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Técnicas de obturação endodônticas 
30 
Revista FAIPE, v. 3, n. 2, p. 30-58, jul./dez. 2013 
 
TÉCNICAS DE OBTURAÇÃO ENDODÔNTICAS 
 
Obturation techniques endodontic 
 
Helem CHEMIM1 
helemodontologia@hotmail.com 
 
Wânia Christina Figueiredo DANTAS2 
w.dantas@hotmail.com 
 
Marcus Vinicius CREPALDI3 
marcuscrepaldi@yahoo.com.br 
 
Renato Carlos BURGER4 
rcburger@uol.com.br 
 
RESUMO 
Em endodontia a obturação dos canais radiculares consiste no selamento hermético da cavidade 
pulpar, já biomecanizada. A obturação ideal deve ser compacta e completa, realizada com materiais 
inertes, preenchendo toda a extensão do sistema de canais radiculares. Este trabalho de revisão de 
literatura tem como objetivo descrever as principais técnicas de obturação do sistema radicular, 
abordando suas vantagens e desvantagens. 
 
Palavras-chaves : Endodontia. Obturação. Canais Radiculares. 
 
ABSTRACT 
Endodontic obturation of root canals is the hermetic sealing of the pulp cavity, as biomecanizada. The 
ideal obturção should be compact and complete, performed with inert materials, filling the entire length 
of the root canal system. This paper reviews the literature aim to describe the main techniques of 
obturation of the root system, discussing its advantages and disadvantages. 
 
Keywords : Endodontics. Fillings. Root Canals. 
 
 
1 Aluna de especialização em Endodontia. Instituto de Ensino Superior - FAIPE. 
2 Especialista em Dentistica FOB/USP- Bauru e Endodontia FUNCRAF/USP (Centrinho)- Bauru; 
Mestranda em Endodontia - Sao Leopoldo Mandic - Campinas/SP; Coordenadora dos cursos de 
Especialização em Endodontia FAIPE/IPE e TO, INGÁ/Porto Velho-RO; E-mail: 
w.dantas@hotmail.com 
3 Doutor em Ortodontia pela Faculdade de Odontologia de Bauru Universidade de São Paulo; 
Coordenador e Professor do Curso de Especialização em Ortodontia da Faculdade FAIPE; Revisor 
dos Periódicos: Revista da Revista Ortho Science e Revista FAIPE; Membro do Grupo Brasileiro de 
Professores de Odontopediatria e Ortodontia; Membro da ABOR; Filiado a Word Federation of 
Orthodontists. 
4
 Doutor pela Faculdade de Odontologia de São Paulo, da Universidade de São Paulo; Coordenador e 
Professor do Curso de Especialização em Implantodontia da Faculdade FAIPE. 
Técnicas de obturação endodônticas 
31 
Revista FAIPE, v. 3, n. 2, p. 30-58, jul./dez. 2013 
 
INTRODUÇÃO 
A Endodontia tem como finalidade a completa obturação do sistema de canal 
radicular (GREENE; WONG; INGRAM, 1990). 
A terapêutica endodôntica consiste na remoção de restos de tecidos, 
bactérias, material necrótico do sistema de canais, e a obturação tridimensional do 
canal radicular (BRAMANTE; FERNANDEZ, 1999). 
A obturação do sistema de canais radiculares é o selamento da cavidade 
pulpar, já biomecanizada, e que deve ser selada o mais hermeticamente possível. 
Um material obturador ideal deve ter a capacidade de proporcionar selamento 
hermético do sistema de canais radiculares. Essa obturação compacta e completa, 
realizada com materiais inertes, impedindo, assim, a possibilidade de reinfecção e 
criando um ambiente favorável para que ocorra o reparo dos tecidos periapicais 
(BRANDÃO; MORAES; BRAMANTE, 2001). 
Portanto, o tratamento endodôntico objetiva a sanificação dos canais 
radiculares e seu vedamento hermético através da obturação, que corresponde ao 
correto preenchimento em toda a extensão do canal radicular, por materiais que 
sejam biologicamente compatíveis, através de uma técnica de obturação 
(TARTAROTTI et al., 2005). 
Em outras palavras, o material obturador deve ocupar todo espaço antes 
ocupado pelo órgão pulpar, buscando promover um selamento hermético do sistema 
de canais radiculares. Um cimento obturador associado à guta-percha é geralmente 
uma combinação utilizada para alcançar esse selamento apical hermético 
(CARVALHO JUNIOR et al., 2005). 
A obturação dos canais radiculares caracteriza-se por ser a ultima etapa 
operatória e uma das mais importantes do tratamento endodôntico. Com esse 
procedimento almeja-se o preenchimento de todo sistema de canais radiculares, de 
modo completo e compacto, com agentes não irritantes e capazes de assegurar um 
selamento tridimensional (BUSTAMANTE; REITZ, 2008). 
Essa obturação hermética impede a microinfiltração do exudato periapical 
para o interior do espaço do canal radicular, evitando a reinfecção, favorecendo o 
processo de reparo dos tecidos periapicais (SCHROTTER, 2010). 
Técnicas de obturação endodônticas 
32 
Revista FAIPE, v. 3, n. 2, p. 30-58, jul./dez. 2013 
 
As técnicas de obturação objetivam prevenir a infiltração e acúmulo de 
irritantes, que poderiam causar reinfecção biológica inviabilizando a permanência do 
elemento dental na cavidade bucal. O selamento apical adequado é fundamental 
para o sucesso do tratamento endodôntico (SCHROTTER, 2010). 
Um grande número de técnicas de obturação foram propostos para 
manipulação dos cones de guta percha com o objetivo de diminuir o tempo 
operatório, bem como o consumo de material e melhorar as características de 
selamento apical para realizar um tratamento endodôntico melhor (SCHROTTER, 
2010). 
Este trabalho de revisão de literatura têm como objetivo descrever as 
principais técnicas de obturação do sistema radicular, abordando suas vantagens e 
desvantagens. 
 
REVISÃO DE LITERATURA 
Muitas técnicas de obturação por guta-percha são utilizadas para o selamento 
do sistema de canal radicular (GREENE; WONG; INGRAM, 1990). 
Portanto, deve-se eleger uma técnica de obturação que ofereça condições 
técnicas e biológicas que determine sucesso no tratamento endodôntico 
(TARTAROTTI et al., 2005). 
O material de preenchimento tem a função de vedar o espaço vazio e servir 
como um selador antimicrobiano. Nos casos de falhas ou espaços vazios no interior 
da massa obturadora, ou entre a massa obturadora e a parede do canal radicular, a 
qualidade do selamento fica comprometida, possibilitando que ocorra insucesso do 
tratamento endodôntico, uma vez que a falta de um selamento hermético pode levar 
a infiltração bacteriana coronária e apical, bem como a infiltração de exudatos 
periapicais, levando a sintomatologia dolorosa, presença de fístulas e lesões 
periapicais e indicação de retratamento endodôntico (TARTAROTTI et al., 2005). 
O sistema dos canais radiculares é complexo e seu conhecimento é 
extremamente importante, pois dita os parâmetros sob os quais o tratamento 
endodôntico será realizado, afetando as possibilidades de sucesso (MENDES, 
2007). 
Técnicas de obturação endodônticas 
33 
Revista FAIPE, v. 3, n. 2, p. 30-58, jul./dez. 2013 
 
