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Geografia Urbana

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO
Silva, Ailson Barbosa da 
 Curso de Licenciatura em Geografia [e-Book]. / Ailson 
Barbosa da Silva. – São Luís: UEMA; UEMAnet, 2019.
 60 f.
 ISBN:
 1. História. 2. Conceito de cidade. 3. Urbanização. 4. 
Hierarquia. 5. Problemática urbana. 6. Educação. I. Título. 
CDU: 91:378 
Os matérias produzidos para os cursos ofertados pelo UEMAnet/UEMA para o Sistema Universidade 
Aberta do Brasil - UAB são licenciadas nos termos da Licença Creative Commons – Atribuição – Não 
Comercial – Compartilhada, podendo a obra ser remixada, adaptada e servir para criação de obras 
derivadas, desde que com fins não comerciais, que seja atribuído crédito ao autor e que as obras 
derivadas sejam licenciadas sob a mesma licença.
Professor Conteudista
Ailson Barbosa da Silva
Revisão de Linguagem
Lucirene Ferreira Lopes
Designer de Linguagem
Clecia Assunção Silva
Designer Pedagógico 
Adriana Araujo Coelho
Diagramação
Luis Macartney Serejo dos Santos
Reitor 
Gustavo Pereira da Costa
Vice-Reitor
Walter Canales Sant´ana
Pró-Reitora de Graduação
Zafira da Silva de Almeida
Núcleo de Tecnologias para Educação
Ilka Márcia Ribeiro S. Serra - Coordenadora Geral
Sistema Universidade Aberta do Brasil
Ilka Márcia R. S. Serra - Coord. Geral
Lourdes Maria P. Mota - Coord. Adjunta | Coord. 
de Curso
Coordenação do Design Educacional
Cristiane Peixoto - Coord. Administrativa
Maria das Graças Neri Ferreira - Coord. 
Pedagógica
UNIDADE 1 HISTÓRIA E CONCEITO DE CIDADE
1.1 A cidade na História ......................................................................... 08
1.2 As cidades modernas........................................................................12
1.3 A cidade e o espaço urbano..............................................................14
1.4 Algumas considerações a respeito das cidades..............................19
 Referências .....................................................................................27
UNIDADE 2 URBANIZAÇÃO, HIERARQUIA DAS CIDADES E 
 PROBLEMÁTICA URBANA 
2.1 A urbanização brasileira........................................................................29
2.2 Urbanização do Maranhão....................................................................36
2.3 Metropolização Nacional.......................................................................38
2.4 Rede Urbana e a Hierarquia das cidades brasileiras.............................42
2.5 Pequenas, médias e grandes cidades...................................................47
 Referências ..........................................................................................60
SUMÁRIO
 
Curso de Licenciatura em Geografia 4
 APRESENTAÇÃO
Caro (a) estudante,
Neste início de século XXI, a maioria da população mundial vive em cidades, 
mas nem sempre foi assim. Veremos ao longo deste e-Book que o processo de 
deslocamento da população das áreas rurais para as áreas urbanas é recente, 
remontando poucos séculos atrás. Ainda assim, no início do século XXI, a maior 
parte da população mundial vive em áreas urbanas e demandam planejamento das 
cidades e políticas públicas. 
Contudo, quando falamos de cidades usamos um termo genérico para nos referirmos 
a uma espacialidade que pode ter diferentes características, tamanho populacional 
e extensão de área entre si. 
Em nível internacional, os critérios para definição de cidades são diversos e por isso 
mesmo se torna confuso quantificar o tamanho da população urbana mundial. No 
Brasil, o critério é político-administrativo e nós aprenderemos qual o critério legal 
para definição de cidades em nível nacional. Apesar disso, é importante dizer que 
a definição de cidades, logo de áreas urbanas, tem uma importância fundamental 
para o planejamento de políticas públicas urbanas.
Quando falamos de cidades estamos tratando de uma realidade concreta de 
múltiplas dimensões, cercada de complexidades e de problemas. Nesse sentido, 
ao tratarmos das cidades contemporâneas podemos estar falando da pequena 
cidade no interior do Brasil, de um centro médio com economia dinâmica ou mesmo 
daquela grande metrópole. Logo, ao tratarmos de cidades é preciso distinguir sua 
dimensão e sua realidade.
A cidade é, também, o local de morar, de trabalhar e de sobreviver. Nela encontramos 
a diversidade política, cultural, econômica e social. Na cidade, as pessoas trabalham, 
estudam, produzem, consomem e vivem, mas também enfrentam problemas 
reais diretamente relacionados à dinâmica da urbanização. Assim, problemas 
como congestionamentos, violência, poluição, pobreza, precariedade estrutural, 
5Curso de Licenciatura em Geografia
degradação ambiental e desemprego são realidades negativas percebidas na 
cidade, sobretudo na grande cidade capitalista. 
O processo de produção da cidade ou do espaço urbano é complexo e envolve uma 
gama de atores e interesses que pretendemos revelar ao longo desta disciplina. 
A cidade contemporânea, tanto em nível nacional quanto em nível internacional, 
apresenta movimentos novos que merecem ser percebidos pelo olhar mais apurado 
do estudante de Geografia. 
O e-Book está dividido em duas Unidades: na primeira, tratamos de debater a 
história das cidades e o critério para definição de cidades no Brasil. Na segunda 
Unidade, é debatida a urbanização brasileira, rede urbana e hierarquia das cidades. 
Esperamos que goste da disciplina e que, o conteúdo aqui apresentado possa ser 
amplamente aproveitado para o seu processo de formação enquanto professor de 
Geografia. 
Desejo bons estudos!
Caro (a) estudante,
Além do texto com as informações do conteúdo da disciplina, estamos lhe 
apresentando os ícones, elementos gráficos que ampliam as formas de linguagem 
e simplificam a organização e a leitura hipertextual. Você deve clicá-los para ter 
acesso às informações que cada um representa. Observe os significados:
ABC OU GLOSSÁRIO 
define uma palavra, termo ou
expressão utilizada no texto;
SAIBA MAIS 
traz informações, curiosidades 
ou notícias acrescentadas ao 
texto e relacionadas ao tema 
estudado;
ATENÇÃO! 
destaca informações imprescindíveis 
no texto, indica pontos de maior 
relevância no texto;
SUGESTÃO DE LEITURA – indica 
outras leituras, contendo temas 
relacionados com o conteúdo do texto;
REFERÊNCIAS 
estão relacionadas no final 
de cada Unidade, de acordo 
com as normas da ABNT.
ÍCONES
SUGESTÃO DE FILMES OU VÍDEOS 
filmes com temas relacionados ao 
conteúdo do texto;
Curso de Licenciatura em Geografia 7
Compreender a história e evolução das cidades na história;
Debater os conceitos e critérios de definição de cidades no 
Brasil; e
 Analisar a produção e dinâmica do espaço urbano. 
História e Conceito de Cidade
Unidade
Objetivos
1
8Curso de Licenciatura em Geografia
 1.1 A Cidade na História 
As cidades não nasceram de um processo natural. Elas foram construídas a partir 
de um processo histórico e social que levou grupos populacionais a se aglomerarem 
em determinados pontos do espaço. As cidades, tal como se constituem hoje, são 
muito diferentes daqueles espaços pretéritos. É nesse sentido que nessa primeira 
parte da disciplina nos propomos conversar sobre a história das cidades. 
No passado, os grupos humanos se caracterizavam como nômades, ou seja, não 
se fixavam à terra em função de sua prática de caça e coleta de alimentos. Porém, 
quando conseguiram controlar técnicas agrícolas de produção de alimentos e de 
criação de animais, eles se fixaram à terra dando início ao que poderíamos chamar 
de embriões das cidades. 
As cidades vão surgir, primeiramente, onde os grupos humanos conseguiram 
produzir excedentes agrícolas demonstrando um certo grau de desenvolvimento 
técnico sobre a agricultura. Logo, produzindo excedentes agrícolas passou a existir 
uma divisão do trabalho, permitindo uma relação de troca entre si. A divisão do 
trabalho tendeu a separar os grupos sociaispor classes e determinar características 
próprias da cidade e do campo. A cidade passou a ser espaço da concentração e 
das relações comerciais enquanto o campo se tornava espaço da dispersão e da 
produção agrícola.
Entre 9000 e 8000 a.C os grupos humanos promoveram uma grande mudança 
de comportamento: passam de caçadores a pastores. Os grupos humanos se 
tornaram mais sedentários adotando hábitos de moradias em casas de barro e 
rochas situadas em regiões ribeirinhas, possibilitando a pesca e o pasto. Nesse 
mesmo período, os grupos humanos tenderam a aprimorar suas técnicas agrícolas 
elaborando inovações como o arado, diques, canais e vales de irrigação. 
9Curso de Licenciatura em Geografia
Fonte: https://antigoegito.org/agricultura-egipcia/
Figura 1 – Afresco representativo do uso de 
instrumentos para agricultura na antiguidade
Contudo, é somente por volta de 5000 a.C que surgem as primeiras aglomerações 
que se pode chamar efetivamente de cidades. Dentre as cidades mais antigas que 
se têm notícias estão Kisch, Ur e Uruk (CARLOS, 2015, p.61). Localizadas próximo 
ao Rio Eufrates, Kisch e Ur desapareceram em função da mudança no leito do rio. 
Fonte: http://www.historiaantigua.es/imagenessumer/files/
page14-1106-full.html
Figura 2 – Vestígios de Ur, atual Iraque, 
construída por volta de 5000 a.C.
10Curso de Licenciatura em Geografia
Fonte:https://www.coladaweb.com/geografia/surgimento-
primeiras-cidades
Os rios desempenharam um papel importante no surgimento e funcionamento 
das cidades antigas. O deslocamento se dava principalmente por vias aquáticas, 
permitindo um contato comercial entre populações de diferentes lugares. 
O comércio definitivamente revolucionou as cidades antigas. Muitas delas 
desempenhavam exclusivamente a função comercial se tornando ponto de 
comércio. Os rios e mais tarde o Mar Mediterrâneo (que vinculavam o Oriente ao 
Ocidente) se tornaram palco de intensas relações comerciais entre as sociedades 
antigas. 
