dois 
subsistemas, o central e o periférico, que funcionam como uma entidade, onde cada parte 
exerce o seu papel específico e complementar. 
26 
 
No que tange à teoria do núcleo central, Abric (2001. P.168), ressalta que “(...) toda 
representação se organiza em torno de um núcleo central e um periférico. O núcleo central é o 
elemento fundamental da representação, pois é ele quem determina ao mesmo tempo sua 
significação e sua organização. ” 
O núcleo central (NC) é o elemento mais estável ou mais permanente da RS, o mais 
resistente à mudança, e quando modificado toda a representação muda, tendo então, duas 
representações distintas. O sistema periférico, ao contrário do NC, é flexível e suporta as 
contradições. Protege o NC das modificações, é a parte mais flexível das RS e permite a 
elaboração de representação relacionada às histórias individuais dos sujeitos (VIEIRA, 2006). 
As RS se organizam em torno de um sistema central, o NC consiste em um sistema 
principal da representação, nele se origina a organização e significação dos demais elementos 
de uma RS, em um indivíduo ou grupo específico (LIMA; MACHADO, 2010). 
Para Sá (2002) uma RS é uma forma de saber prático que liga um sujeito a um objeto, 
que pode ser considerado do ponto de vista epistêmico ou psicodinâmico, mas também social 
ou coletivo, na medida em que sempre se há de integrar na análise daqueles processos o 
pertencimento e a participação social e cultural do sujeito. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
27 
 
4 METODOLOGIA 
 
4.1 DESENHO 
 
Trata-se de um estudo com abordagem qualitativa, do tipo exploratório, pautado em 
uma perspectiva multimétodo na coleta e análise de dados, com base na TRS e TNC. 
A perspectiva multimétodo pode revelar a complexidade e a multidimensionalidade 
das RS, tal articulação garante uma interpretação mais íntegra dos resultados (ROSA, 2005). 
Nessa perspectiva, a abordagem qualitativa demonstra ser um caminho bastante 
propício para o desenvolvimento deste estudo visto que: 
 
(...) o método qualitativo é o que se aplica ao estudo da história, das relações, das 
representações, das crenças, das percepções e das opiniões, produtos das 
interpretações que os humanos fazem a respeito de como vivem, constroem seus 
artefatos e a si mesmos, sentem e pensam. [...] as abordagens qualitativas se 
conformam melhor às investigações de grupos e segmentos delimitados e 
focalizados, de histórias sociais sob a ótica dos atores, de relações e para análises de 
discursos e de documentos. (MINAYO, 2012, p.103) 
 
Para responder às questões norteadoras e aos objetivos, esse estudofoi desenvolvido à 
luz da Teoria das Representações Sociais (TRS), priorizando-se a abordagem estrutural ou 
TNC. 
 
4.2 CENÁRIO DA PESQUISA 
 
O estudo ocorreu no SESC Castanhal-Pará. Destaca-se que o SESC Castanhal é uma 
entidade privada mantida pelos empresários do comércio de bens, turismo e serviços, tem 
como objetivo proporcionar o bem-estar e qualidade de vida aos trabalhadores deste setor e 
sua família. 
Entre os serviços prestados aos usuários, tem destaque um grupo de convivência para 
idosos, cujo nome é Plenitude. Nesse grupo são desenvolvidas atividades socioeducativas 
voltadas para a pessoa idosa, que visam estimular o exercício da cidadania, por meio de ações 
que criam condições para promover sua autonomia, integração e participação na sociedade. 
 
 
 
28 
 
4.3 PARTICIPANTES DO ESTUDO 
 
Participaram do estudo 101 idosos, participantes do grupo de convivência para idosos, 
Plenitude do SESC Castanhal-Pará. Os estudos que visam a identificar a estrutura das RS, 
segundo Oliveira (2010), têm priorizado um universo mínimo entre 80 e 100. Tal opção 
possibilitará que as RS difundidas e comunicadas sejam reveladas. 
 
4.3.1 Critérios de inclusão 
 
Pessoas a partir de 60 anos de idade, participantes do grupo há mais de 12 meses, 
possuir estado cognitivo preservado. 
 
4.3.2 Critérios de exclusão 
 
Pessoas abaixo de 60 anos, novatos no grupo de convivência, aqueles que possuam 
algum déficit cognitivo. 
 