A obturação constitui no procedimento no qual todo o espaço anteriormente 
ocupado pela polpa deve ser selado tridimensionalmente e idealmente por materiais 
inertes, dimensionalmente estáveis e biologicamente compatíveis. A obturação tem 
como objetivo vedar tridimensionalmente o sistema de canais radiculares o que 
impede a percolação de fluidos dos tecidos periradiculares para seu interior e sua 
contaminação pelos microrganismos presentes na cavidade oral. Assim, impede 
também que qualquer microrganismo que porventura não tenha sido removido 
durante os procedimentos de limpeza e formatação recolonize o conduto radicular, 
como também cria um ambiente biológico favorável para que se processe a 
cicatrização dos tecidos periradiculares (MENDES, 2007). 
Portanto, obturar um canal radicular significa preenchê-lo em toda a sua 
extensão com um material inerte e antiséptico, obtendo assim um selamento o mais 
hermético possível do canal radicular, de modo a não prejudicar e, se possível, 
estimular o processo de reparo apical e periapical. Dessa forma, o objetivo de se 
obturar um canal radicular é manter o tecido periapical sadio (CAMÕES et al., 2007). 
Muitas técnicas obturadoras vêm sendo desenvolvidas ao longo dos anos 
visando aprimorar a qualidadeda obturação aumentando assim, os índices de 
sucesso do tratamento endodôntico (CAMÕES et al., 2007). 
A obturação tridimensional do sistema de canais radiculares é de extrema 
importância para o sucesso do tratamento endodôntico. O selamento busca, 
principalmente, minimizar a infiltração ao longo do material obturador a fim de 
proteger os tecidos periapicais de bactérias e seus subprodutos (BUSTAMANTE; 
REITZ, 2008). 
Pode-se afirmar que a tríade endodôntica - preparação, desinfecção e 
obturação dos canais radiculares – seja a chave do sucesso na Endodontia 
(TAVARES, 2008). 
Contudo, a terapia endodôntica é constituída por uma série de etapas que 
visa obter a limpeza, desinfecção e obturação dos canais, para assim manter a 
saúde do dente e do periodonto. O tratamento endodôntico é composto pela fase de 
preparo químicocirúrgico, que tem o objetivo de alcançar a sanificação do canal 
radicular, além da modelagem do contudo. A obturação tridimensional do sistema de 
Técnicas de obturação endodônticas 
34 
Revista FAIPE, v. 3, n. 2, p. 30-58, jul./dez. 2013 
 
canais radiculares conclui o tratamento endodôntico, e é essencial para o seu 
correto selamento, impedindo a penetração de microorganismos ou de seus 
produtos, assegurando o sucesso do tratamento endodôntico (ARAQUAM, 2008). 
Embora todas as fases do tratamento endodôntico mereçam a mesma 
atenção por serem passos operatórios importantes e interdependentes, a obturação 
é que nos faz visualizar o preenchimento do canal radicular e refletirá a qualidade do 
tratamento realizado. O sucesso desse procedimento depende das fases que o 
antecedem (acesso endodôntico e preparo do canal), da forma como é realizado e 
dos materiais empregados para a sua execução (BUSTAMANTE; REITZ, 2008). 
Dessa maneira, a obturação do sistema de canais radiculares deve 
proporcionar um ótimo vedamento apical para impedir a entrada e acúmulo de 
fluidos teciduais no interior do canal, infiltração de microorganismos e degradação 
de seus produtos para os tecidos perirradiculares (DAMASCENO et al., 2008). 
Canais sem obturação, mesmo que já descontaminados pelo preparo 
endodôntico, atuam como tubos coletores de exsudatos que com o passar do tempo 
tornam-se meio de cultura, adequados à proliferação de microrganismos, 
favorecendo sua instalação ou mesmo a manutenção de processos infecciosos na 
região periapical (MONTEIRO et al., 2008). 
Dentre as técnicas de obturação destacam-se as convencionais, como a 
condensação lateral e a condensação vertical do cone único, que recentemente vem 
sofrendo variações. E as técnicas não convencionais são atribuídas às 
termoplastificações da guta-percha, seja mecanicamente ou por meio de aparelhos 
aquecedores. O objetivo das técnicas modernas de obturação é proporcionar uma 
maior quantidade de guta-percha e, por consequência, uma menor quantidade de 
cimento, usando para isso recursos como a termoplastificação da guta-percha ou 
uma adaptação perfeita do cone principal ao diâmetro final deixado pelo preparo do 
canal radicular, em toda a sua extensão (DAMASCENO et al., 2008). 
São inúmeras as técnicas existentes para a obturação endodôntica. Todas 
seguem o principio de selar hermética e tridimensionalmente o canal radicular, 
utilizando materiais biocompatíveis aos tecidos periapicais (BUSTAMANTE; REITZ, 
2008). 
Técnicas de obturação endodônticas 
35 
Revista FAIPE, v. 3, n. 2, p. 30-58, jul./dez. 2013 
 
Independente da técnica de obturação utilizada deve-se ter o canal, após a 
instrumentação, formato afunilado em direção apical, paredes lisas, planas e limpas 
acompanhadas da manutenção da forma e posição original do forame apical, ao 
tempo que o terço apical exiba formato circular, maneira única de se conseguir uma 
boa adaptação do cone principal (MONTEIRO et al., 2008). 
A ação conjunta dos cones de guta-percha, cimentos endodônticos e uma 
adequada restauração dental, por vedarem a cavidade pulpar, dificultarão a infecção 
ou reinfecção do sistema de canais radiculares. Assim, a obturação objetiva isolar o 
conduto radicular do periodonto apical, deixando este em condições adequadas para 
manter ou restabelecer o estado de saúde apical e periapical (BUSTAMANTE; 
REITZ, 2008). 
A limpeza e o preparo do canal radicular são de fundamental importância no 
tratamento endodôntico ao mesmo tempo, atribuindo-lhe uma conformação cônica 
com o objetivo de receber uma obturação tridimensional e hermética (FREITAS; 
BRITTO; NABESHIMA, 2009). 
O canal radicular é um complexo sistema com paredes irregulares, canais 
acessórios, laterais e ístimos. Para o selamento deste sistema, o material obturador 
deve se adaptar a todas as porções do canal radicular (MAIA, 2009). 
A função da obturação radicular é selar o conduto hermeticamente e eliminar 
toda via de acesso aos tecidos do periápice. Todos os espaços do canal preparado 
devem ser preenchidos, evitando-se, assim, possível recontaminação (ITO et al., 
2010). 
A obturação do canal radicular completa as três fases principais da terapia 
endodôntica: abertura coronária, sanificação e modelagem e selamento endodôntico 
(ITO et al., 2010). 
As técnicas de obturação objetivam prevenir a infiltração e acúmulo de 
irritantes, que poderiam causar reinfecção biológica inviabilizando a permanência do 
elemento dental na cavidade bucal. Um grande número de técnicas de obturação foi 
proposto para manipulação dos cones de guta percha: técnicas de cone único, 
cones múltiplos, condensação lateral, condensação vertical de guta percha 
aquecida, moldagem do cone principal com solventes, termocompactação de guta 
Técnicas de obturação endodônticas 
36 
Revista FAIPE, v. 3, n. 2, p. 30-58, jul./dez. 2013 
 
