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01. A Evolução Histórica da Contabilidade e suas Escolas Introdução A contabilidade como conhecemos hoje, se vale de uma série de conhecimentos humanos que foram agregados a ela e esses vão desde os números, o alfabeto e o pensamento matemático, então para que possamos entender como foi construída essa ciência precisamos entender a origem mais antiga da contabilidade. Sem números mas com contabilidade. A necessidade contábil remonta à tempos pré - históricos, alguns autores, nos contam que para relacionar seus rebanhos o homem pré histórico fazia uso de ferramentas como conchas e pedras, associando-as com o objeto que queria controlar, uma espécie de inventário que existia muito antes da invenção dos números, achados arqueológicos remontam que essas "fichas" são datadas de 8.000 a.C. Corroborando com esse pensamento IUDÍCIBUS, MARION E FARIA (2018), ressaltam ainda que se houvessem naquela época a moeda e a matemática, teríamos um inventário completo, mas para isso a "fase empírica da contabilidade" ainda precisaria se desenvolver em três fases evolutivas definidas como: sendo a primeira chamada de correspondente, onde conforme já descrito no parágrafo inicial da seção se atribuía uma pedra ou concha para o que se quisesse contar, a segunda fase chamada contagem concreta, que se valia de registros gráficos agrupados por similaridade para o "inventário" e por último a contagem abstrata já com o advento dos números. A contabilidade na Bíblia. Sendo a contabilidade uma necessidade humana tão antiga, seria natural que ela se fizesse presente na Bíblia, destacam que o Livro de Jó como o mais antigo e com ele apontam para detalhamento da riqueza de Jó destacada no primeiro capítulo, versículo terceiro “E era o seu gado sete mil ovelhas, e três mil camelos, e quinhentas juntas de bois e quinhentas jumentas.” Existem outras passagens bíblicas relatando detalhadamente diversos bens e outros ativos ressaltando necessidade de controle dos ativos, presente desde o tempos do homem das cavernas, com destaque para o evangelho de São Mateus, que era contador antes de ser apóstolo e é considerado o padroeiro da profissão contábil. A contabilidade se aprimora. A Partir do século XIII que a contabilidade se apropria do sistema de números indo-arábico (0, 1, 2, 3…) aqui destaca-se a obra Liber Abacci de de Leonardo Pisano (também conhecido como Fibonacci), introduzindo os numerais tais como os conhecemos e assim possibilitando a execução de cálculos sem a necessidade do ábaco e neste livro, Pisano tece alguns comentários sobre comércio, juros, lucro. Neste ponto inicia-se a contabilidade moderna. Além de Pisano, merecem registro duas outras obras que são determinantes na história do pensamento contábil, são elas: em 1948 Benedetto Cotrugli lança "Della mercatura et del mercante perfeto" uma obra considerada pelos historiadores o grande marco no estudo da contabilidade até que um frei franciscano revolucionou a contabilidade. Luca Bartolomeo de Pacioli, era um frei franciscano, intelectual com conhecimentos em teologia, matemática, e foi Pacioli que em 1494 escreveu a obra "Summa de arithmetica, geometria proportion et proportionated" e é em um determinado capítulo desse livro que Luca Pacioli cria a contabilidade por partidas dobradas, enfatizando que à teoria contábil do débito e do crédito corresponde a teoria dos números positivos e negativos e assim com o conjunto. As Escolas do Pensamento Contábil Com as obras de Pisano, Cotrugli e Pacioli, a contabilidade tem seus primeiros pensadores e vieram outros com outros, debates intensos sobre a função, o objeto e o objetivo da contabilidade entre outros, a essas diferenças de percepção chamamos de escolas. E as escolas que mais merecem destaque, temos o contismo, o personalismo, o controlismo, o aziendalismo e o patrimonialismo. Seus pensadores, tiveram o relevante papel de pensar a contabilidade, enquadrando-a como um objeto merecedor de estudos, deixando contribuições que são perceptíveis até hoje na contabilidade. A Escola Contista. A escola contista, ou contismo tinha esse nome pois eram as contas como objeto de estudo e surgiu no século XV e teve como grande pensador Pacioli, embora a obra de Cotrugli também seja relevante, dentro do contismo, sua teoria se manteve intacta até o século XVIII, sua grande contribuição foi gerar uma compreensão mais sofisticada da contabilidade. O Contismo, se deu historicamente em uma fase de grande prosperidade econômica no qual surgiram muitas empresas, ocorrendo a criação da conta de capital, representando uma dívida da empresa com o proprietário, registrada no passivo, com a separação da entidade e do proprietário em contas distintas. É do contismo algumas das definições que até hoje estão presentes na contabilidade como a natureza devedora das contas de ativo, e natureza credora das contas de passivo, pois, para o contismo quem recebe deve (tem um débito), por isso o ativo foi considerado devedor. O registro contábil era das pessoas que transacionavam com a empresa, por exemplo, se alguém era responsável pelo caixa, por exemplo, esta pessoa recebia o dinheiro da empresa, portanto, devia o valor recebido. Por outro lado, quem quem entrega algo tem em haver (tem um crédito), caracterizando um direito de terceiros em relação à empresa, ou seja, os terceiros que prestam serviços fornecem alguma coisa ou emprestam para a empresa, tinham um crédito em relação à empresa. O foco do contismo era o comércio, que na época era considerada a atividade mais importante e é possível verificar isso pelas contas mais utilizadas: mercadorias, o dinheiro, contas a pagar, as contas a receber e lucros e perdas. A Escola Personalista. Já no século XIX, o desenvolvimento da contabilidade entrou numa nova fase, a Escola Personalista ou Personalismo, se diferenciava do contismo pelo foco nas pessoas envolvidas na empresa, os personagens, e não às contas, tidas como a essência da escola contista. A escola personalista tinha como fundamento as relações jurídicas entre gestores, proprietários e a riqueza que como objeto da contabilidade. A escola personalista também teve seus pensadores: seu iniciador foi Francesco Marchi, já o construtor se sua teoria foi Giuseppe Cerboni. Como característica de sua escrituração está a classificação das contas em quatro grupos, chamados de: (1) consignatários (empregados); (2) correspondentes; (3) administradores; e (4) proprietários. Uma característica muito peculiar do Personalismo é a presença de seis axiomas inseridos por Cerboni, os axiomas são por definição uma proposição que não é provada ou demonstrada e é considerada como óbvia ou como um consenso inicial necessário para a construção ou aceitação de uma teoria. São os axiomas da escola personalista : 1° - A administração da riqueza (azienda) estará a cargo do proprietário, porém este deve estabelecer relações adequadas com agentes e correspondentes. 2° - É preciso distinguir o papel do proprietário e do administrador, embora possam unir-se na mesma figura (proprietário administrador). Deve haver separação clara entre negócio e família. 3° - O papel do administrador é gerenciar o negócio, sem usar a riqueza para usufruir de benefícios pessoais. 4° - A todo devedor corresponderá um credor e vice-versa. 5° - O proprietário, administrando ou não a azienda, é, de fato, credor da substância e devedor das passividades pertinentes àquela riqueza. 6°- A riqueza do proprietário (débito e crédito) varia conforme os lucros e perdas ou acréscimos e decréscimos de capital. Escola Controlista. A Escola Controlista, ou simplesmente controlismo, tem seu foco no controle econômico. Seu principal pensado foi Fabio Besta (1845 - 1922), podemos citar algumas caracterísiticas do controlismo como a preocupação com o usuário interno, a definição como o patrimônio é a soma de valores positivos (ativo) e negativos (passivo), através de uma visão econômica e não jurídica, e a administração geral é considerada a ação de administrar (visão clara deadministração); já a administração econômica se refere somente às riquezas da entidade. Besta também ressaltou três fases da administração econômica: a gestão econômica que visa a administração do patrimônio, a direção que tem como objetivo a harmonização entre a administração econômica e as relações internas e externas da entidade; e o controle que visa impedir o desperdício, antes, durante e depois (papel da contabilidade). O Controlismo, também tem sua influência na contabilidade moderna pois, de acordo com essa escola, para se conhecer o estado da riqueza é necessário que os fatos administrativos sejam escriturados, a movimentação das contas se classifica segundo os fatos administrativos, em: · ● Permutativos: ocorre mudança entre elementos do ativo e do passivo (mudam duas contas); · ● Modificativos: ocorre mudança entre elementos do ativo ou do passivo e patrimônio líquido (mudam duas contas); ● Mistos: ocorre mudança entre elementos do ativo ou do passivo e patrimônio líquido (mudam três contas) Podemos assumir que, na Escola Controlista a contabilidade tem funções mais amplas que o próprio registro dos fatos econômicos - ela deve ser compreendida e aplicada como um singular sistema de controles internos. Fundamentalmente, o controlismo pressupõe um controle econômico no qual imperava o