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Saúde pública no Brasil

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Laís Molina – Med 102 Saúde da Família II – Prof. Ana Paula 
 História da Saúde Pública do Brasil: 
 A Constituição Federal de 1988 estabeleceu a saúde como direito 
universal, passando a ser dever constitucional de todas as esferas de 
governo, já que anteriormente era apenas da União e relativo ao 
trabalhador segurado. 
 
 O conceito de saúde foi ampliado e vinculado às políticas sociais e 
econômicas. 
 
 A assistência é concebida de forma integral, ou seja, é preventiva e 
curativa. 
 
 
 
 
 
 
 O SUS é institucionalizado com a promulgação da Constituição Federal 
de 1988 (arts. 196 ao 200) 
 
 O movimento sanitário traz os ideais da reforma e solicita mudanças no 
setor da saúde, tendo como marco a VIII Conferência Nacional de 
Saúde, sendo esta a primeira com participação popular. 
 
 
 Linha do Tempo: 
1900: Sanitarismo campanhista 
1904: Revolta da vacina (Oswaldo Cruz) 
1917: Reforma do Porto de Santos 
1923: Lei Eloy Chaves – criação das CAPs 
1933: Criação dos IAPs 
1942: I Conferência Nacional de Saúde 
1953: Criação do Ministério da Saúde 
1963: III Conferência Nacional de Saúde – Campanha pela municipalização (Gov. 
João Goulart) 
OBS: Antes da Constituição Federal de 1988, o Brasil não possuía um 
sistema de saúde organizado. As ações de serviço eram excludentes e 
contributivos, ou seja, apenas quem podia pagar atendimentos privados e 
quem contribuía com a previdência social/INPS (Instituto Nacional da 
Previdência Social) tinha acesso. 
 
 
Laís Molina – Med 102 Saúde da Família II – Prof. Ana Paula 
1964: Golpe Militar – Centralização (retrocesso) 
1966: Unificação dos IAPs e criação dos INPs 
1974: Criação dos INAMPS 
1981: Criação do CONASP ( Conselho Nacional de Administração da Saúde 
Previdenciária) 
1983/84: AIS (Ações integradas de saúde) – início da interiorização das ações e 
serviços 
1986: VIII Conferência Nacional de Saúde 
1988: institucionalização do SUS pela Constituição Federal de 1988 
 
 A Constituição Federal de 1988: 
 
 A Constituição Federal define a saúde como um direito de todos e um 
dever do Estado. 
 
 A inclusão da saúde no texto constitucional gerou um conjunto de leis 
voltadas a organização e implementação do Sistema Único de Saúde, a 
“Lei Orgânica da Saúde”, além de inúmeros decretos, portarias 
conjuntas e portarias normativas do Ministério da Saúde. 
 
1. Constituição Federal de 1988 
TÍTULO VIII – DA ORDEM SOCIAL 
Capítulo II Seção II – Da Saúde 
 
Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido 
mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco 
de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às 
ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação. 
 
Art. 197. São de relevância pública as ações e serviços de saúde, 
cabendo ao poder público dispor, nos termos da lei, sobre sua 
regulamentação, fiscalização e controle, devendo sua execução ser 
feita diretamente ou através de terceiros e, também, por pessoa 
física ou jurídica de direito privado. 
 
Art. 198. As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede 
regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema único, 
organizado de acordo com as seguintes diretrizes: 
 
I - descentralização, com direção única em cada esfera de governo; 
 
II - atendimento integral, com prioridade para as atividades 
preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais; 
 
 
Laís Molina – Med 102 Saúde da Família II – Prof. Ana Paula 
III - participação da comunidade. 
 
Parágrafo único. § 1º - O sistema único de saúde será financiado, nos 
termos do art. 195 , com recursos do orçamento da seguridade 
social, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, 
além de outras fontes. 
 
Art. 199. A assistência à saúde é livre à iniciativa privada. 
 
§ 1º - As instituições privadas poderão participar de forma 
complementar do sistema único de saúde, segundo diretrizes deste, 
mediante contrato de direito público ou convênio, tendo preferência 
as entidades filantrópicas e as sem fins lucrativos. 
 
§ 2º - É vedada a destinação de recursos públicos para auxílios ou 
subvenções às instituições privadas com fins lucrativos. 
 
§ 3º - É vedada a participação direta ou indireta de empresas ou 
capitais estrangeiros na assistência à saúde no País, salvo nos casos 
previstos em lei. 
 
§ 4º - A lei disporá sobre as condições e os requisitos que facilitem a 
remoção de órgãos, tecidos e substâncias humanas para fins de 
transplante, pesquisa e tratamento, bem como a coleta, 
processamento e transfusão de sangue e seus derivados, sendo 
vedado todo tipo de comercialização. 
 
Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, além de outras 
atribuições, nos termos da lei: 
I - controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substâncias de 
interesse para a saúde e participar da produção de medicamentos, 
equipamentos, imunobiológicos, hemoderivados e outros insumos; 
 
II - executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem 
como as de saúde do trabalhador; 
 
III - ordenar a formação de recursos humanos na área de saúde; 
 
IV - participar da formulação da política e da execução das ações de 
saneamento básico; 
V - incrementar, em sua área de atuação, o desenvolvimento 
científico e tecnológico e a inovação; 
 
VI - fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido o controle de 
seu teor nutricional, bem como bebidas e águas para consumo 
humano; 
 
 
Laís Molina – Med 102 Saúde da Família II – Prof. Ana Paula 
VII - participar do controle e fiscalização da produção, transporte, 
guarda e utilização de substâncias e produtos psicoativos, tóxicos e 
radioativos; 
 
VIII - colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o 
do trabalho. 
 
 
2. Lei 8.080 de 19 de Setembro de 1990 
 
 Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção 
recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos 
serviços correspondentes e dá outras providências. 
Art. 1º. Esta lei regula, em todo o território nacional, as ações e 
serviços de saúde, executados isolada ou conjuntamente, em caráter 
permanente ou eventual, por pessoas naturais ou jurídicas de direito 
Público ou privado. 
Art. 2º. A saúde é um direito fundamental do ser humano, devendo o 
Estado prover as condições indispensáveis ao seu pleno exercício. 
§ 1º O dever do Estado de garantir a saúde consiste na formulação e 
execução de políticas econômicas e sociais que visem à redução de 
riscos de doenças e de outros agravos e no estabelecimento de 
condições que assegurem acesso universal e igualitário às ações e 
aos serviços para a sua promoção, proteção e recuperação. 
§ 2º O dever do Estado não exclui o das pessoas, da família, das 
empresas e da sociedade. 
Art. 3º. Os níveis de saúde expressam a organização social e 
econômica do País, tendo a saúde como determinantes e 
condicionantes, entre outros, a alimentação, a moradia, o 
saneamento básico, o meio ambiente, o trabalho, a renda, a 
educação, a atividade física, o transporte, o lazer e o acesso aos bens 
e serviços essenciais. 
Parágrafo único. Dizem respeito também à saúde as ações que, por 
força do disposto no artigo anterior, se destinam a garantir às 
pessoas e à coletividade condições de bem-estar físico, mental e 
social. 
DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE 
DISPOSIÇÃO PRELIMINAR 
Art. 4º. O conjunto de ações e serviços de saúde, prestados por 
órgãos e instituições públicas federais, estaduais e municipais, da 
Administração direta e indireta e das fundações mantidas pelo Poder 
Público, constitui o Sistema Único de Saúde (SUS). 
 
 
Laís Molina – Med 102 Saúde da Família II – Prof. Ana Paula 
§ 1º Estão incluídas no disposto neste artigo as instituições públicas 
federais,estaduais e municipais de controle de qualidade, pesquisa e 
produção de insumos, medicamentos, inclusive de sangue e 
hemoderivados, e de equipamentos para saúde. 
§ 2º A iniciativa privada poderá participar do Sistema Único de Saúde 
(SUS), em caráter complementar. 
Art. 5º. São objetivos do Sistema Único de Saúde SUS: 
I - a identificação e divulgação dos fatores condicionantes e 
determinantes da saúde; 
II - a formulação de política de saúde destinada a promover, nos 
campos econômico e social, a observância do disposto no § 1º do art. 
2º desta lei; 
III - a assistência às pessoas por intermédio de ações de promoção, 
proteção e recuperação da saúde, com a realização integrada das 
ações assistenciais e das atividades preventivas. 
Art. 6º. Estão incluídas ainda no campo de atuação do Sistema Único 
de Saúde (SUS): 
I - a execução de ações: 
a) de vigilância sanitária; 
b) de vigilância epidemiológica; 
c) de saúde do trabalhador; e 
d) de assistência terapêutica integral, inclusive farmacêutica; 
II - a participação na formulação da política e na execução de ações 
de saneamento básico; 
III - a ordenação da formação de recursos humanos na área de 
saúde; 
IV - a vigilância nutricional e a orientação alimentar; 
V - a colaboração na proteção do meio ambiente, nele compreendido 
o do trabalho; 
VI - a formulação da política de medicamentos, equipamentos, 
imunobiológicos e outros insumos de interesse para a saúde e a 
participação na sua produção; 
VII - o controle e a fiscalização de serviços, produtos e substâncias 
de interesse para a saúde; 
VIII - a fiscalização e a inspeção de alimentos, água e bebidas para 
consumo humano; 
 
