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Apostila - Atenção psicossocial e uso de álcool e outras drogas

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ATENÇÃO PSICOSSOCIAL E USO DE ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS 
 
Luís Antônio monteiro Campos 
 
Esta disciplina é importante para todas as pessoas que irão trabalhar diretamente com os 
usuários de substâncias químicas, pois trazem elementos fundamentais do modo de se 
pensar a pessoa que padece do uso/abuso dessas substâncias seja lícita ou ilícita. 
Objetiva-se que conheçamos o modo de se pensar o usuário como um sujeito de direito, 
que merece um tratamento humano e digno como todos nós humanos sem preconceitos 
e estigmas. 
Ter-se-á a oportunidade de conhecer a legislação que permite este novo olhar assim 
como as formas de tratamentos humanizadas e o conceito de rede. 
Esta disciplina permite o contato com o novo paradigma no tratamento de pessoas que 
padecem do uso/abuso de drogas. 
O objetivo desta apostila é facilitar seu percurso sobre a temática da disciplina, você 
perceberá se apresentam textos de legislações e/ou de organizações governamentais 
amplamente conceituados nesta área que permitem sua reprodução desde que citada a 
fonte. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CAPÍTULO I: PROGRAMAS E ESTRATÉGIAS DE REDUÇÃO DE DANOS E 
CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL 
 
As estratégias de redução de danos foi uma das estratégias mais inovadoras na 
abordagem em relação ao usuário de substâncias químicas ilícitas. 
Será apresentada a seguir a portaria do ministério da Saúde que determina as 
ações de redução de danos sociais à saúde. 
PORTARIA Nº 1.028, DE 1º DE JULHO DE 2005 
Determina que as 
ações que visam à redução 
de danos sociais e à saúde, 
decorrentes do uso de 
produtos, substâncias ou 
drogas que causem 
dependência, sejam 
reguladas por esta 
Portaria. 
O MINISTRO DE ESTADO DA SAÚDE, no uso de suas atribuições, e 
Considerando que cabe ao Ministério da Saúde regulamentar as ações destinadas à 
redução de danos sociais e à saúde decorrentes do uso de álcool e outras drogas, 
conforme os termos do art. 12, inciso II, da Lei nº 10.409, de 11 de janeiro de 2002; 
Considerando as diretrizes da Política do Ministério da Saúde para a Atenção 
Integral dos Usuários de Álcool e outras Drogas; 
Considerando as recomendações produzidas pelo Grupo de Trabalho 
Interministerial relacionado à política específica sobre bebidas alcoólicas, criado por 
intermédio do Decreto Presidencial do dia 28 de maio de 2003; 
Considerando que as intervenções de saúde dirigidas aos usuários e dependentes 
de álcool e outras drogas devem ser ampliadas e estar baseadas na melhoria da 
qualidade de vida das pessoas; 
Considerando a urgência de diminuir os índices da infecção dos vírus HIV e 
Hepatites B e C entre usuários de drogas injetáveis; e 
Considerando o crescente consumo de bebidas alcoólicas entre jovens e os 
acidentes de trânsito decorrentes do uso desta substância, resolve: 
Art. 1º Determinar que as ações que visam à redução de danos sociais e à saúde, 
decorrentes do uso de produtos, substâncias ou drogas que causem dependência, sejam 
reguladas por esta Portaria. 
Art. 2º Definir que a redução de danos sociais e à saúde, decorrentes do uso de 
produtos, substâncias ou drogas que causem dependência, desenvolva-se por meio de 
ações de saúde dirigidas a usuários ou a dependentes que não podem, não conseguem ou 
não querem interromper o referido uso, tendo como objetivo reduzir os riscos 
associados sem, necessariamente, intervir na oferta ou no consumo. 
Art. 3º Definir que as ações de redução de danos sociais e à saúde, decorrentes do 
uso de produtos, substâncias ou drogas que causem dependência, compreendam uma ou 
mais das medidas de atenção integral à saúde, listadas a seguir, praticadas respeitando 
as necessidades do público alvo e da comunidade: 
I - informação, educação e aconselhamento; 
II - assistência social e à saúde; e 
III - disponibilização de insumos de proteção à saúde e de prevenção ao 
HIV/Aids e Hepatites. 
Art. 4º Estabelecer que as ações de informação, educação e aconselhamento 
tenham por objetivo o estímulo à adoção de comportamentos mais seguros no consumo 
de produtos, substâncias ou drogas que causem dependência, e nas práticas sexuais de 
seus consumidores e parceiros sexuais. 
§ 1º São conteúdos necessários das ações de informação, educação e 
aconselhamento: 
I - informações sobre os possíveis riscos e danos relacionados ao 
consumo de produtos, substâncias ou drogas que causem dependência; 
II - desestímulo ao compartilhamento de instrumentos utilizados para 
consumo de produtos, substâncias ou drogas que causem dependência; 
III - orientação sobre prevenção e conduta em caso de intoxicação aguda 
(“overdose”); 
IV - prevenção das infecções pelo HIV, hepatites, endocardites e outras 
patologias de padrão de transmissão similar; 
V - orientação para prática do sexo seguro; 
VI - divulgação dos serviços públicos e de interesse público, nas áreas de 
assistência social e de saúde; e 
VII - divulgação dos princípios e garantias fundamentais assegurados na 
Constituição Federal e nas declarações universais de direitos. 
§ 2º As ações de informação, educação e aconselhamento devem, 
necessariamente, ser acompanhadas da distribuição dos insumos destinados a minimizar 
os riscos decorrentes do consumo de produtos, substâncias e drogas que causem 
dependência. 
Art. 5º Estabelecer que a oferta de assistência social e à saúde, na comunidade e 
em serviços, objetive a garantia de assistência integral ao usuário ou ao dependente de 
produtos, substâncias ou drogas que causem dependência. 
Parágrafo único. São ações necessárias na oferta de assistência social e à saúde, 
quando requeridas pelo usuário ou pelo dependente: 
I - o tratamento à dependência causada por produtos, substâncias ou 
drogas; 
II - o diagnóstico da infecção pelo HIV e o tratamento da infecção pelo 
HIV e da AIDS; 
III - a imunização, o diagnóstico e o tratamento das hepatites virais; 
IV - o diagnóstico e o tratamento das doenças sexualmente 
transmissíveis (DST); e 
V - a orientação para o exercício dos direitos e garantias fundamentais 
previstos na Constituição Federal e quaisquer outros relativos à manutenção de 
qualidade digna da vida. 
Art. 6º Definir que as estratégias de redução de danos incluam a disponibilização 
de insumos de prevenção ao HIV/Aids e as estratégias da saúde pública dirigidas à 
proteção da vida e ao tratamento dos dependentes de produtos, substâncias e drogas que 
causem dependência. 
Art. 7º Estabelecer que as iniciativas relacionadas ao consumo de bebidas 
alcoólicas sejam incluídas nas estratégias de redução de danos, dados os agravos 
relacionados a esta substância na população geral e que devam ser articuladas 
intersetorialmente de forma a potencializar os efeitos de promoção à saúde. 
Art. 8º Definir que as ações de redução de danos devem ser desenvolvidas em 
todos os espaços de interesse público em que ocorra ou possa ocorrer o consumo de 
produtos, substâncias ou drogas que causem dependência, ou para onde se reportem os 
seus usuários. 
Parágrafo único. As disposições desta Portaria aplicam-se no âmbito do sistema 
penitenciário, das cadeias públicas, dos estabelecimentos educacionais destinados à 
internação de adolescentes, dos hospitais psiquiátricos, dos abrigos, dos 
estabelecimentos destinados ao tratamento de usuários ou dependentes ou de quaisquer 
outras instituições que mantenham pessoas submetidas à privação ou à restrição da 
liberdade. 
Art. 9º Estabelecer que as ações de redução de danos devem ser desenvolvidas 
em consonância com a promoção dos direitos humanos, tendo especialmente em conta o 
respeito à diversidade dos usuários ou dependentes de produtos, substâncias ou drogas 
que causem dependência. 
§ 1º Em todas as ações de redução de danos, devem ser preservadas a identidade 
e a liberdade da decisão do usuário ou dependente ou pessoas tomadas como tais, sobre 
qualquer procedimento relacionadoà prevenção, ao diagnóstico e ao tratamento. 
§ 2º A contratação de pessoal para o trabalho com redução de danos, de que trata 
esta Portaria, deve dar prioridade aos membros da comunidade onde as ações serão 
desenvolvidas, observadas, no âmbito da Administração Pública, as normas de acesso a 
cargos ou empregos públicos, levando-se em conta principalmente o acesso à população 
alvo, independentemente do nível de instrução formal. 
Art. 10. Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação. 
HUMBERTO COSTA 
Saúde Legis - Sistema de Legislação da Saúde 
 
 
2.1 – SAÚDE MENTAL NO SUS: OS CENTROS DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL 
 
Apresento a seguir o texto do Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, 
intitulado Saúde mental no SUS: os centros de atenção psicossocial de 2004. 
http://www.ccs.saude.gov.br/saude_mental/pdf/sm_sus.pdf, acesso em 19/07/2016. 
 
