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Pesquisa de levantamento: Uma 
Metodologia para Estimular Pessoas 
a Falar Sobre Si Mesmas
m
Por que fazer Levantamentos? 
Amostragem de uma População
Intervalos de Confiança 
Tamanho da Amostra 
Técnicas de Amostragem 
Amostragem Probabilística
Amostragem Randômica Simples 
Amostragem Randômica Estratificada 
Amostragem por Agrupamento 
Amostragem Não Probabilística 
Amostragem Acidental 
Amostragem por Quota 
Avaliação das amostras 
Referencial da Amostra 
Taxa de Retorno
Razões para Usar Amostras de Con­
veniência
Elaboração das perguntas
Definição dos Objetivos da Pesquisa 
Atitudes e Crenças 
Fatos e Dados Demográficos 
Comportamentos 
Formulação das Questões 
Simplicidade 
Questões Ambíguas 
Questões Tendenciosas 
Formulação Negativa 
“Dizer sim ” e “Dizer não”
C Respostas às Questões
Questões Abertas versus Questões 
Fechadas
Número de Alternativas de Respos­
tas
Escalas de Avaliação
Escala de Avaliação Gráfica 
Escala de Diferencial Semântico 
Escala Não Verbal para Crianças.
Atribuiçfio de Rótulos às Alterna­
tivas de Resposta
t- Finallzaçflo do Questionário
Formatação do Questionário
Redefinição das Questões
r Aplicação de Levantamentos
Questionários
Aplicação em Grupo 
Levantamentos por Correio 
Levantamentos pela Internet
Entrevistas
Entrevistas Face a face
Entrevistas por Telefone
Entrevistas de Grupo Focal
t Levantamentos Planejados para 
Estudar Mudanças ao Longo do 
Tempo
Termos Estudados 
Questões de Revisão 
Atividades
P esquisas de levantamento empregam questionários e entrevistas, com o objetivo de solicitar às pessoas informações sobre si mesmas - suas ati­tudes e crenças, dados demográficos (idade, gênero, renda, estado civil 
etc.) - e outros fatos, além de comportamentos passados e previsão de compor­
tamentos futuros. Este capítulo explorará os métodos de planejamento e reali­
zação de levantamentos, incluindo técnicas de amostragem.
POR QUE FAZER LEVANTAMENTOS?
Durante as últimas semanas, li vários relatos sobre resultados de levanta­
mentos em meu jomal local. Um deles foi um levantamento feito com eleitores 
da Califórnia, para medir sua preferência em relação a dois concorrentes à Pre­
sidência dos EUA. Outro foi um levantamento realizado em todo o Estado, com 
pais de crianças de 3 a 16 anos, para examinar suas preocupações a respeito de 
cuidado com as crianças e escolas. Um levantamento nacional feito com adoles­
centes relatou suas experiências com violência. Também deparei com levanta­
mentos no trabalho. Meu departamento realizou um levantamento com os re- 
cém-graduados no programa de mestrado, colhendo informações sobre empre­
go e percepções referentes a sua experiência no programa. Um de meus alunos 
terminou recentemente um levantamento com vítimas de violência doméstica, 
que viviam em dois abrigos locais, para medir sua experiência com a polícia. 
Finalmente, deparei com um levantamento em casa, quando minha esposa, que 
havia comprado um carro novo recentemente, recebeu um levantamento do 
fabricante solicitando sua avaliação sobre a qualidade do carro e o atendimento 
dado pelo vendedor. Levantamentos são, claramente, um método comum e im­
portante para estudar comportamento.
Levantamentos fornecem uma metodologia para solicitar às pessoas que 
falem sobre si mesmas. Eles tomaram-se extremamente importantes, à medida 
que a sociedade passou a exigir dados sobre uma série de assuntos, não se satis­
fazendo com a intuição e com registros não sistemáticos. Meu departamento 
necessita de dados sobre os graduados para planejar mudanças no currículo. 
Fabricantes de automóveis querem dados sobre os compradores para avaliar e 
aumentar a qualidade do produto e a satisfação do consumidor. Sem coletar 
esses dados, ficamos totalmente dependentes das histórias que pudermos ouvir 
ou das cartas que um graduado ou consumidor possa vir a escrever-nos. Outros 
levantamentos podem ser importantes para ajudar legisladores ou agências go­
vernamentais a tomar decisões em termos de políticas públicas. Em pesquisa 
básica, muitas variáveis importantes são mais facilmente estudadas por meio de 
questionários ou entrevistas; exemplos incluem satisfação conjugal, comporta­
mentos sexuais e atitudes.
1 4 4 M étodos de P esquisa em C iências do C omportamento
Freqüentemente, pensamos em dados de levantamentos como uma “foto­
grafia” do pensamento e dos comportamentos das pessoas em dado momento. 
No entanto, o método de levantamento também é um meio importante de pes­
quisadores estudarem relações entre variáveis e a mudança de atitudes e com­
portamentos no decorrer do tempo. Por exemplo, Steinberg e Dornbusch (1991) 
examinaram a relação entre o número de horas que estudantes secundaristas 
trabalham e variáveis tais como notas médias, uso de droga e álcool e distúrbios 
psicossomáticos. A amostra consistiu em 3.989 estudantes de segundo grau de 
nove escolas da Califórnia e de Wisconsin. Os pesquisadores constataram que
“muitas horas de trabalho durante o ano escolar estão associadas com menor 
investimento e pior desempenho escolar, aumento de distúrbios psicológicos e 
somáticos, uso de drogas e álcool, delinqüência e autonomia em relação aos 
pais” (Steinberg; Dornbusch, 1991, p. 304).
A Figura 7-1 mostra um resultado típico: freqüentemente, há alguns aspec­
tos positivos de trabalhar menos de 10 horas por semana (em oposição a não 
estar empregado); com base nesse ponto, no entanto, o aumento do número de 
horas de trabalho está associado a efeitos negativos progressivamente maiores.
Fonte: “Correlatos negativos do trabalho em tempo parcial durante a adolescência”, de L. Steimberg 
e S. M. Dornbusch, 1991, Developmental Psychology, 27, p. 303-313. Direitos autorais © 1991 
da Associação Americana de Psicologia. Reproduzido mediante autorização.
Figura 7.1 Relação entre horas de trabalho e notas escolares.
A pesquisa de levantamento também é importante para complementar os 
resultados da pesquisa experimental. No Capítulo 2, vimos que Winograd e 
Soloway (1986) realizaram experimentos sobre as condições que nos levam a
P esquisa de Levantamento : U ma M etodologia para E stim u iar P essoas 1 4 5
esquecer o lugar no qual guardamos coisas. Para estudar esse assunto usando 
métodos de levantamento, Brown e Rahhal (1994) fizeram perguntas a adultos 
mais jovens e mais velhos sobre suas experiências reais em relação a guardar 
coisas e depois esquecer o local. Eles relataram que a demora dos adultos mais 
velhos para achar seus objetos é muito maior que a dos mais jovens; os adultos 
mais velhos escondem seus objetos de possíveis ladrões, enquanto os mais jovens 
escondem coisas de amigos e parentes. É interessante que a maioria dos objetos 
perdidos acaba sendo encontrada, em geral por acaso, em local anteriormente 
visitado. Essa pesquisa ilustra a necessidade, já enfatizada em capítulos anterio­
res, de métodos múltiplos para compreender qualquer comportamento.
Uma suposição subjacente ao uso de questionários e entrevistas é a de que 
as pessoas estão dispostas e são capazes de dizer a verdade e de dar respostas 
acuradas. Os pesquisadores têm examinado essa questão estudando possíveis 
vieses na forma de as pessoas responderem. Uma predisposição de resposta é 
uma tendência a responder a todas as questões de uma perspectiva particular, 
em lugar de fornecer respostas diretamente relacionadas às questões. Assim, 
predisposições de resposta podem afetar a utilidade dos dados obtidos em auto- 
relatos. A predisposição de resposta mais comum é denominada conveniência 
social ou tendência a apresentar-se sob um “ângulo favorável”. Ela leva o indiví­
duo a responder de forma socialmente aceitável - da forma que ele acha que “a 
maioria das pessoas" responde ou que revela seus traços mais favoráveis. Conve­
niência social pode ser um problema em muitas áreas de pesquisa, mas prova­
velmente é mais acentuado quando as questões referem-se a assuntos delicados, 
tais como comportamento agressivo ou violento, abuso dedrogas ou práticas 
sexuais. Não deveríamos assumir, no entanto, que as pessoas sempre fornecem 
informações enganosas sobre si mesmas. Jourard (1969) sugeriu que as pessoas 
provavelmente mentem mais quando não confiam no pesquisador. Se o pesqui­
sador comunica aberta e honestamente os objetivos e usos da pesquisa, promete 
informar os resultados prontamente e assegura o anonimato, pode-se esperar 
que os participantes forneçam respostas honestas.
Voltaremos agora a duas considerações importantes na pesquisa de levan­
tamento: as técnicas de amostragem e a construção de um instrumento de le­
vantamento.
