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Economia e Mercados Lucinea Maria de Lima Freire Lacerda Curso Técnico em Administração Educação a Distância 2021 Economia e Mercados Lucinea Maria de Lima Freire Lacerda Curso Técnico em Administração Escola Técnica Estadual Professor Antônio Carlos Gomes da Costa Educação a Distância Recife 2.ed. | Mai. 2021 Catalogação e Normalização Hugo Cavalcanti (Crb-4 2129) Diagramação Jailson Miranda Coordenação Executiva George Bento Catunda Renata Marques de Otero Manoel Vanderley dos Santos Neto Coordenação Geral Maria de Araújo Medeiros Souza Maria de Lourdes Cordeiro Marques Secretaria Executiva de Educação Integral e Profissional Escola Técnica Estadual Professor Antônio Carlos Gomes da Costa Gerência de Educação a distância Professor Autor Lucinea Maria de Lima Freire Lacerda Revisão Lucinea Maria de Lima Freire Lacerda Coordenação de Curso Letícia Alves Melo Coordenação Design Educacional Deisiane Gomes Bazante Design Educacional Ana Cristina do Amaral e Silva Jaeger Helisangela Maria Andrade Ferreira Izabela Pereira Cavalcanti Jailson Miranda Roberto de Freitas Morais Sobrinho Descrição de imagens Sunnye Rose Carlos Gomes Sumário Introdução .............................................................................................................................................. 4 1.Competência 01 | Conhecer a definição e a importância da economia para organizações .............. 5 1.1 Os Notáveis da Economia ........................................................................................................................... 5 1.2 Significado da palavra economia ................................................................................................................ 7 1.3 Um pouco da história da economia ............................................................................................................ 8 1.4 Conceitos Econômicos .............................................................................................................................. 11 1.4.1 As Necessidades Humanas. ................................................................................................................... 11 1.4.2 Os Bens Econômicos .............................................................................................................................. 11 1.4.3 Fatores de Produção .............................................................................................................................. 13 1.4.4 Agentes Econômicos .............................................................................................................................. 14 1.5 Questões-chave da Economia................................................................................................................... 17 1.6 Custo de oportunidade ............................................................................................................................. 20 1.7 O funcionamento da economia ................................................................................................................ 21 2.Competência 02 | Classificar os mercados, conhecendo os conceitos de demanda e oferta ......... 28 2.1 O Mercado ................................................................................................................................................ 28 2.2 Conceitos de Demanda e Oferta ............................................................................................................... 31 2.2.1 Curva de Demanda................................................................................................................................. 31 2.2.2 Curva de Oferta ...................................................................................................................................... 34 2.2.3 Ponto de Equilíbrio ................................................................................................................................ 38 2.2.4 Dinâmica de mercado ............................................................................................................................ 39 3.Competência 03 | Compreender os fundamentos da macroeconomia ........................................... 43 3.1 Indicadores de Desempenho da Macroeconomia .................................................................................... 45 3.3 Prosperidade Econômica .......................................................................................................................... 48 3.4 Das Flutuações do Produto Agregado ...................................................................................................... 50 3.4.1 Oferta Agregada ..................................................................................................................................... 51 3.4.2 Demanda Agregada ............................................................................................................................... 52 3.4.3 Taxas de Variação dos Preços ................................................................................................................ 53 3.4.4 Níveis de Emprego ................................................................................................................................. 63 3.5 As funções do governo na economia ........................................................................................................ 66 4.Competência 04 | Entender a teoria e a prática em operações cambiais ........................................ 69 4.1 Taxa de Câmbio ......................................................................................................................................... 69 4.2 Taxa de Câmbio Nominal .......................................................................................................................... 69 4.3 Taxa de Câmbio Real ................................................................................................................................. 70 4.4 Taxa de Câmbio Real Efetiva. .................................................................................................................... 71 4.5 Câmbio Fixo ............................................................................................................................................... 72 4.6 Regime de Taxas Flutuantes ..................................................................................................................... 73 4.6.1 Mercado de Câmbio............................................................................................................................... 74 4.6.2 Política Cambial...................................................................................................................................... 75 4.7 Banco Central do Brasil – BC ..................................................................................................................... 76 4.8 FMI – Fundo Monetário Internacional...................................................................................................... 78 4.9 Blocos Econômicos.................................................................................................................................... 80 Conclusão ............................................................................................................................................. 82 Referências ........................................................................................................................................... 83 Minicurrículodo Professor ................................................................................................................... 84 4 Introdução Olá, Estudante! Que bom que você está a seguir a trilha da ampliação do conhecimento! E isso, por si só, já é um tipo de atitude que faz o estudante estar mais preparado para os desafios que o mercado reserva. Seja, como estágio, contratado ou ainda mais empreendendo ao montar seu próprio negócio! Assim, este e-book tem a missão de apresentar a você estudante um panorama geral do que é economia e mercado! Como a economia está presente no cotidiano e como as decisões do agente econômico família reverbera no mercado, por exemplo. Seja pela decisão de adquirir ou não determinado produto-serviço (processo de escolha). Pois sim, a depender de como está à situação econômica de um país, ou mesmo de uma região, o agente econômico: família, Governo e até mesmo as empresas investirão os recursos que dispõem conforme suas necessidades ou demandas de mercado. Você sabia disso? Então, quero fazer uma proposta: que tal marcar o seu avanço nessa trilha, na trilha do e-book de Economia e Mercado? É bem fácil! Basta você registrar aí no calendário do seu celular, agenda do computador ou mesmo em um calendário impresso a data que você iniciou e finalizou a leitura das competências desse e-book! Assim, você elabora sua meta nesse processo de aprendizagem e não deixa passar nenhum compromisso relacionado a sua trajetória do conhecimento. Assim, você pode inclusive se autopremiar a medida que for concluindo às competências! Competência 01 5 1.Competência 01 | Conhecer a definição e a importância da economia para organizações Agora que você já sabe do que se trata este e-book, compete na presente competência, uma apresentação, de alguns nomes de estudiosos que se debruçaram sobre o tema Economia e Mercado. Assim, como quando alguém é apresentado pela primeira vez e se sabe apenas o nome dessa pessoa, pode ser o caso desse tema, para algumas pessoas. Por isso você será apresentado (ou reencontrará) alguns personagens históricos, definições e conceitos relacionadas ao tema aqui tratado. Toma-se por premissa, que ao longo dos tempos, o estudo da economia teve início em algum ponto da história. Em que pese a limitação do tempo para tratar de tema tão amplo e animado às discussões, optou-se por iniciar a competência 1 com uma breve apresentação daqueles que de algum modo contribuíram para com os estudos referentes ao sistema econômico. Aqui eles foram denominados de os notáveis da economia, por auxiliarem na compreensão de mundo econômico. 