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Professoras Cá Cardoso e Natale Souza www.oqdosconcursos.com CNPJ: 20.988.504/0001-79 oqdosconcursos@gmail.com PROCESSO SAÚDE DOENÇA E SEUS DETERMINANES E CONDICIONANTES. PREVENÇÃO DE DOENÇAS. INTRODUÇÃO Vamos começar falando um pouco da epidemiologia. Não há uma definição fácil e estanque, mas, podemos associá-la diretamente ao processo saúde- doença na população na medida em que dispõe de instrumental específico para a análise do perfil e priorização dos problemas. Segundo Rouquayrol (2013), sua finalidade última é contribuir para a melhoria da qualidade de vida e o soerguimento do nível de saúde das coletividades humanas. De forma simplificada pode-se conceituá-la como: ciência que estuda o processo saúde-doença em coletividades humanas, analisando a distribuição e os fatores determinantes das enfermidades, danos à saúde e eventos associados à saúde coletiva, propondo medidas específicas de prevenção, controle ou erradicação de doenças e fornecendo indicadores que sirvam de suporte ao planejamento, à administração e à avaliação das ações de saúde. RESUMINDO... A EPIDEMIOLGIA VISA: 1. Descrever a distribuição e a magnitude dos problemas de saúde nas populações humanas; 2. Proporcionar dados essenciais para planejamento, execução e avaliação das ações de prevenção, controle e tratamento das doenças, bem como para estabelecer prioridades; 3. Identificar fatores etiológicos na gênese das enfermidades. Professoras Cá Cardoso e Natale Souza www.oqdosconcursos.com CNPJ: 20.988.504/0001-79 oqdosconcursos@gmail.com OBS: A EPIDEMIOLOGIA É UM EIXO DA SAÚDE PÚBLICA! ESTUDA O PERFIL DE MORBIDADE (DE QUE A POPULAÇÃO ADOECE), DESENVOLVE A VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA. ALÉM DE ANALISAR OS FATORES AMBIENTAIS E SOCIOECONÔMICOS QUE POSSAM TER ALGUMA INFLUÊNCIA NA ECLOSÃO DE DOENÇAS E NAS CONDIÇÕES DE SAÚDE – MELHOR DIZENDO: FATORES CONDICIONANTES E DETERMINANTES. Doença A doença não pode ser compreendida apenas por meio das medições fisiopatológicas, pois quem estabelece o estado da doença é o sofrimento, a dor, o prazer, enfim os valores e sentimentos expressos pelo corpo subjetivo que adoece (CANGUILHEM; CAPONI apud BRÊTAS e GAMBA, 2006). Saúde A saúde é silenciosa, geralmente não a percebemos em sua plenitude; na maior parte das vezes apenas a identificamos quando adoecemos. É uma experiência de vida, vivenciada no âmago do corpo individual. Ouvir o próprio corpo é uma boa estratégia para assegurar a saúde com qualidade, pois não existe um limite preciso entre a saúde e a doença, mas uma relação de reciprocidade entre ambas; entre a normalidade e a patologia, na qual os mesmos fatores que permitem ao homem viver (alimento, água, ar, clima, habitação, trabalho, tecnologia, relações familiares e sociais) podem causar doenças. Essa relação é demarcada pela forma de vida dos seres humanos, pelos determinantes biológicos, psicológicos e sociais. Tal constatação nos remete à reflexão de que o processo saúde – doença -adoecimento ocorre de maneira desigual entre os indivíduos, as classes e os povos, recebendo influência direta do local que os seres ocupam na sociedade (BERLINGUER apud BRÊTAS e GAMBA, 2006). Nessa dimensão, a saúde torna-se a capacidade que o ser humano tem de gastar, consumir a própria vida. Entretanto, é importante destacar que a vida não admite a reversibilidade, ela aceita apenas reparações. Cada vez que o indivíduo fica doente, está reduzindo o Professoras Cá Cardoso e Natale Souza www.oqdosconcursos.com CNPJ: 20.988.504/0001-79 oqdosconcursos@gmail.com poder que tem de enfrentar outros agravos; ele gasta seu seguro biológico, sem o qual não estaria vivo (BRÊTAS e GAMBA, 2006). APROFUNDANDO... Para fortalecer o conceito de saúde acima citado, podemos lembrar o ART 3º da LOS 8.080/90: Os níveis de saúde expressam a organização social e econômica do País, tendo a saúde como determinantes e condicionantes, entre outros, a alimentação, a moradia, o saneamento básico, o