percha e mais recentemente as técnicas que utilizam guta percha termoplastificada 
em diferentes sistemas (SCHROTTER, 2010). 
Com os avanços dos recursos tecnológicos e com o objetivo de diminuir o 
tempo operatório, bem como o consumo de material e melhorar as características de 
selamento apical para realizar um tratamento endodôntico melhor, surgiram muitas 
variantes de técnicas de obturação utilizando a guta percha como material obturador 
(SCHROTTER, 2010). 
Várias técnicas de obturação foram preconizadas ao longo do tempo, cada 
qual apresentando suas referências de facilidade, eficiência ou superioridade. A 
escolha do clínico pela técnica de obturação baseia-se em vários fatores, dentro dos 
quais destacam-se a facilidade operacional e a qualidade do vedamento alcançado. 
Existem hoje três técnicas básicas de obturação à base de guta-percha e cimento 
endodôntico preconizadas pelas escolas brasileiras: a compactação da guta-percha 
a frio (técnica de condensação lateral) ; a compactação da guta-percha plastificada 
por meios mecânicos (técnica híbrida de Tagger); a compactação da guta-percha 
termoplastificada por meio de condensadores endodônticos ou pontas de 
termoplastificação (BORGES; LOPES; TAVARES, 2011). 
Obturar um canal radicular significa preenchê-lo em toda a sua extensão com 
materiais inertes ou antissépticos que selem permanentemente da maneira mais 
hermética possível, não interferindo e, de preferência, estimulando o processo de 
reparo apical e periapical que deve ocorrer depois do tratamento endodôntico radical 
(MANIGLIA-FERREIRA et al., 2011). 
Há inúmeras técnicas para obturar canais radiculares. Em algumas delas se 
usa a guta-percha a frio; em outras ela é aquecida e adaptada no interior do canal 
radicular. A condensação lateral, concebida por Callahan em 1914, é a técnica de 
obturação de canais radiculares mais difundida em todo o mundo e representa o 
maior exemplo de método a frio. Tem a vantagem de conseguir controlar o 
extravazamento de material obturador via apical, porém apresenta como 
desvantagens tempo excessivo para a sua execução, falta de homogeneidade do 
material obturador, adaptação inadequada às paredes dos canaisradiculares, linha 
de cimentação muito espessa e presença de bolhas no cimento (MANIGLIA-
Técnicas de obturação endodônticas 
37 
Revista FAIPE, v. 3, n. 2, p. 30-58, jul./dez. 2013 
 
FERREIRA et al., 2011). 
Outro propósito da obturação do sistema de canais radiculares é impedir 
microrganismos que tenham permanecido no interior do canal após os 
procedimentos de limpeza e modelagem de voltar a infectá-lo. Isso se obtém com 
cimentos endodônticos associados à guta-percha. A junção da guta-percha a 
imentos endodônticos à base de óxido de zinco e eugenol mostra-se a forma mais 
empregada pelos clínicos, pois proporciona boa qualidade de obturação, além de 
eliminar espaços vazios e a atividade antimicrobiana (MANIGLIA-FERREIRA et al., 
2011). 
Portanto, a obturação endodôntica tem como principal finalidade promover a 
impermeabilização do sistema de canais radiculares desde a região coronária até 
apical, minimizando os riscos de penetração bacteriana e seus produtos. Além disso, 
preencher o espaço obtido pelo preparo endodôntico, com o objetivo de evitar 
contaminações microbianas, formação ou perpetuação de lesões apicais, podendo 
ainda estimular o processo de reparo apical (LEAL, 2011). 
 
GUTA-PERCHA 
A propriedade ideal para um material obturador é a capacidade de 
proporcionar selamento hermético do sistema de canais radiculares. Essa obturação 
compacta e completa, realizada com materiais inertes, impede a percolação e 
microinfiltração de exsudato periapical para o interior do canal, capaz de promover 
agressões aos tecidos periapicais, impedindo, assim, a possibilidade de reinfecção e 
criando um ambiente favorável para que ocorra o reparo dos tecidos periapicais 
(BRANDÃO; MORAES; BRAMANTE, 2001). 
A guta-percha é universalmente bem aceita como material obturador de 
canais radiculares. Na endodontia, foi introduzida por Bowman em 1867, surgindo a 
fabricação dos cones no início deste século. Até hoje é a substância obturadora 
mais utilizada no sistema de canais radiculares, pela facilidade do seu emprego e 
por ser bem tolerada pelos tecidos vivos, não interferindo no processo de reparo que 
ocorre após a obturação (CAMÕES et al., 2007). 
Os materiais sólidos e plásticos devem atender alguns requisitos fisico-
Técnicas de obturação endodônticas 
38 
Revista FAIPE, v. 3, n. 2, p. 30-58, jul./dez. 2013 
 
químicos e biológicos em suas propriedades. Dentre os requisitos físico-químicos 
pode-se citar a necessidade de apresentar: fácil manipulação, inserção e remoção 
do canal, quando necessário; bom tempo de trabalho, bom 
selamento/impermeabilidade para impedir a penetração de fluidos; estabilidade 
dimensional; bom escoamento, para preencher todo o sistema de canais radiculares 
(canais laterais e acessórios); boa viscosidade e aderência/adesividade; 
radiopacidade, a qual permite observar a extensão lateral e apical da obturação; não 
alterar a coloração natural dos dentes; ser estéril ou de fácil esterilização, diminuindo 
assim a possibilidade de recontaminação, e permitir a sua reabsorção em caso de 
extravasamento acidental (BUSTAMANTE; REITZ, 2008). 
Já dentre os requisitos biológicos, os materiais de obturação devem 
apresentar: ação bactericida ou bacteriostática, para que possíveis microorganismos 
que resistiram ao preparo sejam eliminados; boa tolerância tecidual, ou seja, não 
devem estimular qualquer tipo de reação inflamatória ou alérgica; e devem estimular 
ou permitir a reparação da regido periapical. Essa é uma propriedade muito 
importante, haja vista que o material empregado na obturação não pode ser um 
agressor e dificultar a reparação, ou mesmo possuir uma ação antiinflamatória 
exacerbada que possa retardar o reparo (BUSTAMANTE; REITZ, 2008). 
A guta-percha, mesmo não sendo considerada ideal, tem sido o principal 
material sólido obturador do sistema de canais radiculares, e obtém seu melhor 
desempenho quando associada a um cimento endodôntico. O cimento preenche 
irregularidades e atua como lubrificante para a guta-percha. No entanto, as áreas 
preenchidas pelo cimento são mais vulneráveis, em função de sua solubilidade. A 
obturação deve, então, ser constituída por uma maior quantidade de guta-percha 
(DAMASCENO et al., 2008). 
A guta-percha é mundialmente aceita como material obturador endodôntico. 
Tem sido o material mais utilizado na obturação dos canais radiculares, talvez pela 
facilidade de emprego e por ser bem tolerada pelos tecidos vivos, não interferindo no 
processo de reparo (BUSTAMANTE; REITZ, 2008). 
Entretanto, a guta-percha não pode ser utilizada como um material único para 
obturação endodôntica, uma vez que não possui qualidade de aderência necessária 
Técnicas de obturação endodônticas 
39 
Revista FAIPE, v. 3, n. 2, p. 30-58, jul./dez. 2013 
 
para selar o espaço do canal radicular. Várias técnicas que empregam o calor ou 
solventes têm sido descritas para melhorar a adaptação da guta-percha as paredes 
do canal radicular, mas o uso de um cimento é sempre necessário para o selamento 
final (BUSTAMANTE; REITZ, 2008). 
Atualmente com a modernização das técnicas, os cones de guta-percha 
principais estão sendo industrializados com variações também em sua conicidade, 
baseados nas limas rotatórias, para que no momento da obturação o profissional 
utilize menor quantidade de cones secundários ou até mesmo apenas um cone de 
guta-percha principal por canal, facilitando e diminuindo o tempo da fase da 
obturação (FREITAS; BRITTO; NABESHIMA, 2009). 
Dentre os materiais levados ao interior dos canais radiculares em estado 
sólido, o mais empregado é o cone de guta-percha, que apresenta as seguintes 
vantagens: adapta-se às irregulares e ao contorno do canal pelos métodos de 
compactação lateral e vertical; pode ser amolecido e plastificado pelo calor ou por 
solventes orgânicos (eucaliptol, clorofórmio, xilol, terbintina, óleo de casca de 
laranja); é inerte; possui estabilidade dimensional (manutenção constante de seu 
volume final); é tolerado pelos tecidos (não alergência); não altera a cor do dente; é 
radiopaco; pode ser facilmente removido se necessário. E como desvantagens, não 
possui rigidez e adesividade (MAIA, 2009). 
A guta percha pode ser considerada como o principal material sólido 
obturador do sistema de canais radiculares. Uma grande quantidade de materiais 
obturadores tem sido proposta ao longo dos anos, a variedade vai desde tentativas 
pioneiras de se utilizar metais preciosos como ouro, passando por materiais como a 
parafina e gesso, até o desenvolvimento de materiais biologicamente aceitáveis, 
com propriedades físicas adequadas, entretanto, nenhum material pode ser 
considerado ideal (SCHROTTER, 2010). 
A guta percha tem sido o principal material sólido obturador do sistema de 
canais radiculares. Associada a um cimento, obtém seu melhor desempenho. 
Embora a maioria dos pesquisadores aceite a guta percha, a grande discussão está 
na maneira como é utilizada (SCHROTTER, 2010). 
Desde sua introdução na endodontia a guta-percha é utilizada de diferentes 
Técnicas de obturação endodônticas 
40 
Revista FAIPE, v. 3, n. 2, p. 30-58, jul./dez. 2013 
 