1.1 Os Notáveis da Economia O primeiro notável é Adam Smith! Este filósofo: Foi considerado o pai da teoria econômica e para ele a economia se move pelo interesse privado dos indivíduos. Exemplo: um trabalhador não se levanta toda manhã apenas porque ama seu trabalho ou deseja praticar o bem. Ele sabe que precisa desta ocupação para sobreviver. No entanto, com este gesto, ele ajuda toda a sociedade, pois graças ao seu esforço, as pessoas que dependem dele, também são beneficiadas”. Disponível em: Toda Matéria. De acordo com o mestre em economia Lucio Sanches (s.d.) “A Economia surgiu como ciência a partir de 1.776, com a publicação da obra de Adam Smith, A Riqueza das Nações. Com o Mercantilismo e a Fisiocracia, as ideias econômicas começam a ter um pequeno desenvolvimento”. Na sequência os estudiosos: Karl Marx, John Maynard Keynes, David Ricardo, Alfred Marshall, Irving Fisher, Joseph Schumpeter, Friedrich Hayek, Joan Robinson, Milton Friedman, Douglass North e Robert Solow. São apontados como estudiosos da economia, cujas contribuições foram reunidas no livro: The Great Economists (ou os Grandes Economistas, em tradução livre) da autora: Linda Yueh, https://www.bbc.com/portuguese/geral-46655386 https://www.youtube.com/watch?v=nafM5aUClbA Competência 01 6 publicado em 2018. Em seu livro, a autora, também economista, evidenciou um ponto em comum, nos estudos dos autores que pesquisou. Em entrevista à BBC News (2019), ela afirmou, que cada um dos economistas que estudou: “Observaram os desafios econômicos mais importantes de sua época, os examinaram, analisaram e encontraram formas de nos ajudar a entender melhor o que estava ocorrendo. E mais importante, ainda explicaram o que podia ser feito a esse respeito", afirmou a autora. Fonte: BBC, 2019. Realizada a breve apresentação, dos principais nomes referentes ao estudo da economia e mencionado uma obra que tratou de reunir estes grandes pensadores, de diferentes épocas da história em uma obra contemporânea, da economista Linda Yueh faz-se necessário, um “salto” para os estudos mais recentes da economia, e da inter-relação desta com as outras áreas das ciências. Pois o importante nesse momento da leitura é que você tenha captado a ideia de que antes do que é possível observar a partir da presente compreensão de economia, mercado e mundo, há um conhecimento anterior, um legado que precisa ser referenciado, que auxilia aos líderes mundiais, gestores de grandes empresas e empreendedores, a aprender com o passado, vivenciarem o momento presente e planejar o futuro de uma empresa e até mesmo de uma nação. Pois a economia não é uma matéria isolada, estática. Ela é fluída e influenciada por os mais diferentes fatores: políticos, sociais, ambientais etc. Cuja interrelação, com as mais diferentes áreas do conhecimento foi assim sintetizada pelo economista Kenneth Boulding citado por Rossetti (2007, p.31) Os problemas econômicos não têm contornos bem delineados. Eles se estendem perceptivelmente pela política, pela sociologia e pela ética, assim como há questões políticas, sociológicas ou éticas que são envolvidas ou mesmo decorrentes de posturas econômicas. Não será exagero dizer que a resposta final às questões cruciais da economia encontra-se em algum outro campo. Ou que a resposta a outras questões humanas, formalmente tratadas em outras esferas das ciências sociais, passará necessariamente por alguma revisão de ordenamento real da vida econômica ou do conhecimento econômico. Na citação apresentada, ela iniciou com a frase: problemas econômicos, e faz referência que estes se estendem pela política, sociologia e ética. Assim, vale mencionar que determinadas políticas relacionadas à renda, território e aplicação dos recursos que tenha tido êxito em determinados, países, estados, municípios, comunidades não necessariamente podem ser implementados tal qual em outros lugares. Pois há de se considerar primordialmente a necessidade https://www.bbc.com/portuguese/geral-46655386 Competência 01 7 prioritária, do momento, de para qual área deve ser elaborado, implementado políticas ou liberação de recursos econômicos, que venham a combater, minimizar ou solucionar os problemas econômicos de alguma região ou país. Seja na área da saúde, educação, meio ambiente etc. Ainda tecendo essa teia do conhecimento sobre economia e para que se façam os nós que ligam o conhecimento economia e mercado tem-se o significado da palavra economia. 1.2 Significado da palavra economia De acordo com o dicionário Priberam (2020) a palavra economia vem do grego: oikonomía, -atos, gestão da casa e se entende por: • Regra e moderação nos gastos. • Habilidade em administrar os bens ou rendimentos. • Conjunto de leis que presidem à produção e distribuição das riquezas. • Proveito que resulta de gastar pouco. • Harmonia entre as diferentes partes de um corpo organizado e seu funcionamento geral. • Leis que regulam esse funcionamento. Por sua vez, no dicionário Aurélio (2020) a palavra economia é apresentada no seu aspecto relativo à ciência. Onde economia quer dizer: Ciência que analisa e estuda os mecanismos referentes à obtenção,à produção, ao consumo e à utilização dos bens materiais necessários à sobrevivência e ao bem- estar. Poupança; contenção ou diminuição das despesas e dos gastos. Organização de uma casa financeira e materialmente: economia doméstica. No sentido figurado quer dizer: moderação no consumo; controle de excessos; economia de forças [...]. Assim, das definições apresentadas é possível compor um entendimento inicial de que a economia, enquanto ciência, trata de: “Estudar os mecanismos referentes à obtenção, à produção, ao consumo e à utilização dos bens materiais necessários à sobrevivência e ao bem-estar” (AURÉLIO, 2020). https://dicionario.priberam.org/economia https://www.dicio.com.br/economia/ Competência 01 8 Note, que o entendimento apresenta em sua composição a palavra: mecanismos. Mas que mecanismos são estes, que proporcionam os bens materiais necessários à sobrevivência e ao bem-estar? Pode-se dizer que são mecanismos econômicos! Mas quais são estes mecanismos econômicos? Para melhor compreensão tome-se como referência a história da evolução da humanidade, permeada pela das civilizações. 1.3 Um pouco da história da economia Pelo tema estudado ser economia, dentro de um curso técnico de Administração, não cabe aqui tratar da evolução histórica da humanidade, outrossim, essa seção valer-se-á da técnica de realizar vez ou outro algum recorte epistemológico1 na história que embase o entendimento sobre o tema. A história da economia aqui, faz referência a contribuição do Império Romano. O economista Lucio Sanches (s.d), recorda, em seus estudos sobre a história da economia, que: A Idade média ou Idade Medieval surgiu com o declínio do Império Romano por volta de 476 D.C. Esse período, um dos mais longos da história, durou dos anos 500 a 1500. E com a Idade Média, abriu-se uma nova era para a humanidade. [Onde] Na base do sistema feudalista, estava o servo, que trabalhava nas terras de um senhor, o qual devia lealdade a um senhor mais poderoso, e este a outro, até chegar ao Rei (SANCHES, s.d. p.6). Dessa forma, o servo trabalhava na terra, mas não era proprietário dela. A cidade era cercada por muros e aqueles que conseguiam produzir excedentes, utilizam estes para troca. Assim fazendo, um salto na história para um momento mais contemporâneo, o economista, Aiub (2009) afirmou que: Cada sujeito geralmente possui habilidades e recursos diferentes dos demais e deseja consumir bens diversificados. Por isso, a tendência natural é colocar-se em contato entre si para trocar aquilo que se possui abundância pelo que não se tem e beneficiar-se mutuamente pelo intercâmbio (AIUB, 2009, p.49). 