meio ambiente, o trabalho, a renda, a educação, a atividade física, o transporte, o lazer e o acesso aos bens e serviços essenciais. (Redação dada pela Lei nº 12.864, de 2013) PODEMOS DIZER QUE TEMOS UM CONCEITO SUBJETIVO E SOCIAL, ONDE PARA INDIVÍDUO HAVERÁ UMA NECESSIDADE DIFERENTE. Desse modo, a saúde deve ser entendida em sentido mais amplo, como componente da qualidade de vida. Assim, não é um “bem de troca”, mas um “bem comum”, um bem e um direito social, em que cada um e todos possam ter assegurados o exercício e a prática do direito à saúde, a partir da aplicação e utilização de toda a riqueza disponível, conhecimentos e tecnologia desenvolvida pela sociedade nesse campo, adequados às suas necessidades, abrangendo promoção e proteção da saúde, prevenção, diagnóstico, tratamento e reabilitação de doenças. Em outras palavras, considerar esse bem e esse direito como componente e exercício da cidadania, que é um referencial e um valor básico a serem assimiladas pelo poder público para o balizamento e orientação de sua conduta, decisões, estratégias e ações. Processo Saúde-Doença http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2013/Lei/L12864.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2013/Lei/L12864.htm Professoras Cá Cardoso e Natale Souza www.oqdosconcursos.com CNPJ: 20.988.504/0001-79 oqdosconcursos@gmail.com Muito se tem escrito sobre o Processo Saúde-Doença, no entanto um novo instrumento intelectual para a apreensão da saúde e da doença deve levar em conta a distinção entre a doença, tal como definida pelo sistema da assistência à saúde – e a saúde, tal como percebida pelos indivíduos. Também, deve incluir a dimensão do bem-estar, um conceito maior, no qual a contribuição da saúde não é a única e nem a mais importante. Uma nova maneira de pensar a saúde e a doença deve incluir explicações para os achados universais de que a mortalidade e a morbidade obedecem a um gradiente, que atravessa as classes socioeconômicas, de modo que menores rendas ou status social estão associados a uma pior condição em termos de saúde. Tal evidência constitui-se em um indicativo de que os determinantes da saúde estão localizados fora do sistema de assistência à saúde (EVANS; STODDART, 2003; SCHRAIBER; MENDES-GONÇALVES, 1996 apud OLIVEIRA; EGRY, 2000). UM POUCO DE HISTÓRIA... Na antiguidade, quando das religiões politeístas, acreditava-se que a saúde era dádiva e a doença castigo dos deuses, com o decorrer dos séculos e com o advento das religiões monoteístas a dádiva da saúde e o castigo da doença passou a ser da responsabilidade de um único Deus. No entanto, 400 anos AC, Hipócrates desenvolve o tratado “Os Ares e os Lugares” onde relaciona os locais da moradia, a água para beber, os ventos, com a saúde e a doença. Séculos mais tarde, as populações passam a viver em comunidade e a teoria miasmática toma lugar. Tal teoria consiste na crença de que a doença é transmitida pela inspiração de “gases” de animais e dejetos em decomposição (BUCK et al., 1988). Tal teoria permanece até o século XIX; no entanto, “ao final do século XVIII, predominavam na Europa como forma de explicação para o adoecimento humano os paradigmas socioambientais, vinculados à concepção dinâmica, tendo se esboçado as primeiras evidências da determinação social do processo saúde-doença. Com o advento da Bacteriologia, a concepção ontológica firmou-se Professoras Cá Cardoso e Natale Souza www.oqdosconcursos.com CNPJ: 20.988.504/0001-79 oqdosconcursos@gmail.com vitoriosa e suas conquistas levaram ao abandono dos critérios sociais na formulação e no enfrentamento dos problemas de saúde das populações” (OLIVEIRA; EGRY, 2000). Duas concepções têm marcado o percurso da Medicina (MYERS e BENSON, 1992): Concepção FisiológicaIniciada por Hipócrates, explica as origens das doenças a partir de um desequilíbrio entre as forças da natureza que estão dentro e fora da pessoa. Esta medicina, segundo Myers e Benson (1992), centra-se no paciente como um todo, e no seu ambiente, evitando