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APOSTILA PASSOS DE ASSIS – SER O CARISMA Autoconhecimento, Cura e Conversão Índice Introdução Apresentação Capítulo 1 – História de Salvação Pessoal e Espiritualidade no Carisma Capítulo 2 – Família Capítulo 3 – Vida de Oração Capítulo 4 - Vida Fraterna / Comunitária Capítulo 5 – Amor aos Pobres Capítulo 6 – Obediência e Humildade Capítulo 7 – Evangelização Capítulo 8 – Missionariedade Capítulo 9 – Comunhão de Bens / Partilha Capítulo 10 – Sexualidade e Afetividade Capítulo 11 – Missão Pessoal Capítulo 12 – Serviço / Ministério Capítulo 13 – Estado de Vida Capítulo 14 – Teologia do Corpo Capítulo 15 – Postura Cristã Capítulo 16 – Profissão Capítulo 17 – Maturidade Emocional Capítulo 18 – Devoção Filial à Maria Capítulo 19 – Igreja Considerações Finais Introdução Fomos criados à imagem e semelhança de Deus, que é Amor. Portanto fomos criados pelo Amor, por amor, com amor, no amor e para o amor. Dessa forma, a nossa mais profunda essência é amar. Amar gratuitamente e incondicionalmente. “A revelação definitiva do meu eu-ideal é a vivência concreta do carisma da minha família religiosa.” (Santa Benedita da Cruz – Edith Stein). Como sabemos, o nosso eu-ideal é aquilo que fomos criados para ser. E SER o carisma da nossa família religiosa é SER o que fomos criados para ser. Ser a presença do Ressuscitado, ter os mesmos sentimentos de Cristo, ser uma revolução do Amor no mundo, é o que fomos criador para ser. Mas, ao longo da nossa história, a nossa verdadeira identidade foi sendo desfigurada pelos valores invertidos da sociedade, pelo ter, poder e prazer. “O oposto do amor não é o ódio, mas a indiferença” (Papa Francisco). Neste tempo forte de Egocentrismo, o fechamento em mim mesmo foi me ferindo e corrompendo a minha real essência. Aos poucos fui sendo anestesiado pela globalização da indiferença e pela cultura do descarte. E assim fui sendo roubado de mim mesmo. “Não me canso de repetir que a indiferença é um vírus que contamina perigosamente os nossos tempos, tempos nos quais estamos sempre mais conectados com os outros, mas sempre menos atentos aos outros. No entanto, o contexto globalizado deveria nos ajudar a compreender que ninguém de nós é uma ilha e que ninguém terá um futuro de paz sem um amanhã digno para todos” (Papa Francisco). Diante do vírus da indiferença, o Papa indicou como “vacina” a memória, fazer memória de todo o caminho para recuperar a humanidade e superar as formas de apatia para com o próximo.. “A memória é a chave de acesso para o futuro e é nossa responsabilidade entregá-la dignamente às jovens gerações”. A inspiração da Apostila “Ser o Carisma” é exatamente essa. O primeiro passo será fazermos memória, mergulharmos com profundidade no autoconhecimento, para identificarmos aonde fomos contaminados pelo vírus do egoísmo, relativismo e indiferença. Nesse tempo de Clarificação que passou, fomos alcançados pela Misericórdia de Deus! O Senhor nos olhou com muito amor e reordenou as nossas vidas ao revelar a centralidade da espiritualidade do nosso Carisma! Somos abrasados pela unidade ao Carisma quando, silenciosa e misteriosamente, atualizamos a experiência com nosso Mistério Cristológico: tocando profunda e amorosamente na carne sofredora de Jesus Abandonado Encarnado nos pobres, que gera a configuração do nosso coração aos sentimentos do Ressuscitado! O Mistério Cristológico é “o rosto de Cristo a ser anunciado por aquela comunidade ao mundo” (Emmir Nogueira). A partir do nosso apaixonamento por um mistério específico da vida de Cristo, conhecemos como um Carisma tem a força de nos configurar a Ele por inteiro! Temos sede dos Seus sentimentos, dos Seus pensamentos, das Suas palavras e das Suas ações, quando finalmente somos o que nascemos para ser! Com o que mergulhamos no tempo de clarificação, mais do que conhecer as fontes, as vivências e os frutos do Carisma, avançamos para um mergulho muitíssimo profundo no tempo de conversão: temos sede de ser o Carisma! Não temos como dimensionar o Amor que conhecemos quando vamos às ruas, às praças, às comunidades carentes etc encontrar Jesus Abandonado naquele que é o mais abandonado. Quando, posteriormente, em oração, lembramos do que o Senhor nos falou, de como Ele nos olhou, por meio de cada um dos preferidos de Jesus, não podemos parar nos instantes daquele momento! Ainda que venhamos a atualizá-lo todos os dias, este encontro não pode parar nos minutos da vivência frequente do Mistério Cristológico. É necessário descermos, profundamente, em humildade e disposição de conversão para ser o que vivemos! Trata-se de um encontro salvífico, como nos esclareceu o Papa Francisco quando escreveu uma carta à nossa Comunidade na ocasião do Evento Com Deus Tem Jeito! E a salvação não se resume ao encontro com o Abandonado, mas com a resposta que damos ao permitir e lutar para que os valores e os sentimentos que Jesus Abandonado nos dá em testemunho, na condição de Abandonado e Encarnado nos pobres, chegue e frutifique em todas as áreas do nosso coração e da nossa vida! Como poderemos ser o Carisma, em cada segundo da nossa vida, na mansidão e na humildade, na misericórdia e na verdade, com todos ao nosso redor? Na vivência concreta do amor puro, desinteressado e gratuito, que gera o amor recíproco na nossa família e uma profunda compaixão para com toda a humanidade? Como anunciar com o nosso olhar o ardor em nos consumir pelos pobres, com gratidão por toda a riqueza que eles são para Cristo, para a Igreja e para nós? Como romper com as marcas que a nossa existência, em uma sociedade guiada pela cultura do descarte, causa em nossa personalidade? Como permitir que a experiência com o Mistério Cristológico atualizado converta em mim as atitudes de egoísmo, indiferença, soberba, individualismo, sede de poder, priorização do prazer, apego aos bens materiais, à fama e à necessidade de reconhecimento? Nesse contexto, em um ato de profundo louvor a Deus, somos chamados a mergulhar em tudo isso nesta apostila. Um caminho de autoconhecimento, cura e conversão está à nossa frente! Somos chamados a trabalhar a conversão de todas as áreas do nosso ser para o que Jesus Abandonado Encarnado nos pobres nos ensina! Esse tempo também será oportuno para reconhecermos os sinais da eleição de Deus por nós a partir do carisma clarificado. Ao mesmo tempo em que poderemos identificar traços de nossa história que nos levam ao carisma e bendizer a Deus por tudo isso, poderemos ainda reconhecer as tentações que nos afastam do carisma. Muitas vezes, guardamos inúmeras feridas e experiências traumáticas que nos distanciam daquilo que fomos criados para ser. Esta será uma oportunidade imperdível para mergulharmos na verdade de nossa identidade perpassada pelo carisma e guiá-la no caminho da conversão ainda mais profunda. No despojamento, na coragem e na disposição de quem ama a Vocação com a própria vida, entregando e se consumindo até o fim, vamos juntos mergulhar na profundidade que o nosso coração é chamado a ser! Que seja tudo consumido para os pobres e para os jovens, que esperam a manifestação dos Filhos da Luz, no encontro do Ressuscitado com o Abandonado! Apresentação Vamos entender o alcance do nosso mistério cristológico, manifestado nas diversas áreas da nossa vida. Esse mergulho nos fará entender o que significa a “Espiritualidade da Vocação”, como nos ensina Emmir Nogueira, ao dizer que esta é “a forma de manifestar o mistério cristológico da vocação na vida espiritual, fraterna e apostólica”. Ao aprofundar a espiritualidade do Carisma em tudo que somos, vamos fazer uma profunda reflexão dentro de um verdadeiro processo de conversão ao Carisma. Escolhemos 18 temas, escritos em 17capítulos, em que cada tema será um capítulo, escrito em três momentos. Haverá alguns dias de meditação para o auto-conhecimento, outros para o processo de cura e outros dias para a conversão, variando conforme a especificidade de cada tema. Temos a tendência de achar que, porque identificamos a verdade evangélica do Carisma, quebramos a indiferença em nós. Mas não é bem assim. É certo que há conversão em nosso coração e nós não conseguimos mais ser tão indiferentes com Jesus Abandonado. Mas, nós estamos imersos no mundo e os valores mundanos vão nos maculando, mesmo que às vezes a indiferença e o relativismo fiquem camuflados por outros sentimentos, mesmo que o individualismo seja intimamente justificado ou até autorizado pelas “boas regras sociais”. Nesse mergulho, buscaremos encontrar toda indiferença, todo egoísmo e todo relativismo de que nosso coração sofre quando está preso aos valores do ter, do poder e do prazer. Em cada área e dimensão da nossa vida, vamos nos perguntar o que falta para sermos o Carisma. Por meio de textos reflexivos, vamos escrever a nossa história, passando ponto por ponto e identificando essas marcas boas e ruins que nossa história e existência imprimem em nossa alma. Ao identificar a raiz que gera a indiferença e todos os outros valores contrários ao Carisma, vamos viver o segundo passo: a Cura no Carisma, através do Mistério Cristológico e das fontes de Espiritualidade do Carisma, bem como outras fontes de espiritualidade que a Igreja nos orienta. Nesse momento, em cada capítulo, haverá exercícios espirituais que vão nos levar a vivências de lectio divina, oração pessoal, contemplação dos mistérios do santo terço, jejum, penitência etc, para encontrar as respostas do Carisma para cada uma dessas feridas. Como diz Chiara Lubich, Jesus Abandonado é a resposta e solução de todos os problemas no mundo. Mas