registro contábil dos fatos combinado com critérios organizacionais de controle conforme a direção que interesse à administração da azienda. Finalizando poderíamos concluir que a escola controlista definiu grande parte dos conceitos que hoje estudamos em controladoria. Resumindo, era a ciência do controle econômico. Escola Aziendalista Podemos correlacionar o nascimento da escola aziendalista em 1922, o contexto histórico nos mostra uma busca da comunidade contábil de uma compreensão da empresa como um objeto científico, com toda sua complexidade. Era importante que esse enquadramento científico não se limitasse ao patrimônio, o nome de referência dessa escola foi o italiano Gino Zappa. Para o correto entendimento dessa escola é preciso nos debruçar sobre o conceito de azienda que é um complexo de pessoas e bens (riqueza, patrimônio). Nesse sentido, a preocupação e as ações da contabilidade se direcionam a um todo complexo maior que o patrimônio contábil. Para o aziendalismo, o resultado é o mais importante fenômeno de uma entidade, para entender ess fenômeno o aziendalismo tem dois grandes segmentos: a tentativa de inegrar em uma única disciplina todos os conhecimentos da vida econômica da empresa e desenvolver uma teoria para a contabilidade a partir do resultado. A escola aziendal pensa no resultado como grande fenômeno da entidade e isso a distingue das demais porque enquanto as outras escolas tinham no patrimônio seu objeto de estudo. O sistema de resultado afirma que todas as operações da entidade são interdependentes e complementares, não sendo possível apurar o resultado de uma operação, ou de um conjunto de operações isoladamente, novamente evidencia-se a preocupação da escola aziendalista com a empresa como um todo. O resultado do exercício pode ser definido como incremento ou decréscimo do capital em determinado período. Além disso, o resultado e o capital são considerados como duas visões do mesmo fenômeno. O capital é o conjunto de elementos ativos e passivos que vão gerar o resultado; o resultado, por sua vez, é a variação dos componentes patrimoniais em um período. Para uma melhor análise desse resultado, a escola aziendalista dividia o resultado em 3 contas. ● As contas de rédito demonstram o desempenho da gestão, que podem ser definidas como receitas, custos e despesas. ● As contas numerárias representam o aspecto monetário da gestão, caixa contas a pagar e contas a receber. ● E as contas de capital representam o capital, reservas e resultado do exercício. Escola Patrimonialista Essa escola de pensamento contábil teve em Vincenzo Masi (1893-1977) seu principal pensador, Masi em 1923 propôs que o patrimônio deveria ser o objeto de estudo da contabilidade, dividindo sua análise em estática patrimonial, dinâmica patrimonial e levantamento patrimonial. Segundo a escola patrimonialista, o objeto da contabilidade é o patrimônio os patrimonialistas divergem dos contistas, estes, por atribuírem demasiado valor ao mecanismo da escrituração contábil, sem se preocupar com o conteúdo, na escola patrimonialista a escrituração é apenas uma ferramenta utilizada pela contabilidade. Divergem também do aziendalimo, pois o sistema aziendal compreende um sistema de ciências muito amplo, que engloba a administração e a economia. O estudo do patrimônio, segundo os patrimonialistas, com- preende três partes distintas: · estática patrimonial: equilíbrio funcional e financeiro dos elementos patrimoniais; · dinâmica patrimonial: obtenção e emprego do capital; · revelação patrimonial: conjunto de princípios que regulam a representação qualitativa e quantitativa do patrimônio. A principal conta para os patrimonialistas é a do patrimônio, que é dividida em três contas básicas: contas de ativo, contas de passivo e contas diferenciadas ou de resultado. A Contabilidade atualmente Uma das primeiras manifestações contábeis brasileiras ocorreu em 1808, no reinado de D. João VI, através da publicação de um alvará obrigando os contadores gerais da Real Fazenda a aplicarem o método das partidas dobradas na escrituração mercantil. Uma das primeiras grandes manifestações da legislação foi o Código Comercial de 1850, que instituiu a obrigatoriedade de escrituração contábil e elaboração anual da demonstração do balanço geral. Em que pese o Brasil, não desenvolveu nenhuma escola de pensamento contábil já demos muitas contribuições ao desenvolvimento da contabilidade no mundo, inclusive nos posicionando dentro da busca da harmonização das regras contábeis globais, primeiro com a Lei n. 6.404, de 15 de dezembro de 1976 - Lei das Sociedades por Ações que estabelece critérios de registro e mensuração de eventos e pela estrutura dos relatórios contábeis que eram próprios da contabilidade americana e mais recentemente partir de 2005, com a criação do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) e com a promulgação da Lei n. 11.638, de 28 de dezembro de 2007, onde se prevê vários ajustes contábeis no intuito de ajustar a contabilidade brasileira à internacional. Assim, o Brasil consolida a convergência de sua estrutura contábil às normas internacionais de contabilidade (IFRS), regras oriundas do International Accounting Standards Board (lASB), órgão europeu de normatização contábil. 02. Constituição de Sociedades Empresariais. Introdução O objeto de estudo da contabilidade é o patrimônio das entidades, aqui logicamente constituição de uma empresa é o primeiro passo para que a contabilidade possa atuar, e cumprir seu papel, e nesse momento ressalta-se a inter-relação entre a contabilidade e outras áreas, nesse caso o Direito, precisamos primeiro definir entidade como Pessoa Jurídica. No Brasil classificam-se as Pessoas Jurídicas em duas as Pessoas Jurídicas de direito público, e as Pessoas Jurídicas de Direito Privado. As pessoas jurídicas de direito público estão previstas no Código Civil em seu artigo 41 e são: a União, os Estados, Distrito Federal e Territórios, Municípios, Autarquias e associações públicas. Já as pessoas jurídicas de direito privado estão fundamentadas no artigo 44 e são elas ,associações, sociedades, fundações, as organizações religiosas, partidos políticos e as empresas individuais de responsabilidade limitada. Tanto a pessoa jurídica de direito público como a pessoa jurídica de direito privado têm seus ritos constitutivos e necessitam, por exigência legal de contabilidade, mas delimitaremos nosso nas sociedades e nas empresas individuais de responsabilidade limitada; A primeira pela complexidade e abrangência do tema e a segunda pela popularidade. Sociedades Empresárias Após entendermos o conceito de pessoa jurídica, delimitaremos ainda mais o nosso escopo de estudo focandonas sociedades, cabe aqui para fins de ilustração citar que a palavra sociedade deriva de "societas" palavra italiana que quer dizer agrupamento de pessoas, aqui no Brasil é uma pessoa jurídica de direito privado que ocorre quando um empresário, que é quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços, admite sócios. É importante ressaltar que existem algumas vedações para ser empresário, ou seja existem alguns tipos de impedimentos legais ao ato se tornar um empresário são elas: 1. Ser menor de 16 anos, 2. Estar falido e não reabilitado, 3. Ser funcionário público, 4. Ser militar, 5. É devedor do Instituto Nacional de Seguridade Social. Em não ocorrendo nenhuma dessas vedações a pessoa está apta a exercer a atividade empresária e admitir sócios. Entretanto antes de conhecer cada um dos tipos de sociedade disponíveis, devemos nos ater no Contrato Social que é o objeto básico de constituição de qualquer sociedade e que regulará alguns aspectos muito importantes do negócio, além de cláusulas acordadas entre os sócios, o Código Civil em seu artigo 997 é muito claro sobre alguns objetos mínimos que devem obrigatoriamente constar em um contrato social, sendo eles: I - nome, nacionalidade, estado civil, profissão e residência dos sócios, se pessoas naturais, e a firma ou a denominação, nacionalidade e sede dos sócios, se jurídicas; II - denominação, objeto, sede e prazo da sociedade; III - capital da sociedade, expresso em moeda corrente, podendo compreender qualquer espécie de bens, suscetíveis de avaliação pecuniária; IV - a quota de cada sócio no capital social, e o modo de realizá-la; V - as prestações a que se obriga o sócio, cuja contribuição consista em serviços; VI - as pessoas naturais incumbidas da administração da sociedade, e seus poderes e atribuições; VII - a participação de cada sócio nos lucros e nas perdas; VIII - se os sócios respondem, ou não, subsidiariamente, pelas obrigações sociais. Importa destacar que qualquer pacto separado, ou popularmente conhecido como, contrato de gaveta, não produz efeitos com terceiros, apenas para os sócios. Tipos de Sociedade O Código Civil distingue as sociedades em sociedade em dois tipos: as sociedades não personalizadas, quando a sociedade é desprovida de personalidade jurídica, porque seu ato constitutivo não foi registrado no cartório competente. Essas sociedade mesmo que tenham nome comercial ou tentem adotar tipos de sociedade, desta forma não terão personalidade jurídica, e o segundo tipo são as sociedades personalizadas, que são as sociedades formalizadas, cabendo a escolha do tipo para aquelas pessoas que desejam constituir, levando em consideração forma, funcionamento