Buscar

Cópia de Módulo 04 - Formação de Preços na Agricultura

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 31 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 31 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 31 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

MÓDULO 04 - FORMAÇÃO DE
PREÇOS NA AGRICULTURA
FUNDAMENTOS DE ECONOMIA RURAL
 1 
Módulo 04 – Formação de Preços na Agricultura 
 
1. Introdução 
O mecanismo de formação de preços pode ser demonstrado pelas curvas de oferta e 
demanda. A premissa básica inicial da teoria neoclássica não supõe intervenção governamental (por 
qualquer política de regulamentação de preços ou produtos), revelando a determinação do 
equilíbrio, o preço do bem e sua quantidade produzida proporcionados pelo ajustamento da oferta e 
demanda de alimentos. 
Considerando as características específicas dos mercados alimentares, os valores de tal 
preço e de tal quantidade dependerão destes fatores ligados à oferta e demanda. Nesse sentido, a 
utilização das curvas de oferta e demanda de alimentos poderemos compreender diversos 
fenômenos, como: 
 a causa da queda contínua do preço de algumas commodities básicas durante longos 
períodos; 
 a ocorrência de escassez alimentar em determinados mercados; 
 a elevação de preços de alimentos básicos no período de entressafra etc. 
 
Ao longo do tempo, dependerão ainda de suas reações a outras variáveis econômicas, tais 
como atividade econômica agregada e custos de mão-de-obra, que estarão sofrendo modificações. 
 
A partir de agora, analisaremos as curvas de oferta e demanda processo fundamental para 
entendermos a formação de preços na agricultura. 
 
2. Demanda e Oferta 
A microeconomia, ou teoria dos preços, analisa a formação de preços no mercado, ou seja, 
como a empresa e o consumidor interagem e decidem qual vai ser o preço e a quantidade de 
determinado bem ou serviço em mercados específicos. O princípio básico é que, por um lado, as 
famílias escolhem o que comprar visando maximizar a utilidade, e, por outro lado, as empresas 
decidem o que produzir visando maximizar os lucros. 
A combinação das quantidades de fatores de produção, bens e/ou serviços que os 
consumidores estariam dispostos a adquirir são geralmente infinitas e ilimitadas, enquanto as 
quantidades desses elementos que os empresários teriam condições de vender se traduzem sempre 
em uma oferta finita e limitada, em face da escassez dos recursos produtivos. A oferta finita e 
limitada impõe a determinação de um denominador comum, que nada mais será do que o preço. 
 2 
A determinação deste preço, que dependerá muito da estrutura econômica e mercadológica 
envolvida, é uma tarefa a que se propõe a microeconomia ao estudar a questão, tanto no âmbito dos 
fatores de produção como no caso dos bens e/ou serviços. 
Em suma, estudar microeconomia é compreender qualitativamente o modo pelo qual a 
quantidade e o preço de mercado são determinados e de como eles variam ao longo do tempo. 
Portanto, para entender microeconomia, é preciso compreender o estudo do comportamento das 
curvas da Oferta e da Demanda. 
As curvas de oferta e demanda nos informam a quantidade que deverá ser produzida pelas 
empresas e a quantidade que será demandada pelos consumidores em função dos preços. 
 
3. Hipótese coeteris paribus 
Para analisar um mercado específico, a microeconomia se vale da hipótese de que tudo o 
mais permanece constante (em latim, coeteris paribus). Assim, Coeteris paribus é uma hipótese 
segundo a qual todas as demais condições que possam influenciar no relacionamento entre duas 
variáveis, funcionalmente dependentes, sejam mantidas constantes (tudo o mais constante). 
 
4. Demanda 
A demanda ou procura pode ser definida como a quantidade de determinado bem ou 
serviço que os consumidores desejam adquirir, num dado período de tempo. 
Na teoria da demanda, o comportamento do consumidor pode ser analisado de acordo com 
as: 
a) preferências do consumidor: as pessoas podem preferir uma mercadoria à outra; 
b) restrições orçamentárias: os consumidores têm renda limitada, o que restringe as quantidades de 
mercadorias que podem adquirir. 
De uma maneira geral, os consumidores analisam em conjunto as preferências e as restrições 
orçamentárias visando maximizar sua satisfação. Como exemplo, poderíamos imaginar uma pessoa 
em um restaurante. Diversos são os fatores que vão influenciar na sua escolha. O cliente, recebendo 
o cardápio, olha as opções de prato e os preços. A escolha do prato, na maioria das vezes, vai levar 
em consideração o gosto do cliente e o preço dos outros pratos. 
A reação típica dos consumidores aos preços pode ser explicada por três razões. A primeira 
é que os preços constituem uma espécie de obstáculo para os consumidores: quanto mais alto o 
preço, menor será o número de consumidores dispostos e aptos a adquirir o bem e ou serviço. Por 
outro lado, os preços mais baixos representam um obstáculo menor, aumentando, 
conseqüentemente, as quantidades procuradas pelos consumidores. 
 3 
A segunda razão é o efeito substituição: quando o preço de um determinado produto 
aumenta, permanecendo invariáveis os preços de seus sucedâneos, os consumidores tendem a 
substituí-lo, reduzindo as quantidades procuradas. 
Por fim, a terceira razão tem a ver com o conceito de utilidade marginal – que é a 
satisfação adicional (na margem) obtida pelo consumo de mais uma unidade do bem. A utilidade 
marginal é decrescente, porque o consumidor vai perdendo a capacidade de percepção da utilidade 
proporcionada por mais uma unidade do bem, chegando à saturação. 
O chamado paradoxo da água e do diamante ilustra a importância do conceito de utilidade 
marginal. Por que a água, mais necessária, é tão barata, e o diamante, supérfluo, tem preço tão 
elevado? Ocorre que a água tem baixa utilidade marginal (é abundante), enquanto o diamante, por 
ser escasso, tem grande utilidade marginal. 
A demanda de um bem ou serviço pode ser afetada por muitos fatores, como por exemplo: 
 Preço do bem  Fatores climáticos e sazonais 
 Renda  Propaganda 
 Preço dos outros bens  Facilidades de crédito 
 Riqueza (patrimônio)  Expectativas sobre o futuro 
 Hábitos, gostos, preferências dos consumidores 
 
4.1. Relação entre a quantidade demandada e preço do (próprio) bem: lei geral da 
demanda 
Há uma relação inversamente proporcional entre a quantidade procurada e o preço do bem, 
coeteris paribus. É a chamada lei geral da demanda. 
Princípio da demanda: em geral, quanto menor o preço de um bem ou serviço, maior sua 
procura. 
Essa relação quantidade demandada/ preço do bem pode ser representada por uma escala de 
procura (Tabela 1). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 4 
Tabela 1. Escala de Procura 
Preços Unitários 
($) 
Quantidades Demandadas 
(unidades-ano) 
2,00 18.000 
2,50 16.000 
3,00 14.000 
3,50 12.000 
4,00 10.000 
4,50 8.000 
5,00 6.000 
5,50 4.000 
6,00 2.000 
 
Outra forma de apresentar essas diversas alternativas é pela curva de procura (Figura 1). 
Para tanto, traçamos um gráfico com dois eixos, colocando no eixo vertical os vários preços (P), e 
no horizontal as quantidades demandadas ou transacionadas. Assim: 
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
4
4,5
5
5,5
6
6,5
2000 4000 6000 8000 10000 12000 14000 16000 18000
Quantidades Demandadas (unidades-ano)
P
re
ç
o
 U
n
it
á
ri
o
 (
$
)
 
Figura 1 – Curva típica da demanda 
 
A curva da demanda inclina-se de cima para baixo, no sentido da esquerda para a direita, 
refletindo o fato de que a quantidade procurada de determinado produto varia inversamente com 
relação a seu preço, coeteris paribus. 
Matematicamente, a relação entre a quantidade demandada e o preço de um bem ou serviço 
pode ser expressa pela chamada função de demanda ou equação de demanda. Dx = f(Px), ou seja, a 
quantidade demandada é função do preço, e todas as demais condicionantes permanecem 
constantes. 
 5 
Efetivamente, a procura de uma mercadoria não é influenciada apenas por seu preço. Existe 
uma série de outras variáveis que também afetam a procura. Para a maioria dos produtos, a procura 
será também afetada pela renda dos consumidores, pelo preço dosbens substitutos (ou 
concorrentes), pelo preço dos bens complementares e pelas preferências ou hábitos dos 
consumidores. 
 