4.4 COLETA DE DADOS 
 
A coleta de dados foi realizada em três momentos. Momento 1: convite aos 
participantes que atenderem aos critérios de inclusão para assinatura do Termo de 
Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), (APÊNDICE 1). Momento 2: aplicação de um 
formulário voltado à identificação pessoal e sociodemográfica (APÊNDICE 2). Momento 3: 
aplicação de um formulário para registro das evocações livres de palavras sobre 
saúde/doença/grupo (APÊNDICE 3). 
Para identificar como se manifesta a estrutura (central e periférica) dos termos 
indutores saúde, doença e grupo, todos os sujeitos concordaram em participar a técnica de 
evocação livre de palavras, também conhecida como associação livre ou teste por associação 
livre de palavras (TALP). Essa técnica consiste em instigar os participantes para que digam o 
que pensam ao serem estimulados por um termo (um ou mais estímulos indutores) que 
caracteriza o objeto da representação em estudo. 
29 
 
A palavra “evocação” tem vários significados na língua portuguesa, mas como uma 
projeção mental significa o “ato de evocar”, ou seja, trazer à lembrança, à imaginação algo 
que está presente na memória dos indivíduos (OLIVEIRA et al., 2005 p. 574). 
A aplicação da evocação como técnica de coleta de dados em pesquisa científica 
possibilita a apreensão das projeções mentais de maneira descontraída e espontânea. Isto 
revela, inclusive, os conteúdos implícitos ou latentes, que nas produções discursivas podem 
ser mascarados, e pelo fato de se obter o conteúdo semântico de forma rápida e objetiva, 
reduz as dificuldades e os limites das expressões discursivas convencionais (OLIVEIRA, 
2005). 
No campo de estudo das RS a técnica livre consiste em pedir ao indivíduo que produza 
as cinco primeiras palavras ou expressões que possa imaginar, a partir de um ou mais termos 
indutores, seguindo-se de um trabalho de hierarquização dos termos produzidos, do mais para 
o menos importante. 
A hierarquização da produção obtida com a técnica é importante, enumerar as 
evocações de acordo com a ordem de importância atribuída pelo sujeito, ou seja, hierarquizar 
as palavras ou expressões ordenando da de maior para a de menor importância. É um 
procedimento fundamental, uma vez que a hierarquia da produção possibilita a constituição 
dos critérios para determinação dos elementos centrais e periféricos (MEDEIROS, 2011). 
Assim, neste estudo a evocação livre de palavras foi construída a partir dos termos 
indutores saúde, doença e grupo, nesta ordem, tendo como pressupostos o objeto investigado, 
o estudo atual da arte, bem como os contextos dos atores sociais. 
Devido à faixa etária pesquisada ser maior de 60 anos, leva-se em consideração a 
redução do raciocínio cognitivo presente no envelhecimento normal e convenciona-se o 
tempo máximo de três minutos para evocação das palavras a cada estímulo indutor 
(ARAÚJO; COUTINHO; CARVALHO, 2005). 
No caso deste estudo, como foram três estímulos indutores, os sujeitos tiveram o 
tempo total de nove minutos para fazer as evocações. A partir dos estímulos dos termos 
indutores, foram feitas anotações das respostas no formulário pelos pesquisadores. 
 
4.5 ANÁLISE DOS DADOS 
 
A análise estatística descritiva foi o tipo utilizado, referente perfil sociodemográfico 
dos idosos, com base no programa Excel 2007. A estatística descritiva apresenta processos 
próprios para coletar, apresentar e interpretar adequadamente conjuntos de dados, fazendo 
30 
 
usos de tabelas, gráficos e resumos numéricos. Possibilita uma maior compreensão dos fatos 
que eles apresentam. Neste estudo, os dados foram organizados em tabelas e gráficos, 
aplicando-se testes como a frequência e média aritmética. 
A análise das evocações livres foi realizada por meio da técnica do quadro de quatro 
casas, proposta por Vergès (1994), com o auxílio do software Ensemble de Programmes 
Permettantl Analyse dês Evoctions (EVOC 2003®). Este tem como fundamento a concepção 
de que toda representação está organizada em torno de um núcleo central, entendido como 
princípio organizador dos elementos da representação e que lhe dá sentido. Trata-se de uma 
“ferramenta” auxiliar para o tratamento de dados. O trabalho do software é auxiliar para o 
trabalho de interpretação realizado pelos investigadores acerca da realidade e das 
representações dos sujeitos investigados. 
De acordo com Oliveira (2005), o tratamento dos dados coletados através de evocação 
livre pode ser realizado com auxílio de um software denominado EVOC. Esse recurso 
informático representa um grande auxílio na organização dos dados. Particularmente na 
identificação de discrepâncias derivadas da polissemia do material coletado e na realização 
dos cálculos das médias – simples e ponderadas – para a construção do quadro de quatro 
casas. 
 
