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FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO 
Dra. Giselle Soares 
GUIA DA 
DISCIPLINA 
 2021 
 
 
1 Filosofia da Educação 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
1. PRESSUPOSTOS FILOSÓFICOS: UMA BREVE INTRODUÇÃO 
 
Objetivo 
Refletir sobre a relevância da filosofia e sua relação com a educação, de maneira a 
introduzir aspectos relevantes sobre o pensar filosófico, bem como suas possibilidades de 
contribuição para a ação educativa e a formação do docente. 
 
Introdução 
A filosofia é uma área relevante do saber e sua primeira contribuição é nos oferecer 
elementos metodológicos e teóricos para que possamos refletir sobre a existência 
humana e sobre o mundo que nos cerca. 
 
Desta forma, a disciplina de Filosofia da Educação ressalta aspectos e etapas 
construídos pelos filósofos ao longo do tempo. Além disto, propõe inicialmente uma 
reflexão sobre a própria contribuição da filosofia e o papel da educação no nosso tempo. 
 
Ao abordar a filosofia como área do saber, propõe-se seguir percurso das 
principais escolas filosóficas, bem como seus principais representantes, o que permite 
também a reflexão sobre a educação, seu percurso e como ela foi construída ao longo do 
tempo, refletindo o modo de pensar e as determinações sócio-históricas de cada tempo 
histórico. 
 
Portanto, o percurso a seguir é histórico porque remete às etapas relevantes da 
construção do pensar filosófico. 
 
Por fim, é esperado que os alunos da disciplina possam refletir sobre as 
contribuições da filosofia para a ampliação do saber científico, para o entendimento do 
desenvolvimento da humanidade e para a construção da concepção de escola e 
educação conhecidas por nós. 
 
1.1. A educação e seu processo 
Refletir sobre a educação pressupõe considerar que a mesma se realiza por um 
processo que está presente na sociedade e nas relações sociais entre os indivíduos. Tal 
processo transcende os muros da escola, mas é verdade que ele está fortemente 
 
 
2 Filosofia da Educação 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
presente na escola, pautando metodologias, currículos, normativas e diferentes formas de 
gestão, está presente também no cotidiano escolar, envolve dilemas, afetos, influências 
culturais, as questões sociais e políticas constitutivas da sociedade, ente outros aspectos. 
 
A escola de hoje resulta de um processo que ultrapassa as lições de todo dia, uma 
vez que é reflexo dos acontecimentos passados, além dos acontecimentos do tempo 
presente. Por esse motivo, velhas formas de ensinar se mesclam a novas metodologias, 
ao desenvolvimento tecnológico, mas a escola sintetiza também as desigualdades 
presentes em sociedade, abarcando o conjunto de conhecimentos universais, bem como 
o comportamento dos diferentes grupos sociais presente na sociedade global. 
 
Desta forma, os diferentes jeitos de agir, sentir e pensar se manifestam na escola 
e, de algum modo, interagem com o acúmulo de conhecimento produzido que 
caracterizam a escolarização com o propósito de preparar os alunos para o exercício da 
razão. 
 
Nesse quadro se insere a possibilidade de refletir sobre o acúmulo de 
conhecimento produzido pela ciência na história da humanidade e, também a 
possibilidade de identificar e refletir sobre os dilemas presentes na sociedade que, muitas 
vezes, interferem no próprio processo de educação. 
 
Os exemplos são muitos. Podemos destacar a pandemia da Covid-19 que 
demandou um distanciamento e a utilização de diferentes formas de ensinar, explicitando 
as diferenças sociais e as possibilidades para a utilização da tecnologia na educação, 
além das questões existenciais e afetivas. Quantas indagações podemos levantar sobre 
esse assunto? Podemos pensar que a educação alcança de forma diferente os diversos 
grupos sociais, considerando o acesso à escola dos alunos de periferias, os alunos 
indígenas? Podemos pensar que entre os grupos de alunos que puderam acompanhar as 
aulas de suas casas como se constituiu a relação entre a comunidade escolar e as 
diferentes famílias? 
 
De algum modo, a relação entre educação e filosofia permite a retomada do 
esforço de vários pensadores da história da humanidade em construir modelos teóricos e 
conceitos para explicar as questões que caracterizam a existência humana. Além disto, 
 
 
3 Filosofia da Educação 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
permite o exercício de reflexão e interpretação sobre os acontecimentos que envolvem a 
comunidade escolar e marcam a realidade dos alunos. 
 
1.2. A filosofia e seu processo 
 A construção do conhecimento filosófico se desenvolveu associada à história da 
humanidade, por esse motivo ela remete para períodos históricos e para a própria 
construção do conhecimento, ou seja, pela busca humana no esforço de exercitar a 
racionalidade. Portanto, seu desenvolvimento remete para a busca pelo saber, e mais, 
pelo como saber, como orientar de forma sistemática, racional os procedimentos 
necessários para a construção das explicações racionais sobre o mundo, sobre as coisas 
presentes no mundo e sobre as particularidades que explicam a racionalidade. 
 
A filosofia é considerada a ‘ciência mãe das outras ciências’ e tem sua história 
associada à história do desenvolvimento científico, ao esforço humano em construir o 
conhecimento e as explicações pautadas no exercício da razão com o uso do rigor 
científico, construindo métodos e conceitos teóricos. 
 
A filosofia é anterior ao período antigo, mas esse processo ganha força na Grécia 
Antiga, onde o filósofo era “amigo ou amante da sabedoria; a filosofia significava amor ao 
saber. Para os gregos antigos o amor e admiração em relação à vida e à realidade 
levavam os homens a filosofar” (Mattar, 2010, p.05). 
 
É importante destacar que a filosofia faz parte das ciências humanas e se distingue 
de outros tipos de conhecimento, tais como o senso comum, a teologia, as artes. De 
algum modo, há relação entre esses níveis de conhecimento e o principal aspecto de 
diferenciação é o aspecto teórico (Mattar, 2010, p.05). 
 
Quando nos perguntamos sobre o que é filosofia ou algo sobre a realidade, 
estamos, de algum modo, filosofando, pois o exercício de indagar já é filosofia, pois o 
processo filosófico se realiza por “refletir sobre conceitos problematizados e investigados 
pela tradição filosófica, relacionando-os com seu mundo e sua realidade”. A realização 
desse exercício depende de uma postura filosófica que se faz com uma “postura crítica 
permanente”, envolve uma “consciência crítica sobre o conhecimento, a razão e a 
realidade, levando em consideração fatores sociais, históricos e políticos”. A disposição 
 
 
4 Filosofia da Educação 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
para indagar é o começo e a continuidade da filosofia, pois o “pensar crítico compreende 
a autorregulação e a autocorreção do processo do pensamento” (Mattar, 2010, p.07). 
 
Assim, a filosofia se realiza pelo “pensamento de investigador voltando-se 
reflexivamente sobre si próprio e seu conteúdo de conhecimentos elaborados e 
conceituados”. Portanto, a postura crítica permite que o filósofo ou aquele que indaga 
atente para o “caminho intelectual a ser percorrido”, uma vez que a dúvida é necessária 
para a construção do conhecimento filosófico e parte do trabalho intelectual. Tal exercício 
permite que se amplie a visão e o entendimento sobre a realidade (Mattar, 2010, p.08). 
 
Segundo Mattar (2010, p.09), filosofar é “um exercício de abrir fissuras na tessitura 
do real, que inicialmente parecia compacta”, ou seja, é um “exercício de iluminar parcelas 
escusas da realidade” e de perceber e ter capacidade de indagar sobre a complexidade 
da vida e da realidade. 
 
1.3. A relação entre filosofia e educação 
A disciplina de filosofia da educação pressupõe que há uma relação entre filosofia 
e educação. Podemos considerar que tal relaçãose caracteriza de forma estreita, uma 
vez que a noção de filosofar se desenvolve como exercício ligado a busca pelo 
conhecimento, à realização de reflexões, questionamentos e, portanto, construção de 
indagações e argumentos sobre a realidade. 
 
O caminho percorrido para alcançar o conhecimento também remete para a busca 
da verdade. Na Grécia Antiga, os filósofos eram educadores, em momentos diferentes da 
nossa história, filósofos se destacaram como professores. 
 
De certa forma, o filósofo, professor e o pedagogo trabalham como o 
conhecimento, como o propósito de interpretar a realidade para além da aparência dos 
fatos, com profundidade, com capacidade de realizar um exercício racional. 
 
Segundo Heidegger, “ensinar não significa senão deixar os outros aprender, quer 
dizer, um conduzir mútuo até a aprendizagem” para que se possa conhecer e para 
resgatar ou valorizar o princípio humano presente em nós. Afinal, o exercício da razão 
 
 
5 Filosofia da Educação 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
pertence a humanidade e nos coloca na direção do entendimento e da função de nossa 
existência (HEIDEGGER, 1992, p.79 Apud Perissé, 2008, p.12). 
 
Para Perissé (2008, p.11), o filósofo pensa em termos educacionais e didáticos, as 
ideias precedem os argumentos, transformam-se em virtudes e no exercício da própria 
inteligência, onde se busca estimular a elaboração das ideias e do pensar do outro. Nesse 
sentido, a filosofia é “ensinante, educadora e humanizadora”. Portanto, a filosofia da 
educação significa o exercício de filosofar. Além da sociedade é necessário compreender 
os processos educativos, explicar com rigor o caminho percorrido para a elaboração das 
ideias, explicitando o “pensar” e o “repensar” (Perissé, 2008, p.13). 
 
O filósofo ou o educador presta atenção na realidade e nos processos educativos, 
nas habilidades, dificuldades, virtudes que suscitam a realidade educacional e, por 
consequência a realidade. Nesse sentido, a filosofia da educação se realiza como um 
pensar vivo sobre a educação. Trata-se de pensar a realidade considerando também seus 
dilemas, aspectos sociais, políticos, as transformações, inclusive as tecnológicas 
(PERISSÉ, p.15). 
 