 Bem de Giffen: é o bem cuja demanda diminui quando seu preço cai. Geralmente é um bem 
inferior com grande peso nos gastos dos consumidores. Ex: passagem de ônibus. 
Essa classe de bens recebe esse nome em homenagem a Sir Robert Giffen, que foi citado no 
século XIX por Alfred Marshall como o criador da idéia. Giffen imaginou uma família muito pobre, 
que sua renda fosse de 100 unidades monetárias e era suficiente apenas para consumir arroz durante 
o mês. Uma queda no preço do arroz faz com que esta família não consuma mais arroz, pois eles já 
estavam saturados deste produto e darão preferência a outro produto. Sendo assim, a demanda é 
diretamente proporcional ao preço, e não inversamente, como na maioria dos casos. 
 
 
4.2. Relação entre a quantidade demandada e a renda do consumidor 
A demanda é em função da renda, tudo o mais permanecendo constante. Matematicamente: 
Dx = f (R). 
Se aumentar a renda de um consumidor, este normalmente desejará gastar mais e demandará 
maior quantidade de bens. Entretanto, esse aumento da demanda não acontece para todos os bens. 
Precisamente, esse fato nos permite estabelecer a distinção entre os bens normais e bens inferiores: 
 
 Bem normal: é aquele cuja quantidade demandada aumenta quando aumenta a renda; 
 Bem inferior: é aquele cuja quantidade demandada diminui quando aumenta a renda. Os bens 
inferiores, geralmente, são bens para os quais há alternativas de maior qualidade. Ex. carne de 
segunda, roupas de baixa qualidade, transporte coletivo, etc. 
 
Dentre os bens normais, cabe distinguir os bens de luxo e os bens de primeira necessidade. 
 Bem de primeira necessidade: é aquele quando, ao aumentar a renda, a quantidade 
demanda do bem aumenta em menor proporção. Ex. açúcar, arroz, pão. Nesses exemplos, o 
consumo está saciado, por isso não ocorre um aumento do consumo; 
 Bem de luxo: é aquele quando, ao aumentar a renda, a quantidade demanda do bem 
aumenta em maior proporção. Ex. celulares, televisão, computadores, etc. 
 
 6 
4.3. Relação entre a quantidade demandada de um bem e preços de outros bens 
A quantidade demandada de um bem depende das variações dos preços dos bens 
relacionados a ele. Essa relação entre a quantidade demandada de um bem ou serviço com os preços 
de outros bens dá origem a dois conceitos importantes: bens substitutos e bens complementares. 
Matematicamente, Dx = f (Ps, Pc), tudo o mais permanecendo constante. Ps é o preço dos 
bens substitutos e Pc o preço dos bens complementares. Para esta função, não há uma relação geral: 
o aumento do preço do bem X poderá aumentar ou reduzir a demanda do bem Y. A reação depende 
do tipo de relação existente entre os dois bens. 
 
 Bens substitutos ou concorrentes (ou ainda sucedâneos): trata-se de dois bens que, se ocorrer um 
aumento (ou redução) no preço de um deles, vai ocasionar um aumento (ou redução) na 
quantidade demandada do outro, mantendo constante o nível de satisfação. O consumo de um 
pode substituir o consumo do outro, pois ambos atenderão a mesma necessidade do indivíduo. 
Esses bens são rivais no consumo, isto é, possuem características ou finalidades semelhantes. 
Ex. transporte rodoviário e avião, manteiga e margarina, refrigerante e suco de frutas, carne de 
frango e carne bovina, adubos químicos e adubos orgânicos, etc. 
 Bens complementares: são bens que, quando houver aumento (ou redução) do preço de um 
deles (bem X), vai ocasionar uma queda (ou aumento) na quantidade demandada do bem Y. 
São aqueles que, em geral, são consumidos conjuntamente, quando a satisfação ou a utilidade 
do uso ou consumo de um bem pode ser ampliada pelo uso ou consumo de outro bem. Ex: preço 
dos aparelhos de DVD e quantidade de DVD; sapatos e cadarços; quantidade de automóvel e 
preço da gasolina. 
 
4.4. Relação entre a quantidade demandada e os hábitos do consumidor 
A demanda é em função do gosto do consumidor, tudo o mais permanecendo constante. 
Matematicamente, Dx = f (G). 
Os hábitos ou gostos também experimentam alterações que podem ocasionar deslocamentos 
na curva de demanda. As preferências dos consumidores podem ser alteradas simplesmente porque 
os gostos se modificaram com o decorrer do tempo ou devido a campanhas publicitárias. Podemos 
ter, por exemplo, campanhas que estimulam o consumo (beba mais leite) ou reduzam o consumo 
(fumo é prejudicial à saúde). 
Além das variáveis anteriores, que se aplicam ao estudo da procura pela maior parte dos 
bens, alguns produtos são afetados por fatores mais específicos, como efeitos sazonais e a 
localização do consumidor, ou fatores mais gerais, como as condições de crédito, as perspectivas da 
economia, o congelamentos ou tabelamento de preços e os salários. 
 7 
5. Oferta 
Define-se oferta como a quantidade de um bem ou serviço que os produtores desejam 
vender por unidade de tempo. A oferta representa os planos dos produtores ou vendedores, em 
função dos preços de mercado. Considera-se que os produtores são racionais, no sentido de que 
estão produzindo com o lucro máximo, dentro das restrições de custos de produção. 
Como no caso da demanda, a oferta é dada por uma série de possibilidades alternativas, 
correlacionando as duas variáveis consideradas, preços e quantidades. O comportamento típico dos 
produtores é o de aumentarem as quantidades ofertadas, caso os preços aumentem, reduzindo-as em 
caso de reduções de preços incompatíveis com os custos de produção. Para quem realiza a oferta, 
preços mais altos não são obstáculos: ao contrário, são estímulos. 
Princípio da oferta: em geral, quanto maior o preço de um bem ou serviço, maior sua oferta. 
Podemos representar a relação quantidade ofertada/ preço do bem por uma escala de oferta 
(Tabela 2) ou também pela curva de oferta (Figura 2). 
 
Tabela 2. Escala de oferta 
Preços Unitários ($) 
Quantidades Ofertadas 
(unidades-ano) 
2,0 6.000 
2,5 7.000 
3,0 8.000 
3,5 9.000 
4,0 10.000 
4,5 11.000 
5,0 12.000 
5,5 13.000 
6,0 14.000 
 
 8 
0
1
2
3
4
5
6
7
6.000 7.000 8.000 9.000 10.000 11.000 12.000 13.000 14.000
 Quantidades ofertadas
(mil unidades ano)
P
re
ç
o
 (
$
)
 
Figura 2. Curva típica de oferta 
 
Conforme podemos perceber na Figura 2, a conformação gráfica da curva de oferta é oposta 
à da procura. Colocando-se as quantidades ofertadas no eixo horizontal e os preços no eixo vertical, 
a curva resultante será ascendente, da esquerda para a direita. Assim, para preços mais altos, 
maiores serão as quantidades ofertadas. 
Matematicamente, a função ou equação da oferta é dada pela expressão: QO = f (P). Em que: 
QO = quantidade ofertada de um bem ou serviço, num dado período e P = preço do bem ou serviço. 
A relação direta entre a quantidade ofertada de um bem e o preço desse bem se deve ao fato 
de que um aumento no preço de mercado estimula as empresas a elevar a produção. Dessa forma, 
novas empresas poderão ser atraídas, aumentando a quantidade ofertada do produto. 
 