ligar a doença a perturbações de órgãos corporais particulares. A concepção ontológica, por seu lado, defende que as doenças são “entidades” exteriores ao organismo, que o invadem para se localizarem em várias das suas partes (idem). Estas entidades não têm sempre o mesmo significado. Na medicina da Mesopotâmia e do Egito Antigo eram conotadas com processos mágico-religiosos ou com castigos resultantes de pecados cometidos pelos pacientes (DUBOS, 1980). Na medicina moderna, com vírus (ibidem). Concepção Ontológica Tem estado frequentemente ligada a uma forma de medicina que dirige os seus esforços na classificação dos processos de doença, na elaboração de um diagnóstico exato, procurando identificar os órgãos corporais que estão perturbados e que provocam os sintomas. É uma concepção redutora que explica os processos de doença na base de órgãos específicos perturbados (MYERS e BENSON, 1992). Assume que a doença é uma coisa em si própria, sem relação com a personalidade, a constituição física ou o modo de vida do paciente (DUBOS, 1980. in ALBUQUERQUE e OLIVEIRA). A teoria microbiana passa a ter, já nos fins do século XIX, uma predominância de tal ordem que, em boa medida, fez obscurecer algumas concepções que destacavam a multicausalidade das doenças Professoras Cá Cardoso e Natale Souza www.oqdosconcursos.com CNPJ: 20.988.504/0001-79 oqdosconcursos@gmail.com ou que apontavam para os fatores de ordem socioeconômica, descritos por Hidden (1990). Na atualidade, identifica-se o predomínio da multicausalidade, com ênfase nos condicionantes individuais. A base conceitual do movimento da medicina preventiva foi sistematizada no livro de Leavell & Clark, “Medicina Preventiva” (1976), cuja primeira edição surge em 1958: sobre a tríade ecológica que define o modelo de causalidade das doenças a partir das relações entre agente, hospedeiro e meio-ambiente. O conceito de história natural das doenças é definido como “todas as inter-relações do agente, do hospedeiro e do meio ambiente que afetam o processo global e seu desenvolvimento, desde as primeiras forças que criam o estímulo patológico no meio ambiente ou em qualquer outro lugar (pré-patogênese), passando pela resposta do homem ao estímulo, até as alterações que levam a um defeito, invalidez, recuperação ou morte (patogênese)”. HISTÓRIA NATURAL DA DOENÇA A história natural da doença tem desenvolvimento em dois períodos sequenciados: o período epidemiológico e o período patológico. No primeiro, o interesse é dirigido para as relações suscetível- ambiente, no segundo, interessam as modificações que se passam no organismo vivo. 1. PERÍODO DE PRÉ-PATOGÊNES (PERÍODOEPIDEMIOLÓGICO) O primeiro período da história natural (denominado por Leavell& Clark [1976] como período pré-patogênese) é a própria evolução das inter-relações dinâmicas, que envolvem, de um lado, os condicionantes sociais e ambientais e, do outro, os fatores próprios do suscetível, até que chegue a uma configuração favorável à instalação da doença. É também a descrição desta evolução. Envolve as inter-relações entre os agentes etiológicos da Professoras Cá Cardoso e Natale Souza www.oqdosconcursos.com CNPJ: 20.988.504/0001-79 oqdosconcursos@gmail.com doença, o suscetível e outros fatores ambientais que estimulam o desenvolvimento da enfermidade e as condições sócio - econômico- culturais que permitem a existência desses fatores. Fonte: Rouquayrol, 2013. No período de pré-patogênese, podem ocorrer situações que vão desde um mínimo de risco até o risco máximo, dependendo dos fatores presentes e da forma como estes fatores se estruturam. ATENÇÃO... EXEMPLO 1: Pessoas abastadas adoecerem de cólera é um evento de baixa probabilidade, isto é, para os que dispõem de meios, a estrutura formada pelos fatores predisponentes à cólera é de mínimo risco. EXEMPLO 2: Em termos de probabilidade de adquirir doença, no outro extremo, encontram-se, por exemplo, os usuários de drogas Professoras Cá Cardoso e Natale Souza www.oqdosconcursos.com CNPJ: 