Refletir e argumentar pressupõe exercício racional, ao mesmo tempo, a superação 
dos imediatismos para que se construa explicações, interpretações e conhecimento 
resultantes de um processo de educação na busca pela verdade. 
 
 
 
 
 
 
6 Filosofia da Educação 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
2. A FILOSOFIA ANTIGA 
 
Objetivo 
Compreender as principais características da filosofia antiga grega e as suas 
contribuições para o desenvolvimento da ciência, bem como para a concepção de 
educação. 
 
Introdução 
A partir dos principais representantes e suas principais características de 
pensamento, a filosofia antiga grega influenciou todo o desenvolvimento da filosofia e do 
conhecimento científico. Por esse motivo seu estudo é relevante e cabe identificar sempre 
o contexto histórico em que cada etapa de pensamento é desenvolvida. 
 
Os representantes da filosofia antiga são autores clássicos e representantes de um 
conhecimento universal que perpetua ao longo dos séculos, sendo referência para pensar 
o percurso filosófico e o desenvolvimento das ciências. 
 
O exercício da razão e o desenvolvimento de um método para orientar as reflexões 
realizadas correspondem às primeiras contribuições desses pensadores. Assim, 
seguimos a trilha dos principais passos desses autores e os primeiros conceitos 
elaborados nesse percurso. 
 
2.1. Sócrates 
A filosofia antiga corresponde a filosofia do período grego romano, embora a 
filosofia já existisse antes, a filosofia ocidental começa na Grécia Antiga, por isso é 
considerada como filosofia antiga. 
 
O pensamento filosófico se desenvolve em função do esforço de alguns em 
construir uma explicação racional sobre o mundo, as coisas e o homem, pois na Grécia 
Antiga as explicações que prevaleciam eram as histórias mitológicas, as explicações 
pautadas dos mitos, os deuses gregos que influenciavam o mundo e a vida humana. 
 
A data atribuída ao nascimento da filosofia é o final do século VII a.C., na Grécia 
antiga. A filosofia “nasce como conhecimento racional da ordem do mundo e da natureza, 
 
 
7 Filosofia da Educação 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
donde cosmologia”. A filosofia se tornou “em toda a Antiguidade clássica, e para os 
poderosos da época, os romanos, a forma superior ou a mais elevada do pensamento e 
da moral” (Chauí, 2008, p.32/ 33). 
 
 Segundo Chauí (2008, p.38), a filosofia na Grécia antiga se divide em quatro 
períodos, sendo eles: 
 
• Pré-socrático ou cosmológico, do final do século VII a.C. ao final do século V a.C. – 
a filosofia se ocupou, especialmente de explicar sobre as origens do mundo e as 
causas das transformações da natureza; 
 
• Período socrático ou antropológico, do final do Século V a.C. até o século IV a.C. - 
preocupação em explicar sobre as questões humanas, aquelas que cercam o 
‘homem’, com destaque para aética, a política e as técnicas, no esforço de 
dimensionar o homem no mundo; 
 
• Período sistemático, do século IV a.C. até o século III a.C. – a filosofia destaca o 
que pode ser objeto de conhecimento filosófico, buscando identificar os critérios 
que permitem alcançar a verdade e a ciência; 
 
• Período helenístico ou greco-romano de século III a.C. até século VI d.C. – 
preocupação com a ética, o conhecimento humano e as relações entre homem e 
natureza, bem como com Deus. 
 
A formação da cidade e o desenvolvimento da democracia como forma de governo 
impulsionaram na Grécia Antiga o exercício da razão entre aqueles que participação da 
vida pública da sociedade grega: os cidadãos. A Ágora se constituiu um espaço comum e 
público onde se debatia questões de interesse geral. 
 
O desenvolvimento da democracia é uma característica da sociedade grega e, de 
certo modo, influenciou o desenvolvimento da filosofia. A democracia grega se pautava no 
princípio de igualdade entre os homens adultos com direito de participação no governo da 
cidade, a pólis. Tal participação no governo se constituía como democracia direta, os 
homens que tinham o direito de participação no governo exprimiam, discutiam e defendia 
 
 
8 Filosofia da Educação 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
publicamente suas opiniões sobre as questões da cidade, por esse motivo eram 
reconhecidos como cidadãos. 
 
A participação acontecia através da capacidade de “saber falar” e de “ser capaz de 
persuadir” os outros cidadãos. Nesse sentido, a educação grega voltou-se para a 
educação do “bom cidadão”. A “nova educação estabelece como padrão ideal a formação 
do bom orador, isto é, aquele que saiba falar em público e persuadir os outros na política” 
(Chauí, 2008, p.40). 
 
 
Á 
 
 
 
 
 
 
g
ora grega – www.viajonarios.com.br acesso em 08/02/2021 Paidéia grega – www.educ.fc.ul.pt caesso em 08/02/2021 
 
Assim, a filosofia se associa a persuasão, ao debate, a discussão e argumentação 
de temas de interesse dos cidadãos que fazem parte da Pólis, com isso a filosofia grega é 
reflexo da racionalização dos cidadãos gregos. 
 
Os pré-Socráticos correspondem aos primeiros filósofos ocidentais, foram 
“observadores e estudiosos da natureza” (Mattar, p.42). Os Sofistas, também pré-
Socráticos, ganharam destaque na sociedade grega pela valorização da argumentação, 
“mestres da oratória, eles ensinavam a desenvolver argumentos a favor e contra a mesma 
posição”, eram professores e trabalhavam com a dialética, a poética, a linguagem, a 
retórica e a gramática, o que revela a valorização deles pela erudição que deveria estar 
na forma de falar, mas também estava presente na elaboração do raciocínio (Mattar, 
2010, p.46). 
 
Nessecaso, os “sofistas ensinavam técnicas de persuasão para os jovens, que 
aprendiam a defender a posições ou opiniões diferentes, isso em assembleias como o 
propósito de debaterem e exercitarem a construção de argumentos capaz de persuadir os 
demais (Chauí, 2008, p.40). 
http://www.viajonarios.com.br/
http://www.educ.fc.ul.pt/
 
 
9 Filosofia da Educação 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Os Sofistas trabalhavam com a reflexão filosófica. Para Protágoras o “homem é a 
medida de todas as coisas”, valorizando o homem no lugar da natureza passaram a 
preparar governantes e cidadãos da Pólis grega, enfim dedicaram-se à educação dos 
líderes políticos da sociedade grega, com os sofistas a paideia passa a ser considerada 
uma teoria consciente da educação como fundamento racional (Mattar, p.47). 
 
Sócrates é considerado o patrono da Filosofia porque não se conformou com as 
opiniões estabelecidas, com os preconceitos de sua sociedade, com as crenças 
inquestionadas da sociedade grega. “Ele costumava dizer que era impelido por um 
espírito interior”, esse “o levava a desconfiar das aparências e procurar a realidade 
verdadeira de todas as coisas”, questionando para além da aparência das coisas, na 
busca da realidade essencial e profunda das coisas (CHAUÍ, 2008, p.11). 
 
Para Sócrates “antes de querer conhecer a natureza e antes de querer persuadir 
os outros, cada um deveria, primeiro e antes de tudo, conhecer-se a si mesmo”. Desse 
concepção ganhou destaque e tornou-se célebre a expressão do filósofo, “Conhece-te a ti 
mesmo”. Ao propor a realização de questionamentos Sócrates indagava sobre “as ideias, 
sobre os valores nos quais os gregos acreditavam e que julgavam conhecer. Suas 
perguntas deixavam os interlocutores embaraçados, irritados, curiosos, pois quando 
tentavam responder o célebre “o que é?”, descobriam, surpresos, que não sabiam 
responder e que nunca tinham pensado em suas crenças, seus valores e ideias”. À 
medida que as pessoas esperavam uma resposta dele a devolutiva era “sei que nada sei” 
(Chauí, 2008, p.41). 
 
Nesse movimento se constituía seu exercício ou método e buscava a “definição 
daquilo que uma coisa, uma ideia, um valor é verdadeiramente”, ou seja, buscava 
alcançar a essência real e verdadeira da coisa, da ideia, do valor (Chauí, 2008, p.42). 
 
O filósofo considerava o conceito como aquilo que conhece o pensamento, por isso 
buscava identificar o conceito, e não a mera opinião que temos de nós mesmos, das 
coisas, das ideias e dos valores”. Considerava o conceito como uma “verdade intemporal, 
universal e necessária que o pensamento descobre mostrando que é a essência universal 
intemporal e necessária de alguma coisa” (Chauí, 2008, p.42). 
 
 
10 Filosofia da Educação 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 
 Sócrates e seu método – www.todoestudo.com.br acesso em 08/02/2021 
Nesse exercício, Sócrates “questiona o senso comum, as crenças e as opiniões, 
opondo a episteme (conhecimento) e à doxa (opinião)”. O método percorrido por Sócrates 
tem como proposta “aprender” no lugar de ensinar com o risco de levantar impasses com 
seus questionamentos sem se chegar a conclusão, por esse motivo, o caminho percorrido 
com a série de questionamentos é a busca da verdade. Com isso, a linguagem torna-se 
“fundamento do discurso filosófico”, a filosofia considerada como um “método linguístico 
de construção conceitual” (Mattar, 2010, p.49). 
 
 Desse modo, Sócrates se tornou um perigo para a sociedade grega, 
especialmente por fazer os jovens pensarem. Por essa sociedade acabou acusado e 
condenado, mas deixou discípulos que continuaram o caminho pela busca da essência da 
verdade, realizando o desenvolvimento da filosofia antiga. 
 