o processo de cura e conversão não é uma mágica. Através de um profundo mergulho, vou descobrir e identificar a indiferença em várias áreas e dimensões da minha vida. Mas, para que Jesus Abandonado possa gerar a cura e a conversão, é necessário um aprofundamento ainda maior. Preciso, através de uma intensa vida de oração, especialmente pelas fontes de espiritualidade do Carisma, ir ruminando a experiência e permitindo que Jesus Abandonado possa ir de fato gerando a cura e a conversão. “Pensemos: este Deus que dá o primeiro passo, que tem compaixão, que tem misericórdia, e tantas vezes nós, o nosso comportamento é a indiferença. Rezemos ao Senhor para que cure a humanidade, começando por nós: que o meu coração seja curado dessa doença que é a cultura da indiferença. " (Papa Francisco) O último e terceiro momento é o passo decisivo de conversão ao Carisma. Vamos viver direcionamentos espirituais e práticos que vão gerar mudanças concretas. O que precisamos mudar concretamente, após ter tomado consciência da ferida e da cura que acolhemos em nossa história? Daremos caminhos práticos para cada um responder na generosidade do amor. Assim, em processo de conversão, cada um traçará rotas de mudança, de radicalidade, de ordenamento do nosso projeto de vida. Somente assim poderemos nos dispor e acolher tudo o que o Carisma quer nos ensinar a ser. Assim, somos chamados a ser o Carisma na família; na vida fraterna e na vida comunitária; na vida de oração; no amor aos pobres; na obediência e humildade; na evangelização; na comunhão de bens e partilha; na sexualidade e afetividade; na missão pessoal; no serviço e ministério; no estado de vida; no nosso corpo; na postura cristã; na profissão; na maturidade emocional; na devoção filial à Maria; na Igreja; em tudo. Para realizar esse mergulho, é preciso coragem, parresia, audácia santa. Vamos juntos conhecer, curar e converter nosso coração ao Carisma? A cada dia, serão propostos alguns exercícios. É importante que não menosprezemos nenhuma atividade, seja grande ou pequena, espiritual ou mais prática, fácil ou difícil, repetida ou nova. Tudo, acreditamos nós, é inspiração divina para esse novo tempo. Esclarecemos também que é a primeira vez que realizamos este modelo de formação na Comunidade. Estamos sujeitos a falhas e, com certeza, estamos abertos a melhorias. Você, como vocacionado, faz parte desta construção. Cada vez que você sugerir como qualificar este material, cresceremos na graça para as próximas vezes em que aplicarmos esta apostila. Contamos com você! Luz e Paz! Coordenação Geral Setor de Comunidade Vocacionados Capítulo 1 - HISTÓRIA DE SALVAÇÃO PESSOAL E ESPIRITUALIDADE NO CARISMA Seja bem-vindo(a) à primeira etapa da nossa apostila 3. Iniciaremos nossos exercícios espirituais refletindo sobre nossa história e sobre o modo como temos vivenciado nossa espiritualidade. Talvez você ame rezar com isso, talvez você não tenha esse costume. O que podemos te dizer é: invista nisso, vale a pena! Se você não gosta, dê uma chance. Se você já fez alguma imersão na sua história de vida, tenha certeza que essa não será igual. Dessa vez, faremos um mergulho à luz do carisma que Deus confiou à Obra Lumen. Para esse momento inicial, convidamos você a mergulhar em uma reflexão sobre as cenas finais do filme “O Menino do Pijama Listrado”. ( https://m.youtube.com/watch?v=ijx2p-Farz0 – Esse vídeo será apresentado no grupo presencial.). Precisamos admitir: a indiferença está em nós. Você percebeu a frieza dos pais de Bruno quanto ao assassinato de milhões de judeus inocentes nos campos de concentração? Mas quando perceberam que o seu filho corria perigo, entraram em profundo desespero, e iniciaram uma busca desenfreada, na velocidade maior possível, para tentar salvar o seu filho. Papa Francisco afirma que estamos em guerras fragmentadas nos dias de hoje. Estamos em guerras civis. Das 50 cidades mais violentas do mundo, 21 são brasileiras. Fortaleza, por exemplo, é a 5ª cidade mais violenta do mundo. Estamos em meio à números horripilantes de guerra. “Uma sociedade que abandona uma parte de si mesmo na periferia há de se provocar uma grande explosão de violência” (Papa Francisco) São centenas de milhares de crianças inocentes que crescem sem o amor dos pais, sem educação, sem esporte, sem lazer, sem cultura, sem os sacramentos, sem evangelização, sem saúde, sem cuidado absolutamente nenhum. O que se pode esperar do futuro dessas crianças? Crianças obrigadas a se inserirem na prostituição, nas drogas e no tráfico. Crianças que não sabem o que é ser amadas, não podem amar. São crianças já condenadas à morte. Qual a diferença dessas crianças de nossas cidades, para as crianças assassinadas em Auschwitz? https://m.youtube.com/watch?v=ijx2p-Farz0 “A pergunta é para todos. Nas nossas cidades está implantado este crime mafioso e aberrante, e muitos têm as mãos cheias de sangue por causa de uma cumplicidade cômoda e silenciosa” (211 – Evangelli Gaudium). Por que assim como os pais do Bruno, enquanto não for o nosso filho, continuamos tranquilos e omissos? Se fosse a nossa mãe jogada nas ruas, dormindo com ratos e baratas, sendo espancada, comendo do lixo, teríamos pressa em salvá-la? E quando se trata de Jesus Abandonado Encarnado, não temos tanta pressa? Por que achamos que já está suficiente as casas de acolhimento que já temos, ou que já estamos anunciando muito o “Ser Feliz”? Porque estamos anestesiados pela indiferença! Dia 1 Quem é você? O que você escreveria para responder a essa pergunta? Não continue a leitura sem antes escrever algumas palavras como resposta. Não existe certo ou errado, apenas escreva. Se você ainda está pensando em continuar sem escrever, pense bem! Não vale a pena se boicotar por tão pouco, não é mesmo? Escreva. Pode ser difícil chegara um conceito exato de quem você é, mas vale a pena esse exercício. Acabamos de começar esse mergulho em você mesmo. Comece sendo fiel nessas pequenas coisas. Agora, leia novamente sua resposta e pense: Quem você é verdadeiramente? Você é o que parece? Você é o que você acredita ser? Você é a imagem que os outros têm de você? Você é o que o mundo foi lhe tornando? Ou na verdade não é nada disso? O que aprendemos com Santa Teresinha é que somos aquilo que Deus pensa de nós. Nem o que pensamos ser, nem o que os outros pensam de nós, mas o que Deus pensa de nós. Por isso, neste processo de autoconhecimento, precisamos ir além do óbvio, precisamos ir mais profundo, precisamos sair da superficialidade. É muito mais fácil pensar que somos o que achamos ser, mas essa não é a verdade. Somente Deus pode nos revelar quem verdadeiramente somos. Mas é preciso, antes, abrir mão de nossas falsas identidades, estar disposto(a) a despojar-se de algumas ideias. É preciso ter coragem. Tomar consciência de quem somos e olhar a quem mais nos ama. Só assim reconheceremos nossa verdadeira identidade. Como exercício espiritual de hoje, você deverá seguir os seguintes passos: 1) Reze com a passagem de Ex 3, 13-14 (leia quantas vezes julgar necessário e perceba como Deus se revela a Moisés como “Eu Sou””. 2) Reflita sobre o que é Ser. Ser é diferente de fazer, de parecer, de ser reconhecido assim... Ser é ser. Busque, em oração, uma compreensão sobre esse verbo. 3) Faça uma análise de quem você é, percebendo diversos aspectos. Pense nas suas atitudes dos últimos dias e tente encontrar a essência de cada uma delas, identificando por que você fez aquilo. Lembre-se sempre que estamos imersos na cultura do descarte, do ter, do poder e do prazer. Por mais que, conscientemente, não queiramos isso, quase que inconscientemente esses valores afetam nosso agir. Por isso, avalie algumas atitudes suas, à luz dessa concepção que o Carisma desperta em nós. Alguns exemplos para lhe ajudar: a) Você consegue se divertir em uma atividade esportiva, por exemplo, ou sempre traz um espírito forte de competitividade? Por que você sempre precisa ganhar? De onde vem essa necessidade? O que você precisa provar para si mesmo e para os outros? b) Se você fez uma brincadeira mais pesada com alguém recentemente, tente lembrar em que cenário você fez essa brincadeira, contra quem você fez e o porquê de ter feito. Superficialmente, você pode achar que foi só uma brincadeira, porque você é brincalhão. Mas tente aprofundar. Será que você não usou a oportunidade para que as pessoas ao redor te aplaudissem? Vaidade? Será que você fez como “vingança” porque várias vezes alguém já brincou com você e você ficou desconsertado? Rancor? c) Se você foi irresponsável ou priorizou além do que deveria o seu trabalho/estudos/serviço essa semana, pense: por que fez isso? Você esperava aprovação de alguém? Foi preguiçoso? Acha que só será aceito se fizer algo muito bem? E como você foi? Foi indiferente com as pessoas que precisam do seu serviço? d) Se você contou alguma mentira (por menor que tenha sido) nos últimos dias (por exemplo, disse que se atrasou por causa do trânsito, quando essa não é a real razão), pense: por que menti? Não queria ter culpa e me expor? Por que? Fui orgulhoso? e) Se você postou alguma foto ou texto nas redes sociais recentemente, qual sua profunda intenção ao fazer isso? O que queria? Reconhecimento? Inclusão em algum grupo? Massagear o seu ego? f) Se você não teve paciência com alguém nos últimos dias. Por que perdeu a paciência? Qual o perfil dessa pessoa? Em que ela se parece com você? Quais lembranças ela lhe traz? Como você lembrou-se de Jesus naquele momento? Você foi indiferente? Só queria amar e agradar quem poderia te dar algo em troca? Egoísmo? Caso tenha dificuldade em lembrar das situações, peça ajuda ao Espírito Santo. As possibilidades são muitas. Escolha pelo menos 2 situações e aprofunde a reflexão. Esse é só o início, um exercício. Ao longo dos próximos dias deste ciclo, teremos muitas outras oportunidades. Escreva todas as suas análises. 