e responsabilidade. Vamos ver agora cada tipo societário. Sociedade em Conta de Participação. Ocorre quando duas ou mais pessoas, sendo ao menos uma comerciante, se reúnem sem firma social, para lucro conjunto. A sociedade em conta de participação deve ser enfocada em dois planos distintos: interno e externo. No plano externo, não possui personalidade jurídica, sendo classificada como sociedade não personalizada. A atividade social é desempenhada unicamente pelo chamado sócio ostensivo, com o qual terceiros estabelecem vínculos jurídicos, que esse sócio é o único que se responsabiliza por esses vínculos. No plano interno, existe uma relação jurídica entre os sócios ostensivo e participantes, sendo que os últimos não podem tomar decisões na entidade, sob pena de responsabilização solidária pela entidade essa relação é governada por um contrato social de efeitos internos. Sua regulamentação está prevista no Código Civil art. 991 a 996. Sociedade Simples Esse tipo de sociedade foi criada junto com o código civil de 2002 e substituiu a antiga sociedade civil, está prevista nos artigos 997 a 1044, é uma sociedade personalizada e ocorre quando duas ou mais pessoas se reúnem para exercer a mesma atividade de natureza intelectual, essa atividade pode ser prestação de serviços por sociedades profissionais como contadores, advogados, médicos e etc. Quanto à forma, essa sociedade apresenta dois tipos e ambos estão vinculados às formas de capital e responsabilização dos sócios, Limitadas e as Simples Puras. A responsabilidade limitada, estipula proporções de lucros e responsabilidades dos sócios proporcional, ou limitada a seu capital na sociedade, já na sociedade simples pura os sócios têm o patrimônio pessoal e empresarial envolvido na atividade. Outra característica peculiar dessa sociedade é possibilidade de da admissão de um sócio de serviço que participará da divisão de lucros, mas seu capital será oriundo da prestação de seus serviços. Sociedade em Nome Coletivo Esse tipo de sociedade é muito antiga, surgiu na Itália, na idade média com o nome de Sociedade Geral e em 1807 na França, foi denominada Sociedade em Nome Coletivo. No Código Civil ela é está amparada nos artigos 1039 e 1044, e tem as seguintes peculiaridades, apenas pessoas físicas podem ser sócias e todas respondem solidariamente pela sociedade com seus patrimônios pessoais, e administração só pode ser feita por um sócio. Essa sociedade tem algumas vantagens como ser possível a continuidade da entidade por morte ou exclusão de um sócio, pode ser transformada em outro tipo de sociedade, e as cotas dos sócios não podem ser penhoradas em função de dívidas individuais. Por outro lado, como já dissemos os sócios respondem solidariamente com seu patrimônio pessoal, além que para aceitar outro sócio todos os demais tem que aprovar, o mesmo vale para transferência de quotas. Sociedade em Comandita Simples Essa sociedade se caracteriza por ter dois tipos de sócios com responsabilidades distintas dentro da mesma sociedade, um sócio investidor e outro sócio administrador essa sociedade tem sua previsão legal nos artigos de 1045 a 1051 do código civil O sócio investidor chama-se comanditário, têm responsabilidade limitada em relação às obrigações da sociedade, respondendo apenas pela integralização das quotas subscritas, não podendo contribuir de nenhuma outra forma para o funcionamento da empresa, ficando de fora , inclusive, da administração. Por outro lado, os sócios comandados contribuem com capital e trabalho, além de serem responsáveis pela administração da atividade da empresa. Sua responsabilidade perante terceiros é ilimitada, respondendo inclusive com seus bens pessoais. A firma ou razão social da sociedade somente pode conter nomes de sócios comanditados, sendo que a presença do nome de sócio comanditário,sujeita a responder de forma ilimitada. Sociedade Limitada. É a mais comum das sociedades, a grande característica dessa sociedade afirma que a responsabilidade de cada sócio é proporcional a seu capital subscrito na entidade, porém todos respondem solidariamente pela integralização do capital. É vedada aos sócios a integralização do capital na sociedade em forma de serviços, outra característica interessante é que obrigatoriedade da menção a palavra "limitada" na razão social, pois caso não ocorra a entidade pode ser responsabilizada como se fosse Sociedade em Nome Coletivo. Uma sociedade limitada pode ser administrada por uma pessoa estranha ao quadro de sócios, desde que aprovada pelos sócios, que responderá pelos inventários, levantamento das peças contábeis e obrigações junto a terceiros. EIRELI, MEI e EI Interessa destacar que, recentemente pelas mudanças do ambiente negócios, passaram a existir sociedades limitadas unipessoais, ou seja só a presença de um sócio só, como as Empresas Individuais de Responsabilidade Limitada - EIRELI, que é a empresa de uma pessoa só com o capital social é no mínimo 100 vezes o salário mínimo e totalmente integralizado, na prática a grande vantagem é separar o patrimônio pessoal do empreendedor, a grande intenção do legislador com o advento da EIRELI é acabar com o sócio fictício. Outra possibilidade, é a possibilidade o Microempreendedor Individual, ou simplesmenteMEI, que tem como objetivo, regularizar os autônomos que trabalhavam de informalmente, existe um limite de faturamento periodicamente estabelecido e não precisa declarar capital social. Algumas restrições existentes na forma jurídica Microempreendedor Individual, não pode constituir uma Microempresa Individual quem já é sócio de outra empresa e servidores públicos. Em alguns casos o empresário, extrapola o limite de faturamento cabível ao Microempreendedor Individual, para esses casos existe a possibilidade do Empresário Individual, que prevê faturamentos maiores, adesões ao SIMPLES, e ao Lucro Presumido. Sociedade Anônima É uma sociedade empresária que tem seu regramento previsto na Lei 6.404/76 com fins lucrativos que tem seu capital dividido em ações que são negociadas em bolsa específica para este fim. O foco dessa sociedade são as ações que são divididas em partes iguais, não os sócios, a responsabilidade do acionista é limitada ao valor de compra da ação não restando qualquer outra responsabilidade para o sócio portador da ação mesmo em caso de falência. As ações podem ser negociadas ou trocadas, livremente em mercado específico para esse fim, sejam em bolsa de valores para sociedade anônima de capital aberto ou através de negociação direta, em sociedade anônima de capital fechado, mas ambos os mercados são regulados pela Comissão de Valores Mobiliários - CVM. Sociedades Cooperativas As sociedades cooperativa, regidas pela Lei 5.764/71 são sociedades de pessoas, que se organizam para um fim em conjunto, tal organização é de maneira democrática ou seja, os sócios elegem que será o presidente da entidade, as cooperativas são entidade não sujeitas a falências, e além desses tem as seguintes características específicas: Variabilidade do capital social, já que este é parte para ingresso e um direito na saída do sócio ele está sempre variando, número mínimo de sócios para constituição e dispensa de número máximo, intransferibilidade das quotas sendo essas pessoais, direito a um voto só, independente do número de quotas que o cooperado possuir e distribuição do resultado de maneira proporcional ao valor das operações efetuadas. Sociedade de Propósito Específico É um tipo de sociedade constituída normalmente para isolar determinada atividade de outras, ou seja tem o objeto social atrelado a atividade que irá exercer, também se utiliza uma Sociedade de Propósito Específico para compartilhar os riscos financeiro de uma atividade com aqueles sócios, normalmente utilizadas, grandes e pequenas empresas podem constituir SPE, desde que utilizadas para uma atividade específica. Em suma uma Sociedade de Propósito Específico, têm personalidade jurídica própria, escrituração contábil e demais características de uma limitada, inclusive podendo adquirir imóveis, bens e investimentos. Com isso aprendemos que existem diferentes tipos de sociedades empresárias e que cada uma tem sua peculiaridade e suas características sendo que para cada necessidade existe uma opção mais adequada. 