2.1.1. OS CAPS NA REDE DE ATENÇÃO À SAÚDE MENTAL 
 
Um país, um Estado, uma cidade, um bairro, uma vila, um vilarejo são recortes 
de diferentes tamanhos dos territórios que habitamos. Território não é apenas uma área 
geográfica, embora sua geografia também seja muito importante para caracterizá-lo. O 
território é constituído fundamentalmente pelas pessoas que nele habitam, com seus 
conflitos, seus interesses, seus amigos, seus vizinhos, sua família, suas instituições, seus 
cenários (igreja, cultos, escola, trabalho, boteco etc.). É essa noção de território que 
busca organizar uma rede de atenção às pessoas que sofrem com transtornos mentais e 
http://www.saude.gov.br/saudelegis
http://www.ccs.saude.gov.br/saude_mental/pdf/sm_sus.pdf
suas famílias, amigos e interessados. Para constituir essa rede, todos os recursos afetivos 
(relações pessoais, familiares, amigos etc.), sanitários (serviços de saúde), sociais 
(moradia, trabalho, escola, esporte etc.), econômicos (dinheiro, previdência etc.), 
culturais, religiosos e de lazer estão convocados para potencializar as equipes de saúde 
nos esforços de cuidado e reabilitação psicossocial. Nesta publicação estaremos 
apresentando e situando os CAPS como dispositivos que devem estar articulados na 
rede de serviços de saúde e necessitam permanentemente de outras redes sociais, de 
outros setores afins, para fazer face à complexidade das demandas de inclusão daqueles 
que estão excluídos da sociedade por transtornos mentais. As redes possuem muitos 
centros, muitos nós que as compõem e as tornam complexas e resistentes. O 
fundamental é que não se perca a dimensão de que o eixo organizador dessas redes são 
as pessoas, sua existência, seu sofrimento. Os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) 
deverão assumir seu papel estratégico na articulação e no tecimento dessas redes, tanto 
cumprindo suas funções na assistência direta e na regulação da rede de serviços de 
saúde, trabalhando em conjunto com as equipes de Saúde da Família e Agentes 
Comunitários de Saúde, quanto na promoção da vida comunitária e da autonomia dos 
usuários, articulando os recursos existentes em outras redes: sóciosanitárias, jurídicas, 
cooperativas de trabalho, escolas, empresas etc. Os CAPS, assumindo um papel 
estratégico na organização da rede comunitária de cuidados, farão o direcionamento 
local das políticas e programas de Saúde Mental: desenvolvendo projetos terapêuticos e 
comunitários, dispensando medicamentos, encaminhando e acompanhando usuários que 
moram em residências terapêuticas, assessorando e sendo retaguarda para o trabalho dos 
Agentes Comunitários de Saúde e Equipes de Saúde da Família no cuidado domiciliar. 
Esses são os direcionamentos atuais da Política de Saúde Mental para os CAPS – 
Centros de Atenção Psicossocial, e esperamos que esta publicação sirva como 
contribuição para que esses serviços se tornem cada vez mais promotores de saúde e de 
cidadania das pessoas com sofrimento psíquico. 
 
2.1.2. QUANDO SURGEM OS CAPS? 
 
O primeiro Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) do Brasil foi inaugurado em 
março de 1986, na cidade de São Paulo: Centro de Atenção Psicossocial Professor Luiz 
da Rocha Cerqueira, conhecido como CAPS da Rua Itapeva. A criação desse CAPS e 
de tantos outros, com outros nomes e lugares, fez parte de um intenso movimento 
social, inicialmente de trabalhadores de saúde mental, que buscavam a melhoria da 
assistência no Brasil e denunciavam a situação precária dos hospitais psiquiátricos, que 
ainda eram o único recurso destinado aos usuários portadores de transtornos mentais. 
Nesse contexto, os serviços de saúde mental surgem em vários municípios do país e vão 
se consolidando como dispositivos eficazes na diminuição de internações e na mudança 
do modelo assistencial. Os NAPS/CAPS foram criados oficialmente a partir da Portaria 
GM 224/92 e eram definidos como “unidades de saúde locais/regionalizadas que 
contam com uma população adscrita definida pelo nível local e que oferecem 
atendimento de cuidados intermediários entre o regime ambulatorial e a internação 
hospitalar, em um ou dois turnos de quatro horas, por equipe multiprofissional”. Os 
CAPS – assim como os NAPS (Núcleos de Atenção Psicossocial), os CERSAMs 
(Centros de Referência em Saúde Mental) e outros tipos de serviços substitutivos que 
têm surgido no país, são atualmente regulamentados pela Portaria nº 336/GM, de 19 de 
fevereiro de 2002 e integram a rede do Sistema Único de Saúde, o SUS. Essa portaria 
reconheceu e ampliou o funcionamento e a complexidade dos CAPS, que têm a missão 
de dar um atendimento diuturno às pessoas que sofrem com transtornos mentais severos 
e persistentes, num dado território, oferecendo cuidados clínicos e de reabilitação 
psicossocial, com o objetivo de substituir o modelo hospitalocêntrico, evitando as 
internações e favorecendo o exercício da cidadania e da inclusão social dos usuários e 
de suas famílias. 
 
Bibliografia: 
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações 
Programáticas Estratégicas. Saúde mental no SUS: os centros de atenção psicossocial / 
Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações 
Programáticas Estratégicas. – Brasília: Ministério da Saúde, 2004. 
 
CAPÍTULO 2: SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS 
 
Para falar sobre a questão do uso de substância psicoativa apresento o trabalho 
da Secretaria Nacional de Políticas sobre drogas de 2014 acessado em 18/07/2016 em 
http://www.supera.senad.gov.br/wp-content/uploads/2016/03/SUP7_Mod1.pdf. 
 