2.2. Platão 
Platão, discípulo de Sócrates, deixou sua obra escrita no formato de diálogos, tal 
formato permite que o refletir ocorra entre quem escreve e quem lê, favorecendo o 
exercício de pensar ‘a dois’, em seus diálogos produzidos se utiliza das alegorias para 
ilustrar conceitos ou ideias. 
 
O método filosófico de Platão se aproximava ao de Sócrates, utilizando-se também 
da maiêutica, “das imagens atinge-se uma definição”, seguida da dialética, 
questionamentos sobre o objeto estudado, após esse percurso intelectual é possível 
alcançar a ciência ou a epistéme (Mattar, 2010, p.50) 
 
O filósofo ficou conhecido por ter elaborado o Mito da Caverna, uma alegoria que 
propõe uma reflexão sobre a percepção da realidade das coisas e permite a distinção 
http://www.todoestudo.com.br/
 
 
11 Filosofia da Educação 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
entre o sensível e o inteligível. Nesse caso, o sensível são as coisas materiais, corpóreas 
cujo conhecimento nos é dado por meio de nosso corpo na experiência sensorial ou dos 
órgãos dos sentidos e pela linguagem baseada nesses dados. A ‘caverna’ corresponde a 
um lugar sombrio, o alcance da luz é o próprio exercício de pensar e elaborar ideias, ou 
seja, é tarefa da filosofia. 
 
 Alegoria da caverna em HQ - www.saberpolítica.com.br acesso em 08/02/2021 
 
 O sensível nos dá imagens das coisas tais como nos aparecem e nos parecem, 
sem alcançar a realidade ou a essência verdadeira delas. As imagens sensíveis formam a 
mera opinião – a dóxa – que varia de pessoa para pessoa e pode variar numa mesma 
pessoa, dependendo das circunstâncias. O inteligível é o conhecimento verdadeiro que 
alcançamos exclusivamente pelo pensamento. São as ideias imateriais e incorpóreas de 
todos os seres ou as essências reais e verdadeiras das coisas. Para Platão, a filosofia se 
realiza no esforço do pensamento para abandonar o sensível e passar ao inteligível 
(Chauí, 2008, p.43). 
 
 
 
12 Filosofia da Educação 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
2.3. Aristóteles 
Aristóteles, discípulo de Platão, foi considerado a “inteligência da escola”’, décadas 
depois da morte de Platão, fundou sua escola filosófica, denominada “Liceu” e gostava de 
ensinar caminhando, por isso seu método é chamado peripatético – “local de passeio”. 
Além disto, tinha o hábito de trabalhar com classificações, animais, vegetais, virtudes 
paixões. Ao trabalhar com classificações descobria “leis entre os objetos classificados”. 
Tal sistematização resultou na elaboração de um saber em forma de enciclopédia, 
agrupando a “totalidade de saberes e à construção de um sistema” (Mattar, 2010, p.55). 
 
A obra de Aristóteles abrange toda as áreas do conhecimento e sistematiza o que 
já havia sido elaborado de opinião sobre os assuntos catalogados. O “objeto de sua 
filosofia não é apenas o homem, mas o universo, inclusive em seus processos naturais”, 
com esse esforço, a filosofia e as ciências naturais foram aproximadas novamente, mas 
também se dedicou a outros temas, entre eles a ética, a política, a linguagem (Mattar, 
2010, p.55). 
 
Em crítica a Platão, Aristóteles considera que “as ideias teriam sua origem sua 
origem na própria experiência”. Assim, a imaginação seria a “ponte entre a sensibilidade e 
a razão”. Para ele os seres têm matéria e forma. As “substâncias adquiririam diferentes 
formas, moldando os seres. Assim, o “universal corresponderia à forma” e o individual e 
mutável, à “matéria”. A separação entre forma e matéria seria um “exercício intelectual”, 
por isso para Aristóteles a lógica tem importância (Mattar, 2010, p.56). 
 
Para Aristóteles a filosofia corresponde ao conhecimento da totalidade dos 
conhecimentos e práticas humanas, “ela também estabelece uma diferença entre esses 
conhecimentos, distribuindo-os numa escala que vai dos mais simples e inferiores aos 
mais complexos e superiores. Essa classificação e distribuição dos conhecimentos fixou, 
para o pensamento ocidental, os campos de investigação da filosofiacomo totalidade do 
saber humano” (Chauí, 2008, p.43). 
 
 
13 Filosofia da Educação 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 
 Metereologia de Aristóteles – www.wikiwand.com acesso em 08/02/2021 
 
Segundo Aristóteles, os campos de conhecimento filosófico são os seguintes: 
ciências produtivas; ciências práticas; ciências teoréticas ou contemplativas. As ciências 
produtivas correspondem às áreas que envolvem uma técnica e giram em torno de ações 
humanas, tais como a medicina, arquitetura. As ciências práticas correspondem as áreas 
práticas humanas, envolvendo o campo da ética. As ciências teoréticas ou contemplativas 
“existem independentemente do homem e de suas ações”, tais como as ciências naturais, 
as ciências da realidade pura (Chauí, 2008, p.44). 
 
A contribuição desses três pensadores foi decisiva para que a filosofia se 
constituísse como saber racional, científico e que realiza a interpretação da realidade e 
das coisas humanas orientadas pelo método. Assim, cada um seguiu seus passos que se 
somaram na consolidação da ciência que se constituiu como a mãe de várias áreas do 
saber. 
 
http://www.wikiwand.com/
 
 
14 Filosofia da Educação 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
3. OS PRINCIPAIS REPRESENTANTES DA FILOSOFIA MEDIEVAL 
 
Objetivo 
 Associar o desenvolvimento da filosofia medieval e do cristianismo com a 
concepção de educação, bem como com o processo de busca da verdade. 
 
Introdução 
 A filosofia propicia à humanidade métodos e rigor para a busca da verdade. No 
entanto, a noção de verdade varia no tempo e no espaço, sendo fortemente influenciada 
pela visão de mundo prevalecente em dado momento histórico. Nesse sentido, as ideias 
centrais dos principais autores da filosofia medieval permitem associar filosofia e 
desenvolvimento das ideias cristãs na sociedade, além de esclarecer sobre a concepção 
de educação. 
 
Vale lembrar que nesse período histórico a fé era o princípio norteador de toda a 
sociedade e influenciava intensamente o exercício da razão. 
 
3.1. Santo Agostinho 
O cristianismo influenciou também a história da filosofia. Tal influência se divide em 
dois períodos diferentes, sendo a filosofia patrística (do século I ao século VI d.C.) e a 
filosofia medieval (do século VIII ao século XIV). Patrística corresponde às contribuições 
dos apóstolos Paulo e João, bem como aos padres da igreja católica, ou seja, esse 
período da filosofia ocorreu em função das contribuições dos “primeiros dirigentes 
espirituais e políticos do cristianismo, após a morte dos apóstolos (p.46). 
A proposta era aproximar o cristianismo do pensamento filosófico grego-romano, o 
que facilitaria para o convencimento dos pagãos sobre a ‘nova verdade’ e a importância 
de se converter, a tarefa em questão é a evangelização e a defesa da religião cristã 
contra os ataques teóricos e morais que recebia dos antigos. 
A Idade Média, diferente da Antiguidade Clássica, foi considerado por alguns 
autores como a “Idade das Trevas” por significar um período de baixa produção 
intelectual. Na verdade corresponde a um período da história da humanidade onde a 
produção intelectual vinculava-se estreitamente aos valores do cristianismo e à influência 
da Igreja na sociedade. 
 
 
15 Filosofia da Educação 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Cabe ressaltar que na Idade Média a organização sociopolítica foi o feudalismo, um 
modelo de produção e organização da sociedade baseado na relação servil, sendo que a 
sociedade se dividia em estamentos, classes rígidas com ausência de mobilidade entre 
elas, se dividiam como a nobreza, o clero e os servos. A principal atividade econômica era 
a agricultura, as terras eram concedidas pelo rei aos senhores feudais e os servos 
trabalham nelas através do trabalho servil, ou seja, em troca do trabalho garantiam a 
sobrevivência. 
 
Portanto, podemos considerar que na Idade Média as “artes eram divididas e trívio 
(liberais): gramática, dialética e retórica; e quadrívio (matemáticas): aritimética, geometria, 
música e astronomia”, esses conhecimentos eram considerados “profanos”, em função da 
influência da Igreja que era a “instituição detentora do saber”, com isso a fé tornou-se 
“padrão de conhecimento”. O espirito filosófico da época se pautava pela teologia, as 
artes e as técnicas auxiliavam a decifrar as escrituras para que se entendesse a “palavra 
de Deus” (Mattar, 2010, p.64). 
 
Entre as ideias introduzidas pela filosofia patrística destacam-se “a ideia da criação 
do mundo a partir do nada, de pecado original do homem, de Deus como trindade”, de 
encarnação e morte de Deus, de juízo final ou de fim dos tempos, ressureição dos mortos, 
a presença do mal no mundo entre outras ideias (Chauí, 2008, p.46). 
 
 
Santo Agostinho e o imago Dei no Ocidente – www.estadodaarte.estadao.com.br acesso em 08/02/2021 
http://www.estadodaarte.estadao.com.br/
 
 
16 Filosofia da Educação 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Entre esses pensadores se destacou Santo Agostinho que defendia a ideia de um 
“homem interior”, isto é, da consciência moral e do livre-arbítrio da vontade (ou do poder 
da vontade para escolher entre alternativas opostas igualmente possíveis), pelo qual o 
homem, por ser dotado de liberdade para escolher entre o bem e o mal, é o responsável 
pela existência do mal no mundo (p.47). 
 