4) Escreva bem visível junto às suas análises: “Eu sou o que Deus pensa de mim”. E vá imaginando como Deus te olha em cada uma dessas suas atitudes. Lembre-se que Deus é Deus, Deus de misericórdia. Louve a Deus porque Ele te olha com olhar de misericórdia, por mais que você se desvie tantas vezes do que foi criado para ser. 5) Tome como propósito viver as próximas 24h vigilantemente, pensando na essência de cada uma de suas atitudes. Peça a companhia do Espírito Santo para tanto. Dia 2 Como foi passar as últimas horas refletindo sobre a real intenção de cada uma das suas atitudes? Foi difícil? Gerou dor esse encontro com sua essência? Foi difícil porque era desafiador lembrar a atitude e aprofundar? Esse exercício de repensar as atitudes pode ser sempre repetido, como via de reconhecimento de quem estamos sendo. É muito importante entender que quase nunca somos verdadeiramente o que estamos sendo. O que você é aos olhos de Deus, o que Ele sonhou para você: isso é sua essência. O que você está sendo muitas vezes é fruto da sua inserção no mundo, tão marcado pela cultura do descarte, pelo ideal do ter, do poder e do prazer, pela competitividade, pelo egoísmo, pela vaidade, pelo individualismo, pela indiferença... Hoje, seu exercício será listar características referentes a quem você está sendo (no lado esquerdo) e a quem Deus te criou para ser (no lado direito). Lembre-se de escrever do lado esquerdo também coisas boas. Nem tudo o que temos sido tem um fundo mau. Valorize cada coisa boa que você já tem aprendido a ser também. O que estou sendo? O que Deus me criou para ser? Para nós que estamos imersos em uma realidade vocacional, o carisma tem um papel fundamental na definição do que nós fomos criados para ser. O carisma específico é algo que Deus infunde no coração vocacionado desde sua criação. O carisma específico faz parte da identidade mais profunda de um indivíduo vocacionado. Emmir Nogueira, no livro Tecendo o Fio de Ouro, compara a nossa identidade a um grande armário, composto de algumas gavetas. A primeira gaveta é a do chamado a sermos filhos de Deus, a filiação divina nos define na nossa identidade, como já estávamos rezando antes (no capítulo passado) sobre a eleição de Deus por nós. A segunda gaveta é a do sexo. Só existem duas possibilidades: sermos homem ou mulher. “E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou” (Gn 1, 27). Não há meio termo. Desde nossa criação, essa definição nos caracteriza. A terceira gaveta é a do estado de vida, que, didaticamente, pode ser dividida em 3 opções: matrimônio, celibato e sacerdócio. A quarta gaveta é não obrigatória, ou seja, nem todo mundo tem. É a gaveta do carisma específico. Mas quem a tem deve viver tal carisma assim como necessita viver a filiação divina, a sexualidade e o estado de vida. Percebe a importância de compreender isso e torná-lo realidade em nossa existência? Só seremos verdadeiramente felizes se formos o que Deus nos criou para ser. Só seremos verdadeiramente felizes se vivermos todas as gavetas com plenitude. Dessa forma, o carisma específico é via de salvação e realização pessoal. Aprofundaremos depois sobre estado de vida e sexualidade. Nestes próximos dias, focaremos na identificação do carisma específico em nós e em suas repercussões. Sobre esse ponto, o tempo de clarificação nos revelou que o Carisma Lumen nos impulsiona às virtudes cristãs e à cultura do encontro. Somos chamados a ser ressuscitados. Se você não registrou aspectos dessa configuração ao Carisma e à vivênciada cultura do encontro do lado direito do quadro acima, não prossiga sem o fazer. É importante. Do mesmo modo, se o carisma nos constitui profundamente, ele tem o poder e a graça de nos curar. Por isso, depois de ter preenchido o quadro, faça sua oração comparando as duas colunas e entregando nas mãos de Deus. Não importa o quanto você está distante de se configurar plenamente ao ressuscitado. Importa que já descobrimos o caminho: o encontro com Jesus encarnado naquele que mais sofre. É caminhando que vamos sendo curados. Ao longo das próximas 24 horas, procure fazer uma experiência com Jesus abandonado no pobre. Busque viver esse encontro de forma livre, sincera, feliz e humilde. Peça ajuda, se for preciso. Deseje tanto curar-se que você vai ser criativo e buscar uma maneira. Perceba quem você é no momento desse encontro. Procure amar desinteressadamente. Procure não querer que ninguém te admire nessa ação. Dialogue com Jesus na pessoa do pobre, reconhecendo sua miséria, mas desejando configurar-se ao ressuscitado. Se não for possível uma vivência no dia de hoje, procure ao longo desta semana um momento mais forte com Jesus abandonado. Anote os frutos dessa experiência. Dia 3 Temos mergulhado no conhecimento do nosso ser. Como tem sido essa jornada para você? Caso precise de apoio ou de ajuda, converse com sua dupla de partilha, com o pastoreio do seu tempo vocacional ou mesmo com alguém do Conselho Geral ou do Setor de Comunidade e Vocacionados. Todos estamos a disposição para te ajudar a mergulhar nessa verdade de amor. “Quer saber de onde você veio? Quer saber quem você é? Quer saber para onde você vai? Fácil! Você vem de Deus, é o que Deus pensa de você e vai para Deus” (Tecendo o Fio de Ouro – capítulo III). Para aprofundarmos nessa nossa origem, é preciso entendermos quem é Deus. Deus é o mistério da trindade: um Deus que ao mesmo tempo é 3. O que caracteriza a trindade é o amor ininterrupto e perfeito entre as 3 pessoas, é a perfeita fraternidade, em que um se dá e acolhe inteiramente aos outros. A trindade é o amor em ato, pois Deus é amor em ato, segundo São Tomás de Aquino. Deus criou o homem à sua imagem e semelhança, ou seja, com capacidade de estabelecer com Deus, com seus irmãos e com todas as criaturas um relacionamento de amor. Você é uma criatura, criada por amor de Deus e constituída à imagem e semelhança desse Deus que é amor e relacionamento. Deus escolheu criar todas as suas criaturas. Ninguém além d’Ele tem poder de criar. Você foi criado porque Deus quis, por isso sua origem foi no coração da Trindade. Em resumo, Deus desejou a sua existência porque te amou. Ele te amou por você mesmo e não por outra pessoa ou razão. Tudo isso te faz único e muitíssimo importante aos olhos de Deus. Já parou para pensar nisso? Quanto mistério há em nossa existência? Faça uma breve oração de gratidão a Deus por sua criação. Perceba quanto amor Deus investiu em sonhar e criar você! O criador de tudo sonhou e gastou tempo com você, por amor! Lembre-se que o carisma específico que temos foi colocado em nosso coração no ato de nossa criação. Agradeça por isso também! Contemple Deus sonhando com um carisma específico para você. Sua eleição começou na criação. Se quiser aprofundar essa oração e tiver tempo por hoje, faça a leitura orante de Gênesis, capítulo 1, antes de continuarmos. Leia bem devagar e vá contemplando o amor de Deus impresso na sua criação “Você é, portanto, um desejo vivo de Deus, que o quis e o quer por você mesmo. É, também, responsável por seu próprio desenvolvimento. No entanto, como todo homem, você permanece um mistério para você mesmo e para os outros. Nem você e nem outra pessoa tem como desvendar esse mistério. Criado à imagem e semelhança de Deus Uno e Trino, criado para participar da vida da Trindade que é mistério, criado para viver o mistério do amor da Trindade, você, como todo homem, em sua imensidão, permanecerá sempre um mistério” (Tecendo o Fio de Ouro – Capítulo 3). A vida é esse mistério que nunca esgotaremos em entendimento. Mas nossa tarefa é também nos debruçarmos sobre esse mistério, pois qualquer passo no seu conhecimento é conhecimento de nós mesmos, é crescimento, é aproximação de Deus. Nos exercícios que faremos nessa apostila é importante termos essa consciência de que não dominaremos tudo, mas que desejamos dar passos, por menores que sejam, que frutifiquem na nossa conversão. Para finalizar nosso exercício de hoje, tome o Salmo 138 (139), versículos de 13 a 18. Leia esse trecho fazendo memória do momento em que você estava no ventre de sua mãe, se desenvolvendo, sendo tecido pelas mãos de Deus. Leia pelo menos 3x esse trecho do salmo e vá percebendo os sentimentos de Deus ao gerar você no ventre de sua mãe. Note o cuidado com cada detalhe. Não importa tanto o quanto seus pais lhe desejaram, mas todo o amor que Deus investiu ao formar você. O milagre da vida acontecendo no ventre de sua mãe. Leia e releia o trecho, pode ler a meia voz. Contemple o mistério. Se você já esteve grávida, contemple o amor de Deus gerando a vida em você. Anote os frutos de sua oração. Agora reze também com tantas crianças que são formadas com o mesmo amor de Deus no ventre de suas mães, mas são rejeitadas e assassinadas pelas mães que decidem abortar. Perceba o quanto tantas pessoas que defendem o aborto são indiferentes à vida! Abortar por vontade própria é destruir a obra prima de Deus. Reze por esses corações tão indiferentes, reze por esses inocentes que nem puderam existir. Veja o quanto o individualismo está infiltrado em nossa sociedade e também em nós. Aproveite a oportunidade e reze com o quanto você valoriza a vida como um tesouro confiado por Deus a nós. Você é indiferente à sua vida? Você percebe o quanto do amor