03. Escrituração e Razonetes Conceitos Iniciais A escrituração contábil é o cerne de uma contabilidade e atividade privativa de profissional habilitado, e é a técnica por onde são registrados os fatos administrativos e econômicos que ocorreram desde a constituição da entidade, quanto suas formas, são admitidas em formas manual, mecânica ou digital, mas o importante é que ela forneça de forma verdadeira e específica todas as informações necessárias para fazer o controle de patrimônio da empresa. A realização desse procedimento contábil é obrigatória e prevista em uma série de dispositivos legais e infralegais que aqui listamos por antiguidade, a saber: ● Decreto Lei 486 de 3 de março de 1969. ● Lei 10.406 de em nos artigo 1.179 a 1.195 ● Interpretação Técnica Geral 2000 emitida pelo Conselho Federal de Contabilidade Entender a escrituração é fundamental pois somente a partir dela pode-se realizar outras técnicas contábeis, como levantamento e análise de peças contábeis, auditorias e perícias. Método das Partidas Dobradas Como já vimos, o campo de estudo da contabilidade é o patrimônio das entidades, e é através da escrituração que registramos as modificações desse patrimônio, mas o que a contabilidade entende como patrimônio ? Para contabilidade patrimônio é tudo aquilo que interfere na riqueza, sejam eles bens, direitos, e obrigações, de maneira a ficar mais fácil a contabilidade sintetiza essas variáveis em uma equação : BENS + DIREITOS - OBRIGAÇÕES = RIQUEZA LÍQUIDA Bens são tudo aquilo que a pessoa jurídica dispõe imediatamente, direitos são aqueles acréscimos (que podem ser em dinheiro, ou outros bens) que a empresa terá em data futura, obrigação são os contratos que a empresa deverá cumprir (que podem ser em dinheiro, entrega de mercadoria ou execução de serviços) e riqueza líquida é a variação dessa equação e esta pode se dar de três aspectos : ● Positiva: ou seja se a empresa gerou mais bens e direitos que obrigações ele tem uma obrigação com os sócios que colocaram o capital inicial para formação da empresa. ● Neutra : Os bens e direitos são de mesmo valor que as obrigações, ou seja o capital do sócio se mantém, como fundamental para as operações ● Negativa : A empresa contraiu mais dívidas do que bens e direitos. Para melhor entendimento e padronização desse estudo de patrimônio, podemos de forma simplificada chamar Bens e Direitos de Ativo, Obrigações de Passivo e Riqueza Líquida de Patrimônio Líquido. Então, ao imaginarmos que determinada empresa foi constituída com $100 de capital dos sócios, existe em uma operação duas áreas impactadas, a primeira é o capital, a segunda é o caixa que passa a contar com $ 100. Em seguida imaginemos que foi comprada $50 em mercadorias, dá-se a saída do caixa e o ingresso de $50 em mercadorias, novamente a descrição contábil de um fato envolve uma origem e aplicação de recurso, e essa é a dinâmica do Método das Partidas Dobradas, razão pela qual a escrituração contábil se dá. O mecanismo de origem e aplicação de recurso, se dá quando aliamos um montante de recursos e uma "conta" conta dentro da ciência contábil é a denominação onde se reúne elementos ou conceitos de natureza semelhante. Assim, temos a conta Caixa, a conta Bancos, a conta Estoques etc. Então seguindo a racionalização do processo do método de partidas dobradas precisamos aliar um montante de recursos de uma conta de origem sendo destinados a uma conta de destino, mas ainda assim falta a exatidão de como operar essa saída e a aplicação desse recurso. Para resolver essa questão temos os mecanismos de "débito" e "crédito". As palavras "débito" e "crédito" estão na contabilidade como herança da escola contábil contista, pois aquela conta que recebe o recurso estaria em débito com a empresa e aquela que forneceu o recurso teria um crédito com a empresa. Vamos voltar no exemplo acima. Imaginamos que uma empresa foi constituída com $100,00 de capital social dos sócios, logo os sócios teriam um crédito com a empresa e esse está no caixa da empresa, então a empresa teria um débito de $100. Então contabilmente, convencionou-se que débito e crédito são os mecanismos por onde o método das partidas dobradas são operados, agora temos uma montante, uma conta de origem uma conta de destino e mecanismos de débito e crédito agora só falta uma classificação geral, Essa classificação geral veio pela natureza das contas, que compõem o patrimônio: BENS + DIREITOS - OBRIGAÇÕES = RIQUEZA LÍQUIDA Os bens e os direitos, são chamados de ATIVOS as obrigações são chamados de PASSIVOS e a riqueza líquida, de PATRIMÔNIO LÍQUIDO, mas a classificação não é apenas de ordem conceitual ela é também de ordem gráfica, pois visualmente também é possível ordenar as contas com saldos devedor e credor. conceitua-se em uma classificação as contas de ativo são apresentadas de um lado, o esquerdo e as contas de passivo e patrimônio líquido ao lado direito então também podemos dizer que as contas se saldo devedor encontram-seà esquerda e as contas de saldo credor encontram-se à direita. Essa dinâmica de segregação gráfica entre as contas devedoras e credoras, aliada ao cerne do método das partidas dobradas, que preceitua cada origem deve ter uma aplicação,ou ainda, que todo débito deve ter um crédito correspondente, gera uma ideia de equilíbrio, invocando a ideia de uma balança, que é uma boa analogia ao balanço patrimonial, principal peça contábil e visualmente muito similar ao razonete. Razonetes Depois de estudarmos o fundamento das partidas dobradas, o mecanismo da escrituração e sua representação gráfica, e compormos uma analogia entre o Balanço Patrimonial e o Razonete, vamos esmiuçar essa ferramenta gráfica fundamental para o desenvolvimento do raciocínio contábil. O razonete leva esse nome, pois é uma simplificação do Livro Razão, que é a demonstração da movimentação de cada conta e consequentemente a apuração do saldo. O razonete tem a seguinte estrutura: O esquema acima exemplifica bem como é e como funciona o razonete, ele é em forma de " T ", ele é usado tanto para desenvolver raciocínios contábeis como para confirmar a natureza do saldo. Título da Conta Débito Crédit o Como dito acima, os Bens e Direitos, ou seja o Ativo de uma entidade são considerados contas de saldo devedor, logo, quando quisermos aumentar essa contas teremos que debita-las, colocar o valor do lado esquerdo se quisermos diminuí-las usaremos o lado direito, do crédito. O mesmo raciocínio vale para as contas de Obrigações e Patrimônio Líquido, que por sua vez tem saldo credor, quando quisermos aumentar essas contas teremos que creditá-las, ou seja, colocar o valor do lado direito, se quisermos diminuí-las usaremos o lado direito. Vamos construir um exemplo para que possamos ver na prática a construção dos razonetes e entendimento prático da escrituração, como por exemplo: ● Constituição de uma empresa com $100.000 de capital todo integralizado em depósito bancário. Capital Social 100.00 0 Bancos c/c 100.00 0 Vejam que foram abertos um razonete para cada conta, e que de acordo com a natureza do ocorrido foram registrados de acordo com a natureza do saldo em questão. O Capital Social é uma conta de Patrimônio Líquido, portanto tem o saldo credor, para aumentá-la, ou seja, para aumentar seu respectivo saldo, precisamos credita-la, seguindo o lançamento, de acordo com método das partidas dobradas, cada crédito deve ter um débito de igual valor, e nesse momento abrimos outro razonete para a conta Bancos Conta Corrente, que é um direito da empresa, logo é um Ativo e tem saldo devedor, o capital foi aplicado lá então precisamos aumentar o saldo, pelo lançamento de mesmo valor só do lado direito, do débito. Também podemos escriturar o lançamento da seguinte forma, aponta-se a conta que está se debitando através da letra "D" e na linha abaixo inserimos a conta que utilizamos para o crédito sinalizada antes com a letra "C" ao lado o valor do lançamento. D- Bancos Conta Corrente C- Capital Social …………………….100.000 São duas formas de fazer a mesma escrituração e lançamento contábil. A escrituração contábil como mecanismo, independente da forma de registro é um processo lógico onde registram-se sequencialmente os lançamentos contábeis, utilizando o método das partidas dobradas que preceitua que para todo débito deve haver um crédito, mas para além dessa simplificação existem outras formalidades que a escrituração contábil deve respeitar que são estipuladas pelo Conselho Federal de Contabilidade na Interpretação Técnica Geral 2000, são elas: a) A escrituração deve ser em idioma e em moeda corrente nacional; b) De acordo com a técnica contábil; c) Respeitando a ordem cronológica de dia, mês e ano; d) com base em documentos de origem externa ou interna ou, na sua falta, em elementos que comprovem ou evidenciem fatos contábeis. Percebam que agora além da técnica já explicada agora a escrituração contém preceitos mínimos de estruturação e característica de conjunto, de forma, mas em seu conteúdo deve conter, no mínimo o seguinte conteúdo: a. Data do registro contábil; b. Conta devedora; c. Conta credora ; d. Histórico representando a essência da transação; e. Valor do registro; Agora além de características quanto a forma, constam as características do conteúdo do lançamento em si. Ampliando o leque de informações sobre a escrituração contábil, temos a metodologia de como realizar um lançamento, as formas desses lançamentos e seu conteúdo mínimo para ser chamado de lançamento contábil. Mas e se na construção da escrituração, em um conjunto de lançamentos, identificar-se um erro ? Qual o procedimento de correção ? Existem 3 maneiras de efetuar a correção de lançamentos errados, o primeiro é o estorno, que é um lançamento inverso ao lançamento original, por exemplo, retirou-se $ 100,00 do caixa para compra de matéria, e por um erro troca-se a natureza das contas D- Caixa C- Matéria Prima………..R$ 100,00 Vejam que o lançamento está errado porque, pelo histórico o caixa está diminuindo e no lançamento estamos debitando-o, logo aumentando e o inverso está ocorrendo com a matéria prima, para a correção temos que lançar inversamente. D- Matéria Prima C- Caixa………….R$ 100,00 Vejam que o saldo agora é zero, não há influência nesses dois lançamentos. A segunda forma de lançamento é a transferência, seguindo o mesmo exemplo original mas supomos que o lançamento errado foi ao invés de retirar o dinheiro do caixa, foi lançado que a retirada de dinheiro foi do banco: D- Matéria Prima C- Banco………………….R$ 100,00 Para a correção por transferência, trocamos a conta através de um lançamento, em que corrige o saldo da conta contábil banco através de um lançamento no mesmo valor mas desta vez a débito, e a contrapartida como saída (crédito) de caixa, como resultado o saldo da conta contábil banco não registra impacto. D- Banco C - Caixa……………...R$ 100,00 Por fim, a última forma é a complementação que é quando o lançamento fica incompleto, ainda com o mesmo exemplo original, compra de matéria prima com R$ 100,00 de caixa, e o operador lançou apenas 10,00 D- Matéria Prima C - Caixa………………...R$ 10,00 O saldo, logicamente está R$ 90,00 a menor e para corrigi-lo devemos efetuar de novo o mesmo lançamento, com a parcela que falta para o saldo D - Matéria Prima C - Caixa ……………...R$ 90,00 . 