4.6 ASPECTOS ÉTICOS DA PESQUISA 
 
Para o desenvolvimento da pesquisa foram respeitadas as normas e diretrizes para a 
realização de pesquisas envolvendo seres humanos, contidas na Resolução n.º 466, de 12 de 
dezembro de 2012, do Conselho Nacional de Saúde (CNS), estando o estudo cadastrado no 
CEP Instituto Evandro Chagas/IEC/SVS/MS, sob CAAE: 54245116.1.0000.0019. 
Seguindo os princípios a seguir. 
a) consentimento livre e esclarecido dos indivíduos-alvo e a proteção a grupos 
vulneráveis e aos legalmente incapazes (autonomia). Neste sentido, a pesquisa envolvendo 
seres humanos deverá sempre tratá-lo em sua dignidade, respeitá-lo em sua autonomia e 
defendê-lo em sua vulnerabilidade. 
b) Ponderação entre riscos e benefícios, tanto atuais como potenciais, individuais ou 
coletivos (beneficência), comprometendo-se com o máximo de benefícios e o mínimo de 
danos e riscos; 
c) Garantia de que danos previsíveis serão evitados (não maleficência); 
31 
 
d) Relevância social da pesquisa com vantagens significativas para os sujeitos da 
pesquisa e minimização do ônus para os sujeitos vulneráveis, o que garante a igual 
consideração dos interesses envolvidos, não perdendo o sentido de sua destinação sócio-
humanitária (justiça e equidade). 
e) submissão do projeto à Plataforma Brasil. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
32 
 
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES 
 
5.1 CARACTERIZAÇÃO DE QUEM FALA 
 
Quanto à idade dos participantes da pesquisa verificou-se que 51 (50,49%) tem entre 
60 a 69 anos e 44 (43,56%) entre 70 a 80 anos e 6 (5,94%) maior de 80 anos (Gráfico1). 
 
Gráfico 1-Distribuição dos participantes segundo a idade 
Quanto ao gênero dos participantes 95(94,05%) são mulheres e 6 (5,94%) são homens 
(Gráfico 2). 
 
Gráfico 2- Distribuição dos participantes segundo gênero 
 
Quando à religião dos idosos 91 (90,09%) são católicos, 8 (7,92%) são evangélicos, 
1(0,99%) é espírita e 1(0,99%) budista (Gráfico 3). 
50,49%43,56%
5,94%
60-69(51) 70-80(44) Maior 80(6)
5,94%
94,04%
Masculino(6) Feminino(95)
33 
 
 
Gráfico 3-Distribuição dos participantes quanto à religião 
 
Quanto ao estado civil dos participantes foi verificado que 43 (42,57%) são viúvos,29 
(28,71%)são casados,15(15%) são solteiros e 14 (13,86%) são divorciados (Gráfico 4). 
 
Gráfico 4 - Distribuição dos participantes quanto ao estado civil 
 
Quanto à situação de moradia dos participantes, se moram sozinhos ou não, constatou-
se que 32(31,68%) moram com duas pessoas, 30 (29,70%) moram com mais de três pessoas, 
22 (21,78%) moram com três pessoas,10 (9,90%) moram com uma pessoa e apenas 7 (6,93%) 
moram sozinho (Gráfico 5). 
90,09%
7,92%
0,99% 0,99%
Católico(91) Evangélico(8) Espírita (1) Budista(1)
14,85%
28,71%
42,57%
13,86%
Solteiro(15) Casado(29) Viúvo(43) Divorciado (14)
34 
 
 
 
 Gráfico 5-Distribuição dos participantes quanto à situação de moradia 
 
Quanto à ocupação dos participantes 84 (83,16%) são aposentados, 14 (13,86%) são 
pensionistas, 1 (0,99%) é do lar, 1 (0,99%) autônoma e somente 1 (0,99%) é merendeira 
(Gráfico 6). 
 
Gráfico 6-Distribuição dos participantes com relação à ocupação 
 
No que tange à renda familiar dos participantes da pesquisa 67 (66,33%) recebem de 
um a três salários mínimos,6 (5,94%) recebem de três a cinco salários mínimos, 16 (15,84%) 
7%
10%
32%
22%
30%
Sozinho(7) 1 Pessoa(10) 2 Pessoas(32) 3 Pessoas(22) > 3 Pessoas(30)
83,16%
13,86%
0,99%
0,99% 0,99%
Aposentada(84) Pensionista(14) Do lar (1)
Autônoma(1) Merendeira(1)
35 
 
recebem acima de cinco salários mínimos e 12 (11,88%) não informaram sua renda (Gráfico 
7). 
 