Figura 3 – Cidades antigas no entorno do Mar 
Mediterrâneo
11Curso de Licenciatura em Geografia
Contudo, quando do bloqueio do Mar Mediterrâneo, em função da invasão sarracena 
no século VII, se inviabilizou o comércio por meio do Mediterrâneo e as cidades da 
região sofreram um importante declínio que se estendeu até o século XI. 
Durante a Idade Média, a Igreja Católica teve um papel fundamental de organização 
da sociedade, tal como a nobreza. Os indivíduos que não possuíam terras 
vinculavam-se à nobreza, proprietária de terras, efetivando uma troca de trabalho 
pelo direito de cultivar e produzir nas terras dos nobres. Logo, eram obrigados a 
repassar uma parte da produção como pagamento pelo uso da terra alheia. 
Nas cidades da Idade Média, a produção e o consumo se realizavam em nível 
local. Assim, se realizava uma produção autossuficiente sem ligações com o mundo 
exterior. Alimentos, vestuários e todos os demais produtos necessários ao consumo 
local era ali mesmo realizado. Não havia, tal como nas cidades antigas, a produção 
de excedentes que justificasse as ligações com o exterior. 
Quanto às cidades na Idade Média, essas possuíam características marcantes: 
muros fortificados e uma praça central utilizada para o comércio. Quando a cidade 
precisava crescer os muros derrubados e reconstruídos ampliando o espaço 
urbano. As condições de vida eram precárias. As ruas eram estreitas e havia muitas 
doenças. A mortalidade infantil era crescente e as epidemias matavam muita gente. 
A partir do século XI, as cidades começam a reaparecer, após um longo período 
de declínio. O comércio começa a ganhar força e as cidades passam a surgir no 
entrecruzamento de estradas e ao longo dos rios, locais de maior facilidade de 
circulação. Contudo, as cidades medievais também vão se localizar em posições 
fortificadas em função da ameaça permanente de invasão. Esse período é marcado 
pelo aumento do número de cidades mais do que do tamanho delas.
Ao longo da Idade Média, o comércio desenvolve um importante papel de 
impulsionamento das cidades. Para Carlos (2015, p.65), “a cidade é incompatível 
com uma economia de subsistência, tal como a feudal, caracterizada pela ausência 
de especialização, pela incipiente divisão do trabalho, pela quase que absoluta 
inexistência de excedentes e da circulação de produtos e pelo seu caráter não 
monetarizado”. Logo, foi fundamental superar o processo de produção autossuficiente 
12Curso de Licenciatura em Geografia
das cidades medievais e avançar para um processo de fortalecimento de trocas 
comerciais com outras cidades. A introdução de relações monetárias colaborou 
para ampliação comercial. 
O processo pelo qual a cidade passa, agora, marca, pois, o declínio do feudalismo 
e sua transição para o capitalismo. As relações comerciais provocam o surgimento 
de uma nova classe de indivíduos: a burguesia. Esse grupo, composto por 
comerciantes, se instala em porções estratégicas comercialmente formando um 
conjunto de novas cidades. Para essas cidades migra um conjunto significativo 
de trabalhadores “expulsos” do campo que, agora, tenderão a ser absorvidos 
pelo mercado de trabalho das cidades passando a compor uma nova massa de 
trabalhadores assalariados que colaborarão para criação de um mercado interno 
de consumo.
Ao final da Idade Média, as cidades capitais passam a ter controle sobre outras 
cidades estabelecendo um controle sobre o comércio. 
 1.2 As cidades modernas
Com o processo de invasão promovido pelas navegações ao chamado “novo 
mundo” novas áreas de povoamento surgiram no planeta e, consequentemente, 
novas aglomerações próximas daquilo que podemos chamar de cidades. 
O continente americano foi ocupado por uma gama de novos habitantes, mas é o 
processo de industrialização que ganha força no século XIX, na Europa, que marca 
uma nova lógica de produção das cidades modernas.
O desenvolvimento de técnicas de produção industrial colaborou para que novas 
cidades aparecessem. Tal condição foi impulsionada pelo desenvolvimento do trem 
que facilitou o deslocamento da produção entre diferentes pontos do espaço. Assim, 
as indústrias tenderam a se localizar próximas às linhas férreas e, por consequência, 
as moradias dos trabalhadores no entorno das industrias. Morar próximo ao local 
de trabalho era uma estratégia dos trabalhadores em função da falta de transporte 
público que lhes permitisse deslocamentos diários para trabalhar. O resultado 
13Curso de Licenciatura em Geografia
disso foi a formação de novas cidades diretamente resultantes do processo de 
industrialização.
Na Europa, o processo de industrialização provocou um amplo processo de êxodo 
rural-urbano em função das novas oportunidades de trabalho nas fábricas. Por 
um lado, a necessidade de mão de obra passava a atrair trabalhadores vindos 
do campo, por outro a mecanização do campo promovia uma ampla redução nas 
oportunidades de trabalho. Assim, muitos trabalhadores se deslocaram do campo 
em direção às cidades para ocupar as novas oportunidades de trabalho na indústria.
Vale destacar que, até a Revolução Industrial, não havia lugar algum no mundo 
onde a população urbana fosse maior que a população agrária. Para se ter uma 
ideia, até antes da Revolução Industrial, a população que vivia em cidades não 
ultrapassava mais de 20% dos habitantes em boa parte dos países europeus. Foi a 
entrada da indústria nas cidades que efetivou o processo de urbanização tal como 
conhecemos hoje. 
Nas cidades contemporâneas, a qualidade de vida vem se reduzindo pouco a pouco. 
O processo de industrialização, o crescimento populacional e as desigualdades 
sociais decorrentes do capitalismo colaboram para formação de cidades instáveis 
social e economicamente. Apesar de tudo, nem todas as cidades experimentaram 
declínio de qualidade de vida, tal realidade é mais perceptível em países pobres. 
Nos países ricos as cidades apresentam alto nível de qualidade de vida. 
Atividade
Pesquise a respeito da formação e problemas das cidadesbrasileiras. Em seguida 
debata com seus colegas a respeito das descobertas. 
14Curso de Licenciatura em Geografia
Para aprofundar a discussão a respeito da história das cidades indico que 
assista ao vídeo Ecco Homo – A cidade. Disponível no endereço:< https://
www.youtube.com/watch?v=iVrZtaQp0r4&t=214s. 
Após assistir ao filme debata com seu Tutor e com seus colegas a respeito 
das curiosidades e descobertas realizadas. 
 1.3 A cidade e o espaço urbano
O conceito de cidade é amplo e de difícil consenso. Diferentes autores se propuseram 
a definir tal conceito, colaborando para uma ampla gama de definições que se 
apresentam na literatura. 
Cabe dizer que, a cidade é um objeto estudado por diferentes áreas do conhecimento 
e, por isso mesmo, possui distintas definições e pontos de vista. Na Geografia, a 
cidade é estudada principalmente pela Geografia urbana, mas não só, buscando 
compreender sua essência, formação, estrutura e funcionamento. 
Nas próximas linhas, buscaremos apresentar algumas das muitas definições que 
nos ajudam a pensar a cidade e o espaço urbano. 
As cidades são resultado da ação humana sobre o espaço. Elas se formam e se 
transformam ao longo do tempo como resultado da ação humana, mas, sobretudo, 
como consequência dos processos históricos que fazem com que determinados 
grupos humanos se localizem em algumas porções do espaço. 
Cada cidade possui sua própria história e razão de existência, por isso nenhuma 
cidade é igual a outra e cada cidade possui um processo histórico próprio e uma 
organização geográfica particular. 
Mas, afinal, como podemos definir a cidade? 
Termos como concentração, aglomeração, espaço de encontro, espaço de 
15Curso de Licenciatura em Geografia
comércio etc., são algumas das muitas ideias associadas à cidade sempre que nos 
questionamos a respeito do real significado dela. Na literatura, muitas definições 
também são encontradas buscando definir esse complexo conceito. 
No campo da Geografia, autores como Sorre, Wagner, George dentre outros se 
propuseram a pensar, a definir a cidade sempre explicando a partir de suas próprias 
realidades. Boa parte dessas definições se voltaram a explicar, as cidades modernas 
da Europa industrial. 
Em nível nacional, autores como Milton Santos e Roberto Lobato Correa também 
deram suas contribuições para pensar a cidade. 
Para Milton Santos, a cidade se constitui no concreto (SANTOS, 1994). Nesse 
sentido, a cidade é o espaço urbano, a materialização do urbano sobre o terreno. 
Os prédios, as ruas, as praças, as redes e as pessoas constituem, pois, a cidade, 
sua história e suas relações. 
Nas cidades são realizadas, a produção e a comercialização de produtos. Em 
muitos casos há, também, a comercialização de itens produzidos no meio rural. 
Assim, há quem fale da cidade como espaço de comércio. 
Nas cidades as pessoas moram. Assim, precisam da casa para sobreviver. As 
casas são compradas – por vezes no mercado formal – ou construídas pela própria 
família, desde que disponham de um pedaço de terra. Quem não consegue comprar 
uma moradia recorre aos aluguéis, muitas vezes caros, comprometendo boa parte 
do rendimento familiar. 
Há aquelas famílias que não podendo pagar aluguéis e sem condições de adquirir 
casa pelos meios formais de compra, passam a atuar politicamente na luta por 
moradia, por vezes se organizando em movimentos sociais urbanos que realizam a 
ocupação de terras e reivindicam o direito à cidade.
As pessoas também trabalham nas cidades. Logo, necessitam de postos de 
trabalho e de toda uma série de condições para ocupar os empregos oferecidos. 
Quem pode, adquire um carro particular que lhe dá conforto de deslocamento entre 
casa e trabalho. Quem não possui carro particular depende do transporte público, 
16Curso de Licenciatura em Geografia
muitas vezes precário e caro, consumindo uma parte importante da renda familiar. 
Os moradores das cidades também necessitam sobreviver, por isso demandam 
serviços de educação, saúde e lazer. Nem sempre esse conjunto de serviços é 
amplamente ofertado e garantido ao conjunto da população. Sobretudo nas áreas 
mais pobres, onde tradicionalmente convencionou-se chamar de periferias, os 
serviços públicos e a infraestrutura são falhos. Assim, as pessoas, por vezes, 
dispõem de habitação, mas não de habitabilidade. 
