Espaço Narrativo_Vidas Secas

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Vidas Secas
Graciliano Ramos, 1938
Uma análise sobre o espaço narrativo
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¬	Na planície avermelhada os juazeiros alargavam duas manchas verdes. Os infelizes tinham caminhado o dia inteiro, estavam cansados e famintos.
... haviam repousado bastante na areia do rio seco, a viagem progredira bem três léguas. Fazia horas que procuravam uma sombra.
Trecho do livro Vidas Secas, Graciliano Ramos
Capítulo: Mudança, p. 9
https://acervo.oglobo.globo.com/incoming/graciliano-ramos-o-nordeste-22452019
Os juazeiros na caatinga
	Quando as condições de umidade do solo são mais favoráveis, a caatinga se assemelha à mata, onde são encontradas árvores como o juazeiro, também conhecido por joá, ou laranjeira do vaqueiro, a aroeira e a baraúna.
	Algumas palmeiras e o juazeiro, que possuem raízes bem profundas para absorver água do solo, não perdem as folhas.
	Na estação seca a temperatura do solo da Caatinga pode chegar a 60ºC, temperatura muito próxima de áreas de deserto.
Caatinga
Um importante bioma brasileiro, principalmente por ser
 o único bioma exclusivo do nosso país. 
	A Caatinga é um bioma brasileiro encontrado no Nordeste, nos estados do Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia e parte de Minas Gerais. Toda a área desse bioma abrange cerca de 11% do território brasileiro.
	A Caatinga apresenta clima semiárido, vegetação com pouca folhas e adaptadas para os períodos de secas, além de grande biodiversidade.
	A Caatinga apresenta diversas aspectos únicos, principalmente em relação à adaptação climática das plantas e animais. Isso acontece, pois esse bioma é afetado por secas extremas e períodos de estiagem, característicos do clima semiárido.
	A fauna é bastante diversificada e também é marcada pelas adaptações ao clima, como as recorrentes migrações nos períodos de estiagem.
	Há forte presença de arbustos com galhos retorcidos e com raízes profundas, além da presença de cactos e bromélias.
Além disso, em épocas de seca, os arbustos costumam perder, quase que totalmente, as folhas. Essa é uma propriedade usada para evitar a perda de água por evaporação.
Caatinga
Um importante bioma brasileiro, principalmente por ser
 o único bioma exclusivo do nosso país. 
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	A caatinga estendia-se, de um vermelho indeciso salpicado de manchas brancas que eram ossadas. O vôo negro dos urubus fazia círculos altos em redor dos bichos moribundos.
Trecho do livro Vidas Secas, Graciliano Ramos
Capítulo: Mudança, p. 9,10.
Pelo espírito atribulado do sertanejo passou a ideia de abandonar o filho naquele descampado. Pensou nos urubus, nas ossadas, coçou a barba ruiva e suja, irresoluto, examinou os arredores.
Trecho do livro Vidas Secas, Graciliano Ramos
Capítulo: Mudança, p. 10
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Carcará (Caracara plancus).
Habita campos, cerrados, caatingas e áreas urbanas.
Em voo apresenta as asas pretas e longas, com grande mancha branca nas primárias.
	O carcará, ave pertencente à família dos falconídeos, apresenta hábitos generalistas, alimentando-se de animais atropelados em rodovias ao lado de urubus. Segue incêndios, apresando animais desalojados.
Música: carcará
Autor: João do Vale. 
Interpréte: Maria Betânia, em 1965 – Musical Opnião
https://www.youtube.com/watch?v=T3Dfd3KHI30
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	Os infelizes estão nas primeiras palavras de Vidas Secas e não são apenas personagens do olhar de Graciliano Ramos, em meio ao sertão, no ano de 1938. 
Oito décadas depois da descrição dura de um dos gênios da literatura brasileira, o caminho tem outras curvas de dor e de luta em busca de um mesmo bem: a água.
http://8.worldwaterforum.org/pt-br/news/ebc-faz-reportagens-especiais-sobre-seca-no-nordeste
	¬ Faziam horas que pisavam a margem do rio, a lama seca rachada que escaldava os pés.
Trecho do livro Vidas Secas, Graciliano Ramos
Capítulo: Mudança, p. 9
https://g1.globo.com/economia/noticia/nordeste-em-emergencia-historias-de-uma-seca-sem-fim.ghtml
AS PRINCIPAIS SECAS DO BRASIL
As duras consequências da falta de água acentuaram um quadro que em diversos momentos da biografia do semiárido chega a ser assustador: migração desenfreada, epidemias, fome, sede, miséria.
1580-1583 / 1722-1727 / 1777-1778 
1877 – 1879 A GRANDE SECA
Considerada uma das principais catástrofes da história do Brasil, com estimativa de 500 mil mortes.
