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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO Silva, Ailson Barbosa da Curso de Licenciatura em Geografia [e-Book]. / Ailson Barbosa da Silva. – São Luís: UEMA; UEMAnet, 2019. 60 f. ISBN: 1. História. 2. Conceito de cidade. 3. Urbanização. 4. Hierarquia. 5. Problemática urbana. 6. Educação. I. Título. CDU: 91:378 Os matérias produzidos para os cursos ofertados pelo UEMAnet/UEMA para o Sistema Universidade Aberta do Brasil - UAB são licenciadas nos termos da Licença Creative Commons – Atribuição – Não Comercial – Compartilhada, podendo a obra ser remixada, adaptada e servir para criação de obras derivadas, desde que com fins não comerciais, que seja atribuído crédito ao autor e que as obras derivadas sejam licenciadas sob a mesma licença. Professor Conteudista Ailson Barbosa da Silva Revisão de Linguagem Lucirene Ferreira Lopes Designer de Linguagem Clecia Assunção Silva Designer Pedagógico Adriana Araujo Coelho Diagramação Luis Macartney Serejo dos Santos Reitor Gustavo Pereira da Costa Vice-Reitor Walter Canales Sant´ana Pró-Reitora de Graduação Zafira da Silva de Almeida Núcleo de Tecnologias para Educação Ilka Márcia Ribeiro S. Serra - Coordenadora Geral Sistema Universidade Aberta do Brasil Ilka Márcia R. S. Serra - Coord. Geral Lourdes Maria P. Mota - Coord. Adjunta | Coord. de Curso Coordenação do Design Educacional Cristiane Peixoto - Coord. Administrativa Maria das Graças Neri Ferreira - Coord. Pedagógica UNIDADE 1 HISTÓRIA E CONCEITO DE CIDADE 1.1 A cidade na História ......................................................................... 08 1.2 As cidades modernas........................................................................12 1.3 A cidade e o espaço urbano..............................................................14 1.4 Algumas considerações a respeito das cidades..............................19 Referências .....................................................................................27 UNIDADE 2 URBANIZAÇÃO, HIERARQUIA DAS CIDADES E PROBLEMÁTICA URBANA 2.1 A urbanização brasileira........................................................................29 2.2 Urbanização do Maranhão....................................................................36 2.3 Metropolização Nacional.......................................................................38 2.4 Rede Urbana e a Hierarquia das cidades brasileiras.............................42 2.5 Pequenas, médias e grandes cidades...................................................47 Referências ..........................................................................................60 SUMÁRIO Curso de Licenciatura em Geografia 4 APRESENTAÇÃO Caro (a) estudante, Neste início de século XXI, a maioria da população mundial vive em cidades, mas nem sempre foi assim. Veremos ao longo deste e-Book que o processo de deslocamento da população das áreas rurais para as áreas urbanas é recente, remontando poucos séculos atrás. Ainda assim, no início do século XXI, a maior parte da população mundial vive em áreas urbanas e demandam planejamento das cidades e políticas públicas. Contudo, quando falamos de cidades usamos um termo genérico para nos referirmos a uma espacialidade que pode ter diferentes características, tamanho populacional e extensão de área entre si. Em nível internacional, os critérios para definição de cidades são diversos e por isso mesmo se torna confuso quantificar o tamanho da população urbana mundial. No Brasil, o critério é político-administrativo e nós aprenderemos qual o critério legal para definição de cidades em nível nacional. Apesar disso, é importante dizer que a definição de cidades, logo de áreas urbanas, tem uma importância fundamental para o planejamento de políticas públicas urbanas. Quando falamos de cidades estamos tratando de uma realidade concreta de múltiplas dimensões, cercada de complexidades e de problemas. Nesse sentido, ao tratarmos das cidades contemporâneas podemos estar falando da pequena cidade no interior do Brasil, de um centro médio com economia dinâmica ou mesmo daquela grande metrópole. Logo, ao tratarmos de cidades é preciso distinguir sua dimensão e sua realidade. A cidade é, também, o local de morar, de trabalhar e de sobreviver. Nela encontramos a diversidade política, cultural, econômica e social. Na cidade, as pessoas trabalham, estudam, produzem, consomem e vivem, mas também enfrentam problemas reais diretamente relacionados à dinâmica da urbanização. Assim, problemas como congestionamentos, violência, poluição, pobreza, precariedade estrutural, 5Curso de Licenciatura em Geografia degradação ambiental e desemprego são realidades negativas percebidas na cidade, sobretudo na grande cidade capitalista. O processo de produção da cidade ou do espaço urbano é complexo e envolve uma gama de atores e interesses que pretendemos revelar ao longo desta disciplina. A cidade contemporânea, tanto em nível nacional quanto em nível internacional, apresenta movimentos novos que merecem ser percebidos pelo olhar mais apurado do estudante de Geografia. O e-Book está dividido em duas Unidades: na primeira, tratamos de debater a história das cidades e o critério para definição de cidades no Brasil. Na segunda Unidade, é debatida a urbanização brasileira, rede urbana e hierarquia das cidades. Esperamos que goste da disciplina e que, o conteúdo aqui apresentado possa ser amplamente aproveitado para o seu processo de formação enquanto professor de Geografia. Desejo bons estudos! Caro (a) estudante, Além do texto com as informações do conteúdo da disciplina, estamos lhe apresentando os ícones, elementos gráficos que ampliam as formas de linguagem e simplificam a organização e a leitura hipertextual. Você deve clicá-los para ter acesso às informações que cada um representa. Observe os significados: ABC OU GLOSSÁRIO define uma palavra, termo ou expressão utilizada no texto; SAIBA MAIS traz informações, curiosidades ou notícias acrescentadas ao texto e relacionadas ao tema estudado; ATENÇÃO! destaca informações imprescindíveis no texto, indica pontos de maior relevância no texto; SUGESTÃO DE LEITURA – indica outras leituras, contendo temas relacionados com o conteúdo do texto; REFERÊNCIAS estão relacionadas no final de cada Unidade, de acordo com as normas da ABNT. ÍCONES SUGESTÃO DE FILMES OU VÍDEOS filmes com temas relacionados ao conteúdo do texto; Curso de Licenciatura em Geografia 7 Compreender a história e evolução das cidades na história; Debater os conceitos e critérios de definição de cidades no Brasil; e Analisar a produção e dinâmica do espaço urbano. História e Conceito de Cidade Unidade Objetivos 1 8Curso de Licenciatura em Geografia 1.1 A Cidade na História As cidades não nasceram de um processo natural. Elas foram construídas a partir de um processo histórico e social que levou grupos populacionais a se aglomerarem em determinados pontos do espaço. As cidades, tal como se constituem hoje, são muito diferentes daqueles espaços pretéritos. É nesse sentido que nessa primeira parte da disciplina nos propomos conversar sobre a história das cidades. No passado, os grupos humanos se caracterizavam como nômades, ou seja, não se fixavam à terra em função de sua prática de caça e coleta de alimentos. Porém, quando conseguiram controlar técnicas agrícolas de produção de alimentos e de criação de animais, eles se fixaram à terra dando início ao que poderíamos chamar de embriões das cidades. As cidades vão surgir, primeiramente, onde os grupos humanos conseguiram produzir excedentes agrícolas demonstrando um certo grau de desenvolvimento técnico sobre a agricultura. Logo, produzindo excedentes agrícolas passou a existir uma divisão do trabalho, permitindo uma relação de troca entre si. A divisão do trabalho tendeu a separar os grupos sociaispor classes e determinar características próprias da cidade e do campo. A cidade passou a ser espaço da concentração e das relações comerciais enquanto o campo se tornava espaço da dispersão e da produção agrícola. Entre 9000 e 8000 a.C os grupos humanos promoveram uma grande mudança de comportamento: passam de caçadores a pastores. Os grupos humanos se tornaram mais sedentários adotando hábitos de moradias em casas de barro e rochas situadas em regiões ribeirinhas, possibilitando a pesca e o pasto. Nesse mesmo período, os grupos humanos tenderam a aprimorar suas técnicas agrícolas elaborando inovações como o arado, diques, canais e vales de irrigação. 