1 É um conceito fundamental no interior da epistemologia de Gaston Bachelard. Designa e explica as ruturas ou as mudanças súbitas que acontecem ao longo do processo de evolução do conhecimento científico na busca de uma crescente objetividade, em que o racional, que é construído, se vai sobrepondo num esforço constante ao consciencial, que é meramente subjetivo. Fonte: Infopédia, 2020. https://www.infopedia.pt/$corte-epistemologico Competência 01 9 Destaca-se então, que: “O intercâmbio faz possível a especialização e a divisão de trabalho, e esta contribui para a eficiência, entendida como a obtenção do maior volume de produção possível com a menor quantidade de recursos” (AIUB, 2009, p.49). No campo das trocas, aquilo que determinado grupo produzia em excedente servia, para o escambo. Ou seja, para a troca por outros bens de consumo com outros grupos. Cujo tema é mais bem tratado nos estudos referentes a história das civilizações. No entanto, ao considerar que essa dinâmica das trocas tem origem nas necessidades dos grupos e/ou indivíduos, vale um recorte referente as necessidades básicas, já elencadas nos estudos da Teoria da Motivação publicada por Maslow (1954), que indicava, o que se pode considerar: o mínimo necessário à um indivíduo. Para os estudos da economia, desse e-book, destaca-se inicialmente como necessidade básica do indivíduo: a moradia, o alimento e o mínimo necessário para a sobrevivência, como vestuário, por exemplo. Pois, o atendimento a essas necessidades consideradas básicas, na contemporaneidade advém por vezes do trabalho. Atividade na qual o indivíduo emprega sua força humana e/ou intelectual na produção de algum bem ou serviço em troca de um valor monetário denominado salário. Cujo valor acordado entre contratante e contratado deveria ser suficiente para atender a necessidades físicas e de segurança do trabalhador, ao menos. Em que pese a reflexão, de que por vezes, o salário seja suficiente apenas para as despesas básicas, não se pode perder de vista, que o tempo atual é de uma sociedade capitalista de consumo, que teve suas bases fundamentadas lá pelos idos do século XVIII com a Revolução Industrial, período no qual os indivíduos “vendiam” à força de trabalho em troca de um salário, com a finalidade, mais uma vez, de trocar este por bens e serviços necessários a sobrevivência ou mesmo para satisfazer desejos, como os de pertencimento e estima, por adquirir bens e/ou consumir artigos que o distingue-se da classe trabalhadora. Conforme tratado ao longo da história do capitalismo, pelos estudiosos Karl Marx (1867), Bourdieu (1982) e mais contemporâneo por Souza (2010) que tratam das necessidades humanas, trabalho, distinção de classe entre outros temas, para deixar aqui referenciados alguns autores, que melhor embasam a discussão: capital x trabalho. Após esse breve recorte e voltando ao século XXI e ao tema economia é possível assim, sintetizar, que a economia estuda os mecanismos necessários à sobrevivência. E que parte desses https://books.google.com.br/books?id=SV2HDwAAQBAJ&printsec=frontcover&dq=a+theory+of+human+motivation&hl=pt-BR&sa=X&ved=2ahUKEwiCiNvt-_7qAhWBC9QKHdpZCwAQ6AEwAHoECAUQAg#v=onepage&q=a%20theory%20of%20human%20motivation&f=false Competência 01 10 mecanismos são as relações de troca. E essas trocas2 são intermediadas, algumas vezes, por dinheiro (moeda). Pense um pouco no seu cotidiano! Provavelmente alguém da sua família ou você mesmo, têm alguma renda que gera entrada de dinheiro para a família. Essa renda pode ser por algum trabalho / serviço prestado ou até mesmo de algum programa social! Para fazer esse curso, na modalidade à distância é preciso ter acesso ao menos a um celular com internet, por exemplo. Mas, supondo, que o serviço de internet não seja gratuito é necessário se pagar por este. Logo, mesmo que o acesso à internet seja por emprestado de algum vizinho ou instituição, ainda assim, alguém paga por este serviço. E para tal precisa-se de se ter alguma renda (quando pessoa física) e/ou recurso financeiro (quando de instituições). Estabelecendo-se assim, uma relação de troca (consumidor- serviço), na modernidade. E aproximando esta seção um pouco mais do tema economia, o economista Rossetti (2007, p.30) atribui à economia estudar “a ação econômica do homem, envolvendo essencialmente o processo de produção, a geração e a apropriação da renda, o dispêndio e a acumulação”. Por sua vez, a definição de economia diz que esta é: A ciência que estuda os mecanismos referentes à obtenção, à produção, ao consumo e à utilização dos bens materiais necessários à sobrevivência e ao bem-estar e que se move pelo interesse privado dos indivíduos (adaptado de AURÉLIO, (s.d); SMITH (s.d)). Então, se diz que a economia estuda a ação do homem. E se não for da vontade do homem (pessoa ou empresa) investir em processos de produção, criar mecanismos para geração de renda, gastar (investir) ou acumular o capital a economia trava? Pense um pouco a respeito, converse com algumas pessoas sobre o tema proposto e tente fazer algumas anotações que possam colaborar para ampliar o entendimento sobre a ação econômica do homem ao longo da história. Porcerto, não há uma resposta simples e isolada para a reflexão proposta anteriormente. A de se considerar diferentes variáveis e o tempo e contexto histórico político, social e econômico, no qual se debruça a reflexão, pois a de se considerar, também, que os recursos são escassos à exploração do homem. O que remete a próxima seção que trata dos conceitos econômicos. 2 Primeiramente, as trocas entre agentes econômicos processavam-se pelo escambo. Eram trocas diretas, produto por produto. Depois evolui-se para a prática de trocas indiretas, com a utilização de um instrumento monetário. As primeiras formas de moeda foram mercadorias de grande valor de uso e consequentemente por sua ampla e irrestrita aceitação, também tinham grande valor de troca: produtos têxteis, gado, cereais, metais, sal [...] (R0SSETTI, 2007, p.198). Competência 01 11 1.4 Conceitos Econômicos Os conceitos econômicos tratam dos mecanismos que sustentam a economia. Por assim dizer. Basicamente são compostos por: 1. As necessidades Humanas, 2. Os Bens Econômicos, 3. Fatores de Produção e 4. Agentes Econômicos. 1.4.1 As Necessidades Humanas. Sendo referência recorrente no curso de Administração, quando se trata do tema necessidades humanas, Abraham Maslow (1954) hierarquizou as necessidades humanas em: fisiológicas, segurança, sociais, autoestima e autorrealização. Por sua vez, no campo da economia as necessidades humanas são apontadas como: Advindas da sensação de carência ou do desejo de obter algum produto ou serviço. [Com o propósito] de atender as necessidades das mais diferentes ordens, do ser humano. Que são: alimentação, vestuário, transporte, educação e cultura, saúde, segurança e lazer. Essas necessidades são consideradas ilimitadas (Adaptado de Lásara Rodrigues, 2012). Cujas necessidades humanas, geralmente são supridas por aquisição de bens e serviços. O que mais uma vez, sinaliza que a necessidade humana e econômica possui alguma correlação, pois a família e/ou indivíduos precisam ter os recursos necessários para acesso à bens econômicos das mais diferentes ordens. 1.4.2 Os Bens Econômicos Os Bens Econômicos são os que têm algum valor. São geralmente escassos e empregam alguma força de trabalho humano para ser produzido. Os Bens Econômicos subdividem-se em: bens de consumo e bens de produção. Logo, os bens são classificados em: a) Bens livres: abundantes, postos à disposição pela natureza (não produzidos pelo homem). Exemplo: ar, água. http://www.scielo.br/pdf/rae/v20n3/v20n3a05 https://www.youtube.com/watch?v=JnhxuT78bIg Competência 01 12 b) Bens econômicos: bens escassos, geralmente produzidos pelo homem. São classificados como bens de consumo ou de produção. o Bens de consumo: voltados para o consumo final (podem ser duráveis ou não). Exemplo: peças do vestuário, televisão, carros. o Bens de produção: destinados à produção de outros bens. Podem ser bens de capital ou bens intermediários. o Bens de capital: bens de produção que podem ser utilizados várias vezes. Exemplo: máquinas, computadores de alta tecnologia, fornos industriais. Que ainda se desdobram nos subconjuntos que as modernas sociedades empregam no processo de produção: Infraestrutura econômica, infraestrutura social, construções e edificações, equipamentos de transporte, máquinas, equipamentos, instrumentos e ferramentas e, agro capitais. o Bens intermediários: bens de produção que são utilizados uma única vez (são transformados durante o processo produtivo). Exemplo: alguns artigos agrícolas, como o trigo e a soja. Fonte: Rossetti (2007, p.123); Vieira (2019, p.10). Assim, com exceção dos bens livres os demais bens têm intervenção ou são utilizados pelo homem em processos de transformação e/ou aquisição para atender as necessidades humanas por bens e de serviços. No entanto, importa chamar atenção para o equilíbrio entre o processo de produção e a exploração dos recursos naturais. Situação evidenciada na citação a seguir: Em suas atividades de produção, os sistemas econômicos empregam o trabalho humano, as reservas naturais e recursos instrumentais – mais simplificadamente, capital. Estes últimos permitem um volume de produção maior e mais diversificado, comparativamente a uma situação em que se aplicassem apenas o trabalho humano e as reservas naturais. Uma das bases decisivas do progresso conseguido pela humanidade, da pré-história aos dias atuais, fundamenta-se, precisamente na maior disponibilidade e na maior perfeição dos instrumentos com que se realiza a produção. Há, todavia limitações à continuidade infinita desse processo. A destruição das reservas naturais, a explosão demográfica ou a instrumentação inadequada poderão Competência 01 13 comprometer as bases da atividade de produção e, consequentemente, a própria sobrevivência da humanidade (NAPOLEONI citado por ROSSETTI, 2007, p.90). Ao confirmar, por meio da citação recém apresentada, que há limitações à continuidade infinita no processo de produção ao atendimento da necessidade humana, compete tratar imediatamente dos fatores de produção. 