20.988.504/0001-79 oqdosconcursos@gmail.com injetáveis que participam coletivamente de uma mesma agulha, para estes, os fatores pré-patogênicos estruturados criam uma situação de alto risco, favorável á aquisição da AIDS. As pré-condições que condicionam a produção de doença, seja em indivíduos, seja em coletividades humanas, estão de tal forma interligadas e, na sua tessitura, são tão interdependentes, que seu conjunto forma uma estrutura reconhecida pela denominação de estrutura epidemiológica. Por estrutura epidemiológica, que tem funcionamento sistêmico, entende-se o conjunto formado pelos fatores vinculados ao suscetível e ao ambiente, incluindo aí o agente etiológico conjunto este dotado de uma organização interna que define as suas interações e também é responsável pela produção da doença. É, na realidade, um sistema epidemiológico. Cada vez que um dos componentes sofrer alguma alteração, está repercutirá, e atingirá os demais, num processo em que o sistema busca novo equilíbrio. Um novo equilíbrio trará consigo uma maior ou menor incidência de doenças, modificações na variação cíclica e no seu caráter, epidêmico ou endêmico.(Rouquayrol,2013). VAMOS LEMBRAR A TRÍADE DA CAUSALDADE DAS DOENÇAS? Professoras Cá Cardoso e Natale Souza www.oqdosconcursos.com CNPJ: 20.988.504/0001-79 oqdosconcursos@gmail.com Tríade – Modelo de Causalidade da doença (Leavell & Clark, 1976) Por Natale Souza Para que não ocorra DOENÇA, de acordo esse modelo, a tríade deve estar em equilibro. Caso haja alteração em qualquer um dos elementos que a compõe, os outros tendem a buscar rearranjos para um novo equilíbrio. Esse processo trará consigo uma maior ou menor incidência de doenças, modificações na variação cíclica e no seu caráter, epidêmico ou endêmico. HOSPEDEIRO MEIO AMBIENTE AGENTE Professoras Cá Cardoso e Natale Souza www.oqdosconcursos.com CNPJ: 20.988.504/0001-79 oqdosconcursos@gmail.com Segundo San Martin (1981), qualidade e dinâmica do ambiente socioeconômico, modos de produção e relações de produção, tipo de desenvolvimento econômico, velocidade de industrialização, desigualdades socioeconômicas, concentração de riquezas, participação comunitária, responsabilidade individual e coletiva são componentes essenciais e determinantes no processo saúde-doença. Pode-se entender esse sistema a partir do detalhamento dos fatores que o compõe: FATORES SOCIAIS O estudo em nível pré-patogênico da produção da doença em termos coletivos, objetivando o estabelecimento de ações de ordem preventiva, deve considerar a doença como fluindo, originalmente, de processos sociais, crescendo através de relações ambientais e ecológicas desfavoráveis, atingindo o homem pela ação direta de agentes físicos, químicos, biológicos e psicológicos, ao se defrontarem, no indivíduo suscetível, com pré-condições genéticas ou somáticas desfavoráveis. FATORES SÓCIO-ECONÔMICOS Existe uma associação inversa, que não é somente de ordem estatística, entre capacidade econômica e probabilidade de adquirir doença. Os grupos sociais economicamente privilegiados estão menos sujeitos à ação dos fatores ambientais que ensejam ou que estimulam a ocorrência de certos tipos de doenças cuja incidência é acintosamente elevada nos grupos economicamente desprivilegiados. FATORES SÓCIO-POLÍTICOS Identicamente ao que acontecer com os fatores econômicos, os fatores políticossão indissociáveis da totalidade que os condiciona. São os seguintes alguns dos fatores políticos que devem ser fortemente considerados ao se analisarem as condições de pré- patogênese ao nível do social: Professoras Cá Cardoso e Natale Souza www.oqdosconcursos.com CNPJ: 20.988.504/0001-79 oqdosconcursos@gmail.com - instrumentação jurídico-legal; - decisão política; - higidez política - participação consentida e valorização da cidadania; - participação comunitária efetivamente exercida; - transparência das ações e acesso à informação. FATORES SÓCIO-CULTURAIS No contexto do social, devem ser citados preconceitos e hábitos culturais, crendices, comportamentos