Santo Agostinho buscou relacionar a filosofia clássica e o cristianismo. 
Considerava que a “mente humana possuiria uma centelha do intelecto divino”. 
Desenvolveu uma noção de “tempo histórico, com um destino e um objetivo: o juízo final”. 
Assim, considerava que o homem é um pecador por natureza e desenvolveu a noção de 
interioridade, essa na Modernidade foi considerada como subjetividade. Defendia o 
seguinte pensamento, “não procure fora. Entra em ti mesmo: no homem interior habita a 
verdade” (Mattar, 2010, p.66). 
 
3.2. São Tomás de Aquino 
A imposição das ideias cristãs foi transformada como verdades reveladoras por 
Deus, tornando-se dogmas, ou seja, “verdades inquestionáveis”. Tal quadro acabou 
influenciando na distinção entre as “verdades reveladas ou da fé” e “verdades da razão ou 
humanas”, no esforço de conciliar a razão e a fé. Tais ideias de dividiram em três 
posições iniciais: “Os que julgavam fé a razão irreconciliáveis e a fé superior à razão”. “Os 
que julgavam fé e razão conciliáveis, mas subordinavam a razão à fé”. Os que julgavam 
“razão e fé inconciliáveis, mas afirmavam que cada uma delas tem seu campo próprio de 
conhecimento e não devem misturar-se” (Chauí, 2008, p.47). 
 
A filosofia medieval corresponde ao período em que a Igreja Romana dominava a 
Europa. Nesse período, em torno das catedrais se formavam universidades e escolas, por 
isso, esse período da filosofia é também chamado de escolástica. 
 
Sob influência do “Problema dos Universais” da patrística, de Platão e Aristóteles, a 
filosofia medieval ainda acrescentou outros problemas. A filosofia cristã tornou-se a 
teologia, “um de seus temas mais constantes são as provas de existência de Deus e da 
imortalidade da alma, isto é, demonstrações racionais da existência do infinito criador e do 
espírito humano imortal” (Chauí, 2008, p.47). 
 
 
 
17 Filosofia da Educação 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Nesse período, prevaleciam as seguintes ideias, a “diferença e a separação entre 
infinito (Deus) e finito (homem, mundo); a diferença entre razão e fé”, a diferença e a 
“separação entre corpo (matéria) e alma (espírito)”; o Universo era considerado como 
uma “hierarquia de seres, onde superiores dominam e governam os inferiores”; ocorria 
ainda a “subordinação do poder temporal dos reis e barões ao poder espiritual dos papas 
e bispos” (Chauí, 2008, p.47). 
 
 
Filosofia Escolástica – www.todamateria.com.bracesso em 08/02/2021 
 
A escolástica se utilizava da disputa como método que consistia em 
argumentação de tese a partir da Bíblia e dos filósofos que influenciaram tal corrente 
filosófica. “Uma ideia era considerada uma tese verdadeira ou falsa dependendo da 
força ou da qualidade dos agrupamentos encontrados nos vários autores”, 
condicionando o pensamento ao princípio de autoridade, ou seja, “uma ideia é 
considerada verdadeira se for baseada nos argumentos de uma autoridade 
reconhecida (Chauí, 2008, p.47/48). 
 
São Tomás de Aquino foi o principal representante da escolástica, buscou 
associar filosofia e teologia, o “pensamento de Aristóteles e as Escrituras”, valorizando 
http://www.todamateria.com.br/
 
 
18 Filosofia da Educação 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
o mundo sensível como fonte de conhecimento, propôs as cinco vias para provar a 
existência de Deus (Mattar, 2010, p.68). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
19 Filosofia da Educação 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
4. FILOSOFIA MODERNA 
 
Objetivo 
Compreender o percurso histórico da filosofia, identificando as características das 
contribuições dos principais filósofos, bem como as determinações sócio-históricas que 
influenciaram essa etapa do pensamento filosófico. 
 
Introdução 
A filosofia moderna corresponde ao esforço intelectual em colocar o homem e sua 
capacidade de pensar no centro das reflexões e da construção das explicações 
científicas. Portanto, a razão e a capacidade humana passa a ser o princípio norteador do 
conhecimento e das explicações concebidas. 
 
Nesse sentido a filosofia avança na elaboração de teorias e métodos sobre a 
capacidade humana de conhecer. Emergem, conceitos e concepções capazes de 
sustentar tais explicações, promovendo a ampliação das ideias racionais e a 
intensificação do saber filosófico como norteador do processo de produção do 
conhecimento. 
 
Cabe ressaltar que o Renascentismo correspondeu a um movimento cultural, 
econômico e político da Europa entre os séculos XIV e XVII. Tal período corresponde à 
fase de transição da Sociedade Medieval para a Sociedade Moderna. 
 
Entre suas características destacam-se o racionalismo onde se reconhecia que a 
razão era o caminho para alcançar o conhecimento; o cientificismo se pautava na 
experiência científica para validar um conhecimento; o individualismo que representava a 
necessidade da prevalência da individualidade, da afirmação da personalidade individual 
e correspondeu ao princípio da ideologia liberal; o antropocentrismo que entendia que o 
homem era centro do Universo; o classicismo como referência do conhecimento 
produzido na Antiguidade Clássica para orientar o exercício da razão. 
 
4.1. Descartes e o racionalismo 
Em contraponto à influência do cristianismo na filosofia se afirma o Renascentismo 
que aconteceu entre os séculos XIV e XVII, um período de transição presente na ordem 
 
 
20 Filosofia da Educação 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
da sociedade feudal. Pode-se considerar que tal período significou a valorização do 
individualismo, princípio essencial da sociedade moderna. 
 
Nesse contexto, o homem retorno ao lugar central do pensamento, com isso, o 
humanismo como princípio e valor nas produções humanas. O homem “prático, como o 
artista e o artesão, predomina sobre os homens meditativos” (Mattar, p.74). 
 
As contribuições da filosofia que aconteceram na Idade Moderna (século XVI) se 
mantiveram mais atuais em relação as produções da filosofia antiga e medieval, em parte 
pelo tempo, em parte pelos valores que se constituíram nesse período e ainda estão 
presentes entre nós. 
 
Cabe ressaltar que a humanidade e a filosofia caminharam para o desenvolvimento 
do conhecimento universal e, com isso, científico, buscando respostas racionais. Desta 
forma, a filosofia moderna é também conhecida como racionalismo que se caracteriza, em 
síntese, pelas seguintes mudanças teóricas: 
• Esforço em demonstrar que a capacidade da razão humana pode conhecer e 
demonstrar o conhecimento sobre a verdade; 
• Aquele que reflete é o sujeito do conhecimento que deve reconhecer as 
condições para sua realização e daí produzir conhecimento sobre as coisas ou 
objetos do conhecimento; 
• Conhecer é exercitar a consciência reflexiva e o sujeito do conhecimento é a 
própria inteligência. 
 
Assim, aquilo que é objeto de conhecimento ou pode ser estudado deve ser 
“representado por um conceito ou por uma ideia clara e distinta, demonstrável e 
necessária, formulada pelo intelecto”. Além disto, em função do exercício da razão a 
natureza, a sociedade e a política podem ser estudadas e explicadas por aquele que 
se propõe a conhecer. A “realidade é racional porque é um sistema ordenado de 
causalidades físico-matemáticas perfeitas e plenamente conhecíveis pela razão 
humana (Chauí, 2008, p.49). 
 
 
21 Filosofia da Educação 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 
 Homem Vitruviano – www.literaturavicentina.blogspot.com acesso em 08/02/2021 
 
È importante pensarmos que a “realidade é um sistema de causalidades 
racionais rigorosas que podem ser conhecidas e transformadas pelo homem”, pois 
pelo conhecimento a realidade pode ser interpretada e explicada através de conceitos, 
com isso o sujeito do conhecimento é capaz de intervir na realidade, exatamente por 
isso é necessário examiná-la, pensar sobre a realidade, explica-la. Portanto, a 
intervenção humana na realidade que se pelo domínio da técnica, resultado de um 
processo racional mediado pela ciência. Tal fator justifica a importância das diversas 
correntes filosóficas, das teorias científicas e das possibilidades futuras a serem 
construídas pela humanidade (Chauí, 2008, p.49). 
 
A filosofia moderna se divide em três correntes filosóficas: o racionalismo, o 
empirismo e o idealismo. 
http://www.literaturavicentina.blogspot.com/
 
 
22 Filosofia da Educação 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Descartes é um dos principais representantes do racionalismo, uma vertente do 
pensamento filosófico que considera como princípio para a produção do conhecimento 
da verdade, o exercício da razão no ser humano. Foi matemático e filósofo, além de 
ter fundado a geometria analítica. 
 
Ao chegar em um método racional, Descartes inicia a filosofia moderna, isso 
porque seu método representa o esforço de superar os princípios filosóficos que 
norteavam a busca da verdade na Idade Média. Ao percorrer o exercício racional 
elabora a frase: “penso, logo existo”. Tal premissa resulta da ênfase na “razão e no 
mundo sensível como fontes de conhecimento”, trabalhando com a metafísica, as 
ciências físicas e a ética, constrói uma metáfora do conhecimento comparado a uma 
árvore do qual as raízes seriam a metafísica, o tronco a física e os galhos as diversas 
ciências, sendo as três principais: medicina, mecânica e moral” (Mattar, 2010, p.76). 
 
Assim, o método cartesiano, elaborado por Descartes, se constitui na “recusa 
de qualquer fundamento princípio ou verdade recebida da tradição e da experiência”. 
O sujeito deve “fundar as bases e as condições para a construção do conhecimento”. 
Com esse exercício, Descartes não aceita como verdade aquilo que levanta pontos de 
dúvida, ou seja, tudo pode ser questionando, as coisas e o corpo físico. Nesse 
percurso, o filósofo elabora sua frase ou premissa mais conhecida (Mattar, 2010, 
p.76). 
 