AMOSTRAGEM DE UMA POPULAÇÃO
A maioria dos projetos de pesquisa envolve amostragem dos participantes 
de uma população. A população é composta por todos os indivíduos de interes­
se para o pesquisador. A população num grande levantamento de opinião pública, 
por exemplo, pode ser composta por todos os eleitores de um país em condições
1 4 6 M é to d o s de P e s q u isa em C iências d o C o m p o rta m e n to
de votar. A população de interesse exclui menores de 18 anos, presos, visitantes 
estrangeiros e outras pessoas que não votam. O leitor pode realizar um levanta­
mento em que a população consiste em todos os estudantes de sua faculdade ou 
universidade. Com tempo e dinheiro suficientes, um pesquisador que realize um 
levantamento pode entrar em contato com todos os indivíduos que compõem a 
população. Os Estados Unidos tentam fazer isso a cada 10 anos, no censo oficial 
que envolve toda a população. Com uma população relativamente pequena, pode 
ser fácil estudar toda a população.
Na maioria dos casos, no entanto, estudar a população total poderia ser 
um empreendimento exagerado. Felizmente, isso pode ser evitado pela seleção 
de uma amostra da população de interesse. Com uma amostragem apropriada, 
podem-se usar as informações obtidas dos participantes (ou “respondentes”), 
que foram amostrados, para estimar precisamente características da população 
toda. A teoria estatística permite inferir, com base nos dados obtidos, que a po­
pulação comporta-se como a amostra (o Capítulo 13 trata da lógica subjacente 
à inferência estatística).
Intervalo de Confiança
Quando os pesquisadores fazem inferências sobre populações, fazem isso 
com certo grau de confiança. A seguir, encontra-se uma afirmação que o leitor 
poderá encontrar em relatos dos resultados de um levantamento: “Os resultados 
do levantamento são acurados com uma diferença de três pontos percentuais, 
considerando-se um nível de confiança de 95%.” O que isso quer dizer? Suponha 
que o leitor pergunte a estudantes se preferem estudar em casa ou na escola e 
que 61% digam que preferem estudar em casa. Sabemos agora que os valores da 
população real provavelmente estão entre 58% e 64%. Isso é denominado inter­
valo de confiança - podemos ter 95% de confiança de que o valor real da popu­
lação situa-se dentro do intervalo em tomo do resultado amostrai obtido. O 
valor amostrai é sua melhor estimativa do valor populacional. No entanto, como 
somente dispomos de uma amostra e não da população inteira, os resultados 
podem conter erros. O intervalo de confiança fornece informação sobre a mag­
nitude do erro. O termo formal para esse tipo de erro é erro de amostragem. O 
conceito de erro de mensuração foi discutido no Capítulo 5 - quando se mede 
um único indivíduo numa variável, o escore obtido pode desviar do escore real 
em virtude de erro de mensuração. Da mesma forma, quando se estuda uma 
amostra, o resultado obtido pode desviar do valor real da população em virtude 
de erro de amostragem.
Os resultados de levantamentos freqüentemente relatados em jornais e no 
exemplo anterior são expressos em percentagens. O que dizer sobre questões
P esqutsa df. Levantamento: U ma M etodologia para E stimular P essoas 1 4 7
que demandam mais informações quantitativas? A lógica nesse caso é a mesma. 
Por exemplo, suponha que tenha perguntado a estudantes quantas horas e mi­
nutos estudaram no dia anterior. Suponha que o tempo médio de estudo relata 
do foi 76 minutos. Pode-se calcular um intervalo de confiança com base no ta­
manho da amostra; por exemplo, o intervalo de confiança de 95% pode variar 
entre 66 e 86 minutos. O valor real da população provavelmente situa-se nesse 
intervalo.
Tamanho da Amostra
É importante notar que o tamanho do intervalo de confiança diminui com 
o aumento do tamanho da amostra. Embora o tamanho do intervalo de confian 
ça seja determinado por vários fatores, o mais importante deles é o tamanho da 
amostra. A probabilidade de uma amostra grande fornecer dados que reflitam 
exatamente o valor real da população aumenta com o aumento do tamanho da 
amostra. O leitor pode compreender intuitivamente o sentido desta afirmação: 
uma amostra de 200 pessoas de sua escola deve fornecer dados mais acurados 
sobre sua escola do que uma amostra de 25 pessoas.
Qual deveria ser o tamanho de uma amostra? Pode-se determinar o tama­
nho da amostra por meio de uma fórmula matemática que considere o tama­
nho do intervalo de confiança e o tamanho da população que está sendo estu­
dada. A Tabela 7.1 mostra o tamanho da amostra necessário para que uma 
percentagem da amostra seja acurada num intervalo de mais ou menos 3%, 
5% e 10%, dado um nível de confiança de 95%. Note em primeiro lugar que há 
necessidade de aumentar o tamanho da amostra para aumentar a acuracidade. 
Se o tamanho da população for 10.000, precisamos de uma amostra de 370 
para ter 5% de precisão da estimativa; o tamanho da amostra precisa aumen­
tar para 964 para que haja 3% de precisão da estimativa. É importante tam­
bém perceber que o tamanho da amostra não é uma percentagem constante 
do tamanho da população. Muitas pessoas acreditam que uma amostragem 
apropriada requer certa percentagem da população; essas pessoas freqüente­
mente reclamam dos resultados de levantamentos, quando descobrem que um 
levantamento de um Estado inteiro foi feito “apenas” com 700 ou 1.000 pes­
soas. No entanto, como se pode verificar na tabela, o tamanho de amostra 
necessário não muda muito, mesmo quando a população aumenta de 5.000 
para 100.000 ou mais. Como diz Fowler (1984), “uma amostra de 150 pessoas 
descreve com praticamente o mesmo grau de acuracidade uma população de 
1.500 ou 15 milhões” (p. 41).
1 4 8 M étodos de P esquisa em C iências do C om portam ento
Tabela 7.1 Tamanho da amostra e precisão de estimativas da população (nível 
de confiança de 95%).
Tamanho da 
população
Precisão da estimativa
±3% ±5% ± 10%
2.000 696 322 92
5.000 879 357 94
10.000 964 370 95
50.000 1.045 381 96
100.000 1.056 383 96
> 100.000 1.067 384 96
Nota: O tamanho das amostras foi calculado com base em suposições conservadoras sobre a natureza dos 
valores reais da população.
TÉCNICAS DE AMOSTRAGEM
Há duas técnicas básicas para amostrar indivíduos de uma população: 
amostragem probabilística e amostragem não probabilística. Na amostragem 
probabilística, cada membro da população tem uma probabilidade especificada 
de ser escolhido. A amostragem probabilística é muito importante, quando que­
remos fazer afirmações precisas sobre determinada população, com base nos 
resultados de um levantamento. Na amostragem não probabilística, não sabe­
mos qual é a probabilidade de um membro qualquer da população ser escolhido. 
Embora essa abordagem não seja tão sofisticada quanto a amostragem proba­
bilística, veremos que a amostragem não probabilística é bastante freqüente e 
útil em muitas circunstâncias.
Amostragem Probabilística
Amostragem randômica simples. Na amostragem randômica simples, 
cada membro da população tem a mesma probabilidade de ser selecionado para 
a amostra. Se a população tiver 1.000 membros, cada um tem uma chance em 
mil de ser selecionado. Suponhamos que o leitor queira amostrar os estudantes 
que freqüentam sua escola. Deve obter uma lista com os nomes de todos eles; 
dessa lista irá escolher randomicamente os que irão compor a amostra.
Aorealizar entrevistas por telefone, os pesquisadores geralmente têm um 
computador que gera randomicamente uma lista de números de telefone, com
P esquisa de Levantamento: U ma M etodologia para Estimular P essoas 1 4 9
os prefixos usados por residências na cidade ou na área do estudo. Isso produzi­
rá uma amostra randômica da população, porque a maioria das residências 
possui telefone (se houver muitas pessoas sem telefone, a amostra poderá ficar 
viesada). Algumas companhias inclusive fornecem aos pesquisadores uma lista 
com números de telefones para levantamentos, que exclui os números de telefo­
nes de empresas e os que não estão em uso. Esse procedimento resulta numa 
amostragem randômica de moradias e não de indivíduos. Pesquisadores que 
realizam levantamentos usam outros procedimentos, quando precisam selecio­
nar randomicamente uma pessoa na residência; por exemplo, podem usar um 
critério de seleção randômica, como “o adulto de sexo masculino mais velho da 
casa”.
Amostragem randômica estratificada. Um procedimento um pouco mais 
complexo é a amostragem randômica estratificada. A população é dividida em 
subgrupos (ou estratos), utilizando-se então a técnica de amostragem randômica 
para selecionar membros para cada estrato da amostra. Pode-se usar qualquer 
número de dimensões para dividir a população, mas a dimensão (ou as dimen­
sões) escolhida deve ser relevante para o problema estudado. Por exemplo, um 
levantamento de atitudes sexuais poderia realizar a estratificação com base em 
idade, sexo e nível de escolaridade, porque esses fatores estão relacionados com 
atitudes sexuais. Fazer a estratificação com base em altura ou cor de cabelo 
seria ridículo.