de Deus há em sua existência? Você já reclamou de sua vida? Você já pensou em tirar a sua vida? Você já esqueceu que sua vida é presente precioso de Deus? Tome nota de todas as coisas. Quando escrevemos, o fruto de nossa oração se torna mais concreto. Essa reflexão não deve nos conduzir a um vitimismo ou a sentimentos de culpa. Pelo contrário, devemos agradecer a Deus por estar nos mostrando o valor de nossas vidas, tecidas pelas mãos do Grande Oleiro. Não há necessidade de se culpar pelo passado, mas de ordenar o futuro. Confie-se a Deus. Dia 4 Seguindo a reflexão de hoje, precisamos entender ainda mais um ponto sobre nossa criação. No tempo, nós passamos a existir desde nossa concepção, mas no coração de Deus, fora do tempo cronológico, nós sempre existimos. E Deus planejou nossa chegada. Você não é fruto do acaso. Você foi criado porque Deus quis e Ele se importou também com todos os detalhes de sua existência. Nesse sentido, comece a refletir sobre sua história, começada antes mesmo de você se fazer gente. Reflita e escreva sobre as seguintes questões: Você entende que a sua vida foi preparada por milhares de outras vidas? Você teve a grande graça de conhecer seus bisavós? E avós? Você os conhece por foto? Guarda suas imagens? Você gostaria de conhecer melhor sua genealogia? A nossa genealogia é tão importante que até os Evangelhos retratam a genealogia de Jesus (Mt 1, 1-17). A genealogia de Jesus era bem heterogênea: tinha pobres, ricos, prostitutas, adúlteros, assassinos, estrangeiros, filhos adotivos e, também, santos. Não importa quanta coisa boa ou ruim há naqueles que nos antecederam, importa que a nossa pré-história também nos constitui. Como exercício espiritual de hoje, você deverá desenhar sua árvore genealógica em pelo menos 3 gerações: você e seus irmãos, seus pais, seus tios e seus avós. Se possível, pesquise com seus familiares e vá completandocom outras gerações... Se você é casado(a), pode fazer essa montagem genealógica com as características dos antecedentes de seu cônjuge também. Se você tem parentes muitos próximos que não estão nessa família nuclear (como tios, primos e tios-avós), inclua-os também na sua árvore genealógica. Não precisa ser uma árvore linda e bem desenhada, mas desenhar te ajudará a enxergar melhor as relações existentes. Coloque o nome de cada familiar e pelo menos uma característica de cada um. Tente ir rezando e vendo como essas características influenciaram o que você é hoje. Por exemplo, você pode ter tido um avô muito religioso, e isso fez as verdades de fé serem bem enraizadas na sua família. Ou talvez você teve uma avó muito caridosa, e isso influencia essa postura em toda a sua família. Talvez você teve um parente alcóolatra, e isso influencia a forma como o álcool e a dependência química é vista na sua família. Deixe que o Espírito Santo vá te revelando essas interconexões e tome nota de tudo. Perceba a existência de traços de indiferença, orgulho, soberba, individualismo, sede de poder e também de caridade, fé e amor em cada um. Contemple sua árvore genealógica em oração e como a misericórdia de Deus superabundou em sua história antecedente. Reze por todos os seus antepassados. Louve pelos que já estão no céu. Reze por aqueles que podem ainda estar no purgatório. Louve a Deus por sua história e interceda por todos que vieram antes de você. Dia 5 Temos mergulhado no conhecimento do nosso ser. Como tem sido essa jornada para você? Caso precise de apoio ou de ajuda, converse com sua dupla de partilha, com o pastoreio do seu tempo vocacional ou mesmo com alguém do Conselho Geral. Todos estamos à disposição para te ajudar a mergulhar nessa verdade de amor. Continuando esse processo de autoconhecimento, precisamos entender que quem nós somos verdadeiramente passa pela nossa história. Porque tudo o que vivemos vai deixando marcas, boas ou ruins, em nossa existência. Deus se utiliza da nossa história para ir revelando muitos aspectos da nossa vocação. A maioria dos santos fez esse exercício de olhar para a sua trajetória e perceber as providências, as permissões, a ação de Deus em seus caminhos. Por exemplo, o tempo/contexto do país em que nasci diz muito sobre os chamados de Deus para mim. Se olharmos de modo superficial, podemos pensar sobre o local e data em que nascemos como algo ruim, digno de reclamação, ou mesmo com certo aspecto de azar ou sorte. Não é bem assim que a fé nos convida a olhar os acontecimentos de nossa história. Devemos olhar cada acontecimento entendendo que se trata da nossa história de salvação pessoal: o caminho que Deus foi nos preparando para o céu. Por exemplo, por que você mora em um país em que, das 50 cidades mais violentas do mundo, 21 são brasileiras? Nestes próximos dias, viveremos um exercício de fazer memória da nossa história. Serão propostos alguns exercícios. É importante que você busque fazer todos. Não caia na tentação de fazer de qualquer modo, de não fazer em oração, de achar que é menos importante. Você perceberá como a nossa história tem muito a nos revelar, e esse mergulho é fonte de salvação. Outra orientação importante é escrever a nossa história. Durante a nossa oração, muitas lembranças podem vir. Mas o simples pensar é muito volátil. À medida que escrevemos, somos obrigados a sermos mais concretos, somos impulsionados a registrar, e a escrita facilita a ação da memória, bem como o encadeamento dos fatos. Por isso, não se esquive de escrever. Mesmo que o que você pensa não tenha uma sequência lógica, escreva. Um terceiro ponto ainda a relembrar é: não é fácil. É preciso ter coragem para mergulhar na nossa história. Muitas vezes a tratamos como algo que passou, que ficou para trás, deixamos o passado o mais escondido possível. Santo Agostinho compara esse nosso pensamento com a concepção do passado como um rio congelado, que pensamos estar concluído, fechado. Todavia, nosso passado não é algo parado e retido lá atrás. O passado nos constitui, é um rio que continua fluindo e nutrindo o nosso presente e nosso futuro. Nossa história foi nos moldando em muitas coisas (boas e ruins). Claro que entender a História de Salvação Pessoal não significa se prender ao passado, nem cair numa lógica determinista. Nada disso! Revisitar o passado tem o objetivo de conhecê-lo e, como nos ensina a Igreja: ordená-lo para o amor. O que há de ruim e de bom: ordenar para o Amor. Não podemos mudar o passado, mas podemos aprender dele para bem viver o presente. Assim, o rio que antes nos paralisava pode se tornar rio fecundo que nos leva à cura e à libertação para o amor. Como você está em relação a sua história? Você tem dificuldade com ela? Hoje, faça sua oração entregando ao Senhor os desafios. Para isso, sugerimos dois pontos de partida: a leitura orante de Mc 2, 1-12. A chave de leitura para a passagem é a seguinte: coloque-se no lugar do paralítico. Imagine que ele nasceu assim e que a sua maca sempre o acompanhou. Na cama, estavam impressas todas as suas experiências boas e ruins: do cuidado que recebeu ao preconceito que sofreu; das alegrias às tristezas, da dependência em tudo às conquistas; dos sonhos frustrados diante de sua condição física à esperança em ficar curado ao ponto de lhe descerem pelo telhado da casa. A maca com certeza era algo que lhe remetia à deficiência física. É esperado que, depois da cura, ele quisesse se livrar daquela lembrança limitante. Mas o que Jesus faz? Manda que ele se levante, pegue sua cama e vá. Por que Jesus não mandou que ele doasse a cama? Quebrasse? Se desfizesse? Jesus pede para ele levar. Imagina o sacrifício que foi chegar até ali na maca. Ele não queria mais. Já bastava! Mas Jesus pede que ele leve. Para que levar? Só para entulhar? Só para dar trabalho no caminho de volta? Mas nós sabemos que Jesus “não dá ponto sem nó”. A cama representa a história. História que pode até ter sido superada, mas que faz parte da essência de quem é aquele homem. Assim, também nós precisamos erguer-nos, enfrentar a nossa história, pegá-la e levar para casa. Trazê-la conosco, como sinal de tudo que caminhamos e do que Deus tem feito por nós. Leia novamente a passagem. Agora, na sua reflexão, liste todas as marcas que a história provocou em você. O que foi doloroso, mas faz parte de quem você é? O que foi feliz e faz parte de sua essência? No nosso caso, esse encontro com Jesus (que é capaz de curar) acontece por meio da face de Jesus encarnada nos mais abandonados. Como você tem buscado esse encontro? Você seria capaz de subir no telhado? Seria capaz de não só subir, mas de pedir ajuda a 4 ou mais pessoas para que você encontrasse o amor da sua vida? Só esse encontro nos curará. Você conseguiu perceber isso no encontro proposto ontem? Reflita sobre isso e tome nota dos frutos de sua oração. Dia 6 Entendendo a importância desse mergulho na nossa história e que nossa maca deve sempre estar a vista durante esse processo, hoje, nós iremos refletir sobre as marcas implícitas (ou explícitas) do Carisma na nossa história. Trata-se de uma continuação do exercício de ontem, mas agora aprofundando na dimensão cristológica central (mistério cristológico) do Carisma confiado a você. Você deve escrever livremente sobre fatos da sua vida que conseguir associar ao carisma: sua criação, o perfil dos seus pais, o local onde nasceu, algum evento na infância ou adolescência, alguma situação de indiferença que viveu, seus inconformismos com certas coisas, suas frustrações com a pressão pelo ter, o poder e o prazer, as vezes em que se sentiu excluído pelas pessoas, as vezes em que decepcionou alguém porque deixousuas