 Descartes em HQ – www.filosofianaescola.combr. Acesso em 08/02/2021 
 
É importante destacar com esse exemplo que os racionalistas utilizam o método 
dedutivo, “o uso de uma trilha lógica, partindo de enunciados gerais, para chegar a uma 
determinada conclusão”. Por esse motivo, para Descartes “corpo e alma são entidades 
separadase livres, e a consciência está ligada à ideia de alma, não ao corpo físico. O 
http://www.filosofianaescola.combr/
 
 
23 Filosofia da Educação 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
conhecimento é produzido uma vez que as “ideias estão dentro de nós e se revelam 
gradativamente, durante nosso crescimento intelectual. Nesse processo, Descartes 
estabelece o dualismo entre corpo e alma (Antonio, 2014, p.45). 
 
4.2. Locke e o empirismo 
O empirismo, outra corrente da filosofia moderna, considera a experiência sensível 
como fonte de nossas ideias, a experiência do conhecimento para os empiristas passam 
antes pelos sentidos. Desse modo, os empiristas destacam a “importância da sensação e 
da experiência”, os empiristas abordam temas como o “uso de hipóteses, a estrutura do 
raciocínio indutivo e probabilidade” (Mattar,2010, p.79). 
 
Ao contrário dos racionalistas, os empiristas acreditam que a “experiência deve ser 
o guia e o critério de validade para nossas afirmações”. Portanto, o uso dos sentidos nos 
leva ao conhecimento. O método empírico e experimental influenciou a produção do 
conhecimento e o desenvolvimento das ciências modernas que se pautam no 
conhecimento empírico, no exame da realidade para a elaboração de interpretações e de 
teorias. O método propõe que o conhecimento se realize por meio da observação e da 
indução, “formam-se hipóteses que devem ser então verificadas e testadas por 
experiências” (Mattar, 2010, p.79). 
 
O empirismo se desenvolveu de forma intensa na Inglaterra do século XVI que já 
vivia o crescimento econômico e o início da Revolução Industrial que culminou com a 
formação do modo capitalista de produção. 
 
John Locke foi um filósofo empirista inglês, opôs-se à concepção da existência de 
ideias inatas, considerava que não “existiriam pensamentos a priori, nem princípios 
práticos inatos”. Defendeu que o conhecimento estaria “fundado na experiência” e nossa 
mente ao nascermos seria uma “tábula rasa” (Mattar, 2010, p.146). 
 
As experiências individuais tornam-se ideias gerais, por vezes abstratas, são os 
universais que se formam quando ideias particulares se tornam ideias gerais Os 
universais são representações gerais porque se tornam presentes nas experiências 
individuais, seriam “criações do entendimento e não possuiriam existência real”. Remetem 
 
 
24 Filosofia da Educação 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
para a individualidade das coisas, pois “as ideias gerais representariam universalmente, 
por meio de uma relação mental” (Mattar, 2010, p.147). 
 
 
 Locke – www.pedagogiaaopedaletra.com.br acesso em 08/02/2020 
 
Para se chegar ao conhecimento por meio de ideias claras e diversas, elaboração 
de hipóteses e probabilidades, Locke sugere quatro partes da razão: 
• Capacidade de encontrar provas: a descoberta de provas pela razão humana 
permite a ampliação do conhecimento; 
• Ordenação: “disposição regular e metódica das provas, colocando-as numa 
ordem clara e adequada”; 
• Preparação da conexão entre as provas: “percepção da conexão que existe 
entre as ideias”; 
• Capacidade de tirar conclusões: ao se chegar em uma conclusão correta, é 
possível ampliar o conhecimento (Mattar, 2010, p.147). 
 
4.3. Kant e o idealismo 
O idealismo foi uma corrente do pensamento filosófico que se desenvolveu na 
Alemanha e ressalta a importância do sujeito do conhecimento. Assim, o “mundo material 
só pode ser compreendido plenamente a partir de sua verdade espiritual, mental ou 
subjetiva (Mattar, 2010, p.149). 
 
O seu principal representante foi Kant que tentou superar a divisão entre 
racionalismo e empirismo, entre suas principais obras se destaca a Crítica da Razão 
Pura; no percurso de suas reflexões e produções, o filósofo se volta primeiro para explicar 
as questões ligadas a epistemologia, a teoria do conhecimento, ou seja, ao como 
conhecer, em seguida se dedicou ao tema da moral e, por fim, a reflexão e construção de 
conceitos. 
http://www.pedagogiaaopedaletra.com.br/
 
 
25 Filosofia da Educação 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Na Crítica da Razão, Kant faz uma distinção entre conhecimentos empíricos e 
conhecimentos a priori. De um “ponto de vista cronológico, o conhecimento tem início com 
a experiência”, mas nem todos os conhecimentos se originam da experiência para o 
autor. (Mattar, 2010, p.150). 
 
 Capa de A Crítica da Razão Pura – www.netmundi.org acesso em 08/02/2021 
 
Vale dizer que na teoria de Kant, o “conhecimento não teria origem apenas no ser 
humano ou no objeto”, mas a interação entre os dois. Nesta perspectiva, é a “ação 
humana que torna o conhecimento universal, porém para que esse conhecimento seja 
constantemente atualizado, é necessária a experiência (Antonio, 2014, p.50). 
 
Assim, os “conhecimentos empíricos têm sua origem à posteriori”, a partir da 
experiência dos sentidos, enquanto o conhecimento a priori não depende da nossa 
experiência, pois se fundamenta na nossa capacidade de conhecer. Em decorrência 
disso, Kant ressalta a necessidade com critérios de classificação do conhecimento, o que 
remete para a universalidade do conhecimento, estabelecimento de leis e juízo que 
orientam o conhecimento e a elaboração das ideias (Mattar, 2010, p.150). 
 
A universalidade proposta por Kant é uma indução que se definem por juízos 
estabelecidos antes da experiência dos sujeitos para conhecer algo, as fórmulas 
matemáticas são exemplo disso, são definidas a partir de critérios e não podem ser 
retiradas à medida que se realiza a experiência do conhecimento matemático. O esforço 
de Kant está em distinguir as intuições que se realizam pelo sensível, pelas sensações e, 
os conceitos que resultam do esforço do pensamento. 
 
 
 
http://www.netmundi.org/
 
 
26 Filosofia da Educação 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
4.4. Rousseau e o Iluminismo 
O iluminismo corresponde a outra corrente da modernidade e do esforço em 
afirmar a filosofia a partir de um conhecimento universal, distanciando-se das explicações 
religiosas e contribuindo para a construção do saber científico. Tal fase compreendeu os 
séculos XVIII e XIX e como corrente do pensamento filosófico defendeu-se que pela 
razão, o homem pode alcançar a liberdade e, com isso, a felicidade social e política, 
essas ideias sustentaram a Revolução Francesa de 1789. 
 
Nesta perspectiva, a razão permitiria o aperfeiçoamento e o progresso, o homem 
poderia se aperfeiçoar, liberando-se de preconceitos religiosos, sociais e morais, no lugar 
disso se desenvolveria as ciências, as artes e a moral. 
 
Os iluministas vislumbravam o progresso das civilizações, considerando a 
existência de sociedade desenvolvidas e primitivas, estabelecendo um contraponto entre 
civilização e natureza. Assim, no estado de natureza há a prevalência das leis naturais e 
imutáveis. Na civilização há a prevalência da liberdade, da vontade livre dos homens que 
é regulada pela moral, seu exercício representa o aperfeiçoamento humano. 
 
Ao valorizar a razão, há também o esforço em conciliar racionalismo e empirismo, 
além da preocupação com o Estado e o desenvolvimento da filosofia política e social. O 
iluminismo é também conhecido como Século das Luzes porque correspondeu a um 
movimento político, social, cultural e filosófico. Entre os iluministas destaca-se Rousseau 
que produziu na área de filosofia política e ética. 
 
Rousseau, incialmente considerou que o ser humano é “naturalmente bom, mas, 
ao longo de sua vida a sociedade em que ele vive o corrompe”. Ao se orientar por uma 
visão naturalista considera que a essência humana é bondosa. No entanto, a civilização e 
as produções humanas como a ciência, as artes, geraram sentimentos repulsivos, tais 
como ciúme, vaidade, com isso, a sociedadehumana se corrompeu (Antonio, 2014, p.51). 
 
O filósofo trabalha com a tese do “bom selvagem”, tal ideia é recorrente em sua 
obra e defendida utilizando argumentos diferentes. Em Do Contrato Social, uma das obras 
de referência de filosofia política, defende a “ideia de que, não sendo possível um retorno 
do ser humano ao seu estado natural, deve ser criado um contrato entre todos” com o 
objetivo de estabelecer os princípios de uma vida em sociedade satisfatória. Assim, o 
 
 
27 Filosofia da Educação 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
contrato social é uma pacto social entre todos na sociedade que se sustenta pela vontade 
geral dos indivíduos e o objetivo seria uma sociedade justa entre os indivíduos. 
 
www.2.bp.blogspot.com acesso em 08/02/2021 
 
Em Emílio ou Da Educação, um romance pedagógico em que narra a vida de 
Emílio, um órfão. A proposta pedagógica defendida na obra é a de que “ a criança deve 
desenvolver seus próprios instintos” e o educador deve “preservar a natureza da criança” 
(Antonio, 2014, p.55). 
 
O método pedagógico sugerido por Rousseau se divide em quatro etapas: 
 
Primeira fase – 0 a 5 anos de idade – prioridade da amamentação e 
desenvolvimento físico livre. 
 
Segunda fase – 5 a 12 anos de idade – promoção do contato da criança com o 
meio que ela vive, sem a intervenção do educador. 
http://www.2.bp.blogspot.com/
 
 
28 Filosofia da Educação 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Terceira fase - 12 a 15 anos de idade – com a presença e participação do 
educador, o adolescente deve aprender por meio de experiências vividas pelo estudo de 
matérias e realização de ofício. 
 