Além do preço do bem, a oferta de um bem ou serviço é afetada por muitos fatores, como: 
 Preço dos fatores de produção  Objetivos da empresa 
 Preços dos outros bens  Concorrência 
 Alterações tecnológicas 
 
5.1. Relação entre a quantidade ofertada e o custo de produção 
A oferta de um bem depende dos preços dos fatores de produção. De fato, o preço de 
fatores, como insumos, salário e da tecnologia empregada, determina o custo de produção. Nesse 
sentido, havendo um aumento do preço do fator de produção, isso aumentaria o custo e 
desestimularia a produção, ou seja, vai ocorrer uma retração da oferta. 
Dessa forma, os bens que, para serem produzidos, empregam grandes quantidades deste 
fator sofrerão aumentos significativos, enquanto aqueles que empregam pouco sofrerão menos. Ex: 
 9 
o preço da terra para o agricultortem significativa importância para o produtor, enquanto que outros 
setores que utilizam menos esse fator sofrerão um impacto menor. 
 
5.2. Relação entre a quantidade ofertada e alterações tecnológicas 
A relação entre a oferta e o nível de conhecimento tecnológico é diretamente proporcional. 
Em outras palavras, melhorias tecnológicas promovem melhorias de produtividade no uso dos 
fatores de produção, e, portanto, podem propiciar uma redução de custos e um aumento da oferta. 
 
6 – Equilibrio de mercado 
O preço em uma economia de mercado é determinado tanto pela oferta quanto pela procura. 
A situação de equilíbrio ocorrerá quando os interesses dos produtores coincidirem com os dos 
consumidores. Tais interesses serão revelados por uma escala de preços sobre a qual os produtores e 
os consumidores farão suas avaliações de compras e vendas. Dessa forma, a ação simultânea da 
oferta de bens e serviços e da demanda por esses bens e serviços irá determinar um preço e uma 
quantidade de equilíbrio numa economia de mercado. 
O equilíbrio de mercado é atingido quando, a determinado preço, todos os consumidores 
dispostos a comprar, bem como todos os produtores dispostos a vender, atingem seu objetivo. 
A Tabela 3 representa a oferta e a demanda de um bem X. 
 
Tabela 3. Oferta de demanda de um bem X 
Preços 
Unitários 
($) 
Quantidades (unidades-ano) 
Relações 
Estabelecidas 
Demandadas Ofertadas 
2,00 18.000 6.000 QD > QO 
2,50 16.000 7.000 QD > QO 
3,00 14.000 8.000 QD > QO 
3,50 12.000 9.000 QD > QO 
4,00 11.000 9.500 QD > QO 
4,50 10.000 10.000 Equilíbrio 
5,00 6.000 12.000 QD < QO 
5,50 4.000 13.000 QD < QO 
6,00 2.000 14.000 QD < QO 
 
A posição de equilíbrio é dada pela intersecção das curvas de demanda e oferta (Figura 3). 
No ponto de intersecção, define-se o ponto de equilíbrio. 
 10 
 
Figura 3. Equilíbrio de mercado 
 
Se a quantidade ofertada se encontrar abaixo daquela de equilíbrio E, teremos uma situação 
de escassez do produto (QO < QD). Haverá uma competição entre os consumidores, pois as 
quantidades procuradas serão maiores que as ofertadas. Assim, formaram-se filas, o que forçará a 
elevação dos preços, até atingir-se o equilíbrio, quando as filas cessarão. 
Analogamente, se a quantidade ofertada se encontrar acima do ponto de equilíbrio E, haverá 
um excesso ou excedente de produção (QO > QD), um acúmulo de estoques não programado do 
produto, o que provocará uma competição entre os produtores, conduzindo a uma redução de 
preços, até que se atinja o ponto de equilíbrio. 
A situação de equilíbrio é o único preço que harmoniza os interesses conflitantes dos 
produtores e dos consumidores. Ele sincroniza, igualando-as, as capacidades e as disposições de 
procura e de oferta, livremente manifestadas no mercado. 
 
7. Deslocamento das curvas de demanda e oferta 
Os deslocamentos das curvas de procura e da oferta, a não ser que sejam simultâneos no 
tempo e rigorosamente proporcionais, modificam os preços em equilíbrio, jogando-os para mais ou 
para menos. Em resposta a deslocamentos para mais ou para menos das curvas de procura e de 
oferta, ocorrem quatro hipóteses de movimento dos preços. 
 
 A procura se expande e a oferta permanece inalterada: como exemplo, poderíamos citar os 
movimentos dos preços durante a semana santa e de flores no dia de finados. Nos meses que 
 11 
antecedem estas datas, os frigoríficos de peixes armazenam estoques maiores e os floricultores 
aumentam o plantio. Ainda assim, percebem-se variações nos preços, em relação aos períodos 
de procura “normal”. 
 
 
 A procura se retrai e a oferta permanece inalterada: nos estádios de futebol, bandeiras, 
bonés e camisetas com as cores e o logotipo do time perdedor são vendidos por preços mais 
baixos após os jogos. A demanda, por esses produtos, se retrai tanto e joga os preços tão para 
baixo que os vendedores guardam os estoques para o próximo jogo. 
 
 
 Movimentos de preços resultantes de aumento da oferta: o exemplo clássico é o da oferta 
de produtos agrícolas perecíveis em épocas de safra, como morangos, goiaba, mangas, entre 
outros. O aumento da oferta desses produtos na época da safra não é acompanhado na mesma 
magnitude pela demanda. O excesso de oferta, aliado ao fato de serem produtos perecíveis, faz 
com que os produtos sejam vendidos a preços menores. 
D0 D1 O 
E 
E’ 
$ 
QT 
Redução da procura, mantendo-se inalterada a 
oferta: cairão as quantidades transacionadas e 
os preços também. 
P($)= 
QT = 
D0 D1 O 
E 
E’ 
$ 
QT 
Expansão da procura, mantendo-se inalterada 
a oferta: aumentarão, ao mesmo tempo, as 
quantidades transacionadas e os preços. 
P($)= 
QT = 
 12 
 
 A procura permanece inalterada e a oferta se retrai: após o período de secas, que 
inevitavelmente afeta as pastagens, a oferta de boi gordo diminui, elevando as cotações do 
produto. As cotações só não chegam a pontos mais altos em função do confinamento de 
animais e da estocagem antecipada de carnes nos frigoríficos. Apesar desses procedimentos, os 
movimentos de alta ocorrem praticamente todos os anos. 
 
 
 
8. Conceito de elasticidade 
Cada produto tem uma sensibilidade específica com relação as variáveis dos preços e da 
renda. Essa sensibilidade ou reação pode ser medida por meio do conceito de elasticidade. 
Genericamente, a elasticidade reflete o grau de reação ou sensibilidade de uma variável quando 
ocorrem alterações em outra variável, coeteris paribus. 
A elasticidade é um conceito econômico que pode ser objeto de cálculo a partir de dados do 
mundo real, permitindo-se, desse modo, o confronto das proposições da teoria econômica com os 
dados da realidade. 
 