Capítulo 1 A história do álcool 
 
Em primeiro lugar, você vai ficar sabendo como começou o uso das substâncias 
psicoativas em nosso país. Quando os portugueses chegaram ao Brasil, no início da 
colonização, descobriram o costume indígena de produzir e beber uma bebida forte, 
fermentada a partir da mandioca, denominada cauim. Ela era utilizada em rituais, em 
festas, portanto, dentro de uma pauta cultural bem definida. Os índios usavam também o 
tabaco, que era desconhecido dos portugueses e de outros europeus. No entanto, os 
portugueses conheciam o vinho e a cerveja e, logo mais, aprenderiam a fazer a cachaça, 
coisa que não foi difícil, pois para fazer o açúcar a partir da cana-de-açúcar, no processo 
de fabricação do mosto (caldo em processo de fermentação), acabaram descobrindo um 
melaço que colocavam no cocho para animais e escravos, denominado de “Cagaça”, que 
depois veio a ser cachaça, destilada em alambique de barro e, muito mais tarde, de 
cobre. A cachaça é conhecida de muito tempo, desde os primeiros momentos em que se 
começava a fazer do Brasil o Brasil. O açúcar para adoçar a boca dos europeus, como 
disse o antropólogo Darcy Ribeiro, da amargura da escravidão; a cachaça para alterar a 
consciência, para calar as dores do corpo e da alma, para açoitar espíritos em festas, 
para atiçar coragem em covardes e para aplacar traições e ilusões. Para tudo, na alegria 
e na tristeza, o brasileiro justifica o uso do álcool, da branquinhaà amarelinha, do 
escuro ao claro do vinho, sempre com diminutivos. Qual é o lugar do álcool e das outras 
drogas em nossa cultura? Veja no quadro abaixo o que dizem a respeito desse assunto 
dois importantes pensadores da cultura ocidental: “Parece improvável que a humanidade 
em geral seja algum dia capaz de dispensar os “paraísos artificiais”, isto é,... a busca de 
autotranscedência através das drogas ou... umas férias químicas de si mesmo... A 
maioria dos homens e mulheres levam vidas tão dolorosas - ou tão monótonas, pobres e 
limitadas, que a tentação de transcender a si mesmo, ainda que por alguns momentos, é 
e sempre foi um dos principais apetites da alma.” (Aldous Huxley, escritor inglês) 
 “Porque os homens são mortais e não podem se habituar a essa ideia, o néctar e 
a ambrosia são fantasmas encontrados em todas as civilizações. Plantas mágicas, 
bebidas divinas, alimentos celestiais que conferem imortalidade, as invenções são 
múltiplas e todas, na falta de sucessos práticos, expressam e traem o terror diante da 
inevitável necessidade.” (Michel Onfray, filósofo francês) Não depende sempre da 
vontade o desejo de beber, pelo menos em muitos casos. Antes, é uma imposição; um 
estranho e imperioso chamado como a suavidade do canto de sereia que encanta, 
enfeitiça e enlouquece. Mas nada é tão simples assim, a bebida está bem entranhada na 
cultura brasileira. O ato de beber faz parte da nossa maneira de ser social. Sendo assim: 
9 Cada povo, cada grupo social, cada pessoa tem a sua condição de responder a 
determinados estímulos produzidos em seu meio, ou externos a ele. Em outros termos, 
podemos dizer que temos uma pauta cultural em que as coisas são normalmente 
dispostas. Por exemplo, o licor na festa de São João, o vinho no Natal, a cerveja no 
carnaval e assim por diante, não que sejam exclusivos, mas os mais representativos de 
cada uma dessas festas. A cachaça é uma bebida forte e íntima da população. Tem 
baixo custo e, com pouco dinheiro, pode-se beber o suficiente para perturbar a si e aos 
demais que estiverem à sua volta. É a forma social e individual de beber que está em 
jogo, quando se fala em consumo de álcool, já que há uma larga disposição social para 
consumi-lo na forma das mais diversas bebidas - destiladas ou fermentadas, fortes ou 
fracas. É necessário considerar o álcool no conjunto da vida social e não só em si 
mesmo, como muita gente o faz, ou seja, considera o álcool um agente autônomo e o 
culpa por suas consequências, como se fosse um ser animado que agisse por conta 
própria. No sentido oposto, é preciso ver a disposição social para o consumo de drogas e 
se perguntar: por que as pessoas procuram as drogas? Por que as pessoas bebem? E 
também perguntar: se usam drogas, e dentre elas o álcool, por que as consomem desta 
ou daquela maneira? Moderada ou abusivamente? 
Por que será que sob o efeito da mesma quantidade de álcool algumas pessoas 
ficam alegres, outras ficam agressivas ou mesmo violentas? Por que será que um 
derivado de opioide como a meperidina, por exemplo, para algumas pessoas é apenas 
um analgésico potente e para outras, além desse efeito, é uma fonte de prazer a ser 
buscada de forma repetida? E ainda: por que uma mesma pessoa sente de maneira 
diferente os efeitos de uma mesma droga, em diferentes circunstâncias e contextos? O 
que se pode concluir daí, e que tem sido apontado por estudiosos do assunto, é que os 
efeitos de uma droga dependem de três elementos: 
1. Suas propriedades farmacológicas (estimulantes, depressoras ou 
perturbadoras); 
2. A pessoa que a usa, suas condições físicas e psíquicas, inclusive suas 
expectativas; 
3. O ambiente e o contexto de uso dessa droga, tais como as companhias, o lugar 
de uso e o que representa esse uso socialmente. Olhando com cuidado, entretanto, os 
três elementos acima convergem para um deles, apenas: o usuário. O mesmo ambiente e 
o mesmo contexto influenciam diferentemente as pessoas. O mesmo ocorre em relação 
às propriedades farmacológicas das drogas, uma vez que a expressão dos seus efeitos 
depende da capacidade de metabolização daquela droga por cada usuário e mesmo de 
suas condições psíquicas e mentais no momento do uso. 
“O alcoolismo é uma noção que apareceu pouco tempo após as circunstâncias 
que ele caracterizou, contemporâneo dos anos seguintes à industrialização, um desejo 
desesperado de responder a condições de vida deploráveis”. O filósofo fala da bebida 
com respeito e simpatia, como acontece com muita gente, mas acrescenta: “a 
embriaguez do alcoolista supõe um homem tornado objeto, incapaz, a partir de então, de 
se abster de bebidas perturbadoras. Muitas vezes sua dependência está relacionada a 
uma incapacidade de encontrar em si próprio o que permitiria um domínio, uma 
resistência às dores do mundo.” (Michel Onfray, filósofo francês) Quando uma pessoa 
perde o controle sobre a ação de beber ela se torna objeto da bebida, que perturba a 
consciência para além do domínio que a pessoa tem de si mesma. Eis a embriaguez em 
sua forma mais simples, uma leitura sem preconceitos, mas ao mesmo tempo carregada 
com tintas muito fortes, porque nem todos os que bebem são dominados pela bebida. 
Entretanto, quando o álcool não é utilizado para aumentar a espirituosidade, mas para 
incentivar, encorajar ou consolar amargura, ele se torna um poderoso fator de 
desorganização do sujeito como ser social, isto é, para além de si como indivíduo e de 
suas relações com os outros, com os íntimos e com os de cerimônia. Quando advém a 
embriaguez e, com a frequência do uso, o alcoolismo, toda a magia da bebida é 
substituída pela perversidade da forma como ela é consumida. Às vezes, duas palavras 
parecem significar a mesma coisa, entretanto vistas de perto são bem diferentes. Esse é 
o caso das palavras “alcoólatra” e “alcoolista”: É muito importante recordar que 
normalmente as pessoas se tornam conhecidas pelo que fazem, ou seja, pela profissão 
que exercem. Se você trabalha, é um trabalhador ou uma trabalhadora; se você só 
estuda, é um estudante ou uma estudante, e assim por diante. Uma pessoa que bebe com 
alguma frequência é um bebedor ou uma bebedora, mas sabemos que esses termos não 
são muito frequentes, e em seu lugar vem a denominação bêbado ou bêbada. 
O termo alcoólatra confere uma identidade e impõe um estigma, que anula todas 
as outras identidades do sujeito, tornando-o tão somente aquilo que ele faz e que é 
socialmente condenado, não por fazê-lo, mas pelo modo como o faz. Em outros termos, 
não é a bebida em si, mas aquela pessoa que bebe mal, isto é, de modo abusivo, 
desregrado, que a leva à condição de ser socialmente identificada popularmente como 
“alcoólatra”, ou seja, quem “idolatra”, “adora” e se tornou dependente do álcool. 
Alcoolista Esse termo foi proposto por alguns pesquisadores como uma alternativa 
menos carregada de valoração, isto é, de estigma. Segundo eles, o termo não reduziria a 
pessoa a uma condição, como a de alcoólatra, mas a identificaria como uma pessoa que 
tem como característica uma afinidade com alguma coisa, com alguma ideia. Por 
exemplo, uma pessoa que torce no futebol pelo time Flamengo é flamenguista; é uma 
característica, mas não reduz o indivíduo a ela, como uma identidade única e dominante. 
Eis o porquê segundo estes autores ser preferível designar uma pessoa como alcoolista e 
saber que ela é, ao mesmo tempo, muitas outras coisas, inclusive alguém que pode 
deixar de ser dependente de álcool. Isso ajudaria essa pessoa a não ser estigmatizada, 
reduzida a uma única condição. Apesar dessa argumentação, em português, os termos 
“alcoólatra” e “alcoolista” continuam sendo usados, quase que indistintamente, por 
diferentes autores, mas sempre equivalendo a “dependente de álcool”. Esta seria na 
realidade a expressão mais adequada cientificamente. O termo “alcoólico” não é muito 
adequado, pois na língua portuguesa significa“o que contém álcool”, mas muitas vezes 
é empregado devido à semelhança com a palavra inglesa “alcoholic”, que além de ter 
esse mesmo significado é também usada para referir-se a quem é dependente de álcool. 
É muito importante, portanto, o cuidado com as palavras, com os termos que usamos 
para classificar coisas e pessoas, porque essas palavras e termos têm poder de conferir 
identidade e, assim, estigmatizar publicamente, reduzir uma pessoa a uma única 
condição, apagando, negando todas as demais, o que tem entre suas consequências a 
internalização desse lugar social, vindo a pessoa a constituir, por si mesma, um 
obstáculo ao desenvolvimento de um outro percurso, socialmente valorizado. É 
aceitável que um profissional de saúde não tenha respostas para determinadas demandas 
que se apresentam. Entretanto, contribuir para piorar ainda mais a situação dos que o 
procuram é tudo o que não deve acontecer. Um “bêbado” ou uma “bêbada” deixa de ser 
tantas outras coisas, como por exemplo, pai ou mãe, trabalhador ou trabalhadora, para 
ser tão somente bêbado ou bêbada. Como as pessoas vivem em sociedade, o 
reconhecimento é fundamental para a identidade e esta é fundamental para o 
reconhecimento social. Como você bem percebe, vivemos imersos em notícias e 
propagandas, algumas delas bonitas e até engraçadas, entretanto é preciso estar atento 
para avaliá-las criticamente. Em relação às substâncias psicoativas, qual será mesmo o 
papel da mídia? Como já dissemos cachaça, fumo e maconha estão na origem da 
civilização brasileira. Hoje, as bebidas são produzidas por grandes empresas e 
anunciadas vivamente pelos meios de comunicação, em sofisticadas propagandas 
comerciais, em todos os lugares e em quase todos os horários. As cervejarias, por 
exemplo, gostam de explorar a imagem da mulher, valendo mais o apelo sexual do que 
qualquer outra dimensão humana. A todo o momento, pela via das propagandas 
comerciais, somos convidados a beber e as propagandas nos dizem que seremos 
melhores, teremos mais sorte e ficaremos mais fortes e alegres e, sobretudo, ficaremos 
mais espertos, chegaremos na frente, se bebermos esta ou aquela marca, este ou aquele 
tipo de bebida, que pode ser a cerveja, o vinho, o uísque ou a cachaça, dentre outras 
tantas à disposição dos gostos e da capacidade aquisitiva dos consumidores. No livro 
Rodas de Fumo, os autores chamam a atenção para o papel exercido pela imprensa a 
partir de meados dos anos 50, enfatizando a característica de “desordeiras” e de “desvio 
de caráter” atribuída às pessoas que usavam maconha. Nesse particular, o papel 
exercido pela mídia foi mais intenso do que as revelações das pesquisas científicas da 