9Curso de Licenciatura em Geografia Fonte: https://antigoegito.org/agricultura-egipcia/ Figura 1 – Afresco representativo do uso de instrumentos para agricultura na antiguidade Contudo, é somente por volta de 5000 a.C que surgem as primeiras aglomerações que se pode chamar efetivamente de cidades. Dentre as cidades mais antigas que se têm notícias estão Kisch, Ur e Uruk (CARLOS, 2015, p.61). Localizadas próximo ao Rio Eufrates, Kisch e Ur desapareceram em função da mudança no leito do rio. Fonte: http://www.historiaantigua.es/imagenessumer/files/ page14-1106-full.html Figura 2 – Vestígios de Ur, atual Iraque, construída por volta de 5000 a.C. 10Curso de Licenciatura em Geografia Fonte:https://www.coladaweb.com/geografia/surgimento- primeiras-cidades Os rios desempenharam um papel importante no surgimento e funcionamento das cidades antigas. O deslocamento se dava principalmente por vias aquáticas, permitindo um contato comercial entre populações de diferentes lugares. O comércio definitivamente revolucionou as cidades antigas. Muitas delas desempenhavam exclusivamente a função comercial se tornando ponto de comércio. Os rios e mais tarde o Mar Mediterrâneo (que vinculavam o Oriente ao Ocidente) se tornaram palco de intensas relações comerciais entre as sociedades antigas. Figura 3 – Cidades antigas no entorno do Mar Mediterrâneo 11Curso de Licenciatura em Geografia Contudo, quando do bloqueio do Mar Mediterrâneo, em função da invasão sarracena no século VII, se inviabilizou o comércio por meio do Mediterrâneo e as cidades da região sofreram um importante declínio que se estendeu até o século XI. Durante a Idade Média, a Igreja Católica teve um papel fundamental de organização da sociedade, tal como a nobreza. Os indivíduos que não possuíam terras vinculavam-se à nobreza, proprietária de terras, efetivando uma troca de trabalho pelo direito de cultivar e produzir nas terras dos nobres. Logo, eram obrigados a repassar uma parte da produção como pagamento pelo uso da terra alheia. Nas cidades da Idade Média, a produção e o consumo se realizavam em nível local. Assim, se realizava uma produção autossuficiente sem ligações com o mundo exterior. Alimentos, vestuários e todos os demais produtos necessários ao consumo local era ali mesmo realizado. Não havia, tal como nas cidades antigas, a produção de excedentes que justificasse as ligações com o exterior. Quanto às cidades na Idade Média, essas possuíam características marcantes: muros fortificados e uma praça central utilizada para o comércio. Quando a cidade precisava crescer os muros derrubados e reconstruídos ampliando o espaço urbano. As condições de vida eram precárias. As ruas eram estreitas e havia muitas doenças. A mortalidade infantil era crescente e as epidemias matavam muita gente. A partir do século XI, as cidades começam a reaparecer, após um longo período de declínio. O comércio começa a ganhar força e as cidades passam a surgir no entrecruzamento de estradas e ao longo dos rios, locais de maior facilidade de circulação. Contudo, as cidades medievais também vão se localizar em posições fortificadas em função da ameaça permanente de invasão. Esse período é marcado pelo aumento do número de cidades mais do que do tamanho delas. Ao longo da Idade Média, o comércio desenvolve um importante papel de impulsionamento das cidades. Para Carlos (2015, p.65), “a cidade é incompatível com uma economia de subsistência, tal como a feudal, caracterizada pela ausência de especialização, pela incipiente divisão do trabalho, pela quase que absoluta inexistência de excedentes e da circulação de produtos e pelo seu caráter não monetarizado”. Logo, foi fundamental superar o processo de produção autossuficiente 12Curso de Licenciatura em Geografia das cidades medievais e avançar para um processo de fortalecimento de trocas comerciais com outras cidades. A introdução de relações monetárias colaborou para ampliação comercial. O processo pelo qual a cidade passa, agora, marca, pois, o declínio do feudalismo e sua transição para o capitalismo. As relações comerciais provocam o surgimento de uma nova classe de indivíduos: a burguesia. Esse grupo, composto por comerciantes, se instala em porções estratégicas comercialmente formando um conjunto de novas cidades. Para essas cidades migra um conjunto significativo de trabalhadores “expulsos” do campo que, agora, tenderão a ser absorvidos pelo mercado de trabalho das cidades passando a compor uma nova massa de trabalhadores assalariados que colaborarão para criação de um mercado interno de consumo. Ao final da Idade Média, as cidades capitais passam a ter controle sobre outras cidades estabelecendo um controle sobre o comércio. 1.2 As cidades modernas Com o processo de invasão promovido pelas navegações ao chamado “novo mundo” novas áreas de povoamento surgiram no planeta e, consequentemente, novas aglomerações próximas daquilo que podemos chamar de cidades. O continente americano foi ocupado por uma gama de novos habitantes, mas é o processo de industrialização que ganha força no século XIX, na Europa, que marca uma nova lógica de produção das cidades modernas. O desenvolvimento de técnicas de produção industrial colaborou para que novas cidades aparecessem. Tal condição foi impulsionada pelo desenvolvimento do trem que facilitou o deslocamento da produção entre diferentes pontos do espaço. Assim, as indústrias tenderam a se localizar próximas às linhas férreas e, por consequência, as moradias dos trabalhadores no entorno das industrias. Morar próximo ao local de trabalho era uma estratégia dos trabalhadores em função da falta de transporte público que lhes permitisse deslocamentos diários para trabalhar. O resultado 13Curso de Licenciatura em Geografia disso foi a formação de novas cidades diretamente resultantes do processo de industrialização. Na Europa, o processo de industrialização provocou um amplo processo de êxodo rural-urbano em função das novas oportunidades de trabalho nas fábricas. Por um lado, a necessidade de mão de obra passava a atrair trabalhadores vindos do campo, por outro a mecanização do campo promovia uma ampla redução nas oportunidades de trabalho. Assim, muitos trabalhadores se deslocaram do campo em direção às cidades para ocupar as novas oportunidades de trabalho na indústria. Vale destacar que, até a Revolução Industrial, não havia lugar algum no mundo onde a população urbana fosse maior que a população agrária. Para se ter uma ideia, até antes da Revolução Industrial, a população que vivia em cidades não ultrapassava mais de 20% dos habitantes em boa parte dos países europeus. Foi a entrada da indústria nas cidades que efetivou o processo de urbanização tal como conhecemos hoje. Nas cidades contemporâneas, a qualidade de vida vem se reduzindo pouco a pouco. O processo de industrialização, o crescimento populacional e as desigualdades sociais decorrentes do capitalismo colaboram para formação de cidades instáveis social e economicamente. Apesar de tudo, nem todas as cidades experimentaram declínio de qualidade de vida, tal realidade é mais perceptível em países pobres. Nos países ricos as cidades apresentam alto nível de qualidade de vida. Atividade Pesquise a respeito da formação e problemas das cidadesbrasileiras. Em seguida debata com seus colegas a respeito das descobertas. 14Curso de Licenciatura em Geografia Para aprofundar a discussão a respeito da história das cidades indico que assista ao vídeo Ecco Homo – A cidade. Disponível no endereço:< https:// www.youtube.com/watch?v=iVrZtaQp0r4&t=214s. Após assistir ao filme debata com seu Tutor e com seus colegas a respeito das curiosidades e descobertas realizadas. 1.3 A cidade e o espaço urbano O conceito de cidade é amplo e de difícil consenso. Diferentes autores se propuseram a definir tal conceito, colaborando para uma ampla gama de definições que se apresentam na literatura. Cabe dizer que, a cidade é um objeto estudado por diferentes áreas do conhecimento e, por isso mesmo, possui distintas definições e pontos de vista. Na Geografia, a cidade é estudada principalmente pela Geografia urbana, mas não só, buscando compreender sua essência, formação, estrutura e funcionamento. Nas próximas linhas, buscaremos apresentar algumas das muitas definições que nos ajudam a pensar a cidade e o espaço urbano. As cidades são resultado da ação humana sobre o espaço. Elas se formam e se transformam ao longo do tempo como resultado da ação humana, mas, sobretudo, como consequência dos processos históricos que fazem com que determinados grupos humanos se localizem em algumas porções do espaço. Cada cidade possui sua própria história e razão de existência, por isso nenhuma cidade é igual a outra e cada cidade possui um processo histórico próprio e uma organização geográfica particular. Mas, afinal, como podemos definir a cidade? Termos como concentração, aglomeração, espaço de encontro, espaço de 15Curso de Licenciatura em Geografia comércio etc., são algumas das muitas ideias associadas à cidade sempre que nos questionamos a respeito do real significado dela. Na literatura, muitas definições também são encontradas buscando definir esse complexo conceito. No campo da Geografia, autores como Sorre, Wagner, George dentre outros se propuseram a pensar, a definir a cidade sempre explicando a partir de suas próprias realidades. Boa parte dessas definições se voltaram a explicar, as cidades modernas da Europa industrial. Em nível nacional, autores como Milton Santos e Roberto Lobato Correa também deram suas contribuições para pensar a cidade. Para Milton Santos, a cidade se constitui no concreto (SANTOS, 1994). Nesse sentido, a cidade é o espaço urbano, a materialização do urbano sobre o terreno. Os prédios, as ruas, as praças, as redes e as pessoas constituem, pois, a cidade, sua história e suas relações. Nas cidades são realizadas, a produção e a comercialização de produtos. Em muitos casos há, também, a comercialização de itens produzidos no meio rural. Assim, há quem fale da cidade como espaço de comércio. Nas cidades as pessoas moram. Assim, precisam da casa para sobreviver. As casas são compradas – por vezes no mercado formal – ou construídas pela própria família, desde que disponham de um pedaço de terra. Quem não consegue comprar uma moradia recorre aos aluguéis, muitas vezes caros, comprometendo boa parte do rendimento familiar. Há aquelas famílias que não podendo pagar aluguéis e sem condições de adquirir casa pelos meios formais de compra, passam a atuar politicamente na luta por moradia, por vezes se organizando em movimentos sociais urbanos que realizam a ocupação de terras e reivindicam o direito à cidade. As pessoas também trabalham nas cidades. Logo, necessitam de postos de trabalho e de toda uma série de condições para ocupar os empregos oferecidos. Quem pode, adquire um carro particular que lhe dá conforto de deslocamento entre casa e trabalho. Quem não possui carro particular depende do transporte público, 16Curso de Licenciatura em Geografia muitas vezes precário e caro, consumindo uma parte importante da renda familiar. Os moradores das cidades também necessitam sobreviver, por isso demandam serviços de educação, saúde e lazer. Nem sempre esse conjunto de serviços é amplamente ofertado e garantido ao conjunto da população. Sobretudo nas áreas mais pobres, onde tradicionalmente convencionou-se chamar de periferias, os serviços públicos e a infraestrutura são falhos. Assim, as pessoas, por vezes, dispõem de habitação, mas não de habitabilidade. Nas cidades, sobretudo nas grandes cidades, encontramos ampla diversidade cultural, política e ideológica, por isso mesmo que há quem defina a cidade como espaço da diversidade. Correa (1995, p.1) define a cidade como o espaço urbano. Assim, afirma: “considera- se a cidade como espaço urbano que pode ser analisado como um conjunto de pontos, linhas e áreas”. O espaço urbano ou a cidade vai se organizando a partir de uma diferenciação de usos do solo tais como as áreas industriais, residenciais e comerciais. Em geral, denomina-se como centro o espaço comercial da cidade, onde estão localizadas as principais lojas, os mercados e os comércios. A área residencial ocupa uma parte muito maior da cidade. Por vezes a área residencial apresenta forte grau de desigualdade interna. Logo, há porções residenciais onde moram as famílias mais abastadas e há aqueles espaços onde residem as famílias mais pobres. Quando existe área industrial, tende a se localizar mais longe da área central e da área residencial. Nela se localizam as industrias, ainda que nas áreas residenciais e mesmo nas áreas centrais seja possível encontrar pequenas industrias locais. 