formas, sendo a mais comum a forma de cones padronizados, que são introduzidos 
no interior do canal e condensados lateral e verticalmente, conjuntamente a um 
cimento obturador (ITO et al., 2010). 
A guta-percha vem sendo utilizada desde 1867 em função de as suas 
propriedades favorecerem a obturação endodôntica, tais como: biocompatibilidade, 
estabilidade dimensional, plasticidade e facilidade de remoção, quando necessário. 
O cone de guta-percha é composto por guta-percha e óxido de zinco em diferentes 
proporções, dependendo da fabricação. Esta diferença na composição pode 
interferir nas propriedades do material (NASCIMENTO et al., 2010). 
Entretanto, a guta-percha deixa a desejar no que diz respeito a algumas de 
suas características, como porexemplo, falta de escoamento e adesividade, o qual 
exige a complementação pelo cimento endodôntico (MARQUES et al., 2011). 
A guta-percha é o principal material utilizado como obturador de canais 
radiculares há mais de 100 anos por possuir características como 
biocompatibilidade, estabilidade dimensional, passividade de ser condensada e 
adaptada às paredes dentinárias, plasticidade quando aquecida, além de ser de fácil 
remoção quando necessário (MANIGLIA-FERREIRA et al., 2011). 
 
CIMENTOS OBTURADORES 
O cimento obturador endodôntico é necessário para selar pequenos espaços 
entre a guta-percha e as paredes dos canais, atuando também como lubrificante e 
auxiliando na adaptação destes cones. Neste sentido, reduz a microinfiltração 
marginal e, devido a seu escoamento, o cimento avança pelas regiões de istmos, 
canais secundários e acessórios, penetrando também, em extensões variáveis, nos 
túbulos dentinários (MENDES, 2007). 
Os cimentos endodônticos à base de óxido de zinco e eugenol têm um 
histórico de uso bem sucedido, ao longo dos anos. A formulação destes cimentos é 
associada a vários aditivos para torná-los radiopacos, antibacterianos e adesivos. 
São reabsorvidos se houver extrusão para os tecidos periradiculares, exibem 
atividade antimicrobiana. Estes cimentos apresentam um tempo de presa longo, 
sofrem contração ao tomar presa e são solúveis aos fluidos teciduais. Contudo, 
Técnicas de obturação endodônticas 
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Revista FAIPE, v. 3, n. 2, p. 30-58, jul./dez. 2013 
 
podem manchar a estrutura dentinária (MENDES, 2007). 
O cimento de Rickert ou “Kerr Pulp Canal Sealer” foi introduzido na 
Endodontia em 1927, tendo sua formulação publicada em 1931. Este cimento vem 
sendo muito utilizado até os dias atuais e seu uso se consagrou devido às suas 
propriedades antimicrobianas, lubrificantes, adesivas, de estabilidade dimensional, 
tempo de presa, solubilidade, desintegração, fluidez e radiopacidade. Alguns 
pesquisadores mencionam ainda que este cimento toma presa completamente entre 
15 a 30 minutos, reduzindo de maneira significativa as respostas inflamatórias 
observadas quando da utilização de cimentos que levam de 24 a 36 horas para 
endurecer. Devido ao seu teor de prata, o cimento de Rickert pode causar alteração 
de cor do dente e deve ser removido meticulosamente da coroa e da câmara pulpar. 
Este cimento também pode ser encontrado como Pulp Canal Sealer EWT (extended 
work time), possuindo maior tempo de presa (MENDES, 2007). 
O cimento de Grossman surgiu em 1936, com o propósito de fornecer uma 
pasta que permitisse maior tempo de presa. Com o desenvolvimento das pesquisas, 
Grossman modificou e melhorou sua fórmula. Este cimento é, ainda hoje, muito 
utilizado e produzido por diversas empresas, com os mais diferentes nomes 
comerciais. Dentre eles, encontramos o ProcoSol na América do Norte e, no Brasil, 
encontramos, com pequenas modificações da fórmula original, o Endofill, 
Grosscanal, Pulpfill, Grossman da FORP-USP, Grossman da Inodon, Grosscanal. É 
largamente utilizado na obturação do sistema de canais radiculares e satisfaz a 
maioria dos requisitos do próprio Grossman para um cimento ideal: sua ação irritante 
é mínima; apresenta um elevado grau de atividade antimicrobiana; um bom potencial 
de selamento; pequena alteração volumétrica durante a presa e capacidade de ser 
absorvido. Grossman recomendava que seu cimento deveria ser manipulado em 
uma consistência tal que, ao final, pudesse ser levantado da placa de vidro, por meio 
de uma espátula, em uma distância de uma polegada, sem se romper, não devendo 
ser usadas mais do que três gotas de líquido de cada vez (MENDES, 2007). 
As propriedades de um cimento ideal deveriam ser: exibir aderência quando 
manipulado, a fim de promover boa adesividade entre ele e as paredes do canal 
após a presa; promover selamento hermético; ser radiopaco, para que possa ser 
Técnicas de obturação endodônticas 
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visualizado na radiografia; as partículas do pó devem ser finas, para que se 
misturem facilmente com o liquido; não deve sofrer contração após seu 
endurecimento; não deve manchar a estrutura dentinária; deve ser bacteriostático 
ou, pelo menos desencorajar o crescimento bacteriano; deve tomar presa 
lentamente; ser insolúvel frente aos fluidos teciduais; ser bem tolerado pelos tecidos, 
isto é, não ser irritante para os tecidos periradiculares; ser solúvel aos solventes 
comuns, caso seja necessária à remoção da obturação do canal. Na tentativa de se 
obter um cimento obturador ideal os pesquisadores têm-se esforçado e inúmeros 
estudos tem sido realizados ao longo dos anos (MENDES, 2007). 
Os cimentos de Rickert e Grossman são os cimentos obturadores padrão com 
os quais todos os outros são comparados, por terem sobrevivido ao teste de tempo 
e utilização. A maioria dos cimentos obturadores disponíveis e utilizados atualmente 
são variações destas formas originais (MENDES, 2007). 
Os cimentos de uso endodôntico atuam como coadjuvantes da necessária 
impermeabilização do sistema de canais radiculares. Permitem, por suas 
características de adesividade, a unido da guta-percha As paredes dentindrias, 
complementam o tridimensional preenchimento da cavidade pulpar e deveriam não 
interferir na reparação (BUSTAMANTE; REITZ, 2008). 
No mercado odontológico é comercializada uma grande variedade de 
cimentos endodemticos, que apresentam em sua fórmula diferentes componentes e, 
portanto, variadas propriedades físicas, químicas e biológicas (BUSTAMANTE; 
REITZ, 2008). 
Atualmente, vários tipos de cimentos são utilizados na clinica. Dentre eles 
podem ser citados os cimentos a base de óxido de zinco e eugenol, resina epóxica, 
hidróxido de cálcio, ionômero de vidro e de silicone (BUSTAMANTE; REITZ, 2008). 
Inúmeros cimentos obturadores de canais radiculares foram desenvolvidos no 
decorrer do presente século e eles são classificados de acordo com o seu 
componente químico principal, ou seja, cimento a base de óxido de zinco e eugenol; 
a base de hidróxido de cálcio; a base de ionômero de vidro e a base de resinas 
sintéticas epóxicas ou acrílicas (MAIA, 2009). 
Dos cimentos resinosos existentes no mercado, destaca-se o Sealer 26® e o 
Técnicas de obturação endodônticas 
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Revista FAIPE, v. 3, n. 2, p. 30-58, jul./dez. 2013 
 