atitudes serem guiadas por esses valores, a forma como você aprendeu sobre Deus, sobre o pobre, sobre a violência, a sua relação com o alcoolismo ou a drogadição (sua ou de outras pessoas) etc. Com certeza, você tem muito o que refletir hoje. Se possível, faça isso em oração ou diante do Santíssimo. Não se restrinja também a apenas pensar, anote as lembranças que lhe vierem à tona. Dia 7 Encontro com Jesus Abandonado e História de Salvação Pessoal: amor ao nosso irmão pobre Após você ter aprofundando na dimensão cristológica central (mistério cristológico) do Carisma confiado a você, vamos aprofundar na experiência viva deste Mistério, primeiramente observando como os pobres são um caminho para a cura do nosso coração. No dia de hoje, vamos fazer memória de como você se dispõe a ir ao encontro do mais abandonado e à fonte de inesgotável de espiritualidade que Jesus dá ao nosso Carisma quando institui a Sua presença neles. Por que o Senhor os quis escolher? Para iniciarmos essa reflexão, pense nas vezes em que você soube que a comunidade ia ao encontro de Jesus no pobre. Você consegue perceber como você costuma se sentir, o que passa pela sua cabeça? Desde o momento em que você se prepara para ir ao encontro de Jesus abandonado, pode sentir que há dentro de si um movimento muito particular. Pode ser medo, receio, vergonha, anseio, dúvida... É possível também que algumas crenças tenham aparecido, tais como “hoje vai ser só mais uma ida à praça”, ou “eu não sou digno de ter uma experiência com Jesus”, “hoje estou tão mal que não posso ter uma experiência com Jesus”, “não estou certo se a experiência vai acontecer”. Pode ser que você sinta indiferença, não dando importância à grandeza da experiência, e, por isso, nem chegue a ir para algum encontro. Ou você até entende que ali é Jesus abandonado, a partir das formações e partilhas que já escutou, mas esse entendimento não penetra no mais íntimo do seu ser, indo além de um entendimento meramente intelectual/racional. Ao chegar próximo do irmão pobre, muitas vezes você percebe que não tem muito jeito, sente-se frio, distante. Você percebe que não sabe o que dizer, sente-se bloqueado. É possível que você se distraia facilmente com algo, que queira ir logo embora, sinta-se deslocado. Tudo isso pode te impedir de ter uma experiência com Jesus abandonado. É possível que a falta de costume, a novidade desse acontecimento, seja a razão de todas essas dificuldades. Contudo, queremos te convidar a ir além e mergulhar mais nisso. Se você se reconhece em alguns desses sentimentos ou pensamentos, é muito provável que eles sejam consequências de fortes marcas enraizadas em sua história de vida. Pode ser que você tenha crescido e entendido que precisa se defender de tudo e de todos. Ou que você não pode confiar em ninguém, pois isso é perigoso. É possível que você tenha crescido com uma insegurança muito grande e hoje tenta evitá-la por meio de uma postura indiferente, fria. É provável que alguém tenha sido indiferente a você e você entendeu que esse seria um modo de agir com as pessoas. Pode ser que você tenha vivido decepções e hoje se põe em dúvida sobre o quão o outro é verdadeiro. É possível que você tenha fracassado com algo e não consiga se perdoar. Pode ser que você se sinta responsável ou culpado e não consiga se deixar ser amado(a). Muitas vezes, essas marcas se revelam na sua relação com Deus e, logicamente, isso reverbera na experiência com Jesus abandonado. É provável também que sua fraternidade, sua sexualidade, seu apostolado, suas relações, seus estudos/emprego também sejam impactados por essas marcas em sua vida. Então, tente pensar: o que o movimento de ir ao encontro de Jesus abandonado revela sobre mim? Percebendo-me na experiência de ir ao encontro de Jesus abandonado, o que eu posso dizer sobre mim mesmo? Essa reflexão é importante para que você vá identificando acontecimentos, pessoas, lugares que geraram fortes marcas que te impedem de ser livre. Elas te aprisionam na indiferença, no medo, na insegurança, na dúvida, no receio, no comodismo. Tente enxergar o pobre, carne sofredora de Cristo, como um caminho que nos leva para a cura de todas essas feridas e marcas, como resposta para sua libertação delas. A dor do pobre está escancarada, evidente para todos. Quando você olha para o pobre você vê aquela figura sofrida, esquecida. Eles não se preocupam em não mostrar o sofrimento, ou de aparentar o contrário. Muitas vezes eles mostram alegria, mas não escondem suas dores. O que isso te mostra? O que isso pode te ensinar? O pobre está inserido num contexto de vulnerabilidade, de exposição a qualquer tipo de doença ou violência, e até mesmo à morte. Sentem medo constantemente. Muitos fazem uso de substâncias para não dormirem, pois dormir os deixa mais vulneráveis. Muitos bebem para esquecer a própria situação em que estão vivendo, para esquecer da própria vida. O que isso te mostra? O que isso pode te ensinar? O pobre sofre com inúmeras perdas, chegam a ir para as ruas por conta de rompimentos de laços familiares, por exemplo. Alguns guardam saudade da sua casa, dos seus filhos, dos entes queridos. Alguns guardam raiva, mágoa, rancor, sentem-se decepcionados, deixados. O que isso te mostra? O que isso pode te ensinar? Os pobres são os preferidos de Jesus! A via privilegiada de que Deus se utiliza para estar próximo da humanidade. Ele não quis simplesmente saber e observar as dores, mas quis senti-la em sua carne. O que isso te mostra? O que isso pode te ensinar? O Senhor nos amou e nos ama até o fim, até as últimas consequências, deixa-se consumir por inteiro, por amor, pela nossa salvação, para que sejamos livres! Por hoje, busque, em oração, lembrar do último encontro mais marcante que você teve com o mais abandonado e anote o que Deus lhe ensinou, a forma que Ele lhe amou e o que Ele pediu do seu coração, diante desse encontro. Se você avaliar que ainda não teve um encontro com o mais abandonado que tenha gerado conversão no seu coração, partilhe também um pouco mais sobre isso. É um momento livre entre você e Deus, a ser voltado outras vezes e ruminado em oração. Dia 8 Encontro com Jesus Abandonado Encarnado no pobre e História de Salvação Pessoal: resposta para a cura Para além das dores que os pobres sentem e do amor que eles nos ensinam a viver, vamos agora observar como Jesus sente as dores de todos eles e transforma tudo, tudo, tudo em amor! Quão profundo é mergulhar nesses atos sublimes de Amor do Senhor, Abandonado e Encarnado em todos eles ao mesmo tempo! Pare e reze um pouco sobre o tamanho do amor de Deus por cada um deles. Busque entender com o coração por que a Igreja os denomina como “preferidos de Jesus”. Somente depois de se abrir a isso, continue a ler esse texto. Você consegue compreender a maneira que o Coração de Deus corre ao encontro dos Seus filhos abandonados, esquecidos, rejeitados e humilhados? Por uma pressa urgente de retirá-los desses sofrimentos, Ele os ama profundamente, dando o Seu testemunho luminoso quando se encarna em cada um. Gostaríamos de partilhar algumas reflexões sobre os gestos de Jesus Abandonado Encarnado nos pobres, para nos motivar a acolher a cura que Ele nos dá, quando atualizamos o mistério específico que somos chamados a viver. É visível, em Jesus Abandonado Encarnado nos pobres, o desejo de se consumir por aqueles que ninguém quer se consumir. Enquanto muitos pensam que ninguém os vê ou se importa com as suas dores, Jesus nos surpreende de amor e apresenta a sua instuição neles (Mt 25, 40). De uma maneira silenciosa, humilde e concreta, Ele assume o lugar deles. No mínimo ato de amor a cada um dos Seus preferidos, é a Ele mesmo que estamosfazendo. Se somos generosos nesses atos de amor, somos generosos para com o próprio Senhor. Ele testemunha com a Sua atitude e pede a nossa conversão dando o exemplo de como viver esse mistério. Em nenhum momento, o exemplo de amor sofredor de Jesus é para colocar a culpa sobre os outros, cobrando-os ou condenando-os. É um amor gratuito e incondicional, no anseio pelo encontro do Ressuscitado com o Abandonado. O Senhor não deixa de se encarnar nos pobres diante dos pecados cometidos por nossos irmãos. Ele também não deixa de nos amar, quando estamos omissos com a missão evangélica de Mt 25,40. Nos traços do amor desinteressado, o Senhor suplica pela vivência deste encontro como um ato de conversão ao Evangelho, justamente para nos levar a um caminho de perdão dos nossos pecados. Ao colher os frutos deste encontro salvífico, você é capaz de gerar no mundo a presença de um amor que não vai até onde der, mas age com compaixão, com mansidão, com humildade e com obediência para conseguir amar, até o fim, todos que estão ao seu redor. Não importa o que tenham feito um dia com você ou contra você. Justamente por isso é extremamente libertador assumir Jesus Abandonado Encarnado nos pobres como o centro do seu coração. Isso gera sentimentos de uma explosão de alegria e de fidelidade à vontade de Deus, frutificadas pela experiência com o amor misericordioso do Senhor. O que tudo isso te mostra? O que isso pode te ensinar? É nesse amor que queremos e somos chamados a adentrar! O sair de nós mesmos para consolar a face sofredora do Senhor é resposta e cura à nossa história por motivos como esses! Queremos amá- Lo e adorá-Lo com atitudes reparadoras diante de tamanha dor transformada em amor, transformando todas as feridas da nossa história em Ressurreição! Não há condição humana que não possa ser alcançada pela força desse Amor! Quando tocamos com amor, com liberdade e