8.1. Elasticiade-preço da demanda 
Para determinados produtos, uma pequena alteração no preço pode provocar alterações 
bastante acentuadas nas quantidades procuradas. Para outros, pode ocorrer exatamente o inverso, ou 
seja, alterações muito acentuadas nos preços não são capazes de provocar grandes modificações nas 
O0 D O1 
E 
E’ 
$ 
QT 
Redução da oferta, mantendo-se inalterada a 
procura: menores quantidades serão 
transacionadas a preços mais altos. 
P($)= 
QT = 
O0 D O1 
E 
E’ 
$ 
QT 
Expansão da oferta, mantendo-se inalterada a 
procura: maiores quantidades serão 
transacionadas a preços mais baixos. 
P($)= 
QT = 
 13 
quantidades procuradas. E há casos em que as variações preços-quantidades são rigorosamente 
proporcionais. 
Para calcular a elasticidade da demanda (Ep), pode-se utilizar a seguinte expressão: 
Variação percentual ∆Q x 100 
Elasticidade da = da quantidade demandada Q________ 
 demanda Variação percentual ∆P x 100 
do preço P 
 
A seguir, aplicaremos essa fórmula para calcular a elasticidade da demanda de três empresas 
que vendem chicletes. 
 
Caso 01 – Elasticidade da demanda na Empresa RSP 
Preço unitário dos 
chicletes ($) 
(P) 
Quantidade 
demanda 
(milhares de 
unidades) 
(Q) 
Variação percentual 
da quantidade 
demandada 
(∆Q/Q x100) 
Variação percentual 
do preço 
(∆P/P x100) 
Elasticidade da 
demanda 
(Ep) 
5 100 80/100 x 100 
= 80 
2/5 x 100 
= 40 
80/40 = 2 
3 180 
 
Caso 02 – Elasticidade da demanda na Empresa PNT 
Preço unitário dos 
chicletes ($) 
(P) 
Quantidade 
demanda 
(milhares de 
unidades) 
(Q) 
Variação percentual 
da quantidade 
demandada 
(∆Q/Q x100) 
Variação percentual 
do preço 
(∆P/P x100) 
Elasticidade da 
demanda 
(Ep) 
5 100 10/100 x 100 
= 10 
1/5 x 100 
= 20 
10/20 = 0,5 
4 110 
 
Caso 03 – Elasticidade da demanda na Empresa ZBP 
Preço unitário dos 
chicletes ($) 
(P) 
Quantidade 
demanda 
(milhares de 
unidades) 
(Q) 
Variação percentual 
da quantidade 
demandada 
(∆Q/Q x100) 
Variação percentual 
do preço 
(∆P/P x100) 
Elasticidade da 
demanda(Ep) 
3 15 5/15 x 100 
= 33,3 
1/3 x 100 
= 33,3 
33,3/ 33,3 = 1 
2 20 
 14 
8.1.1. Tipologia das elasticidades da demanda 
 
Demanda Elástica: a variação da quantidade demandada supera a variação do preço. [Ep] > 1. 
Os consumidores desse produto têm grande reação ou resposta, nas quantidades, a eventuais 
variações de preços. Em caso de aumento de preços, ocorre uma diminuição do consumo. Por outro 
lado, quando há diminuição do preço de mercado, o consumo aumenta. 
Exemplo do Caso 1: [Ep] = 2 
Nesse caso, uma queda de 40% nos preços, a quantidade demandada aumenta em 80%. 
 
Demanda Inelástica: a expansão relativa das quantidades procuradas é menos do que proporcional 
á redução relativa dos preços. [Ep] < 1. 
Exemplo do Caso 2: [Ep] = 0,5 
Nesse exemplo, a redução de 20% nos preços, provoca um aumento de apenas 10% nas quantidades 
procuradas. Os consumidores desse produto reagem pouco às variações dos preços, isto é, possuem 
baixa sensibilidade ao que acontece com os preços de mercado. 
 
Demanda de Elasticidade unitária: a expansão relativa das quantidades procuradas é 
rigorosamente proporcional à redução relativa dos preços. [Ep] = 1. 
Exemplo do Caso 3: [Ep] = 1,0 
A redução de 33% nos preços, nesse exemplo, provoca um aumento de exatamente 33% nas 
quantidades procuradas. 
 
Casos extremos: 
Demanda perfeitamente inelástica: 
sua elasticidade é zero, quando, ao variar o 
preço, a demanda não mostrar nenhuma resposta 
na quantidade demandada. 
 
 
Demanda perfeitamente elástica ou infinita: 
ocorre quando os compradores não estão 
dispostos a pagar mais que um determinado 
preço, qualquer que seja o bem. 
 
 
$ 
QT 
Demanda 
perfeitamente 
elásitica 
$ 
QT 
Demanda 
perfeitamente 
inelásitica 
 15 
 
Quadro 1. Significado e valor do coeficiente dos diferentes conceitos de elasticidade preço da 
demanda 
Conceitos Significado Valor do Coeficiente 
Demanda Elástica As quantidades procuradas são relativamente sensíveis a 
alteração nos preços 
[Ep] > 1 
Demanda de Elasticidade 
Unitária 
As variações nas quantidades procuradas são rigorosamente 
proporcionais às variações nos preços 
[Ep] = 1 
Demanda Inelástica As quantidades procuradas são relativamente insensíveis a 
alteração nos preços 
[Ep] < 1 
 
8.1.2. Fatores que influenciam o grau de elasticidade-preço da demanda 
Afinal, o que faz com que alguns bens tenham demanda elástica ou inelástica, isto é, que 
fatores explicam os valores obtidos para a elasticidade-preço da demanda? 
Os principais fatores que influenciam a elasticidade-preço da procura são: 
 Essencialidade do bem;  Periodicidade de aquisição; 
 Disponibilidade de bens substitutos;  Importância no orçamento. 
 
 Essencialidade do bem: refere-se ao grau de necessidade do produto, em contraposição a sua 
caracterização como supérfluo. Os produtos de maior essenciabilidade tendem a ter 
coeficientes de elaticidade-preço baixos, isto é, inferiores a um, portanto, demanda inelástica. 
Em casos de alta essenciabilidade, apresentam coeficiente bastante próximo de zero. Como 
exemplo, poderíamos citar o gás de cozinha e a gasolina. Ainda que os preços aumentem, os 
consumidores não podem prescindir deles. 
 
 Disponibilidade de bens substitutos: quanto maior o número de produtos que se substituem 
mutuamente, maiores os coeficientes de elasticidade-preço. Por outro lado, não havendo 
substitutos, a curva de procura tende a ser mais inelástica. Os casos clássicos são o sal de 
cozinha e a manteiga. O sal é de baixa elasticidade não só por sua essenciabilidade, como 
também porque não tem substituto. Já a manteiga apresenta um alto coeficiente de elasticidade, 
pois tem vários substitutos, mais ou menos perfeitos, como a margarina e a geléia. 
 
 16 
 Periodicidade de aquisição: o intervalo de tempo entre uma e outra aquisição do produto 
também é apontado como fator determinante da elasticidade-preço da procura. Grandes 
intervalos de tempo podem “apagar” da memória os preços de referência. Os exemplos 
clássicos são as especiarias de uso doméstico, como o cravo da índia, a canela em casca e a 
noz-moscada. Variações nos preços desses produtos tendem a não serem percebidas pelos 
consumidores, reproduzindo-se em baixa variação das quantidades procuradas. Para outros 
produtos, como automóveis novos e computadores, a periodicidade é de tal amplitude que os 
produtos se modificam entre uma aquisição e outra, reduzindo a sensibilidade a preços. 
 