AH Plus®, ambos derivados do cimento AH 26®. A diferença básica entre os 
cimentos AH Plus® e Sealer 26® está na presença do hidróxido de cálcio na sua 
composição e a ausência de prata. Também existe uma grande diferença de pH 
entre os dois em função do poder de ionização do hidróxido de cálcio, que apesar de 
ser fracamente solúvel é altamente ionizável (REISS-ARAÚJO et al., 2009). 
O AH Plus® é um selante de canais radiculares apresentado em pasta dupla 
e composto por um polímero de resina epóxica, sendo uma versão melhorada e 
aperfeiçoada do cimento clássico AH 26®. Esse cimento endodôntico oferece 
compatibilidade biológica, radiopacidade, estabilidade de cor, fácil remoção, fluidez 
adequada com baixa contração e solubilidade (REISS-ARAÚJO et al., 2009). 
O Sealapex® é um cimento que tem em sua composição o hidróxido de 
cálcio, e sua ação tem por base também a atuação desse composto. A ação do 
hidróxido de cálcio em cimentos endodônticos é realizada na tentativa de melhorar o 
reparo apical em dentes tratados endodonticamente (REISS-ARAÚJO et al., 2009). 
O Endofill® trata-se de um cimento endodôntico introduzido na odontologia 
em 1984. Apresenta um elastômero de silicone, consistido essencialmente em um 
monômero e um catalisador baseado em silicone, acrescido de subnitrato de 
bismuto. Ele pode ser utilizado como um selador em conjunto com guta-percha ou 
sozinho como material selador e de preenchimento a ser injetado no espaço do 
canal com uma seringa sob pressão (REISS-ARAÚJO et al., 2009). 
Dentre as propriedadesfísico-químicas dos cimentos endodônticos, a 
capacidade seladora tem sido estudada por inúmeras metodologias, incluindo a 
penetração bacteriana, o emprego de isótopos, a microscopia eletrônica e a 
infilltração por corantes (MARQUES et al., 2011). 
É importante que o canal radicular esteja bem selado após a obturação, já 
que fluidos proeminentes dos tecidos periapicais podem ser geradores de uma 
recontaminação dos canais radiculares (MARQUES et al., 2011). 
Dentre os requisitos biológicos e físico-químicos de um cimento endodôntico 
podemos citar: a tolerância tecidual, ser reabsorvido no periápice quando 
extravasado, estimular ou permitir a deposição de tecido fibroso de reparação, ser 
antimicrobiano, não desencadear uma resposta imune aos tecidos apicais e 
Técnicas de obturação endodônticas 
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Revista FAIPE, v. 3, n. 2, p. 30-58, jul./dez. 2013 
 
periapicais, facilidade de ser removido quando necessário, possuir bom tempo de 
trabalho, não sofrer contrações, possuir bom escoamento, ser radiopaco e permitir 
um selamento o mais hermético possível do canal radicular (MARQUES et al., 2011). 
Os cimentos são divididos de acordo com sua composição química: cimentos 
de óxido de zinco e eugenol, cimentos de hidróxido de cálcio, cimentos de ionômero 
de vidro, à base de resina epóxi, à base de metacrilato e à base de resina 
polimérica. Com a grande variedade de cimentos disponíveis comercialmente, existe 
a necessidade de que as características de cada um sejam pesquisadas e postas 
em análise (MARQUES et al., 2011). 
Portanto, o cimento endodôntico é um material que auxilia na obturação do 
canal radicular, pois tem o objetivo de preencher e selar o espaço entre os cones de 
guta-percha e entre estes e as paredes dentinárias. É de grande importância que o 
cimento seja fácil de ser levado ao canal, tenha tempo de trabalho satisfatório e que 
possua propriedades físico-químicas satisfatórias para um correto selamento, sendo 
indispensável que seja bem tolerado pelos tecidos do periápice (MARQUES et al., 
2011). 
Dessa forma, os cimentos endodônticos são empregados com o intuito de 
eliminar a interface existente entre os cones de guta-percha e entre a guta-percha e 
as paredes do canal radicular, tornando a obturação mais homogênea e reduzindo o 
risco de infiltração (MARQUES et al., 2011). 
 
TÉCNICAS DE OBTURAÇÃO ENDODÔNTICA 
Técnica do Cone Único 
Na técnica do cone único selecionava-se um cone convencional que ficasse 
travado junto ao degrau apical ou limite de instrumentação. Com o canal seco, 
levava-se uma porção do cimento obturador às paredes do canal, com o auxílio do 
instrumento tipo K. Em seguida realiza-se o envolvimento do cone selecionado com 
o cimento obturador e sua introdução no canal até atingir o limite de instrumentação. 
O excesso do cone era cortado e então posteriormente procedida-se a condensação 
vertical (HOLLAND et al., 2004). 
A técnica do cone único consiste na inserção de um cone principal e cimento. 
Técnicas de obturação endodônticas 
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Revista FAIPE, v. 3, n. 2, p. 30-58, jul./dez. 2013 
 
A correta manipulação e instrumentação do preparo fornece ao canal um formato 
cônico que permite a adaptação de um cone único, que visa preencher por completo 
todo o canal (ARAQUAM, 2008). 
Para dar ao canal esse formato cônico, exigido durante a obturação com o 
cone único, deve-se utilizar instrumentos rotatórios, que facilitam a instrumentação e 
diminuem o tempo de trabalho e o stress físico do profissional (ARAQUAM, 2008). 
Os cones principais estão sendo industrializados com variações em sua 
conicidade, copiando a conicidade dos instrumentos de níquel-titânio, para que no 
momento da obturação seja utilizado apenas um único cone de guta-percha principal 
por canal, não sendo necessária a realização da condensação lateral, facilitando e 
diminuindo o tempo de obturação (ITO et al., 2010). 
A técnica de cone único dispensa a introdução de muitos cones secundários 
como exige a técnica de condensação lateral, reduz o tempo operatório da 
obturação, é de fácil execução e dispensa o uso de aparatos específicos 
(NABESHIMA, 2011). 
 
Técnica de condensação lateral 
Entre as técnicas de obturação existentes, a condensação lateral, idealizada 
por Callahan em 1914, tem sido o método de obturação dos canais radiculares mais 
utilizado através dos anos. Entretanto, sérios problemas tem ocorrido com o 
emprego desta técnica, dentre os quais relacionados a sua capacidade de 
selamento apical. Objetivando minimizar esses efeitos adversos foram introduzidas 
as técnicas de obturação termoplastificadas (SILVA NETO et al., 2001). 
A técnica de condensação lateral é a mais utilizada, pela simplicidade e pelos 
bons resultados que tem oferecido ao longo do tempo e comprovados 
cientificamente (TARTAROTTI et al., 2005). 
A técnica de condensação lateral utiliza como material de preenchimento, a 
guta-percha, juntamente com o cimento obturador (TARTAROTTI et al., 2005). 
A condensação lateral, idealizada por Callahans, em 1914, é a técnica de 
obturação mais utilizada e conhecida, principalmente devido à simplicidade de sua 
execução e aos excelentes resultados clínicos (CARVALHO et al., 2006). 
Técnicas de obturação endodônticas 
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Revista FAIPE, v. 3, n. 2, p. 30-58, jul./dez. 2013 
 