1888
Centenas de milhares de mortos
1915
Criação de campos de concentração (Ceará)	
De acordo com os relatos, 30 mil mortos
1932 – 1936
Inspirou obras como Vidas Secas e Os retirantes.
Época em que se tornou conhecida a indústria da seca.
	O primeiro relato sobre a seca nordestina que se tem notícia é do padre jesuíta Fernão Cardim (1540 - 1625), que viajou a costa brasileira de Pernambuco ao Rio de Janeiro e formulou o documento pioneiro sobre o fenômeno climático no Nordeste, que teria ocorrido em 1583.
	Segundo o padre, desceram dos sertões para o litoral de quatro a cinco mil índios apertados pela fome
Seca de 1887, Iguatu - CE
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AS PRINCIPAIS SECAS DO BRASIL
	Nas contas do professor Natalício de Melo Rodrigues, doutor em geografia pela Universidade Federal de Pernambuco, ao todo foram 128 anos de seca no interior do Nordeste do século 16 até 2015.
MIGRAÇÕES NORDESTINAS
	A seca que durou de 1929 a 1933, começou a migração maciça de populações do interior do Nordeste para os Estados do Sudeste.
Por que chove tão pouco no sertão?
	O Polígono das Secas, região de clima semiárido que abrange 1.133 municípios do Nordeste brasileiro habitados por mais de 40 milhões de pessoas. 
vento seco e pouca umidade
relevo nordestino
falta de rios
	"As secas continuarão a existir. O que é necessário é melhorar as formas de convivência com elas. As secas são manifestações grandiosas da própria 
dinâmica atmosférica global, que é incontrolável”
Segundo Lucivânio Jatobá, pesquisador da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)
	O atraso do semiárido se explica por uma complexa articulação entre os condicionantes ambientais, socioeconômicos, políticos e culturais.
Guimarães Duque em seu livro Solo e Água no Polígono das Secas, publicado pela primeira vez em 1949
	Nas primeiras décadas do século XXI a seca atingiu menos gente do que em meados do século passado. A tecnologia, o desenvolvimento econômico e social e o aparato de assistência social são muitos mais sofisticados. As pessoas sofrem menos.
	Programas de transferência de renda, como o Bolsa Família, e a criação de outros mecanismos de auxílio, como o seguro-safra, seguro-defeso e a aposentadoria rural, inexistentes ou incipientes no século passado, fazem com que hoje ninguém mais morra de fome no sertão, mesmo em meio a estiagens que inviabilizam a produção rural de subsistência.
	Iniciativas e soluções sertanejas de convivência com a seca servem de exemplo de transformação e desenvolvimento comunitário em meio ao semiárido.
	Pesquisas apontam várias alternativas em que se pode produzir e viver com qualidade. Para tanto, é preciso um esforço coordenado para que os conhecimentos gerados e adaptados à região cheguem efetivamente ao homem do campo.
 	A região tem sido palco do desenvolvimento de vários polos agroindustriais nas últimas décadas, a partir das potencialidades produtivas da agricultura irrigada, especialmente as hortaliças e frutíferas.
Mais de 90% das exportações de manga e uva são produzidas no semiárido.
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O refrescante melão que brota do semiárido nordestino
A agricultura na Região do Mossoró permite uma vida digna às famílias, em pequenas propriedades ou nos grandes projetos. Foto: Sebrae
	Atualmente, a produção da fruta gera mais de 24 mil empregos diretos e outros 60 mil empregos indiretos, apenas na Região de Mossoró-RN.
O cultivo permite uma vida digna às famílias, em pequenas propriedades ou nos grandes projetos. 
Fruticultura de Sequeiro se destaca como uma das atividades sustentáveis do Semiárido baiano
	“Percebemos a grande importância da fruticultura de sequeiro e, por meio dessesconhecimentos, somos despertados sobre a necessidade de potencializar os frutos existentes na Caatinga, pois além de fornecerem renda para nós jovens e nossas famílias, estão evitando que os jovens saiam das suas regiões para outras, em busca de sustento para suas famílias. O projeto de fruticultura de sequeiro tem valorizado a conservação do recaatingamento e está nos conscientizando sobre a importância do trabalho coletivo, gerando uma vida digna e sustentável na região”.
Maiara Soares, jovem da comunidade
	Segundo os historiadores, as páginas da ficção não são capazes de descrever a crueldade da vida real, de sol a pino e calor a ferver a pele e a dignidade dos brasileiros ao longo da história.
O sertanejo, é antes de tudo, um forte!
Euclides da Cunha, Os Sertões – 1902
Pré-modernismo
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Por um Semiárido mais justo, com menos vulnerabilidade social!
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