A amostragem randômica estratificada tem a vantagem de garantir que a 
amostra irá refletir acuradamente a composição numérica dos vários subgrupos. 
Esse tipo de precisão é particularmente importante quando alguns subgrupos 
significativos para o estudo representam uma parcela muito pequena da popu­
lação. Por exemplo, se os afro-americanos representam 5% de uma cidade com 
100.000 habitantes, uma amostra randômica simples de 100 pessoas poderia ser 
composta sem incluir qualquer afro-americano, enquanto a amostra randômica 
estratificada incluiria cinco afro-americanos escolhidos randomicamente da po­
pulação. Na prática, quando é importante representar um grupo pequeno da 
população, os pesquisadores irão “superdimensionar” a amostragem desse gru­
po, para assegurar a inclusão de uma amostra representativa do grupo. Assim, 
se seu campus tiver uma distribuição semelhante à da cidade descrita aqui e se o 
leitor quiser comparar atitudes de afro-americanos e brancos, deverá amostrar 
uma porcentagem grande de estudantes afro-americanos e apenas uma percen­
tagem pequena de estudantes brancos, para obter um número razoável de 
respondentes de cada grupo.
Amostragem por agrupamento. O leitor pode imaginar que a obtenção de 
uma lista de todos os membros de uma população pode ser difícil. O que fazer se 
os dirigentes de sua escola decidem não lhe fornecer a lista de todos os estudantes? 
O que fazer se esdver estudando uma população para a qual não existe uma lista
1 5 0 M étodos de P esquisa hm C iências do C om portamento
de membros? Nessa situação, pode-se usar uma técnica denominada amostragem 
por agrupamento. Em lugar de realizar uma amostragem randômica de uma 
lista de indivíduos, o pesquisador pode identificar “agrupamentos” de indivíduos e, 
então, extrair uma amostra desses agrupamentos. Uma vez escolhidos os agrupa­
mentos, todos os indivíduos de cada agrupamento serão incluídos na amostra. Por 
exemplo, o leitor pode realizar o levantamento de estudantes por meio de uma 
amostragem por agrupamento, identificando todas as salas de aula - as salas de 
aula são os agrupamentos de estudantes. Poderá, então, selecionar amostras 
randômicas da lista completa de salas de aula e solicitar a todos os membros das 
salas escolhidas para responder a seu levantamento (certifique-se, naturalmente, 
de que ninguém responda ao levantamento duas vezes).
Muito freqüentemente, o uso de uma análise de agrupamentos requer uma 
série de amostragens de agrupamentos maiores até menores - uma abordagem 
de “múltiplos estágios”. Por exemplo, um pesquisador interessado em estudar 
agências municipais de saúde pode, primeiro, determinar randomicamente vá­
rios Estados para amostrar e, então, amostrar randomicamente municípios de 
cada Estado escolhido. O pesquisador pode, então, ir até as agências de saúde, 
em cada um desses municípios, e estudar as pessoas que trabalham lá. Note que 
a principal vantagem da amostragem de agrupamentos é que o pesquisador não 
precisa fazer a amostragem com base em listas de indivíduos, para obter uma 
amostra de indivíduos realmente randômica.1
1 Quando o delineamento amostrai é de natureza probabilística, programas de análise estatística 
específicos podem ser utilizados para a estimação dos intervalos de confiança, tais como Sampling, 
Wesvar e Sudaan. Uma crítica sobre o uso de programas como esses, especificamente o SUDAAN, 
encontra-se em Pessoa et al. (1997) Análise estatística de dados de pesquisas por amostragem: 
problemas no uso de pacotes-padrão. Rmsta Brasileira de Estatística 58(210): 53-75.
O software Sampling foi desenvolvido como parte de um projeto de pesquisa financiado pela 
FAPEMIG, uma instituição dc fomento à pesquisa do Estado de Minas Gerais. Sua estrutura foi 
concebida de modo a permitir que o usuário execute facilmente a análise estatística de dados por 
meio de métodos estatísticos que levem em consideração o procedimento amostrai utilizado na 
coleta desses dados. Esse programa funciona como um complemento do popular software estatístico 
“Minitab For Windows” (2000). Tal opção pela criação do Sampling como um complemento de 
outro software deve-se principalmente à grande difusão, baixo custo e facilidade de manipulação do 
“Minitab For Windows”. Sampling ê um programa muito simples de ser usado e funciona de 
forma totalmente interativa. Seu manuseio requer do usuário conhecimentos básicos sobre o 
“Minitab For Windows", além de, é claro, conhecimento das técnicas de amostragem. O programa 
funciona em um sistema de várias macros interligadas a uma macro mestre em que as informações 
são armazenadas. As perguntas são feitas passo a passo em uma seqüência lógica de análise. Por 
funcionar a partir do “Minitab”, o usuário, além dos recursos disponíveis no Sampling, tem a 
grande vantagem de desfrutar de todos os outros recursos estatísticos importantes a uma análise 
estatística, sem precisar sair do software. Em termos do espaço ocupado no disco rígido, o Sampling 
é bem econômico.
P esquisa de Levantamento: U ma M etodologia para E stimular P essoas 1 5 1
Amostragem Não Probabilística
As técnicas de amostragem não probabilística, por sua vez, são bastante 
arbitrárias. Pode-se definir uma população, mas despender pouco esforço para 
assegurar que a amostra representa acuradamente a população. No entanto, 
entre outras coisas, a amostragem não probabilística é barata e conveniente. 
Dois tipos de amostragem não probabilística são a amostragem acidental e a 
amostragem por quota.
Amostragem acidental. Uma forma de amostragem não probabilística é a 
amostragem acidental ou upor conveniência”. Pode ser considerada um méto­
Tecnicamente, para obter uma boa performance, o programa requer no mínimo um computador 
com processador Pentium™ 100 e 16 MB de memória RAM. Cabe salientar que, no sistema Windows 
95 (ou superior), a capacidade de armazenamento de dados é limitada apenas pela quantidade de 
memória disponível (“Minitab” versão 11.0 ou superior). Configurações inferiores podem ser utiliza­
das, porém o processamento toma-se mais lento. O programa também pode ser utilizado com versões 
anteriores do Minitab a partir da versão 10.0.
Os procedimentos amostrais disponíveis no software Sampling são :
• Amostragem Aleatória Simples com ou sem reposição.
• AmostragemSistemática.
• Amostragem Estratificada.
• Amostragem do Tipo EP.S.
• Amostragem por Conglomerados.
• Amostragem em Dois ou Três Estágios - Subamostragem
• Subamostragem Estratificada.
• Pós- Estratificação.
O software Sampling foi desenhado tendo a Amostragem Estratificada como seu procedimento 
amostrai base. Desse modo, as análises estatísticas para os casos em que se tem apenas uma amostra 
proveniente de um procedimento amostrai, como Amostragem Aleatória Simples, Amostragem Siste­
mática e Amostragem por Conglomerados, são obtidas como casos particulares da Amostragem 
Estratificada quando se tem apenas um estrato na população, o que significa dizer que o estrato é a 
própria população. A Amostragem do tipo RRS. é tratada como um caso particular da Subamostragem.
De modo geral, o software Sampling permite ao usuário a estimação dos parâmetros populacionais 
(média, total e proporções) por meio dos métodos estatísticos não viciados usuais de estimação 
pontual e intervalar (Cochran, 1977) ou pelos métodos de Rázão e Regressão, e nesse caso a variância 
dos estimadores poderá ser obtida pelo método separado ou método combinado. A estimação por 
intervalo é executada para 4 diferentes valores do nível de signifícância a, isto é, 1,2,5, 5 e 10 %. Para 
a construção dos intervalos, é utilizada a distribuição t-Student para o caso de amostras pequenas 
(amostras com tamanho menor que 30 unidades amostrais) e a distribuição Normal para caso de 
amostras grandes.
Nos módulos de Amostragem Aleatória Simples, Amostragem Sistemática e Amostragem 
Estratificada, o usuário também poderá proceder a uma análise descritiva de seus dados (opdonal) ou 
calcular o tamanho n da amostra necessário para obter uma precisão especificada a priori com a 
respectiva alocação ótima ou proporcional.
Exemplos de uso do software Sampling estão apresentados na seção Como Fazer uma Análise (ND-
1 5 2 M étodos de P esquisa em C iências do C omportamento
do para obter participantes do tipo “pegue-os onde puder encontrá-los”. Assim, 
o leitor poderia selecionar uma amostra de estudantes de sua escola segundo 
sua conveniência. Poderia parar diante do centro acadêmico às nove horas da 
manhã, pedir a colaboração das pessoas que sentam perto em sua classe ou 
visitar algumas repúblicas de estudantes. Infelizmente, é provável que esses pro­
cedimentos introduzam vieses na amostra, de tal forma que ela não será uma 
representação acurada da população de todos os estudantes. Assim, se o leitor 
selecionar sua amostra entre os estudantes que estiverem passando pelo centro 
acadêmico às nove horas da manhã, a amostra irá excluir estudantes que não 
freqüentam esse local e também poderá eliminar os que estudam à tarde e à 
noite. Em meu campus, essa amostra diferirá da população geral de estudantes, 
porque terá alunos mais jovens que trabalham menos horas e têm maior proba­
bilidade de viver em repúblicas. Amostras viesadas como essa limitam a possibi­
lidade de usar os dados amostrais para estimar os valores reais da população. 