Entre as técnicas de obturação existentes a Condensação Lateral, tem sido o 
método de obturação dos canais radiculares mais utilizados através dos anos devido 
a sua simplicidade e ao baixo custo (CAMÕES et al., 2007). 
A técnica da compactação lateral pode ser realizada de forma ativa, quando 
são utilizados espaçadores antes do posicionamento dos cones acessórios de guta-
percha, ou de forma passiva, quando não são utilizados os espaçadores 
(BUSTAMANTE; REITZ, 2008). 
Essa técnica, concebida por Callahan em 1914, tem sido a mais utilizada 
através dos anos. Para realizá-la é empregado um cone de guta-percha principal e 
vários secundários, interligados por um cimento endodôntico que visa a unido 
desses cones e deles com as paredes do canal (BUSTAMANTE; REITZ, 2008). 
É considerada uma técnica simples de ser realizada. Nesta técnica necessita 
de um cone principal que deve ser travado no limite apical do preparo. Após a 
confirmação do travamento, os espaços são preenchidos com cones secundários 
com o auxílio de espaçadores digitais compatíveis com o diâmetro do canal, que são 
inseridos a 3 mm aquém do limite de preparo compactando o material previamente 
inserido. Os cones são inseridos até que se preencham os espaços vazios do 
conduto (ITO et al., 2010). 
A técnica de condensação lateral com cones de guta percha complementados 
com algum tipo de cimento selador é a mais difundida e usada, e tem demonstrado 
resultados clinicamente adequados, ainda que seja considerada como procedimento 
que por si não permite obter uma massa de guta-percha homogênea, e que a 
existência de espaços vazios entre os cones ou entre os cones e a parede dentinária 
pode afetar sensivelmente a qualidade da obturação. Esta, ainda tem servido de 
controle quando se deseja avaliar outras novas técnicas (SCHROTTER, 2010). 
Tem a vantagem de conseguir controlar o extravazamento de material 
obturador via apical, porém apresenta como desvantagens tempo excessivo para a 
sua execução, falta de homogeneidade do material obturador, adaptação 
inadequada às paredes dos canais radiculares, linha de cimentação muito espessa e 
presença de bolhas no cimento (MANIGLIA-FERREIRA et al., 2011). 
 
Técnicas de obturação endodônticas 
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Sistemas Injetáveis 
Em 1978, Johnson descreve a técnica Thermafill de obturação que emprega 
um carregador metálico envolvido por uma guta percha que, ao ser aquecida, 
plastificava-se, sendo transportada para o interior do canal radicular. Posteriormente, 
foi introduzida a técnica de obturação termoplastificada,comercializada com o nome 
de Sistema Thermafil (Tulsa Dental Products, Tulsa, Okla). Este sistema é 
constituído por um carregador central de metal, titânio ou plástico, com diâmetros e 
comprimentos correspondentes aos das limas, recobertos por guta percha de fase 
que, ao ser aquecida, torna-se plastificada e aderente ao carregador, sendo levado 
ao interior do canal radicular com um movimento único e pressão firme, em direção 
apical, no momento da obturação (CARVALHO et al., 2006). 
O Thermafil é uma técnica indicada para canais curvos e atrésicos, onde há 
dificuldade de adaptação dos cones de guta percha até o comprimento de trabalho. 
Recomenda que o conjunto obturador seja levado a 0,5mm do comprimento de 
trabalho, devido à sua facilidade de alcançar a região apical (CARVALHO et al., 
2006). 
Os sistemas injetáveis são sistemas que se baseiam na injeção da guta-
percha plastificada em alta temperatura. Nessa técnica, era preconizada a escolha 
de uma cânula calibrada com 4 mm aquém do comprimento do dente 
(BUSTAMANTE; REITZ, 2008). 
Em seguida, vários cones de guta-percha eram inseridos em uma seringa de 
pressão e compactados. A seringa era aquecida em um banho de glicerina a 160°C. 
Depois de plastificada, a guta-percha era injetada na profundidade citada e quando 
uma leve resistência era sentida, a seringa era lentamente removida e o material 
compactado até a completa obturação do canal radicular (BUSTAMANTE; REITZ, 
2008). 
Como vantagem da técnica injetável pode-se citar o selamento apical efetivo, 
fácil manipulação, simplificação do procedimento e tempo de trabalho reduzido. A 
alta temperatura necessária para plastificação da guta-percha é a grande 
desvantagem da técnica (BUSTAMANTE; REITZ, 2008). 
Esses sistemas utilizam pistola e agulhas, de diferentes calibres, para levar a 
Técnicas de obturação endodônticas 
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gutapercha ao interior do canal radicular, após a sua plastificação nos fornos 
aquecedores que atingem 70°C (Ultrafil) ou 180°C (O btura II). As técnicas de 
emprego são parecidas e diferem em alguns aspectos. O sistema Obtura II utiliza 
cilindros de guta-percha de natureza beta, agulhas com 2 calibres (30 e 45) e uma 
pistola. O sistema Ultrafil consta de cânula plástica que possui uma agulha (calibre 
70) em um de seus extremos, um aquecedor e uma pistola. A guta-percha é mais 
fluida e pegajosa do que a do sistema Obtura II, está presente no interior de cânulas 
plásticas, junto com as agulhas, apresentando guta-percha de diferentes 
escoamentos. Independentemente do aparelho utilizado, torna-se necessário 
colocar, junto As paredes do canal, pequena quantidade de cimento antes de 
introduzir a guta-percha (BUSTAMANTE; REITZ, 2008). 
As técnicas de injeção da guta-percha termoplastificada foram introduzidas 
buscando promover uma maior homogeneidade e adaptação da guta-percha à 
superfície interna dos canais radiculares. A técnica Thermafill em que a fase alfa da 
guta-percha é obtida através da inserção do polímero em um forno fornecido pelo 
fabricante. Apresenta como dificuldade clinica desta técnica o controle do 
comprimento de trabalho, já que a rápida inserção do material pode favorecer a 
sobre-obturação, e em contrapartida, a inserção muito lenta propicia a sub-
obturação (MAIA, 2009). 
 
Compactação Termomecânica de McSpadden 
McSpadden, em 1979, introduziu a técnica da compactação termomecânica 
da gutapercha. Nela, emprega-se um instrumento semelhante a uma lima 
Hedstr6em invertida, montado em contra-ângulo (compactador de McSpadden). 
Quando girado no interior do canal, no sentido horário, o atrito do instrumento com 
as paredes de dentina gera calor suficiente para plastificar a guta-percha. Em função 
do desenho do instrumento, a guta amolecida é compactada lateralmente e para a 
regido apical do conduto. Esta técnica apresenta o inconveniente de provocar 
extrusão de material para além do forame apical e de ter elevado risco de fratura do 
instrumento dentro do conduto (BUSTAMANTE; REITZ, 2008). 
McSpadden, em 1980, introduziu uma técnica de obturação em que a guta-
Técnicas de obturação endodônticas 
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percha é plastificada pela ação termomecânica de um instrumento rotatório 
desenvolvido por ele, o compactador de McSpadden®, de formato semelhante a 
uma lima Hedströen invertida. O calor produzido pela fricção do instrumento rotatório 
no interior do conduto plastifica a guta-percha, permitindo o escoamento lateral e 
apical do material obturador, o que possibilita uma melhor adaptação e 
homogeneização desse material à anatomia interna do sistema de canais (FERRAZ 
et al., 2009). 
 