e valores, valendo como fatores pré-patogênicos contribuintes para a difusão e manutenção de doenças. Como fatores na pré-patogênese estes comportamentos estariam mais adequadamente inseridos no sistema de valores internalizados de natureza cultural/social/econômico/política do que entre os comportamentos externos ou as condutas biossociais inconvenientes. Exemplos: - passividade diante do poder exercido com incompetência ou má fé; - alienação em relação aos direitos e deveres da cidadania; - transferência irrestrita, para profissionais da política, da responsabilidade pessoal pelo social; - participação passiva como beneficiários do paternalismo de estado ou oligárquicos; - incapacidade de se organizar para reivindicar. A Constituição de 1988 gerou possibilidades de participação da comunidade na gerência das ações e serviços públicos de saúde. Agora, há que se lutar por desenvolver, como padrões de comportamento, atitudes de comprometimento e participação. (Rouquayrol,2013). Professoras Cá Cardoso e Natale Souza www.oqdosconcursos.com CNPJ: 20.988.504/0001-79 oqdosconcursos@gmail.com FATORES PSICOSSOCIAIS Dentre os fatores psicossociais aos quais pode ser imputada a característica de pré-patogênese, encontram-se: marginalidade, ausência de relações parentais estáveis, desconexão em relação à cultura de origem, falta de apoio no contexto social em que se vive, condições de trabalho extenuantes ou estressantes, promiscuidade, transtornos econômicos, sociais ou pessoais, falta de cuidados maternos na infância, carência afetiva de ordem geral, competição desenfreada, agressividade vigente nos grandes centros urbanos e desemprego. Estes estímulos têm influência direta sobre o psiquismo humano, com conseqüências somáticas e mentais danosas. FATORES AMBIENTAIS Para efeito de análise estrutural epidemiológica, por ambiente deve ser entendido o conjunto de todos os fatores que mantém relações interativas com o agente etiológico e o suscetível, incluindo-os, sem se confundir com os mesmos. O termo tem maior abrangência do que lhe é dado no campo da ecologia. Além de incluir o ambiente físico, que abriga e torna possível a vida autotrófica e o ambiente biológico, que abrange todos os seres vivos, inclui também a sociedade evolvente sede das interações sociais, políticas, econômicas e culturais. O ambiente físico que envolve o homem moderno condiciona o aparecimento de doenças cuja incidência tornou-se crescente a partir da urbanização e da industrialização. As doenças cardiovasculares, as alterações mentais e o câncer pulmonar estão também associados a fatores do ambiente físico. FATORES GENÉTICOS Os fatores genéticos provavelmente determinam a maior ou menor suscetibilidade das pessoas quanto à aquisição de doenças, embora isto permaneça ainda na fronteira de pesquisa genética. O fato é que, em relação à incidência de doenças, percebe-se que, quando ocorre Professoras Cá Cardoso e Natale Souza www.oqdosconcursos.com CNPJ: 20.988.504/0001-79 oqdosconcursos@gmail.com uma exposição a um fator patogênico externo, alguns dos expostos são acometidos e outros permanecem isentos. Multifatorialidade Ao se considerar as condições para que a doença tenha início em um indivíduo suscetível, é necessário ter-se em conta que nenhuma delas será por si só, suficiente. A eclosão da doença é, na verdade, dependente da estruturação dos fatores contribuintes de tal forma que se possa pensar em uma configuração de mínima probabilidade ou mínimo risco em uma configuração de máxima probabilidade ou máximo risco, e, entre elas, estruturações de fatores cujo risco varia entre os dois extremos. Quanto mais estruturados estiverem os fatores, maior força terá o estímulo patológico. A estruturação de fatores condicionantes da doença, denominada multifatorialidade, não é um simples resultado da justaposição. A associação dos fatores é sinérgica, isto é, dois fatores estruturados aumentam o risco da doença mais do que faria a sua simples soma. O estado final provocador