Seus resultados podem não ser generalizáveis para a população pretendida, mas 
apenas descrever a amostra viesada obtida.
Amostragem por quota. Outra forma de amostragem não probabilística é 
a amostragem por quota. Um pesquisador que usa essa técnica escolhe uma 
amostra que reflete a composição numérica de vários subgrupos na população. 
Assim, a amostragem por quota é semelhante ao procedimento de amostragem 
estratificada descrito anteriormente, mas não envolve amostragem randômica. 
A título de exemplo, suponhamos que o leitor deseje assegurar que sua amostra 
de estudantes irá incluir 19% de calouros, 23% de alunos do segundo ano, 24% 
de alunos do terceiro ano, 22% de formandos e 10% de graduados, porque essas 
são as percentagens das classes na população total. A técnica de amostragem 
por quota permite-lhe garantir que terá essa percentagem, mas ainda poderá 
coletar seus dados usando a técnica de amostragem acidental. Se não conseguir 
o número suficiente de formandos em frente ao centro acadêmico, poderá 
procurá-los em suas salas de aula para completar a amostra. Embora a 
amostragem por quota seja um pouco mais sofisticada que a amostragem aci­
dental, permanece o problema da ausência de restrições à forma de escolha dos 
indivíduos nos vários subgrupos. A amostra reflete a composição numérica da 
população toda de interesse, mas os respondentes dentro de cada subgrupo são 
selecionados de maneira acidental.
AVALIAÇÃO DAS AMOSTRAS
As amostras deveriam ser representativas da população da qual são extraí­
das. Uma amostra completamente não viesada é uma amostra muito representati­
va da população. Como criar uma amostra totalmente não viesada? Em primeiro
P esquisa de Levantam ento : U ma M etodologia para E stimular P essoas 1 5 3
lugar, o leitor deve extrair randomicamente uma amostra de uma população, que 
contenha todos os indivíduos da população. Em segundo lugar, deve entrar em 
contato e obter respostas completas de todos os indivíduos selecionados para com­
por a amostra. É difícil atingir esses padrões. Mesmo se a amostragem for randômica, 
poderão surgir vieses de duas fontes: do referencial de amostragem usado e de 
baixas taxas de retomo. Além disso, apesar de as amostras não probabilísticas 
terem maiores fontes potenciais de viés em comparação com as amostras 
probabilísticas, há muitas razões para usá-las e avaliá-las positivamente.
Referencial da Amostra
O referencial da am ostra é a população real de indivíduos (ou agrupa­
mentos) da qual uma amostra randômica é extraída. Raramente, há coincidên­
cia perfeita com a população de interesse - alguns vieses serão introduzidos. Se 
o leitor definir sua população como “os moradores de sua cidade”, o referencial 
da amostragem pode ser uma lista de números de telefone usados para estabele­
cer contato entre 17 e 21 horas. Esse referencial exclui pessoas que não possuem 
telefone ou aquelas cuja agenda impede que estejam em casa na hora do telefo­
nema. Além disso, se o leitor usar a lista telefônica para obter números, irá 
excluir pessoas cujos números de telefone não constam da lista. Considere ainda 
outro exemplo. Suponhamos que queira saber o que médicos pensam sobre a 
forma como sua profissão é retratada pela televisão. Um referencial de 
amostragem razoável poderia ser todos os médicos relacionados na lista telefô­
nica. Imediatamente, o leitor verifica que limitou sua amostra a uma área geo­
gráfica. Poderia verificar ainda algo mais importante: limitou sua amostra aos 
médicos que têm consultórios particulares - excluiu médicos que atuam em 
clínicas e hospitais. Ao avaliar os resultados de seu levantamento, deverá consi­
derar quão bem a composição da amostra representa a população de interesse. 
Freqüentemente, os vieses introduzidos são pequenos; no entanto, eles podem 
ter conseqüências.
Taxa de R etorno
A taxa de retorno num levantamento é simplesmente a percentagem de 
pessoas da amostra que de fato respondeu ao levantamento. Assim, se o leitor 
enviar 1.000 questionários para uma amostra randômica de adultos de sua co­
munidade e receber 500 respostas de volta, a taxa de retomo é de 50%. A taxa de 
retomo é importante, porque indica o grau de viés que pode existir numa amos­
tra de respondentes. As pessoas que deixam de responder podem diferir das que 
respondem de muitas maneiras, incluindo idade, renda, estado civil e educação.
1 5 4 M étodos de P esquisa em C iências do C omportamento
Quanto mais baixa a taxa de retorno, maior a probabilidade de esses vieses 
distorcerem os resultados e, assim, limitarem a possibilidade de generalização 
dos resultados para a população de interesse.
Em geral, levantamentos enviados pelo correio têm taxa de retorno mais 
baixa em comparação com os feitos por meio de telefone. Com ambos os méto­
dos, no entanto, as taxas de retomo podem ser maximizadas, se seguirmos al­
guns passos. No caso de levantamentos feitos pelo correio, deve-se mandar um 
cartãoou uma carta explicativa uma semana antes de enviar o levantamento. 
Lembretes posteriores e mesmo uma segunda cópia do questionário muitas ve­
zes são eficientes em aumentar a taxa de retomo. Em geral, é conveniente acres­
centar um envelope selado pessoalmente endereçado em lugar de um envelope 
de resposta comercial. No caso de levantamentos por telefone, pode-se telefonar 
novamente para as pessoas que não estavam em casa e pode-se agendar um 
telefonema em horário mais conveniente para as que estavam ocupadas. Algu­
mas vezes, um incentivo pode ser necessário para aumentar a taxa de retorno. 
Tal incentivo pode incluir um pagamento em dinheiro, um presente ou um cer­
tificado de participação. Uma nota nova “em sinal de agradecimento” pode ser 
incluída junto com o questionário enviado pelo correio. Outro incentivo é a chance 
de concorrer a um prêmio. Finalmente, os pesquisadores deveriam tentar con­
vencer as pessoas de que o levantamento é importante e sua participação muito 
significativa.
Razões para Usar Amostras de Conveniência
Muitas das pesquisas em Psicologia usam técnicas de amostragem não 
probabilística para obter participantes, tanto em levantamentos quanto em ex­
perimentos. A vantagem dessas técnicas é que o investigador pode obter partici­
pantes sem gastar muito dinheiro ou tempo, selecionando um grupo amostrai 
específico. Por exemplo, é comum selecionar participantes entre alunos de cur­
sos introdutórios de Psicologia. Freqüentemente, esses alunos são convidados a 
participar de estudos que estão sendo realizados na faculdade por professores 
ou por estudantes; os alunos de cursos introdutórios de Psicologia podem então 
escolher os estudos dos quais desejam participar.
Mesmo em estudos que não recrutam universitários, a amostra freqüente­
mente é selecionada por conveniência, em vez de ser selecionada em função da 
preocupação de obter uma amostra randômica. Um de meus colegas estuda 
crianças, mas elas quase sempre provêm de uma escola particular de primeiro 
grau. O leitor pode imaginar que isso se deve ao fato de meu colega ter estabele­
cido uma boa relação com os professores e com a direção, o que torna bastante 
fácil obter permissão para realizar a pesquisa. Embora a amostra seja algo
P esquisa ub Levantamento: U ma M etodologia para E stim uiar P essoas 1 5 5
viesada, porque inclui somente crianças de um bairro, com certas característi­
cas sociais e econômicas, meu colega não está muito preocupado com isso.
Por que os pesquisadores não estão mais preocupados em obter amostras 
randomizadas para suas pesquisas? A razão mais importante é que a pesquisa 
está sendo realizada para estudar relações entre variáveis mais do que para esti­
mar acuradamente valores da população. No estudo com estudantes do segun­
do grau, anteriormente citado (Steinberg; Dornbusch, 1991), a amostra incluiu 
somente estudantes de segundo grau da Califórnia e de Wisconsin. Os dados 
amostrais forneceram informações sobre o número médio de horas que esses 
estudantes trabalhavam e diversas outras variáveis. No entanto, os pesquisado­
res não estavam interessados em estimar precisamente o número de horas que 
adolescentes do país todo trabalham. Eles estavam mais interessados em saber 
se o número de horas que os adolescentes trabalhavam estava relacionado com 
variáveis como notas escolares e uso de álcool.
A discussão desse assunto será aprofundada mais adiante, no Capítulo 14. 