17Curso de Licenciatura em Geografia Há, ainda, processos de especulação imobiliária. Ocorre quando proprietários de imóveis inutilizados reservam seu estoque a fim de que exista uma valorização futura. Assim, promovem uma reserva de mercado a fim de que o valor dos aluguéis e dos imóveis cresçam garantindo alta lucratividade para seus proprietários. Essa prática é muito comum em médias e grandes cidades. O espaço urbano é também palco da disputa política ou “produto de lutas” (CARLOS, 2001) como prefere chamar a professora Ana Fani. Nele se reproduz uma disputa pela produção da cidade e pelo direito de uso e ocupação dela. Sobretudo nas grandes cidades é comum ver processos de ocupação de terras realizados por movimentos sociais urbanos. Tal ocupação se realiza em função de que as pessoas precisam morar na cidade e nem todas as pessoas dispõem de recursos mínimos para aquisição de um pedaço de terra. Nesse sentido, a luta por terra nas cidades se realiza como consequência da desigualdade de acesso à renda. A terra urbana se torna, pois, mercadoria sendo disputada por agentes urbanos que possuem interesses sobre ela. Atenção! Também existem aquelas áreas de reserva da expansão, ou seja, aquelas áreas que são “guardadas” por seus proprietários esperando um processo de valorização futura para que elas sejam incorporadas pela própria cidade. Esse processo é denominado de especulação fundiária, muito comum em cidades de grande e médio porte. 18Curso de Licenciatura em Geografia Roberto Lobato Correa (1995) define um conjunto de agentes produtores do espaço urbano que colaboram para o processo de produção do espaço. Assim, são agentes com interesses sobre o espaço urbano: proprietários dos meios de produção, proprietários fundiários, promotores imobiliários, Estado e os grupos sociais excluídos. Os donos dos meios de produção necessitam de espaço (terra urbana) para ampliação de seus negócios, assim, demandam terra para efetivação da reprodução do capital. Os proprietários fundiários ou melhor donos de terras urbanas agem sobre o processo de produção da cidade determinando os eixos de expansão do espaço urbano. Assim, guardam grandes lotes de terras no entorno da cidade esperando que a cidade cresça e demande terras para expansão. Tal processo recebe o nome de especulação de terras. Sempre que há demanda por novas porções de terras esses agentes entram em ação liberando seus estoques de terras ou guardando, provocando dessaforma uma valorização. Os proprietários de terras, no seu jogo de lucratividade com a cidade, mobilizam outro importante agente: o Estado. Assim, quando desejam valorizar uma determinada área da cidade ou eixo de crescimento demandam do poder público a instalação de infraestrutura básica (estradas, redes, equipamentos públicos etc.) que valorizam algumas porções da cidade garantindo lucro para esses agentes. O Estado é o poder público. Em nível municipal é a prefeitura e seus agentes. O Estado é administrado por grupos e pessoas com interesses sobre ele. Em muitos casos o Estado é usado para garantir os interesses desses grupos, muitos dos quais se misturam aos industriais, proprietários de terras e promotores imobiliários. Assim, quando está em jogo o interesse de algum desses agentes o Estado (por meio do judiciário e da polícia) tende a interferir em favor dos grupos mais poderosos. Por fim, os grupos sociais excluídos correspondem ao conjunto da sociedade que não participa do jogo da aquisição da cidade. Muitas vezes sem condições de comprar moradia ou pagar os caros e insuportáveis aluguéis, se organizam em movimentos 19Curso de Licenciatura em Geografia sociais que se voltam a ocupar terras e exigir do poder público o acesso aos direitos e serviços básicos como transporte, educação, saúde, saneamento básico etc. Nas grandes cidades é comum encontrar esses movimentos. Saiba mais! Que tal assistir um documentário? Acesse o link abaixo e assista ao documentário Leva. Disponível em:< https://www.youtube.com/watch?v=xn2um8xhc4o Depois de assistir pesquise se na sua cidade há falta de moradia e, como moram as famílias mais pobres. Depois dialogue com seus colegas a respeito dessa problemática. 1.4 Algumas considerações a respeito das cidades Do ponto de vista legal, a cidade é a área urbana propriamente dita. Quem define a área urbana, no Brasil, é o poder público municipal por meio de Lei aprovada pelas câmaras de vereadores. Assim, um município pode possuir uma área urbana e uma área rural. Há municípios que só possuem área urbana. No Brasil, a cidade é definida como a sede do município. Ou seja, a cidade está onde se localiza a prefeitura municipal. Essa definição foi criada nos anos 1930 e ainda vigora no país, ainda que se possua uma ampla discussão sobre ela. Esse é um importante detalhe que merece ser observado. Isso porque, é tal definição que vai delimitar a população urbana e rural do município. Ou seja, todo 20Curso de Licenciatura em Geografia cidadão que reside na área urbana de um município é considerado na contagem da população urbana municipal. Aqueles indivíduos que residem na área rural são considerados como população rural. No recenseamento realizado, a cada dez anos pelo IBGE, é levado em consideração o local de moradia do indivíduo a fim de contabilizá-lo como urbano ou rural. O Brasil, hoje, é um país predominantemente urbano com mais de 84% da população vivendo em áreas urbanas. Há um debate importante e controverso a esse respeito. Alguns autores defendem outros critérios, para além do local de moradia, na contagem da população urbana. Em nível internacional não há um consenso sendo que cada país define cidade e população urbana a partir de um critério próprio, criando um grande entrave sobre o real tamanho da população urbana mundial. O fato é que o mundo já é predominantemente urbano, ou seja, a maior parte da população mundial vive nas cidades, resultado do processo de aceleramento da urbanização. Atenção! O Brasil possui 5.570 municípios de diversos tamanhos, população e histórias. Realize uma pesquisa sobre sua cidade (história, área, população, principais atividades econômicas e problemas urbanos) e apresente para seus colegas sua perspectiva sobre o local onde você mora. Se possível fotografe imagens representativas da cidade (o centro da cidade, os espaços turísticos, os problemas, o comércio etc.) e debata com seus colegas. 21Curso de Licenciatura em Geografia 1.4.1 O que são as cidades? Objeto complexo, tema de intensos debates e controvertidas interpretações, a cidade é hoje tema de inúmeras pesquisas acadêmicas. Tomada por diferentes ângulos e por distintas disciplinas, tais como a História, o Urbanismo, a Arquitetura, a Engenharia e a Geografia, a cidade ganha importância mediante sua ascensão como espaço de gestão do mundo contemporâneo. Pensar a cidade tornou-se uma tarefa árdua, tanto pela sua diversidade de formas, usos e processos quanto por suas dimensões, problemáticas e transformações. A cidade é o palco do teatro urbano e centro irradiador da urbanização destacando- se, pois, pelos desafios de gestão, pelos problemas crescentes, pela diversidade de tamanhos e pela intensidade com que a urbanização chega a diferentes pontos. Um desafio inicial é definir a cidade mediante o amplo cabedal de definições, interpretações e conceitos trazidos pela ampla literatura existente. Um segundo desafio é pensar os processos, desafios e problemáticas recentes que envolvem as cidades dos mais diversos tamanhos. 