de doença é, portanto, resultado da sinergização de uma multiplicidade de fatores políticos, econômicos, sociais, culturais, psicológicos, genéticos, biológicos, físicos e químicos. Fonte: Rouquayrol, 2013 Determinantes Sociais da Saúde ou Por que alguns grupos da população são mais saudáveis que outros? Professoras Cá Cardoso e Natale Souza www.oqdosconcursos.com CNPJ: 20.988.504/0001-79 oqdosconcursos@gmail.com As diferenças ou desigualdades na situação de saúde entre indivíduos ou entre grupos da população não são novidade para ninguém. Se compararmos um grupo de idosos com um grupo de jovens, é de se esperar que a situação de saúde dos dois grupos seja diferente. O mesmo ocorre se compararmos um grupo de mulheres com um grupo de homens. Teremos desigualdades ocasionadas por doenças próprias de cada sexo. Todos conhecemos e aceitamos essas diferenças e as consideramos 'naturais'. O que não tem nada de natural são aquelas diferenças na situação de saúde relacionadas ao que chamamos Determinantes Sociais da Saúde (DSS), ou seja, desigualdades decorrentes das condições sociais em que as pessoas vivem e trabalham. Ao contrário das outras, essas desigualdades são injustas e inaceitáveis, e por isso as denominamos de iniqüidades. Exemplo de iniquidade é a probabilidade 5 vezes maior de uma criança morrer antes de alcançar o primeiro ano de vida pelo fato de ter nascido no nordeste e não no sudeste. O outro exemplo é a chance de uma criança morrer antes de chegar aos 5 anos de idade ser 3 vezes maior pelo fato de sua mãe ter 4 anos de estudo e não 8. As relações entre os determinantes e aquilo que determinam é mais complexa e mediada do que as relações de causa e efeito. Daí a denominação de 'determinantes sociais da saúde' e não 'causas sociais da saúde'. Por exemplo, o bacilo de Koch causa a tuberculose, mas são os determinantes sociais que explicam porque determinados grupos da população são mais susceptíveis do que outros para contrair a tuberculose. O que são Determinantes Sociais da Saúde (DSS)? Os Determinantes Sociais da Saúde incluem as condições mais gerais socioeconômicas, culturais e ambientais de uma sociedade, e relacionam-se com as condições de vida e trabalho de seus membros, como habitação, saneamento, ambiente de trabalho, serviços de saúde e educação, incluindo também a trama de redes sociais e comunitárias. Esses determinantes influenciam os estilos de vida, já que as decisões relativas, por exemplo, ao hábito de fumar, praticar exercícios, hábitos dietéticos e outras estão também condicionadas pelos DSS. Sabe-se hoje, também, que a percepção de pertencer a grupos sociais excluídos da maioria dos benefícios da sociedade gera sofrimento e sentimentos de inferioridade e discriminação, e isso contribui na determinação dos padrões de saúde dos indivíduos. Os pesquisadores Dahlgren e Whitehead propõem um esquema que permite visualizar as relações hierárquicas entres os diversos determinantes da saúde. Professoras Cá Cardoso e Natale Souza www.oqdosconcursos.comCNPJ: 20.988.504/0001-79 oqdosconcursos@gmail.com Se quisermos combater as iniquidades de saúde, devemos conhecer melhor as condições de vida e trabalho dos diversos grupos da população. Precisamos, ainda, conhecer as relações dessas condições de vida e trabalho, por um lado, com determinantes mais gerais da sociedade e, por outro, com determinantes mais específicos próprios dos indivíduos que compõem esses grupos. Devemos também definir, implementar e avaliar políticas e programas que pretendem interferir nessas determinações. Por fim, devemos fazer com que a sociedade se conscientize do grave problema que as iniquidades de saúde representam, não somente para os mais desfavorecidos, como também para a sociedade em seu conjunto, buscando com isso conseguir o apoio político necessário à implementação de intervenções. Texto na íntegra: http://www.determinantes.fiocruz.br/chamada_home.htm 2. PERÍODO DE PATOGÊNESE (Período patológico) Professoras Cá Cardoso e Natale Souza