com gratidão em Jesus Abandonado nos pobres, suplicamos pelo Sangue e pela Água que nos lava, nos cura e nos santifica... O que jorra desse Coração Transpassado e nos liberta para ser quem verdadeiramente nascemos para ser? Somos banhados e lavados para a vida nova que provém do Carisma! Somente nos convertendo ao Carisma que nascemos para ser poderemos vivenciar mudanças definitivas dentro de um longo processo de conversão. Como Jesus Abandonado te ensina a acolher a cura que vem dEle? Busque essas respostas não de forma imediata. Comece fazendo anotações para um projeto de vida que tenha, como proposta prática, viver pelo menos um encontro semanal com Jesus Abandonado Encarnado nos pobres. Essa experiência semanal pode ser em alguma vivência comunitária na praça ou em algum projeto social de alguma das comunidades carentes em que já estamos inseridos. Caso você esteja morando em algum lugar que não tenha de forma clara algo solidificado do Carisma, que possa levá-lo ao encontro do mais abandonado, busque viver a comunhão de carismas, procure na cidade em que mora uma Comunidade que tenha Casa de Acolhimento ou algum projeto social, colocando-se à disposição para visitas semanais. Se esta é a nossa fonte principal do Carisma, é justo que nosso encontro seja constante. Se vamos à Missa pelo menos uma vez por semana, não é em vão propormos uma atualização semanal desta fonte de espiritualidade que é encontro salvífico para nós. No momento da vivência, deixe Jesus Abandoando falar sobre o imenso amor que Ele tem por você, através do olhar do mais abandonado, e deixe-se ser configurado ao Ressuscitado por meio dessa experiência! Não deixe as graças desse momento passarem. Anote o que Ele te mostra e o que Ele pode te ensinar, diante desse momento de salvação. Não pare apenas na experiência daqueles instantes. Deixe essa experiência te levar a uma conversão e a uma mudança prática da sua vida, purificando todas as áreas do seu coração. Logo abaixo, faça as anotações necessárias para começar a rezar com um projeto de vida que inclua uma experiência semanal com Jesus Abandonado nos pobres. Proposta de vivência semanal com Jesus Abandonado Encarnado nos pobres: Como estou vivendo hoje essa experiência pessoal com Jesus Abandonado nos pobres? Como quero/devo estar? O que devo mudar em minha vida para assumir essa vivência semanal? Irei organizar essa vivência em algum dia específico da semana? Qual? Dia 9 Vida Eucarística, estado de graça e História de Salvação Pessoal Falamos, nos dois últimos dias, sobre a força que o nosso Mistério Cristológico tem de nos curar! Basta nos abrirmos às verdades que provêm do que o Evangelho de Mt 25,40 quer nos levar a adentrar. Se viemos até aqui, é porque já decidimos assumir, no nosso projeto de vida, uma disposição semanal para atualizarmos este encontro salvífico. Vamos agora começar a orientar o seu coração a ruminar o que o Senhor falou com você diante desse mistério. É fundamental mergulhar na graça que Jesus nos dá em nos visitar nos mais pobres. Quando recebemos a visita de alguém que amamos muito, guardamos aquele momento e fazemos memória dos significados dele para a nossa história. É exatamente isso que somos convidados a experimentar, diante dos nossos encontros com Jesus Abandonado nos que sofrem. Por isso, nos dois últimos dias, pedimos que você tomasse a iniciativa de anotar os frutos e os detalhes dos encontros que você venha a ter com Jesus nos pobres. Quando o Senhor vem ao nosso encontro, na presença do mais abandonado, Ele permanece falando conosco dias, semanas, meses e até anos, sobre os momentos em que dividimos com Ele a Sua dor. Basta que nos abramos a viver este encontro de uma forma muito profunda: com o desejo de fazer uma experiência pessoal com o Amor dEle. Na apostila 1, nas páginas 41 a 46, somos orientados a ter uma vida eucarística segundo a espiritualidade do Carisma. Deixamos como orientação a toda a Comunidade a vivência da Santa Missa no Carisma, observando todo o passo a passo prático, escrito nas páginas 45 e 46. Para o dia de hoje, queremos convidar você a fazer uma leitura profunda dessas páginas, anotando tudo o que esses dias de oração estejam lhe levando a descobrir de pecado, de graças e de dons a serem ruminados na Santa Missa. Nos momentos específicos do ato penitencial, do ofertório e de comunhão, durante as próximas participações que você tiver na Santa Missa: - Ato penitencial: no que você conseguiu entender que precisa pedir perdão, no momento do ato penitencial da Santa Missa, apresentar com humildade os pecados contra o Carisma, provenientes das feridas que você tem na sua história de salvação pessoal. Sinta-se acolhido no colo de Nossa Senhora Pietá, que acompanhou toda sua história e, com muita piedade, cuida profundamente de cada uma delas. Para ajudá-lo a acolher o perdão de Deus, peça a troca do seu coração com o Imaculado Coração de Maria, com o desejo de se consumir por aqueles que ninguém quer se consumir; do amor gratuito e incondicional por todos; da disposição de amar não até onde der, mas amar até o fim; da mansidão, da humildade, da compaixão e da obediência; da alegria e da fidelidade à vontade de Deus, frutificada pelo testemunho misericordioso de Jesus Abandonado Encarnado nos pobres. - Ofertório: neste momento, com tudo o que você tem percebido de graças e de dons revelados na sua história, apresente ao Senhor, ponto por ponto, o que você reconheceu até aqui. Em um despojamento completo de si mesmo, assuma a responsabilidade desses dons como resposta também para a humanidade, sem se importar com o sacrifício da própria vida – como Jesus Abandonado fez no Horto das Oliveiras. - Comunhão: além do que o Espírito Santo venha a lhe motivar a rezar com os propósitos da Liturgia diária, tome posse dos sentimentos do Ressuscitado ao comungar Jesus, que vencetoda a indiferença, relativismo e egoísmo na sua história. Escolhemos esses pontos específicos como forma de fazer uma ligação com os pontos em que Jesus Abandonado Encarnado nos pobres é resposta de cura para a sua história de salvação pessoal. Aprofunde neles, na oração da Santa Missa, quantas vezes você achar necessário. Quanto aos demais pontos da Santa Missa indicados nas páginas referenciadas acima, da apostila 1, deixe a Liturgia da Palavra e as demandas da sua vida irem guiando a sua participação. Agora, coloque a seguir quais são as graças e os pecados, na sua história, do que você percebeu até aqui. Dia 10 Relação com Maria e História de Salvação Pessoal Entendemos que ser filho de Deus nos leva a assumir a identidade que Deus sonhou para nós. Isso requer coragem, apaixonamento por Jesus e disposição de responder com o nosso pobre amor ao Imenso Amor que Ele tem por nós. Até aqui, vimos a força do amor a Jesus Abandonado Encarnado nos pobres nortear sua experiência de cura e de conversão ao Carisma. A partir desse mistério vivido, as demais fontes de Espiritualidade do Carisma seguem a mesma imersão. Isso nos levou a entender que, a partir do apaixonamento por Jesus Abandonado Encarnado nos pobres, somos chamados a ser a presença do Ressuscitado e a ser Eucaristia para o mundo. Para sermos perseverantes nessa graça de conversão e de sermos aquilo que nascemos para ser, é fundamental nossa intimidade e devoção filial à Nossa Senhora. Foi por Maria que tudo aconteceu no processo de clarificação do Carisma. É também por Maria que iremos adentrar no profundo processo de conversão, em ser o Carisma! O amor com o qual Ela amou o Abandonado nos forma, nos educa e nos ensina a amar a carne sofredora de Cristo nos pobres. Muitas pessoas relatam dificuldade ou facilidade em estabelecer essa relação filial com Maria. Ao longo de muitas partilhas temos identificado que essa maior inclinação ou dificuldade pode ter a ver com a construção da imagem de mãe e de mulher em nossa história. Essas construções acabam influenciando a noção de Maria que adquirimos. As vezes são pequenos elementos e acontecimentos, mas eles são capazes de ir moldando nossos pensamentos sem que desejemos propositalmente. Adentraremos nessa dimensão, hoje, refletindo sobre o que entendemos por ser mãe. O que você entende de maternidade? O que você espera de uma boa mãe? Qual a sua relação com a sua mãe? Quais os conflitos existentes entre o que você espera de uma mãe e o que verdadeiramente sua mãe humana pode lhe oferecer? E se você já é mãe, qual a correspondência que existe entre o que você espera de uma mãe e o que você verdadeiramente vive como mãe? Será que suas expectativas estão baseadas na mentalidade mundana de individualismo, egocentrismo, ter, poder e prazer? Ou até mesmo diante do amor que você deseja ardentemente dar ao seu filho, há a constante provação de amá-lo mais do que a Deus? O que isso pode revelar de como está o seu coração? Será que as cobranças e ideias dos valores corrompidos abraçados pela sociedade estão te influenciando? A partir disso, pense também: como você caracterizaria sua relação filial em casa? Quando e por que você costuma recorrer a seus pais, e especialmente a sua mãe? Como você é atendido? O que te irrita nela? O que te faz admirá-la? Permita-se ir respondendo esses questionamentos com sinceridade! Expressar a verdade em oração não é ser mal, mas reconhecer-se e poder ordenar tudo isso para o amor. Aproveite que estamos refletindo sobre a maternidade e reflita também sobre o ser mulher. Como você percebe a essência da mulher? Se você é mulher, como você se percebe? Se você é homem, como percebe as mulheres ao seu redor? Você associa o feminino a