 Gráfico 7-Distribuição dos sujeitos quanto à renda familiar 
 
Quando questionados sobre a existência de um serviço de saúde próximo de sua 
residência constatamos que 71(70,29%)têm serviço de saúde próximo e 30 (29,70%) não têm 
serviço de saúde próximo (Gráfico 8). 
 
 Gráfico 8 - Distribuição dos participantes quando a existência de serviço de saúde 
 próximo da residência 
 
Quando questionados se há transporte coletivo próximo 88(87,12%) respondeu que 
sim, há transporte coletivo e 13 (12,87%) respondeu que não. (Gráfico 9) 
66,33%5,94%
15,84 %
11,88%
1 a 3 salários 3 a 5 salários < 5 salários Não informado
29,70%
70,29%
Não (30) Sim(71)
36 
 
 
Gráfico 9- Distribuição dos participantes se há transporte coletivo próximo da residência. 
Quanto ao tempo de permanência no grupo 38(37,62%) dos participantes convivem no 
grupo no período de 5 anos e 35 (34,65%) convivem entre 6 a 10 anos no grupo e 28 
(27,72%) convive há mais de dez anos (Gráfico 10). 
 
Gráfico 10 - Distribuição dos participantes em relação ao tempo de permanência no grupo 
 
No que se refere às características sociodemográficas, constatou-se que a média da 
idade correspondeu a 60-69 (50,49%) anos. Dados semelhantes foram encontrados nos 
estudos de Oliveira (2011), com uma média de idades de 69 anos, bem como no estudo de 
Silva (2011), um predomínio da faixa etária de 65-70 anos. 
Em relação à faixa etária, Aguiar (2014), em sua pesquisa encontrou dados similares a 
estes, no grupo de 279 idosos participantes da pesquisa, a faixa etária de maior predomínio se 
encontrava entre 60 e 69 anos. 
87,12%
12,87%
Sim (88) Não(13)
37,62%
34,65%
27,72%
Até 5 anos 6-10 anos < 10 anos
37 
 
Cesarino (2004) ressalta que de 1900 a 2025, a população brasileira terá sido 
multiplicada por cinco. Pessoas com mais de 60 anos de idade terá seu número multiplicado 
por 15, em que um em cada sete brasileiros fará parte da população com uma expectativa de 
vida ao nascer de aproximadamente 73 anos. 
Quanto ao sexo houve um maior predomínio do feminino com 94,05% dos 
participantes. A presença do sexo feminino nos grupos de convivência em outros estudos 
também foi predominante, Silva (2011), em seu estudo com 181 idosos participantes de grupo 
de convivência, constatou que 54% eram do sexo feminino, fato esse que se assemelha a 
outras investigações com grupo de idoso, (MASTROENI, et al., 2007; BORGES et al., 2008; 
RAMOS, 2003, AGUIAR 2014), o que demonstra a predominância das mulheres nesses 
ambientes. 
Estudo de Oliveira (2011) vem a confirmar o resultado apresentado pela pesquisa 
deste trabalho. O autor observou em sua pesquisa com idosos do SESC – Ceará, um maior 
predomínio do sexo feminino. Aguiar (2014) identificou em seu estudo com um grupo de 279 
idosos do estado do Piauí uma proporção de 58,1%, dado esse que corresponde à maioria do 
grupo. 
Medeiros (2011) observou achados em sua pesquisa com idosos participantes de um 
grupo de convivência de Santarém, parecidos este trabalho, em que 65% dos participantes de 
sua pesquisa eram do sexo feminino. Esses dados vêm a solidificar os achados da nossa 
pesquisa e demonstrar que as mulheres ainda são prevalentes nos grupos de convivência. 
Embora neste estudo, como também nos dos autores referenciados anteriormente, não 
se tenha pesquisado, qual o motivo dessa proporção maior de idosas nos grupos de 
convivência, algumas justificativas podem estar relacionadas às situações comuns a todas, 
como por exemplo, a presença da viuvez entre mulheres da terceira idade. Já os homens 
tendem a assumir novos relacionamentos, a resistência dos homens em buscar outras 
atividades após a aposentadoria e o desejo maior das mulheres em se manterem inseridas na 
sociedade. 
Silva (2011) comenta que as ações destinadas aos grupos de convivência de idosos 
devem considerar o universo feminino na terceira idade e sua peculiaridade, ao mesmo tempo 
em que considerem alternativas que atraiam os homens, para favorecer a interação social. 
Verificou-se que todos os idosos referem um credo religioso, sendo mais 
predominante entre os participantes a religião católica com uma representatividade de 
90,09%. Fato esse também observado nos estudos de Souza (2011), com idosos de São Paulo 
a autora identificou que quando perguntados sobre a religião 71,0% dos participantes 
38 
 