Quarta fase – de 15 a 20 anos de idade - preparação para a vida social e para a 
fase da razão (Antonio, 2014, p.56). 
 
A proposta pedagógica de Rousseau pode ser entendida como uma reflexão sobre 
a influência da sociedade na educação e na formação das crianças e adolescentes do 
que uma alternativa viável à efetiva aplicação do método, pois defende que as crianças 
devem ser educadas isoladas da vida social, será possível isso? No entanto, crescer e 
experimentar uma relação livre pode se configurar como algo instigante. 
 
 
 
 
29 Filosofia da Educação 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
5. FILOSOFIA e SOCIEDADE MODERNA 
 
Objetivo 
Compreender as principais correntes do pensamento da filosofia moderna e seus 
reflexos para a construção do sistema de educação prevalecente na vida em sociedade. 
 
Introdução 
A sociedade moderna é resultado de uma mudança sócio-histórica profunda com 
reflexos para a ordem social, política e econômica da vida em sociedade. Nesse sentido, 
a mudança foi norteada pela implementação e consolidação do modo capitalista de 
produção, a vida em sociedade passou a se organizar em torno do trabalho nas grandes 
cidades, desenvolvendo a noção de cidade urbana ou grandes centros urbanos. Do ponto 
de vista econômico a mudança corresponde ao próprio modo de produção que passou a 
vigorar na sociedade, o capitalismo se caracteriza como um modo de produção que 
depende do trabalho que passou a ser assalariado, com a separação entre quem investe 
na produção e quem trabalha. 
 
Assim, desenvolveu-se a concepção de Estado moderno, os direitos fundamentais 
do homem, entre eles o direito à propriedade privada, além da noção de cidadania 
reconhecendo a igualdade jurídica entre todos os indivíduos da vida em sociedade. 
 
As ciências respaldaram esse processo de transformação social e ocorreu a 
fragmentação dos saberes com a diversificação das diferentes áreas do conhecimento, 
desenvolvimento do saber técnico-científico e ampliação das ciências humanas. 
 
5.1. Comte e o Positivismo 
Positivismo surgiu na França, no início do século XIX, se desenvolveu sob a 
influência do iluminismo, das ciências naturais, as mudanças da sociedade ocorridas com 
a formação da sociedade moderna e o modo capitalista de produção. 
 
Comte foi seu principal representante e sua teoria positivista se pauta na razão e 
no progresso humano, o que aconteceria através do desenvolvimento da ciência e da 
tecnologia. Na direção do progresso, as sociedades se desenvolveriam em estágios de 
desenvolvimento, segundo Comte: 
 
 
30 Filosofia da Educação 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
• Fase teológica: a justificativa do mundo e da vida está em Deus; 
• Fase metafísica: crença humana nas forças ocultas para explicar os fatos e 
acontecimentos; 
• Fase positiva: prevalência da ciência para se buscar respostas sobre as coisas 
(Antonio, 2014, p. 58). 
 
 
 www.pensador.com acesso em 08/02/2021 
 
Nesta perspectiva teórica a sociedade deveria se desenvolver, a ordem social 
deveria ser mantida para que os indivíduos e a sociedade caminhassem na direção do 
progresso, por isso a frase: ‘ordem e progresso’. Comte e o positivismo influenciaram 
a formação da sociologia 
 
5.2. Marx, Engels e o Marxismo 
Marx filósofo alemão que elaborou em conjunto com Engels, a teoria social crítica 
que se propôs a buscar a essência da sociedade moderna e, com isso, elaborar sua 
crítica, propondo o caminho identificado por eles que possibilitaria a transformação social. 
Portanto, essa concepção teórica e corrente filosófica tem como pressuposto apreender o 
movimento real da sociedade para identificar a possibilidade de sua superação através de 
um processo de transformação social. 
 
Como isso efetivamente ocorre? Primeiro, é importante pensar na metodologia 
utilizada por Marx e Engels, sendo a dialética e o materialismo histórico. A dialética 
envolve três etapas: afirmação, negação e superação, representam passos metodológicos 
para a orientação do pensamento e da elaboração das reflexões sobre a realidade social. 
Nesta perspectiva, a afirmação refere-se a um aspecto da realidade, no segundo 
momento deve o pesquisador negar a realidade, elaborando questionamentos para 
http://www.pensador.com/
 
 
31 Filosofia da Educação 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
romper a aparência dos fatos que inicialmente definem essa realidade, esse processo 
permite que seja elaborada uma nova ideia sobre a realidade, é um caminho para que se 
alcance a essência da realidade, por fim, essas etapas permitem que o pesquisador 
elabore uma ideia crítica da realidade investigada, essa crítica contém uma ideia de 
superação. 
 
Segundo, ao lado da dialética essa concepção teórica se desenvolve o 
materialismo histórico que entende que a sociedade se sustenta pela produção material 
da vida social, ou seja, pelo trabalho que permite os homens que garantam suas 
necessidades objetivas, ao mesmo tempo, afirmam sua existência e fazem a história a 
partir de suas condições de existência e circunstâncias vividas. Assim, acredita-se que a 
história é feita pelo homem a partir de suas condições objetivas de existência, com isso, a 
história é movimento e depende do protagonismo humano. 
 
Do ponto de vista metodológico, esse movimento permite que se elabore uma 
concepção crítica da realidade. O objeto de estudo em questão foi a sociedade capitalista 
que se sustenta pelas contradições sociais e por forças antagônicas representadas pelos 
conflitos de classe e pelo processo de desigualdade social construído nessa sociedade. 
Tal antagonismo é representando pelo confronto entre capital e trabalho ou pelo confronto 
presente na sociedade entre capitalistas e trabalhadores, definidos por Marx e Engels 
como burguesia e proletariado. 
 
 
 Manifesto Comunista em Quadrinhos – www.vitralizado.com acesso em 08/02/2021 
 
Com base nisso, como podemos aproximar a teoria social crítica da educação? 
 
Para Marx e Engels a superação da sociedade capitalista está na base dessa 
sociedade e pode acontecer com a tomada de consciênciae ação política dos 
trabalhadores, o que seria através da práxis, a ação consciente ou a consciência em 
http://www.vitralizado.com/
 
 
32 Filosofia da Educação 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
movimento. Portanto pela participação, pela educação podem os trabalhadores 
mobilizarem-se para que se efetive um processo de transformação social que culmine 
com a emancipação, eliminando as bases de opressão e da produção material da vida 
social arraigada na exploração do homem pelo homem. 
 
 
 
 
 
 
 
 
33 Filosofia da Educação 
 
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6. FILOSOFIA CONTEMPORÂNEA 
 
Objetivo 
Conhecer as principais características do estruturalismo e do pragmatismo, 
associando-os à concepção de escola e ao desenvolvimento do processo de 
conhecimento. 
 
Introdução 
Com a diversificação da vida em sociedade, as ciências humanas passam a 
investigar a complexidade da vida social e as diferenças entre modos de vida, culturas 
diferentes, por exemplo. Tal aspecto demandou o desenvolvimento de diferentes 
correntes do pensamento filosófico e das ciências humanas. Nesse contexto, se destaca 
o estruturalismo e o pragmatismo. 
 
6.1. Estruturalismo e Pós-estruturalismo 
O estruturalismo se desenvolveu na França, em meados do século XX, envolve a 
filosofia e outras áreas das ciências humanas, das ciências exatas e da biologia. Entre 
seus representantes estão Lévi-Strauss, Foucault, Barthes, Bourdieu. Os pós-
estruturalistas associam-se ao debate em torno da pós-modernidade, entre esses 
pensadores destacam-se Gilles Delleuze, Guattari, Jameson e Baudrillard. 
 
Na concepção estruturalista a realidade é composta por estruturas, essas estão 
presentes nos diferentes aspectos da realidade ou naquilo que os seres humanos 
produzem, tais como as artes, a cultura, a linguagem, o corpo, a arquitetura, 
comportamentos, educação. Desta forma, o método científico consiste em “identificar 
essas estruturas e explicar como suas partes se organizam numa totalidade, 
formalizando-as”. A estrutura corresponde a uma “totalidade que se transforma esse 
autorregula” (Mattar, 2010, p.92). 
 
 
34 Filosofia da Educação 
 
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Pós-estruturalistas: Foucault, Barthes, Boudrillard, Eco - www.forumpermanente.org acesso em 08/02/2021 
 
Foucault, filósofo estruturalista, considera que os “pensamentos de uma pessoa ou 
sociedade são guiados por estruturas inconscientes”, considera que existem “diferentes 
universos conceituais” que variam com o momento histórico e com a localidade. Para 
Foucault a “ideia de progresso é ilusória; o que acontece na verdade, é a simples troca de 
sistema de pensamento por outro de tempos em tempos” (Antonio, 2014, p.77). 
 
Em sua teoria relacionou o saber e o poder, em obras como Vigiar e Punir, 
Microfísica do Poder, e A Arqueologia do Saber. Tal relação se manifesta nas instituições 
sociais; por exemplo, nas escolas como instituições de ensino, há o “poder disciplinar 
como forma de moldar o comportamento dos alunos dentro do padrão desejado”. Assim, a 
“ideia do saber está sempre ligada a do poder”, com isso se sustenta a ideia de que o 
professor tem poder em decorrência de seu saber (Antonio, 2014, p.77). 
 
A classificação é outro aspecto que influencia o sistema escolar e revela a estrutura 
de ensino e, consequentemente a estrutura de uma sociedade, como por exemplo, as 
características físicas, de idade e até, de cultura ou religião. 
 
Desse modo, Foucault é um filósofo que contribui para reflexões sobre padrões 
sociais e pedagógicos. 
 