04. Operações com Mercadorias e Prestação de Serviços Introdução Como foi afirmado na introdução, agora vamos realizar algumas demonstrações de como os capítulos anteriores se integram e possibilitam que a contabilidade proveja informações aos gestores, bem como é possível o entendimento do negócio apenas "lendo" a escrituração contábil. Para isso é necessário um entendimento de um fluxo natural de atividade, onde inicia-se na formação da sociedade, aporte de recursos, e a partir daí podemos ter uma série de possibilidades para aplicação daquele capital. O Capital Já vimos que uma empresa pode ter diversas formas societárias, mas o que conecta essas formas societárias à contabilidade é o capital social, que nada mais é que o ponto de partida de qualquer empresa, então vamos estudar mais detalhadamente o capital social como fato contábil. O capital social tem duas fases na constituição de uma empresa, a primeira é a constituição do capital que é quando o proprietário ou os sócios decidem montar sua empresa e providenciam o registro legal visando formalizar a personalidade jurídica. Na segunda etapa que é chamada de integralização de capital é quando os sócios ou proprietários de fato entregam para a empresa a quantia especificada como capital, podendo ser em dinheiro, depósito bancário ou até mesmo em bens. Então vamos supor que os sócios Miguel e Pedro constituíram uma empresa chamada MPHG para explorar o comércio de material de construção e prestação de serviços de terraplanagem, situado na Rua Clark Kent, 1982. O Capital social da empresa ficou estipulado em R$ 50.000,00 e será integralizado da seguinteforma. R$ Sócio Forma de Integralização 25.000,00 Miguel Dinheiro 25.000,00 Pedro Móveis Vejam que cada um dos sócios irá integralizar o capital de maneiras distintas, vamos ver agora como isso vai impactar em nossos registros contábeis. Ainda que a forma seja distintas entre as duas formas de integralização, as duas são contas que representam bens da entidade, logo são ativos e tem sua natureza devedora, então se quisermos aumentar um ativo deve se debita-lo. O capital social é uma conta de patrimônio líquido, que fica do lado do passivo, portanto tem sua natureza credora, ou seja, para aumentá-la precisamos creditar, então vamos construir nossos primeiros registros contábeis. D- Caixa C- Capital Social Integralização Sócio Miguel……...R$ 25.000,00 D- Móveis e Utensílios C - Capital Social Integralização Sócio Pedro……….R$ 25.000,00 Com isso montamos nossos primeiros lançamentos e demos constituímos a empresa MPHG. Agora vamos realizar a compra de mercadorias para que a empresa constituída consiga realizar seu objeto social que é comércio de material de construção e serviços de terraplanagem, as mercadorias compreendem todos os bens que as empresas comerciais compram para revender. Operações com Mercadorias O conjunto de mercadorias que o empreendedor possui para revenda chama-se estoque de mercadorias, antes de partir para a contabilização em si é fundamental destacar o seguinte ponto. Os estoques são ponto muito delicado para o sucesso de qualquer empresa, pois é da diferença e sobretudo controle do preço de compra e de vendas que se dá o lucro de qualquer entidade, esse controle é também chamado de inventário. Para controlar esses estoques existem dois modos, que a empresa deverá escolher apenas um, como forma de manter a harmonização das práticas contábeis: a. inventário permanente: trata-se de controlar de forma constante o valor do estoque de mercadorias. Dá-se da seguinte forma, para toda compra efetuada, o custo da compra é adicionado ao estoque; por outro lado, em cada venda realizado o custo da respectiva venda é diminuído do estoque. Dessa forma, o estoque de mercadorias fica atualizado de forma constante b. Inventário periódico: o valor do estoque de mercadorias só é conhecido no final do período, após a realização da contagem física de todas as mercadorias existentes. Importa ressaltar que as indústrias também têm estoques, de outros tipos como, matérias primas, produtos em fabricação e produtos acabados. Então agora que já conhecemos os métodos de inventários, podemos passar a realizar operações com mercadorias, primeiro vamos adquirir nossas mercadorias para formação do estoque, a compra de mercadorias ocorreu dia 20/03/2020 do fornecedor Textual que emitiu a NF 1506 no valor de R$ 17.000,00 e o valor foi pago em dinheiro. Então já temos o que precisamos para realizar nosso lançamento, a conta que será aumentada será o estoque, que é um bem da empresa e portanto tem sua natureza devedora, a conta que será diminuída será o caixa, que apesar da sua natureza devedora, como ela terá seu valor reduzido temos que credita-la, então o lançamento fica assim pela compra de mercadorias. D - Compra de Mercadorias C - Caixa………………………………...R$ 17.000,00 Também possível comprar mercadorias a prazo, e vamos supor que a nossa empresa tenha comprado outras mercadorias dia 23/03/2020 no valor de R$ 10.000,00 do fornecedor Jacutinga Ltda que emitiu a NF 6500 o lançamento ficaria assim D - Compra de Mercadorias C - Fornecedores a Pagar……………….R$ 10.000,00 Aumentamos uma conta de ativo, os estoque, por isso debitamos o estoque e aumentamos uma conta de passivo, que tem originalmente sua natureza credora, por isso creditamos os fornecedores. Agora vamos realizar uma venda à vista de mercadoria. Dia 26/04/2020 Venda de Mercadorias conforme NF 1653 no valor de R$ 4.000,00 D- Caixa C- Venda de Mercadorias ……………….R$ 4.000,00 No exemplo acima utilizamos a conta caixa como recebimento, mas poderia ser venda parcelada, a diferença seria que teríamos a conta devedora ao invés de Caixa seria Clientes a Receber. Vejam que utilizamos as contas Compra e Venda de mercadorias, pois aqui para fins de ilustração e didática escolhemos a forma de inventário periódico, as questões de inventário permanente como método de avaliação de estoques serão vistas em momento oportunos no curso. Resultado das Operações com Mercadorias Então, após exemplificar lançarmos todas as operações de compra e vendas, vamos aprender a apurar os resultados e assim poderemos entender se as operações foram lucrativas. Vamos supor que uma empresa ao final do exercício de 2020 com os seguintes saldos. ● Estoque Inicial de Mercadorias (natureza devedora) R$ 5.000,00 ● Compra de Mercadorias (natureza devedora) R$ 10.000,00 ● Venda de Mercadorias (natureza credora) R$ 6.000,00 ● Saldo de Estoque em 31/12/2020 R$ 11.000,00 Existem duas maneiras para que apuremos os resultados com operações com mercadorias, de forma extra contábil e de forma contábil. A apuração do resultado das Operações com Mercadoria de forma extra contábil se primeiramente apurando-se o Custo da Mercadoria Vendida (CMV) a fórmula é a seguinte : Custo da Mercadoria Vendida (CMV) = Estoque Inicial (EI) + Compras (CO) - Estoque Final (EF) Então ao colocar na fórmula os dados acima teremos CMV = 5.000 + 10.000 - 11.000, logo o custo da mercadoria vendida foi R$ 4.000. Após descobrirmos o Custo da Mercadoria Vendida vamos descobrir o Resultado da Operação com Mercadorias que nada mais é que as Vendas menos o Custo da Mercadoria Vendida, logo seria R$ 6.000 - R$ 4.000 o que nos dá um lucro de R$ 2.000,00. Se o custo da mercadoria vendida fosse maior que o valor da venda teríamos como resultado dessa equação um número negativo, o que seria um prejuízo na operação. Logo, de forma extra contábil verificamos que a operação em questão foi lucrativa e agora temos que realizar os lançamentos para que a contabilidade também possa apurar esse lucro. Tal como de forma extra contábil temos que começar compondo o Custo da Mercadoria e em contabilidade significa que temos que transferir para a conta de Custo da Mercadoria Vendida os lançamentos citados no início, então começamos transferindo o Estoque Inicial. D- Custo da Mercadoria Vendida C- Estoque Inicial…………………………………….R$ 5.000,00 Depois fazemos a mesma situação com as compras. D- Custo da Mercadoria Vendida C - Compras de Mercadorias…………………..R$ 10.000,00 Em seguida, passamos para o estoque final. Como o Estoque Final ainda está na loja, devemos fazer um levantamento físico, e em seguida eu retiro do Custo da Mercadoria Vendida através do seguinte lançamento. D- Estoque de Mercadorias C - Custo da Mercadoria Vendida……………..R$ 11.000,00 Então teremos o seguinte razonete da conta de Custo de Mercadoria vendida Custo da Mercadoria Vendida 5.000,00 11.000,00 10.000,00 Saldo 4.000,00 (5+10-11) Percebam que chegamos no mesmo valor agora por