 Importância no orçamento: a importância dos gastos com o produto em relação ao 
orçamento total do consumidor tende a influenciar a elasticidade-preço da procura, nas 
seguintes direções: a) produto com baixa importância no orçamento, apresenta baixa 
elasticidade, tornando a procura inelástica, ou seja, com coeficientes inferiores a um; b) 
produto com alta importância no orçamento, alta elasticidade-preço, tornando a procura 
elástica, com coeficientes superiores a um. Por exemplo, a elasticidade-preço da demanda de 
carne tende a ser mais elevada que a de fósforos, já que o consumidor gasta uma parcela maior 
de seu orçamento com carne do que com fósforos. Já o sal de cozinha aparece de novo como 
produto de baixa elasticidade-preço devido à baixa importância no orçamento. 
 
8.1.3. Relação entre a receita total do produtor e o grau de elastiticidade 
A receita total do produtor, que equivale ao gasto total dos consumidores, para uma dada 
mercadoria é igual à quantidade vendida vezes seu preço unitário de venda. 
RT = P x Q 
Em que: 
RT = receita total; P = preço Q= quantidade vendida. 
 
Dada uma variação no preço do produto, o que acontecerá com a receita total do produtor? 
Tal resposta dependerá da reação dos consumidores, isto é, do grau de elasticidade-preço da 
demanda. Dessa forma, podem ocorrer três possibilidades: 
 demanda elástica: a redução no preço do bem tenderá a aumentar a receita total, pois o 
aumento percentual na quantidade vendida será maior do que a redução percentual do preço, 
pois trata-se de um mercado em que os consumidores têm demanda bastante sensível aos 
preços. Da mesma forma, um aumento de preço provocará redução da receita total; 
 demanda inelástica: o raciocínio é inverso – aumento de preço provoca aumento da receita 
total, e redução de preço provoca diminuição da receita total; 
 17 
 demanda elástica unitária: aumento ou redução no preço não afetam a receita total, já que o 
percentual de variação no preço corresponde a igual percentual da variação na quantidade (em 
sentido contrário). 
 
O Quadro 2, a seguir, apresenta uma síntese das variações esperadas na receita total em 
decorrência das diferentes elasticidades-preço da demanda. 
 
Quadro 2. Variações esperadas na receita total em face das diferentes elasticidades-preço da 
demanda. 
 
Elasticidade-Preço Quando o preço de mercado sobe Quando o preço de mercado cai 
Elástica RT cai RT sobe 
Inelástica RT sobe RT cai 
Unitária RT inalterada RT inalterada 
 
Isso explica, por exemplo, o que ocorre com mercados agrícolas. Via de regra, a demanda 
por alimentos é inelástica, dada a sua essencialidade. Ou seja, a variação da quantidade demandada 
é menor do que a variação de preço. Assim, se a produção for reduzida, ela será compensada por 
uma variação de preços proporcionalmente mais elevada, o que representará um aumento de seu 
faturamento. Isso explica por que, muitas vezes, o produtor agrícola prefere até destruir parte de sua 
produção para manter os preços. 
Evidentemente, essa possibilidade tem um limite, pois se poderia imaginar que, sempre que 
a demanda é inelástica, é vantajoso aumentar os preços dos produtos de forma indefinida. 
Entretanto, vimos que um dos fatores que determinam o valor da elasticidade-preço é o peso do 
bem no orçamento do consumidor. Então, quando se eleva o preço de mercado, o gasto com o bem 
aumenta, e o consumidor passaa ser cada vez mais sensível às variações de preços desse produto, 
tornando a demanda cada vez mais elástica. 
A Tabela 4 apresenta estimativa da elasticidade-preço da procura (Ep) para alguns produtos 
no Brasil e nos Estados Unidos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 18 
Tabela 4 – Estimativa da Ep para alguns produtos no Brasil e nos Estados Unidos 
Produto Brasil EUA 
Açúcar 0,13 0,24 
Arroz 0,10 - 
Banana 0,41 - 
Café em pó 0,08 0,21 
Carne Bovina 0,94 0,50 
Carne Suína 2,21 0,46 
Farinha de trigo 0,70 0,15 
Feijão 0,16 - 
Leite 0,14 0,31 
Ovos 1,20 0,30 
Refeição restaurante 2,27 - 
Tomate 3,04 - 
Fonte: Nogueira e Brandt (apud Mendes, 1989) e Marques e Aguiar (1993) 
 
 
8.2. Elasticidade-renda da demanda 
O coeficiente de elasticidade-renda da demanda (ER) mede a variação percentual da 
quantidade da mercadoria comprada resultante de uma variação percentual na renda do consumidor, 
coeteris paribus. 
ER = variação percentual na quantidade demandada 
variação percentual na renda do consumidor 
 
 Se a elasticidade-renda da demanda (ER) é negativa, o bem é inferior, ou seja, aumentos de 
renda levam a quedas no consumo desse bem, coeteris paribus. 
 Se a elasticidade-renda da demanda (ER) é positiva, mas menor do que 1, o bem é normal, 
isto é, aumentos de renda levam a aumentos no consumo. 
 Se a elasticidade-renda da demanda (ER) é positiva e maior que 1, o bem é superior ou de 
luxo, ou seja, aumentos na renda dos consumidores levam a um aumento mais que proporcional 
no consumo do bem. Por exemplo: ER = 1,5 – um aumento na renda do consumidor de, 
digamos, 10% levará a um aumento do consumo desse bem de 15%, coeteris paribus. 
 
A Tabela 5, a seguir, apresenta o resultado de estimativas de elasticidade-renda para alguns 
produtos selecionados no Brasil e nos Estados Unidos. É claro que, devido a diferenças estruturais 
entre os dois países, há um comportamento diferente entre eles, da mesma forma que haveria uma 
significativa diferença entre uma pesquisa realizada em duas regiões do país, em função das 
diferenças sociais, econômicas e culturais. 
 19 
Ao observar a Tabela 5, verifica-se que farinha de mandioca e farinha de milho apresentam 
coeficientes negativos, indicando que são bens inferiores. Esse dado indica que são produtos 
consumidos em função de uma restrição de recursos, relativamente ao consumo de produtos 
similares supostamente de maior qualidade. Para os americanos, em média, o peixe, a margarina e o 
feijão são considerados bens inferiores. O grupo das carnes apresenta comportamento de bens 
normais, exceto a carne de frango, que é classificada como bem de luxo. Bem de luxo é aquele em 
que um aumento da renda ocasiona um impacto significativo na demanda. 
Para o Brasil, os alimentos apresentam um elasticidade renda de 0,30, enquanto que, para os 
Estados Unidos, a elasticidade renda é de 0,15. Esses dados confirmam a expectativa de que, caso 
ocorra um processo de aumento de renda real ou que haja efetivamente uma melhor distribuição de 
renda no Brasil, logo haveria um impacto significativo na demanda por esse tipo de bem de 
consumo. 
 
Tabela 5 – Estimativas de Elasticidades-renda (ER) para produtos selecionados no Brasil e nos 
Estados Unidos 
 
Produtos 
Elasticidade-renda 
Brasil EUA 
Açúcar 0,04 - 
Arroz 0,6 - 
Banana 0,33 - 
Bens duráveis 1,20 2,20 
Café 0,45 - 
Carne de frango 1,14 - 
Carne bovina 0,99 0,47 
Carne suína 0,79 0,15 
Farinha de mandioca - 0,33 - 
Farinha de milho - 0,14 - 
Farinha de trigo 0,32 0,35 
Feijão 0,20 - 0,49 
Fumo 0,60 1,02 
Laranja 0,56 0,26 
Leite 0,58 0,16 
Maça - 0,14 
Manteiga - - 0,42 
Mandioca - 0,60 - 
Margarina - 0,2 
Ovos 1,00 0,16 
Peixe 0,40 - 0,04 
Queijo - 0,45 
Restaurantes - 1,48 
Roupas - 2,01 
Alimentos 0,30 0,15 
Não alimentos - 1,22 
Fonte: IBE/FGV; Thomas, Strauss e Barbosa (1991) 
 20 
De uma maneira geral, produtos mais sofisticados, como eletrônicos e automóveis, 
apresentam elasticidade-renda da demanda superior à dos produtos eletrônicos básicos, como 
alimentos, que têm um limite fisiológico a seu consumo. Ou seja, se houver um aumento da renda 
dos consumidores, eles não vão consumir muito mais arroz, feijão, açúcar do que já consomem, mas 
certamente gastarão em bens de consumo duráveis, como TV, automóvel, micro-computador. 
 