6.2. Pragmatismo e John Dewey 
O pragmatismo se formou no esforço de alguns filósofos revalorizarem a lógica, 
nos Estados Unidos e se propôs a “dar significado às experiências com base em sua 
http://www.forumpermanente.org/
 
 
35 Filosofia da Educação 
 
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contextualização prática”. A palavra já significa em grego ‘ação’, ‘atividade’ (Antonio, 
2014, p.78). 
 
Os filósofos pragmatistas consideram que a “verdade pura é inacessível à 
inteligência do ser humano”, pois entendem que o “ser humano sempre analisará suas 
experiências com base em valores e opiniões pessoais, o que impossibilita a definição 
permanente de qualquer coisa. Assim, uma avaliação se realiza a partir de “resultados 
práticos originados de nossos atos ou pensamentos” (Antonio, 2014, p.78). 
 
 
 www.saberpolitica.com.br acesso em 08/02/2020 
 
Na educação, John Dewey, com base no pragmatismo, fundou o instrumentalismo 
que considera o pensamento definido como um “instrumento que usamos para interagir 
com o complexo mundo ao nosso redor”. Assim, nosso pensamento é “guiado para 
solucionar problemas”, por isso a principal tarefa da educação para Dewey é “tornar o ser 
humano apto a pensar de forma correta”, preparando os alunos para enfrentarem os 
“desafios práticos futuros”. Portanto, deve a sala de aula ser um lugar de investigação 
científica ao invés de ser um lugar onde se trabalha a memorização de conteúdos 
(Antonio, 2014, p.78). 
 
Tal corrente filosófica influenciou o movimento Escola Nova que no Brasil ganhou 
força na década de 1930. 
 
 
http://www.saberpolitica.com.br/
 
 
36 Filosofia da Educação 
 
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7. TENDÊNCIAS PEDAGÒGICAS LIBERAIS 
 
Objetivo 
Examinar a influência do pensamento liberal para o sistema escolar e o 
desenvolvimento das propostas pedagógicas. 
 
Introdução 
O pensamento liberal e a valorização do individualismo estão presentes na vida em 
sociedade e, de certa forma, se perpetuam através dos modelos de educação e da forma 
como a maior parte das escolas se organizam, consequentemente se desenvolvem 
propostas pedagógicas pautadas nos valores vigentes da sociedade. 
 
7.1. Tendência pedagógica liberal tradicional 
As tendências pedagógicas são várias e expressam diferentes classificações ou 
são orientadas por princípios e concepções diferentes. De modo geral, prevalecem as 
tendências pedagógicas liberais e as progressistas. Nas páginas seguintes vamos 
examinar as características das principais tendências para a compreensão de seus 
significados. 
 
A tendência pedagógica liberal tradicional, inspirada na ideologia liberal que 
sustentou a formação do sociedade moderna e o modo capitalista de produção. Tal 
ideologia defende o direito à propriedade privada e considera o individualismo e a 
liberdade como princípios norteadores da vida social. A defesa da igualdade de 
oportunidades é considerada, mas não há o debate sobre as desigualdades sociais. 
 
Assim, a tendência pedagógica liberal tradicional entende que a escola deve 
“preparar o indivíduo para desenvolver uma atribuição social futura, escolhida com base 
em sua inclinação natural” (Antonio, 2014, p.89). 
 
 
 
37 Filosofia da Educação 
 
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 www.fazendo pedagogia.wordpress.com 
 
A pedagogia liberal se realiza pela educação tradicional formada no século XIX e 
presente ainda na nossa realidade. Nesta perspectiva, a escola é vista como um 
“preparatório do intelecto e da integridade moral do indivíduo” para que possa se preparar 
para fazer parte da vida social, assumindo um papel ou uma profissão nessa sociedade. A 
escola também se volta para questões culturais e os “conteúdos ministrados são os 
mesmos para todos”, o aproveitamento do ensino “depende da capacidade e do esforço 
individual” (Antonio, 2014, p.90). 
 
A educação tradicional se desenvolve com a noção de um professor autoritário 
que exige dos alunos concentração e disciplina. Nessa escola há pouco espaço em sala 
de aula para o diálogo, um dos pontos de crítica atribuídosa ela. 
 
7.2. Tendência Pedagógica liberal renovada 
A tendência pedagógica liberal renovada se desenvolve associada ao movimento 
da Escola Nova iniciada nos Estados Unidos e na Europa, no final do século XIX. No 
Brasil influenciou o modelo escolar na década de 1930. 
 
Nessa tendência pedagógica, o principal papel da escola é “tornar as atividades 
individuais apropriadas ao meio social”, a escola tem a finalidade de reproduzir a vida, 
proporcionando aos alunos experiências que possam “interagir com o meio e se educar, 
adequando seus interesses pessoais às demandas da sociedade” (Antonio, 2014, p.91). 
 
Ao propor o trabalho em sala de aula a partir de problemas e desafios reais, o 
“desenvolvimento dos processos de raciocínio e as habilidades mentais são mais 
valorizadas que o conteúdo assimilado”. Desta forma, o método pedagógico se orienta por 
 
 
38 Filosofia da Educação 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
“experimentos, investigações e descobertas”, além da valorização do trabalho em equipe. 
A relação entre professor e aluno deve ser franca e aberta, o professor é considerado 
como um “auxiliar na evolução do aluno” e a disciplina em sala de aula é resultado da 
conscientização do aluno sobre seus direitos e deveres (Antonio, 2014, p.92). 
 
A tendência pedagógica liberal renovada é pouco frequente em escola básica, mas 
se difundiu mais nas universidades. 
 
7.3. Tendência pedagógica liberal renovada não diretiva 
Tendência pedagógica liberal renovada não diretiva enfatiza a função escolar no 
desenvolvimento pedagógico do aluno. Assim, o “crescimento pessoal do aluno é mais 
importante do que conhecimento didático”, com isso, o professor orienta os alunos com o 
propósito de criar na “sala de aula um ambiente propício para a autorreflexão e bem estar 
psicológico” (Antonio, 2014, p.93). 
 
O professor deve elaborar estratégias individuais aos alunos com o objetivo de 
promover esse desenvolvimento que deve culminar o processo de autoconhecimento do 
aluno. A motivação para a aprendizagem deve ser interna e o professor-educador não 
interfere na trajetória do aluno. Portanto, no lugar de prova essa tendência pedagógica 
trabalha com a autoavaliação. 
 
7.4. Tendência pedagógica liberal tecnicista 
Tendência pedagógica liberal tecnicista propõe que a escola prepare os alunos 
para o trabalho ou para a realização de tarefas em postos de trabalho, devendo transmitir 
conhecimento e técnicas de trabalho de forma clara e eficaz. No Brasil, essa tendência foi 
introduzida durante a ditadura militar, na década de 1960. 
 
 www.funfilosedu.blogspot.com Acesso em 08/02/2021 
http://www.funfilosedu.blogspot.com/
 
 
39 Filosofia da Educação 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Tal tendência pedagógica considera que o ser humano é um “produto do meio em 
que vive, sendo sua consciência construída a partir das relações que estabelece nele”. 
Nesse caso, a principal função da escola é a preparação do indivíduo para o mercado de 
trabalho, onde se valoriza o uso e domínio da tecnologia e de técnicas, então é o 
professor um transmissor de conhecimento e repertório (Antonio, 2014, p.95). 
 
 
 
 
 
 
 
40 Filosofia da Educação 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
8. TENDENCIAS PEDAGÓGICAS PROGRESSISTAS 
 
Objetivo 
Compreender as propostas pedagógicas que propõem um visão crítica da 
sociedade capitalista e seu modelo de educação. 
 
Introdução 
As correntes do pensamento filosófico que elaboraram uma reflexão crítica da 
sociedade, influenciaram a formação de propostas pedagógicas que se orientam pela 
valorização do desenvolvimento humano, bem como seu processo de educação. Para tal 
a escola e a proposta pedagógica deve se realizar pela crítica da realidade social e por 
estratégias que motivem o desenvolvimento intelectual de cada aluno. 
 
8.1. Tendência pedagógica libertária 
Tendências pedagógicas progressistas foi iniciada por Snyders, um francês que 
defendeu que a análise crítica da realidade social deveria ser realizada em sala de aula, 
pois defendia que a “educação deve ser acima de tudo um processo que gere nos alunos 
a consciência social, política e coletiva”, pensando possibilidade da inclusão social 
(Antonio, 2014, p.97). 
 
A pedagogia progressista tem três vertentes, a pedagogia libertária, a pedagogia 
libertadora e a crítico-social dos conteúdos. 
 
Tendência pedagógica progressista libertária foi introduzida no Brasil pelos 
trabalhadores imigrantes que vieram da Europa para trabalhar nas lavouras ainda no 
século XIX. Tal pedagogia se fundamenta na crítica das instituições tradicionais. 
 
Para a pedagogia libertária a “educação deve ser capaz de transformar a 
personalidade do indivíduo, funcionando como agente libertador e tornando o aluno apto a 
administrar seu próprio aprendizado e sua vida como um todo” (Antonio, 2014, p.101). 
 
A metodologia libertária foca seu trabalho nas experiências em grupo, ou seja, o 
aprendizado se dá pela convivência em grupos que devem ser organizados pelos próprios 
 
 
41 Filosofia da Educação 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
alunos e devem promover a troca de experiências, enquanto se apropriam dos conteúdos. 
O professor deve ter uma postura de conselheiro. 
 
8.2. Tendência pedagógica libertadora 
A tendência pedagógica progressista libertadora tem Paulo Freire como 
representante e como objetivo desenvolver aluno cidadãos. 
 
Para Paulo Freire, cidadania é a “capacidade de compreender e transformar a 
sociedade”, para isso, a escola deve formar cidadãos. Em seu trabalho educativo Freire 
considerava a experiência anterior de seus alunos para ensinar, uma vez que defendia 
que a “leitura do mundo precede a leitura da palavra” (Antonio, 2014, p.98). 
 