1.4.2 Definição de cidade Definir a cidade é um exercício complexo. Podemos fazê-lo por duas vias: a partir das definições teóricas e contribuições filosóficas ou a partir dos critérios legais. Tanto um quanto outro apresenta uma diversidade tão ampla que é quase impossível promover uma generalização. Então vejamos. A literatura geográfica apresenta uma ampla matriz teórica que colabora para definição de cidades. Contudo, não apenas no campo da Geografia, mas também em outras áreas do conhecimento é possível encontrar colaborações importantes que podem ajudar nesse processo de reconhecimento e definição das cidades. Podemos definir a cidade como o espaço urbano, tal como vem sendo trabalhado 22Curso de Licenciatura em Geografia por Roberto Lobato Correa. Para este autor, o espaço urbano é fragmentado e articulado; reflexo e condicionante social. Para ele, o espaço urbano da cidade capitalista é fragmentado e articulado, pois apesar de se apresentar separado (sobretudo em função da divisão espacial das classes sociais) estas diversas porções sociais e espaciais se articulam e se ligam, por meio das diversas trocas de fluxos materializadas pelas pessoas, produtos, serviços, operações consumo etc. Logo, a cidade é fragmentada e articulada ao mesmo tempo. Para Correa (1995), o espaço urbano, por ser fragmentado e articulado, reflete as divisões sociais de classe e de renda da sociedade. Logo, o espaço urbano da cidade capitalista reflete a desigualdade de acesso à renda (e a direitos) expressando na paisagem a forma como diferentes grupos sociais se apropriam da riqueza produzida pela coletividade. Fonte: https://oimparcial.com.br/cidades/2018/09/participacao-popular-pode- reduzir-desigualdade-em-sao-luis-dizem-cientistas-sociais/ Figura 4 – Expressão da desigualdade social em São Luís (MA) 23Curso de Licenciatura em Geografia O espaço urbano é, por fim, condicionante social. Ou seja, as atividades empresariais tendem a se somar em determinados espaços, favorecendo o processo de reprodução das condições de produção. Assim, as empresas tendem a buscar vantagens comuns que garantem a elas uma solidariedade de reprodução do capital. Por sua vez, as famílias mais pobres tendem a se localizar em espaços precários, resultado do processo de negação do direito à cidade, condicionando a sobrevivência nas periferias urbanas. As cidades são complexas, de tamanhos variados, de funções diversas, apresentando uma diversidade de sítio, de extensão, de população, de oferta de serviços, de base econômica, de história, de paisagem, de processos e de agentes. Logo, ao tratarmos de cidade de forma mais genérica estamos falando de uma espacialidade tão diversa e complexa que pode ao mesmo tempo estar se referindo a uma aglomeração de 2000 habitantes (a exemplo da pequena cidade de Junco do Maranhão) ou de uma cidade com 15 milhões dehabitantes (tal como São Paulo). Também podemos estar falando de cidades de diversos tamanhos, algumas com área minúscula ou aquelas com grandes extensões. O fato é que as cidades existem e cumprem um papel importante de reprodução da vida. Quando falamos de cidade, hoje, tendemos a pensar, também, seus problemas. As grandes cidades brasileiras, e mesmo cidades de outros países do mundo, apresentam uma ampla diversidade de dificuldades decorrentes de seus modelos de urbanização. Assim, quando pensamos as grandes e médias cidades tendemos a pensar os problemas de violência, mobilidade urbana, poluição (visual, sonora, do ar, da água etc.), pobreza, impactos ambientais etc. É comum percorrer grandes cidades brasileiras e se deparar com a expressão espacial da pobreza nas formas de morar da população mais pobre. Assim, não é incomum ver favelas ocupando áreas ribeirinhas, morros e alagados, a exemplo do que se pode observar na paisagem de cidades como Recife, Salvador e Rio de Janeiro. As populações mais pobres se mantêm vulneráveis nesses espaços insalubres de 24Curso de Licenciatura em Geografia moradia. Recorrentemente, nos deparamos com notícias de mortes de pessoas mais pobres moradores de áreas de risco. Nas pequenas cidades brasileiras, a existência de favelas ou áreas pobres é menos percebido, apesar de existirem. De forma prática, a definição de cidades no Brasil segue um critério político- administrativo. Ou seja, a definição de cidade é dada a partir de critério jurídico estabelecido por meio do Decreto-Lei nº 311 de março de 1938 que reconhece como cidade a sede municipal. Nesse sentido é importante diferenciar o conceito de cidade e de município. Como já observado, a cidade se refere à área urbana municipal. O município, por sua vez, corresponde ao território municipal, podendo ter uma área urbana e outra área rural. Existem municípios brasileiros que são totalmente urbanos, a exemplo do município de Camaragibe (Pernambuco). A definição sobre o território municipal é feita por legislação aprovada pela Câmara de Vereadores de cada município. Assim, são definidos os limites entre área rural e urbana, consequentemente determinando o perfil da população municipal. Atenção! Você sabe os limites entre a área urbana e rural de seu município? Que tal pesquisar sobre o assunto e depois socializar com seus colegas a descoberta? 25Curso de Licenciatura em Geografia Por que é importante tal definição? Além das políticas públicas que são desenvolvidas para áreas urbanas e áreas rurais, tal delimitação também interessa na contagem da população brasileira. Isto porque, é contabilizada como população urbana as pessoas que vivem em áreas urbanas e como população rural as pessoas que vivem em áreas rurais. A cada dez anos o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) realiza um Censo da população brasileira, contabilizando inclusive o tamanho da população rural e urbana nacional. Logo, como já destacado, é com base na legislação dos municípios (que define áreas urbanas e rurais) que se chega aos resultados divulgados. Em nível internacional, a definição de cidade segue critérios próprios de cada país. Como demonstrado em Sposito (2013) há uma grande diferenciação nos critérios utilizados para definição de cidades pelos países e organizações internacionais. Que tal pesquisar um pouco sobre o assunto e comparar ao critério brasileiro? Após a pesquisa socialize sua descoberta. 1.4.3 Critério de cidade no Brasil Enquanto no Brasil, o critério para definição de cidades é político-administrativo (a cidade corresponde à área urbana do município), em outros países o critério é numérico. Santos (1982) critica a utilização de critério numérico para definição de cidades afirmando que: “Aceitar um número mínimo como fizeram alguns países e também as Nações Unidas, para caracterizar diferentes tipos de cidades no mundo inteiro, é incorrer no perigo de uma generalização [...]” (p.69). Ainda assim, organizações internacionais reconhecem que o mundo já é predominantemente urbano. Ou seja, em nível internacional a maior parte da população mundial vive em cidades, sejam elas grandes ou pequenas. Segundo um estudo da ONU publicado em julho de 2018, 54% da população mundial vive em cidades e as projeções indicam que serão 66% de população urbana em 2050. 26Curso de Licenciatura em Geografia Tudo isso requer das autoridades mundiais esforços no sentido de pensar o futuro das cidades tornando-as mais saudáveis, sustentáveis e democráticas. RESUMO Nesta Unidade, estudamos o processo histórico de formação das cidades. Vimos que elas são resultado de um processo histórico que remonta mais de cinco mil anos. Também analisamos os critérios para definição de cidades no Brasil e a importância de tal definição. Por fim, conhecemos os agentes promotores do espaço urbano e como eles colaboram para dinâmica de produção do espaço urbano. Dica de leitura Acesse e leia o texto Relatório da ONU que mostra população mundial cada vez mais urbanizada, mais da metade vive em zonas urbanizadas ao que se podem juntar 2,5 mil milhões em 2050. Disponível em:< Dhttps://www.unric.org/pt/actualidade/31537-relatorio- da-onu-mostra-populacao-mundial-cada-vez-mais-urbanizada-mais-de- metade-vive-em-zonas-urbanizadas-ao-que-se-podem-juntar-25-mil-milhoes- em-2050 27Curso de Licenciatura em Geografia REFERÊNCIAS CARLOS, Ana Fani Alessandri. A Cidade. São Paulo: Editora Contexto, 2001. CORREA, Roberto Lobato. O Espaço urbano. São Paulo: Ática, 1995. SANTOS, Milton. A urbanização brasileira. 2. ed. São Paulo: HUCITEC, 1995. SPOSITO, Eliseu Savério; SILVA, Paulo Fernando Jurado da. Cidades Pequenas: perspectivas teóricas e transformações socioespaciais. Jundiaí: Paco Editorial, 2013, 148 p. 28Curso de Licenciatura em Geografia Compreender o processo de urbanização brasileira, analisando a rede urbana nacional. Urbanização, Hierarquia das Cidades e Problemática Urbana Unidade Objetivo 2 29Curso de Licenciatura em Geografia 2.1 A urbanização brasileira O que é a urbanização e qual o seu resultado? Qual a taxa de urbanização do Brasil e quais as implicações disso sobre o território e a vida das pessoas? São algumas das questões que serão debatidas ao longo desta Unidade. Em linhas gerais podemos definir a urbanização como o processo de crescimento da população urbana em relação à população rural. Dessa forma, afirmamos existir um processo de urbanização quando há um crescimento da população que vive em áreas urbanas em relação ao total da população rural. Em outro sentido, podemos falar de urbanização quando verificamos o processo de expansão da malha urbana das cidades ou mesmo a formação de novas aglomerações urbanas sobre o território. O Brasil experimentou um processo relativamente recente de urbanização. Até meados do século XX, o Brasil era um país predominantemente rural. Ou seja, a maior parte de sua população vivia em áreas rurais e atuava no trabalho agrícola. O Brasil era um país agroexportador, enviando para o exterior boa parte de sua produção agrícola, em função de que não existia no país um mercado consumidor considerável capaz de consumir o conjunto da produção. Somente a partir da segunda metade do século XX, o Brasil passa acelerar o processo de urbanização com o aumento das taxas de urbanização nacional e com a conformação de novos centros urbanos, muitos dos quais embriões de aglomerações urbanas. Saiba mais! Taxa de urbanização: corresponde ao percentual da população urbana em relação ao total da população 30Curso de Licenciatura em Geografia Segundo Santos (1995), nos anos 1940, a população brasileira era de mais de 41 milhões de habitantes e apresentava uma taxa de urbanização de 26,35%. A partir de então taxa de urbanização nacional não parou de crescer. Em 1950, já era de 36,16%; em 1960, de 45,52 e em 1970 de 56,80%. É a partir dos anos 1940 que a urbanizaçãobrasileira se acelera, mas somente nos anos 1970 que o país passa a ser predominantemente urbano. Entre os anos 1960 e 1980, as cidades brasileiras ganham um incremento populacional urbano na ordem de cinquenta milhões de habitantes. Em 1960, a população total do país era de 70.191.000 habitantes com um total de 31.956.000 pessoas vivendo em cidades. Em 1980, a população total do país já chegava a 119.099.000 pessoas e uma população urbana de 82.013.000 urbanos representando 68,86% do total de brasileiros. A taxa de urbanização brasileira em 1980 apresentava um incremento de mais de quase 50 milhões de habitantes urbanos em relação a 1960. É mais que a metade da população total do país que, agora, passa a viver em áreas urbanas. Em 1991, a população do Brasil já era de mais de 150 milhões de habitantes com uma taxa de urbanização de mais de 77%. ( SANTOS, 1995). Em 2000, na virada do século, o país somava quase 170 milhões de habitantes e apresentava uma taxa de urbanização na ordem de 81% da população nacional. Por sua vez, em 2010, a população brasileira já era de mais de 190 milhões de pessoas com uma taxa de urbanização de 84% da população. 