9. Elasticidade-preço da oferta 
O mesmo raciocínio utilizado para a demanda também se aplica à oferta. Uma curva típica 
de oferta mostra que uma alteração para mais no nível dos preços provoca uma alteração também 
para mais nas quantidades ofertadas. Porém, não há razão para supor que, para quaisquer bens e 
serviços, as quantidades ofertadas sejam igualmente sensíveis às variações nos preços. Na realidade, 
também no caso da oferta, há diferentes graus possíveis de sensibilidade dos produtores aos preços, 
conduzindo a diferentes coeficientes de elasticidade-preço. 
Esses diferentes graus de sensibilidade podem ser quantificados através do conceito formal 
de elasticidade-preço da oferta. 
 
Epo = Variação percentual da quantidade ofertada 
Variação percentual do preço do bem 
 
 Oferta Elástica: a expansão relativa das quantidades ofertadas é mais do que proporcional à 
expansão relativa dos preços. [Epo] >1 
 
 Oferta de elasticidade unitária: a expansão relativa das quantidades ofertadas é rigorosamente 
proporcional à expansão relativa dos preços. [Epo] = 1 
 
 Oferta Inelástica: a expansão relativa das quantidades ofertadas é menos do que proporcional à 
expansão relativa dos preços. [Epo] < 1 
 
Quadro 4. Significado e valor do coeficiente dos diferentes conceitos de elasticidade preço da oferta 
 
Conceitos Significado Valor do Coeficiente 
Oferta Elástica As quantidades ofertadas são relativamente sensíveis à 
alteração nos preços 
Epo > [1] 
Oferta de Elasticidade 
Unitária 
As variações nas quantidades ofertadas são rigorosamente 
proporcionais às variações nos preços 
Epo = 1 
Oferta Inelástica As quantidades ofertadas são relativamente insensíveis à 
alteração nos preços 
Epo < 1 
 21 
As elasticidades da oferta são menos difundidas que as da demanda. A elasticidade-preço 
da oferta é usada mais freqüentemente para os produtos agrícolas. 
 
9.1. Principais fatores determinantes da elasticidade-preço da oferta 
Os principais fatores determinantes da elasticidade-preço da oferta são: 
 A disponibilidade de fatores de produção. 
 Defasagens de resposta (fator tempo exigido pelo processo produtivo). 
 
 Disponibilidade de fatores: embora os produtores possam sensibilizar-se com as variações para 
mais nos preços dos produtos, dispondo-se a produzir mais, eles podem encontrar diferentes 
graus de dificuldade para expandir a produção, em função da disponibilidade dos fatores 
produtivos, naturais, humanos e de capital. Ocorrendo flexibilidade na oferta de fatores, ou 
então ociosidade, as quantidades ofertadas podem ser aumentadas, no caso de estimulação via 
preços. Mas em situações de pleno emprego ou de oferta inflexível a capacidade de oferta torna-
se inelástica, por mais que os produtores se encontrem estimulados. 
Um dos casos clássicos é o da oferta de água mineral: a vazão da nascente é determinada 
e quantitativamente limitada. Isso pode configurar até casos de anelasticidade da oferta. A 
geração de energia por hidroelétricas é outro exemplo clássico. Embora as usinas possam 
regular a produção para mais ou para menos, as tarifas são menos relevantes que a 
disponibilidade de água nos reservatórios. 
 
 Defasagens de resposta: o fator tempo é outro relevante determinante da elasticidade de oferta. 
Independentemente da disponibilidade ou não de recursos, há determinados produtos que 
exigem grandes intervalos de tempo para serem produzidos, definindo curvas de oferta 
inelásticas. Entre a sinalização dos preços mais altos e a defasagem de tempo para a produção, 
podem ocorrer intervalos tão longosque impeçam a pronta resposta dos produtores. Exemplo: 
produtos agrícolas, como o café, a laranja, os bovinos de corte, entre outros. 
 
10. Instabilidade de preços na agricultura 
Os preços agrícolas são substancialmente mais instáveis que os preços da maioria dos 
produtos e serviços não-agrícolas. A natureza biológica da produção agrícola é, certamente, uma 
das principais causas desta instabilidade de preço. Isto faz com que a produção planejada seja 
bastante diferente da produção efetivamente obtida. Variações climáticas e incidência de pragas e 
doenças provocam grandes variações em rendimento ou produtividade. 
 22 
As variações estacionais na produção também contribuem para instabilidade mensal dos 
preços. Inúmeros produtos são colhidos apenas uma ou duas vezes por ano, e alguns dentre estes 
não podem ser estocados e ou são altamente perecíveis. 
Além disso, a seqüência de eventos na produção de produtos agrícolas é separada por 
intervalos de tempo significantes. Muitos produtos agrícolas não se adaptam aos sistemas de 
produção em linha de montagem, e ocorrem, com certos produtos, grande retardamentos entre 
decisão de produzir e concretização da produção. Isto faz com que os preços permaneçam em níveis 
mais baixos ou altos, por períodos relativamente longos, dada a incapacidade de pronta resposta da 
parte dos produtores. 
A natureza descentralizada da produção agrícola, bem como sua dispersão geográfica, 
complica o processo de determinação do preço. O grande número de pequenas unidades de 
produção dificulta os processos de controle, reunião e estimativa da produção. A dispersão 
geográfica também contribui para dificultar estes três processos. 
É importante ressaltar, que as forças determinantes dos preços agrícolas não se confinam às 
fronteiras nacionais. Para uma série de produtos, como açúcar, soja, café, cacau e algodão, é 
necessária uma perspectiva mundial para que se possam compreender as variações de preço. 
 
10.1 Algumas características da produção agropecuária 
A formação dos preços nos mercados agropecuários segue, basicamente, as mesmas regras 
de mercado dos demais bens e serviços finais gerados na economia. Existem, entretanto, certos 
aspectos da produção agropecuária que devem ser mais bem comentados, pois acabam afetando 
diretamente o preço agropecuário. 
 
a) Atomização – a produção agrícola tem como uma das principais características o grande número 
de unidades de produção, isto é, a produção é dispersa sem distinção de marca e qualidade. O 
grande número de produtores dificulta o controle da produção agrícola e a utilização da economia 
de escala no transporte. 
b) Difícil previsão – a produção agrícola, por sua natureza biológica, é de difícil previsão por causa 
dos fatores incontroláveis (clima) ou pouco controláveis (pragas e doenças). 
Estas duas características (grande número de produtores e fatores de difícil controle) fazem 
com que a produção e a oferta agrícola sejam instáveis, com conseqüências adversas para os 
agricultores. 
c) Sazonalidade – essa é outra característica típica do setor agrícola e ela diz respeito à variação na 
produção ao longo dos meses do ano. Isto significa que a produção e a oferta se concentram em 
 23 
determinados meses do ano com conseqüências sobre os preços recebidos pelos produtores, os 
custos de transporte, armazenagem e processamento. 
 
- queda nos preços dos produtos – na época da colheita, notadamente para aqueles produtos 
com demanda mais inelástica a preços e com menores possibilidades de armazenamento. 
Ressalta-se que uma vez colhida a safra, a quantidade produzida e os custos de produção são 
constantes (fixos) e, portanto, uma queda no preço resulta não apenas em queda de receita, mas 
também de renda para o produtor. 
 