referiram ser católicos, proporção semelhante referida em 2006 em outro estudo da mesma 
autora, que identificou uma proporção de 69,3%. 
Batista (2008) em seu estudo com 6.961 idosos do Rio Grande do Sul, identificou que 
a maioria da amostra eram pertencentes à religião católica (75,7%), o que vem a confirmar o 
deste trabalho. Medeiros (2011), em seu estudo com 154 idosos constatou que 87% dos 
participantes eram católicos. 
Quanto ao estado civil dos participantes dessa pesquisa ficou constatado que 42,57% 
dos participantes são viúvos. Dados similares foram encontrados no estudo de Nascimento 
(2015), com uma porcentagem de 37,80% de um total de 164 idosos de participantes um 
grupo de convivência na Bahia. 
Embora neste estudo, não se tenha pesquisado qual o motivo deste número 
considerável de pessoas viúvas. Algumas observações podem ser ressaltadas, por exemplo, a 
perda da relação parceiro/casamento devido à morte do cônjuge altera o padrão da vida do 
idoso. Estudos como os de Torre (2006) e Rubio (2011) têm demonstrado que muitos idosos, 
especialmente as mulheres preferem não repetir a experiência do casamento. Umas porque 
passaram por algum tipo de sofrimento durante esse período e agora querem aproveitar a 
liberdade. Enquanto que outras porque querem preservar a memória de um companheiro 
amoroso, atencioso, de um casamento repleto de alegria e felicidade. 
Os grupos de convivência possibilitam para esse idoso viúvo um redimensionamentoda identidade, por meio da convivência com os pares na mesma faixa etária, causam 
satisfação, aumentam a rede de relacionamento, proporcionam momentos de lazer, liberdade e 
provocam mudanças nos hábitos de vida (BALSING, et al., 2007). 
Quando questionados em relação à moradia, pode-se observar que 31,68% relataram 
morar com duas pessoas e apenas 6,93% moram sozinho. Dados estes também encontrados 
nos estudos de Victor (2009), com um grupo de 208 idosos identificou que 35% dos 
participantes moram com duas pessoas e 6,3% moram sozinhos. Estudos de Bocca (2012), 
também tiveram dados semelhantes com uma porcentagem de 29% dos participantes moram 
com duas pessoas, sendo a maioria dos participantes do referido estudo. 
Mesmo que a residência não seja um indicador suficiente para medir ajuda, vale 
ressaltar que ela pode ser considerada um importante instrumento facilitador para que as 
trocas ocorram entre os idosos e seus familiares. Nesse caso, idosos que vivem com outras 
pessoas, sejam elas parentes ou não, parecem estar mais bem amparados em caso de 
problemas de saúde, ou alguma necessidade apresentadas. Em contrapartida, idosos que 
39 
 
moram sozinhos podem parecer mais desprovidos de apoio e cuidados e uma maior 
vulnerabilidade diante de dificuldades de saúde e da vida diária. 
Em se tratando do termo renda, Martins e Massarolo (2010) destacam que possuir 
renda própria constitui um dos principais instrumentos sociais de proteção aos idosos. É 
através dela que o idoso suprirá suas necessidades diárias, manterá sua independência e 
garantirá o acesso a outros direitos como a alimentação e lazer. 
No presente estudo foi identificado que todos os idosos participantes da pesquisa 
possuem renda própria, sendo a sua maioria aposentados, 84 (83,16%) e pensionistas 
14(13,86%). Os idosos da pesquisa em questão possuem renda média de três salários 
mínimos, correspondendo a 66,33% dos participantes. Dados semelhantes também foram 
observados nos estudos de Aguiar (2014) e Oliveira (2011), onde os participantes dessas 
pesquisas apresentavam uma renda média de dois a três salários mínimos, e sua maioria 
73,8% composta por aposentados e/ou pensionistas. Dado similar também foi encontrado no 
estudo de Rotta (2009), idosos participantes de GC, onde a maioria dos entrevistados é 
aposentado (40%) ou pensionista (35%). 
Os participantes também foram indagados quanto à presença de serviço de saúde 
próximo a sua residência. Do total 70,29% relatou ter serviço de saúde próximo de sua casa, 
seja ele de atenção básica ou terciária. O Estatuto do Idoso em seu Art. 15 do Direito à Saúde 
diz: 
 
É assegurada a atenção integral à saúde do idoso, por intermédio do Sistema 
Único de Saúde - SUS, garantindo-lhe o acesso universal e igualitário, em 
conjunto articulado e contínuo das ações e serviços, para prevenção, 
promoção, proteção e recuperação da saúde, incluindo a atenção especial às 
doenças que afetam preferencialmente os idosos. (BRASIL, 2007) 
 