Nas cidades, sobretudo nas grandes cidades, encontramos ampla diversidade 
cultural, política e ideológica, por isso mesmo que há quem defina a cidade como 
espaço da diversidade.
Correa (1995, p.1) define a cidade como o espaço urbano. Assim, afirma: “considera-
se a cidade como espaço urbano que pode ser analisado como um conjunto de 
pontos, linhas e áreas”. 
O espaço urbano ou a cidade vai se organizando a partir de uma diferenciação de 
usos do solo tais como as áreas industriais, residenciais e comerciais. Em geral, 
denomina-se como centro o espaço comercial da cidade, onde estão localizadas as 
principais lojas, os mercados e os comércios.
A área residencial ocupa uma parte muito maior da cidade. Por vezes a área 
residencial apresenta forte grau de desigualdade interna. Logo, há porções 
residenciais onde moram as famílias mais abastadas e há aqueles espaços onde 
residem as famílias mais pobres. 
Quando existe área industrial, tende a se localizar mais longe da área central e da 
área residencial. Nela se localizam as industrias, ainda que nas áreas residenciais 
e mesmo nas áreas centrais seja possível encontrar pequenas industrias locais. 
17Curso de Licenciatura em Geografia
Há, ainda, processos de especulação imobiliária. Ocorre quando proprietários de 
imóveis inutilizados reservam seu estoque a fim de que exista uma valorização 
futura. Assim, promovem uma reserva de mercado a fim de que o valor dos aluguéis 
e dos imóveis cresçam garantindo alta lucratividade para seus proprietários. Essa 
prática é muito comum em médias e grandes cidades. 
O espaço urbano é também palco da disputa política ou “produto de lutas” (CARLOS, 
2001) como prefere chamar a professora Ana Fani. Nele se reproduz uma disputa 
pela produção da cidade e pelo direito de uso e ocupação dela. Sobretudo nas 
grandes cidades é comum ver processos de ocupação de terras realizados por 
movimentos sociais urbanos. Tal ocupação se realiza em função de que as pessoas 
precisam morar na cidade e nem todas as pessoas dispõem de recursos mínimos 
para aquisição de um pedaço de terra. Nesse sentido, a luta por terra nas cidades 
se realiza como consequência da desigualdade de acesso à renda. 
A terra urbana se torna, pois, mercadoria sendo disputada por agentes urbanos que 
possuem interesses sobre ela. 
Atenção!
Também existem aquelas áreas de reserva da expansão, ou seja, aquelas 
áreas que são “guardadas” por seus proprietários esperando um processo de 
valorização futura para que elas sejam incorporadas pela própria cidade. Esse 
processo é denominado de especulação fundiária, muito comum em cidades 
de grande e médio porte.
18Curso de Licenciatura em Geografia
Roberto Lobato Correa (1995) define um conjunto de agentes produtores do 
espaço urbano que colaboram para o processo de produção do espaço. Assim, 
são agentes com interesses sobre o espaço urbano: proprietários dos meios de 
produção, proprietários fundiários, promotores imobiliários, Estado e os grupos 
sociais excluídos.
Os donos dos meios de produção necessitam de espaço (terra urbana) para 
ampliação de seus negócios, assim, demandam terra para efetivação da reprodução 
do capital. 
Os proprietários fundiários ou melhor donos de terras urbanas agem sobre o 
processo de produção da cidade determinando os eixos de expansão do espaço 
urbano. Assim, guardam grandes lotes de terras no entorno da cidade esperando 
que a cidade cresça e demande terras para expansão. Tal processo recebe o nome 
de especulação de terras. 
Sempre que há demanda por novas porções de terras esses agentes entram em 
ação liberando seus estoques de terras ou guardando, provocando dessaforma 
uma valorização. 
Os proprietários de terras, no seu jogo de lucratividade com a cidade, mobilizam outro 
importante agente: o Estado. Assim, quando desejam valorizar uma determinada 
área da cidade ou eixo de crescimento demandam do poder público a instalação de 
infraestrutura básica (estradas, redes, equipamentos públicos etc.) que valorizam 
algumas porções da cidade garantindo lucro para esses agentes. 
O Estado é o poder público. Em nível municipal é a prefeitura e seus agentes. O 
Estado é administrado por grupos e pessoas com interesses sobre ele. Em muitos 
casos o Estado é usado para garantir os interesses desses grupos, muitos dos quais 
se misturam aos industriais, proprietários de terras e promotores imobiliários. Assim, 
quando está em jogo o interesse de algum desses agentes o Estado (por meio do 
judiciário e da polícia) tende a interferir em favor dos grupos mais poderosos. 
Por fim, os grupos sociais excluídos correspondem ao conjunto da sociedade que não 
participa do jogo da aquisição da cidade. Muitas vezes sem condições de comprar 
moradia ou pagar os caros e insuportáveis aluguéis, se organizam em movimentos 
19Curso de Licenciatura em Geografia
sociais que se voltam a ocupar terras e exigir do poder público o acesso aos direitos 
e serviços básicos como transporte, educação, saúde, saneamento básico etc. Nas 
grandes cidades é comum encontrar esses movimentos. 
Saiba mais!
Que tal assistir um documentário? Acesse o link abaixo e assista ao 
documentário Leva.
Disponível em:< https://www.youtube.com/watch?v=xn2um8xhc4o 
Depois de assistir pesquise se na sua cidade há falta de moradia e, como 
moram as famílias mais pobres. Depois dialogue com seus colegas a respeito 
dessa problemática. 
 1.4 Algumas considerações a respeito das cidades
Do ponto de vista legal, a cidade é a área urbana propriamente dita. Quem define a 
área urbana, no Brasil, é o poder público municipal por meio de Lei aprovada pelas 
câmaras de vereadores. Assim, um município pode possuir uma área urbana e uma 
área rural. Há municípios que só possuem área urbana. 
No Brasil, a cidade é definida como a sede do município. Ou seja, a cidade está 
onde se localiza a prefeitura municipal. Essa definição foi criada nos anos 1930 e 
ainda vigora no país, ainda que se possua uma ampla discussão sobre ela. 
Esse é um importante detalhe que merece ser observado. Isso porque, é tal 
definição que vai delimitar a população urbana e rural do município. Ou seja, todo 
20Curso de Licenciatura em Geografia
cidadão que reside na área urbana de um município é considerado na contagem 
da população urbana municipal. Aqueles indivíduos que residem na área rural são 
considerados como população rural. No recenseamento realizado, a cada dez anos 
pelo IBGE, é levado em consideração o local de moradia do indivíduo a fim de 
contabilizá-lo como urbano ou rural. 
O Brasil, hoje, é um país predominantemente urbano com mais de 84% da população 
vivendo em áreas urbanas.
Há um debate importante e controverso a esse respeito. Alguns autores defendem 
outros critérios, para além do local de moradia, na contagem da população urbana. 
Em nível internacional não há um consenso sendo que cada país define cidade e 
população urbana a partir de um critério próprio, criando um grande entrave sobre 
o real tamanho da população urbana mundial. 
O fato é que o mundo já é predominantemente urbano, ou seja, a maior parte da 
população mundial vive nas cidades, resultado do processo de aceleramento da 
urbanização. 
Atenção!
O Brasil possui 5.570 municípios de diversos tamanhos, população e histórias. 
Realize uma pesquisa sobre sua cidade (história, área, população, principais 
atividades econômicas e problemas urbanos) e apresente para seus colegas 
sua perspectiva sobre o local onde você mora. Se possível fotografe imagens 
representativas da cidade (o centro da cidade, os espaços turísticos, os 
problemas, o comércio etc.) e debata com seus colegas. 
21Curso de Licenciatura em Geografia
 1.4.1 O que são as cidades?
Objeto complexo, tema de intensos debates e controvertidas interpretações, a 
cidade é hoje tema de inúmeras pesquisas acadêmicas. Tomada por diferentes 
ângulos e por distintas disciplinas, tais como a História, o Urbanismo, a Arquitetura, 
a Engenharia e a Geografia, a cidade ganha importância mediante sua ascensão 
como espaço de gestão do mundo contemporâneo. 
Pensar a cidade tornou-se uma tarefa árdua, tanto pela sua diversidade de formas, 
usos e processos quanto por suas dimensões, problemáticas e transformações.
A cidade é o palco do teatro urbano e centro irradiador da urbanização destacando-
se, pois, pelos desafios de gestão, pelos problemas crescentes, pela diversidade 
de tamanhos e pela intensidade com que a urbanização chega a diferentes pontos. 
Um desafio inicial é definir a cidade mediante o amplo cabedal de definições, 
interpretações e conceitos trazidos pela ampla literatura existente. Um segundo 
desafio é pensar os processos, desafios e problemáticas recentes que envolvem as 
cidades dos mais diversos tamanhos. 
 1.4.2 Definição de cidade
Definir a cidade é um exercício complexo. Podemos fazê-lo por duas vias: a partir 
das definições teóricas e contribuições filosóficas ou a partir dos critérios legais. 
Tanto um quanto outro apresenta uma diversidade tão ampla que é quase impossível 
promover uma generalização. Então vejamos.
A literatura geográfica apresenta uma ampla matriz teórica que colabora para 
definição de cidades. Contudo, não apenas no campo da Geografia, mas também 
em outras áreas do conhecimento é possível encontrar colaborações importantes 
que podem ajudar nesse processo de reconhecimento e definição das cidades. 
Podemos definir a cidade como o espaço urbano, tal como vem sendo trabalhado 
22Curso de Licenciatura em Geografia
por Roberto Lobato Correa. Para este autor, o espaço urbano é fragmentado e 
articulado; reflexo e condicionante social. Para ele, o espaço urbano da cidade 
capitalista é fragmentado e articulado, pois apesar de se apresentar separado 
(sobretudo em função da divisão espacial das classes sociais) estas diversas 
porções sociais e espaciais se articulam e se ligam, por meio das diversas trocas 
de fluxos materializadas pelas pessoas, produtos, serviços, operações consumo 
etc. Logo, a cidade é fragmentada e articulada ao mesmo tempo. 
Para Correa (1995), o espaço urbano, por ser fragmentado e articulado, reflete 
as divisões sociais de classe e de renda da sociedade. Logo, o espaço urbano 
da cidade capitalista reflete a desigualdade de acesso à renda (e a direitos) 
expressando na paisagem a forma como diferentes grupos sociais se apropriam da 
riqueza produzida pela coletividade. 