Por enquanto, é importante reconhecer que algumas amostras não probabilísticas 
são mais representativas do que outras. A amostra estudada por Steinberg e 
Dornbusch parece ser bastante representativa dos adolescentes em geral do país. 
Os adolescentes são de apenas dois Estados, mas são provenientes de diferentes 
áreas geográficas e de diferentes escolas. Estudantes de cursos introdutórios de 
Psicologia são bastante representativos de estudantes universitários em geral, e 
a maioria das amostras de universitários é bastante representativa de adultos 
jovens. Não há muitos vieses óbvios, particularmente se estiverem sendo estuda­
dos processos psicológicos básicos. Outras amostras poderiam ser muito menos 
representativas da população pretendida. Há relativamente pouco tempo, um 
programa de televisão de uma rede local, que trata de temas de interesse públi­
co, solicitou que os telespectadores votassem, por telefone ou e-mail, contra ou a 
favor de uma medida de controle de armas que seria apreciada pelo Congresso. 
No programa seguinte, anunciaram que 90% dos respondentes eram contrários 
à medida. Os problemas de amostragem nesse caso são evidentes: grupos con­
trários ao controle de armas poderiam ter entrado imediatamente em contato 
com seus membros, incentivando-os a votar; além disso, não havia limites para 
o número de vezes que alguém podia votar. De fato, o programa recebeu cerca 
de 100 ligações a mais do que costumava receber em levantamentos desse tipo. 
E provável que esta amostra não fosse representativa da população da cidade ou 
mesmo dos telespectadores do programa.
ELABORAÇÃO DAS PERGUNTAS
Deve-se pensar bastante ao redigir perguntas para um levantamento. Esta seção 
descreve alguns dos fatores mais importantes que o pesquisador preciSEr considerar.
1 5 6 M étodos de P esquisa em C iências do C omportamento
Definição dos Objetivos da Pesquisa
A primeira coisa que o pesquisador deve fazer, ao elaborar perguntas para 
um levantamento, é explicitar os objetivos da pesquisa: O que deseja saber? As 
perguntas do levantamento devem estar vinculadas às perguntas a que a pes­
quisa visa responder. Muitas vezes, um levantamento perde foco, quando os pes­
quisadores começam a formular qualquer pergunta que lhes ocorre sobre um 
assunto, sem considerar exatamente a utilidade da informação que será obtida. 
Esse processo geralmente requer que o pesquisador decida o tipo de pergunta a 
ser formulada. Como vimos anteriormente, há três tipos gerais de perguntas 
para levantamentos (Judd; Smith; Kidder, 1991).
Atitudes e crenças. Perguntas sobre atitudes e crenças focalizam a manei­
ra como as pessoas avaliam e pensam determinados assuntos. Deveriam ser 
gastos mais recursos com serviços de saúde mental? Você está satisfeito com a 
maneira como a polícia respondeu a seu chamado? Como você avalia este ins­
trutor?
Fatos e dados demográficos. Questões factuais pedem às pessoas para dar 
informações sobre si mesmas ou sobre sua situação. Na maioria dos estudos, a 
descrição adequada da amostra exige a obtenção de informações demográficas. 
Informações tipicamente solicitadas são idade e sexo. Dependendo do tema do 
estudo, incluem-se perguntas sobre raça, renda, estado civil, emprego e número 
de filhos. Evidentemente, se o leitor estiver interessado em comparar grupos, 
como homens e mulheres, deve obter informações relevantes sobre o grupo a 
que o indivíduo pertence. No entanto, não tem sentido fazer uma pergunta se 
não houver razão real para utilizar o dado obtido.
Outras informações factuais serão coletadas dependendo do tema de seu 
levantamento. Todos os anos, uma revista sobre direitos do consumidor envia- 
me perguntas sobre os reparos necessários em produtos que possuo, como carro 
e máquina de lavar louça. Questões factuais sobre doenças podem ser feitas e 
outras informações médicas podem ser solicitadas em levantamentos sobre saú­
de e qualidade de vida.
Comportamentos. Outras questões de levantamentos podem focalizar com­
portamentos passados ou futuros. Quantas vezes na última semana praticou 
exercício físico durante mais de 20 minutos? Quantos filhos planeja ter? Já sen­
tiu depressão a ponto de não poder trabalhar?
Formulação das Questões
E preciso ter muito cuidado e formular as melhores questões para um le­
vantamento. Algumas considerações importantes são descritas a seguir.
P esquisa dk Levantam ento: U ma M etodologia paka E stim u ia k P kssoas 1 5 7
Simplicidade. As questões formuladas num levantamento devem ser bas­
tante simples. As pessoas devemser capazes de entender e responder às pergun­
tas com facilidade. Evite jargões que as pessoas não compreendam. No entanto, 
algumas vezes pode ser necessário formular uma questão de forma um pouco 
mais complexa, para facilitar o entendimento. Em geral, isso ocorre quando é 
preciso definir um termo ou descrever um assunto antes de formular a pergun 
ta. Assim, antes de perguntar se uma pessoa aprova a Proposição J, provavel­
mente haverá necessidade de descrever brevemente o conteúdo do que está em 
votação.
Questões ambíguas. Evite questões ambíguas em que se perguntam duas 
coisas ao mesmo tempo; por exemplo, uma questão como “deveriam ser conce­
didas mais verbas para centros recreativos e para programas de alimentação?” é 
difícil de responder, porque investiga duas atitudes potencialmente diferentes. 
Se estiver interessado nos dois assuntos, formule duas questões distintas.
Questões tendenciosas. Uma questão tendenciosa induz a pessoa a res­
ponder de determinada maneira. Por exemplo, as perguntas “Você aprova a eli­
minação do desperdício no orçamento destinado à escola pública?” e “Você aprova 
a redução do orçamento destinado à escola pública?” provavelmente irão eliciar 
respostas diferentes. Questões tendenciosas freqüentemente incluem palavras 
que têm conotações emocionais negativas, tais como desperdício, imoral, 
perturbador ou perigoso. Esteja atento para questões tendenciosas.
Formulação negativa. Evite formular questões de forma negativa. Consi­
dere a seguinte questão a título de exemplo: “A cidade não deveria aprovar a 
proposta de criação de abrigos para mulheres?” Concordar com essa questão 
significa discordar da proposta. Essa formulação pode confundir as pessoas e 
resultar em respostas incorretas. Uma formulação melhor seria: “A cidade deve­
ria aprovar a proposta de criação de abrigos para mulheres?”
“Dizer sim” e “dizer não”. Se fizermos muitas perguntas sobre um assun­
to, pode-se manifestar uma predisposição de resposta. A pessoa pode concordar 
ou discordar sistematicamente. Denomina-se essa tendência “dizer sim” ou “di­
zer não”. O respondente pode estar expressando real concordância, mas, por 
outro lado, pode simplesmente estar concordando com qualquer coisa que seja 
dita. Uma forma de detectar uma predisposição de resposta desse tipo é formu­
lar questões de tal forma que a concordância consistente seja improvável. Por 
exemplo, num estudo sobre padrões de comunicação familiar, o pesquisador 
pode solicitar às pessoas que indiquem seu grau de concordância com as seguin­
tes afirmações: “Os membros da minha família passam muito tempo juntos” e 
“Passo a maioria de meus finais de semana com meus amigos”. Igualmente, 
uma medida de solidão (por exemplo, Russell, Peplau e Cutrona, 1980) formula 
algumas questões, de tal forma que a concordância significa que o respondente 
é solitário (“Eu me sinto isolado dos outros”), e outras com o significado inverso,
1 5 8 M étodos de P esquisa em C iências do C omportamento
de tal forma que a discordância signifique solidão (por exemplo, “Eu me sinto 
parte de um grupo de amigos”). Embora seja possível que alguém possa de fato 
concordar com ambos os itens, concordar ou discordar consistentemente com 
um conjunto de questões relacionadas, expresso de forma padrão e de forma 
inversa, indica que o indivíduo está “dizendo sim” ou “dizendo não”.
RESPOSTAS ÀS QUESTÕES 
Questões Fechadas Versus Questões Abertas
As questões podem ser tanto abertas quanto fechadas. As questões fecha­
das apresentam um número limitado de alternativas de resposta, enquanto as 
questões abertas permitem que as pessoas respondam livremente. Assim, o leitor 
poderia perguntar a uma pessoa: “Qual é a coisa mais importante quando se 
trata de preparar uma criança para a vida?”, apresentando em seguida uma 
lista de problemas para serem escolhidos (uma questão fechada) ou deixar a 
questão aberta para a pessoa fornecer a resposta.
O uso de questões fechadas é uma abordagem mais estruturada; a 
codificação é mais fácil e as alternativas de resposta são as mesmas para to­
dos. A categorização e a codificação das respostas dadas a questões abertas 
demandam tempo e, por isto, maior custo. Algumas vezes, uma resposta não 
pode ser categorizada, porque não tem sentido ou porque a pessoa não conse­
guiu pensar numa resposta. Além disso, uma questão aberta pode ser muito 
esclarecedora sobre o que as pessoas pensam. Questões abertas são mais úteis 
quando o pesquisador quer saber o que as pessoas pensam e como percebem 
naturalmente seu mundo; questões fechadas tendem a ser mais usadas quan­
do as dimensões das variáveis estão bem definidas.