Neste estudo também foram perguntados aos participantes se há transporte coletivo 
próximo de suas residências. Foi encontrada como resultado uma taxa bem expressiva de 
87,12% dos participantes que respondeu sim. 
O Brasil merece destaque pela existência de um quadro normativo-legal que define 
como direito fundamental da população acima de 65 anos de idade o acesso gratuito aos 
serviços de transporte coletivo urbano. Este direito passou a ter validade em todo o território 
nacional a partir da Constituição Federal de 1988 (CF/1988) e foi posteriormente ratificado 
em lei federal pelo Estatuto do Idoso (PEREIRA, 2014). 
40 
 
Os grupos de convivência têm sido uma alternativa estimulada em todo o Brasil. De 
uma maneira geral e, inicialmente os idosos buscam nesses grupos melhora física, através das 
atividades físicas realizadas no grupo e manutenção da saúde. Posteriormente, as necessidades 
aumentam e as atividades de lazer como as viagens ganham espaço, além dos vínculos que 
são criados entre os membros do grupo, fazendo com que os idosos permaneçam por um 
longo período inserido no grupo. 
São fatores como estes citados que vêm a confirmar este resultado, em que a maioria 
dos participantes do grupo de convivência estão inseridos há mais de cinco anos no grupo. 
Nos grupos surgem as oportunidades de estabelecer novas amizades, ampliar os 
conhecimentos, afastar a solidão, resgatar a autonomia, promove a autoestima, inclusão social 
e melhora a qualidade de vida. 
Assim, o conhecimento das características dos idosos que frequentam o grupo de 
convivência poderá contribuir para ações visando à participação de mais idosos. Do ponto de 
vista social, o intuito é investir na qualidade de vida desses idosos para mantê-los em situação 
de envelhecimento ativo e saudável. 
 
5.2 ESTRUTURA DAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS SOBRE SAÚDE, DOENÇA 
E GRUPO 
 
5.2.1 Sobre saúde 
 
Em relação ao corpus formado foram obtidas 464 evocações. Após a padronização 
semântica chegou-se a 33 evocações diferentes, com uma ordem média (OME) por sujeito de 
2,90 evocações. 
Quanto ao tratamento dessas evocações pelo software EVOC, utilizou-se como ponto 
de corte uma frequência mínima de 10, o que significa que evocações abaixo dessa frequência 
foram eliminadas do quadro. A frequência intermediária foi de 31. A ordem média geral foi 
de 2,90 numa escala de 1 a 5. Como demonstra o quadro a seguir: 
 
 
 
 
 
41 
 
Número total de evocações 464 
Número total de evocações diferentes 33 
Número total de evocações padronizadas semanticamente 33 
Frequência mínima 10 
Frequência intermediaria 31 
Média de evocações por sujeito 4,59 
Média das ordens médias das evocações 2,90 
Quadro 1: Descrição das evocações sobre o termo indutor saúde 
 
Com base nos dados o quadro de quatro casas sobre saúde obtido por meio do 
software EVOC, estruturou-se da seguinte forma: 
Ordem Média Geral 2,90 
 Termo Evocado Freq. O.M.E Termo Evocado Freq. O.M.E 
Freq. 
≥ 31 
Alegria 
Bem-estar 
158 
67 
2,79 
2,71 
Disposição 41 3,26 
Freq. 
≤ 10 
< 30 
Bom 
Paz 
Tudo 
15 
15 
12 
2,00 
2,55 
2,66 
Amor 
Ativa 
Exercício 
Interação 
Lazer 
Satisfeita 
Viver 
15 
24 
12 
10 
13 
10 
14 
3,33 
3,41 
3,33 
3,50 
3,53 
2,90 
3,00 
Fonte: Software EVOC 2003 
Quadro 2: Quadro de quatro casas ao termo indutor saúde entre idosos participantes de um 
grupo de convivência do SESC Castanhal-PA, 2016. 
 