Técnica Híbrida de Tagger 
Tagger, em 1984, propôs uma técnica híbrida de obturação, onde executa-se 
a condensação lateral ativa no terço apical associada a uma compactação 
termomecânica do material obturador nas porções mais coronárias do canal 
possibilitando, assim, um melhor vedamento do sistema de canais radiculares 
(SILVA NETO et al., 2001). 
Na técnica híbrida de Tagger, após a seleção do cone principal, travado no 
limite de trabalho, procede-se à condensação lateral: o cone principal é envolvido no 
cimento obturador e levado em posição, atingindo o limite de trabalho. A seguir, com 
o auxílio de espaçadores de dimensões apropriadas, criaram-se espaços para a 
colocação de cones secundários, sempre envolvidos no cimento obturador. 
Concluída a colocação dos cones secundários, remove-se o excesso da obturação e 
passou-se à condensação vertical (HOLLAND et al., 2004). 
Portanto, a técnica híbrida de Tagger consiste no emprego de um cone 
principal e alguns cones acessórios para obturar a porção apical do canal, e 
posteriormente, utiliza-se o compactador de guta-percha que, girando no sentido 
horário, provocará o amolecimento e a compactação da guta-percha (VIEIRA et al., 
2005). 
A Técnica Híbrida de Tagger reúne os benefícios alcançados pela 
condensação lateral e a homogeneidade e compactação da guta-percha 
proporcionada pela ação termomecânica do compactador (VIEIRA et al., 2005). 
Esta técnica apresenta menor infiltração apical do que a técnica da 
Condensação Lateral (CARVALHO et al., 2006). 
Técnicas de obturação endodônticas 
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Dentre as técnicas termoplastificadas a que necessita de menos recursos é a 
Híbrida de Tagger, utilizando apenas um compactador de Mc Spadden com calibre 
adequado e um ou dois cones acessórios de guta-percha. 
Tagger aliou a técnica da condensação lateral ao uso dos compactadores de 
Mc Spadden, desenvolvendo assim, a chamada técnica híbrida de obturação dos 
canais radiculares, que consiste na realização da condensação lateral apenas no 
terço apical empregando, em seguida, os compactadores que têm a sua ação 
limitada aos terços médio e cervical do conduto (CAMÕES et al., 2007). 
As vantagens inerentes à Técnica Híbrida são: maior rapidez, melhor 
condensação do material nos terços mais cervicais do canal, bom vedamento apical 
evitando o extravasamento do material obturador e menor consumo de guta-percha 
(CAMÕES et al., 2007). 
Esta técnica foi desenvolvida por Tagger com o objetivo de evitar os efeitos 
adversos da técnica de McSpadden, tais como a alta incidência de sobreobturações, 
a técnica híbrida consiste na condensação lateral no terço apical previamente à 
compactação termomecânica nos terços coronário e médio do canal radicular 
(FERRAZ et al., 2009). 
Esta técnica foi idealizada por Tagger em 1984 e vem sendo muito utilizada 
na atualidade (SCHROTTER, 2010). 
 
Técnica Termomecânica Híbrida (ou Técnica Híbrida d e Tagger Modificada) 
A Técnica Termomecânica Híbrida é uma variação da Técnica Híbrida de 
Tagger, que associa a técnica da condensação lateral com a compactação 
termomecânica, o que favorecea correção de falhas de adaptação do cone principal 
de guta-percha e falhas de condensação lateral na região apical (CARVALHO 
JUNIOR et al., 2005). 
A obturação dos canais radiculares pela técnica termomecânica híbrida é 
capaz de corrigir falhas de condensação lateral na região apical podendo promover 
a obturação de canais laterais e secundários (CARVALHO JUNIOR et al., 2005). 
Tagger aliou a técnica da compactação lateral ao uso dos compactadores de 
McSpadden, desenvolvendo a chamada técnica híbrida de obturação dos canais 
Técnicas de obturação endodônticas 
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radiculares. Consiste na obturação do terço apical do canal pela técnica da 
compactação lateral e, em seguida, os compactadores de McSpadden (ou 
compactadores de guta-percha) são empregados com ação limitada aos terços 
médio e cervical do conduto (BUSTAMANTE; REITZ, 2008). 
Maior rapidez, melhor compactação do material nos terços mais cervicais do 
canal, bom vedamento apical sem o risco de extravasamento do material obturador 
constituem-se em vantagens inerentes A técnica híbrida (BUSTAMANTE; REITZ, 
2008). 
Tagger realizou uma modificação na técnica híbrida, que preconiza a 
realização de espaçamentos adicionais com a introdução de cones acessórios após 
o uso do compactador, possibilitando uma obturação mais hermética e homogênea 
e, assim, minimizando a possibilidade de falhas e espaços vazios (FERRAZ et al., 
2009). 
É um aparelho que conta com um sistema duplo. Em uma extremidade, uma 
seringa é utilizada para injetar a guta-percha termoplastificada no interior do canal 
radicular. Na outra extremidade, há uma unidade formadora de calor, em formato de 
caneta, que apreende uma ponta condensadora que quando inserida no canal 
radicular juntamente com um cone de guta-percha termoplastificavel, plastifica-a e a 
condensa permitindo a realização da técnica “Onda contínua de Condensação”. A 
grande vantagem desse sistema é a possibilidade do aquecimento e condensação 
da guta-percha no terço apical, o que resultaria num melhor selamento apical, e o 
selamento de canais laterais (ITO et al., 2010). 
As técnicas de obturação utilizando-se guta-percha aquecida têm sido 
amplamente aplicadas na Endodontia. A guta-percha pode ser encontrada em duas 
diferentes formas: alfa e beta. A maior parte dos cones de guta-percha está 
disponível na forma beta, sendo estável e flexível à temperatura ambiente, quando 
aquecido, tem menor capacidade de adesão e escoamento que a forma alfa 
(NASCIMENTO et al., 2010). 
Portanto, a técnica termomecânica Híbrida de Tagger consiste da 
compactação da guta-percha por um instrumento rotatório, o compactador de 
McSpadden, semelhante a uma lima Hedströen com parte ativa invertida. O calor 
Técnicas de obturação endodônticas 
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produzido pela fricção do instrumento rotatório no interior do canal plastifica a guta-
percha permitindo um melhor preenchimento das irregularidades do canal 
(FRACASSI et al., 2010). 
 
Sistema TC 
O Sistema TC foi desenvolvido em 2002 no Brasil por Tanaka de Castro e 
Minatel. Este é um sistema de obturação termoplástica baseado na compactação 
mecânica de guta-percha aquecida em dispositivo aquecedor. Este sistema utiliza 
apenas a guta percha tipo “alfa” (de baixa fusão), com ou sem o emprego do cone 
principal. O extravasamento apical de material obturador é controlado empregando-
se uma fina camada de cimento endodôntico às paredes do canal radicular, 
selecionando-se corretamente o diâmetro do condensador de guta-percha e 
respeitando-se o limite máximo de inserção do condensador no interior do canal 
radicular (SCHROTTER, 2010). 
A plastificação da guta-percha é realizada com temperatura baixa e com 
maior tempo de aquecimento pela ação de um aquecedor elétrico de baixa 
intensidade, o que resulta na uniformização do material e possibilidade de 
reutilização da guta-percha dos cartuchos (SCHROTTER, 2010). 
O Sistema TC proporciona o aquecimento mais uniforme da guta percha, 
proporcionando melhores condições de obturação devido às características do 
sistema elétrico do aquecedor automático (SCHROTTER, 2010). 
As vantagens do sistema TC são: consistência diferenciada da guta-percha, 
que facilita o trabalho; maior radiopacidade nas obturações quando comparada com 
os outros sistemas de termoplastificação; melhor relação custo-benefício do 
mercado, por empregar tecnologia nacional e por oferecer maior quantidade de guta-
percha na seringa; simplificação da fase de obturação do canal radicular; obturação 
rápida, possibilitando maior produtividade clínica; aplicação possível de ser realizada 
em canais radiculares atrésicos, curvos, rizogênese incompleta e anatomia 
complexa. Essas vantagens resultam na redução dos custos, do tempo e do 
estresse durante o tratamento endodôntico (SCHROTTER, 2010). 
 
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Sistema Canal Finder 
O Sistema Canal Finder possibilita Iimpar e dar forma ao canal, o clinico pode 
também usá-lo para facilitar a obturação. Este sistema mantêm a configuração 
original do canal com mais fidelidade do que com instrumentação manual (GREENE; 
WONG; INGRAM, 1990). 
Durante a obturação do canal, o sistema Canal Finder usa um ponto principal 
e pontos acessórios, mas a disposição deles é facilitada por um instrumento manual 
motorizado, contendo um calcador de haste longa. O instrumento é ligado e operado 
por sete a dez segundos a 6000-7000 rpm. O movimento básico do instrumento é 
uma vibração para cima e para baixo longitudinalmente (GREENE; WONG; 
INGRAM, 1990). 
 