Schwars (1999) aponta que algumas vezes as duas abordagens podem le­
var a conclusões diferentes. Cita os resultados de uma pergunta sobre prepara­
ção de crianças para a vida. Quando “pensar por si mesmas” era uma alternati- 
va fechada, 62% escolheram esta opção; no formato aberto, no entanto, somen­
te 5% forneceram essa resposta. Esse resultado ilustra a necessidade de se co 
nhecer bem um assunto ao formular questões fechadas.
Número de Alternativas de Respostas
No caso de questões fechadas, há um número fixo de alternativas de respos­
tas. Em levantamentos de opinião pública, uma dicotomia simples “sim/não” ou 
“concordo/discordo” muitas vezes é suficiente. Na pesquisa mais básica, freqüen­
P esquisa de L evantamento: U ma M etodologia para E stim u ia r P essoas 1 5 9
temente é preferível apresentar várias alternativas para que as pessoas se expres­
sem - por exemplo, escalas de cinco ou sete pontos de “concordo fortemente a 
discordo fortemente” ou “muito positivo a muito negativo”.2 Por exemplo:
Concordo fortemente Discordo fortemente
Escalas de Avaliação
Escalas de avaliação como a do exemplo anterior costumam ser usadas em 
muitas áreas de pesquisa. As escalas de avaliação solicitam que as pessoas fa­
çam julgamentos “de grau” em relação a várias dimensões - grau de concordân­
cia, preferência ou confiança, por exemplo. As escalas de avaliação podem assu­
mir muitos formatos diferentes. O formato usado depende de fatores como o 
assunto que está sendo investigado. Talvez a melhor maneira de garantir uma 
compreensão da variedade de formatos seja simplesmente examinar alguns exem­
plos. A escala mais simples e direta de avaliação apresenta às pessoas cinco ou 
sete alternativas de resposta, com rótulos para definir os extremos. Por exemplo,
E necessário que estudantes universitários se submetam a um exame abrangente para
que possam graduar-se.
Concordo fortemente_____________ ____ Discordo fortemente
Qual é seu grau de confiança na culpa do réu em relação à acusação de tentativa de
assassinato?
Nenhuma confiança___________________ Muita confiança
Escala de avaliação gráfica. Uma escala de avaliação gráfica requer que a 
pessoa faça uma marca numa linha de 100 milímetros, com descrições nas ex­
tremidades da linha que funcionam como âncoras.
Avalie o filme a que acabou de assistir.
Muito tedioso____________________________________ / _ _____ Muito divertido
Em seguida, posiciona-se uma régua sobre a linha para obter o escore na escala que
varia de 0 a 10 0 .
2 Há um artigo que explora o processo cognitivo sobre questões fechadas com número fixo de 
alternativas: Dashen, M. e Flicker, S. (2001) Understanding the cognitive process of open-ended 
categorical questions and their effects on data quality. Journal of Official Statistics 17(4): 457-477 (NT).
160 M k i u d u s i»i. h-syu isA e m C iências do C omportamento
Escala de diferencial semântico. A escala de diferencial semântico é uma 
medida do significado dc conceitos, que foi desenvolvida por Osgood e seus cola­
boradores (Osgood; Suei; Tannenbaum, 1957), Os respondentes avaliam qual­
quer conceito ~ pessoas, objetos, comportamentos, idéias - numa série de adje­
tivos bipolares, usando uma escala de sete pontos.
Fumar cigarros
Bom ____: _ _ _ : _ : ____: __ : ____ : _____Mau
Forte _____ : ____: _ : _____: ______:____ : ____ Fraco
Ativo ___ : ___ : ____ : ____: _____ : ____ : ____Passivo
As pesquisas realizadas com o diferencial semântico têm mostrado que pra­
ticamente qualquer coisa pode ser medida por meio dessa técnica. Pode-se ava­
liar o que as pessoas pensam sobre coisas específicas (maconha), locais (centro 
acadêmico), pessoas (governador, prefeito), idéias (aborto, redução de impos­
tos) ou comportamentos (freqüentar a igreja, usar transporte público). Um con­
junto considerável de pesquisas mostra que os conceitos são julgados segundo 
três dimensões básicas: a primeira e mais importante é avaliação (por exemplo, 
adjetivos como bom-mau, sábio-tolo, bondoso-cruel); a segunda é atividade (por 
exemplo, ativo-passivo, lento-rápido, excitável-calmo) e a terceira é potência (por 
exemplo, fraco-forte, duro-mole, grande-pequeno).
Escala não verbal para crianças. Crianças pequenas podem não ser capa­
zes de compreender os tipos de escalas descritos, mas são capazes de fazer ava­
liações. Por exemplo, o leitor pode solicitar a crianças apontar uma dessas faces 
exibindo sorrisos e caretas de desagrado.
Aponte o rosto que mostra como você se sente a respeito do brinquedo:
Atribuição de Rótulos bs Alternativas de Resposta
Nos exemplos apresentados até aqui, apenas os extremos da escala de ava­
liação são rotulados. Os respondentes decidem o significado das outras alterna­
tivas de resposta. Essa ó uma abordagem razoável, e as pessoas geralmente são 
capazes de usnr essas escalas sem dificuldade. Algumas vezes, os pesquisadores 
precisam fornecer rótulos para definir melhor o significado de cada alternativa. 
Temos aqui uma alternativa bastante padronizada à escala concordo-discordo 
anteriormente apresentada:
P esquisa de Levantamento: U ma M etodologia para E stimular P essoas 1 6 1
Concordo Concordo Não sei Discordo Discordo 
fortemente fortemente
Esse tipo de escala supõe que a alternativa do meio é um ponto “neutro", 
situado entre os extremos. Algumas vezes, no entanto, não é possível ou desejá­
vel ter uma escala perfeitamente balanceada. Considere uma escala em que uin 
professor universitário deve avaliar um estudante para um trabalho ou progra­
ma para graduados. Essa escala particular pede avaliações comparativas dos 
estudantes:
Avalie o potencial de sucesso desse estudante, em comparação com outros 
graduados.
abaixo 50% 25% 10% 5%
da média melhores melhores melhores melhores
Observe que a maioria das alternativas pede uma avaliação em termos do 
grupo de estudantes que representam os 25% melhores da turma. Isso é feito 
porque estudantes que se apresentam para esses programas tendem a ser bri­
lhantes e motivados e, assim, os professores os avaliam favoravelmente. A for­
mulação das alternativas tenta forçar um refinamento da avaliação, para dis­
tinguir os melhores entre os bons alunos.
Rotular alternativas é particularmente interessante quando a pergunta diz 
respeito à freqüência de um comportamento. Por exemplo, pode-se perguntar 
“Qual é a freqüência com que pratica exercícios físicos durante mais de 20 mi­
nutos?” Que tipo de escala poderia ser usada para levar as pessoas a responder a 
esse tipo de pergunta? As alternativas poderiam ser (1) nunca, (2) raramente, 
(3) algumas vezes, (4) freqüentemente. Esses termos têm significado, mas são 
vagos. A seguir, encontra-se outro conjunto de alternativas, semelhantes às des­
critas por Schwarz (1999):
______ _ Menos de duas vezes por semana
______Cerca de duas vezes por semana
____ _ Cerca de quatro vezes por semana
____Cerca de seis vezes por semana
______Pelo menos uma vez por dia
Outra escala possível é a seguinte:
Menos de uma vez por mês 
Cerca de uma vez por mês 
Cerca de uma vez a cada duas semanas
1 6 2 M étodos de P esquisa em C iências do C om portam ento
_____ Cerca de uma vez por semana
_ _ _ _ Mais de uma vez por semana
Schwarz (1999) denomina a primeira versão escala de alta freqüência, por­
que a maioria das alternativas indica alta freqüência de exercício. Denomina a 
segunda versão escala de baixa freqüência. Schwarz salienta que os rótulos de­
vem ser escolhidos com cuidado, porque as pessoas podem interpretar o significa­
do da escala diferentemente, dependendo dos rótulos usados. Se o leitor estivesse 
realmente fazendo perguntas sobre exercício, poderia escolher alternativas dife­
rentes das descritas aqui. Além disso, sua escolha poderia ser influenciada por 
fatores como a população estudada. Se estivesse estudando pessoas que praticam 
muito exercício, provavelmente teria de usar uma escala de freqüência mais alta 
do que se estivesse estudando pessoas que costumam fazer pouco exercício.
FINALIZAÇÃO DO QUESTIONÁRIO 
Formatação do Q u estion ário
A aparência de um questionário impresso deve ser atraente e profissional. 