meio da escrituração contábil, agora vamos seguir para realizar a apuração do resultado. Vamos começar a transferir para conta Resultado de Operação com Mercadorias, a venda de mercadorias. D- Venda de Mercadorias C- Resultado de Operações de Mercadorias……………….R$ 6.000,00 Percebam que para realizar a transferência de saldo da conta Venda de Mercadorias, utilizamos o débito e para aumento de saldo na conta Venda de Mercadorias utilizamos o crédito, pois como é uma conta de resultado de receita, tem seu saldo como natureza credora, conforme puderam acompanhar pela Venda de Mercadoria. Após, vamos transferir para conta Resultado de Operações de Mercadorias, o Custo da Mercadoria Vendida para contrapor a venda e extrair contabilmente o lucro da operação. D - Resultado de Operações de Mercadorias C- Custo da Mercadoria Vendida………………………..R$ 4.000,00 Novamente precisamos entender porque a conta Custo da Mercadoria Vendida foi creditada, pois originalmente ela tinha saldo devedor e devemos transferireste saldo para a conta Resultado de Operações de Mercadoria e para isso precisamos do mecanismo oposto a natureza da conta, ou seja, precisamos creditar. Então vamos demonstrar o razonete, para a apuração do resultado. Resultado da Operação com Mercadorias 4.000,00 6.000,00 Vejam que o saldo é R$ 2.000,00 de forma credora, agora precisamos transferir este saldo para uma conta que demonstre fidedignidade no registro da operação D- Resultado da Operação com Mercadorias C - Lucro sobre Vendas de Mercadorias……………………R$ 2.0000,00 Assim finalizamos todo o fluxo de operações com mercadorias, recomendamos que você pratique e possa ler a bibliografia citada para que possa praticar mais. Operações com Serviços As operações com serviço são podem ser feitas de forma mais simplificada realizando diretamente a conta de recebimento contra a conta de receita, por exemplo vamos supor que a empresa MPHG realizou serviços de terraplanagem no valor de R$ 1.500,00 que foram pagos em dinheiro. A contabilização pode ser feita de maneira mais simplificada como : D- Caixa C - Receita com Serviços de Terraplanagem………….R$ 1.500,00 Atentem que não há o controle de custos de serviços prestados, e que estes também podem ser lançados diretamente em uma conta de resultado sem precisar de contas mistas ou intermediárias com o Custo da Mercadoria Vendida D- Despesa com Diesel para terraplanagem C- Caixa………………………………………….…...R$ 500,00 Vejam que houve uma saída de caixa para o serviço de terraplanagem a apuração se dará por meio da Demonstração do Resultado do Exercício. Mas atenção não é porque a contabilização de operações com vendas de serviços é mais simplificada que ela deve ser feita de forma menos cuidadosa, na apuração dos custos e despesas, bem como na alocação desses na contabilidade. 05. A origem do ICMS e suas aplicabilidades incluindo DIFAL e ST Introdução O Imposto de Circulação de Mercadoria e Serviço é um dos impostos que ocupa a maior parte do tempo dos profissionais ligados a tributos, já que a base de toda a economia são as transações de aquisição e venda de produtos e serviços. Mas exatamente o que é o ICMS ? O ICMS é um imposto de competência estadual, que incide sobre as operações relativas à circulação de mercadorias, prestação de serviços interestaduais e intermunicipais, e serviços de comunicação, ainda que iniciados no exterior como visto em aula anteriormente. É ainda, um imposto não cumulativo, que funciona no sistema de débitos e créditos. Ao adquirir bens ou serviços tributados pelo ICMS o contribuinte adquire um crédito (direito de compensação futura) junto ao fisco, relativo ao imposto pago em sua aquisição. É importante destacar que a base para a apuração e recolhimento desses tributos é a nota fiscal, no caso de operações entre empresas do país, e as declarações de importação e exportação, quando as transações são com empresas estrangeiras, em que pese seja ato corriqueiro as empresas se queixarem dos elevados tributos incidentes sobre suas vendas, é importante ressaltar que, de fato, quem assume o pagamento e o ônus desses impostos é o consumidor final, ou seja, aquele que adquire pela última vez dentro do processo de industrialização e venda e consome o produto. A consideração principal sobre esses tributos é que, apesar de pagos pelo consumidor, eles são, por determinação legal, arrecadados pelas empresas comerciais e industriais, o que faz com que ICMS não seja classificado como despesa. Ainda sobre a contabilização do ICMS, ele está incluído no custo das compras e integra o valor das vendas. E a empresa comercial recolher ao tesouro estadual a diferença entre ambas as operações em cada mês. Podemos detalhar as características de incidência do ICMS sobre: a) As operações de circulação de mercadorias: mercadorias são as coisas móveis destinadas ao comércio; b) A prestação de serviços de transporte e comunicação, de caráter oneroso; c) A produção, importação, circulação, distribuição e consumo de lubrificantes e combustíveis líquidos e gasosos e de energia elétrica; d) As operações de extração, circulação, distribuição e consumo de minerais; e) A entrada de bem ou mercadoria importados por pessoa física ou jurídica, ainda que não seja contribuinte habitual do imposto, qualquer que seja sua finalidade, assim como o serviço prestado no exterior cabendo o imposto ao Estado onde estiver situado o domicílio ou o estabelecimento do destinatário da mercadoria, bem ou serviço. Da mesma forma que existem as condicionantes para a incidência do ICMS, também existem os fatores da imunidade tributária, ou seja as condições nas quais o ICMS não pode incidir, são elas : a) não incide ICMS sobre operações que destinem mercadorias para o exterior, nem sobre serviços a destinatários no exterior, assegurados à manutenção e o aproveitamento do montante do imposto cobrado nas operações e prestações anteriores; b) não incide sobre operações que destinem a outro Estado petróleo, inclusive lubrificantes, combustíveis líquidos e gasosos dele derivados, e energia elétrica; c) não incide sobre ouro; d) não incide nas prestações de serviços de comunicação nas modalidades de radiodifusão sonora e de sons e imagens de recepção livre e gratuita. Para entender melhor como funciona o cálculo e a contabilização do ICMS vamos fazer um exemplo: Uma empresa comercial varejista sediada em Brejo Santo (CE) adquiriu a prazo em outubro, de uma empresa atacadista situada em Ouricuri (PE), mercadorias para revenda no valor de R$ 20.000,00. Sobre tais mercadorias, quando em operação interestadual entre Estados do Nordeste, incide ICMS com alíquota de 12%. Ao emitir a nota fiscal o atacadista destacou que sobre a operação incidiu ICMS no valor de R$ 2.400,00. O montante destacado irá compor a movimentação de entradas e saídas para recolhimento ao estado de Pernambuco. O comerciante varejista revende, no mesmo mês, também a prazo, metade das mercadorias que havia comprado por R$ 30.000,00, para um consumidor final residente na mesma cidade. O ICMS devido para tais operações, quando dentro do Estado do Ceará é de 17%. O ICMS devido nesta operação é destacado na nota será de R$ 5.100,00. Ao final do período de apuração, o imposto devido pela empresa varejista ao Estado do Ceará será o somatório de imposto incidente sobre as saídas (débitos) e entradas (créditos) de mercadorias. Entradas: R$ 20.000,00 x 12% = R$ 2.400,00 Saídas: R$ 30.000,00 x 17% = R$ 5.100,00 Saldo a recolher: R$ 5.100,00 – R$ 2.400,00 = R$ 2.700,00 Uma vez que o total de débitos foi maior do que o de créditos, a empresa terá que recolher a diferença para o fisco estadual. Uma vez entendida a lógica de funcionamento do ICMS, vamos agora executar a escrituração da operação: ● Pela compra de mercadorias para revenda: D - Estoque/ Mercadorias (Ativo) R$ 17.600,00 D - ICMS a Recuperar (Ativo) R$ 2.400,00 C - Fornecedores (Passivo) R$ 20.000,00 ● Pela venda das mercadorias: D - Duplicatas a Receber (Ativo) R$ 30.000,00 C - Receita de Vendas de Mercadorias (Resultado) R$ 30.000,00 ● Pelo ICMS incidente sobre a operação de venda de mercadorias: D - Imp. e Cont. Incidentes s/Vendas/ICMS (Resultado) R$ 5.100,00 C - ICMS a Recolher (Passivo) R$ 5.100,00 ● Registro do custo da mercadoria vendida (50% do estoque, conforme dados do exemplo): D - Custo da Mercadoria Vendida (Resultado) R$ 8.800,00 C - Estoque/Mercadorias (Ativo) R$ 8.800,00 Ao final do período de apuração: Débito ICMS a Recolher R$ 2.400,00 Crédito ICMS a Recuperar (Ativo) R$ 2.400,00 Substituição Tributária A figura da substituição tributária foi criada para que os estados tenham mais controle sobre os tributos, diminuir a inadimplência e facilitarem o ambiente de negócios.Funciona assim, imputa-se a um determinado elo da cadeia produtora a responsabilidade de antecipar os recolhimentos que ocorreriam nas transações seguintes, é fundamental destacar que o imposto é sempre calculado com base em um supostovalor final de venda. No caso da substituição tributária o contribuinte responsável pelo recolhimento do ICMS por conta dos demais elos da cadeia deverá somar ao preço cobrado o imposto incidente nas operações subsequentes. Em face da eficiência desse instituto, uma vez que a sua aplicação fez diminuir a evasão fiscal e facilitou a fiscalização, a atual Constituição Federal, no seu artigo 150, parágrafo 7º, incorporou-o definitivamente