época. Isso foi em grande parte responsável pela maneira como as novas gerações foram 
instruídas sobre esse assunto. 
As propagandas vão se adequando aos valores do momento e mesmo forçando a 
introdução de novos valores à medida que ampliam o mercado entre diferentes 
segmentos populacionais. Foi assim com a introdução, há não muito tempo, de motivos 
infantis, tais como lebre, tartaruga e siris nas propagandas de bebidas alcoólicas, em um 
claro apelo dirigido às pessoas nessa faixa de idade. Outro assunto também importante 
relacionado ao consumo de bebidas alcoólicas é o uso de energéticos. Trata-se de 
produtos cujo princípio ativo é a cafeína. Por serem psicoestimulantes os energéticos 
equilibram o efeito depressor do álcool sobre o sistema nervoso central, possibilitando 
que o indivíduo beba mais e demore mais para perceber os sintomas da embriaguez. 
Outras drogas como maconha, inalantes e crack/cocaína Maconha O uso de maconha 
com propósitos medicinais data de 2.700 a.C. Largamente utilizada na Europa com esse 
propósito, durante os séculos XVIII e XIX, ela foi introduzida no Brasil pelos escravos 
africanos e difundida também entre os indígenas, sendo no início usada com propósitos 
medicinais e nas atividades recreativas, como a pesca, e nas rodas de conversa, nos 
finais de tarde. Nos Estados Unidos, ela já era conhecida pelos índios quando os 
mexicanos a levaram para aquele país. No Brasil, no final do primeiro quarto do século 
XX, segundo descrição de Pernambuco-Filho & Botelho, distinguiam-se duas classes de 
“vícios”: os “vícios elegantes”, que eram o da morfina, da heroína e da cocaína, 
consumidos pelas elites (brancas, em sua maioria) e os “vícios deselegantes”, 
destacando-se o alcoolismo e o maconhismo, próprios das camadas pobres, em geral, 
formadas por negros e seus descendentes. Segundo esses mesmos autores, não tardou 
para que o produto (a maconha) trazido da África viesse a “escravizar a raça opressora”. 
Essas afirmações mostram, além da origem da maconha no país, que, já naquela época, 
ocorria a difusão do seu consumo por todas as classes sociais. A mídia, ao mesmo 
tempo em que nos informa, muitas vezes ultrapassa a sua responsabilidade social, fonte 
de muitos equívocos e desinformações, devido ao seu comprometimento com o 
mercado de anunciantes. Esse é um fato incontestável diante da realidade nacional, 
entretanto permanece no imaginário social a associação “pobre - preto - maconheiro - 
marginal - bandido”, traduzida nas ações policiais dirigidas às pessoas autuadas pelo 
porte de maconha, que na periferia das grandes cidades são muito mais severas do que 
nas áreas mais ricas e socioeconomicamente mais favorecidas. Visto de perto, o uso de 
drogas preenche expectativas e necessidades de um dado momento na cultura, economia 
e condições sociais da vida de um povo. Nas décadas de oitenta e noventa do século 
passado, vários estudos apontavam para um maior uso de inalantes entre crianças e 
adolescentes de minorias étnicas e socialmente menos favorecidas. Dados brasileiros 
sobre o consumo dessas substâncias em crianças de rua da cidade de São Paulo 
indicavam que, das 42 entrevistadas, 38 (90,5%) haviam feito uso na vida e no mês. 
Mais adiante neste mesmo módulo você verá que o uso dessas substâncias entre 
meninos em situação de rua era mais prevalente do que entre estudantes e entre a 
população em geral. Veja agora o quadro de efeitos dos inalantes e as condições de vida 
dos meninos em situação de rua, e conclua por você mesmo o lugar dessas drogas em 
suas vidas: Efeitos dos inalantes: Redução da sensação de fome e de frio; Redução da 
sensação de dor; Produção de sensações agradáveis, inclusive alucinações. Condições 
de vida dos meninos em situação de rua: Fome, frio, desamparo decorrente da vida nas 
ruas; Dor física e sofrimento psíquico decorrentes dos maustratos e de várias formas de 
violência; Privação social, inclusive de parte da própria família. Saiba que: Os inalantes 
mais populares são a cola de sapateiro, esmalte, benzina, lança-perfume, loló, gasolina, 
acetona, tíner, éter, aguarrás e tintas. Hoje, além do consumo de inalantes previamente 
descrito, a incidência do consumo de crack vem aumentando em função das mesmas 
condições de vida nas ruas apontadas acima, evidenciando que essas condições não são 
consequências do uso de uma determinada droga, mas sim que, diante da ausência do 
poder público, da falta de ações voltadas para o cuidado das pessoas, estas buscam, 
dentro do que está ao seu alcance, os meios de sobreviver às adversidades. Cocaína e 
Crack Levantamentos epidemiológicos (dados diretos) e indicadores epidemiológicos 
(dados indiretos), conforme você verá em detalhes mais adiante, têm evidenciado um 
aumento considerável das apreensões de cocaína, no Brasil, a partir dos anos oitenta do 
século passado. Em paralelo, houve um aumento do consumo e com isso a cocaína 
tomou o lugar dos medicamentos como o dextropropoxifeno (Algafan®) e derivados 
anfetamínicos (“bolinhas”; “arrebites”) na preferência dos usuários desse tipo de 
substâncias estimulantes. Veja a seguir outros aspectos culturais relacionados ao uso da 
cocaína, além do lugar que ocupa, como um produto proibido:A cocaína já foi 
comercializada livremente pelo laboratório Bayer, no passado, e enaltecida por suas 
qualidades medicinais. O Manual MERCK, um livro muito utilizado na área de saúde, 
em sua primeira edição no último quarto do século XIX, trazia a indicação de cocaína 
com a dosagem a ser utilizada para situações de cansaço e desânimo. A folha de coca 
tem sido usada milenarmente pelos povos andinos para reduzir a fadiga e o cansaço das 
longas jornadas de trabalho. Em nossa cultura, algumas pessoas fazem uso de cocaína 
para se manterem acordadas e atentas por mais tempo que o habitualmente suportável. 
Um estudo entre adolescentes que procuraram tratamento, na cidade de São Paulo, 
encontrou como principal motivo do uso de cocaína (64,7%) o “alívio do desânimo”. O 
crack, uma forma de cocaína de uso relativamente recente em nosso país, teve os 
primeiros registros científicos de seu consumo no início dos anos noventa, portanto há 
pouco mais de 20 anos. Ela não é uma droga diferente da cocaína, mas a própria cocaína 
preparada para consumo por via inalatória (fumada). A rapidez e intensidade de seus 
efeitos, que se devem à intensa absorção da cocaína existente na fumaça no nível dos 
pulmões, são fatores que favorecem a dependência dessa droga. Você sabe por que o 
consumo de crack tem se expandido tanto em nosso meio? Veja as razões para isso: 
Efeito rápido e intenso; Menor custo, em relação ao pó de cocaína, adequando-se ao 
perfil de baixa renda da maioria de seus consumidores; Fácil utilização, dispensando a 
necessidade do uso de seringas; A forma como é consumido (fumado), algumas vezes 
misturado ao tabaco e à maconha (pistilo, mesclado), chama menos a atenção e é mais 
aceitável socialmente do que o uso de drogas injetáveis; Constitui uma alternativa ao 
uso de drogas injetáveis, em virtude dos riscos associados à infecção por HIV e 
hepatites. E o Oxi? Você se lembra do Oxi? Pois é! Apesar de tão recente, estampado na 
mídia impressa e televisiva como a “nova droga da morte”, já não se fala mais dele. Em 
um primeiro momento o oxi (também chamado de oxidado) foi encontrado no Acre, se 
disseminando por outras regiões do país. Inicialmente o oxi foi classificado como 
diferente do crack por ao invés de conter o bicarbonato de sódio ou amônia conteria 
óxido de cálcio, querosene ou gasolina, sendo mais impuro. Entretanto, após análises 
químicas de amostras de oxi apreendidas pela Polícia Federal e Civil não foram 
encontradas quantidades significantes de óxido de cálcio, gasolina ou querosene. 
Concluiu-se, portanto que o oxi não é uma droga nova, mas sim uma variação da 
conhecida cocaína. Isto pois a grande parte das amostras analisadas foram classificadas 
como pasta base de cocaína (produto mais “cru” e bruto, que pode ser fumado) ou 
cocaína base (uma versão da pasta base de cocaína tratada para se retirar algumas 
impurezas, portanto mais cara para o usuário). Como, se o princípio ativo é o mesmo, a 
cocaína? O terreno do uso de drogas é muito fértil para ideologias e informações 
equivocadas. É preciso privilegiar as informações cientificamente documentadas, pois a 
demonização do uso de drogas leva consigo os seus usuários, aumentando o estigma e a 
exclusão social dessas pessoas (Tarcisio Andrade, 2011). Esteroides anabolizantes A 
crescente valorização do corpo nas sociedades de consumo pós-industriais – refletida 
nos meios de comunicação de massa, que expõem como modelo de corpo ideal e de 
masculinidade um corpo inflado de músculos – tem possivelmente contribuído para que 
um número crescente de jovens envolva-se com o uso de esteroides anabolizantes, na 
intenção de rapidamente desenvolver massa muscular. Quais são as principais 
motivações evidenciadas pelas pesquisas para o consumo de anabolizantes em nosso 
país? Confira no quadro a seguir os dados de uma pesquisa em Salvador (Iriart & 
Andrade, 2002; Iriart, Chaves & Orleans, 2009). Estudos conduzidos na cidade de 
Salvador apontaram que o uso de esteroides anabolizantes está bastante associado à 
motivação estética. Em muitas situações há uma insatisfação com o corpo, 
especialmente quando em comparação ao apontado pela mídia como “corpo ideal”, 
motivando ou incrementando o consumo pelos jovens. Por medo da rejeição social e na 
busca do ideal ostentado pelos meios de comunicação, muitas pessoas buscam no 
consumo de esteroides anabolizantes uma forma de atingir rapidamente resultados na 
mudança corporal. Em contrapartida, ainda existe falta de informação entre jovens 
praticantes de musculação sobre os prejuízos à saúde associados ao consumo de 
esteroides anabolizantes. Por outro lado, entre alguns, a busca pelo “corpo ideal” acaba 
se sobrepondo à percepção dos riscos presentes no consumo da substância. O uso de 
drogas na forma de automedicação Essa é outra marca da nossa cultura. É bastante 
comum que o uso de drogas, sejam elas lícitas ou ilícitas, se constitua, em parte, em 
uma forma de automedicação ou prescrição informal, o que é tão bem exemplificado 
pela existência das farmácias domésticas e pelo frequente uso de medicações por 
indicação de familiares, vizinhos e amigos. Essa situação é favorecida, entre outras 
razões, pela dificuldade de acesso aos serviços de saúde, por uma parcela expressiva de 
nossa população. Outro fator importante que contribui para a automedicação é a falta de 
modelos saudáveis de identificação, ou seja, de famílias, escolas e outras instituições 
que sirvam de exemplos a serem seguidos. Essa falta de suportes identificatórios 
propicia uma alquimia própria guiada pela busca do autocontrole das sensações, na 
tentativa de resolver sozinho os próprios problemas, inclusive as angústias existenciais. 
Desse modo, alguns bebem para relaxar e, se começam a ficar “de porre”, “cheiram” 
(cocaína) e/ou usam “energéticos” para “levantar a moral” e, ao final da jornada, por 
não conseguirem conciliar o sono, fazem uso de um tranquilizante. Trata-se de uma 
busca de autocontrole das sensações às custas de um conhecimento farmacológico, 
absolutamente informal, e por isso, mais exposto a riscos, inclusive de morte, como não 
raro ocorre na situação de uso de múltiplas drogas, como no caso acima, no qual as 
quatro drogas mencionadas têm efeito sobre o funcionamento cardíaco. Esse controle de 
si, e por si mesmo, associado ao controle social existente no pequeno grupo, na 
comunidade, na sociedade como um todo, tem sido desconsiderado pelas políticas 
públicas, sobretudo por aquelas pautadas na repressão, centralizadas na droga e que 
reduzem a pessoa que usa droga ao produto que consome. Saiba que: Essas informações 
podem ajudar você, profissional de saúde, a refletir de modo mais realista sobre o uso 
de drogas, tornando menos árduas e mais eficazes suas intervenções dirigidas aos 
usuários dessas substâncias. 
 