31Curso de Licenciatura em Geografia Fonte: http://educacao.globo.com/geografia/assunto/urbanizacao/urbanizacao- brasileira.html Figura 5 – Taxa de urbanização brasileira 1940- 2010 Vale destacar que, o processo de urbanização brasileiro vem promovendo uma concentração populacional do ponto de vista regional e territorial. Assim, uma parte significativa da população nacional se concentra nas regiões Sudeste e Nordeste, representando 42 e 27% da população nacional, respectivamente. Por sua vez, a região Centro-Oeste é aquela que apresenta menor concentração com apenas 7% da população brasileira. 32Curso de Licenciatura em Geografia Quadro 1 – Evolução da população brasileira 1991-2010 Ao analisar as taxas de urbanização brasileira por regiões percebemos uma desigualdade entre regiões, ainda que sejam todas elas majoritariamente urbanas. Assim, dentre as cinco regiões do país a Sudeste é aquela que apresenta maior taxa de urbanização (92,95%), seguida pelo Centro-Oeste (88,8%) e Sul (84,93%). Região 1940 1950 1960 1970 1980 1991 2000 2007 2010 Brasil 31,24 36,16 44,67 55,92 67,59 75,59 81,23 83,48 84,36 Norte 27,75 31,49 37,38 45,13 51,65 59,05 69,83 76,43 73,53 Nordeste 23,42 26,4 33,89 41,81 50,46 60,65 69,04 71,76 73,13 Sudeste 39,42 47,55 57 72,68 82,81 88,02 90,52 92,03 92,95 Sul 27,73 29,5 37,1 44,27 62,41 74,12 80,94 82,9 84,93 Quadro 2 – Taxa de Urbanização das Regiões Brasileiras (IBGE) 33Curso de Licenciatura em Geografia Centro- Oeste 21,52 24,38 34,22 48,04 67,79 81,28 86,73 86,81 88,8 Fonte: IBGE (2010). As regiões Norte e Nordeste são, respectivamente, as regiões menos urbanas do país apresentando taxas de 73,53 e 73,13%, respectivamente, conforme pode ser observado no Quadro 2. Quando a distribuição populacional do país é analisada a partir dos estados brasileiros percebemos grande desigualdade entre estados. Assim, São Paulo é o estado mais populoso do Brasil com uma população de mais de 41 milhões de habitantes. Para se ter uma ideia, o segundo estado mais populoso do país – Minas Gerais – apresenta uma população de pouco mais de 19 milhões de habitantes, menos da metade da população de São Paulo. Logo, São Paulo possui perto de um quarto da população nacional, por isso sua importância no cenário político e econômico brasileiro. 34Curso de Licenciatura em Geografia Quadro 3 – População brasileira por estados e crescimento percentual entre 2000- 2010 Fonte: IBGE (2010). 35Curso de Licenciatura em Geografia Fonte: https://atlassocioeconomico.rs.gov.br/grau-de-urbanizacao Quanto à realidade urbana dos estados brasileiros, é, novamente, São Paulo aquele que apresenta maior taxa de urbanização acompanhado do estado do Rio de Janeiro e Goiás. Como se pode observar na Figura 6, existe uma forte desigualdade das taxas de urbanização no Brasil. Os estados das regiões Centro-Oeste, Sul e Sudeste apresentam taxas de urbanização acima de 80%. Já os estados das regiões Norte e Nordeste apresentam taxas de urbanização desiguais entre estados. Figura 6 – O Mapa mostra a existência de uma forte desigualdade das taxas de urbanização no Brasil 36Curso de Licenciatura em Geografia 2.2 Urbanização do Maranhão É importante analisar o quadro urbano do estado do Maranhão em específico. Assim, com uma população de pouco mais de 6.500.000 habitantes em 2010, apresentando uma taxa de urbanização de quase 63,08%, o estado é um dos menos urbanizados do país. Isso significa dizer que a população maranhense é predominantemente urbana, ainda que exista uma população rural significativa na ordem de 36,92%, constituída de mais de 2.400.000 habitantes. População (1991) (1991) (2000) (2000) (2010) (2010) População total 4.930.253 100,00 5.651.475 100,00 6.574.789 100,00 População urbana 1.972.421 40,01 3.364.070 59,53 4.147.149 63,08 População rural 2.957.832 59,99 2.287.405 40,47 2.427.640 36,92 O território maranhense apresenta forte disparidade quanto às taxas de urbanização entre os municípios. Dessa forma, é possível encontrar municípios com taxas de urbanização na casa de 87,12% a exemplo de Balsas e outros com taxa urbanização muito baixa a exemplo de Belágua que possui uma população de 6.524 habitantes e apresenta uma urbanização de somente 50,02%. Tabela 1 – População Rural/Urbana - Estado – Maranhão Fonte: PNUD, Ipea e FJP 37Curso de Licenciatura em Geografia Fonte: https://www.nugeo.uema.br/?p=10710#prettyPhoto/0/ Figura 7 – Taxa de urbanização por municípios do Maranhão Legenda . Municípios ( 50 mil habitantes ou mais ) Taxa de Urbanização Coodenadas Geográficas: WGS 84 ESCALA GRÁFICA Fonte : IMESC - 2013 0 50 100 200 Meridiano de Referência : 450 W Gr Datum Horizontal: WGS 84 14,4 - 32,8 32,9 - 44,9 45,0 - 57,7 57,8 - 72,1 72,2 - 94,8 38Curso de Licenciatura em Geografia Atenção! Para exercitar o conhecimento a respeito das taxas de urbanização maranhense que tal, agora, explorar dados e informações municipais? Acessa o Atlas do Desenvolvimento Humano do Brasil, selecione alguns municípios e analise as informações. Em seguida, apresente para seus colegas as principais descobertas! Atlas do Desenvolvimento Humano do Brasil. Disponível em: <http://www.atlasbrasil.org. br/2013/pt/consulta/ 2.3 Metropolização Nacional A partir da metade do século XX, o Brasil para a verificar a formação importantes aglomerações urbanas, sobretudo no entorno de algumas importantes capitais estaduais, originando processo de metropolização. Para Langenbuch (1971 apud SANTOS, 1995,p.84 ), “a metrópole constitui um tipo especial de cidade, que se distingue das menores não apenas por sua dimensão, mas por uma série de fatos, quer de natureza quantitativa, quer de natureza qualitativa”. As metrópoles se constituem em cidades complexas por sua dimensão territorial e demográfica. Com populações amplas, muitas vezes na casa dos milhões de habitantes, as metrópoles foram chamadas por Santos (1995) de “cidades milionárias”. Para o autor, o Brasil possuía em 1960 apenas duas cidades com população de mais de um milhão de habitantes (São Paulo e Rio de Janeiro), eram cinco em 1970, dez em 1980 e doze em 1991. Nesse período se desenvolve, também, um processo de metropolização com a institucionalização das primeiras Regiões Metropolitanas brasileiras. Foram elas, criadas por lei: Belém, Salvador, Fortaleza, Recife, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba e Porto Alegre. Posteriormente, a partir da Constituição de 1988, foi dado aos estados a incumbência de criação das RMs. Assim, uma série de novas Regiões Metropolitanas (RMs) foram criadas pelo país, muitas das quais tendo seu centro fora das capitais estaduais conforme pode ser observado no Quadro 4. 39Curso de Licenciatura emGeografia Quadro 4 – Região Metropolitana, Unidade da Federação, Ano de criação e população em 2010 Grande São Luís 40Curso de Licenciatura em Geografia Fonte:https://associacoeshoje.com.br/2017/10/06/custo-de-vida-na-regiao- metropolitana-de-sao-paulo-sobe-039-em-agosto/ As RMs possuem um núcleo principal que lhe dá o nome, é o município núcleo da região. Além desse município formam a Região Metropolitana um conjunto de municípios territorialmente integrados muitas vezes, mas nem sempre, conturbados ao município núcleo. Saiba mais! São Paulo é, hoje, a maior metrópole do país e uma das maiores cidades do mundo. Juntamente com os municípios que compõem a Grande São Paulo somam-se mais de 19 milhões de habitantes. Figura 8 – Região Metropolitana de São Paulo 41Curso de Licenciatura em Geografia O Brasil tem algumas dezenas de Regiões Metropolitanas, dentre elas se encontra a Região Metropolitana de São Luís. Dessa forma, ao falar da RM São Luís estamos tratando de uma região composta pelos municípios de São José de Ribamar, Raposa, Paço do Lumiar, Alcântara, Bacabeira, Rosário, Santa Rita, Icatu, Morros, Presidente Juscelino, Axixá, Cachoeira Grande e São Luís. Em tese, a criação de RMs tinha o objetivo de realização de políticas públicas comuns aos municípios integrantes. Considerando a íntima relação entre suas populações se tornava fundamental pensar estratégias integradas de ação. Por exemplo, um indivíduo morador de Raposa (MA) trabalha em São Luís e estuda em Paço do Lumiar. Desta forma, para que consiga se deslocar internamente dentre os municípios é de fundamental importância que se desenvolva uma política integrada de transportes intermunicipais, garantindo o deslocamento diário dentro da região. Esse exemplo hipotético se reproduz em diversos contextos no Brasil afora e, por isso mesmo, justifica a criação de regiões metropolitanas a fim de garantir o planejamento de políticas públicas em nível regional. Essas políticas passam a ser elaboradas por organismos regionais criados para pensar políticas para além dos municípios. Assim, as políticas deixam de ser municipais e passam a ser metropolitanas. Atividade Realize uma pesquisa a respeito das regiões metropolitanas brasileiras identificando os municípios integrantes, população, área e estado. Em seguida, elabore um croqui das RMs brasileiras e dialogue com seus colegas a respeito das descobertas. 