Fonte: https://oimparcial.com.br/cidades/2018/09/participacao-popular-pode-
reduzir-desigualdade-em-sao-luis-dizem-cientistas-sociais/
Figura 4 – Expressão da desigualdade social 
em São Luís (MA)
23Curso de Licenciatura em Geografia
O espaço urbano é, por fim, condicionante social. Ou seja, as atividades 
empresariais tendem a se somar em determinados espaços, favorecendo o 
processo de reprodução das condições de produção. Assim, as empresas tendem 
a buscar vantagens comuns que garantem a elas uma solidariedade de reprodução 
do capital. Por sua vez, as famílias mais pobres tendem a se localizar em espaços 
precários, resultado do processo de negação do direito à cidade, condicionando a 
sobrevivência nas periferias urbanas.
As cidades são complexas, de tamanhos variados, de funções diversas, 
apresentando uma diversidade de sítio, de extensão, de população, de oferta de 
serviços, de base econômica, de história, de paisagem, de processos e de agentes. 
Logo, ao tratarmos de cidade de forma mais genérica estamos falando de uma 
espacialidade tão diversa e complexa que pode ao mesmo tempo estar se referindo 
a uma aglomeração de 2000 habitantes (a exemplo da pequena cidade de Junco do 
Maranhão) ou de uma cidade com 15 milhões dehabitantes (tal como São Paulo). 
Também podemos estar falando de cidades de diversos tamanhos, algumas com 
área minúscula ou aquelas com grandes extensões. 
O fato é que as cidades existem e cumprem um papel importante de reprodução 
da vida.
Quando falamos de cidade, hoje, tendemos a pensar, também, seus problemas. 
As grandes cidades brasileiras, e mesmo cidades de outros países do mundo, 
apresentam uma ampla diversidade de dificuldades decorrentes de seus modelos 
de urbanização. Assim, quando pensamos as grandes e médias cidades tendemos 
a pensar os problemas de violência, mobilidade urbana, poluição (visual, sonora, do 
ar, da água etc.), pobreza, impactos ambientais etc. 
É comum percorrer grandes cidades brasileiras e se deparar com a expressão 
espacial da pobreza nas formas de morar da população mais pobre. Assim, não 
é incomum ver favelas ocupando áreas ribeirinhas, morros e alagados, a exemplo 
do que se pode observar na paisagem de cidades como Recife, Salvador e Rio de 
Janeiro. 
As populações mais pobres se mantêm vulneráveis nesses espaços insalubres de 
24Curso de Licenciatura em Geografia
moradia. Recorrentemente, nos deparamos com notícias de mortes de pessoas 
mais pobres moradores de áreas de risco. 
Nas pequenas cidades brasileiras, a existência de favelas ou áreas pobres é menos 
percebido, apesar de existirem. 
De forma prática, a definição de cidades no Brasil segue um critério político-
administrativo. Ou seja, a definição de cidade é dada a partir de critério jurídico 
estabelecido por meio do Decreto-Lei nº 311 de março de 1938 que reconhece 
como cidade a sede municipal. 
Nesse sentido é importante diferenciar o conceito de cidade e de município. Como 
já observado, a cidade se refere à área urbana municipal. O município, por sua 
vez, corresponde ao território municipal, podendo ter uma área urbana e outra área 
rural. Existem municípios brasileiros que são totalmente urbanos, a exemplo do 
município de Camaragibe (Pernambuco). 
A definição sobre o território municipal é feita por legislação aprovada pela Câmara 
de Vereadores de cada município. Assim, são definidos os limites entre área rural e 
urbana, consequentemente determinando o perfil da população municipal. 
Atenção!
Você sabe os limites entre a área urbana e rural de seu município? Que tal 
pesquisar sobre o assunto e depois socializar com seus colegas a descoberta? 
25Curso de Licenciatura em Geografia
Por que é importante tal definição?
Além das políticas públicas que são desenvolvidas para áreas urbanas e áreas 
rurais, tal delimitação também interessa na contagem da população brasileira. Isto 
porque, é contabilizada como população urbana as pessoas que vivem em áreas 
urbanas e como população rural as pessoas que vivem em áreas rurais.
A cada dez anos o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) realiza um 
Censo da população brasileira, contabilizando inclusive o tamanho da população 
rural e urbana nacional. Logo, como já destacado, é com base na legislação 
dos municípios (que define áreas urbanas e rurais) que se chega aos resultados 
divulgados. 
Em nível internacional, a definição de cidade segue critérios próprios de cada país. 
Como demonstrado em Sposito (2013) há uma grande diferenciação nos critérios 
utilizados para definição de cidades pelos países e organizações internacionais. 
Que tal pesquisar um pouco sobre o assunto e comparar ao critério brasileiro? Após 
a pesquisa socialize sua descoberta. 
 1.4.3 Critério de cidade no Brasil 
Enquanto no Brasil, o critério para definição de cidades é político-administrativo 
(a cidade corresponde à área urbana do município), em outros países o critério é 
numérico. Santos (1982) critica a utilização de critério numérico para definição de 
cidades afirmando que: “Aceitar um número mínimo como fizeram alguns países e 
também as Nações Unidas, para caracterizar diferentes tipos de cidades no mundo 
inteiro, é incorrer no perigo de uma generalização [...]” (p.69). 
Ainda assim, organizações internacionais reconhecem que o mundo já é 
predominantemente urbano. Ou seja, em nível internacional a maior parte da 
população mundial vive em cidades, sejam elas grandes ou pequenas. Segundo 
um estudo da ONU publicado em julho de 2018, 54% da população mundial vive 
em cidades e as projeções indicam que serão 66% de população urbana em 2050.
26Curso de Licenciatura em Geografia
Tudo isso requer das autoridades mundiais esforços no sentido de pensar o futuro 
das cidades tornando-as mais saudáveis, sustentáveis e democráticas.
RESUMO
Nesta Unidade, estudamos o processo histórico de formação das cidades. Vimos 
que elas são resultado de um processo histórico que remonta mais de cinco mil anos. 
Também analisamos os critérios para definição de cidades no Brasil e a importância 
de tal definição. Por fim, conhecemos os agentes promotores do espaço urbano e 
como eles colaboram para dinâmica de produção do espaço urbano. 
Dica de leitura
Acesse e leia o texto Relatório da ONU que mostra população mundial 
cada vez mais urbanizada, mais da metade vive em zonas urbanizadas 
ao que se podem juntar 2,5 mil milhões em 2050.
Disponível em:< Dhttps://www.unric.org/pt/actualidade/31537-relatorio-
da-onu-mostra-populacao-mundial-cada-vez-mais-urbanizada-mais-de-
metade-vive-em-zonas-urbanizadas-ao-que-se-podem-juntar-25-mil-milhoes-
em-2050
27Curso de Licenciatura em Geografia
REFERÊNCIAS 
CARLOS, Ana Fani Alessandri. A Cidade. São Paulo: Editora Contexto, 2001.
CORREA, Roberto Lobato. O Espaço urbano. São Paulo: Ática, 1995. 
SANTOS, Milton. A urbanização brasileira. 2. ed. São Paulo: HUCITEC, 1995. 
SPOSITO, Eliseu Savério; SILVA, Paulo Fernando Jurado da. Cidades Pequenas: 
perspectivas teóricas e transformações socioespaciais. Jundiaí: Paco Editorial, 
2013, 148 p.
28Curso de Licenciatura em Geografia
Compreender o processo de urbanização brasileira, 
analisando a rede urbana nacional. 
Urbanização, Hierarquia 
das Cidades e Problemática 
Urbana 
Unidade
Objetivo
2
29Curso de Licenciatura em Geografia
 2.1 A urbanização brasileira
O que é a urbanização e qual o seu resultado? Qual a taxa de urbanização do Brasil 
e quais as implicações disso sobre o território e a vida das pessoas? São algumas 
das questões que serão debatidas ao longo desta Unidade. 
Em linhas gerais podemos definir a urbanização como o processo de crescimento 
da população urbana em relação à população rural. Dessa forma, afirmamos existir 
um processo de urbanização quando há um crescimento da população que vive em 
áreas urbanas em relação ao total da população rural. Em outro sentido, podemos 
falar de urbanização quando verificamos o processo de expansão da malha urbana 
das cidades ou mesmo a formação de novas aglomerações urbanas sobre o 
território. 
O Brasil experimentou um processo relativamente recente de urbanização. Até 
meados do século XX, o Brasil era um país predominantemente rural. Ou seja, a 
maior parte de sua população vivia em áreas rurais e atuava no trabalho agrícola. 
O Brasil era um país agroexportador, enviando para o exterior boa parte de sua 
produção agrícola, em função de que não existia no país um mercado consumidor 
considerável capaz de consumir o conjunto da produção. 
Somente a partir da segunda metade do século XX, o Brasil passa acelerar o 
processo de urbanização com o aumento das taxas de urbanização nacional e 
com a conformação de novos centros urbanos, muitos dos quais embriões de 
aglomerações urbanas.
Saiba mais!
Taxa de urbanização: corresponde ao percentual da população urbana em 
relação ao total da população
30Curso de Licenciatura em Geografia
Segundo Santos (1995), nos anos 1940, a população brasileira era de mais de 41 
milhões de habitantes e apresentava uma taxa de urbanização de 26,35%. A partir 
de então taxa de urbanização nacional não parou de crescer. Em 1950, já era de 
36,16%; em 1960, de 45,52 e em 1970 de 56,80%. 
É a partir dos anos 1940 que a urbanizaçãobrasileira se acelera, mas somente 
nos anos 1970 que o país passa a ser predominantemente urbano. Entre os anos 
1960 e 1980, as cidades brasileiras ganham um incremento populacional urbano 
na ordem de cinquenta milhões de habitantes. Em 1960, a população total do país 
era de 70.191.000 habitantes com um total de 31.956.000 pessoas vivendo em 
cidades. Em 1980, a população total do país já chegava a 119.099.000 pessoas e 
uma população urbana de 82.013.000 urbanos representando 68,86% do total de 
brasileiros. A taxa de urbanização brasileira em 1980 apresentava um incremento 
de mais de quase 50 milhões de habitantes urbanos em relação a 1960. É mais que 
a metade da população total do país que, agora, passa a viver em áreas urbanas. 