Bibliografia 
BRASIL, O uso de substâncias psicoativas no Brasil: módulo 1. – 7. ed. – 
Brasília : Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas, 2014. 140 p. – (SUPERA: 
Sistema para detecção do Uso abusivo e dependência de substâncias Psicoativas: 
Encaminhamento, intervenção breve, Reinserção social e Acompanhamento / 
coordenação [da] 7. ed. Maria Lucia Oliveira de Souza Formigoni) 
 
 
 
 
 
 
CAPÌTULO 3: DIAGNÓSTICO E AVALIAÇÃO DO USUÁRIO (DSM V) 
 
 
DSM V 
O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (Diagnostic and 
Statistical Manual of Mental Disorders – DSM) é um manual para profissionais da 
área da saúde mental que lista diferentes categorias de transtornos mentais e critérios 
para diagnosticá-los, de acordo com a Associação Americana de Psiquiatria (American 
Psychiatric Association - APA). 
Esta sua quinta revisão foi publicada em publicado em 18 de maio de 2013 e é a 
versão atual do manual. 
Os “Transtornos relacionados a substâncias” abrangem dez classes distintas de 
drogas: álcool; cafeína; cannabis; alucinógenos;inalantes; opioides; sedativos, 
hipnóticos e ansiolíticos; estimulantes; tabaco; e outras substâncias. O DSM-V 
removeu a divisão feita pelo DSM-IV entre os diagnósticos de abuso e dependência de 
substâncias reunindo-os como “Transtorno por uso de substâncias”. A dependência de 
substâncias sofreu importantes modificações. “Em primeiro lugar, a dicotomia 
entre os diagnóstico de abuso e de dependência de substâncias deixou de existir. Além 
disso, a história de problemas com a lei em decorrência do uso de substâncias não faz 
mais parte dos 11 critérios diagnósticos. Em seu lugar, entrou a presença de fissura 
(craving)”. 
Assim, pela nova classificação, o paciente pode ter os seguintes diagnósticos: 
 - dependência leve - presença de dois ou três dos onze critérios por um período de um 
ano 
 - dependência moderada - presença de quatro ou cinco dos onze critérios por um 
período de um ano 
 - dependência grave - presença de mais de seis dos onze critérios por um período de 
um ano 
Os 11 critérios são: 
- uso em quantidades maiores ou por mais tempo que o planejado 
 - desejo persistente ou incapacidade de controlar o desejo 
 - gasto importante de tempo em atividades para obter a substância 
 - fissura importante 
 - deixar de desempenhar atividades sociais, ocupacionais ou familiares devido ao uso 
 - continuar o uso apesar de apresentar problemas sociais ou interpessoais 
 - restrição do repertório de vida em função do uso 
 - manutenção do uso apesar de prejuízos físicos 
 - uso em situações de exposição a risco 
 - tolerância 
 - abstinência 
Outra novidade foi a inclusão da síndrome de abstinência de maconha e de 
cafeína entre os transtornos induzidos pelo uso de substâncias. 
O “Transtorno por uso de substâncias” somou os antigos critérios para abuso e 
dependência conservando-os com mínimas alterações: a exclusão de “problemas legais 
recorrentes relacionados à substância” e inclusão de “craving ou um forte desejo ou 
impulso de usar uma substância”. O diagnóstico passou a ser acompanhado de critérios 
para Intoxicação, Abstinência, “Transtorno induzido por medicação/substância” e 
“Transtornos induzidos por substância não especificados”. 
O dsm-5 exige dois ou mais critérios para o diagnóstico de “Transtorno por uso de 
substâncias” e a gravidade do quadro passou a ser classificada de acordo com o número 
de critérios preenchidos: dois ou três critérios indicam um transtorno leve, quatro ou 
cinco indicam um distúrbio moderado e seis ou mais critérios indicam um transtorno 
grave. 
O “Transtorno por uso de nicotina” foi substituí- do pelo “Transtorno por uso de 
tabaco”. O dsm-5 removeu os especificadores “com dependência fisiológica /sem 
dependência fisiológica” e reorganizou os especificadores de remissão, reconhecendo 
como “Remissão precoce” um período de pelo menos três meses no qual nenhum dos 
critérios para o uso da substância (exceto o desejo) é atendido e “Remissão sustentada” 
quando o período é superior a doze meses. O manual também incluiu os especificadores 
que descrevem indivíduos “em um Ambiente Controlado” e aqueles que estão “em 
Terapia de manutenção”. 
Todos os transtornos por uso de substâncias atenderão as seguintes sessões: 
• Transtorno por uso de ... 
• Intoxicação por ... 
• Abstinência de ... 
• Outros Transtornos induzidos por... 
• Transtorno Relacionado a ... Não especificado 
 
CAPÌTULO 4: ASPECTOS ÉTICOS E LEGAIS DO TRATAMENTO DE 
USUÁRIOS DE DROGAS 
 
Nesta aula, você conhecerá os aspectos éticos do tratamento de usuários de drogas 
também conhecerá os aspectos legais do tratamento de usuários de drogas 
 
 
 
Presidência da República 
Casa Civil 
Subchefia para Assuntos Jurídicos 
LEI Nº 11.343, DE 23 DE AGOSTO DE 2006. 
 