42Curso de Licenciatura em Geografia 2.4 Rede Urbana e a Hierarquia das cidades brasileiras O Brasil é formado por um conjunto de regiões, estados e municípios. Com um território de tamanho continental, as cidades brasileiras se apresentam de forma diversa em relação à população, extensão e funções desempenhadas. Cada cidade desempenha um papel ou função principal. Assim, há cidades que apresentam função comercial, administrativa, religiosa, portuária, cultural, turísticas etc. A função corresponde ao papel econômico principal desempenhado por uma cidade. Saiba mais! Alguns exemplos de cidades e funções: Cidades político-administrativas: são cidades onde se localizam importantes sedes administrativas de governos e parlamentos. Costumam ter como característica a elevada oferta de empregos no setor público e estratégica função política. Geralmente, são cidades especificadamente planejadas e construídas para esse fim, embora, em alguns casos, elas passem a acumular outras funções. Podemos citar, como exemplo, de cidades político- administrativas, Brasília (Brasil), Pretória (África do Sul), Washington (EUA), Ottawa (Canadá), entre outras; Cidades religiosas: são formações urbanas que possuem suas dinâmicas econômicas majoritariamente centradas em algum tipo de atividade religiosa, que ocorre todo o ano ou durante alguns poucos dias, mas que atrai um grande número de fiéis e movimenta um significativo ornamento financeiro. Exemplos de cidades desse tipo são: Jerusalém (Israel), Meca (Arábia Saudita), Aparecida do Norte (Brasil), Santiago de Compostela (Espanha), Trindade (Brasil), entre outras; Cidades turísticas: são cidades que possuem algum significativo atrativo turístico e de lazer, seja pelos seus recursos naturais, seja pelas possibilidades oferecidas pelo seu espaço geográfico. Dentre esse tipo de cidade, podemos citar Las Vegas (EUA), Porto Seguro (Brasil), Cancun (México) etc; 43Curso de Licenciatura em Geografia Atividade Que tal pensar sobre as funções realizadas pela sua cidade? Relacione a função principal e, se existir, outras funções. Depois apresente para seus colegas! Cidades portuárias: são cidades que exercem uma importante função na economia do país ao qual pertencem, pois são a partir delas que a maior parte das exportações e importações acontecem, graças à estrutura de seu porto, utilizado para carga e descarga de mercadorias. Alguns exemplos de cidades desse tipo são: Santos (Brasil), Roterdã (Holanda) e Hamburgo (Alemanha); e Cidades industriais: apesar de a maioria das cidades se formar direta ou indiretamente em função do crescimento da produção industrial em uma dada região, somente algumas delas podem ser classificadas como cidades industriais. Essas se caracterizam por centrarem a maioria de suas atividades quase que exclusivamente no setor industrial, apresentando vastos e modernos parques empresariais produtivos. Citam-se como exemplo, as cidades de Camaçari (Brasil), Córdoba (Argentina), Manchester (Inglaterra), Dusseldorf (Alemanha) e muitas outras. Fonte:: https://brasilescola.uol.com.br/geografia/funcao-das-cidades.htm Atenção! As funções não são excludentes, podendo existir mais de uma função para cada cidade. 44Curso de Licenciatura em Geografia As cidades se organizam, ainda, em uma grande rede, que na Geografia denominamos de rede urbana. Como rede urbana compreende-se as relações estabelecidas entre as cidades em função do fluxo de pessoas, dinheiro, mercadorias e informações. Assim, todas as cidades de um país ou do mundo integram uma rede urbana estabelecendo alguma relação entre si, a partir da função desempenhada por ela. Essa rede estrutura-se por meio de uma hierarquia, em que as cidades de menor porte tendem a ser dependentes de cidades maiores e economicamente mais desenvolvidas. As cidades maiores tendem a ofertar um conjunto de serviços, por vezes, mais complexos. Assim, por exemplo, as grandes cidades tendem a apresentar um conjunto de negócios mais complexos e diversos, diferente daquelas cidades de menor porte. Um bom exemplo para pensar a diversidade e complexidade de serviços e negócios é pensar a respeito do setor de saúde. Quando estamos em grandes cidades é comum encontrar uma ampla oferta de hospitais e clínicas especializadas em diversos tipos de atendimentos. Tal realidade não é comum nos pequenos centros que, em geral, não dispõem de especialidades clínicas. Assim, quando a população dos pequenos centros urbanos necessita de atendimentos especializados tendem a se dirigir aos centros maiores de sua rede urbana. Tal como é possível pensar a respeito do serviço de saúde, também é possível pensar os serviços bancários, a oferta de produtos, shows e entretenimentos etc. Os pequenos centros tendem a atender as demandas locais, imediatas de sua população. Logo, numa rede urbana qualquer quando um indivíduo necessita de produtos e serviços diversos, diferentes daqueles ofertados localmente, tende a se deslocar para centros urbanos maiores onde poderá encontrar diversidade de produtos, preços e serviços. Em estudo publicado em 2007, o IBGE classificou a hierarquia urbana brasileira definindo cinco grandes níveis de cidades, sendo: metrópoles, capital regional, centro regional, centro sub-regional e centro local. 45Curso de Licenciatura em Geografia Saiba mais! 1 Metrópoles – são os 12 principais centros urbanos do País, que se caracterizam por seu grande porte e por fortes relacionamentos entre si, além de, em geral, possuíremextensa área de influência direta. O conjunto foi dividido em três subníveis, segundo a extensão territorial e a intensidade destas relações: a. Grande metrópole nacional – São Paulo, o maior conjunto urbano do País, com 19,5 milhões de habitantes, em 2007, e alocado no primeiro nível da gestão territorial; b. Metrópole nacional – Rio de Janeiro e Brasília, com população de 11,8 milhões e 3,2 milhões em 2007, respectivamente, também estão no primeiro nível da gestão territorial. Juntamente com São Paulo, constituem foco para centros localizados em todo o País; e c. Metrópole – Manaus, Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Curitiba, Goiânia e Porto Alegre, com população variando de 1,6 (Manaus) a 5,1 milhões (Belo Horizonte), constituem o segundo nível da gestão territorial. Note-se que Manaus e Goiânia, embora estejam no terceiro nível da gestão territorial, têm porte e projeção nacional que lhes garantem a inclusão neste conjunto. 2 Capital regional – integram este nível 70 centros que, como as metrópoles, também se relacionam com o estrato superior da rede urbana. Com capacidade de gestão no nível imediatamente inferior ao das metrópoles, têm área de influência de âmbito regional, sendo referidas como destino, para um conjunto de atividades, por grande número de municípios. Como o anterior, este nível também tem três subdivisões. O primeiro grupo inclui as capitais estaduais não classificadas no nível metropolitano e Campinas. O segundo e o terceiro, além da diferenciação de porte, têm padrão de localização regionalizado, com o segundo mais presente no Centro-Sul, e o terceiro nas demais regiões do País. Os grupos das Capitais regionais são os seguintes: a. Capital regional A – constituído por 11 cidades, com medianas de 955 mil habitantes e 487 relacionamentos; 46Curso de Licenciatura em Geografia b. Capital regional B – constituído por 20 cidades, com medianas de 435 mil habitantes e 406 relacionamentos; e c. Capital regional C – constituído por 39 cidades com medianas de 250 mil habitantes e 162 relacionamentos. 3 Centro sub-regional – integram este nível 169 centros com atividades de gestão menos complexas, dominantemente entre os níveis 4 e 5 da gestão territorial; têm área de atuação mais reduzida, e seus relacionamentos com centros externos à sua própria rede dão-se, em geral, apenas com as três metrópoles nacionais. Com presença mais adensada nas áreas de maior ocupação do Nordeste e do Centro-Sul, e mais esparsa nos espaços menos densamente povoados das Regiões Norte e Centro-Oeste, estão também subdivididos em grupos, a saber: a. Centro sub-regional A – constituído por 85 cidades, com medianas de 95 mil habitantes e 112 relacionamentos; e b. Centro sub-regional B – constituído por 79 cidades, com medianas de 71 mil habitantes e 71 relacionamentos. 4 Centro de zona – nível formado por 556 cidades de menor porte e com atuação restrita à sua área imediata; exercem funções de gestão elementares. Subdivide-se em: a. Centro de zona A – 192 cidades, com medianas de 45 mil habitantes e 49 relacionamentos. Predominam os níveis 5 e 6 da gestão territorial (94 e 72 cidades, respectivamente), com nove cidades no quarto nível e 16 não classificadas como centros de gestão; e b. Centro de zona B – 364 cidades, com medianas de 23 mil habitantes e 16 relacionamentos. A maior parte, 235, não havia sido classificada como centro de gestão territorial, e outras 107 estavam no último nível daquela classificação. 5 Centro local – as demais 4. 473 cidades cuja centralidade e atuação não extrapolam os limites do seu município, servindo apenas aos seus habitantes, têm população dominantemente inferior a 10 mil habitantes (mediana de 8.133 habitantes) Fonte: Região de Influência das Cidades. IBGE, 2007. 