Segundo Medeiros (2011) para identificar a estrutura base da RS é necessário utilizar 
as técnicas desenvolvidas por Vergès (1987-1994), em que ele cruza elementos de natureza 
quantitativa, as frequências das evocações com elementos de natureza qualitativa, as ordens 
das evocações. Assim, o quadro de quatro casas representa essas combinações, possibilitando 
identificar a estrutura e o conteúdo de uma RS. 
O quadro de quatro casas organiza-se da seguinte forma: os termos que se situam no 
quadrante superior esquerdo (1º quadrante) são, muito provavelmente, elementos do núcleo 
central da representação estudada. Aqueles situados no quadrante superior direito são 
elementos da primeira periferia (ou intermediários), enquanto que aqueles situados no 
42 
 
quadrante inferior direito (3º quadrante) são elementos da segunda periferia. Já aqueles 
situados no quadrante inferior esquerdo (4º quadrante) são elementos de contraste, podendo 
ter alguma ligação com o núcleo central ou ser uma representação diferente advinda de um 
subgrupo específico dentro do grupo pesquisado (OLIVEIRA, 2005; SÁ, 1996; ABRIC, 
2003; MEDEIROS, 2011). 
Assim, quanto ao quadro obtido pelo termo indutor, saúde, foi possível observar no 
quadrante superior esquerdo (1º quadrante) do quadro de quatro casas os termos Alegria e 
Bem-estar. O termo alegria teve frequência de evocação de 158, com ordem média de 
evocação de 2,79. Bem-estar teve frequência de evocação de 67, com umaordem média de 
2,71. Esses termos representam 48,49% do total geral das evocações e revelam o possível 
núcleo central das representações sociais sobre saúde. 
No quadrante superior direito (2º quadrante) observa-se o termo Disposição, o termo 
disposição teve uma frequência de evocação de 41, com uma ordem média de evocação de 
3,26, esse termo representa 8,83% do total das evocações. Assim, tem-se o conteúdo do que 
seriam os termos intermediários das representações sociais desses idosos. É um termo que 
está em estreita ligação tanto com o núcleo central quanto com a periferia, podendo estar em 
qualquer um dos sistemas tanto central quanto periférico. 
No quadrante inferior direito (3º quadrante) verificou-se que é composto pelos termos 
Amor, Ativa, Exercício, Interação, Lazer, Satisfeita, Viver. O termo amor teve uma frequência 
de evocação de 15, com ordem média de evocação de 3,33. Ativa teve frequência de evocação 
de 24, com ordem média de evocação de 3,41. Exercício teve frequência de evocação de 12, 
com ordem média de evocação de 3,33. Interação teve frequência de evocação de 10, com 
ordem média de evocação de 3,50. Lazer teve frequência de 13 com ordem média de 
evocação de 23,53. Satisfeita teve frequência de evocação de 10, com ordem média de 
evocação de 2,90. Viver teve frequência de evocação de 14, com ordem média de evocação de 
3,00. Esses termos representam 21,12% do total das evocações. 
No quadrante inferior esquerdo (4º quadrante), observam-se os seguintes termos: Bom, 
Paz e Tudo. Bom com frequência de 15 e ordem média de evocação de 2,00. Paz teve 
frequência de 15 e ordem média de evocação de 2,53. Tudo teve frequência de 12 e ordem 
média de evocação de 2,66. Esses termos representam 21,33% do total das evocações. 
Ao realizar a análise das RS obtidas, vale salientar as funções orientadoras e 
justificatórias (SÁ, 1996) propostas por Abric, e assim, em analogia, destacam-se os termos 
Alegria e Bem-estar, como orientadoras sobre saúde, justificados pela condição de serem 
participantes de um grupo de convivência. 
43 
 
Nesta análise dessas evocações busca-se entender a centralidade das RS. Observa-se 
que os termos Alegria e Bem-estar fazem parte do NC. Segundo Sá (1996) o NC constitui a 
base comum, consensual, coletivamente partilhada das representações, definindo a 
homogeneidade do grupo social. É estável, coerente, resistente às mudanças, assegurando 
assim a continuidade e a permanência da representação. 
Quanto ao possível NC encontrado nesse estudo faz-se uma analogia com as duas 
funções que Abric (1994) atribui a esse sistema. Assim a alegria e bem-estar têm uma função 
geradora para os elementos da representação, visto que foram construídos pelos idosos ao 
longo do tempo. 
Nesse sentido, constata-se que esse possível NC tem uma dimensão funcional, em 
vista de que a saúde para o idoso participante de um grupo de convivência é alegria, trazendo 
uma sensação de bem-estar. 
Em relação ao sistema periférico, que é constituído pelos demais elementos da 
representação, provendo a "interface entre a realidade concreta e o sistema central", apresenta 
as seguintes características: permite a integração das experiências e histórias individuais, 
suporta a heterogeneidade do grupo e as contradições. É evolutivo e sensível ao contexto 
imediato. Apresentam um caráter mais mutável, podendo ter os elementos trocados com mais 
facilidade (ABRIC, 1994). 
Os elementos situados na periferia e/ou os intermediários das RS são identificados 
como sendo sustentadores do sistema central, pois houve uma convergência nos quadrantes do 
quadro de quatro casas. Observa-se que Disposição, Amor, Ativa, Exercício, Interação, Lazer, 
Satisfeita, Viver, Bom, Paz e Tudo, sustenta as cognições Alegria e Bem-estar, localizadas no 
primeiro quadrante. 
Ao se comparar com estudos de Rotta (2009), verifica-se que os idosos de Campo 
Grande têm representações similares às encontradas entre os idosos do grupo de convivência 
do SESC Castanhal-PA, pois percebem a saúde como estar alegre, viver bem, paz, atividade 
física e tudo. Ainda segundo a autora, os idosos demonstraram perceber a saúde como um 
estado de bem-estar completo. 
Nesse sentido Dias (2008) aponta que o principal motivo de participação de idosos em 
grupos de convivência está relacionado à procura por bem-estar e atividade física, o que 
reflete a tomada da consciência desses idosos sobre os benefícios proporcionados à saúde 
quando participam e interagem com um grupo. 
Os espaços coletivos proporcionam manutenção do equilíbrio biopsicossocial, 
promoção da saúde e uma melhor qualidade de vida. Os grupos de convivência possibilitam a 
44 
 