www.oqdosconcursos.com CNPJ: 20.988.504/0001-79 oqdosconcursos@gmail.com Fonte: Rouquayrol, 2013. A história natural da doença tem seguimento com a sua implantação e evolução no homem. É o período da patogênese. Este período se inicia com as primeiras ações que os agentes patogênicos exercem sobre o ser afetado. Seguem- se as perturbações bioquímicas em nível celular, continuam com as perturbações na forma e na função, evoluindo para defeitos permanentes, cronicidade, morte ou cura. Colimon (1978) divide o período de patogênese em três etapas: subclínica, prodrômica e clínica. Mausner&Bahn (1974) propõem o seguintes estágios: pré-sintomático, clínico e de incapacitação. Leavel& Clark (1976) vêem o período de patogênese como se desenvolvendo nos seguintes estágios: interação estímulo- hospedeiro, patogênese precoce, doença precoce discernível e doença avançada. Professoras Cá Cardoso e Natale Souza www.oqdosconcursos.com CNPJ: 20.988.504/0001-79 oqdosconcursos@gmail.com Interação Estímulo-Suscetível: Nesta etapa a doença ainda não tomou desenvoltura, porém todos os fatores necessários para a sua ocorrência estão presentes. Alguns fatores agem predispondo o organismo à ação subseqüente de outros agentes patógenos; ALTERAÇÕES BIOQUÍMICAS, HISTOLÓGICAS E FISIOLÓGICAS: Neste estágio, a doença já está implantada no organismo afetado. Embora não se percebam manifestações clínicas, já existem alterações histológicas em nível de percepção subclínica de caráter genérico. Estas alterações não são perceptíveis. Porém, ainda neste estágio, a doença já está presente e pode ser percebida através de exames clínicos ou laboratoriais orientados; Sinais e Sintomas: Acima do horizonte clínico os sinais iniciais da doença, ainda confusos, tornam-se nítidos, transformam-se em sintomas. É o estágio chamado de clínico, iniciado ao ser atingido uma massa crítica de alterações funcionais no organismo acometido. A evolução da doença encaminha-se então para um desenlace; a doença pode passar ao período de cura, evoluir para a cronicidade ou progredir para a invalidez ou para a morte; Cronicidade: A evolução clínica da doença pode progredir até o estado de cronicidade ou conduzir o doente a um dado nível da incapacidade física por tempo variável. Professoras Cá Cardoso e Natale Souza www.oqdosconcursos.com CNPJ: 20.988.504/0001-79 oqdosconcursos@gmail.com PREVENÇÃO DE DOENÇAS O conceito de prevenção é definido como “ação antecipada, baseada no conhecimento da história natural a fim de tornar improvável o progresso posterior da doença”. A prevenção apresenta-se em três fases. A prevenção primária é a realizada no período de pré-patogênese. O conceito de promoção da saúde aparece como um dos níveis da prevenção primária, definido como “medidas destinadas a desenvolver uma saúde ótima”. Um segundo nível da prevenção primária seria a proteção específica “contra agentes patológicos ou pelo estabelecimento de barreiras contra os agentes do meio ambiente”. A fase da prevenção secundária também se apresenta em dois níveis: o primeiro, diagnóstico e tratamento precoce e o segundo, limitação da invalidez. Por fim, a prevenção terciária que diz respeito a ações de reabilitação. NÍVEIS DE PREVENÇÃO Professoras Cá Cardoso e Natale Souza www.oqdosconcursos.com CNPJ: 20.988.504/0001-79 oqdosconcursos@gmail.com Por Natale Souza Ao afirmar que: “a saúde deve ser entendida em sentido mais amplo, como componente da qualidade de vida e, assim, não é um bem de troca, mas um bem comum, um bem e um direito social, no sentido de que cada um e todos possam ter assegurado o exercício e a prática deste direito à saúde, a partir da aplicação e utilização de toda a riqueza disponível, conhecimento e tecnologia que a sociedade desenvolveu e vem desenvolvendo neste campo, adequados as suas necessidades, envolvendo promoção e proteção da saúde, prevenção, diagnóstico, tratamento e reabilitação de doenças. Deve-se considerar este bem e este direito como componente e exercício da cidadania, compreensão esta