47Curso de Licenciatura em Geografia 2.5 Pequenas, médias e grandes cidades As cidades apresentam grande variedade de tamanho quanto à sua população e extensão. Assim, os estudos sobre cidades e até mesmo o senso comum busca diferenciar a partir de critérios como tamanho populacional. Logo, se fala de pequenas, médias e grandes cidades. De maneira geral, as pequenas cidades são interpretadas como aquelas de pouca população. Não há um critério específico para defini-las, mas, a exemplo de Sposito (2013) que se preocupou com o tema, são pequenas cidades aqueles centros urbanos com menos de 50 mil habitantes. Vale destacar que, o autor defende que esse não deve ser o único critério para definir a cidade como pequena. Além disso, há autores e instituições, a exemplo do IPEA, que trabalham com o critério que estabelece a pequena cidade como aglomerações com menos de 100 mil habitantes. Saiba mais! Que tal, agora conhecer um pouco mais a respeito da rede urbana à qual seu município está vinculada? Acesse o material de apoio, no arquivo disponibilizado, e pesquise a respeito do nível dos municípios que integram a rede urbana próxima e veja qual a cidade que influencia sua região. Para conhecer a publicação completa da Região de Influência das Cidades acesse o link e baixe o arquivo. Disponível em: <https://ww2.ibge.gov.br/home/ geociencias/geografia/regic.sh2tm?c=7 48Curso de Licenciatura em Geografia As pequenas cidades brasileiras se constituem num ponto cego da Geografia. Isso porque, os estudos urbanos brasileiros privilegiaram os grandes centros urbanos e, mais recentemente, as médias cidades, deixando os pequenos centros num verdadeiro vácuo. Para Sposito (2013), só há uma mudança de perspectiva investigativa sobre as pequenas cidades a partir dos anos 1980, com o processo de renovação da Geografia. Saiba mais! População das cidades médias cresce mais que no resto do Brasil. Aumento de habitantes nas cidades com 100 mil a 500 mil, neste século, supera a média nacional. Dados preliminares de uma pesquisa que vem sendo realizada pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) mostram que as cidades médias brasileiras tiveram maior crescimento populacional, entre 2000 e 2007, e também maior aumento do PIB (Produto Interno Bruno), entre 2002 e 2005, que as demais cidades brasileiras. A Coordenadora de Desenvolvimento Urbano da Diretoria de Estudos Regionais e Urbanos do Ipea, Diana Motta, e o pesquisador Daniel da Mata, da mesma diretoria, são os responsáveis pelo estudo inédito. O critério demográfico tem sido o mais aplicado para identificar as cidades médias. Podem ser consideradas médias aquelas cidades com população entre 100 mil e 500 mil habitantes. Nas regiões Norte e Centro-Oeste, devido às características do sistema urbano regional, municípios com população de 50 mil a 100 mil habitantes também podem desempenhar a função de cidades médias. Fonte:<http://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_acymailing&ctrl=archive&task= view&mailid=277&key=0cb55bbf90cf649efb18d15a9c9cf52f&Itemid=117 49Curso de Licenciatura em Geografia Ao colaborar para o debate a respeito dos pequenos centros urbanos brasileiros, Milton Santos (1982) empregou o termo “cidades locais”. Para o autor “a pequena cidade, que preferimos chamar de cidade local, torna-se centro funcional, mas não dinâmico da região circundante [...]” (p.69). E acrescenta: “A cidade local é a dimensão mínima a partir da qual as aglomerações deixam de servir às necessidades das atividades primárias para servir às necessidades inadiáveis da população, com verdadeira especialização do espaço (p.71). As pequenas cidades guardam alguns fetiches no imaginário social. Fala-se desses pequenos centros urbanos como espaço de tranquilidade, paz e segurança. Se essa foi a imagem outrora criada pelos filmes e novelas brasileiros, o mesmo não se pode dizer delas, hoje. As pequenas cidades passam a apresentar problemas das mais diversas ordens: pobreza, violência, insegurança e fragmentação espacial. Para Sposito (2013), as pequenas se constituem em espaços urbanos “menos complexos emenos segmentados/fragmentados” (p.40). Contudo, complementa o autor, “em alguns casos, já é perceptível a instalação de condomínios e/ou loteamentos fechados [...] (p.40)”. Nas pequenas cidades nordestinas essa fragmentação já pode ser percebida, ainda que em menos intensidade em comparação àquelas estudadas por Sposito (2013) no estado de São Paulo. Tal fragmentação é mais perceptível, no território maranhense, em cidades como de porte médio a exemplo de Caxias. Nesses pequenos centros urbanos, vale destacar, a oferta de serviços é básica atendendo as necessidades locais de consumo. Por ter limites populacionais maiores e, consequentemente, limites quanto à circulação de dinheiro, os pequenos centros urbanos não apresentam grande complexidade de produtos e serviços. Um bom exemplo para verificar tais limitações é observar a oferta de serviços médicos e bancários. Na maioria das pequenas cidades, não há uma ampla oferta de rede bancária (muitas vezes existindo apenas uma agência de banco). Além disso, quanto aos serviços médicos, as pequenas cidades, em muitos casos, apresentam apenas atendimentos básicos e menos complexos. Quando há necessidade de determinados atendimentos a população local tende a se deslocar para centros 50Curso de Licenciatura em Geografia maiores. Voltaremos a tratar dessa relação entre centros urbanos mais adiante quando falarmos de rede urbana. Já, o debate a respeito de cidades médias no Brasil vem ganhando corpo em função do quadro de urbanização recente do país que fez aumentar o número de centros urbanos com mais de 100 mil habitantes. Segundo Santos (1995), eram 128 cidades no território brasileiro com população entre 100 e 500 mil habitantes e, atualmente, são 245 cidades brasileiras com população dentro desse patamar segundo dados do Censo IBGE 2010. Ano Número de cidades 1940 08 1970 25 1980 49 1991 113 1996 161 2000 193 2010 245 Conforme pode ser observado na Tabela 2, o Brasil experimentou um processo de explosão das cidades com população entre 100 e 500 mil habitantes ao longo das últimas décadas. Assim, ao mesmo tempo em que crescia a população dos grandes centros urbanos, também aumentava população e o número de cidades de porte médio reconfigurando a rede urbana nacional. Desde os anos 1990, inúmeros trabalhos vêm dando conta de aprofundar o debate a respeito das médias cidades brasileiras. Nesse sentido, Conte (2013) afirma que variados autores brasileiros têm se dado ao trabalho de realizar investigações a respeito das cidades médias “com o objetivo de analisar e compreender o fenômeno através de pesquisas empíricas e reflexões teórico-metodológicas”. Contudo, afirma Amorim Filho (2007, p.77) que: “a quantidade de pesquisas publicadas e Tabela 2 – Cidades brasileiras com população entre 100 e 500 mil habitantes Fonte: IBGE 1940, 1970, 1980, 1991, 2000, 2010. 51Curso de Licenciatura em Geografia eventos direcionados para a temática das cidades médias alcança um número e uma intensidade tais que é praticamente impossível para qualquer pesquisador acompanhar tudo que se faz neste domínio”. Para Amorim Filho e Serra (2001), não existe uma ideia consensual do que seriam as cidades médias. Essa ausência de consenso, todavia ocorre no meio acadêmico, onde literalmente, não existe uma definição fortalecida de cidade média, uma classificação que possa ser utilizada ao mesmo tempo por sociólogos, economistas, arquitetos, geógrafos, demógrafos, mesmo que inserida em cada especialidade seja possível alcançar algum acordo sobre a matéria. A dificuldade de conceituação das cidades médias reside no critério demográfico do que seriam os limites para tal delimitação. É nesse sentido que Conte (2013, p.51) destaca: Verificando a escala mundial, os valores são consideravelmente distintos, como por exemplo: a Organização das Nações Unidas (ONU) considera como cidades médias aquelas que possuem entre 100 mil e três milhões de habitantes, o VII Congresso Ibero-Americano de Urbanismo considerou médias todas as cidades com 20 a 500 mil habitantes, enquanto a Comissão Europeia define como sendo cidades médias aquelas que possuem entre 100 e 250 mil habitantes. Em nível nacional, tal como já demonstramos anteriormente, instituições como IPEA trabalham com a faixa demográfica para delimitação de cidades médias num patamar entre 100 e 500 mil habitantes. Contudo, vale dizer, que esse critério não é rígido podendo haver cidades médias com menos de 100 mil habitantes ou com mais de 500 mil. Para alguns autores, a definição de cidade média vai além do critério demográfico. Nesse sentido, é preciso considerar variáveis como posição regional na rede urbana, estrutura econômica, relações externas, influência regional etc. Assim, compreendendo a cidade, sua região e suas relações seria possível definir mais precisamente a existência de uma cidade média. Porém, essa discussão teórica ainda não se esgotou e não se produziu consenso. Por enquanto, continuamos trabalhando com o critério demográfico como ponto de partida e a análise regional como ponto de chegada. 