 
Laís Molina – Med 102 Saúde da Família II – Prof. Ana Paula 
IX - a participação no controle e na fiscalização da produção, 
transporte, guarda e utilização de substâncias e produtos psicoativos, 
tóxicos e radioativos; 
X - o incremento, em sua área de atuação, do desenvolvimento 
científico e tecnológico; 
XI - a formulação e execução da política de sangue e seus derivados. 
Art. 14. Deverão ser criadas Comissões Permanentes de integração 
entre os serviços de saúde e as instituições de ensino profissional e 
superior. 
Parágrafo único. Cada uma dessas comissões terá por finalidade 
propor prioridades, métodos e estratégias para a formação e 
educação continuada dos recursos humanos do Sistema Único de 
Saúde (SUS), na esfera correspondente, assim como em relação à 
pesquisa e à cooperação técnica entre essas instituições. 
 O Decreto nº 7.508 de 28/06/2011, regulamenta a Lei nº 
8.080, de 19/09/1990, e dispõe sobre a organização do SUS, o 
planejamento da Saúde, a assistência à saúde e a articulação 
interfederativa. 
 
3. Lei 8.142 de 28 de Dezembro de 1990 
 
 Dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do SUS e 
sobre as transferências intergovernamentais de recursos 
financeiros na área da saúde e dá outras providências. 
Art. 1°. O Sistema Único de Saúde (SUS), de que trata a Lei n° 
8.080, de 19 de setembro de 1990, contará, em cada esfera de 
governo, sem prejuízo das funções do Poder Legislativo, com as 
seguintes instâncias colegiadas: 
I - a Conferência de Saúde; e 
II - o Conselho de Saúde. 
§ 1° A Conferência de Saúde reunir-se-á a cada quatro anos com a 
representação dos vários segmentos sociais, para avaliar a situação 
de saúde e propor as diretrizes para a formulação da política de 
saúde nos níveis correspondentes, convocada pelo Poder Executivo 
ou, extraordinariamente, por esta ou pelo Conselho de Saúde. 
 
 
 
 
OBS: É o fórum que reúne todos os segmentos representativos da 
sociedade, um espaço de debate para avaliar a situação de saúde 
nas três esferas de governo. É convocada pelo Poder Executivo ou 
pelo Conselho de Saúde, quando 50% +1 dos integrantes desse 
fórum conclamam a conferência. Acontece de 4 em 4 anos e é 
realizada pelas esferas municipal, estadual e federal, sendo o 
espaço de debate, formulação e avaliação das políticas de saúde. 
 
Laís Molina – Med 102 Saúde da Família II – Prof. Ana Paula 
§ 2° O Conselho de Saúde, em caráter permanente e deliberativo, 
órgão colegiado composto por representantes do governo, 
prestadores de serviço, profissionais de saúde e usuários, atua na 
formulação de estratégias e no controle da execução da política de 
saúde na instância correspondente, inclusive nos aspectos 
econômicos e financeiros, cujas decisões serão homologadas pelo 
chefe do poder legalmente constituído em cada esfera do governo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Princípios do SUS: 
 
 Universalidade: a saúde é um direito de cidadania de todas as 
pessoas e cabe ao Estado assegurar este direito, sendo que o 
acesso às ações e serviços deve ser garantido a todas as 
pessoas, independentemente de sexo, raça, ocupação ou outras 
características sociais ou pessoais. 
 
 Integralidade: considera as pessoas como um todo, atendendo 
todas as suas necessidades. Para isso, é importante a integração 
de ações, incluindo a promoção da saúde, a prevenção de 
doenças, o tratamento a reabilitação. Juntamente, o princípio de 
integralidade pressupõe a articulação da saúde com outras 
políticas públicas, para assegurar uma atuação intersetorial 
entre as diferentes áreas que tenham repercussão na saúde e 
qualidade de vida dos indivíduos. 
 
 Equidade: o objetivo é diminuir desigualdades. Apesar de todas 
as pessoas possuírem direito aos serviços, as pessoas não são 
iguais, e, por isso, têm necessidades distintas. Em outras 
palavras, equidade significa tratar desigualmente os desiguais, 
investindo mais onde a carência é maior. 
OBS: O Conselho de Saúde deve funcionar mensalmente, ter atas 
que registrem suas reuniões e infraestrutura que dê suporte ao seu 
funcionamento. 
Atua na formulação de estratégias e no controle da execução da 
política de saúde, inclusive nos aspectos econômicos e financeiros. 
O Conselho analisa e aprova o plano de saúde, analisa e aprova o 
relatório de gestão e informa a sociedade sobre sua atuação. 
O segmento dos usuários do Conselho deve ser paritário com os 
demais segmentos, ou seja, 50% dos integrantes devem que ser 
usuários, 25% devem ser profissionais de saúde e 25% devem ser 
gestores e prestadores de serviços.

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