O questionário deve ser bem digitado e não conter erros de ortografia. As pes­
soas devem ter facilidade em identificar as perguntas e as alternativas de respos­
ta. Deixe espaço suficiente entre as perguntas, para que as pessoas não fiquem 
confusas ao ler o questionário. Se utilizar uma escala com formato especial, 
como uma escala de avaliação de cinco pontos, use-a consistentemente. Não 
mude de uma escala de cinco pontos para uma de quatro pontos e depois para 
uma de sete pontos, por exemplo.
Aconselha-se também cuidado na organização seqüencial das questões. Em 
geral, é melhor fazer as questões mais importantes e interessantes no início, 
para atrair a atenção e motivar a pessoa para responder ao levantamento até o 
final. Roberson e Sundstrom (1990) obtiveram taxas de retorno proporcional­
mente elevadas, num levantamento sobre atitudes de empregados, em que fize­
ram as questões importantes no início e solicitaram dados demográficos no fi­
nal. Além disso, questões sobre o mesmo assunto ou tema devem ser agrupadas. 
Procedendo dessa forma, seu levantamento terá uma aparência mais profissio­
nal e as pessoas estarão mais propensas a levá-lo a sério.
Redefinição das Questões
Antes de aplicar realmente o levantamento, convém apresentar as questões 
a um pequeno grupo de pessoas e pedir que “pensem alto” enquanto respondem.
P tsy u isA de Levantamento: U m a M etodot.ogia para E stimular P essoas 1 6 3
Os participantes podem ser escolhidos na população que será estudada ou po­
dem ser amigos ou colegas que forneçam respostas razoáveis às questões. Para o 
procedimento de “pensar alto”, é preciso solicitar às pessoas que lhe digam como 
interpretam cada questão e como respondem às alternativas de resposta. Esse 
procedimento pode fornecer informações úteis para aprimorar as questões (o 
Capítulo 9 apresenta uma discussão adicional sobre a importância de estudos- 
piloto como este).
a p l ic a ç ã o d e l e v a n t a m e n t o s
Há duas maneiras de aplicar um levantamento. Uma é usar um questioná­
rio. Os respondentes lêem as questões e indicam suas respostas numa folha de 
respostas. A outra maneira é usar um formato de entrevista. Um entrevistador 
formula as perguntas e registra as respostas, numa interação verbal pessoal. 
Tanto questionários quanto entrevistas podem ser apresentados de várias ma­
neiras. Vamos examinar vários métodos de fazer levantamentos.
Questionários
No caso de questionários, as questões são apresentadas em formato escrito 
e os respondentes escrevem suas respostas. Há muitas características positivas 
no uso de questionários. Primeiro, em geral são mais baratos que as entrevistas. 
Também permitem o completo anonimato do respondente, quando não se soli­
citam informações que o identificam (por exemplo, nome, número da carteira 
de identidade ou número da carteira de motorista). No entanto, a aplicação de 
questionários requer que os respondentes sejam capazes de ler e compreender 
as questões. Além disso, muitas pessoas acham tedioso ficar sentadas sozinhas, 
lendo e respondendo a perguntas; assim, pode haver um problema de motiva­
ção. Podem-se aplicar questionários em grupo, pelo correio ou pela Internet.
Aplicação em grupo.No caso de uma aplicação grupai, o pesquisador 
distribui os questionários para um grupo de indivíduos. O grupo pode ser com­
posto por estudantes reunidos numa sala de aula, por pais que comparecem a 
uma reunião na escola dos filhos ou por pessoas recém-admitidas num emprego 
que comparecem ao local de trabalho para receber orientação sobre suas atri­
buições. Uma vantagem dessa abordagem é que os participantes estão “cativos”, 
sendo mais provável que respondam completamente ao questionário, uma vez 
que tenham começado. Além disso, o pesquisador está presente para responder 
a possíveis dúvidas que as pessoas tenham.
Levantamentos pelo correio. Podem-se enviar levantamentos pelo cor­
reio, para o endereço residencial ou comercial dos indivíduos selecionados para
1 6 4 M é to d o s d e P e s q u isa f.m C iên c ias d o C o m p o rta m e n to
1
compor a amostra, e esta é lima forma econômica de entrar em contato. No 
entanto, a desvantagem desse formato é a baixa taxa de retorno. É fácil colocar 
o questionário de lado e esquecê-lo em função das inúmeras outras tarefas que 
as pessoas têm de realizar, em casa e no trabalho. Mesmo que as pessoas come­
cem a preencher o questionário, alguma coisa pode ocorrer para distraí-las ou, 
então, podem-se aborrecer e simplesmente jogar o questionário no lixo. Alguns 
métodos, anteriormente descritos, usados para aumentar a taxa de retorno, po­
dem ser úteis. Outra desvantagem á a ausência de alguém para ajudar, caso a 
pessoa fique confusa ou tenha algo a perguntar.
Levantamentos pela Internet. É muito fácil planejar um questionário para 
ser aplicado via Internet. Podem-se usar tanto questões abertas quanto fecha­
das. Quando a pessoa termina de responder ao questionário, envia suas respos­
tas imediatamente para o pesquisador. Um primeiro problema a considerar é a 
composição da amostra. Em geral, levantamentos pela Internet estão relaciona­
dos em setores de busca e, dessa forma, os interessados num assunto podem 
descobrir que alguém está coletando dados a respeito. Alguns dos principais 
institutos de pesquisa estão construindo bancos de dados de pessoas interessa­
das em participar de levantamentos. Sempre que realizam um levantamento, 
selecionam uma amostra do banco de dados e enviam por e-mail um convite 
para participação. A Internet também facilita a obtenção de amostras de pes­
soas com características particulares. Há toda sorte de grupos com interesses 
especiais na Internet, grupos dirigidos para indivíduos com doenças particula­
res, classificados por idade e estado civil, profissão e assim por diante. Os grupos 
com interesses especiais usam grupos de divulgação de notícias, de discussão via 
e-mail e salas de bate-papo, para trocar idéias e informações. Os pesquisadores 
podem convidar pessoas que usam esses recursos para participar de suas pesqui­
sas. Uma preocupação em relação a dados obtidos pela Internet diz respeito à 
similaridade dos resultados obtidos em comparação com os obtidos por métodos 
convencionais. Embora ainda haja relativamente poucas pesquisas sobre esse 
assunto, os dados disponíveis indicam que os resultados obtidos via Internet são 
comparáveis aos obtidos por métodos convencionais (Krantz; Ballard; Scher, 1997; 
Stanton, 1998).
Entrevistas
O fato de uma entrevista envolver uma interação entre pessoas tem uma 
implicação importante. Primeiro, as pessoas freqüentemente estão mais propen- 
sas a concordar em responder a perguntas feitas por uma pessoa real do que em 
responder a um questionário enviado pelo correio. Os entrevistadores adquirem 
habilidade em convencer pessoas a participar. Assim, as taxas de retomo tendem 
a ser mais altas quando se usam entrevistas. O entrevistador e o entrevistado
P esquisa de Levantamento: U ma M etodologia para E stimular P rssoas 1 6 5
freqüentem ente estabelecem um bom contato inicial, que motiva a pessoa a 
responder a todas as perguntas e a completar o levantamento. É mais provável 
que as pessoas deixem perguntas sem resposta num questionário que devem 
preencher por escrito do que numa entrevista. Uma vantagem importante de 
uma entrevista é a possibilidade de o entrevistador esclarecer eventuais dúvidas 
que surjam. Além disso, um entrevistador pode fazer perguntas adicionais se 
considerá las necessárias para ajudar a esclarecer as respostas.
Um problema potencial em relação a entrevistas é denominado viés do 
entrevistador. Esse termo descreve todos os vieses que podem surgir do fato de o 
experimentador como um ser humano único estar interagindo com outro ser 
humano. Um problema potencial é a possibilidade de o entrevistador interferir 
sutilmente nas respostas do entrevistado em conseqüência de sinais inadverti­
dos de aprovação ou desaprovação para certas respostas. Outro problema de­
corre das expectativas que os entrevistadores podem ter, levando-os a “ver o que 
procuram” nas respostas do entrevistado. Essas expectativas podem viesar suas 
interpretações das respostas ou podem levá-los a aprofundar as respostas de 
certos entrevistados, mas não de outros ~ por exemplo, ao questionar brancos, 
mas não pessoas de outros grupos ou ao testar meninos, mas não meninas. A 
seleção cuidadosa e o treino dos entrevistadores ajuda a limitar esses vieses.
Examinaremos agora três métodos para realizar entrevistas: face a face, 
por telefone e com grupo focal.
E ntrevistas face a face. As entrevistas face a face requerem que o 
entrevistador e o entrevistado se encontrem. Em gerai, o entrevistador vai à 
casa da pessoa ou a seu escritório, embora algumas vezes o participante vá 
ao escritório do entrevistador. Essas entrevistas tendem a ser caras e a con­
sumir muito tempo. No entanto, costumam ser usadas quando a amostra é 
pequena e a interação face a face tem benefícios claros.