1.4.3 Fatores de Produção Os recursos de produção são também denominados fatores de produção. O economista Rossetti, diz que os recursos de produção são: Dádivas da natureza, pela população economicamente mobiliável, pelas diferentes categorias de capital e pelas capacidades tecnológicas e empresarial. Que usualmente recebem estas denominações: Terra , Trabalho, Capital, Tecnologia e Empresariedade (ROSSETTI, 2007, p.91). • Do fator de produção Terra tem-se que: os sistemas econômicos utilizam-se das “reservas naturais e constituem a base sobre a qual se exercem as pressões e as atividades dos demais recursos”. Destes são explorados: O solo, o subsolo, as águas, a pluviosidade do clima, a flora e a fauna e fatores extraplanetários. Alguns autores ainda vão trazer o conceito do fator terra como: expansão e limitação. Basicamente a expansão trata das bases das reservas naturais aproveitáveis e as limitações das condições que restringem a ação do homem sobre as reservas naturais economicamente aproveitáveis (ROSSETTI, 2007, p. 93-94). • Do fator de produção Trabalho tem-se que: é constituído de uma parcela da população total: a economia mobilizável. Definida por duas faixas etárias: a pré- produtiva e a pós-produtiva. A parcela não economicamente mobilizável não se inclui, assim, no conceito e na caracterização convencional de recursos humanos. Estes são delimitados pela faixa etária apta para o exercício da atividade de produção. (ROSSETTI, 2007, p. 92-94;102-103). Competência 01 14 • Do fator de produção Capital tem-se que: compreende o conjunto das riquezas acumuladas pela sociedade; e é com o emprego delas que a população ativa se equipa para o exercício das atividades de produção. Esse conjunto de riquezas dá suporte às operações produtivas que existem em todas as sociedades economicamente organizadas, independente de seus estágios de desenvolvimento econômico. O economista Rossetti (2007, p.123) chama a atenção que o fator capital constitui-se sempre das diferentes categorias de riqueza acumulada, empregadas na geração de novas riquezas. O economista afirma ainda que: As riquezas acumuladas que se encaixam no conceito [de fatores econômicos], incluem, além de máquinas, equipamentos e instrumentos e ferramentas, outros subconjuntos que também se caracterizam pelo mesmo destino. Resultantes do processo de acumulação da sociedade, destinam-se também à produção de novas riquezas, materiais e imateriais (ROSSETTI, 2007, p. 123). Não se pode perder de vista, portanto, que o uso – finalidade dos fatores de produção movimentam-se por a vontade dos indivíduos / empresas. Que para o sistema econômico são denominados de agentes econômicos.Mas o que são agentes econômicos e como suas decisões reverberam na economia? 1.4.4 Agentes Econômicos Os agentes econômicos têm qualificações e funções importantíssimas dentro do sistema econômico. Pois são os tomadores de decisão das “formas de emprego e de destinação dos recursos e composição dos produtos gerados” (ROSSETTI, 2007, p.158). Estes agentes são: • As unidades familiares • As empresas • O governo Competência 01 15 • Do agente econômico Unidades Familiares: Engloba todos os tipos de unidades domésticas, unipessoais ou familiares, com ou sem laços de parentesco, segundo os quais a sociedade como um todo se encontra segmentada. Considera-se que as unidades familiares têm pessoas economicamente ativas. Sejam por serem empregadores ou empregados. Ou que trabalham por conta própria. Mesmo as unidades familiares que têm pessoas sem emprego, ainda assim estas participam do fluxo econômico, por recursos que a sociedade lhes transfere, como os pagamentos dos sistemas de previdência social, por exemplo. Cada unidade familiar decide administrar de forma independente, seus próprios orçamentos. [Ou seja] Decidem sobre dispêndios correntes de consumo, sobre aumento de seus ativos ou a diminuição de seus passivos. Este poder decisório é uma das principais características econômicas desse agente. • Do agente econômico Empresas (ou unidades de produção): As empresas são agentes econômicos para os quais convergem os recursos de produção disponíveis. As empresas empregam e combinam os recursos para a geração dos bens e serviços que atenderão às necessidades de consumo e de acumulação da sociedade. O conjunto de empresas que compõem o sistema econômico varia sob os aspectos: tamanhos, estatutos jurídicos, origens e controle, formas de gestão e natureza dos produtos, entre outros atributos (amplitude geográfica de atuação, objetivos societários e graus de integração vertical). As empresas reúnem pelo menos três características em comum, que a tornam agentes econômicos: o Característica 1. Se empregam, se reúnem, se organizam e remuneram os fatores de produção – são então pólos de atração dos recursos que dispõem os sistemas econômicos. o Característica 2. Resulta da interatividade entre as empresas. Pois como unidades de produção, elas não subsistem isoladamente. Ou seja, umas Competência 01 16 dependem da outra. Como por exemplo, as indústrias extrativas mineral ou de transformação e outras. o Característica 3. Diz respeito a perpetuidade: esta depende, para todas as empresas, da sanção dos agentes econômicos para os quais sua produção é destinada. • Do agente econômico Governo: O governo é um agente coletivo que contrata diretamente o trabalho de unidades familiares e que adquire uma parcela da produção das empresas para proporcionar bens e serviços úteis à sociedade como um todo. Trata-se, pois de um centro de produção de bens e serviços coletivos. Suas receitas resultam de retiradas compulsórias do poder aquisitivo das unidades familiares e das empresas, feitas por meio do sistema tributário; e a maior parte de suas despesas se caracteriza por pagamentos efetuados aos agentes envolvidos no fornecimento dos bens e serviços à sociedade. (ROSSETI, 2007, p. 158-p.168) Apresentados os agentes econômicos e como estes estão inseridos no sistema econômico faz-se necessário avançar os estudos da economia junto ao mercado. De modo a entender como os agentes econômicos interagem na economia. Pois, segundo o economista Rossetti: A interação entre os agentes econômicos decorre de dois fatores fundamentais: 1. Da diversidade das necessidades humanas, que conduz à organização de sistemas de trocas. E 2. Da diversidade de capacitações das pessoas e nações, determinadas por heranças culturais ou por vocações naturais, que conduz à especialização e a divisão social do trabalho (ROSSETTI, 2007, p.168). Vale citar que o espaço de interação entre os agentes econômicos é denominado de mercado. Que é o local físico ou não onde é estabelecida a interação entre compradores (demanda) e produtores (oferta) de um determinado bem ou serviço. E as transações realizadas no mercado, são reguladas por leis. Estas leis recebem o nome de Leis Econômicas. Estas servem para regular o funcionamento do mercado e as possíveis mudanças de comportamento, dos consumidores ou Competência 01 17 compradores, na busca por determinados bens ou serviços e os efeitos deste comportamento sobre a economia (VIEIRA, 2019). Um exemplo de “uso” de Lei Econômica, foi quando no ano de dois mil e vinte houve a necessidade de uma maior atenção à higienização das mãos, nos mais diferentes espaços de convivência, sendo necessário disponibilizar aos transeuntes, o produto álcool em gel. A consequência, em termos de mercado foi um aumento na procura por esse produto. Para regular o preço de mercado, alguns Estados criaram leis com a finalidade de regular as relações de consumo (vide notícia: Crimes relacionados à pandemia do coronavírus) referentes a demanda x oferta desse produto nos estabelecimentos comerciais. Vale destacar que as Leis Econômicas se subdividem em dois tipos de leis: Leis Econômicas Gerais e Leis Econômicas Específicas. • Leis gerais: válidas para qualquer estágio de evolução da sociedade; • Leis específicas: próprias de cada modo de produção ou de cada formação socioeconômica. Um exemplo das leis econômicas aparece no estudo dos mercados de bens e serviços. São as leis da oferta e da demanda (ou procura). Pois o comportamento dos agentes econômicos, sobretudo, famílias causam efeitos sobre a economia. Logo, as decisões econômicas têm singularidades no que se refere à necessidade, limitação dos recursos e atendimento a demanda. Situação que Adam Smith tratou como: “a mão invisível. Isto é, da autorregulação do mercado”. O que para Rossetti (2007, p.199) está fortemente relacionado com quatro questões-chave da economia: a eficiência produtiva, a eficácia alocativa, a justiça distributiva e o ordenamento institucional. Tratadas a seguir: 1.5 Questões-chave da Economia Das questões-chave da economia entende-se, por tanto, que: https://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/11579/Crimes-relacionados-a-pandemia-do-coronavirus Competência 01 18 • Eficiência Produtiva: Tem a ver com o emprego de fatores de produção. • Eficácia Alocativa: Tem a ver com os produtos gerados. • Justiça Distributiva: Tem a ver com as rendas. • Ordenamento Institucional: Tem a ver com as instituições que regularão e disciplinarão o funcionamento do sistema como um todo e a interação dos agentes econômicos. Fonte: ROSSETTI (2007, p.190) Ao que tem relação com a eficiência produtiva, a economista Vieira (2019) ressalta que: A eficiência produtiva deve atentar a responder a tríade dos problemas centrais e seu inter-relacionamento referentes à economia procurando responder a três questões: o 1. O que produzir e em que quantidade? 2. Como os bens devem ser produzidos? 