Em 1991, a população do Brasil já era de mais de 150 milhões de habitantes com 
uma taxa de urbanização de mais de 77%. ( SANTOS, 1995). 
Em 2000, na virada do século, o país somava quase 170 milhões de habitantes e 
apresentava uma taxa de urbanização na ordem de 81% da população nacional. 
Por sua vez, em 2010, a população brasileira já era de mais de 190 milhões de 
pessoas com uma taxa de urbanização de 84% da população. 
31Curso de Licenciatura em Geografia
Fonte: http://educacao.globo.com/geografia/assunto/urbanizacao/urbanizacao-
brasileira.html
Figura 5 – Taxa de urbanização brasileira 1940-
2010
Vale destacar que, o processo de urbanização brasileiro vem promovendo uma 
concentração populacional do ponto de vista regional e territorial. Assim, uma parte 
significativa da população nacional se concentra nas regiões Sudeste e Nordeste, 
representando 42 e 27% da população nacional, respectivamente. Por sua vez, a 
região Centro-Oeste é aquela que apresenta menor concentração com apenas 7% 
da população brasileira.
32Curso de Licenciatura em Geografia
Quadro 1 – Evolução da população brasileira 1991-2010
Ao analisar as taxas de urbanização brasileira por regiões percebemos uma 
desigualdade entre regiões, ainda que sejam todas elas majoritariamente urbanas. 
Assim, dentre as cinco regiões do país a Sudeste é aquela que apresenta maior 
taxa de urbanização (92,95%), seguida pelo Centro-Oeste (88,8%) e Sul (84,93%). 
Região 1940 1950 1960 1970 1980 1991 2000 2007 2010
Brasil 31,24 36,16 44,67 55,92 67,59 75,59 81,23 83,48 84,36
Norte 27,75 31,49 37,38 45,13 51,65 59,05 69,83 76,43 73,53
Nordeste 23,42 26,4 33,89 41,81 50,46 60,65 69,04 71,76 73,13
Sudeste 39,42 47,55 57 72,68 82,81 88,02 90,52 92,03 92,95
Sul 27,73 29,5 37,1 44,27 62,41 74,12 80,94 82,9 84,93
Quadro 2 – Taxa de Urbanização das Regiões Brasileiras (IBGE)
33Curso de Licenciatura em Geografia
Centro-
Oeste
21,52 24,38 34,22 48,04 67,79 81,28 86,73 86,81 88,8
Fonte: IBGE (2010).
As regiões Norte e Nordeste são, respectivamente, as regiões menos urbanas do 
país apresentando taxas de 73,53 e 73,13%, respectivamente, conforme pode ser 
observado no Quadro 2. 
Quando a distribuição populacional do país é analisada a partir dos estados 
brasileiros percebemos grande desigualdade entre estados. Assim, São Paulo é 
o estado mais populoso do Brasil com uma população de mais de 41 milhões de 
habitantes. Para se ter uma ideia, o segundo estado mais populoso do país – Minas 
Gerais – apresenta uma população de pouco mais de 19 milhões de habitantes, 
menos da metade da população de São Paulo. Logo, São Paulo possui perto de 
um quarto da população nacional, por isso sua importância no cenário político e 
econômico brasileiro. 
34Curso de Licenciatura em Geografia
Quadro 3 – População brasileira por estados e crescimento percentual entre 2000-
2010 
Fonte: IBGE (2010).
35Curso de Licenciatura em Geografia
Fonte: https://atlassocioeconomico.rs.gov.br/grau-de-urbanizacao 
Quanto à realidade urbana dos estados brasileiros, é, novamente, São Paulo aquele 
que apresenta maior taxa de urbanização acompanhado do estado do Rio de Janeiro 
e Goiás. Como se pode observar na Figura 6, existe uma forte desigualdade das 
taxas de urbanização no Brasil. Os estados das regiões Centro-Oeste, Sul e Sudeste 
apresentam taxas de urbanização acima de 80%. Já os estados das regiões Norte 
e Nordeste apresentam taxas de urbanização desiguais entre estados.
Figura 6 – O Mapa mostra a existência de uma forte 
desigualdade das taxas de urbanização no Brasil
36Curso de Licenciatura em Geografia
 2.2 Urbanização do Maranhão 
É importante analisar o quadro urbano do estado do Maranhão em específico. 
Assim, com uma população de pouco mais de 6.500.000 habitantes em 2010, 
apresentando uma taxa de urbanização de quase 63,08%, o estado é um dos 
menos urbanizados do país. Isso significa dizer que a população maranhense é 
predominantemente urbana, ainda que exista uma população rural significativa na 
ordem de 36,92%, constituída de mais de 2.400.000 habitantes. 
População (1991) (1991) (2000) (2000) (2010) (2010)
População total 4.930.253 100,00 5.651.475 100,00 6.574.789 100,00
População urbana 1.972.421 40,01 3.364.070 59,53 4.147.149 63,08
População rural 2.957.832 59,99 2.287.405 40,47 2.427.640 36,92
O território maranhense apresenta forte disparidade quanto às taxas de urbanização 
entre os municípios. Dessa forma, é possível encontrar municípios com taxas de 
urbanização na casa de 87,12% a exemplo de Balsas e outros com taxa urbanização 
muito baixa a exemplo de Belágua que possui uma população de 6.524 habitantes 
e apresenta uma urbanização de somente 50,02%. 
Tabela 1 – População Rural/Urbana - Estado – Maranhão
Fonte: PNUD, Ipea e FJP
37Curso de Licenciatura em Geografia
Fonte: https://www.nugeo.uema.br/?p=10710#prettyPhoto/0/
Figura 7 – Taxa de urbanização por municípios do Maranhão 
Legenda
. Municípios ( 50 mil habitantes ou mais )
Taxa de Urbanização
Coodenadas Geográficas: WGS 84
ESCALA GRÁFICA
Fonte : IMESC - 2013
0 50 100 200
Meridiano de Referência : 450 W Gr 
Datum Horizontal: WGS 84
14,4 - 32,8
32,9 - 44,9
45,0 - 57,7
57,8 - 72,1
72,2 - 94,8
38Curso de Licenciatura em Geografia
 Atenção!
Para exercitar o conhecimento a respeito das taxas de urbanização maranhense que tal, 
agora, explorar dados e informações municipais? Acessa o Atlas do Desenvolvimento Humano 
do Brasil, selecione alguns municípios e analise as informações. Em seguida, apresente para 
seus colegas as principais descobertas! 
Atlas do Desenvolvimento Humano do Brasil. Disponível em: <http://www.atlasbrasil.org.
br/2013/pt/consulta/ 
 2.3 Metropolização Nacional 
A partir da metade do século XX, o Brasil para a verificar a formação importantes 
aglomerações urbanas, sobretudo no entorno de algumas importantes capitais 
estaduais, originando processo de metropolização.
Para Langenbuch (1971 apud SANTOS, 1995,p.84 ), “a metrópole constitui um tipo 
especial de cidade, que se distingue das menores não apenas por sua dimensão, 
mas por uma série de fatos, quer de natureza quantitativa, quer de natureza 
qualitativa”. 
As metrópoles se constituem em cidades complexas por sua dimensão territorial 
e demográfica. Com populações amplas, muitas vezes na casa dos milhões 
de habitantes, as metrópoles foram chamadas por Santos (1995) de “cidades 
milionárias”. Para o autor, o Brasil possuía em 1960 apenas duas cidades com 
população de mais de um milhão de habitantes (São Paulo e Rio de Janeiro), eram 
cinco em 1970, dez em 1980 e doze em 1991.
Nesse período se desenvolve, também, um processo de metropolização com a 
institucionalização das primeiras Regiões Metropolitanas brasileiras. Foram elas, 
criadas por lei: Belém, Salvador, Fortaleza, Recife, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, 
São Paulo, Curitiba e Porto Alegre. Posteriormente, a partir da Constituição de 1988, 
foi dado aos estados a incumbência de criação das RMs. Assim, uma série de novas 
Regiões Metropolitanas (RMs) foram criadas pelo país, muitas das quais tendo seu 
centro fora das capitais estaduais conforme pode ser observado no Quadro 4. 
39Curso de Licenciatura emGeografia
Quadro 4 – Região Metropolitana, Unidade da Federação, Ano de criação e população 
em 2010 
Grande São Luís
40Curso de Licenciatura em Geografia
Fonte:https://associacoeshoje.com.br/2017/10/06/custo-de-vida-na-regiao-
metropolitana-de-sao-paulo-sobe-039-em-agosto/
As RMs possuem um núcleo principal que lhe dá o nome, é o município núcleo 
da região. Além desse município formam a Região Metropolitana um conjunto de 
municípios territorialmente integrados muitas vezes, mas nem sempre, conturbados 
ao município núcleo. 
Saiba mais!
São Paulo é, hoje, a maior metrópole do país e uma das maiores cidades do 
mundo. Juntamente com os municípios que compõem a Grande São Paulo 
somam-se mais de 19 milhões de habitantes. 
Figura 8 – Região Metropolitana de São Paulo 
41Curso de Licenciatura em Geografia
O Brasil tem algumas dezenas de Regiões Metropolitanas, dentre elas se encontra 
a Região Metropolitana de São Luís. Dessa forma, ao falar da RM São Luís estamos 
tratando de uma região composta pelos municípios de São José de Ribamar, 
Raposa, Paço do Lumiar, Alcântara, Bacabeira, Rosário, Santa Rita, Icatu, Morros, 
Presidente Juscelino, Axixá, Cachoeira Grande e São Luís. 
Em tese, a criação de RMs tinha o objetivo de realização de políticas públicas 
comuns aos municípios integrantes. Considerando a íntima relação entre suas 
populações se tornava fundamental pensar estratégias integradas de ação. Por 
exemplo, um indivíduo morador de Raposa (MA) trabalha em São Luís e estuda em 
Paço do Lumiar. Desta forma, para que consiga se deslocar internamente dentre os 
municípios é de fundamental importância que se desenvolva uma política integrada 
de transportes intermunicipais, garantindo o deslocamento diário dentro da região. 