 
Institui o Sistema Nacional de 
Políticas Públicas sobre Drogas - Sisnad; 
prescreve medidas para prevenção do uso 
indevido, atenção e reinserção social de 
usuários e dependentes de drogas; 
estabelece normas para repressão à 
produção não autorizada e ao tráfico ilícito 
de drogas; define crimes e dá outras 
providências. 
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA 
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: 
http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%2011.343-2006?OpenDocument
TÍTULO I 
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES 
Art. 1o Esta Lei institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas - 
Sisnad; prescreve medidas para prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social 
de usuários e dependentes de drogas; estabelece normas para repressão à produção não 
autorizada e ao tráfico ilícito de drogas e define crimes. 
Parágrafo único. Para fins desta Lei, consideram-se como drogas as substâncias 
ou os produtos capazes de causar dependência, assim especificados em lei ou 
relacionados em listas atualizadas periodicamente pelo Poder Executivo da União. 
Art. 2o Ficam proibidas, em todo o território nacional, as drogas, bem como o 
plantio, a cultura, a colheita e a exploração de vegetais e substratos dos quais possam 
ser extraídas ou produzidas drogas, ressalvada a hipótese de autorização legal ou 
regulamentar, bem como o que estabelece a Convenção de Viena, das Nações Unidas, 
sobre Substâncias Psicotrópicas, de 1971, a respeito de plantas de uso estritamente 
ritualístico-religioso. 
Parágrafo único. Pode a União autorizar o plantio, a cultura e a colheita dos 
vegetais referidos no caput deste artigo, exclusivamente para fins medicinais ou 
científicos, em local e prazo predeterminados, mediante fiscalização, respeitadas as 
ressalvas supramencionadas. 
TÍTULO II 
DO SISTEMA NACIONAL DE POLÍTICAS PÚBLICAS SOBRE DROGAS 
Art. 3o O Sisnad tem a finalidade de articular, integrar, organizar e coordenar as 
atividades relacionadas com: 
I - a prevenção do uso indevido, a atenção e a reinserção social de usuários e 
dependentes de drogas; 
II - a repressão da produção não autorizada e do tráfico ilícito de drogas. 
CAPÍTULO I 
DOS PRINCÍPIOS E DOS OBJETIVOS 
DO SISTEMA NACIONAL DE POLÍTICAS PÚBLICAS SOBRE DROGAS 
Art. 4o São princípios do Sisnad: 
I - o respeito aos direitos fundamentais da pessoa humana, especialmente quanto à 
sua autonomia e à sua liberdade; 
II - o respeito à diversidade e às especificidades populacionais existentes; 
III - a promoção dos valores éticos, culturais e de cidadania do povo brasileiro, 
reconhecendo-os como fatores de proteção para o uso indevido de drogas e outros 
comportamentos correlacionados; 
IV - a promoção de consensos nacionais, de ampla participação social, para o 
estabelecimento dos fundamentos e estratégias do Sisnad; 
V - a promoção da responsabilidade compartilhada entre Estado e Sociedade, 
reconhecendo a importância da participação social nas atividades do Sisnad; 
VI - o reconhecimento da intersetorialidade dos fatores correlacionados com o uso 
indevido de drogas, com a sua produção não autorizada e o seu tráfico ilícito; 
VII - a integração das estratégias nacionais e internacionais de prevenção do uso 
indevido, atenção e reinserção social de usuários e dependentes de drogas e de repressão 
à sua produção não autorizada e ao seu tráfico ilícito; 
VIII - a articulação com os órgãos do Ministério Público e dos Poderes 
Legislativo e Judiciário visando à cooperação mútua nas atividades do Sisnad; 
IX - a adoção de abordagem multidisciplinar que reconheça a interdependência e a 
natureza complementar das atividades de prevenção do uso indevido, atenção e 
reinserção social de usuários e dependentes de drogas, repressão da produção não 
autorizada e do tráfico ilícito de drogas; 
X - a observância do equilíbrio entre as atividades de prevenção do uso indevido, 
atenção e reinserção social de usuários e dependentes de drogas e de repressão à sua 
produção não autorizada e ao seu tráfico ilícito, visando a garantir a estabilidade e o 
bem-estar social; 
XI - a observânciaàs orientações e normas emanadas do Conselho Nacional 
Antidrogas - Conad. 
Art. 5o O Sisnad tem os seguintes objetivos: 
I - contribuir para a inclusão social do cidadão, visando a torná-lo menos 
vulnerável a assumir comportamentos de risco para o uso indevido de drogas, seu 
tráfico ilícito e outros comportamentos correlacionados; 
II - promover a construção e a socialização do conhecimento sobre drogas no país; 
III - promover a integração entre as políticas de prevenção do uso indevido, 
atenção e reinserção social de usuários e dependentes de drogas e de repressão à sua 
produção não autorizada e ao tráfico ilícito e as políticas públicas setoriais dos órgãos 
do Poder Executivo da União, Distrito Federal, Estados e Municípios; 
IV - assegurar as condições para a coordenação, a integração e a articulação das 
atividades de que trata o art. 3o desta Lei. 
CAPÍTULO II 
DA COMPOSIÇÃO E DA ORGANIZAÇÃO 
DO SISTEMA NACIONAL DE POLÍTICAS PÚBLICAS SOBRE DROGAS 
Art. 6o (VETADO) 
Art. 7o A organização do Sisnad assegura a orientação central e a execução 
descentralizada das atividades realizadas em seu âmbito, nas esferas federal, distrital, 
estadual e municipal e se constitui matéria definida no regulamento desta Lei. 
Art. 8o (VETADO) 
CAPÍTULO III 
(VETADO) 
Art. 9o (VETADO) 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/Msg/Vep/VEP-724-06.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/Msg/Vep/VEP-724-06.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/Msg/Vep/VEP-724-06.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/Msg/Vep/VEP-724-06.htm
Art. 10. (VETADO) 
Art. 11. (VETADO) 
Art. 12. (VETADO) 
Art. 13. (VETADO) 
Art. 14. (VETADO) 
CAPÍTULO IV 
DA COLETA, ANÁLISE E DISSEMINAÇÃO DE INFORMAÇÕES 
SOBRE DROGAS 
Art. 15. (VETADO) 
Art. 16. As instituições com atuação nas áreas da atenção à saúde e da assistência 
social que atendam usuários ou dependentes de drogas devem comunicar ao órgão 
competente do respectivo sistema municipal de saúde os casos atendidos e os óbitos 
ocorridos, preservando a identidade das pessoas, conforme orientações emanadas da 
União. 
Art. 17. Os dados estatísticos nacionais de repressão ao tráfico ilícito de drogas 
integrarão sistema de informações do Poder Executivo. 
TÍTULO III 
DAS ATIVIDADES DE PREVENÇÃO DO USO INDEVIDO, ATENÇÃO E 
REINSERÇÃO SOCIAL DE USUÁRIOS E DEPENDENTES DE DROGAS 
CAPÍTULO I 
DA PREVENÇÃO 
Art. 18. Constituem atividades de prevenção do uso indevido de drogas, para 
efeito desta Lei, aquelas direcionadas para a redução dos fatores de vulnerabilidade e 
risco e para a promoção e o fortalecimento dos fatores de proteção. 
Art. 19. As atividades de prevenção do uso indevido de drogas devem observar os 
seguintes princípios e diretrizes: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/Msg/Vep/VEP-724-06.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/Msg/Vep/VEP-724-06.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/Msg/Vep/VEP-724-06.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/Msg/Vep/VEP-724-06.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/Msg/Vep/VEP-724-06.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/Msg/Vep/VEP-724-06.htm
I - o reconhecimento do uso indevido de drogas como fator de interferência na 
qualidade de vida do indivíduo e na sua relação com a comunidade à qual pertence; 
II - a adoção de conceitos objetivos e de fundamentação científica como forma de 
orientar as ações dos serviços públicos comunitários e privados e de evitar preconceitos 
e estigmatização das pessoas e dos serviços que as atendam; 
III - o fortalecimento da autonomia e da responsabilidade individual em relação ao 
uso indevido de drogas; 
IV - o compartilhamento de responsabilidades e a colaboração mútua com as 
instituições do setor privado e com os diversos segmentos sociais, incluindo usuários e 
dependentes de drogas e respectivos familiares, por meio do estabelecimento de 
parcerias; 
V - a adoção de estratégias preventivas diferenciadas e adequadas às 
especificidades socioculturais das diversas populações, bem como das diferentes drogas 
utilizadas; 
VI - o reconhecimento do “não-uso”, do “retardamento do uso” e da redução de 
riscos como resultados desejáveis das atividades de natureza preventiva, quando da 
definição dos objetivos a serem alcançados; 
VII - o tratamento especial dirigido às parcelas mais vulneráveis da população, 
levando em consideração as suas necessidades específicas; 
VIII - a articulação entre os serviços e organizações que atuam em atividades de 
prevenção do uso indevido de drogas e a rede de atenção a usuários e dependentes de 
drogas e respectivos familiares; 
IX - o investimento em alternativas esportivas, culturais, artísticas, profissionais, 
entre outras, como forma de inclusão social e de melhoria da qualidade de vida; 
X - o estabelecimento de políticas de formação continuada na área da prevenção 
do uso indevido de drogas para profissionais de educação nos 3 (três) níveis de ensino; 
XI - a implantação de projetos pedagógicos de prevenção do uso indevido de 
drogas, nas instituições de ensino público e privado, alinhados às Diretrizes Curriculares 
Nacionais e aos conhecimentos relacionados a drogas; 
XII - a observância das orientações e normas emanadas do Conad; 
XIII - o alinhamento às diretrizes dos órgãos de controle social de políticas 
setoriais específicas. 
Parágrafo único. As atividades de prevenção do uso indevido de drogas dirigidas 
à criança e ao adolescente deverão estar em consonância com as diretrizes emanadas 
pelo Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente - Conanda. 
CAPÍTULO II 
DAS ATIVIDADES DE ATENÇÃO E DE REINSERÇÃO SOCIAL 
DE USUÁRIOS OU DEPENDENTES DE DROGAS 
Art. 20. Constituem atividades de atenção ao usuário e dependente de drogas e 
respectivos familiares, para efeito desta Lei, aquelas que visem à melhoria da qualidade 
de vida e à redução dos riscos e dos danos associados ao uso de drogas. 
Art. 21. Constituem atividades de reinserção social do usuário ou do dependente 
de drogas e respectivos familiares, para efeito desta Lei, aquelas direcionadas para sua 
integração ou reintegração em redes sociais. 
Art. 22. As atividades de atenção e as de reinserção social do usuário e do 
dependente de drogas e respectivos familiares devem observar os seguintes princípios e 
diretrizes: 
I - respeito ao usuário e ao dependente de drogas, independentemente de 
quaisquer condições, observados os direitos fundamentais da pessoa humana, os 
princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde e da Política Nacional de Assistência 
Social; 
II - a adoção de estratégias diferenciadas de atenção e reinserção social do usuário 
e do dependente de drogas e respectivos familiares que considerem as suas 
peculiaridades socioculturais; 
III - definição de projeto terapêutico individualizado, orientado para a inclusão 
social e para a redução de riscos e de danos sociais e à saúde; 
IV - atenção ao usuário ou dependente de drogas e aos respectivos familiares, 
sempre que possível, de forma multidisciplinar e por equipes multiprofissionais; 
V - observância das orientações e normas emanadas do Conad; 
VI - o alinhamento às diretrizes dos órgãos de controle social de políticas setoriais 
específicas. 
Art. 23. As redes dos serviços de saúde da União, dos Estados, do Distrito 
Federal, dos Municípios desenvolverão programas de atenção ao usuário e ao 
dependente de drogas, respeitadas as diretrizes do Ministério da Saúde e os princípios 
explicitados no art. 22 desta Lei, obrigatória a previsão orçamentária adequada. 
Art. 24. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão 
conceder benefícios às instituições privadas que desenvolverem programas de 
reinserção no mercado de trabalho, do usuário e do dependente de drogas encaminhadospor órgão oficial. 
Art. 25. As instituições da sociedade civil, sem fins lucrativos, com atuação nas 
áreas da atenção à saúde e da assistência social, que atendam usuários ou dependentes 
de drogas poderão receber recursos do Funad, condicionados à sua disponibilidade 
orçamentária e financeira. 
Art. 26. O usuário e o dependente de drogas que, em razão da prática de infração 
penal, estiverem cumprindo pena privativa de liberdade ou submetidos a medida de 
segurança, têm garantidos os serviços de atenção à sua saúde, definidos pelo respectivo 
sistema penitenciário. 
CAPÍTULO III 
DOS CRIMES E DAS PENAS 
Art. 27. As penas previstas neste Capítulo poderão ser aplicadas isolada ou 
cumulativamente, bem como substituídas a qualquer tempo, ouvidos o Ministério 
Público e o defensor. 
Art. 28. Quem adquirir guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, 
para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação 
legal ou regulamentar será submetido às seguintes penas: 
I - advertência sobre os efeitos das drogas; 
II - prestação de serviços à comunidade; 
III - medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo. 
§ 1o Às mesmas medidas submete-se quem, para seu consumo pessoal, semeia, 
cultiva ou colhe plantas destinadas à preparação de pequena quantidade de substância 
ou produto capaz de causar dependência física ou psíquica. 
§ 2o Para determinar se a droga destinava-se a consumo pessoal, o juiz atenderá à 
natureza e à quantidade da substância apreendida, ao local e às condições em que se 
desenvolveu a ação, às circunstâncias sociais e pessoais, bem como à conduta e aos 
antecedentes do agente. 
§ 3o As penas previstas nos incisos II e III do caput deste artigo serão aplicadas 
pelo prazo máximo de 5 (cinco) meses. 
§ 4o Em caso de reincidência, as penas previstas nos incisos II e III do caput deste 
artigo serão aplicadas pelo prazo máximo de 10 (dez) meses. 
§ 5o A prestação de serviços à comunidade será cumprida em programas 
comunitários, entidades educacionais ou assistenciais, hospitais, estabelecimentos 
congêneres, públicos ou privados sem fins lucrativos, que se ocupem, 
preferencialmente, da prevenção do consumo ou da recuperação de usuários e 
dependentes de drogas. 
§ 6o Para garantia do cumprimento das medidas educativas a que se refere o 
caput, nos incisos I, II e III, a que injustificadamente se recuse o agente, poderá o juiz 
submetê-lo, sucessivamente a: 
I - admoestação verbal; 
II - multa. 
§ 7o O juiz determinará ao Poder Público que coloque à disposição do infrator, 
gratuitamente, estabelecimento de saúde, preferencialmente ambulatorial, para 
tratamento especializado. 
Art. 29. Na imposição da medida educativa a que se refere o inciso II do § 6o do 
art. 28, o juiz, atendendo à reprovabilidade da conduta, fixará o 
 
.CAPÌTULO 5: ABORDAGENS TERAPÊUTICAS 
 
A seguir um texto do INCA sobre TRATAMENTO DO TABAGISMO 
como exemplo de uma abordagem terapêutica de sucesso no Brasil acessado em 
18/07/2016 no site: 
http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/acoes_programas/site/home/nobrasil/progra
ma-nacional-controle-tabagismo/tratamento-do-tabagismo 
 