fragilidade? A submissão? Você deixa-se ser entranhado por conceitos machistas e violentos contra as mulheres? Você deixa sua mentalidade ser influenciada por conceitos e máximas feministas? Ao longo de sua história, especialmente em sua infância, você presenciou relações de violência (física e/ou psicológica) entre homens e mulheres? Você (que é mulher) já sentiu violentada (psicológica ou fisicamente) por um homem? Você, que é homem, já se percebeu sendo agressivo ou sendo influenciado a ser agressivo com alguma mulher? Você frequência espaços onde comentários relativos às perguntas acima são frequentes? Ser homem e mulher, bem como ser filho e filha são dimensões de nossa vida que ainda temos muito a descobrir. Com certeza, não esgotaremos essas reflexões em um dia de oração. Mas, ainda em oração, trace as possíveis relações entre como você enxerga ser mulher e ser mãe com o modo como você enxerga e se relaciona com Maria. Como você tem se disposto a adentrar na espiritualidade mariana específica do Carisma? Qual a importância dessa forma específica de nos relacionarmos com Maria para a conversão em ser o Carisma? O que fecunda nossa intimidade com Nossa Senhora precisa ser o apaixonamento pela espiritualidade do nosso Mistério Cristológico. Ou seja, quanto mais nos apaixonarmos por Jesus Abandonado nos pobres, mais iremos ter a necessidade de recorrer à Maria. Diante da imagem de Jesus Abandonado, portanto, temos, em Nossa Senhora Pietá, a imagem e o espelho para sabermos o quão estamos mergulhando profundamente na conversão ao mistério específico que fomos criados para anunciar à humanidade. Com isso, somos chamados também a ser Pietá! Ser a presença, o colo, o olhar, o amar sem reservas, diante da figura do mais abandonado! Ser Pietá também nas diversas outras realidades e dimensões da vida em que somos chamados a corresponder! Para isso, precisamos confiar com muita fé o nosso processo de conversão ao seu Imaculado Coração! Somente assim poderemos ser o Carisma com profundidade! É preciso nascer de novo, gerados pelo seu útero santo, e, por isso, ter os mesmos sentimentos que os dEla diante da humanidade. Quais são os sentimentos do Imaculado Coração de Pietá que você precisa suplicar hoje para amar profundamente a sua história de salvação pessoal, com todos os seus dons, para acolher o Carisma que você nasceu para ser? Reze também pedindo para identificar todos os sentimentos próprios do Coração sem mancha de Nossa Senhora, que combate incansavelmente a indiferença, o egoísimo e o relativismo. No dia de hoje, busque se lançar no colo amoroso desta Boa Mãe, durante toda a contemplação dos mistérios dolorosos em oração, suplicando a graça da conversão nos pontos que você mais tem percebido. Que seu coração se abra a adentrar na profundidade e na necessidade que é ser Pietá nos dias de hoje, para a carne sofredora de Cristo e para toda a humanidade, que ainda está distante de Jesus Abandonado nos pobres. Anote todos os frutos do que você pôde contemplar na oração dos mistérios dolorosos. Não deixe essa graça passar. Dia 11 Lectio Divina e História de Salvação Pessoal Na disposição da doação da nossa vida, muitas vezes ofertamos mais de nós mesmos para o outro do que ao próprio Cristo, a que somos chamados a nos configurar. Até mesmo diante do encontro com Jesus Abandonado Encarnado nos pobres, por muitas vezes ficamos apenas na vivência, não levamos a Sua presença e os Seus valores para as demais áreas da nossa vida. Uma forma de nos alimentarmos, aprofundando o alcance de conversão que somos chamados a viver, é nos dispormos ao exercício da Lectio Divina, segundo a espiritualidade da nossa vocação. Através da Lectio Divina, a leitura orante da Palavra de Deus, nos lançamos a conhecer o que Jesus sente. Os passos da Lectio Divina são: Leitura, Meditação, Oração e Contemplação. Ao aprofundar os valores que aprendemos com Jesus Abandonado Encarnado nos pobres, somos chamados a rezar nos colocando no lugarde Jesus, tendo os Seus sentimentos (Fl 2, 5-8), com cada Evangelho diário ou com outro versículo escolhido de outra passagem bíblica da liturgia diária. Somos chamados a ter os mesmos sentimentos de Cristo, ao ouvirmos e acolhermos a Sua palavra. Aqui é importante observar que acolher não significa simplesmente ouvir. Por isso que é importante ruminar e encontrar um propósito concreto, seguindo os 4 passos da Lectio Divina. É preciso gerar uma mudança viva em nós. Com isso, assim como somos convidados a ser o Ressuscitado, a ser Eucaristia para o mundo e a ser Pietá, também somo convidados a ser a Palavra Viva! Assim, eu me configuro a Cristo também a partir da Palavra, imerso nas fontes de espiritualidade do Carisma, à medida que me torno aquilo que contemplo. Para o dia de hoje, convidamos você a fazer uma Lectio Divina de Mt 25, 31-46, ruminando essa leitura com todos os pontos da sua história que você já conseguiu perceber. O que Jesus sente quando Ele fala sobre essa dimensão de salvação e de condenação? Nessa passagem, o Senhor também instituiu a Sua presença encarnada nos pobres. Qual a motivação de urgência da conversão do seu coração ao Carisma? Anote os frutos dessa oração. Dia 12 Os últimos dias foram de intenso encontro com nós mesmos. Fomos percebendo o amor de Deus desde a nossa criação, fizemos memória de nossa história e buscamos, dia a dia, nos fortalecer nas fontes da espiritualidade do Carisma. Talvez você nunca tenha parado para pensar na essência de seus atos ou na raiz das dificuldades que você encontrava para vivenciar as fontes de espiritualidade, não é mesmo? Percebe como tem sido maravilhoso e fundamental esse processo? Mas o que você tem feito com tudo o que tem descoberto? É preciso que os frutos do nosso autoconhecimento sejam ordenados para o amor e curados por Deus. Todavia, a cura e a conversão só acontecem, de fato, no caminho, em processo. Um carisma autêntico da Igreja sempre é muito exigente, pois é caminho verdadeiro de santificação para nós e para a humanidade. Somos chamados a sair de nós mesmos para irmos ao encontro dos outros. Exige vivermos profundamente a humildade, a exemplo de Jesus, que, abandonando sua condição divina, fez-se homem e morreu da forma mais humilhante possível para nos amar. É a humildade da encarnação. Se queremos ser imitadores de Cristo, precisamos imitá- lo também na humildade, no desapego, especialmente de nossa imagem. Um dos meios para isso é nos expondo. Sendo pobres ao ponto de revelarmos nossas fragilidades. Sugerimos, como potente exercício para isso, agendar uma partilha. O ideal é que, na partilha com sua dupla, neste mês, você aborde esses elementos. Caso sinta que remexer nos aspectos aqui listados o fez repensar nas relações pessoais, busque oportunidade de perdão e sinceridade com essas pessoas. Exponha-se. Seja humildemente livre de falar suas misérias, perdoar e ser perdoado. Mesmo que seja por ligação ou por mensagem de áudio, busque viver essa experiência. Registre os frutos de tudo isso. Dia 13 Os últimos dias foram intensos e profundos, não foi mesmo? Agora, que estamos nos aproximando do fim deste capítulo de nossa Apostila dos Passos de Assis, precisamos refletir sobre nossa relação com o passado. Como relacionar-se com o passado de forma madura, evangélica e santa? O Evangelho nos ensina que não somos determinados pelo nosso passado. Deus nos dá sempre novas oportunidades. Até mesmo quando Ele nos faz qualquer chamado, Ele tem conhecimento de nossa história, de nossas escolhas. Quando ele encontra a mulher adúltera, não a condena, mas pede que ela não torne a pecar. Quando encontra Mateus, na coletoria de impostos, não se engana sobre as suas atitudes, mas o chama. Um exemplo claro de que Jesus nos conhece e nos chama a partir da nossa história é o encontro de Jesus com Pedro, em Jo 21, 15-17. Leia e releia essa passagem quantas vezes for necessário, entendendo o diálogo que antecede o grande chamamento que Cristo faz a Pedro. Perceba alguns elementos: 1. Jesus não nega a origem de Pedro. Ele o chama de “Simão, filho de João”. Jesus reconhece a origem de Pedro, a sua descendência, sua família; 2. Jesus não nega o passado de Pedro (que o havia negado 3 vezes), mas, com muita caridade, o direciona a reparar o pecado oriundo de sua negação, fazendo com que ele afirme 3 vezes que o ama. Imagine-se no lugar de Pedro. A cada pergunta, ele fazia memória de suas atitudes passadas, de cada negação, mas respondia, com esperança, que poderia sim ordenar seus erros para o amor e construir uma nova história; 3. É reordenando a história de Pedro para o amor que Jesus o convida para sua grande missão, a missão que lhe levou à santidade. Como pensar que o apóstolo que o negou seria o Papa, aquele que fala em nome de todo o povo de Deus? Nosso passado não determina o que Deus sonha para nós. Para a lógica humana, é impensável. Para a lógica de Deus, realidade. Você pode até ter um histórico de atitudes e influências contrárias ao chamado vocacional que Deus lhe faz hoje, mas isso importa bem menos do que o seu desejo de ser o Carisma e de configurar-se ao Ressuscitado que vai ao encontro do Abandonado. Após rezar com essa passagem, propomos como exercício espiritual que você desenhe a sua linha do tempo com fatos marcantes, desde o seu nascimento até o momento presente da sua vida. Coloque fatos que foram importantes, definidores, divisores de água. Liste também os encontros e desencontros com as fontes de espiritualidade e com a essência do Carisma. Veja o exemplo a seguir: Louve a Deus por sua história. Anote os frutos de sua oração. Dia 14 Hoje retomaremos a linha do tempo construída ontem. Você deverá buscar um momento de adoração ao Santíssimo e ofertar ao Senhor sua história resumida nessa linha do tempo. Faça uma adoração de entrega e abandono. Ao lembrar, acrescente mais fatos à sua linha do tempo. Depois, vá repassando fato por fato que você registrou na linha do tempo. É claro que não temos como precisar o que teria acontecido conosco se tivéssemos feito escolhas diferentes. Mas, nessa adoração, você pensará sobre isso. Tomando como base a linha do tempo que utilizamos para exemplificar o exercício de ontem, você poderia pensar assim: - E se eu não tivesse nascido em 1980? Eu poderia ser bem diferente, mas com certeza não teria a oportunidade de viver minha infância e adolescência como vivi. - E se minha mãe não tivesse morrido em 1982? Poderia ter deixado de enfrentar muitas dores sim, mas talvez não teria aprendido tanto na vida e não seria forte como hoje sou. Talvez inclusive não tivesse a necessidade tão grande de buscar a maternidade de Nossa Senhora e teria demorado mais a me consagrar a Jesus por meio de Maria. - Se eu não tivesse me mudado, não teria me afastado do Lumen naquela época, mas talvez não teria voltado com tanto fervor no tempo oportuno. 