- maior necessidade de armazenamento para a produção – cuja oferta é sazonal, mas a 
demanda é mais ou menos constante ao longo dos meses do ano. Em determinadas épocas do 
ano, os armazéns e silos estão completamente cheios, e, em outras, estão relativamente vazios. 
Assim, a capacidade destes equipamentos (silos e armazéns) deve ser maior do que deveria ser, 
caso a produção não fosse estacional. Isto significa custos maiores de armazenamento, devido 
à um maior valor de investimento (com aumento do juro sobre capital investido e da 
depreciação). 
 
- maior capacidade de processamento – para transformar a produção que é perecível. 
Assim, devido a sazonalidade, as fábricas de processamento devem ter um maior 
dimensionamento, notadamente quando a agroindústria industrializa produtos “in natura” que 
não podem ser armazenados. Estas “plantas industriais”, com maiores investimentos, resultam, 
via depreciação e juros, em maiores custos, uma vez que operam com baixa capacidade (ou até 
que não operam) no período de entressafra. 
 
- aumento no custo de transporte – no período da safra devido à maior necessidade de 
movimentar a produção para os pontos de armazenamento, processamento e de consumo. Na 
época da colheita há um aumento na demanda (necessidade) de transporte relativamente à 
oferta (capacidade) de transporte, resultando em aumento real do frete. 
 
Em outras palavras, em decorrência do fato de a produção agrícola ser estacional, os preços 
recebidos pelos produtores caem na época da colheita e há aumentos nos custos de armazenamento, 
processamento e transporte, contribuindo para elevar o custo de vida para os consumidores, 
principalmente na entressafra. 
 
 24 
d) Variações cíclicas – O ciclo de produção diz respeito às variações na produção durante um 
período de anos e é um importante fator a influenciar o consumo, uma vez que ele esta relacionado 
com a disponibilidade de mercadoria e com os preços. Os ciclos de produção são particularmente 
importantes para produtos como: carne bovina, cacau, laranja, maça, que por levarem diversos 
meses ou anos para chegar ao ponto de irem ao mercado, podem ter preços consideravelmente 
diversos daqueles que prevaleciam no mercado quando a produção foi planejada. 
 
e) Concentração geográfica da produção – embora uma variedade de produtos agrícolas seja 
produzida em todos os estados, há uma crescente especialização geográfica da produção rural. Cada 
região tende a se especializar na produção de mercadorias para as quais seus recursos são mais 
adequados. Esta concentração da produção tem conseqüências sobre o sistema de comercialização, 
uma vez que a mesma deve prover o transporte inter-regional. 
 
10.2. Características dos produtos agropecuários 
 
a) Matéria-prima – o produto da agricultura é essencialmente uma matéria-prima bruta, que 
geralmente são comercializadas na forma homogênea, ou seja, sem nenhum grau de diferenciação 
ou agregação de valor, sendo, então denominados de commodities1. Além disso, essa matéria prima, 
via de regra, deve ser processada ou beneficiada, antes de chegar ao consumidor final. 
 
b) Volumoso – em comparação com os bens industriais, os produtos agrícolas são relativamente 
volumosos, o que, em conseqüência, afeta os custos de transporte e de armazenamento. Quanto 
maior o volume de uma mercadoria, maiores os custos de transporte e de armazenamento. 
 
c) Perecível – os produtos agropecuários geralmente são perecíveis, o que obriga, em alguns casos, 
à aceleração do processo de comercialização. A perecibilidade afeta os custos de estocagem, 
transporte e também de processamento se o produto é industrializado. 
 
d) Qualidade – a qualidade dos produtos agrícolas varia de um ano para ano e mesmo de estação 
para estação, e é um atributo importante que afeta o consumo. O custo de transporte para produtos 
 
1 A palavra commodity – mercadoria, em inglês – adquiriu um sentido mais específico no jargão do comércio. Nem 
todas as mercadorias são commodities. Para que uma mercadoria possa receber essa qualificação é necessário que ela 
atendaa pelo menos três requisitos mínimos: 
(a) padronização em um contexto de comercio internacional, 
(b) possibilidade de entrega nas datas acordadas entre comprador e vendedor e 
(c) possibilidade de armazenagem ou de venda em unidades padronizadas. 
 25 
de qualidade inferior é praticamente o mesmo de produtos de superior qualidade. Deste modo, é 
provável que não compense transportar, em longas distanciais produtos de qualidade inferior. 
 
10.3. Produtos agrícolas e Elasticidade 
 
Por que o conhecimento da elasticidade-preço da demanda é importante para a 
comercialização? Porque safras abundantes, com elevação da oferta, causam uma queda no preço 
maior do que o correspondente aumento na demanda, fazendo com que a renda do setor 
agropecuário caia de uma forma geral. 
Sabemos que a receita total da venda de um produto é dada por RT = p.q. (Receita Total = 
preço x quantidade vendida). Normalmente, se aumentarmos o preço de um produto agrícola, a 
quantidade consumida diminuirá. No caso de demanda elástica, a queda do consumo é mais do que 
proporcional ao aumento no preço. Como conseqüência, a receita total diminuirá. 
No caso dos produtos agrícolas, é interessante salientar que suas demandas geralmente são 
inelásticas em relação ao preço. Isso se deve principalmente à essencialidade desses produtos e à 
maior capacidade de saturação dos alimentos para o consumidor. Dessa forma, uma queda do preço 
dos produtos agrícolas deve provocar mais uma realocação dentro da cesta de consumo dos 
indivíduos do que um aumento proporcional no consumo do alimento cujo preço caiu. 
Também de interesse na comercialização é saber como o consumo vai se comportar diante 
de variações na renda do consumidor. Para isso, define-se a chamada elasticidade-renda ER, que 
mede como o consumo vai se alterar quando a renda variar em 1% com tudo o mais constante. Se 
ER > 0, diz-se que o produto em análise é “normal”. Se ER < 0, diz-se que o produto é “inferior”. 
Caso ER > 1, diz-se que o produto é de “luxo”. 
Os produtos agrícolas são, de maneira geral, bens normais. O principal fator determinante 
desse comportamento da demanda de produtos agrícolas é a saturação a nível baixo de consumo 
desses produtos. 
Além dos efeitos do preço do bem e da renda dos consumidores, o consumo de um produto 
vai variar quando o preço de outro se alterar. Define-se então a elasticidade-preço cruzada da 
demanda Epspc, que mede em quanto o consumo de um bem i vai variar quando o preço de outro 
bem j variar em 1%. 
Quando Epspc > 0, diz que os produtos i e j são substitutos, isto é, se aumentarmos o preço do 
produto i, a quantidade consumida do produto j aumentará. Um exemplo clássico, no Brasil, é o 
relacionamento entre as carnes bovina e suína. Quando o preço da carne de boi sobe, a quantidade 
 26 
consumida tende a diminuir. Parte do consumo então desloca para a carne de porco, que para muitos 
consumidores serve como um substituto para a carne de vaca. 
Quando Epspc < 0, diz-se que os bens i e j são complementares, isto é, se, por exemplo, o 
preço do produto j aumentar, o consumo dele diminui e diminui também o consumo do produto i. 
Como exemplo, pode-se pensar no consumo de pão e de manteiga. Quando o preço do pão sobe, a 
quantidade consumida desse tende a diminuir, o mesmo ocorrendo com o consumo de manteiga, 
visto que esses dois produtos são consumidos geralmente juntos (são complementares). 
 