3. Para quem os bens são produzidos? [...] A depender da forma como as sociedades respondem as essas três questões, temos diferentes sistemas de organização econômica como resultado. E que os dois extremos dessas formas seriam: economias centralizadas e economias de mercado. (VIEIRA, 2019, p.16-19) A economista Vieira (2019, p.19) define os dois tipos de economia: • Economia Centralizada: regulamenta-se pelos sistemas planificados socialistas. Pelas leis de mercado que são suprimidas ou mitigadas ao máximo e pela tomada de decisões econômicas pelo poder público. • Economia Descentralizada: é regida pela livre concorrência e iniciativa e atua no atendimento às leis de mercado Deixando um pouco a eficiência produtiva e passando para a eficiência alocativa, toma- se porbase, o conceito de Ótimo ou Eficiência de Pareto. “Segundo a teoria, o Ótimo de Pareto representa o ponto no qual para se favorecer um dos elementos do sistema, obrigatoriamente deve- se prejudicar outro”. Para melhor entendimento, observe o caso, a seguir: https://maisretorno.com/blog/termos/o/otimo-de-pareto Competência 01 19 ESTUDO DE CASO 1 Distribuindo a riqueza entre os filhos Considerando que o Ótimo de Pareto é denominado como a Lei da Eficiência de Pareto e que a dinâmica estabelecida por Pareto se baseia, sumariamente, no poder dos sistemas (econômico, computacional etc.) de alocar os seus recursos, distribuindo-os entre os agentes [econômicos] envolvidos da melhor maneira possível, temos, por exemplo, uma unidade familiar, na qual a mãe tenha apenas R$120 reais para distribuir livremente entre os seus 03 filhos. Cuja distribuição pela mãe foi realizada da seguinte forma: O filho mais velho recebeu R$ 60,00, o filho do meio recebeu R$ 40,00 e o filho mais novo recebeu apenas R$ 20,00. Por esta distribuição a mãe alocou todos os seus recursos, garantindo que todos eles recebessem parte do valor e fossem beneficiados pela sua riqueza. Mas, após a “riqueza” ter sido distribuída, a partir desse ponto, para que um dos filhos tenha mais dinheiro, é necessário que a mãe retire parte dos ganhos de outro. Considere ainda, que a mãe, pode ter se baseado nas necessidades de cada um dos filhos para distribuir as quantias da melhor forma possível. Talvez enquanto o mais velho precise de mais dinheiro para passeios, festas, transportes e outros, o mais novo esteja interessado apenas em comprar um sorvete e completar o seu álbum de figurinhas. Mas, excluído o critério utilizado para distribuição da riqueza, se a mãe tirar R$ 20,00 reais do primogênito para dar ao caçula garantiria que todos tivessem montantes iguais. Assim, nesse tipo de transação: onde um perde para outro ganhar, pode-se afirmar que há aqui um exemplo da Lei da Eficiência de Pareto? (Adaptado de Mais Retorno). A resposta é que sim! A dica aqui era recordar a afirmação: “para se favorecer um dos elementos do sistema, obrigatoriamente deve-se prejudicar outro”. O que remete ao conceito de Ótimo ou Eficiência de Pareto. https://maisretorno.com/blog/termos/o/otimo-de-pareto Competência 01 20 Ainda sobre eficiência alocativa, “em um mundo onde há escassez qualquer escolha que se faça implica, necessariamente, na renúncia de diversas alternativas disponíveis. Esta renúncia representa um custo, que é um dos conceitos mais importantes da economia: o custo de oportunidade” (VIEIRA, 2019). Para Vieira (2019), o custo de oportunidade implica nas escolhas que os agentes econômicos realizam. Ou seja, nas decisões de comprar algo em detrimento de outro, com dispêndio financeiro semelhante. Por exemplo: Optar por comprar uma bolsa em detrimento de desistir de comprar um par de sapatos ou vice-versa. O que é corroborado pôr o economista Rossetti (2007, p.192) que diz que: “a escassez implica escolhas. E as escolhas implicam em custos de oportunidade – expressão que, neste caso, tem a ver com os desejos e as necessidades que deixam de ser atendidos sempre que outros são priorizados”. 1.6 Custo de oportunidade Imagine que todos os agentes econômicos, têm aspirações ilimitáveis, mas têm também a realidade dos recursos escassos e definidos por orçamentos restritos. E por sua vez, adquirir uma casa de praia, por exemplo, envolve um custo de oportunidade, como o de abrir mão de uma casa de campo. E mesmo que as pessoas disponham de fortunas, elas não escapam da inexorabilidade3 3 Substantivo feminino. Característica ou particularidade do que é inexorável; qualidade daquilo que é inflexível. Etimologia (origem da palavra inexorabilidade). Do latim inexorabilitas. atis. Sinônimos de Inexorabilidade Inexorabilidade é sinônimo de: austeridade, inflexibilidade. Antônimos de Inexorabilidade: Inexorabilidade é o contrário de: flexibilidade, brandura. Fonte: Dicionário Online de Português. Você sabia? Que existe a alocação ineficiente no sentido de Pareto? É a situação na qual é possível melhorar o estado (situação de riqueza) de um indivíduo sem piorar (reduzir a riqueza) de um indivíduo B. Como? O governo pode por programas socioeconômicos dar ao indivíduo A, um determinado valor que aumente a situação de riqueza do indivíduo A, sem que isso implique em uma retirada (redução da riqueza) do indivíduo B. Dessa forma ocorre a melhora de um agente econômico sem a piora do outro. E esta situação recebe o nome de alocação ineficiente no sentido de Pareto (Adaptado de VIEIRA, 2019, p.20). https://www.youtube.com/watch?v=uqUVSAVnv_4 https://www.dicio.com.br/austeridade/ https://www.dicio.com.br/inflexibilidade/ https://www.dicio.com.br/flexibilidade/ https://www.dicio.com.br/brandura/ Competência 01 21 dos custos de oportunidade. Pois mesmo que possam ter as duas casas, ainda assim não poderão usufruir das duas ao mesmo tempo. Pois, mesmo as mais altas satisfações possíveis são finitas e competem com outras, também finitas. Logo, o custo de oportunidade é o valor do que você renuncia ao tomar uma decisão. O mesmo princípio referente à tomada decisão e o que envolve o custo de oportunidade, acontece no setor público. Quando a prefeitura de um município tem uma capacidade de produção de bens e serviços públicos, limitada por sua dotação orçamentária. Por exemplo. A cada ano fiscal empregará recursos em redes de iluminação ou postos de saúde ou praças de esporte. Pois a escassez de recursos sacrificará alguma coisa em detrimento de outra. E por sua vez, as prioridades decididas trazem sempre um custo de oportunidade (ROSSETTI, 2007, p.214). Por sua vez, os também estudiosos da economia, Krugman e Well (2007, p.140) chamam a atenção que: o verdadeiro custo de algo é aquilo do que precisamos abrir mão para obtê-lo! Compreende-se então, que a tomada de decisão e o custo de oportunidade são indissociáveis no funcionamento da economia. 1.7 O funcionamento da economia Para tratar do funcionamento da economia é preciso dizer que a economia possui modelos econômicos. Mas o que é um modelo econômico? Para os economistas Krugman e Well (2007, p.18), “um modelo é qualquer representação da realidade usada para entender situações da vida real”. Nas palavras do administrador Tiago Reis (2018): Modelos econômicos são simplificações das interações entre os agentes econômicos da vida real. Através dessas simplificações, é possível ter uma melhor compreensão de que como as pessoas interagem na economia, e qual o equilíbrio de longo prazo para qual um mercado caminha. É importante ressaltar que os modelos econômicos são simplificações, assim, podem não retratar fielmente a realidade. No entanto, mesmo os modelos mais simples ajudam os economistas a chegarem a conclusões que impactam os negócios na vida real. E para que a economia “funcione” se faz necessário que ocorra interação, ao menos entre estes quatro agentes econômicos: as famílias, as firmas ou empresas, o governo e o resto do mundo. E o espaço onde ocorre esta interação entre os agentes econômicos recebe o nome de mercado. Vale Disponível em: https://www.dicio.com.br/inexorabilidade/. Acesso em: abril, 2020. https://www.dicio.com.br/indissociavel/ https://www.dicio.com.br/inexorabilidade/ Competência 01 22 recordar que para economia, o mercado como o conhecemos tem o entendimento de “abstração”, pois deixou de ter uma conotação geográfica. O mercado por sua vez, ainda se divide em: mercado de trabalho, mercado financeiro e mercado de capitais. E todos estes se desenham pela existência de oferta e procura dos recursos correspondentes a cada um destes. É no mercado que os agentes econômicos procedem à troca de bens por uma unidademonetária ou por outros bens. Em uma economia, existirão três mercados-chave: bens e serviços (onde são comercializados os bens destinados ao consumo final), fatores Produtivos (onde são comercializados fatores necessários à produção, como trabalho, terra e capital) e ativos financeiros (ROSSETTI, 2007, p.395; VIEIRA, 2019). De acordo com a economista Amanda Vieira (2019) a interação do mercado de bens e serviços, acontece entre dois agentes econômicos: as empresas e as famílias. Conforme citação a seguir: Considere que as empresas produzem bens e serviços e os ofertam no mercado de bens e serviços. Esses produtos serão adquiridos pelas famílias que, para poder pagar por esses bens, precisam ofertar seus fatores às empresas. Assim, a terra, o capital e o trabalho, que são de propriedade das famílias, serão utilizados pelas empresas para produzir bens e serviços que serão consumidos pelas famílias, seguindo um fluxo indefinido que se retroalimenta (VIEIRA, 2019). E para aquisição de bens ou usufruto dos serviços entre empresas e família e vice-versa existe um fluxo monetário. São efetuados pagamentos na moeda corrente: as empresas remuneram as famílias quando adquirem os fatores de produção e as famílias pagam as firmas pelo consumo dos bens e serviços produzidos. Essas operações compõem o fluxo monetário. Logo, toda renda dos agentes econômicos se deve a alguma contribuição sua no processo produtivo. Por isso, o fluxo econômico também é denominado de fluxo circular da renda (VIEIRA, 2019), conforme consta na figura: Fluxo Circular de Renda. https://www.dicionariofinanceiro.com/o-que-e-fluxo-circular-de-renda/ https://www.youtube.com/watch?v=6vKYbvUJdlw Competência 01 23 Figura 01: Fluxo Circular de Renda. Fonte: Dicionário Financeiro, 2020. Descrição da imagem: A figura representa o sistema circular de quatro elementos: “Famílias”, “Mercados de Bens e Serviços”, “Empresas” e “Mercado de Fatores de Produção”, em que setas azuis mostram o fluxo