e a Lei Complementar nº 87/96 veio a legitimá-la. No estudo da Substituição Tributária, existem algumas nomenclaturas que devem ser bem entendidos são eles o Contribuinte Substituto que é o responsável pela retenção e recolhimento do imposto incidente em operações ou prestações antecedentes, concomitantes ou subsequentes, inclusive do valor decorrente da diferença entre as alíquotas interna e interestadual nas operações e prestações de destinem mercadorias e serviços a consumidor final. Em regra geral será o fabricante ou importador no que se refere às operações subsequentes. Temos ainda o Contribuinte Substituído que é aquele que tem o imposto devido relativo às operações e prestações de serviços pago pelo contribuinte substituto. E finalizando temos o Responsável que é quem de fato receberá, de dentro ou de fora do Estado, mercadoria sujeita à substituição tributária, sem que tenha sido feita a retenção total na operação anterior, fica solidariamente responsável pelo recolhimento do imposto que deveria ter sido retido. Na hipótese de responsabilidade tributária em relação às operações ou prestações antecedentes, o imposto devido pelas referidas operações ou prestações será pago pelo responsável em alguns casos específicos A lista de mercadorias elegíveis para Substituição Tributária foi determinada por Convênios/Protocolos subscritos por todos os Estados e/ou por uma maioria podemos citar: fumo; tintas e vernizes; motocicletas; automóveis; pneumáticos; cervejas, refrigerantes, chope, água e gelo; cimento; combustíveis e lubrificantes; material elétrico. Existem, ainda , mercadorias que foram objetos de Protocolo subscrito apenas por algumas Unidades da Federação que estão sujeitas ao regime da substituição tributária apenas em operações interestaduais que devem ser analisadas caso a caso. Agora que nós já entendemos um pouco do ICMS, sua contabilização e entendemos um pouco mais das particularidades da Substituição Tributária, vamos estudar a Base de Cálculo que está prevista na Lei Complementar nº 87/96 em seu artigo 8º, ao tratar do regime de sujeição passiva por substituição, determina que a base de cálculo será o valor correspondente ao preço de venda a consumidor acrescido do valor do frete, IPI e demais despesas debitadas ao estabelecimento destinatário, bem como a parcela resultante da aplicação (sobre esse total) do percentual de valor agregado (margem de lucro). Esse percentual é estabelecido em cada caso de acordo com as peculiaridades de cada mercadoria, que pode ser resumido nessa equação: BC = (Valor mercadoria + frete + IPI + outras despesas) x margem de lucro A margem de lucro da mercadoria submetida ao regime de substituição tributária em operação interestadual terá a margem de valor agregado estabelecida em Convênio ou Protocolo. Como o contribuinte substituto gera o fato gerador ao promover a saída das mercadorias de seu estabelecimento e, pela sistemática do regime, paga o ICMS em relação aos fatos geradores futuros praticados pelos contribuintes substituídos, sabemos que este terá o ICMS da operação própria e o ICMS das operações subsequentes. Consideramos, para fins de ilustração, uma operação realizada por um fabricante de lâmpadas estabelecido no Estado do Rio de Janeiro com destino a um cliente localizado no Estado do Rio de Janeiro, cujo valor da venda é de R$ 1.000,00 e com IPI calculado a uma alíquota de 15%, teremos: ● ICMS da operação própria – R$ 1.000,00 x 19% (origem RJ destino RJ) = R$ 190,00 ● Base cálculo da ST – R$ 1.000,00 + R$ 150,00 (IPI) + 40% (margem de valor agregado) = R$ 1.610,00 ● R$ 1.610,00 x 19% (alíquota interna praticada no Estado do RJ) = R$ 305,90 Logo o valor do imposto substituição será a diferença entre o calculado de acordo com o estabelecido no subitem “Base de cálculo” e o devido pela operação normal do estabelecimento que efetuar a substituição tributária, teremos : R$ 305,90 – R$ 190,00 = R$ 115,90 Diferencial de Alíquotas - DIFAL O ICMS impacta as mercadorias de uma forma tão relevante que não basta ele ser um tributo não cumulativo e com o instituto da Substituição Tributária, que até mesmo as entidades que vendiam para o consumidor final foram afetadas através do DIFAL, que é a sigla para diferencial de Alíquotas do ICMS. O DIFAL é um cálculo usado para operações interestaduais para consumidor final e não contribuinte de ICMS. A cobrança desse diferencial se dá pela razão de que cada unidade federativa possui tarifas de ICMS distintas. O DIFAL ou Diferencial de Alíquotas foi criado para proteger a competitividade do estado em que o comprador reside. O Difal era recolhido para o estado de origem, por isso, muitos estados ficavam prejudicados, uma vez que a maioria das empresas de e-commerce situa-se em São Paulo e Rio de Janeiro. O Convênio ICMS 93/2015 que tem como escopo equilibrar o cenário de arrecadação do ICMS dos outros estados, a partir de 2019 é todo destinado ao estado de destino. O recolhimento do Diferencial de Alíquota do ICMS passou a ser de responsabilidade do vendedor quando a venda for a não contribuintes do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços, como consumidores finais. Já nas transações entre contribuintes, o Difal é de responsabilidade da empresa que está adquirindo o produto ou serviço, ou seja, do estado de destino. Vamos calcular um exemplo de uma venda de R$ 100,00 com estado de origem São Paulo a um consumidor final no Rio de Janeiro. Vamos agora olhar a aíquota do ICMS estado de origem: 12% e Alíquota do ICMS estado de destino: 18%, logo temos : ICMS estado de origem: R$ 100,00 x 12% = R$ 12,00 ICMS estado de destino: R$ 100,00 x 18% = R$ 18,00 Valor do Diferencial de Alíquotas: R$ 6,00 No entanto, é preciso considerar também que neste cálculo pode incidir o valor pertencente ao Fundo de Combate à Pobreza que é um fundo que pode majorar esse valor e é regulamentado de estado para estado. 06. Controles e Métodos de valorização de estoques Antes de começar o presente capítulo vamos recapitular e aprofundar alguns pontos já apresentados, nas operações com mercadorias o comerciante deve manter o controle do preço de compra e dos custos destas mercadorias de forma a conseguir apurar o resultado dessas operações, para isso, este controle chama-se inventário e ele pode ser feito de duas maneiras : O inventário periódico ocorre quando os estoques existentes são avaliados por meio de contagem física, na data de encerramento do Balanço. O estoque, assim avaliado, é denominado Estoque Final e o preço utilizado para sua avaliação é o preço de compra (também chamado de custo) ou de mercado, dos dois o menor. Aqui cabe destacar que essa possibilidade de valorar o estoque pelo menor preço entre o custo ou mercado é prevista no Inciso II, do art. 183, da Lei no 6.404, de 15 de dezembro de 1976 e também na Resolução 2018/REVISAONBC01 que aprovou o Pronunciamento Técnico 16 referente a Estoques, não vamos neste capítulo discorrer sobre quando o preço de mercado de um determinado produto é menor que seu custo, visto que isto é um tópico de contabilidade mais avançada, mas é importante deixar registrado tal possibilidade e suas fundamentações legais. Uma outra forma de inventário é chamada de inventário permanente, que tem sua principal característica o controle permanente de estoques por parte empresa, ou seja existe a operacionalização de um controle sendo realizado a cada operação de compra ou venda. Para efetuar tal controle de estoque utiliza-se a Ficha de Controle de Estoque, sendo uma ficha para cada tipo de produto ou de material.O inventário permanente possibilita controle contínuo no Estoque de Mercadorias e assim possibilita a baixa do Custo das Mercadorias Vendidas (CMV) a cada venda. Esse controle permanente é efetuado sobre todas as mercadorias que estiverem à disposição para venda, isto é, esse controle é efetuado sobre as mercadorias vendidas possibilitando a apuração em tempo do CMV e também atualizando o saldo sobre as mercadorias que não foram vendidas gerando assim o Estoque Final. Com a soma dos custos de todas as vendas, tem-se o Custo das Mercadorias Vendidas (CMV) total do período, dentro da fórmula já ensinada : Custo da Mercadoria Vendida = Estoque Inicial + Compras - Estoque Final. Importante destacar que esses inventários sejam de forma periódica ou permanente servem tanto para o comércio quanto para a indústria. E é exatamente dentro dos inventários permanentes que este capítulo se debruça, quais são os tipos de inventários permanentes, suas vantagens e desvantagens. Começamos dizendo que existem três tipos de inventários permanentes, são eles, Custo Médio Ponderado (CMP), Primeiro que Entra Primeiro que Sai (PEPS) e Último que Entra Primeiro que Sai (UEPS), cabe destacar que a entidade deve usar o mesmo critério de custeio para todos os estoques que tenham natureza e uso semelhantes, entretanto quando os estoques que tenham outra natureza ou uso, podem justificar-se diferentes critérios de valoração, essa recomendação visa preservar uma harmonização das políticas contábeis da entidade. Registrando a Compra e Venda dos Estoques na Contabilidade Aqui cabe destacar que a operacionalização desses estoques se dão em ambientes diferentes, o primeiro contábil onde usamos a linguagem da escrituração, para debitar e creditar, e aqui reforçamos para entendimento, a escrituração da compra