Esse exemplo hipotético se reproduz em diversos contextos no Brasil afora e, 
por isso mesmo, justifica a criação de regiões metropolitanas a fim de garantir o 
planejamento de políticas públicas em nível regional. Essas políticas passam a 
ser elaboradas por organismos regionais criados para pensar políticas para além 
dos municípios. Assim, as políticas deixam de ser municipais e passam a ser 
metropolitanas. 
Atividade
Realize uma pesquisa a respeito das regiões metropolitanas brasileiras identificando 
os municípios integrantes, população, área e estado. Em seguida, elabore um croqui 
das RMs brasileiras e dialogue com seus colegas a respeito das descobertas. 
42Curso de Licenciatura em Geografia
 2.4 Rede Urbana e a Hierarquia das cidades brasileiras 
O Brasil é formado por um conjunto de regiões, estados e municípios. Com um 
território de tamanho continental, as cidades brasileiras se apresentam de forma 
diversa em relação à população, extensão e funções desempenhadas. 
Cada cidade desempenha um papel ou função principal. Assim, há cidades que 
apresentam função comercial, administrativa, religiosa, portuária, cultural, turísticas 
etc. A função corresponde ao papel econômico principal desempenhado por uma 
cidade. 
Saiba mais! Alguns exemplos de cidades e funções:
Cidades político-administrativas: são cidades onde se localizam importantes sedes 
administrativas de governos e parlamentos. Costumam ter como característica a elevada 
oferta de empregos no setor público e estratégica função política. Geralmente, são cidades 
especificadamente planejadas e construídas para esse fim, embora, em alguns casos, elas 
passem a acumular outras funções. Podemos citar, como exemplo, de cidades político-
administrativas, Brasília (Brasil), Pretória (África do Sul), Washington (EUA), Ottawa (Canadá), 
entre outras; 
Cidades religiosas: são formações urbanas que possuem suas dinâmicas econômicas 
majoritariamente centradas em algum tipo de atividade religiosa, que ocorre todo o ano 
ou durante alguns poucos dias, mas que atrai um grande número de fiéis e movimenta um 
significativo ornamento financeiro. Exemplos de cidades desse tipo são: Jerusalém (Israel), 
Meca (Arábia Saudita), Aparecida do Norte (Brasil), Santiago de Compostela (Espanha), 
Trindade (Brasil), entre outras;
Cidades turísticas: são cidades que possuem algum significativo atrativo turístico e de lazer, 
seja pelos seus recursos naturais, seja pelas possibilidades oferecidas pelo seu espaço 
geográfico. Dentre esse tipo de cidade, podemos citar Las Vegas (EUA), Porto Seguro (Brasil), 
Cancun (México) etc;
43Curso de Licenciatura em Geografia
Atividade
Que tal pensar sobre as funções realizadas pela sua cidade? Relacione a função 
principal e, se existir, outras funções. Depois apresente para seus colegas!
Cidades portuárias: são cidades que exercem uma importante função na economia do país 
ao qual pertencem, pois são a partir delas que a maior parte das exportações e importações 
acontecem, graças à estrutura de seu porto, utilizado para carga e descarga de mercadorias. 
Alguns exemplos de cidades desse tipo são: Santos (Brasil), Roterdã (Holanda) e Hamburgo 
(Alemanha); e
Cidades industriais: apesar de a maioria das cidades se formar direta ou indiretamente em 
função do crescimento da produção industrial em uma dada região, somente algumas delas 
podem ser classificadas como cidades industriais. Essas se caracterizam por centrarem 
a maioria de suas atividades quase que exclusivamente no setor industrial, apresentando 
vastos e modernos parques empresariais produtivos. Citam-se como exemplo, as cidades 
de Camaçari (Brasil), Córdoba (Argentina), Manchester (Inglaterra), Dusseldorf (Alemanha) 
e muitas outras.
Fonte:: https://brasilescola.uol.com.br/geografia/funcao-das-cidades.htm 
Atenção!
As funções não são excludentes, podendo existir mais de uma função para 
cada cidade. 
44Curso de Licenciatura em Geografia
As cidades se organizam, ainda, em uma grande rede, que na Geografia 
denominamos de rede urbana. Como rede urbana compreende-se as relações 
estabelecidas entre as cidades em função do fluxo de pessoas, dinheiro, mercadorias 
e informações. Assim, todas as cidades de um país ou do mundo integram uma rede 
urbana estabelecendo alguma relação entre si, a partir da função desempenhada 
por ela. Essa rede estrutura-se por meio de uma hierarquia, em que as cidades de 
menor porte tendem a ser dependentes de cidades maiores e economicamente 
mais desenvolvidas.
As cidades maiores tendem a ofertar um conjunto de serviços, por vezes, mais 
complexos. Assim, por exemplo, as grandes cidades tendem a apresentar um 
conjunto de negócios mais complexos e diversos, diferente daquelas cidades de 
menor porte. 
Um bom exemplo para pensar a diversidade e complexidade de serviços e negócios 
é pensar a respeito do setor de saúde. Quando estamos em grandes cidades é 
comum encontrar uma ampla oferta de hospitais e clínicas especializadas em 
diversos tipos de atendimentos. Tal realidade não é comum nos pequenos centros 
que, em geral, não dispõem de especialidades clínicas. Assim, quando a população 
dos pequenos centros urbanos necessita de atendimentos especializados tendem 
a se dirigir aos centros maiores de sua rede urbana. 
Tal como é possível pensar a respeito do serviço de saúde, também é possível 
pensar os serviços bancários, a oferta de produtos, shows e entretenimentos etc. 
Os pequenos centros tendem a atender as demandas locais, imediatas de sua 
população. Logo, numa rede urbana qualquer quando um indivíduo necessita de 
produtos e serviços diversos, diferentes daqueles ofertados localmente, tende a 
se deslocar para centros urbanos maiores onde poderá encontrar diversidade de 
produtos, preços e serviços. 
Em estudo publicado em 2007, o IBGE classificou a hierarquia urbana brasileira 
definindo cinco grandes níveis de cidades, sendo: metrópoles, capital regional, 
centro regional, centro sub-regional e centro local. 
45Curso de Licenciatura em Geografia
Saiba mais! 
1 Metrópoles – são os 12 principais centros urbanos do País, que se caracterizam por seu 
grande porte e por fortes relacionamentos entre si, além de, em geral, possuíremextensa área 
de influência direta. O conjunto foi dividido em três subníveis, segundo a extensão territorial e 
a intensidade destas relações: 
a. Grande metrópole nacional – São Paulo, o maior conjunto urbano do País, com 19,5 milhões 
de habitantes, em 2007, e alocado no primeiro nível da gestão territorial; 
b. Metrópole nacional – Rio de Janeiro e Brasília, com população de 11,8 milhões e 3,2 milhões 
em 2007, respectivamente, também estão no primeiro nível da gestão territorial. Juntamente 
com São Paulo, constituem foco para centros localizados em todo o País; e 
c. Metrópole – Manaus, Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Curitiba, Goiânia 
e Porto Alegre, com população variando de 1,6 (Manaus) a 5,1 milhões (Belo Horizonte), 
constituem o segundo nível da gestão territorial. Note-se que Manaus e Goiânia, embora 
estejam no terceiro nível da gestão territorial, têm porte e projeção nacional que lhes garantem 
a inclusão neste conjunto.
2 Capital regional – integram este nível 70 centros que, como as metrópoles, também se 
relacionam com o estrato superior da rede urbana. Com capacidade de gestão no nível 
imediatamente inferior ao das metrópoles, têm área de influência de âmbito regional, sendo 
referidas como destino, para um conjunto de atividades, por grande número de municípios. 
Como o anterior, este nível também tem três subdivisões. O primeiro grupo inclui as capitais 
estaduais não classificadas no nível metropolitano e Campinas. O segundo e o terceiro, além 
da diferenciação de porte, têm padrão de localização regionalizado, com o segundo mais 
presente no Centro-Sul, e o terceiro nas demais regiões do País. Os grupos das Capitais 
regionais são os seguintes:
a. Capital regional A – constituído por 11 cidades, com medianas de 955 mil habitantes e 487 
relacionamentos; 
46Curso de Licenciatura em Geografia
b. Capital regional B – constituído por 20 cidades, com medianas de 435 mil habitantes e 406 
relacionamentos; e 
c. Capital regional C – constituído por 39 cidades com medianas de 250 mil habitantes e 162 
relacionamentos.
3 Centro sub-regional – integram este nível 169 centros com atividades de gestão menos 
complexas, dominantemente entre os níveis 4 e 5 da gestão territorial; têm área de atuação 
mais reduzida, e seus relacionamentos com centros externos à sua própria rede dão-se, em 
geral, apenas com as três metrópoles nacionais. Com presença mais adensada nas áreas de 
maior ocupação do Nordeste e do Centro-Sul, e mais esparsa nos espaços menos densamente 
povoados das Regiões Norte e Centro-Oeste, estão também subdivididos em grupos, a saber: 
a. Centro sub-regional A – constituído por 85 cidades, com medianas de 95 mil habitantes e 
112 relacionamentos; e 
b. Centro sub-regional B – constituído por 79 cidades, com medianas de 71 mil habitantes e 
71 relacionamentos.
4 Centro de zona – nível formado por 556 cidades de menor porte e com atuação restrita à sua 
área imediata; exercem funções de gestão elementares. Subdivide-se em: 
a. Centro de zona A – 192 cidades, com medianas de 45 mil habitantes e 49 relacionamentos. 
Predominam os níveis 5 e 6 da gestão territorial (94 e 72 cidades, respectivamente), com nove 
cidades no quarto nível e 16 não classificadas como centros de gestão; e 
b. Centro de zona B – 364 cidades, com medianas de 23 mil habitantes e 16 relacionamentos. 
A maior parte, 235, não havia sido classificada como centro de gestão territorial, e outras 107 
estavam no último nível daquela classificação. 
5 Centro local – as demais 4. 473 cidades cuja centralidade e atuação não extrapolam os limites 
do seu município, servindo apenas aos seus habitantes, têm população dominantemente 
inferior a 10 mil habitantes (mediana de 8.133 habitantes)
Fonte: Região de Influência das Cidades. IBGE, 2007. 