de “Pagamento”, “Renda” , “Despesas” e “Receitas”; já as setas vermelhas, no sentido inverso, mostram “Oferta de Bens e Serviços”, “Demanda de Bens e Serviços”, “Oferta de Fatores de Produção” e “Pagamento dos Fatores de Produção”. Disponível em: Dicionário Financeiro, 2020. Voltando a interação entre os agentes econômicos, nota-se que na realidade, além dos agentes econômicos: empresas e famílias há outro agente econômico, lembra? O agente econômico Governo. Vale chamar atenção que o Governo não se comunica diretamente com as empresas. O único contato que o agente Governo estabelece é com o outro agente, família. Ele representa o papel de regulador e de cobrir as falhas do mercado. Compete ao mesmo maximizar inclusive o bem-estar social. Você sabia? Que os bens e serviços são ofertados no mercado por organizações e que são itens necessários às famílias, que oferecem ao mercado fatores de produção, necessários às empresas para gerar serviços e bens é denominado de fluxo real? (REIS, 2018). https://www.todamateria.com.br/estado-de-bem-estar-social/ https://www.todamateria.com.br/estado-de-bem-estar-social/ Competência 01 24 Mas, como tudo tem um custo, para atingir o objetivo de reduzir as desigualdades sociais, o Governo precisa ter acesso a recursos que permitam proporcionar este “Estado de Bem-estar Social”. O que se dá por meio dos impostos, incluindo os que são pagos pelas empresas. Onde o agente econômico Governo interage diretamente com o agente econômico, família (beneficiárias das políticas governamentais para famílias de baixa renda, por exemplo), mas não interage diretamente com o agente econômico, empresas. A única forma que o governo tem de se “comunicar” com as empresas é através do mercado de bens e serviços. Vale lembrar que o Governo também compra das empresas bens e serviços necessários ao atendimento de demandas públicas: construção de escolas, hospitais e outros materiais, por exemplo. Veja o exemplo de fluxo circular da riqueza na figura a seguir. Você sabia? Que o “Estado de Bem-estar Social” (do inglês, Welfare State), é uma perspectiva de Estado para o campo social e econômico, na qual a distribuição de renda para a população, bem como a prestação de serviços públicos básicos, é vista como uma forma de combate às desigualdades sociais? (REIS, 2018). Competência 01 25 Figura 02: Fluxo circular da riqueza de uma economia fechada e com governo. Fonte: VIEIRA (2019, p. 25). Descrição da imagem: A figura representa a relação entre os elementos: “Famílias”, “Mercado de Bens e Serviços”, “Firmas” e “Marcado de Fatores”, como uma relação circular mediada pelo governo. Porém, se o objetivo principal da cobrança de impostos é basicamente fazer com que o cidadão contribua financeiramente com serviços que utiliza frequentemente, como saúde e transporte público, para citar apenas alguns. O dinheiro revertido em impostos seria, então, para manter com eficiência e qualidade as frotas de ônibus do sistema público de transporte do país, hospitais, postos de saúde e prontos-socorros de todo o território nacional, concorda? (ORGANIZZE). Até aqui foram referenciados três agentes econômicos: as famílias, as empresas e o Governo. E o agente econômico, resto do mundo? Basicamente a interação deste agente na economia, faz com que ela passe de uma economia fechada (do que foi apresentado até agora) para uma economia aberta. Pois o agente econômico resto do mundo interage na economia por meio do mercado de bens e serviços, comprando produtos nacionais e vendendo produtos de outras nacionalidades. Ou seja: quando o resto do mundo adquire mercadorias brasileiras no mercado de bens e serviços, o Brasil está exportando. E quando o resto do mundo vende bens no mercado brasileiro de bens e serviços, o país (Brasil) está importando. O que está traduzido na figura: Mundo Conectado. Das interações do agente econômico, resto do mundo (VIEIRA, 2019; VICECONTI, 2013). http://financaspessoais.organizze.com.br/vale-a-pena-fazer-um-plano-de-saude/ http://financaspessoais.organizze.com.br/quais-os-custos-a-serem-considerados-antes-de-comprar-um-carro-2/ Competência 01 26 Figura 03: Mundo Conectado Fonte: TRADEWORKS, 2019. Descrição da Imagem: A figura representa todo o processo percorrido por uma mercadoria, quando da realização de uma compra por plataforma online. Apresentando da esquerda para a direita com setas em linha e em fluxo de vai e vem interligando os desenhos que a compõem. Da esquerda para à direita apresenta um bloco de anotação sobreposto por um lápis, seguido da imagem representativa de um relógio, depois de uma representação de uma folha de calendário, uma figura em sombra de um caminhão, seguida da representação de uma figura em sombra de um avião, de um navio e de um trem. O ciclo contínuo com a figura de um monitor sobreposto por uma lupa, seguido da figura de uma sacola média e de uma sacola pequena, interligados por setas em linha no sentido vai e vem em curva, seguido por desenho de um celular com sinal de wi-fi,um microchip, o desenho de uma ampulheta e a sombra de um carrinho de compras, com quatro figuras de retângulos em cima do mesmo, como se fossem mercadorias, sobreposto por um polegar de uma mão que com dedo indicador sobreposto em uma parte de uma representação de um mapa. É importante ainda mencionar, que as compras: de bens de consumo e serviços pelas famílias constituem o chamado CONSUMO DAS FAMÍLIAS ou CONSUMO PESSOAL. As compras de bens de consumo e serviços realizados pelo governo, o CONSUMO DO GOVERNO ou CONSUMO DAS ADMINISTRAÇÕES PÚBLICAS. As compras de bens de capital novos pelas empresas e pelo governo, FORMAÇÃO BRUTA DE CAPITAL FIXO ou INVESTIMENTO. A VARIAÇÃO DE ESTOQUES é considerada compras das empresas para si mesmas,e as compras efetuadas pelo resto do mundo são chamadas de EXPORTAÇÕES DE BENS E SERVIÇOS (VICECONTI). Esta categorização referente ao consumo dos agentes econômicos é para apresentar mais um termo. O Produto Interno Bruto (PIB). O cálculo do PIB acontece da seguinte forma: quando se soma os gastos de consumo com bens e serviços, os gastos de investimentos pelas firmas, as compras governamentais de bens e serviços e as exportações e, em seguida, subtrai-se o valor das importações, o fluxo total de riqueza representado por esse gasto é o gasto total com bens e serviços produzidos em um país, uma variável muito importante para uma economia. De modo equivalente, esse é o valor de todos os bens e serviços produzidos no país, isto é, o Produto Interno Bruto (PIB) da economia. Síntese da Competência 1. Na competência 1 do e-book economia e mercado você aprendeu sobre: os notáveis da economia. Aqueles estudiosos que se debruçaram sobre este tema e se tornaram referência no assunto. Visitou uma breve história da economia, conheceu um conceito econômico, e compreendeu https://administradores.com.br/artigos/pib-produto-interno-bruto https://administradores.com.br/artigos/pib-produto-interno-bruto https://administradores.com.br/artigos/pib-produto-interno-bruto https://administradores.com.br/artigos/pib-produto-interno-bruto Competência 01 27 que a economia é um sistema movido por diferentes engrenagens, obviamente! E que o motor propulsor desta são as necessidades humanas (consideradas por alguns economistas como: infindas), que são supridas por bens econômicos, que por vezes depende dos fatores de produção e que se concretiza pela interação entre os agentes econômicos: família-empresa, família-governo, mas não governo e empresas diretamente. E que no processo de interação entre os agentes econômicos, da sociedade capitalista de consumo, na qual se vive atualmente, a transação monetária é condição primordial das relações de troca. Conheceu também questões-chave da economia: Eficiência Produtiva, Eficiência Alocativa, Justiça Distributiva e Ordenamento Institucional. E mais um termo importante, que foi o custo de oportunidade. Exemplificado pelo estudo de caso 1. Distribuindo a riqueza entre os filhos. E posteriormente, o modelo de economia aberta, por a interação com o agente econômico resto do mundo, por aquisição de mercadorias brasileiras no mercado de bens e serviços. E por último, mas não menos importante, o que significa o termo e o papel na economia do PIB – Produto Interno Bruto. Muito bem! Você concluiu a primeira fase na busca pelo conhecimento no que se refere à economia e mercado! Compartilhe essa conquista nas suas redes e incentive aos seus colegas a fazerem o mesmo! 28 Competência 02 2.Competência 02 | Classificar os mercados, conhecendo os conceitos de demanda e oferta Olá! Você chegou na competência 2, do seu e-book de Economia e Mercado! Nesta competência você compreenderá: O conceito econômico de mercado (em sua abstração econômica) e os conceitos de demanda e oferta. Boa trilha! 