1980 Meu nascimento 1982 Morte da minha mãe 1995 Conheci o Lumen 1998 Ingressei na faculdade 2000 Tive um quadro depressivo grave 2001 Tive meu primeiro encontro com abandonado 2004 Mudei-me e distanciei do Lumen 2010 Voltei para Fortaleza e engajei-me novamente no Lumen 2012 Consagrei- me a Jesus por meio de Maria [...] - Se eu tivesse feito outra faculdade, talvez hoje ganhasse mais, mas talvez tivesse me tornado tão soberbo e prepotente que não teria a convivência que hoje tenho com várias pessoas. E por aí vai... Nesse raciocínio, você deve ir contemplando todos os talvez, mas com olhar de gratidão. Deus sempre escreve certo. Ele se utiliza até mesmo das nossas negações. Se é algo que você pode voltar atrás e mudar, aproveiteessa oportunidade. Se é algo que já passou, não torne isso um martírio. Ordene para o amor. Agradeça os frutos (que com certeza existem) disso tudo. Anote, na linha do tempo, ou no espaço abaixo os frutos de sua reflexão e oração. Dia 15 Hoje é o último dia desse capítulo. Esperamos que os frutos já estejam sendo colhidos. Fomos refletindo ponto por ponto e fazendo pequenos propósitos ao longo de cada dia. Hoje, como finalização deste tempo e concretização do nosso desejo de conversão, sugerimos que você se dedique a fazer um único projeto de vida pessoal que contemple todas as áreas analisadas e curadas ao longo desses dias. Coloque metas concretas, realizáveis. A cada novo tema, iremos revisitar e reformular nosso projeto de vida. Capítulo 2 - FAMÍLIA A família é a base da sociedade. Como dizia São João Paulo II: “Família é a célula fundamental da sociedade”. Portanto, vamos iniciar este capítulo com um tema fundamental para o propósito dessa apostila, de ser um caminho de autoconhecimento, cura e conversão. O objetivo é, com o auxílio do Espírito Santo e de Nossa Senhora Pietá, identificar como se manifestam em você sinais de egoísmo, relativismo e indiferença no seu relacionamento familiar, e iniciar um processo de cura e conversão a partir de uma experiência autêntica com Jesus Abandonado e com as fontes de espiritualidade no Carisma. Uma experiência que não para na experiência. Mas que vai sendo aprofundada através da vida de oração, da vida sacramental e das fontes do carisma, deixando que Jesus Abandonado vá gerando a cura e a conversão. Vamos ruminando, a cada dia, e adentrando com profundidade no coração transpassado de Jesus Crucificado, na sua via mais privilegiada dos pobres, e assim testemunharemos, com a nossa vida, a força de cura que Jesus Abandonado tem para um mundo enfermo pelo egoísmo e pelo fechamento em si mesmo. Parte 1 - Autoconhecimento Dia 01 Em oração, hoje, você deve buscar álbuns e/ou vídeos da sua família. Ao olhar para a imagem de cada membro da sua família, exercite um profundo amor, misericórdia e gratidão. Faça memória dos momentos mais marcantes e especiais! Busque também fotos das suas primeiras semanas e meses de vida. Coloque também, em oração, o seu inconsciente diante de Deus, e perceba o quanto você foi amado nesse momento. Depois, escreva o nome de cada um dos membros da sua família e vá descrevendo todas as qualidades de cada um. Hoje é dia de se encher de gratidão. Louvar e bendizer muito a Deus pelo dom da vida de cada membro da sua família. Escreva os inúmeros motivos por que você deve agradecer pela vida dos seus familiares. Dia 02 Hoje é dia de rezarmos com profundidade sobre a responsabilidade da nossa missão diante dos nossos familiares. Fomos escolhidos para ser a presença do Ressuscitado junto aos nossos familiares. Não por mérito pessoal, mas por eleição de Deus, somos chamados a testemunhar com autenticidade o Carisma que fomos criados a ser e a viver. Temos correspondido com fidelidade? "Crê no Senhor Jesus, e serás salvo, como também todos os de tua casa” (At 16,31). Somos convidados a rezar, durante todo o dia de hoje, pelos nossos familiares, nome por nome. Que eles sejam o foco da nossa oração pessoal e do nosso santo terço. Dia 03 Hoje é dia de refletirmos sobre em que aspectos ou condições podemos estar sendo indiferentes com os nossos familiares. "Quem não cuida dos seus e, principalmente, dos de sua casa, renegou a fé e é pior que um infiel” (1Tm 5,8). Um dos pontos mais importantes de cuidado e de zelo com os membros da nossa família é sermos fiéis à vontade de Deus para nossa vida. Não seremos salvos nem condenados sozinhos. Temos sido fiéis ao carisma que somos chamados a ser e a viver? Temos sido testemunhas de ressurreição para os nossos familiares? Ou temos dado contratestemunho para eles com as nossas atitudes? Anote em que aspectos você pode encontrar sinais de contratestemunho. Hoje somos convidados a fazer jejum nessa intenção e a buscar um momento de oração no Carisma com os nossos familiares. Você pode visitar algum membro da sua família que esteja enfermo ou passando por qualquer tipo de dificuldade. Dia 04 Hoje é dia de exercitar o perdão e a reconciliação. Ao longo da nossa história, tivemos decepções, frustrações ou alguns desentendimentos, que foram gerando desgastes e até mesmo feridas, mágoas e ressentimentos. A raíz desses desentendimentos e mágoas está no fechamento em si mesmo e no egoísmo. Muitas vezes, acreditamos que não temos ninguém e nenhuma situação para perdoar, mas sempre lembramos daquilo que escutamos e de que não gostamos. E assim ficamos remoendo e ressentindo, o que na verdade significa que guardamos ressentimentos sim. Em outros casos, não lembramos conscientemente das situações, mas não somos completamente livres com algum(uns) membro(s) da nossa família, porque na verdade temos algum bloqueio ou dificuldade, consequência de acontecimentos anteriores. Perceba que podem ser pequenas situações ou algo mais profundo. Mas em ambos os casos, essas muralhas e barreiras precisam ser quebradas. Em oração, escreva o que o Espírito Santo e Nossa Senhora Pietá forem recordando a você. Libere o perdão. Busque o Sacramento da Reconciliação assim que possível. Dia 05 Hoje é o dia de começarmos a tirar mais profundamente as máscaras. Vamos deixar o Espírito Santo tirar as vendas dos nossos olhos. É necessária muita sinceridade neste momento. Não adianta responder estes questionamentos acreditando que somos perfeitos. Precisamos realmente rasgar o nosso coração e reconhecer de verdade as inúmeras falhas que temos cometido nos nossos relacionamentos familiares, fruto da indiferença e do egoísmo. - Eu tenho sentido as dores dos membros da minha família? Tenho me preocupado em escutá- los? - Tenho sido ingrato com algum deles? Tenho facilidade em identificar o cisco no olho dos meus familiares e dificuldade em perceber a trave no meu? - Tenho renunciado às coisas que eu gosto para fazer comunhão com os meus familiares ou tenho mais cobrado e exigido para que as coisas sejam sempre como quero? - Tenho amado gratuita e incondicionalmente os meus familiares? Ou tenho cobrado e exigido atenção, gratidão e retorno? - Tenho consumido o meu tempo com alegria e amor pelos meus familiares? Ou o que tenho feito é com pressa e como um fardo? - Tenho sido presença na vida dos meus familiares? - Tenho sido sinal de amor e de reconciliação entre os membros da minha família? - Tenho sido compreensivo com os limites e dificuldades dos meus familiares? - Tenho desejado que os membros da minha família sejam mais felizes até do que eu mesmo ou tenho manifestado um espírito de competição e inveja, por exemplo, com meus irmãos, primos e tios? - Tenho perdoado com facilidade os membros da minha família? Ou estou sempre lembrando de situações que me feriram e as fico ressentindo dentro de mim? - De que forma o ter, o poder e o prazer desconfiguraram a minha verdadeira essência e prejudicam hoje os meus relacionamentos familiares? É muito importante você escrever as respostas e todos os pontos de indiferença e egoísmo que identificou nos seus relacionamentos familiares. Dia 06 Em 1984, as separações ocorriam em cerca de 10% do universo de casamentos, com 93.300 divórcios. Essa correlação saltou para 31,4% em 2016 – com 1,1 milhão de matrimônios e 344.000 separações. Um a cada três casamentos termina em separação no País. É o que mostram os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Vamos tentar entender a raiz
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