socialização, bem como a manutenção da saúde, auxiliando o idoso a manter a sua 
independência física, mental e social. Estimulam o desenvolvimento da criatividade, 
proporcionando dessa forma bem-estar, os grupos são desse modo um indicador de saúde 
(DIAS, 2012). 
É de conhecimento que os idosos participantes desse estudo vivenciam o cotidiano do 
grupo. Nesse grupo são compartilhados experiências e hábitos que constroem as RS deles. 
Dessa forma, por serem idosos ativos, em sua rotina diária, a prática de algumas atividades 
físicas ou de recreação tem grande importância, visto que influenciam de forma direta na 
manutenção da saúde e no seu bem-estar geral. 
Andrade (2003) em seu estudo sobre RS de saúde e doença com idoso identificou que 
o termo indutor saúde para o idoso vincula-se à felicidade. O autor diz que se a pessoa é idoso 
e tem saúde essa pessoa é feliz, mesmo sendo idoso. No mesmo estudo descreve as 
representações disposição, interação, satisfeita e ativo relacionado ao termo saúde. 
Saúde é uma dimensão muito importante para a qualidade de vida dos idosos. Ter 
saúde é um fator determinante de boa qualidade de vida para os mais velhos. É perceptível 
nesse estudo que os participantes relacionam o termo saúde a RS como viver, satisfeita, bom, 
paz e tudo. 
 Neste contexto saúde denota disposição, estado de bem-estar, motivação para a 
realização de atividades. Quando há saúde tem-se uma grande possibilidade da pessoa estar 
feliz, de bem consigo mesma e assim ter uma melhor qualidade de vida. 
Santana e Maia (2009), em seu estudo sobre os aspectos negativos do envelhecimento, 
ressaltam que as mudanças estruturais do corpo, determinadas pelo processo do 
envelhecimento têm implicações psicossociais. Estas acarretam em diferentes visões e 
manifestações de comportamento, como inatividade, solidão, isolamento e preconceito. Porém 
o ressaltam que o fator saúde presente no envelhecimento é considerado pelos idosos a 
possibilidade da manutenção de suas atividades, bem-estar, alegria e vida social. 
O grupo assume um papel importante na vida do idoso no sentido da aceitação das 
transformações inevitáveis decorrentes desta fase da vida. Possibilita a manutenção da saúde, 
a criação de hábitos saudáveis aumentando a sua sobrevida (BULSING, 2007). 
Pereira (2006) observou que os idosos têm vínculo afetivo com a saúde, ou seja, está 
carregado de investimentos afetivos e sentimentos, de modo que o estado de saúde se vincula 
à felicidade, proporcionando ao idoso um estado de bem-estar. 
O cotidiano dos grupos de convivência, portanto, contribui de maneira muito 
significativa para a construção das RS sobre saúde. Visto que os idosos encontram-se para 
45 
 
falar, argumentar e discutir o seu cotidiano, é nesses momentos que as RS são formadas 
(MEDEIROS, 2011). 
Dessa forma é possível lembrar a influência dos sistemas de comunicação destacados 
por Moscovici (1961) na construção das RS: a difusão, a propagação e a propaganda. A 
difusão no sentido de que se tem falado muito em saúde e isso torna o termo familiar para o 
idoso, assim como também para a busca por uma vida saudável. 
A propagação, no que se refere ao grupo que convivem, pois ao ir às atividades 
proporcionadas

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