2.1 O Mercado Considere que você já conhece, ao menos uma definição de mercado. Que é: um lugar determinado onde os agentes econômicos realizam suas transações. E que desde a globalização o conceito de mercado foi evoluindo e atualmente, compreende-se mercado, como uma abstração, pois já não existe a conotação geográfica (ROSSETTI, 2007). Embora em economia seja tratado um único mercado, no mercado de bens e serviços existem algumas “estruturas” inerentes ao modus operandis deste mercado que são (VIEIRA, 2019): • Concorrência Perfeita: caracteriza-se por condições ideais, como a atomização dos agentes a homogeneidade dos produtos, a perfeita mobilidade dos concorrentes, a total permeabilidade para ingresso e saída, a plena transparência e apenas um preço, definido, pelas forças da oferta e da procura, ao qual todos se submetem. • Concorrência Monopolística: estruturas que se apresentam moleculares (a oferta e a procura exercida por poucos) ou monopolísticas (quando exercidas apenas por um). • Oligopólio: geralmente há pequenos números de concorrentes. Em suas mais variadas definições são empregadas as palavras: limitados, poucos, alguns, vários. • Monopólio: caracteriza-se por unicidade, insubstitutilidade, barreira, poder, extra preço e opacidade. • Oligopsônio: é um mercado no qual há poucos compradores para certo produto ou serviço. • Monopsônio: é a estrutura de mercado em que há um comprador para diversos vendedores de um bem ou serviço. Fonte: ROSSETI (2007); (VIEIRA, 2019). https://www.youtube.com/watch?v=1JnFqa8bJps 29 Competência 02 Apresentadas algumas “estruturas de mercado”, compete tratar da estrutura de mercado denominada de concorrência perfeita. Para Rossetti (2007, p.401) uma estrutura de mercado, para ser considerada uma concorrência perfeita deve ter as seguintes condições: atomização, homogeneidade, mobilidade, permeabilidade, preço-limite, extra preço e transparência. Mas o que significa cada uma delas? É o que vem a seguir, no quadro, que trata das condições para Estrutura do Mercado de Concorrência Perfeita. CONDIÇÕES ALGUMAS CARACTERÍSTICAS DAS CONDIÇÕES Atomização O número de agentes e vendedores é de tal ordem que nenhuma delas possui condições para influenciar o mercado. A expressão de cada uma é insignificante. Suas decisões qualquer que sejam em nada interferem no mercado [...] Homogeneidade Bem ou serviço, no mercado de produtos ou o fator de produção, no mercado de fatores, é perfeitamente homogêneo. Nenhuma empresa pode diferenciar o produto que oferece [...] Mobilidade Cada agente comprador e vendedor atua independentemente de todos os demais. A mobilidade é livre e não há quaisquer acordos entre os que participam do mercado [...] Permeabilidade Não há quaisquer barreiras para entrada ou saída dos agentes que atuam ou querem atuar no mercado. Barreiras técnicas, financeiras, legais, emocionais ou de qualquer outra ordem não existem sob situação de perfeita concorrência [...] Preço-limite Nenhum vendedor de produto ou recurso pode praticar preços acima daquele que está estabelecido no mercado, resultante da livre atuação das forças de oferta e de procura [...] Extra preço Não há qualquer eficácia em formas de concorrência fundamentadas em mecanismos extra preço. A oferta de quaisquer vantagens adicionais, associáveis ao produto ou ao fator, não faz qualquer sentido [...] 30 Competência 02 Transparência Por fim, o mercado é absolutamente transparente. Não há qualquer agente que detenha informações privilegiadas ou diferentes daquelas que todos detêm [...] Quadro 01: Condições para Estrutura do Mercado de Concorrência Perfeita Fonte: ROSSETTI (2007, p. 402). Ainda sobre as estruturas de mercado, a economista Amanda Vieira (2019) diz que: é importante que você note que esses mercados podem ter falhas e que, quando essas falhas acontecem, cabe ao governo fazer intervenções através de um processo regulatório! Um exemplo de uma situação na qual poderia ocorrer um processo regulatório do Governo Federal, foi quando do início da Pandemia (COVID – 19) no ano de dois mil e vinte no Brasil, os preços dos produtos utilizados como forma de prevenção (álcool em gel e máscaras cirúrgicas, por exemplo) tiveram uma significativa alta nos preços que estavam sendo comercializados. Na ocasião, o jornalista Felipe Andretta do site UOL, no mês de março do mesmo ano entrevistou economistas para saber sobre os fatores positivos e negativos, caso o Governo Federal passasse a regular o preço dos produtos mencionados. Um dos economistas entrevistados, Pedro Bastos, afirmou que caso: “O corona vírus levar a uma crise de abastecimento, o Brasil deveria adotar três medidas: regular preços,limitar o número de itens que cada cidadão pode comprar e investir na oferta pública de bens e serviços essenciais (ECONOMIA. DO UOL). A quem chame atenção para o fato de que a regulação por parte do governo também não garanta evitar o mercado paralelo dos produtos tabelados. Deixa-se aqui a reflexão: em momentos de alta demanda por determinado produto e de baixa oferta deste nas prateleiras do mercado, o que costuma acontecer? Pense um pouco e converse com a sua família, se em algum momento já passaram por a experiência de ter o dinheiro, mas não conseguir encontrar determinado produto e/ou só puderam comprar uma quantidade limitada do item, como leite, por exemplo. Você sabia? Com exceção da concorrência perfeita, em todas as demais estruturas de mercado prevalecem elementos de viscosidade , ora atuando sobre as condições da oferta, ora sobre as da procura. Esses elementos traduzem situações efetivamente encontradas no mundo e identificam diferentes graus de imperfeições concorrenciais (ROSSETTI, 2007, p. 402). https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2020/03/12/governo-controle-precos-tabelar-mascara-alcool-gel-agua-coronavirus.htm 31 Competência 02 Retomando o que já se sabe sobre mercado e algumas das características da estrutura de mercado da concorrência perfeita é importante ter em mente que praticamente em todos “os mercados” como afirma Rossetti (2007, p.402): prevalecem, ainda que em graus variados situações conflituosas de interesse. As próprias forças da oferta e da procura definem-se por pressupostos conflituosos. O que remete a seção 2.1 Conceitos de Demanda e Oferta. 2.2 Conceitos de Demanda e Oferta Para tratar deste tema: demanda e oferta somam-se ao time, mais dois economistas: Paul Krugman e Robin Wells (2007,49). Os autores apresentam a compreensão de demanda e oferta, considerando um mercado competitivo4. Eles enfatizam que em um mercado competitivo há cinco elementos-chave: 1. Curva de Demanda, 2.Curva de Oferta, 3. O Conjunto de Fatores (que faz com que a curva de demanda se desloque), 4. O Preço de Equilíbrio, 5. A maneira pela qual o preço de equilíbrio muda quando as curvas de oferta e de demanda se deslocam. Para tratar desses elementos- chave de forma mais didática, se fará alusão à situações e/ou processos decisórios que acontecem na vida real. 2.2.1 Curva de Demanda Considere quantas pessoas queriam comprar bilhetes para o show “nossa história” de Sandy e Júnior, no estado de São Paulo ano de 20195. Sabendo que aquela era uma oportunidade única! Você pode pensar que todos os fãs da dupla que ainda não tinham um ingresso estariam dispostos a pagar qualquer preço para obter um bilhete. Mas, muitos fãs poderiam não estar dispostos (ou não terem o valor suficiente) para comprar um ingresso para este show. Embora quisessem muito. Pois, de um modo geral, as pessoas que querem comprar um ingresso para um show, ou qualquer outro bem, consideram ao menos, uma variável: depende do preço. Pois na economia, quanto mais alto o preço, menor o número de pessoas que querem (ou podem) comprar o bem; quanto mais baixo o preço, maior o número de pessoas que querem comprar o bem. 4 Mercado competitivo é um cenário em que muitas empresas vendem os mesmos tipos de produtos e serviços, criando uma alta concorrência e a impossibilidade de uma única companhia influenciar os preços. Fonte: Capital Research, 2020. 5 Quem são Sandy e Júnior? https://www.capitalresearch.com.br/blog/investimentos/mercado-competitivo/#:~:text=O%20que%20%C3%A9%20mercado%20competitivo,%C3%BAnica%20companhia%20influenciar%20os%20pre%C3%A7os. https://g1.globo.com/pop-arte/musica/noticia/2019/03/22/fas-de-sandy-e-junior-acampam-e-fazem-fila-para-comprar-ingressos-em-sao-paulo.ghtml https://g1.globo.com/pop-arte/musica/noticia/2019/03/22/fas-de-sandy-e-junior-acampam-e-fazem-fila-para-comprar-ingressos-em-sao-paulo.ghtml https://blog.capitalresearch.com.br/investimentos/sconcorrencia-imperfeita/ https://pt.wikipedia.org/wiki/Sandy_%26_Junior 32 Competência 02 Assim, a resposta à questão: “quantas pessoas vão querer comprar um ingresso para o show “nossa história” de Sandy e Júnior em São Paulo? Seria: depende do preço do ingresso. E ainda sem saber o preço do ingresso, seria possível fazer uma tabela de quantidade de ingressos que as pessoas comprariam por diferentes preços. Sabia? Essa tabela é conhecida como tabela de demanda e que por sua vez, pode ser usada para desenhar a curva de demanda (Krugman e Wells, 2007). Observe a figura: Tabela de Demanda e Curva de Demanda, de um exemplo de vendas de entrada para um jogo de hóquei. Figura 04: Tabela de Demanda e Curva de Demanda Fonte: Krugman e Wells (2007, p. 50) Descrição da Imagem: Há uma representação gráfica onde o eixo vertical se refere ao preço de entrada iniciada no eixo zero e que se move para cima em intervalos de cinquenta reais. Iniciando no valor monetário cinquenta até trezentos e cinquenta. Na horizontal a partir do eixo 0 representa-se a quantidade que inicia em cinco mil unidades e segue em intervalos de cinco mil unidades a até vinte mil. No interior do gráfico apresenta-se a curva de demanda. Onde se observa que à medida que o preço sobe, a quantidade demandada cai. Ainda de acordo com Krugman e Wells (2007, p. 50): “A curva e demanda e a tabela de demanda refletem a lei de procura ou a lei de demanda: à medida que o preço sobe, a quantidade demandada cai. De modo similar, 33 Competência 02 uma queda no preço aumenta a quantidade demandada. Em consequência, a curva de demanda tem inclinação para baixo, da esquerda para a direita. A dinâmica de deslocamentos da curva da demanda está representada na Figura: Fatores que deslocam as curvas de demanda. Figura 05: Fatores que deslocam as curvas de demanda Fonte: KHAN ACADEMY, 2020. Descrição da Imagem: Há duas representações gráficas onde o eixo vertical se refere ao preço e o eixo horizontal se refere a quantidade. No gráfico a: estão descritos dentro do gráfico fatores que aumentam a demanda. No gráfico b: estão descritos dentro do gráfico fatores que diminuem a demanda. No gráfico a: Fatores que aumentam a demanda: Mudança de gosto para uma maior popularidade, a probabilidade de a população comprar aumenta, a receita aumenta (para um produto normal), o preço dos substitutos aumenta. O preço dos complementos diminui, expectativas futuras incentivam a compra. Você sabia? Deslocamentos da curva de demanda: Qualquer evento que aumente a demanda desloca a curva de demanda para a direita, refletindo um aumento na quantidade demandada a qualquer preço dado. Um evento que reduz a demanda desloca a curva de demanda para a esquerda, refletindo uma queda na quantidade demandada a qualquer preço dado. Em síntese: Os economistas acreditam que há quatro fatores principais que deslocam a curva de demanda por um bem: Mudanças nos preços de bens relacionados, Mudanças de renda, Mudanças de gosto ou Mudanças nas expectativas. (KRUGMAN e WELLS, 2007, p. 52). 