Por que as pessoas fumam? 
A nicotina, presente em qualquer derivado do tabaco é considerada droga por 
possuir propriedades psicoativas, ou seja, ao ser inalada produz alteração no sistema 
nervoso central, trazendo modificação no estado emocional e comportamental do 
usuário que pode induzir ao abuso e dependência. O quadro de dependência resulta em 
tolerância, abstinência e comportamento compulsivo para consumir a droga, 
estabelecendo-se assim um padrão de auto-administração caracterizado pela 
necessidade tanto física quanto psicológica da substância, apesar do conhecimento de 
seus efeitos prejudiciais à saúde. 
Muitos são os fatores que podem levar a pessoa a experimentar drogas, já que é 
histórica a tendência humana de buscar formas de alterar sua consciência de modo a 
produzir prazer e modificar seu humor. De maneira geral a possibilidade do encontro 
com a droga se dá na adolescência, fase caracterizada por muitas transformações físicas 
e emocionais , angústias e busca de respostas. 
Dependendo da suscetibilidade individual, alguns fatores serão decisivos para 
estimular o indivíduo atender a essa tendência humana de buscar nas drogas o alívio 
para suas tensões, tais como a aceitação social de uma determinada substância, seu fácil 
acesso, uso da droga por pessoas que tenham papel de modelos de comportamento. 
Portanto, a sociedade pode contribuir de maneira significativa para que o acesso ao uso 
seja estimulado, causando adoecimentos em larga escala. 
No caso do tabagismo vale destacar o papel que a publicidade exerceu e exerce 
na adoção do consumo de derivados do tabaco, especialmente cigarro. A publicidade 
veiculada pelas indústrias aliou as demandas sociais e as fantasias dos diferentes grupos 
(adolescentes, jovens, mulheres, faixas economicamente mais pobres e com menor nível 
de escolaridade, entre outras.) ao uso do cigarro. A manipulação psicológica embutida 
na publicidade de cigarros procura criar a impressão, principalmente entre os 
adolescentes e jovens, de que o tabagismo é muito mais comum e socialmente aceito do 
que é na realidade. Para isso, utiliza a imagem de ídolos e modelos de comportamento 
de determinado público-alvo, portando cigarros ou fumando-os, ou seja, uma forma 
indireta de publicidade que ainda tem forte influência no comportamento tanto dos 
adolescentes e jovens quanto dos adultos. A publicidade direta era feita por veículos de 
comunicação de massa, por anúncios atraentes e bem produzidos, o que está proibido 
no Brasil desde 1996. 
O reconhecimento do papel da publicidade na adesão de novos consumidores de 
tabaco, fez com que ações legislativas fossem instituídas a fim de desestimular a 
iniciação ao uso como a Lei nº 9.294, de 15 de julho de 1996 que em seu artigo 3º 
determina: "(...) é vedada, em todo o território nacional, a propaganda comercial de 
cigarros, cigarrilhas, charutos, cachimbos ou qualquer outro produto fumígeno, derivado 
ou não do tabaco, com exceção apenas da exposição dos referidos produtos nos locais 
de vendas, desde que acompanhada das cláusulas de advertência (Redação dada pela Lei 
nº 12.546, de 2011). Dessa forma, a propaganda comercial dos produtos referidos nesse 
artigo deverá ajustar-se às seguintes diretrizes: não sugerir o consumo exagerado ou 
irresponsável, nem a indução ao bem-estar ou saúde, ou fazer associação a celebrações 
cívicas ou religiosas; não induzir as pessoas ao consumo, atribuindo aos produtos 
propriedades calmantes ou estimulantes, que reduzam a fadiga ou a tensão, ou qualquer 
efeito similar; não associar ideias ou imagens de maior êxito na sexualidade das 
pessoas, insinuando o aumento de virilidade ou feminilidade de pessoas fumantes; não 
associar o uso do produto à prática de atividades esportivas, olímpicas ou não, nem 
sugerir ou induzir seu consumo em locais ou situações perigosas, abusivas ou ilegais; 
não empregar imperativos que induzam diretamente ao consumo; não incluir a 
participação de crianças ou adolescentes. [1] 
Além disso, pais ou responsáveis, parentes, professores, ídolos e amigos também 
exercem uma grande influência. O consumo de tabaco pelos pais ou responsáveis e a 
atitude permissiva desses diante do uso por seus filhos promovem a aceitação social do 
tabaco entre as crianças, adolescentes e jovens e contribuem para incentivar o uso. [1] 
Os resultados da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (IBGE, 2012) mostraram que 
29,8% dos estudantes brasileiros que frequentavam o 9º ano do Ensino Fundamental 
informaram que pelo menos um dos responsáveis era fumante. [2] 
Outro fator que pode explicar o grande número de adolescentes fumantes é a 
venda ilegal de cigarros e outros produtos derivados do tabaco amenores de 18 anos. 
Dados da Vigilância do Tabagismo em Escolares (VIGESCOLA, 2002 - 2009) [3] 
informam que a maioria dos adolescentes que participou da pesquisa afirmou nunca ter 
sido impedida de comprar cigarros em lojas em função da idade. Além disso, quanto à 
forma de aquisição do cigarro (por unidade ou por maço), chama atenção a alta 
prevalência de adolescentes que compraram cigarro por varejo (unidade) de forma 
ilegal, em todas as cidades analisadas. Esses fatores podem estar contribuindo para a 
experimentação do cigarro e o início do fumo entre os adolescentes. 
Os resultados das medidas de restrição à publicidade no controle do tabagismo 
em vários países mostram que esse é um instrumento legítimo e necessário para a 
redução do consumo, associado à medidas legislativas, econômicas e educativas, entre 
outras. 
Quer parar de fumar? 
Equivocadamente muitas pessoas acreditam que o tabagista é um “viciado”, 
“sem força de vontade”, “que não deixa de fumar porque não quer”. Não é isso. Na 
verdade quem fuma sofre de dependência química, ou seja, é alguém que ao tentar 
deixar de fumar, se defronta com grandes desconfortos físicos e psicológicos que 
http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/acoes_programas/site/home/nobrasil/programa-nacional-controle-tabagismo/tratamento-do-tabagismo#referencias
http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/acoes_programas/site/home/nobrasil/programa-nacional-controle-tabagismo/tratamento-do-tabagismo#referencias
http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/acoes_programas/site/home/nobrasil/programa-nacional-controle-tabagismo/tratamento-do-tabagismo#referencias
http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/acoes_programas/site/home/nobrasil/programa-nacional-controle-tabagismo/tratamento-do-tabagismo#referencias
trazem sofrimento, e que pode impor a necessidade de várias tentativas até que 
finalmente consiga abandonar o tabaco. Entender o que acontece com o tabagista e suas 
tentativas de parar de fumar é fundamental para que se possa ter a real dimensão do 
problema. Portanto, se você quer parar de fumar comece escolhendo uma data para ser o 
seu primeiro dia sem cigarro. Este dia não precisa ser um dia de sofrimento. Faça dele 
uma ocasião especial e procure programar outra coisa que goste de fazer para se distrair 
e relaxar. 
Se não consegue parar de fumar sozinho procure um tratamento especializado. 
Para informações mais detalhadas, favor consultar a Coordenação de Controle do 
Tabagismo da sua Secretaria Estadual e/ou Municipal de Saúde. 
Abordagem 
Fumar é um comportamento extremamente reforçado diariamente. A abordagem 
tendo por base o modelo cognitivo comportamental é a técnica recomendada para o 
tratamento do tabagista, tendo como premissa básica o entendimento de que o ato de 
fumar é um comportamento aprendido, desencadeado e mantido por determinadas 
situações e emoções, que leva a dependência devido às propriedades psicoativas da 
nicotina. O tratamento objetiva, portanto, a aprendizagem de um novo comportamento, 
através da promoção de mudanças nas crenças e desconstrução de vinculações 
comportamentais ao ato de fumar, combinando intervenções cognitivas 
com treinamento de habilidades comportamentais. 
Apoio medicamentoso 
O uso de medicamentos tem um papel bem definido no processo de cessação do 
tabagismo, que é o de minimizar os sintomas da síndrome de abstinência à nicotina, 
facilitando a abordagem intensiva do tabagista [5]. Medicamentos não devem ser 
utilizados isoladamente, e sim em associação com uma boa abordagem. Dessa forma, o 
tabagista sente menos ânsia ao parar de fumar, e se sente mais confiante para por em 
prática as orientações recebidas durante as sessões da abordagem intensiva [6], [7], [8], 
[9]. 
Os medicamentos disponibilizados pelo Ministério da Saúde para o tratamento 
do tabagismo na Rede do SUS são os seguintes: Terapia de Reposição de Nicotina, 
http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/acoes_programas/site/home/nobrasil/programa-nacional-controle-tabagismo/tratamento-do-tabagismo#referencias
http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/acoes_programas/site/home/nobrasil/programa-nacional-controle-tabagismo/tratamento-do-tabagismo#referencias
http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/acoes_programas/site/home/nobrasil/programa-nacional-controle-tabagismo/tratamento-do-tabagismo#referencias
http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/acoes_programas/site/home/nobrasil/programa-nacional-controle-tabagismo/tratamento-do-tabagismo#referencias
http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/acoes_programas/site/home/nobrasil/programa-nacional-controle-tabagismo/tratamento-do-tabagismo#referencias
através do adesivo transdérmico, goma de mascar e pastilha, e o Cloridrato de 
Bupropiona. 
 
Abstinência 
Considerada uma droga bastante danosa, a nicotina atua no sistema nervoso 
central como a cocaína, heroína, álcool, com uma diferença: leva entre 7 a 19 segundos 
para chegar ao cérebro. É normal, portanto, que, ao parar de fumar, os primeiros dias 
sem cigarros sejam os mais difíceis, porém as dificuldades tendem a ser menores com o 
tempo. 
Quando o fumante para de fumar, pode apresentar alguns sintomas 
desagradáveis, tais como: dor de cabeça, tonteira, irritabilidade, agressividade, alteração 
do sono, dificuldade de concentração, tosse, indisposição gástrica e outros. Esses 
sintomas caracterizam a síndrome de abstinência da nicotina, porém, não acontecem 
com todos os fumantes que param de fumar. Quando acontecem, tendem a desaparecer 
em uma a duas semanas (alguns casos podem chegar a 4 semanas). 
Alguns dos sintomas, como dor de cabeça, tonteira e tosse são sinais do 
restabelecimento do organismo. O sintoma mais intenso, e mais difícil de se lidar, é a 
chamada “fissura” (grande vontade em fumar). É importante saber que a “fissura” 
geralmente não dura mais que 5 minutos, e tende a ficar mais tempo que os outros 
sintomas. Porém, ela vai reduzindo gradativamente a sua intensidade e aumentando o 
intervalo entre um episódio e outro. 
 