47Curso de Licenciatura em Geografia
 2.5 Pequenas, médias e grandes cidades 
As cidades apresentam grande variedade de tamanho quanto à sua população e 
extensão. Assim, os estudos sobre cidades e até mesmo o senso comum busca 
diferenciar a partir de critérios como tamanho populacional. Logo, se fala de 
pequenas, médias e grandes cidades.
De maneira geral, as pequenas cidades são interpretadas como aquelas de pouca 
população. Não há um critério específico para defini-las, mas, a exemplo de Sposito 
(2013) que se preocupou com o tema, são pequenas cidades aqueles centros 
urbanos com menos de 50 mil habitantes. Vale destacar que, o autor defende que 
esse não deve ser o único critério para definir a cidade como pequena. 
Além disso, há autores e instituições, a exemplo do IPEA, que trabalham com o 
critério que estabelece a pequena cidade como aglomerações com menos de 100 
mil habitantes.
Saiba mais!
Que tal, agora conhecer um pouco mais a respeito da rede urbana à qual 
seu município está vinculada? Acesse o material de apoio, no arquivo 
disponibilizado, e pesquise a respeito do nível dos municípios que integram a 
rede urbana próxima e veja qual a cidade que influencia sua região. 
Para conhecer a publicação completa da Região de Influência das Cidades 
acesse o link e baixe o arquivo. Disponível em: <https://ww2.ibge.gov.br/home/
geociencias/geografia/regic.sh2tm?c=7 
48Curso de Licenciatura em Geografia
As pequenas cidades brasileiras se constituem num ponto cego da Geografia. 
Isso porque, os estudos urbanos brasileiros privilegiaram os grandes centros 
urbanos e, mais recentemente, as médias cidades, deixando os pequenos centros 
num verdadeiro vácuo. Para Sposito (2013), só há uma mudança de perspectiva 
investigativa sobre as pequenas cidades a partir dos anos 1980, com o processo 
de renovação da Geografia. 
Saiba mais!
População das cidades médias cresce mais que no resto do Brasil.
Aumento de habitantes nas cidades com 100 mil a 500 mil, neste século, supera a 
média nacional.
Dados preliminares de uma pesquisa que vem sendo realizada pelo Ipea (Instituto de 
Pesquisa Econômica Aplicada) mostram que as cidades médias brasileiras tiveram 
maior crescimento populacional, entre 2000 e 2007, e também maior aumento do PIB 
(Produto Interno Bruno), entre 2002 e 2005, que as demais cidades brasileiras.
A Coordenadora de Desenvolvimento Urbano da Diretoria de Estudos Regionais e 
Urbanos do Ipea, Diana Motta, e o pesquisador Daniel da Mata, da mesma diretoria, 
são os responsáveis pelo estudo inédito. O critério demográfico tem sido o mais 
aplicado para identificar as cidades médias. Podem ser consideradas médias aquelas 
cidades com população entre 100 mil e 500 mil habitantes. 
Nas regiões Norte e Centro-Oeste, devido às características do sistema urbano 
regional, municípios com população de 50 mil a 100 mil habitantes também podem 
desempenhar a função de cidades médias.
Fonte:<http://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_acymailing&ctrl=archive&task=
view&mailid=277&key=0cb55bbf90cf649efb18d15a9c9cf52f&Itemid=117
49Curso de Licenciatura em Geografia
Ao colaborar para o debate a respeito dos pequenos centros urbanos brasileiros, 
Milton Santos (1982) empregou o termo “cidades locais”. Para o autor “a pequena 
cidade, que preferimos chamar de cidade local, torna-se centro funcional, mas 
não dinâmico da região circundante [...]” (p.69). E acrescenta: “A cidade local é a 
dimensão mínima a partir da qual as aglomerações deixam de servir às necessidades 
das atividades primárias para servir às necessidades inadiáveis da população, com 
verdadeira especialização do espaço (p.71).
As pequenas cidades guardam alguns fetiches no imaginário social. Fala-se desses 
pequenos centros urbanos como espaço de tranquilidade, paz e segurança. Se 
essa foi a imagem outrora criada pelos filmes e novelas brasileiros, o mesmo não se 
pode dizer delas, hoje. As pequenas cidades passam a apresentar problemas das 
mais diversas ordens: pobreza, violência, insegurança e fragmentação espacial. 
Para Sposito (2013), as pequenas se constituem em espaços urbanos “menos 
complexos emenos segmentados/fragmentados” (p.40). Contudo, complementa 
o autor, “em alguns casos, já é perceptível a instalação de condomínios e/ou 
loteamentos fechados [...] (p.40)”. Nas pequenas cidades nordestinas essa 
fragmentação já pode ser percebida, ainda que em menos intensidade em 
comparação àquelas estudadas por Sposito (2013) no estado de São Paulo. Tal 
fragmentação é mais perceptível, no território maranhense, em cidades como de 
porte médio a exemplo de Caxias. 
Nesses pequenos centros urbanos, vale destacar, a oferta de serviços é básica 
atendendo as necessidades locais de consumo. Por ter limites populacionais 
maiores e, consequentemente, limites quanto à circulação de dinheiro, os pequenos 
centros urbanos não apresentam grande complexidade de produtos e serviços. Um 
bom exemplo para verificar tais limitações é observar a oferta de serviços médicos 
e bancários. 
Na maioria das pequenas cidades, não há uma ampla oferta de rede bancária 
(muitas vezes existindo apenas uma agência de banco). Além disso, quanto 
aos serviços médicos, as pequenas cidades, em muitos casos, apresentam 
apenas atendimentos básicos e menos complexos. Quando há necessidade de 
determinados atendimentos a população local tende a se deslocar para centros 
50Curso de Licenciatura em Geografia
maiores. Voltaremos a tratar dessa relação entre centros urbanos mais adiante 
quando falarmos de rede urbana. 
Já, o debate a respeito de cidades médias no Brasil vem ganhando corpo em 
função do quadro de urbanização recente do país que fez aumentar o número de 
centros urbanos com mais de 100 mil habitantes. Segundo Santos (1995), eram 
128 cidades no território brasileiro com população entre 100 e 500 mil habitantes 
e, atualmente, são 245 cidades brasileiras com população dentro desse patamar 
segundo dados do Censo IBGE 2010. 
Ano Número de cidades
1940 08
1970 25
1980 49
1991 113
1996 161
2000 193
2010 245
Conforme pode ser observado na Tabela 2, o Brasil experimentou um processo de 
explosão das cidades com população entre 100 e 500 mil habitantes ao longo das 
últimas décadas. Assim, ao mesmo tempo em que crescia a população dos grandes 
centros urbanos, também aumentava população e o número de cidades de porte 
médio reconfigurando a rede urbana nacional. 
Desde os anos 1990, inúmeros trabalhos vêm dando conta de aprofundar o debate 
a respeito das médias cidades brasileiras. Nesse sentido, Conte (2013) afirma que 
variados autores brasileiros têm se dado ao trabalho de realizar investigações a 
respeito das cidades médias “com o objetivo de analisar e compreender o fenômeno 
através de pesquisas empíricas e reflexões teórico-metodológicas”. Contudo, 
afirma Amorim Filho (2007, p.77) que: “a quantidade de pesquisas publicadas e 
Tabela 2 – Cidades brasileiras com população entre 
100 e 500 mil habitantes 
 Fonte: IBGE 1940, 1970, 1980, 1991, 2000, 2010. 
51Curso de Licenciatura em Geografia
eventos direcionados para a temática das cidades médias alcança um número e 
uma intensidade tais que é praticamente impossível para qualquer pesquisador 
acompanhar tudo que se faz neste domínio”.
Para Amorim Filho e Serra (2001), não existe uma ideia consensual do que seriam 
as cidades médias. Essa ausência de consenso, todavia ocorre no meio acadêmico, 
onde literalmente, não existe uma definição fortalecida de cidade média, uma 
classificação que possa ser utilizada ao mesmo tempo por sociólogos, economistas, 
arquitetos, geógrafos, demógrafos, mesmo que inserida em cada especialidade 
seja possível alcançar algum acordo sobre a matéria.
A dificuldade de conceituação das cidades médias reside no critério demográfico do 
que seriam os limites para tal delimitação. É nesse sentido que Conte (2013, p.51) 
destaca: 
Verificando a escala mundial, os valores são consideravelmente 
distintos, como por exemplo: a Organização das Nações Unidas 
(ONU) considera como cidades médias aquelas que possuem 
entre 100 mil e três milhões de habitantes, o VII Congresso 
Ibero-Americano de Urbanismo considerou médias todas as 
cidades com 20 a 500 mil habitantes, enquanto a Comissão 
Europeia define como sendo cidades médias aquelas que 
possuem entre 100 e 250 mil habitantes. 
Em nível nacional, tal como já demonstramos anteriormente, instituições como 
IPEA trabalham com a faixa demográfica para delimitação de cidades médias num 
patamar entre 100 e 500 mil habitantes. Contudo, vale dizer, que esse critério não 
é rígido podendo haver cidades médias com menos de 100 mil habitantes ou com 
mais de 500 mil. 
Para alguns autores, a definição de cidade média vai além do critério demográfico. 
Nesse sentido, é preciso considerar variáveis como posição regional na rede 
urbana, estrutura econômica, relações externas, influência regional etc. Assim, 
compreendendo a cidade, sua região e suas relações seria possível definir mais 
precisamente a existência de uma cidade média. Porém, essa discussão teórica 
ainda não se esgotou e não se produziu consenso. Por enquanto, continuamos 
trabalhando com o critério demográfico como ponto de partida e a análise regional 
como ponto de chegada.
52Curso de Licenciatura em Geografia
Portanto, podemos dizer que as cidades médias, tal como proposto com Corrêa 
(2007), se constituem num meio termo entre a pequena e a grande cidade. Assim, 
propõe o autor, a cidade média é aquela que possui as vantagens da cidade pequena 
sem as desvantagens da cidade grande. Não é possível, em nossa opinião, fazer 
tal generalização visto que mesmo cidades pequenas já apresentam um quadro 
de problemas urbanos tão complexos quanto grandes centros. Porém, em geral, 
pequenas e médias cidades, sobretudo no Nordeste brasileiro, ainda apresentam 
qualidades que continuam atraindo populações. 
Por fim, e não para concluir, precisamos destacar a existência das grandes cidades 
brasileiras. Como grandes cidades, ao menos do ponto de vista demográfico, temos 
adotado o patamar de mais de 500 mil habitantes. Essas cidades são, hoje, palco 
de problemas urbanos e de desafios de gestão.