Entrevistas por telefone. Quase todas as entrevistas para levantamentos 
em larga escala são feitas por telefone. Entrevistas por telefone são mais baratas 
do que as face a face e permitem a coleta relativamente rápida de dados, porque 
vários entrevistadores podem trabalhar ao mesmo tempo. Técnicas compu­
tadorizadas de levantamento de dados por telefqne reduzem os custos de levanta­
mentos por telefone, reduzindo o trabalho e os custos da análise de dados. Com 
um sistema de entrevista por telefone com suporte de computador (ETSC), as 
perguntas do entrevistador são enviadas para a tela do computador, e os dados são 
introduzidos no computador para análise.
Entrevistas de grupo focal. Um grupo focal é uma entrevista com um 
grupo de cerca de seis a dez indivíduos, geralmente reunidos por um período de 
duas a três horas. Praticamente, qualquer assunto pode ser explorado num gru­
po focal. Freqüentemente, os membros do grupo são selecionados por ter um
1 6 6 M étodos de P f.sqihsa f.m C iências do C omportamento
conhecimento ou interesse particular no assunto. Como o grupo focal requer 
que as pessoas gastem tempo e algum dinheiro para ir ao local de reunião do 
grupo, costuma-se dar algum tipo de incentivo monetário ou um presente aos 
participantes.
As perguntas tendem a ser abertas e são feitas ao grupo todo. Uma vantagem 
é a possibilidade de interação do grupo; as pessoas podem responder umas para as 
outras, e um comentário pode provocar uma variedade de respostas. O entrevistador 
deve ter habilidade para trabalhar com grupos, tanto para faciliLar a comunicação 
quanto para lidar com problemas que possam surgir, tais como uma ou duas 
pessoas tentando dominar a discussão ou existência de hostilidade entre membros 
do grupo. Costuma-se gravar a discussão, o que permite transcrição posterior. As 
fitas e transcrições são então analisadas para encontrar temas de consenso e de 
discordância entre os membros do grupo. Podem-se analisar as transcrições com a 
ajuda de um programa de computador para localizar certas palavras e frases. Os 
pesquisadores geralmente preferem formar pelo menos dois ou três grupos para 
discutir um assunto, para garantir que a informaçãoobtida não seja uma pecu­
liaridade de um grupo de pessoas. No entanto, como cada grupo focal custa tem­
po e dinheiro e fornece uma grande quantidade de informações, os pesquisadores 
não formam muitos grupos para discutir um mesmo assunto.
LEVANTAMENTOS PLANEJADOS PARA ESTUDAR MUDANÇAS AO 
LONGO DO TEMPO
Os levantamentos costumam ser planejados para estudar pessoas num ponto 
específico do tempo. Muitas vezes, no entanto, os pesquisadores desejam fazer 
comparações ao longo do tempo. Por exemplo, no município em que vivo, um 
jornal local contratou uma empresa para realizar levantam entos anuais 
randomizados dos moradores. Como as perguntas são as mesmas todos os anos, 
é possível examinar mudanças ao longo do tempo em variáveis tais como satis- 
fação com a área ou atitudes em relação ao sistema escolar e problemas do 
município considerados importantes. Da mesma forma, as universidades fazem 
levantamentos com um grande número de calouros todos os anos, no país todo, 
para estudar mudanças na composição, nas atitudes e nas aspirações desse gru­
po (Astin, 1987). Freqüentemente, os pesquisadores testam hipóteses sobre como 
o comportamento muda ao longo do tempo. Por exemplo, Sebald (1986) compa­
rou levantamentos feitos com adolescentes em 1963, 1976 e 1982. Perguntou-se 
aos adolescentes quem procuravam para pedir conselho a respeito de diferentes 
assuntos. A principal descoberta foi o aumento da busca de conselhos com os 
companheiros em lugar dos pais de 1963 para 1976, mas diminuição do papel 
orientador dos companheiros de 1976 para 1982.
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Outra maneira de estudar mudanças ao longo do tempo é realizar um es­
tudo de painel, em que a mesma pessoa é pesquisada, em dois ou mais pontos, 
ao longo do tempo. Num estudo de painel de “duas ondas”, as pessoas são 
pesquisadas em dois pontos no tempo, no de “três ondas” há três levantamentos 
e assim por diante. Estudos de painel são particularmente úteis quando a ques­
tão de pesquisa focaliza a relação existente entre uma variável “num primeiro 
tempo” e outra variável, “num segundo tempo”. Por exemplo, Hill, Rubin e Peplau 
(1976) realizaram um levantamento com casais que estavam iniciando um rela­
cionamento, para estudar variáveis tais como similaridade de atitudes. As mes­
mas pessoas foram pesquisadas mais tarde, para determinar se ainda manti­
nham o relacionamento e, em caso afirmativo, quão satisfeitas estavam com o 
relacionamento. Os resultados mostraram que a similaridade de atitudes, medi­
da num primeiro tempo, é um preditor da duração do relacionamento.
O leitor dispõe agora de uma grande quantidade de informações sobre 
métodos para estimular pessoas a falar sobre si mesmas. Se realizar uma pesqui­
sa desse tipo, é recomendável que siga as orientações descritas neste capítulo e 
que consulte outras fontes, tais como Judd et al. (1991) e Converse e Presser 
(1986), para elaborar suas próprias questões. No entanto, o leitor poderá tam­
bém adaptar questões e questionários inteiros utilizados em pesquisas anterio­
res. Por exemplo, Greenfield (1999) estudou o novo fenômeno da adição à Internet, 
adaptando perguntas com base em um grande número de pesquisas existentes 
sobre adição a jogo. Considere o uso de perguntas anteriormente desenvolvidas, 
em especial se forneceram dados úteis em outros estudos. (No entanto, certifi­
que-se de não estar violando direitos autorais.) Robinson e colaboradores com­
pilaram diversas medidas de atitudes sociais, políticas e profissionais, desenvol­
vidas por outros autores (Robinson; Athanasiou; Head, 1969; Robinson; Rusk; 
Head, 1968; Robinson; Shave; Wrigtsman, 1991).
Vimos no Capítulo 4 que tanto o método experimental quanto o método 
não experimental são necessários para compreender plenamente o comporta­
mento. Os dois capítulos anteriores focalizaram as abordagens não experimen­
tais. No próximo capítulo, iremos descrever detalhadamente o planejamento de 
pesquisas experimentais.
Termos Estudados _____ _________________ _____ _____ _
Amostragem
Amostragem acidental (por conveniência)
Amostragem não probabilística
Amostragem por agrupamento
Amostragem por quota
1 6 8 M étodos de P esquisa em C iências do C om portamento
Amostragem probabilística 
Amostragem randômica estratificada 
Amostragem randômica simples 
Aplicação grupai de levantamentos 
Entrevista face a face 
Entrevista por telefone
Entrevista por telefone com suporte de computador (ETSC)
Escala de alta freqüência 
Escala de avaliação 
Escala de avaliação gráfica 
Escala de diferencial semântico 
Estudo de painel 
Grupo focal 
Intervalo de confiança 
Levantamento pela Internet 
Levantamento pelo correio 
Pesquisa de levantamento 
População
Predisposição de resposta
Predisposição para “dizer sim” e para “dizer não”
Questões abertas 
Questões fechadas 
Referencial da amostragem 
Taxa de retorno 
Viés do entrevistador
Questões de Revisão ___________________________________
1. O que é um levantamento? Descreva algumas questões de pesquisa que 
podem ser investigadas por meio de um levantamento.
2. Diferencie técnicas de amostragem probabilística e não probabilística. Quais 
são as implicações de cada uma?
3. Diferencie amostragem acidental e amostragem por quota.
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4 . Diferencie am ostragem randômica sim ples, randôm ica estratificada e por 
agrupam ento.
5 . Por que pesquisadores interessados em testar hipóteses sobre relações entre 
variáveis não se preocupam m uito em realizar am ostragem randômica?
6. Quais são as vantagens e as desvantagens do uso de questionários versus 
entrevistas num levantamento?
7. Diferencie os vários m étodos de aplicação de um levantam ento: questioná­
rio, entrevista e Internet.
8. Que fatores devem ser considerados na elaboração de perguntas para um 
levantamento (incluindo perguntas e alternativas de resposta)?
9 . Defina viés do entrevistador.
10. O que é predisposição de resposta de conveniência social?
11. Como o tamanho da amostra afeta a interpretação dos resultados de um 
levantamento?
Atividades______________________________ ____________
1. No estudo de Steinberg e Dornbusch (1991) sobre trabalho de adolescentes 
(ver Figura 7.1), aumento das horas de trabalho estava associado a redu­
ção das notas escolares. Podemos concluir que trabalhar mais tempo causa 
redução das notas? Por que sim ou por que não? Como se poderia expandir 
essa investigação mediante um estudo de painel?
2. Escolha um assunto para levantamento. Elabore pelo menos cinco questões 
fechadas que possam ser incluídas no levantamento. Para cada questão 
escreva uma versão “boa” e uma versão “precária”. Para cada questão pre­
cária, indique os elementos que a prejudicam e justifique as vantagens da 
versão “boa”.

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