de estoques, cabe aqui deixar registrado a necessidade do cumprimento das formalidades de lançamento contábil já explicadas neste livro. D- Mercadorias em Estoques C- Caixa / Bancos / Fornecedores Já quando ocorre a venda, utilizamos os seguintes lançamentos: o primeiro que registra a venda em si, pelo preço de venda. D- Caixa / Bancos ou Clientes a Receber C - Venda de Mercadorias Após registrar a venda temos que transferir o custo ou seja repassar o custo dessa venda para nosso resultado que se dá pelo seguinte lançamento. D- Custo da Mercadoria Vendida C- Mercadorias em Estoque Após revistarem os lançamentos contábeis, para compra e venda de mercadorias, agora vamos conhecer as fichas de inventários permanentes e seus respectivos métodos de trabalho, que é onde se darão a movimentação dos estoques. Custo Médio Ponderado (CMP) Também conhecido como Preço Médio Ponderado (PMP), atualmete é o critério popular no Brasil para avaliação de estoques pela facilidade de entendimento e aplicação do seu cálculo, esse método é aceito pela Receita Federal do Brasil e pelo Conselho Federal de Contabilidade em seu Pronunciamento Técnico 16, Outro fator que faz com que esse critério seja muito utilizado é a sua operacionalidade e conceito de arquivo. Enquanto os outros critérios obrigam a um controle rigoroso compra a compra, esse critério mantém uma única linha de controle das quantidades em estoques, simplificando os cálculos e facilitando a operação que pode ser feita em qualquer sistema de planilhas simples, entretanto no Brasil, temos outro fator que faz com que esse critério seja utilizado. É o problema da inflação, em que os preços das mercadorias sofrem constante mutação e a quantidade de compras de preços diferentes é relativamente muito maior que em outros países, em que a economia é mais estabilizada De forma objetivo é assim que o Custo Médio Ponderado (CMP) funciona para a cada nova entrada recalcula-se o custo unitário da mercadoria ou produto de forma ponderada, isto é, em função das quantidades, que resulta na seguinte equação: valor total atual dividido pelas quantidades atuais. Vamos visualizar um exemplo de funcionamento da metodologia de Custo Médio Ponderado (CMP), didaticamente passamos a narrar os fatos por tabelas que facilita o entendimento. Data Evento Quantidade Valor Unitário 02/04 Estoque Inicial 200 R$ 1,00 15/04 Compra 300 R$ 1,20 17/04 Venda 200 ● 18/04 Compra 300 R$ 1,40 Agora que temos os fatos narrados vamos preencher a ficha de movimentação de estoques. CMP Entradas CM Saídas Saldo Final Data Evento Qtd R$ /un R$/ total CMP /un Qtd R$ /un R$/ total Qtd R$/ total 02/0 4 Est. Inicial 20 0 200,0 0 15/0 4 Compr a 30 0 1,20 360,0 0 50 0 560,0 0 17/0 4 Venda 1,12 20 0 1,12 224,0 0 30 0 336,0 0 15/0 4 Compr a 30 0 1,40 420,0 0 60 0 756,0 0 TOTAL 60 0 780,0 0 20 0 224,0 0 60 0 756,0 0 A estrutura da tabela, constante na primeira linha já fornece uma ideia muito boa sobre o funcionamento do método do Custo Médio Ponderado e da tabela em si, CMP é Custo Médio Ponderado, na sequência temos um setor onde se pormenoriza as entradas em quantidade, preço unitário e preço total, após temos o Custo Médio unitário (CM), que será utilizado para balizar o custo médio das vendas, após, a pormenorização referente às saídas do estoque de forma igual às entradas, e por fim o Saldo Final. Vamos agora analisar a construção da ficha e perceber que existem uma sequência de passos lógicos que são construídos tal como a descrição dos fatos, o primeiro lançamento é o do estoque inicial, onde lançamos a quantidade e valor unitário dentro da área de Saldo Final, logo após registramos a compra, especificamos a unidade e valor total, dentro da área destinada a entrada de mercadorias e em ato contínuo atualizo o saldo final somando as quantidades e somando os valores totais (R$ 200,00 + R$ 360,00) . Na sequência vamos registrar uma venda, que é uma saída do estoque, atentem que antes temos que avaliar e especificar o Custo Médio Unitário, que realizado da seguinte forma, dividimos o valor final do estoque (R$ 560,00) pela quantidade de estoque (500 un), no caso temos R$ 1,12 este será o custo médio do produto vendido, atentem que o preço de venda não faz parte desse método sendo ele um inventário permanente para apurar o Custo da Mercadoria Vendida, como vendemos 200 unidades o custo total será 200 multiplicado pelo custo unitário, no caso R$ 1,12. O processo se repete sempre lançando a entrada pelo custo nominal calculado com base na nota fiscal de compra e a saída fazendo a média do saldo final do lançamento anterior à saída. Ressaltando que sempre ao final da ficha de lançamento o saldo final encontrado será o saldo inicial do mês subsequente. Primeiro que Entra, Primeiro que Sai - PEPS O nome é uma maneira de facilitar o entendimento desse método de valorização do estoque, que também tem que ser chamado pelo nome em inglês First In, First Out - FIFO. Neste critério, ao fazer a saída (venda) do material, usa-se como referência de custos os preços mais antigos registrados no estoque, permanecendo assim as mercadorias com os preços mais recentes sempre em estoque, o método também previsto no Pronunciamento Contábil 16 e pela Receita Federal do Brasil Vamos construir um exemplo utilizando a mesma base de eventos utilizada no método Custo Médio Ponderado. Data Evento Quantidade Valor Unitário 02/04 Estoque Inicial 200 R$ 1,00 15/04 Compra 300 R$ 1,20 17/04 Venda 200 ● 18/04 Compra 300 R$ 1,40 Agora vamos montar a ficha de movimentação PEPS Entradas Saídas Saldo Final Data Evento Qtd R$ /un R$/ total Qtd R$ /un R$/ total Qtd R$/ total 02/0 4 Est. Inicial 20 0 200,0 0 15/0 4 Compr a 30 0 1,20 360,0 0 50 0 560,0 0 17/0 4 Venda 20 0 1,00 200,0 0 30 0 360,0 0 15/0 4 Compr a 30 0 1,40 420,0 0 60 0 780,0 0 TOTAL 60 0 780,0 0 20 0 200,0 0 60 0 780,0 0 Na primeira venda efetuada, a mercadoria que foi dado baixa no estoque foi as que estavam remanescentes do estoque inicial, pois existia no estoque uma quantidade suficiente para completar a saída, ficando no estoque apenas as mercadorias mais recentes e com um custo nominalmais elevado, em caso de nova venda o valor unitário de custo seria de R$ 1,20 e se a venda fosse maior em quantidade que as 300 peças com custo unitário de R$ 1,20 a diferença seria coberta com peças a custo de R$ 1,40 porque a lógica é sempre de vender, e apropriar o custo daquelas peças que entraram primeiro no estoque. O PEPS é um método de controle dos materiais recomendado especialmente quando as mercadorias a serem vendidas estão sujeitos à deterioração, decomposição, mudança de qualidade, assim temos a certeza de que sempre serão usados na venda os produtos mais antigos, evitando que estes venham a perder sua validade ainda estando dentro do estoque da empresa. Por outro lado, o uso desse método, leva à tendência de que o produto venha a ficar avaliado por um custo menor do que quando se usa o custo médio, tendo-se em vista a situação normal de preços crescentes, essa desvantagem pode de alguma maneira tornar menos preciso o método de avaliação de estoque e seu saldo final. Último que Entra Primeiro que Sai - UEPS Também chamado em inglês de, Last In First Out (LIFO), funciona de forma invesa ao método do PEPS visto no tópico anterior, este usa como custo da mercadoria vendidade o custo dos das compras mais recentes, mantendo no custo do estoque as entradas mais antigas, ou seja, a cada saída ele utiliza a última nota fiscal que deu entrada no estoque, per- manecendo assim no mesmo as notas mais antigas e com isso reduzindo o custo nominal do estoque. Esse método é praticamente o inverso do PEPS e não é aceito pela Receita Federal, nem é previsto pelo Conselho Federal de Contabilidade em seu Pronunciamento Técnico 16. Ainda que não seja aceito pela Receita Federal nem previsto pelo Conselho Federal de Contabilidade, vamos demonstrar seu funcionamento, pois é de valia entender essa possibilidade, como forma de entendimento da matéria. Data Evento Quantidade Valor Unitário 02/04 Estoque Inicial 200 R$ 1,00 15/04 Compra 300 R$ 1,20 17/04 Venda 200 ● 18/04 Compra 300 R$ 1,40 Agora vamos montar a ficha de movimentação UEPS Entradas Saídas Saldo Final Data Evento Qtd R$ /un R$/ total Qtd R$ /un R$/ total Qtd R$/ total 02/0 4 Est. Inicial 20 0 200,0 0 15/0 4 Compr a 30 0 1,20 360,0 0 50 0 560,0 0 17/0 4 Venda 20 0 1,20 240,0 0 30 0 320,0 0 15/0 4 Compr a 30 0 1,40 420,0 0 60 0 740,0 0 TOTAL 60 0 780,0 0 20 0 200,0 0 60 0 780,0 0 Ao analisar a ficha percebe-se que é exatamente o inverso do cálculo do PEPS, nesse caso as últimas notas que dão entrada no estoque são sempre as primeiras a saírem, como demons- tra o cálculo do dia 17/04 em que a venda foi efetuada com o estoque da compra do dia 15/04 e com isso ficou o saldo de 100 unidades dessa compra e mais todo o saldo incial de estoques. Comparações Da verificação da resultante dos cálculos entre os três critérios podemos deduzir o seguinte: •O PEPS termina por valorizar o estoque final a preços mais recentes e consequentemente o custo das saídas a preços mais antigos. •UEPS termina por valorizar o estoque final a preços mais antigos e consequentemente o custo das saídas a preços mais recentes. •CUSTO MÉDIO PONDERADO equaliza tanto o estoque final como o custo das saídas a um preço médio único.
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