que é um referencial e um valor básico a serem assimiladas pelo poder público para o balizamento e orientação de sua conduta, decisões, estratégias e ações. A prevenção é abrangente, inclui a ação dos profissionais em saúde, mas não é só. A estes cabe uma importante parcela da ação preventiva: a decisão técnica, a ação direta e parte da ação educativa. O sucesso da prevenção em termos genéricos, na sua vertente de promoção da saúde, com vistas a uma sociedade sadia, só parcialmente depende da ação dos especialistas. No coletivo, a ação preventiva deve começar ao nível das estruturas sócio- econômicas. PREVENÇÃO TERCIÁRIA Reabilitação PREVENÇÃO SECUNDÁRIA Diagnóstico e Tratamento Precoce Limitação da Invalidez PREVENÇÃO PRIMÁRIA Promoção da Saúde Proteção Específica Professoras Cá Cardoso e Natale Souza www.oqdosconcursos.com CNPJ: 20.988.504/0001-79 oqdosconcursos@gmail.com Antes que haja uma prevenção primária, há que haver uma prevenção de caráter estrutural. A prevenção deve anteceder a ação dos especialistas em saúde. Deve começar ao nível das estruturas políticas e econômicas. As ações dos especialistas só são eficientes a partir do momento em que as situações sócio-político- econômicas estejam equilibradas. Ao profissional de saúde é importante fazer prevenção a partir do nível de conscientização da comunidade envolvida. À comunidade como um todo cabe perguntar se suas instituições sociais e econômicas são favorecedoras de saúde ou de doença. Prevenir e prever antes que algo aconteça, ou mesmo cuidar para que não aconteça. Prevenção em saúde pública é a ação antecipada, tendo por objetivo interceptar ou anular a evolução de uma doença. (Rouquayrol,2013). A prevenção pode ser feita nos períodos de pré-patogênese e patogênese. O conhecimento da história natural da doença favorece o domínio das ações preventivas necessárias. Se um dos fundamentos de prevenção é cortar elos, o conhecimento destes é fundamental para que se atinjam os objetivos colimados. Devem ser conhecidos os múltiplos fatores relacionados com o agente, o suscetível e o meio ambiente, e com a evolução da doença no acometido. Professoras Cá Cardoso e Natale Souza www.oqdosconcursos.com CNPJ: 20.988.504/0001-79 oqdosconcursos@gmail.com Fonte: Rouquayrol, 2013 1. PREVENÇÃO PRIMÁRIA Promoção da Saúde É feita através de medidas de ordem geral. - Moradia adequada. - Escolas. - Áreas de lazer. - Alimentação adequada. Professoras Cá Cardoso e Natale Souza www.oqdosconcursos.com CNPJ: 20.988.504/0001-79 oqdosconcursos@gmail.com - Educaçãoem todos dos níveis Proteção Específica - Imunização. - Saúde ocupacional. - Higiene pessoal e do lar. - Proteção contra acidentes. - Aconselhamento genético. - Controle dos vetores. 2. PREVENÇÃO SECUNDÁRIA Diagnóstico Precoce - Inquérito para descoberta de casos na comunidade. - Exames periódicos, individuais, para detecção precoce de casos. - Isolamento para evitar a propagação de doenças. - Tratamento para evitar a progressão da doença. Limitação da Incapacidade - Evitar futuras complicações. - Evitar sequelas. 3. PREVENÇÃO TERCIÁRIA - Reabilitação (impedir a incapacidade total). - Fisioterapia. Professoras Cá Cardoso e Natale Souza www.oqdosconcursos.com CNPJ: 20.988.504/0001-79 oqdosconcursos@gmail.com - Terapia ocupacional. - Emprego para o reabilitado. Professoras Cá Cardoso e Natale Souza www.oqdosconcursos.com CNPJ: 20.988.504/0001-79 oqdosconcursos@gmail.com REFERÊNCIAS BILIOGRÁFICAS ALBUQUERQUE, C.M.S.; OLIVEIRA C.P.F. Saúde e doença: significações e perspectivas em mudança. Revista do ISP. 2002. Disponível em: [http://www.ipv.pt/millenium/ Millenium25/25_27.htm] Acesso em: 30 novembro 2010. ALMEIDA, E.S.; CASTRO, C.G. J.; VIEIRA, C.A.L. Distritos sanitários: concepção e organização. Para gestores municipais de serviços de saúde. 2ª. ed. São Paulo: Faculdade de Saúde Pública, 2002. BARROS, José Augusto C. Pensando o processo Saúde-Doença: a que responde o modelo biomédico? Saude soc. 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