34 Competência 02 No gráfico b: Fatores que diminuem a demanda: Mudança de gosto para uma menor popularidade, a probabilidade de a população comprar diminui, a receita diminui (para um produto normal), o preço dos substitutos diminui, o preço dos complementos aumenta, expectativas futuras desencorajam as compras. Agora que você estudou sobre deslocamento de curva de demanda, pense um pouco, em alguma situação do seu cotidiano para a qual você possa elaborar uma curva de demanda. Pense por exemplo: Como seria o deslocamento de uma curva de demanda, considerando que as pessoas estivessem dispostas a pagar mais caro, por guarda-chuvas em um dia de chuva? (Adaptado de Krugman e Wells (2007, p. 54)). 2.2.2 Curva de Oferta Para esta seção, que trata de curva de oferta lembredo exemplo anterior, da venda de ingressos para o show: nossa história de Sandy e Júnior. Suponha, que alguns fãs tenham desistido de ir ao show, por algum motivo, e agora decidiram vender os ingressos que compraram. Comumente um dos meios mais rápidos de se fazer isso é vender os ingressos à cambistas. Em síntese: a decisão de vender ou não seu próprio ingresso a um cambista depende em parte do preço oferecido, tanto mais é provável que uma pessoa esteja disposta a vender. Assim como a quantidade de entradas que as pessoas estão dispostas a comprar depende do preço que são obrigadas a pagar, a quantidade que as pessoas estão dispostas a vender, a quantidade ofertada, depende do preço pago por ela (KRUGMAN e WELLS, 2007, p.54). Os autores mencionados explicam que na situação apresentada, a “nova” oferta de ingressos no mercado é dos ingressos vendidos por cambistas. E que o número de lugares no local do show, permanece o mesmo, independente do preço. E acrescentam que: da mesma forma que a tabela de demanda pode ser representada graficamente por uma curva de demanda, também a tabela de oferta pode ser representada por uma curva de oferta, conforme representado na tabela de oferta e curva de oferta. 35 Competência 02 Figura 06: Tabela de Oferta e Curva de Oferta Fonte: Krugman e Wells (2007, p. 54). Descrição da imagem: Há uma representação gráfica onde o eixo vertical se refere ao preço de entrada iniciada no eixo zero e que se move para cima em intervalos de cinquenta reais. Iniciando no valor monetário cinquenta até trezentos e cinquenta. Na horizontal a partir do eixo 0 representa-se a quantidade que inicia em duas mil unidades e segue em intervalos de cinco, sete, oito, oito e quinhentos e oito e oitocentos. No interior do gráfico apresenta-se a curva de oferta. Onde se observa que à medida que o preço sobe, a quantidade de oferta sobe. Na figura Fatores que deslocam as curvas de demanda os autores Krugman e Wells (2007, p. 54) construíram uma tabela de oferta para entradas, de uma disputada partida, de um jogo de hóquei para obterem a curva de oferta que mostra quanto de um bem as pessoas estão dispostas a vender a qualquer preço dado. A curva de oferta e a tabela de oferta refletem o fato de que as curvas de oferta normalmente são inclinadas para cima: a quantidade ofertada aumenta quando aumenta o preço. 36 Competência 02 Na Tabela de Oferta e Curva de Oferta há uma representação de deslocamentos de curva de oferta. Pois alguns fatores, podem deslocar a curva de oferta para direita ou para à esquerda. Figura 07: Fatores que deslocam as curvas de oferta Fonte: KHAN ACADEMY, 2020 Descrição: Há duas representações gráficas onde o eixo vertical se refere ao preço e o eixo horizontal se refere a quantidade. No gráfico a: estão descritos dentro do gráfico fatores que aumentam a oferta. No gráfico b: estão descritos dentro do gráfico fatores que diminuem a oferta. No gráfico a: Fatores que aumentam a oferta: Condições naturais favoráveis à produção, queda nos preços dos insumos, avanço tecnológico, queda nos valores dos impostos / regulações do produto. Você sabia? Deslocamentos da curva de oferta: quando os economistas falam de “aumento na oferta”, eles estão se referindo a um deslocamento para a direita da curva de oferta: a qualquer preço dado, as pessoas irão ofertar uma quantidade do bem maior do que antes. E quando os economistas falam sobre uma “redução na oferta”, eles querem dizer que houve um deslocamento para esquerda da curva de oferta: a qualquer preço dado, as pessoas irão ofertar uma quantidade menor do bem do que antes. 37 Competência 02 No gráfico b: Fatores que diminuem a oferta: condições naturais desfavoráveis à produção, aumento nos preços dos insumos, declínio tecnológico (incomum), aumento nos valores dos impostos / regulações do produto. Após estudar os fatores que aumentam ou diminuem a oferta, estude o caso 2 que trata de oferta e demanda de um item popularmente consumido: o feijão. ESTUDO DE CASO 2 Tradicionais na mesa, arroz e feijão estão pesando bem mais no bolso dos consumidores Por Leonardo Cabral em 04 de junho de 2020 Acompanhamento indispensável em boa parte das refeições, o arroz, item que já faz parte do dia a dia no prato do brasileiro, está bem mais “salgado”. Os preços, dependendo da marca, assim como de outros produtos, entre eles a cebola e o feijão, apresentaram um aumento que afeta o orçamento do consumidor. O pacote de arroz de 10 kg, o mais adquirido pelas famílias, antes comercializado nos supermercados entre R$ 8,00 e R$ 10,00 podendo chegar até R$ 11,00 dependendo da marca, agora é encontrado pelo valor que varia de R$ 13,00 a R$ 16,00. Para esse aumento de um dos produtos principais da cesta básica, assim, como o feijão, a explicação, de acordo com o consultor de empresas, Aldo Barrigosse, está ligada a uma conjuntura de fatores, entre elas, a exportação para outros países, a alta do câmbio e até mesmo o clima e o frete, fator que está relacionado com o cenário vivenciado pelo país por conta da pandemia de coronavírus. Fonte: DIÁRIO ONLINE, (2020). Após analisar o estudo de caso 2, considere os fatores que aumentam ou diminuem a oferta, e tome como unidade de análise, a situação referente ao feijão, neste caso. Reflita um pouco e responda: para qual lado se deslocaria a curva de oferta do caso em discussão? 38 Competência 02 Isso mesmo! Haveria um deslocamento para a esquerda da curva, considerando, por exemplo, o clima (condição desfavorável à produção) como um dos fatores de redução na oferta do feijão no mercado. Assim é preciso registrar, que o que foi visto até aqui, embora com alguma referência à fatores externos, se refere ao campo da economia, denominado de microeconomia. A microeconomia é uma área que: se encarrega de estudar os detalhes. Estamos nos referindo aos indivíduos e suas ações, às empresas e outras partes do processo produtivo. A microeconomia desenvolve estudos a partir de construções teóricas importantes: a teoria do consumidor, que busca entender o comportamento e as escolhas das pessoas na economia; a teoria de empresa, focada nas corporações e na relação entre capital e trabalho; e a teoria da produção, que analisa minuciosamente a evolução do processo produtivo. Fonte: Politize. Em síntese. As decisões de compra das unidades econômicas geram impacto na economia e na oferta dos produtos e/ou serviços disponibilizados no mercado. Pois, geralmente são as unidades econômicas que detém o poder decisório de onde despenderão o resultado dos seus ganhos. Note que até este ponto a demanda e a oferta foram referenciadas em situações de relativo contraste. Como, quando há demanda de consumo, pode haver menor oferta de produtos ou os preços podem ser aumentados, conforme a demanda. Ou pode haver oferta de produtos, com baixa demanda de consumo, o que pode reduzir o preço de comercialização, pela oferta dele no mercado. Como por exemplo: qual a necessidade de adquirir um guarda-chuva em um dia ensolarado, não é mesmo? No entanto é possível haver um ponto de equilíbrio na economia, sabia? 2.2.3 Ponto de Equilíbrio O que significa ponto de equilíbrio na economia? Considera-se que um mercado está em equilíbrio quando a quantidade demandada de um produto se iguala à quantidade ofertada, ou seja, quando a economia encontra o seu ponto de equilíbrio. E continua [...] A quantidade demandada e a ofertada de https://www.youtube.com/watch?v=yjGG2pARmMk https://www.youtube.com/watch?v=yjGG2pARmMk https://economiafenix.wordpress.com/tag/teoria-da-empresa/ https://www.politize.com.br/clt-o-que-e/ 39 Competência 02 um bem dependem de seu preço. Então, há um preço para o qual a quantidade de oferta
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