52Curso de Licenciatura em Geografia Portanto, podemos dizer que as cidades médias, tal como proposto com Corrêa (2007), se constituem num meio termo entre a pequena e a grande cidade. Assim, propõe o autor, a cidade média é aquela que possui as vantagens da cidade pequena sem as desvantagens da cidade grande. Não é possível, em nossa opinião, fazer tal generalização visto que mesmo cidades pequenas já apresentam um quadro de problemas urbanos tão complexos quanto grandes centros. Porém, em geral, pequenas e médias cidades, sobretudo no Nordeste brasileiro, ainda apresentam qualidades que continuam atraindo populações. Por fim, e não para concluir, precisamos destacar a existência das grandes cidades brasileiras. Como grandes cidades, ao menos do ponto de vista demográfico, temos adotado o patamar de mais de 500 mil habitantes. Essas cidades são, hoje, palco de problemas urbanos e de desafios de gestão. A extensão da área urbana e o tamanho populacional se convertem em problemas que os gestores municipais precisam enfrentar. Assim, cidades de grande porte apresentam periferias extensas onde residem populações pobres e que necessitam de uma maior rede de atendimento do poder público. Quanto maior a população mais serviços e infraestrutura precisam ser ofertados e distribuídos pelo território municipal. Muitas vezes essa distribuição se dá de forma desigual e com privilégio para áreas onde residem populações de maior poder de renda e mais influência política. Quando falamos das grandes cidades brasileiras é de fundamental importância pensar duas questões contemporâneas importantes: a mobilidade urbana e a questão do acesso à moradia. Se deslocar dentro da cidade é de fundamental importância. Para as famílias que dispõem de recursos próprios lhes permitindo a aquisição do carro particular o deslocamento diário é um problema menor, visto que pode se utilizar do transporte particular para ir à escola, ao trabalho, ao lazer etc. Contudo, as famílias que não possuem renda suficiente para adquirir um transporte particular dependem dos serviços públicos de transporte, muitas vezes precários e deficitários. Sobretudo no contexto das grandes cidades, depender de ônibus ou de trem é uma realidade dramática. Ônibus e trens lotados, engarrafamentos, carestia do valor das 53Curso de Licenciatura em Geografia passagens, serviços precários etc., são alguns dos muitos problemas enfrentados pela população das grandes cidades brasileiras. Vale descartar que muitas cidades pequenas e médias no interior do Brasil não dispõem de rede de transporte público. Nessas cidades, o deslocamento se dá, principalmente, por meio do serviço de mototáxis que desempenham o importante papel de promoção da mobilidade urbana. Em muitas dessas cidades é comum que as famílias possuam, ao menos, uma motocicleta como propriedade. As leissão menos rigorosas, assim é comum ver motociclistas desrespeitando as leis e, em muitos casos, até crianças pilotando motos. Do ponto de vista da moradia, as grandes cidades se tornam palco de intensas disputas. Isso porque, nessas cidades o preço da terra se eleva em função da demanda. Quanto maior a população maior será a demanda por terra para morar. Assim, nas grandes cidades é mais perceptível a problemática da moradia. Quem dispõe de recursos ou de crédito bancário, adquire casa por meio do mercado formal de moradias. Porém, quem não dispõe das condições para aquisição da moradia precisa recorrer ao chamado mercado informal. Logo, tende a comprar casas ou terrenos na periferia onde podem promover o processo de reconstrução ou autoconstrução da moradia. Há, ainda, aquelas famílias que não possuindo recursos para adquirir casas até mesmo no mercado informal tendem a participar da luta por moradia se organizando politicamente em movimentos sociais urbanos. Esses movimentos atuam na luta pela terra reivindicando o direito à moradia que está contido na Constituição Brasileira de 1988. Figura 9: Movimentos sociais urbanos no Brasil na luta por moradia. 54Curso de Licenciatura em Geografia Fonte:http://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2014-11/prefeitura-e- familias-de-ocupacao-no-rj-discutem-moradia-populares Figura 9 – Movimentos sociais urbanos no Brasil na luta por moradia Saiba mais! Que tal conhecer um pouco mais a respeito dos movimentos sociais de luta por moradia? Com o apoio do seu Tutor, levante informações sobre os movimentos sociais de luta por moradia no Brasil. Em seguida, realize uma pesquisa sobre história dos movimentos, bandeiras de luta e áreas de atuação. Por fim, socialize com seus colegas as descobertas! 55Curso de Licenciatura em Geografia Fonte: https://aosfatos.org/noticias/o-deficit-habitacional-no-brasil-em-4-graficos/ O Brasil possui um grave quadro de déficit habitacional. Boa parte desse déficit está concentrado nas grandes cidades brasileiras e se localiza majoritariamente dentre as famílias mais pobres. O déficit habitacional é dividido em dois grandes grupos: quantitativo e qualitativo. O déficit quantitativo é contabilizado a partir do conjunto de famílias que não possuem moradia, coabitam casa ou pagam aluguel. Ou seja, corresponde ao conjunto de moradias que precisam ser construídas para atender ao total de famílias sem casas no Brasil. Por sua vez, o déficit qualitativo corresponde à qualidade da moradia. Ou seja, aquele conjunto de casas que apresentam alguma fragilidade da infraestrutura. Assim, quando uma casa não dispõe de banheiro ou é coberta com palha é contabilizada como parte do déficit qualitativo. No Brasil, o déficit habitacional total é de pouco mais 6.300.000 moradias, sendo 5,5 milhões em áreas urbanas e pouco mais e 700 mil moradias em áreas rurais. (FJP, 2015). Figura 10 – Domicílios vagos e déficit habitacional por estados em 2015 56Curso de Licenciatura em Geografia Fonte:http://www.ma.gov.br/agenciadenoticias/direitos-humanos/governo- investe-r-93-milhoes-para-trocar-casas-de-taipa-por-moradia-digna-nos- municipios-do-mais-idh Por sua vez, o estado do Maranhão apresenta o maior décifit habitacional do Nordeste. Dessa forma, o déficit total maranhense é de pouco mais de 390 mil moradias, sendo 172.333 em áreas urbanas e 219.975 em áreas rurais. Ainda assim, vale destacar, que ao longo dos últimos anos houveram grandes investimentos na produção de moradias no Brasil e, em especial, no Maranhão. Figura 11 – Tipos de moradia no estado do Maranhão Por meio do Programa Minha Casa Minha vida, foram produzidos importantes estoques de moradias que se voltaram a reduzir a problemática do déficit habitacional maranhense. Além disso, o governo do Maranhão, por meio do Programa de Habitação do Plano Mais IDH Maranhão. O objetivo do programa é promover moradia digna para as famílias maranhenses que ainda sofrem com a problemática do déficit qualitativo de moradias. 57Curso de Licenciatura em Geografia As grandes cidades também experimentam a problemática da violência. Tal realidade forçou as cidades a experimentar um grave quadro de fragmentação espacial. Ou seja, as cidades foram se transformando em espaços divididos por muros, cercas e artefatos de segurança que separam os indivíduos e anulam as relações interpessoais. No contexto das grandes cidades, é mais visível a existência de uma forma nova de morar e ocupar a cidade: os condomínios fechados. Essa estratégia de morar em espaço isolado do conjunto da cidade é verificada em cidades de diversos tamanhos, mas foi inaugurada nos grandes centros urbanos. Logo, sobretudo no contexto dos grandes centros, é comum encontrar condomínios fechados (verticais e horizontais) que se mesclam na paisagem urbana. Vale destacar que, ao longo das últimas décadas, no contexto das grandes cidades brasileiras, vem se processando a construção de novos empreendimentos na forma de condomínios. Vale lembrar que em muitos casos, a produção desse tipo de empreendimento se direciona às bordas das cidades em função da necessidade Saiba mais! Que tal um cine debate? Acesse um dos links a seguir, selecione um ou mais vídeo documentários, assista e dialogue a respeito da problemática da moradia no Brasil. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=xn2um8xhc4o https://curtadoc.tv/curta_tag/moradia/ https://curtadoc.tv/curta_tag/sem-teto/ 58Curso de Licenciatura em Geografia de espaço. Logo, em muitos casos, tendem a avançar direção aos tradicionais espaços rurais circundantes das cidades provocando a conversão de terra rural em terra urbana. Esse processo vem sendo denominado por Silva (2015) como periurbanização. Atenção! Considerando o critério demográfico que define as pequenas, médias e grandes cidades a partir de um tamanho populacional, realize o levantamento de dados do Censo IBGE 2010, a respeito dos municípios maranhenses, e elabore um croqui identificando em três níveis distintos os grupos de cidades identificadas. Em seguida, analise o croqui elaborado e descreva que padrão de cidade predomina (pequena, média ou grande) no território do Maranhão. Não esqueça de identificar o município em que você vive definindo-o conforme os critérios de análise. Após realizada a atividade, digitalize seu croqui e poste no AVA juntamente com sua análise. 59Curso de Licenciatura em Geografia Atenção! O Brasil é um país com 5.570 municípios, dos quais mais de 90% se constituem em centros com menos de 100 mil habitantes. Apesar de possuir uma grande maioria de municípios pequenos, o Brasil apresenta forte concentração populacional nas grandes e médias cidades. Os pequenos centros urbanos brasileiros, apesar de possuírem características próprias associadas à tranquilidade, já passam a apresentar problemas de diversas ordens, inclusive aqueles que outrora estavam associadas às grandes cidades. Problemas como violência e tráfico de drogas vêm se tornando cada vez mais parte do cotidiano das pequenas cidades brasileiras. Nas médias e grandes cidades a violência e o tráfico se somam a questões como pobreza, desemprego, desigualdade, poluição, degradação ambiental, congestionamentos etc., se tornando desafios para a gestão pública e para a sobrevivência nesses espaços. RESUMO Na Unidade, você conheceu um pouco do processo de urbanização brasileira. Foi possível compreender que o país experimentou uma urbanização tardia em relação a outros países do mundo, se urbanizando somente a partir da metade do século XX. Hoje, a população brasileira é majoritariamente urbana com uma taxa de urbanização de 84%. Você também conheceu um pouco da hierarquia das cidades brasileiras e, realizando as atividades propostas, poderá conhecer um pouco mais da rede urbana nacional. 60Curso de Licenciatura em Geografia REFERÊNCIAS AMORIM FILHO, O. B. Origem, evolução e perspectivas dos
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