Além disso, a educação é também guiada pelos sentimentos, ao mesmo tempo em 
que é guiada pela consciência de educandos e educadores como uma troca, um 
processo, pois a “educação tem o poder de sensibilizar os indivíduos, ela também pode 
promover mudanças na sociedade”. Portanto, a alfabetização se concretiza pela utilização 
de palavras comuns do cotidiano dos alunos, “numa contínua associação do aprendizado 
com a vida”, os “grupos de discussão” correspondem a uma estratégia que promove o 
diálogo entre educador e educandos (Antonio, 2014, p.98). 
 
 www.pedagogiando.blogspot.com acesso em 08/02/2021 
 
A metodologia libertadora se orienta por três estágios, a investigação, a 
tematização e a problematização. Com o objetivo de alfabetizar-se e, ao mesmo tempo, 
aprofundar a interpretação sobre a realidade social e a elaboração de ideias sobre ela. 
 
No Brasil e no mundo o método Paulo Freire se constitui como referência para 
pensar e realizar uma educação que promova a reflexão e a construção das 
possibilidades de mudanças sociais. 
http://www.pedagogiando.blogspot.com/
 
 
42 Filosofia da Educação 
 
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8.3. Tendência pedagógica crítico-social dos conteúdos 
Tendência pedagógica progressista crítico-social dos conteúdos surgiu nos anos 
1970 como um esforço de educadores brasileiros em realizar uma educação capaz de 
transformar a sociedade. 
 
Tal tendência atribui valor aos conteúdos que devem ser inseridos na realidade 
social dos alunos. Nesse sentido, também são valorizados os “relacionamentos 
interpessoais e a evolução que eles proporcionam”, especialmente em relação ao 
“desenvolvimento da personalidade do aluno e sua assimilação pessoal da sociedade em 
que vive” (Antonio, 2014, p.113). 
 
A possibilidade de realizar a crítica social pelo aluno se dá quando o aluno vivencia 
e observa na sua rotina o que aprende na sala de aula, possibilitando ao aluno “trabalharcom conteúdos que estão adequados à realidade vivida socialmente por eles” (Antonio, 
2014, p.113). 
 
A proposta metodológica dessa tendência é estabelecer um equilíbrio entre teoria e 
prática, associando os conteúdos aos interesses e à vida social dos alunos. Nesse caso, 
deve o professor agir como um mediador junto aos alunos, orientando-os e interagindo 
com eles e os conteúdos. O aluno deve vivenciar uma participação ativa, crítica e 
consciente, uma vez que o papel da escola nessa tendência pedagógica é ser o agente 
transformados da realidade. 
 
 
 
 
 
 
 
43 Filosofia da Educação 
 
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9. FILOSOFIA E EDUCAÇÂO: TEMAS EM DEBATE 
 
Objetivo 
 Problematizar questões presentes na sociedade contemporânea, considerando 
seus reflexos para o processo de aprendizagem, bem como a possibilidade da filosofia 
respaldar as reflexões realizadas. 
 
Introdução 
 A filosofia contribui para a reflexões sobre questões presentes no nosso tempo. 
Além disto, a consideração e a atenção dessa questões as reflexões se voltam para a 
prática educativa, para a possibilidade de realizar debates em sala de aula capazes de 
motivar o exercício de reflexão e elaboração de ideias por parte dos alunos. 
 
9.1. Subjetividade e educação 
O tema da subjetividade ganhou destaque nas últimas décadas. Na educação esse 
está ligado ao reconhecimento de o conhecimento se dá por meio de um processo interno 
de quem conhece. Segundo Paulo Freire, ‘conhecer é tarefa de sujeitos, não de objetos. 
E é como sujeito e somente enquanto sujeito que o homem realmente pode conhecer 
(Apud Antonio, 2014, p.114). 
 
 www.resarchgate.net acesso em 08/02/2021 
 
Antonio considera que a subjetividade se define como o “espaço íntimo do sujeito, 
associado a seus processos internos”, ou seja, subjetivos. Na filosofia a subjetividade se 
associa à reflexões sobre a consciência do indivíduo e reconhece que ‘sujeito’ é aquele 
que tem capacidade de pensar por si mesmo, com isso a filosofia passa a “analisar as 
diferenças entre os indivíduos”, esses considerados como “sujeitos singulares”, mas com 
“identidade própria” (Antonio, 2014, p.114). 
http://www.resarchgate.net/
 
 
44 Filosofia da Educação 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Essas ideias influenciaram a educação e propostas pedagógicas, como Paulo 
Freire que entende a educação como caminho fundamental para assegurar o 
desenvolvimento subjetivo e humanizador dos sujeitos. 
 
Cabe ressaltar a relevância desse processo como contraponto à educação 
bancária realizada nos marcos de uma sociedade desumanizante, por esse motivo Freire 
associa a objetividade e subjetividade para que a educação se realiza como um processo 
em busca da autonomia do indivíduo. Nesta perspectiva, a ética de quem educa é central, 
pois há um responsabilidade em potencializar pela educação o desenvolvimento dos 
indivíduos, realizando uma ação conscientizadora onde seja possível a valorização do 
saber individual para que seja possa dialogar com os vários sujeitos. A singularidade 
permite a construção de um conhecimento crítico, viabilizando a leitura do mundo e a 
liberdade dos educandos. 
 
9.2. Tecnologia e sociedade contemporânea 
O desenvolvimento tecnológico do nosso tempo é desdobramento da ciência e da 
sociedade moderna, pois chegamos a um nível de especialização que favorece toda a 
inovação tecnológica. Com isso, podemos indagar qual o lugar da filosofia nesse cenário 
de realidade? Quais os dilemas postos para o processo de formação e escolarização dos 
jovens do nosso tempo? 
 
Primeiro aspecto a considerar é que a filosofia sempre contribui para a 
interpretação da realidade e para se pensar em métodos para continuar o processo de 
conhecimento da realidade e buscar desvelar as questões em torno da essência humana. 
 
Portanto, a filosofia interage se apropria e interage com as questões vinculadas à 
intensificação dos usos da tecnologia que caracterizam a vida na sociedade 
contemporânea. Entre os temas pertinentes à filosofia se destacam as reflexões sobra a 
relação entre tempo e espaço, uma vez que com a ampliação da esfera virtual 
vivenciamos uma espécie de deslocamento entre tempo e espaço, ou seja, passamos a 
participar de espaços diferentes no mesmo tempo, passamos a interagir com mais 
intensidade por um longo período de tempo do nosso dia, damos conta de múltiplas 
tarefas ao mesmo tempo. 
 
 
45 Filosofia da Educação 
 
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 Um reflexão sobre a evolução humana - www.hermanoprojetos.com acesso em 08/02/2021 
 
Diante da presença da esfera virtual e da esfera real da vida, há alterações na 
forma como nos comportamos, mas há também mudanças no processo de construção do 
conhecimento e no reconhecimento da autoria das produções, pois uma ideia elaborada 
por um autor pode ser veiculada amplamente nas redes sociais sem a devida atribuição 
autoral. Por esse motivo, a ampla circulação de ideias pode comprometer o debate 
intelectual, pois corremos o risco de citar ou divulgar uma ideia sem saber exatamente 
qual a fonte, uma vez que a ampla circulação de informações favorece a sua rapidez na 
veiculação, mas não assegura que se preserve a autoria delas, então temos a 
apropriação das ideias com o amplo acesso às informações, mas nem sempre são 
assegurados os direitos de autoria e a fonte pode se perder da ideia elaborada. 
 
Contudo, podemos pensar no dilema ético constituído nos marcos da chamada 
sociedade da informação. Tal dilema remete para o reconhecimento das fontes de 
informação, mas não se restringe a isso, remete também para a identificação e o 
reconhecimento do que é ético em nossa sociedade, especialmente sobre os usos e 
nosso comportamento nas redes sociais. Por exemplo, muitas vezes comentamos ou 
fazemos postagens sem nos darmos conta de que tudo fica registrado na rede de 
informações, sejam nossas curtidas, postagens, comentários. 
 
Assim, devemos ter em mente que há uma responsabilidade ou uma conduta no 
nosso agir em sociedade e, ao mesmo tempo, no nosso agir nas redes sociais. A ética é 
uma das características do nosso perfil? Essa resposta não é simples, pois demanda a 
definição do que é ético nas redes sociais, demanda a identificação dos valores que 
permeiam a ampla comunicação e interação entre diferentes pessoas. 
 
http://www.hermanoprojetos.com/
 
 
46 Filosofia da Educação 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Após pontuar algumas questões que envolvem os usos da tecnologia e da 
processualidade de informações que temos acesso, cabe indagarmos como isso se 
reflete no processo de formação de crianças, adolescentes e jovens? Além disto, cabe a 
pergunta sobre como o sistema escolar se utiliza da tecnologia, das redes sociais para 
que a educação se aproprie desses recursos e permite o desenvolvimento de aulas que 
favoreçam o uso positivo dessas ferramentas? 
 
Vale lembrar que nem todos os alunos conseguem acessar e utilizar as redes da 
mesma forma, tal acesso se define, em linhas gerais, pelas condições socioeconômicas 
de cada um. Outro aspecto que vale mencionar é o quanto as propostas pedagógicas 
conseguem prever e absorver práticas que promovam de forma reflexiva o uso das 
tecnologias da informação de forma a realizar uma alternativa aos alunos para que 
incorporem na sua experiência a utilização consciente dos recursos tecnológicos. 
 
Enfim, conforme exposto aqui as questões vinculadas a como utilizar a tecnologia 
e, ao mesmo tempo, como buscar formas de conhecer para que se desenvolva seu uso 
responsável são diversas e complexas; porém é certo que tal desafio pode favorecer um 
amplo debate e a construção da democratização do acesso e do uso dos recursos 
tecnológicos e das redes sociais. 
 
9.3. Dilemas

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