11. Modelo Teórico de Preço de Mercado 
 
O preço que se consegue por um produto num mercado competitivo reflete a satisfação que 
o consumidor espera conseguir com o consumo daquele produto. Isso também significa o nível de 
equilíbrio onde o máximo que os consumidores estão dispostos a pagar coincide com o mínimo que 
os produtores concordam em receber pela produção daquela quantidade de produto. 
O sistema de decisões de mercado é o encontrado nas chamadas “economias abertas” ou 
“capitalistas”. Basicamente, ele requer que cada consumidor e cada firma tomem suas decisões 
baseadas nos seus próprios interesses e guiados por sinais. 
No modelo que denominamos de competição perfeita, todas as empresas são pequenas em 
relação ao total do mercado e os produtos são homogêneos. Nessas condições, as empresas têm de 
aceitar o preço de mercado, uma vez que não há razão para cobrarem menos porque podem vender 
o que quiserem ao preço corrente. De outro lado, se cobrarem um centavo a mais, perderão todos os 
clientes porque estes preferirão comprar a preços mais baixos no mercado. 
A condição de homogeneidade do produto e a pequena participação na produção total fazem 
com que o produtor individual seja um tomador de preços, isto é, ele aceita o preço que o mercado 
determina. É a chamada “commoditização” dos produtos agrícolas, condição muito comum e 
desvantajosa, porque se o produtor tentasse vender mais caro, não conseguiria, pois seu produto é 
por hipótese igual ao dos demais e não haveria razão para algum consumidor pagar mais pelo seu 
produto. 
Os preços dos produtos agropecuários estão sujeitos a grandes oscilações e são de difícil 
precisão, gerando muitas dificuldades nas tomadas de decisão. Tanto o investidor como o produtor 
rural se defrontam frequentemente com o problema de tentar prever as oscilações de preços de 
produtos agropecuários. 
Portanto, na vida real dificilmente se observa o processo de formação de preços, mas sim os 
preços finais. O comportamento dos preços dos produtos agropecuários exibe alguns movimentos 
característicos interessantes denominados tendência, ciclo e sazonalidade. 
 27 
11.1. Tendência, Ciclo e Sazonalidade 
 
A Tendência pode ser observada dispondo-se de uma série histórica de preços, 
permitindo-se observar se existe uma trajetória de alta, queda ou estabilização dos preços. Não 
havendo grandes mudanças nos fatores que agem sobre um determinado mercado, seria de se 
esperar que os preços mantivessem a tendência indicada pela série histórica. Alterações na 
tendência estariam basicamente ligadas a fatores tais como inovações tecnológicas, mudanças de 
hábitos e diferentes taxas de crescimento entre oferta e demanda. 
A Figura 2.3 apresenta uma análise gráfica obtida a partir dos preços deflacionados da saca 
de soja recebidos pelos produtores no Estado de São Paulo. O gráfico mostra uma tendência 
histórica de queda dos preços reais para o produtor rural, com uma leve elevação de 1995 pra cá. 
 
 
Os Ciclos, por sua vez, referem-se a flutuações que ocorrem em períodos maiores de um 
ano, geralmente associadas ao comportamento do produtor diante do mercado e às variações de 
oferta de seu produto. Enquanto a tendência é um movimento de longo prazo, os ciclos são 
indicadores de curto prazo – geralmente de dois a dez anos, com diferentes intensidades. Conhecê-
los pode permitir, por exemplo, investir num produto cujos preços vão começar a reagir brevemente 
ou, por outro lado, sair fora de uma produção que vai começar a se enfraquecer. 
Os ciclos de preços nem sempre são bem visíveis como mostra a Figura 2.4 onde se 
colocaram dados para identificar o ciclo do preço da soja ao produtor. 
 28 
 
 
Já a Sazonalidade é caracterizada por um movimento de preços ao longo do ano devido à 
safra e entressafra, estações do ano, hábitos dos consumidores e outros fatores. Como conseqüência 
da sazonalidade, o produtor receberá preços menores durante a safra e mais atraentes ao longo da 
entressafra, razão pela qual, em muitos casos, torna-se preferível armazenar o produto e só 
comercializá-lo na entressafra. 
A Figura 2.5 apresenta a sazonalidade média, mínima e máxima dos preços da soja 
recebidos pelos produtores do Estado de São Paulo no período de 1980-1997. O menor preço médio 
aconteceu em agosto (US$ 14,87/ por saca) enquanto o maior aconteceu em janeiro (US$ 17,19/ por 
saca). 
O mês de outubro, apesar de apresentar um dos maiores preços médios (US$ 16,68/ por 
saca) tambémapresenta o menor valor (US$ 6,82) com a mais alta volatilidade medida pelo desvio 
padrão (US$ 4,93). O mês de agosto, apesar de não apresentar o maior preço médio (US$ 15,12), 
traz o menor risco médio do período, com US$ 3,06. 
A sazonalidade e a volatilidade associada a ela fazem com que o preço varie ao longo do 
ano conforme já visto. Isto, se de um lado representa risco para o produtor, de outro, pode permitir 
ganhos e representar atratividade para o especulador. 
É importante alertar para o risco existente na tentativa de prever preços futuros baseando-
se nos acontecimentos passados. Para isto, deve-se assumir que as condições existentes se 
mantenham constantes, o que pode não ser – e geralmente não é – necessariamente verdadeiro. A 
previsão de preços é um trabalho que pode se sofisticar e exigir muito treinamento, mas algumas 
ferramentas simples e um pouco de bom senso podem propiciar resultados satisfatórios para o 
produtor. 
 29 
 
 
12. Tipos de Mercados 
 
Observando-se os mercados, distinguem-se basicamente quatro tipos: 
 
Mercado Spot 
A palavra spot – ponto, em inglês – é empregada em economia para qualificar um tipo de 
mercado cujas transações se resolvem em um único instante do tempo. Por exemplo, quando vamos 
a uma feira, compramos e pagamos uma dúzia de laranjas, estamos realizando uma transação desse 
tipo. Eventualmente, poderemos retornar ao mesmo vendedor, na semana seguinte, e comprar mais 
algumas laranjas, mas a transação resolveu-se naquele instante do tempo. No caso de commodities, 
frequentemente utiliza-se o termo mercado físico para designar esse tipo de mercado. 
 
Mercado a Termo 
Ao contrário do mercado spot, em que as transações se consumam em um instante do 
tempo, outros mercados têm como referência dois ou mais instantes no tempo. São contratos em 
que as partes acordam que alguns ou todos os elementos da transação podem ocorrer no futuro. 
Comprador e vendedor podem detalhar um contrato especificando a mercadoria, a data de entrega, o 
local, meio de transporte, meio de pagamento e qualquer outro elemento que ambas as partes 
desejem incorporar ao contrato. 
O mercado a termo apresenta grande flexibilidade e pode acomodar o interesse das partes. 
Por esse motivo, os exemplos desse tipo de mecanismo são muito variados, contemplando preços 
preestabelecidos ou preços variáveis, pagamento antecipado ou no momento da entrega do produto, 
entre outras alternativas. 
 30 
Nem tudo são flores nos contratos a termo. Exatamente por se tratar de um contrato em que 
as partes comprometem-se com obrigações futuras – e adicionalmente, não se constroem uma 
relação de longo prazo, mas apenas para a duração do contrato – há o risco do não-cumprimento 
dessas obrigações. 
 
Mercado de Futuros 
Nesse mercado, as transações são padronizadas e simplificadas, não permitindo a inclusão 
de idiossincrasias, mesmo que o comprador e vendedor assim desejem. Os contratos de futuros 
especificam apenas o período para entrega, o lugar e objeto transacionado. Além disso, esses três 
elementos são especificados de modo limitado. 
 
	7. Deslocamento das curvas de demanda e oferta
	Variação percentual ∆Q x 100
	8.1.2. Fatores que influenciam o grau de elasticidade-preço da demanda
	9. Elasticidade-preço da oferta
	10.2. Características dos produtos agropecuários

Outros materiais