Recaída 
A recaída se caracteriza pelo retorno ao consumo de cigarros após parar de 
fumar. Na condição de tabagista o paciente vai ao longo de sua vida estabelecendo 
associações com seu cotidiano e o comportamento de fumar. Ao deixar de fumar e 
realizar determinadas ações que se tornaram condicionamentos, o desejo de fumar 
poderá surgir e a recaída ocorrer. 
A manutenção de uma mudança pode exigir a construção de um conjunto de 
habilidades e estratégias diferentes daquelas que foram inicialmente necessárias para a 
obtenção da mudança. Se a recaída ocorrer não deve ser encarada como fracasso. 
Comece tudo novamente e procure ficar mais atento ao que fez você voltar a fumar. Dê-
se várias chances até conseguir. 
Aumento de peso 
A preocupação com o ganho de peso é uma das maiores barreiras para que 
alguns fumantes tomem a decisão de parar de fumar, ou recaiam após terem parado de 
fumar. É importante entender que geralmente o ganho de peso após a cessação do 
tabagismo é temporário, sendo que na maioria dos casos, ocorre nos primeiros meses 
pós-cessação. 
Portanto, se a fome aumentar, não se assuste, é normal um ganho de peso, pois 
seu paladar vai melhorando e o metabolismo se normalizando. 
De qualquer forma, procure não comer mais do que o de costume. Evite doces e 
alimentos gordurosos. Mantenha uma dieta equilibrada com alimentos naturais e de 
baixa caloria, frutas, verduras e legumes. Faça atividade física, pois ajuda no controle 
do peso. Beba sempre muito líquido, de preferência água e sucos naturais. No início, 
evite café e bebidas alcoólicas, pois eles estimulam a vontade de fumar. 
 
Benefícios 
Parar de fumar sempre vale a pena em qualquer momento da vida, mesmo que o 
fumante já esteja com alguma doença causada pelo cigarro, tais como câncer, enfisema 
ou derrame. A qualidade de vida melhora muito ao parar de fumar. Veja o que acontece 
se você parar de fumar agora: 
Após20 minutos, a pressão sanguínea e a pulsação voltam ao normal. 
 Após 2 horas, não há mais nicotina circulando no sangue. 
 Após 8 horas, o nível de oxigênio no sangue se normaliza. 
 Após 12 a 24 horas, os pulmões já funcionam melhor. 
 Após 2 dias, o olfato já percebe melhor os cheiros e o paladar já degusta melhor 
a comida. 
 Após 3 semanas, a respiração se torna mais fácil e a circulação melhora. 
 Após 1 ano, o risco de morte por infarto do miocárdio é reduzido à metade. 
 Após 10 anos, o risco de sofrer infarto será igual ao das pessoas que nunca 
fumaram. 
Quanto mais cedo você parar de fumar menor o risco de adoecer. 
Rede de Tratamento do tabagismo no SUS 
O INCA é o órgão do Ministério da Saúde responsável pelo Programa Nacional 
de Controle do Tabagismo (PNCT) e pela articulação da Rede de Tratamento do 
Tabagismo no SUS, em parceria com Estados e Municípios e Distrito Federal. A Rede 
foi organizada, seguindo a lógica de descentralização do SUS para que houvesse o 
gerenciamento regional do Programa tendo como premissa a intersetorialidade e a 
integralidade das ações. Cabe lembrar que desde 1989, o INCA desenvolve ações 
voltadas para o tratamento do tabagismo. 
Atualmente, nos 26 estados da Federação e no Distrito Federal, as secretarias 
estaduais de Saúde possuem coordenações do Programa de Controle do Tabagismo que, 
por sua vez, descentralizam as ações para seus respectivos municípios atuando de forma 
integrada. 
Assim, o tratamento de tabagismo no Brasil é desenvolvido com base nas 
diretrizes do PNCT que está sob a coordenação e gerenciamento da Divisão de Controle 
do Tabagismo e Outros Fatores de Risco do INCA e do Ministério da Saúde. 
As ações educativas, legislativas e econômicas desenvolvidas no Brasil vêm 
gerando uma diminuição da aceitação social do tabagismo, fazendo com que um 
número cada vez maior de pessoas queira parar de fumar, evidenciando a importância 
de priorizar o tratamento do fumante como uma estratégia fundamental no controle do 
tabagismo. 
Com o objetivo de agregar ao processo de capacitação profissional já existente a 
outras políticas públicas de saúde que viabilizassem além da infra-estrutura de 
atendimento, o financiamento pelo SUS da abordagem ao fumante, e dos medicamentos 
utilizados no tratamento do tabagismo, desde 2002 o Ministério da Saúde vem 
publicando e atualizando portarias que incluem o tratamento do tabagismo na rede SUS 
– tanto na atenção básica quanto na média e alta complexidade, definem formas de 
abordagem e tratamento do tabagismo, aprovam o plano para implantação, protocolo 
clínico e diretrizes terapêuticas, determinam a disponibilização pelo Ministério da 
Saúde aos municípios com unidade de saúde que desenvolvem o tratamento do 
tabagistas, dos materiais de apoio e medicamentos utilizados para esse fim, formas de 
adesão ao tratamento do tabagismo pelos municípios, além de definir o financiamento 
dos procedimentos a serem utilizados. [10], [11], [12], [13]. 
É importante destacar que ao ingressar no programa de tratamento do tabagismo 
as gestões de diversas instâncias assumem o compromisso de organização e implantação 
das ações para o cuidado da pessoa tabagista. O tratamento inclui avaliação clínica, 
abordagem mínima ou intensiva, individual ou em grupo e, se necessário, terapia 
medicamentosa juntamente com a abordagem intensiva. 
Para que seja feita a programação para aquisição dos medicamentos, o INCA, 
deverá receber das coordenações estaduais de Controle do Tabagismo, do Departamento 
de Atenção Básica do Ministério da Saúde (DAB/MS), as informações necessárias para 
realização do tratamento e que irão subsidiar o quantitativo de compra de 
medicamentos. No caso do DAB as informações são referentes às unidades básicas de 
saúde que para tratar tabagistas aderiram ao Programa Nacional de Melhoria do Acesso 
e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ). Após o recebimento desses dados, o INCA 
compilará as informações e as encaminhará ao Departamento de Assistência 
Farmacêutica do Ministério da Saúde (DAF/MS), para realizar a programação de 
aquisição dos medicamentos e posterior envio aos diversos estados e municípios do 
País. 
É importante salientar que as orientações do PNCT estão de acordo com as 
principais diretrizes internacionais relacionadas ao tratamento do tabagismo. Dessa 
forma, o SUS oferece ao fumante brasileiro que deseje parar de fumar um tratamento 
adequado, com metodologia embasada em evidências científicas. 
 
http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/acoes_programas/site/home/nobrasil/programa-nacional-controle-tabagismo/tratamento-do-tabagismo#referencias
http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/acoes_programas/site/home/nobrasil/programa-nacional-controle-tabagismo/tratamento-do-tabagismo#referencias
http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/acoes_programas/site/home/nobrasil/programa-nacional-controle-tabagismo/tratamento-do-tabagismo#referencias
http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/acoes_programas/site/home/nobrasil/programa-nacional-controle-tabagismo/tratamento-do-tabagismo#referencias
Referências 
[1] BRASIL. Lei nº 9.294, de 15 de julho de 1996. Dispõe sobre as restrições 
ao uso e à propaganda de produtos fumígeros, bebidas alcoólicas, medicamentos, 
terapias e defensivos agrícolas, nos termos do § 4° do art. 220 da Constituição Federal. 
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9294.htm Acesso em: 
13/11/2013. 
[2] Paiva, F.S e Ronzani, T.M. Estilos parentais e consumo de drogas entre 
adolescentes: revisão sistemática. Psicologia em estudo, Maringá, v. 14, n.1, p.177-183, 
jan/mar. 2009. 
[3] BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Coordenação de 
Indicadores Sociais. Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar. Rio de Janeiro: IBGE, 
2012. 
[4] Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da 
Silva. VIGESCOLA. Vigilância de Tabagismo em Escolares. Realizado no Brasil, 
entre 2002 e 2009. Rio de Janeiro: INCA, 2011. 
[5] BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria GM/MS/Nº 1.575 de 29 de agosto 
de 2002. Diário Oficial da União de 03 de setembro de 2002, Brasília, Distrito Federal. 
[6] BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria GM/MS/Nº 1.035 de 31 de maio 
de 2004. Diário Oficial da União de 01 de junho de 2004, Brasília, Distrito Federal. 
[7] BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Portaria 
MS/SAS/Nº 442 de 13 de agosto de 2004. Diário Oficial da União de 16 de agosto de 
2004, Brasília, Distrito Federal. 
[8] BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria GM/MS Nº 571 de 05 de abril de 
2013. Diário Oficial da União de 08 de abril de 2013, p. 56 e 57. Brasília, Distrito 
Federal. 
[9] BRASIL. Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer, Coordenação de 
Prevenção e Vigilância.Consenso sobre Abordagem e Tratamento do Fumante, Rio 
de Janeiro, 2001. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9294.htm
[10] BRASIL. Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer, Coordenação 
de Prevenção e Vigilância, Divisão de Controle do Tabagismo e Outros Fatores de 
Risco de Câncer, 2005 – Deixando de Fumar sem Mistérios – Manual do 
Coordenador, Rio de Janeiro. 
[11] FIORE, MC, JAÉN, CR, BAKER, TB, et al, 2008. Treating Tobacco Use 
and Dependence. Clinical Practice Guideline. U. S. Department off Health and 
Humans Services, Public Health Service. Update. 
[12] MIRRA, AP., MEIRELLES RHS, GODOY, I, ISSA, JS, REICHERT, J et 
al. Tabagismo. Primeiras Diretrizes Clínicas na Saúde Suplementar – Agência Nacional 
de Saúde Suplementar; Associação Médica Brasileira; Conselho Federal de Medicina, 
Rio de Janeiro, 2009. 
[13] BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos 
Estratégicos, Departamento de Ciência e Tecnologia. Boletim Brasileiro de Avaliação 
de Tecnologias em Saúde – BRATS, ano V, n. 12, 2010. 
 
 
CAPÍTULO 6: ATENÇÃO PSICOSSOCIAL PARA USUÁRIOS DE 
ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS 
 
Neste capítulo,

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