A extensão da área urbana e o tamanho populacional se convertem em problemas 
que os gestores municipais precisam enfrentar. Assim, cidades de grande porte 
apresentam periferias extensas onde residem populações pobres e que necessitam 
de uma maior rede de atendimento do poder público. Quanto maior a população 
mais serviços e infraestrutura precisam ser ofertados e distribuídos pelo território 
municipal. Muitas vezes essa distribuição se dá de forma desigual e com privilégio 
para áreas onde residem populações de maior poder de renda e mais influência 
política. 
Quando falamos das grandes cidades brasileiras é de fundamental importância 
pensar duas questões contemporâneas importantes: a mobilidade urbana e a 
questão do acesso à moradia. 
Se deslocar dentro da cidade é de fundamental importância. Para as famílias que 
dispõem de recursos próprios lhes permitindo a aquisição do carro particular o 
deslocamento diário é um problema menor, visto que pode se utilizar do transporte 
particular para ir à escola, ao trabalho, ao lazer etc. Contudo, as famílias que não 
possuem renda suficiente para adquirir um transporte particular dependem dos 
serviços públicos de transporte, muitas vezes precários e deficitários. Sobretudo 
no contexto das grandes cidades, depender de ônibus ou de trem é uma realidade 
dramática. Ônibus e trens lotados, engarrafamentos, carestia do valor das 
53Curso de Licenciatura em Geografia
passagens, serviços precários etc., são alguns dos muitos problemas enfrentados 
pela população das grandes cidades brasileiras.
Vale descartar que muitas cidades pequenas e médias no interior do Brasil não 
dispõem de rede de transporte público. Nessas cidades, o deslocamento se dá, 
principalmente, por meio do serviço de mototáxis que desempenham o importante 
papel de promoção da mobilidade urbana. Em muitas dessas cidades é comum que 
as famílias possuam, ao menos, uma motocicleta como propriedade. As leissão 
menos rigorosas, assim é comum ver motociclistas desrespeitando as leis e, em 
muitos casos, até crianças pilotando motos. 
Do ponto de vista da moradia, as grandes cidades se tornam palco de intensas 
disputas. Isso porque, nessas cidades o preço da terra se eleva em função da 
demanda. Quanto maior a população maior será a demanda por terra para morar. 
Assim, nas grandes cidades é mais perceptível a problemática da moradia. 
Quem dispõe de recursos ou de crédito bancário, adquire casa por meio do mercado 
formal de moradias. Porém, quem não dispõe das condições para aquisição da 
moradia precisa recorrer ao chamado mercado informal. Logo, tende a comprar 
casas ou terrenos na periferia onde podem promover o processo de reconstrução 
ou autoconstrução da moradia. 
Há, ainda, aquelas famílias que não possuindo recursos para adquirir casas até 
mesmo no mercado informal tendem a participar da luta por moradia se organizando 
politicamente em movimentos sociais urbanos. Esses movimentos atuam na luta pela 
terra reivindicando o direito à moradia que está contido na Constituição Brasileira 
de 1988. Figura 9: Movimentos sociais urbanos no Brasil na luta por moradia. 
54Curso de Licenciatura em Geografia
Fonte:http://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2014-11/prefeitura-e-
familias-de-ocupacao-no-rj-discutem-moradia-populares
Figura 9 – Movimentos sociais urbanos no Brasil na luta 
por moradia
Saiba mais!
Que tal conhecer um pouco mais a respeito dos movimentos sociais de 
luta por moradia? Com o apoio do seu Tutor, levante informações sobre os 
movimentos sociais de luta por moradia no Brasil. Em seguida, realize uma 
pesquisa sobre história dos movimentos, bandeiras de luta e áreas de atuação. 
Por fim, socialize com seus colegas as descobertas!
55Curso de Licenciatura em Geografia
Fonte: https://aosfatos.org/noticias/o-deficit-habitacional-no-brasil-em-4-graficos/
O Brasil possui um grave quadro de déficit habitacional. Boa parte desse déficit está 
concentrado nas grandes cidades brasileiras e se localiza majoritariamente dentre 
as famílias mais pobres. 
O déficit habitacional é dividido em dois grandes grupos: quantitativo e qualitativo. O 
déficit quantitativo é contabilizado a partir do conjunto de famílias que não possuem 
moradia, coabitam casa ou pagam aluguel. Ou seja, corresponde ao conjunto de 
moradias que precisam ser construídas para atender ao total de famílias sem casas 
no Brasil. 
Por sua vez, o déficit qualitativo corresponde à qualidade da moradia. Ou seja, 
aquele conjunto de casas que apresentam alguma fragilidade da infraestrutura. 
Assim, quando uma casa não dispõe de banheiro ou é coberta com palha é 
contabilizada como parte do déficit qualitativo. 
No Brasil, o déficit habitacional total é de pouco mais 6.300.000 moradias, sendo 
5,5 milhões em áreas urbanas e pouco mais e 700 mil moradias em áreas rurais. 
(FJP, 2015). 
Figura 10 – Domicílios vagos e déficit habitacional por 
estados em 2015 
56Curso de Licenciatura em Geografia
Fonte:http://www.ma.gov.br/agenciadenoticias/direitos-humanos/governo-
investe-r-93-milhoes-para-trocar-casas-de-taipa-por-moradia-digna-nos-
municipios-do-mais-idh
Por sua vez, o estado do Maranhão apresenta o maior décifit habitacional do 
Nordeste. Dessa forma, o déficit total maranhense é de pouco mais de 390 mil 
moradias, sendo 172.333 em áreas urbanas e 219.975 em áreas rurais. Ainda assim, 
vale destacar, que ao longo dos últimos anos houveram grandes investimentos na 
produção de moradias no Brasil e, em especial, no Maranhão.
Figura 11 – Tipos de moradia no estado do Maranhão 
Por meio do Programa Minha Casa Minha vida, foram produzidos importantes 
estoques de moradias que se voltaram a reduzir a problemática do déficit habitacional 
maranhense. Além disso, o governo do Maranhão, por meio do Programa de 
Habitação do Plano Mais IDH Maranhão. O objetivo do programa é promover 
moradia digna para as famílias maranhenses que ainda sofrem com a problemática 
do déficit qualitativo de moradias. 
57Curso de Licenciatura em Geografia
As grandes cidades também experimentam a problemática da violência. Tal 
realidade forçou as cidades a experimentar um grave quadro de fragmentação 
espacial. Ou seja, as cidades foram se transformando em espaços divididos por 
muros, cercas e artefatos de segurança que separam os indivíduos e anulam as 
relações interpessoais. 
No contexto das grandes cidades, é mais visível a existência de uma forma nova de 
morar e ocupar a cidade: os condomínios fechados. 
Essa estratégia de morar em espaço isolado do conjunto da cidade é verificada em 
cidades de diversos tamanhos, mas foi inaugurada nos grandes centros urbanos. 
Logo, sobretudo no contexto dos grandes centros, é comum encontrar condomínios 
fechados (verticais e horizontais) que se mesclam na paisagem urbana. 
Vale destacar que, ao longo das últimas décadas, no contexto das grandes cidades 
brasileiras, vem se processando a construção de novos empreendimentos na forma 
de condomínios. Vale lembrar que em muitos casos, a produção desse tipo de 
empreendimento se direciona às bordas das cidades em função da necessidade 
Saiba mais!
Que tal um cine debate? Acesse um dos links a seguir, selecione um ou mais 
vídeo documentários, assista e dialogue a respeito da problemática da moradia 
no Brasil. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=xn2um8xhc4o 
https://curtadoc.tv/curta_tag/moradia/ 
https://curtadoc.tv/curta_tag/sem-teto/ 
58Curso de Licenciatura em Geografia
de espaço. Logo, em muitos casos, tendem a avançar direção aos tradicionais 
espaços rurais circundantes das cidades provocando a conversão de terra rural 
em terra urbana. Esse processo vem sendo denominado por Silva (2015) como 
periurbanização. 
Atenção!
Considerando o critério demográfico que define as pequenas, médias e 
grandes cidades a partir de um tamanho populacional, realize o levantamento 
de dados do Censo IBGE 2010, a respeito dos municípios maranhenses, e 
elabore um croqui identificando em três níveis distintos os grupos de cidades 
identificadas. Em seguida, analise o croqui elaborado e descreva que padrão 
de cidade predomina (pequena, média ou grande) no território do Maranhão. 
Não esqueça de identificar o município em que você vive definindo-o conforme 
os critérios de análise. 
Após realizada a atividade, digitalize seu croqui e poste no AVA juntamente 
com sua análise. 
59Curso de Licenciatura em Geografia
Atenção!
O Brasil é um país com 5.570 municípios, dos quais mais de 90% se constituem 
em centros com menos de 100 mil habitantes. Apesar de possuir uma grande 
maioria de municípios pequenos, o Brasil apresenta forte concentração 
populacional nas grandes e médias cidades. 
Os pequenos centros urbanos brasileiros, apesar de possuírem características 
próprias associadas à tranquilidade, já passam a apresentar problemas de 
diversas ordens, inclusive aqueles que outrora estavam associadas às grandes 
cidades. Problemas como violência e tráfico de drogas vêm se tornando cada 
vez mais parte do cotidiano das pequenas cidades brasileiras. 
Nas médias e grandes cidades a violência e o tráfico se somam a questões 
como pobreza, desemprego, desigualdade, poluição, degradação ambiental, 
congestionamentos etc., se tornando desafios para a gestão pública e para a 
sobrevivência nesses espaços. 
RESUMO 
Na Unidade, você conheceu um pouco do processo de urbanização brasileira. Foi 
possível compreender que o país experimentou uma urbanização tardia em relação 
a outros países do mundo, se urbanizando somente a partir da metade do século 
XX. Hoje, a população brasileira é majoritariamente urbana com uma taxa de 
urbanização de 84%. Você também conheceu um pouco da hierarquia das cidades 
brasileiras e, realizando as atividades propostas, poderá conhecer um pouco mais 
da rede urbana nacional. 
60Curso de Licenciatura em Geografia
REFERÊNCIAS
AMORIM FILHO, O. B. Origem, evolução e perspectivas dos

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