Condensação Vertical 
A técnica de Schilder está baseada na obturação do canal por terços. Após a 
cimentação do cone principal, são utilizados espaçadores aquecidos na chama para 
aquecer e plastificar a guta-percha que, em seguida, é compactada com 
instrumentos frios, realizando assim, um processo de aquecimento e compactação 
contínuos. Após a obturação do terço apical, o terço médio e cervical são novamente 
obturados com pedaços de guta-percha aquecidos, que são compactados 
verticalmente ou são preenchidos por uma das técnicas de injeção da guta-percha. 
(BUSTAMANTE; REITZ, 2008). 
A guta-percha aquecida proporciona uma adaptação adequada As 
imperfeições presentes nos canais radiculares, tornando mais eficaz tanto o 
selamento do canal principal como o dos canais laterais. Como desvantagens dessa 
técnica são citadas: dificuldade de execução, dificuldade de controle longitudinal do 
material obturador, maior tempo de execução, e possibilidade de fratura radicular 
pelo excesso de força no processo de compactação (BUSTAMANTE; REITZ, 2008). 
 
DISCUSSÃO 
Embora várias técnicas tenham sido propostas para a obturação do sistema 
de canais radiculares, a técnica da condensação lateral continua sendo a mais 
Técnicas de obturação endodônticas 
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Revista FAIPE, v. 3, n. 2, p. 30-58, jul./dez. 2013 
 
difundida e empregada na atualidade. Seu uso não requer equipamento 
especializado, é de baixo custo e de simples execução. Entretanto, muitos autores 
recomendam as técnicas termoplastificadas, justificando seu uso por considerarem 
haver melhor adaptação da guta percha à parede dentinária, maior homogeneidade 
da massa obturadora, e bom selamento apical (CARVALHO et al., 2006). 
Na condensação lateral existem inconvenientes como a impossibilidade de 
obtenção de uma obturação tridimensional, a falta de homogeneidade, o grande 
consumo de material, o tempo despendido, o selamento apical deficiente e a má 
adaptação do material obturador às paredes dentinárias (CARVALHO et al., 2006). 
A técnica de condensação lateral é considerada muito segura, pois diminuiu 
as chances de sobreobturação apresentando resultados satisfatórios, contudo ela 
não oferece estruturatridimensional em decorrência de espaços vazios observados, 
principalmente, nos terços cervical e médio que podem tornar-se nichos de 
desenvolvimento bacteriano levando o tratamento ao insucesso. Com o advento de 
técnicas de instrumentação que preconizam maior alargamento do conduto nos 
terços cervical e médio, maior quantidade de material obturador é necessária, 
portanto a utilização de técnicas de termoplastificação da guta-percha proporciona 
uma obturação clinicamente eficiente, rápida e fácil (CAMÕES et al., 2007). 
A ausência do preenchimento hermético do canal em toda sua extensão 
tridimensionalmente cria condições à penetração, para o interior do canal, de fluídos 
orgânicos oriundos da região apical. Esta exsudação por derivar do soro sanguíneo 
caracteriza a presença de proteínas, enzimas e sais minerais. Tais produtos ao 
permanecerem contidos em espaços vazios do canal radicular facilmente se 
decompõem, passando a atuar como irritantes à região apical, perpetuando a 
resposta inflamatória do tecido frente à continuada agressão (MONTEIRO et al., 
2008). 
Morgental, Zanatta e Rahde (2008) relatam que as técnicas que empregam a 
guta-percha termoplastificada têm demonstrado melhores resultados no 
preenchimento de canais laterais e ramificações apicais quando comparadas à 
técnica de condensação lateral. O tipo de cimento, sua proporção e espatulação 
também podem interferir na obturação das ramificações do canal principal. 
Técnicas de obturação endodônticas 
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Revista FAIPE, v. 3, n. 2, p. 30-58, jul./dez. 2013 
 
A compactação termomecânica preconizada por Tagger e o sistema por 
carreador, Thermafil, promovem o aquecimento da guta-percha, o que possibilita 
uma melhor adaptação deste material à anatomia interna do sistema de canais. 
Entretanto, a possibilidade de sobreobturações é uma desvantagem, devido ao 
maior escoamento do material plastificado (FRACASSI et al., 2010). 
A presença de obturações endodônticas deficientes é considerada como uma 
das principais causas do fracasso da terapia endodôntica a longo prazo, embora 
diversos fatores possam contribuir para o insucesso do tratamento. O preparo 
químico-mecânico assume caráter fundamental para o sucesso do tratamento 
endodôntico, responsável pela limpeza, desinfecção e modelagem, proporcionando 
assim condições convenientes para a obturação. Um outro fator importante para o 
êxito do tratamento endodôntico é o respeito e a manutenção da integridade do 
periápice. Da mesma forma, o sucesso não pode ser obtido quando da execução 
perfeita das fases anteriores à obturação se o desfecho do tratamento não contar 
com um selamento hermético e um preenchimento o mais completo possível do 
sistema de canais radiculares (FRACASSI et al., 2010). 
Outra característica resultante da realização da técnica da condensação 
lateral é a falta de homogeneidade da obturação, uma vez que não se tem uma 
massa única de gutapercha e sim cones justapostos por pressão e por material 
cimentante. Uma outra particularidade desta técnica é a sua falta de escoamento, 
por se tratar de uma técnica fria, recaindo sobre o cimento obturador a função de 
selar os canais acessórios, pois os cones permanecem rígidos no canal principal 
(FRACASSI et al., 2010). 
Por esse motivo, Garcia e Caldeira (2010) afirmam que mesmo apresentando 
bom desempenho nas últimas décadas o uso da guta-percha associada com os 
cimentos endodônticos na maioria das situações de obturações, pesquisadores têm 
buscando alternativas visando a uma melhora no selamento dos canais radiculares. 
Cimentos obturadores à base de resinas epóxicas, silicone, ionômero de vidro e 
metacrilatos estão sendo cada vez mais estudados e aceitos como alternativas aos 
cimentos à base de óxido de zinco e eugenol e hidróxido de cálcio, já consagrados e 
largamente utilizados na prática endodôntica. 
Técnicas de obturação endodônticas 
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Por outro lado, Maniglia-Ferreira et al. (2011) ressaltam que quanto ao uso de 
calor para plastificação da guta-percha, várias técnicas propostas indicam 
possibilidade de haver extravasamento de material obturador via apical. 
O sucesso da terapia endodôntica depende da obturação tridimensional do 
sistema de canais radiculares em toda a sua extensão. Entretanto, sabe-se que a 
completa eliminação bacteriana do sistema de canais radiculares é virtualmente 
impossível devido à complexidade anatômica existente. Mesmo após o processo de 
desinfecção mecânicoquímico e o uso da medicação intracanal, microorganismos 
viáveis ainda podem permanecer em canais acessórios, ramificações, e no interior 
de túbulos dentinários (BORGES; LOPES; TAVARES, 2011). 
 
CONCLUSÃO 
Segundo a literatura revisada as técnicas de obturação têm como objetivo a 
prevenção da infiltração e acúmulo de agentes irritantes, que possam causar 
reinfecção biológica do sistema de canais radiculares. 
Por este motivo esta etapa torna-se de suma importância durante o 
tratamento endodôntico, podendo guiar ao sucesso ou insucesso do tratamento 
realizado. 
Dentre as técnicas de obturação revisadas neste trabalho destacam-se a 
convencional, a condensação lateral. Entretanto, todas as técnicas descritas 
apresentam vantagens e desvantagens, cabendo ao operador a eleição da técnica a 
ser executada. 
 
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Fone: (65) 3624 7544 
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