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Mayombe - Análise

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Mayombe 
PEPETELA – BIOGRAFIA 
Artur Carlos Maurício Pestana dos Santos, conhecido pelo 
pseudônimo de Pepetela, nasceu em Benguela (Angola) 
em 29 de outubro de 1941. Em 1960, ingressou no 
Instituto Superior Técnico em Portugal para estudar 
engenharia, transferindo-se, logo depois, para o curso de 
Letras. Pepetela tornou-se um militante do MPLA 
(Movimento Popular para a Libertação da Angola) em 
1963, licenciando-se em sociologia e partindo para a 
Argélia, onde se empenhou em propagandear a ideologia 
do MPLA no exterior, ocasião em que escreveu o 
romance, Muana Puó, publicado apenas em 1978. Em 
1969, o escritor foi chamado a participar na luta pela 
libertação de Angola e, em Cabinda, foi guerrilheiro e 
responsável pelo setor de educação. Três anos depois, foi 
transferido para a Frente Leste de Angola, onde ficou até 
o acordo de paz com o governo português, em 1974. 
Nesse mesmo ano, Pepetela firmou-se em Luanda, 
integrando a primeira delegação do MPLA, assumindo o 
cargo de vice-ministro da educação, passando, também, 
a dar aulas na Faculdade de Arquitetura de Luanda e 
desenvolvendo sua carreira literária, que ganhou 
notoriedade após a independência de seu país. Pepetela 
recebeu vários prêmios e homenagens pelo conjunto de 
sua obra, como o Prêmio Camões (Portugal), em 1997; 
Rosália de Castro do Centro PEN Galiza (Espanha), em 
2014, ano em que foi consagrado Personalidade do Ano 
na categoria escritor pelo semanário Angolense. 
MAYOMBE 
A obra de Pepetela volta-se principalmente para a 
experiência pós-colonial angolana, as consequências da 
colonização portuguesa e as inter-relações entre a 
cultura e a realidade política e econômica de Angola, 
propondo-se a criar e recriar mitos, solidificando a 
identidade angolana. Em Mayombe, escrito na década de 
1970, mas só publicado em 1980, Pepetela narra as 
aventuras de guerrilheiros, no interior da floresta 
localizada em Cabinda, em busca da construção de um 
país livre do colonialismo português, entrecruzando 
passado e presente por meio de uma diversidade de 
vozes narrativas (polifonia), que manifestam as 
influências do multiculturalismo de Angola. A floresta 
Mayombe tem papel especial na narrativa, sendo ela uma 
personagem que colabora nas atitudes dos guerrilheiros 
isolados em relação a Luanda, sendo metaforicamente o 
útero de um povo que tentava renascer após a 
colonização portuguesa, gestando um novo homem para 
Angola. Ao longo da narrativa de Mayombe, o leitor é 
conduzido a uma viagem pela história do país, entrando 
em contato com medos e angústias das personagens, 
mimeses do povo angolano, que viu na independência de 
Portugal a possibilidade da abolição das diferenças 
étnicas e de se construir uma pátria para os angolanos. 
No entanto, os problemas como a disputa pelo poder e o 
tribalismo conduziram a população para uma realidade 
diferente da desejada pelo movimento de libertação. No 
romance, a memória do povo é recriada no plano 
artístico em que a habilidade do autor desliza pelas 
diversas vozes do presente e do passado, denunciando a 
força colonialista, a necessidade da ruptura com o 
sistema português e a concretização da estrutura social, 
política, econômica e cultural do novo país. Nesse relógio 
histórico que o romance Mayombe apresenta, o cenário 
de fome, corrupção e massacre ganha voz de denúncia 
por meio dos personagens que, nomeados por palavras 
que simbolizam a guerra, representam o povo angolano. 
Nas narrativas em 1ª pessoa, as personagens refletem 
sobre os acontecimentos vividos por elas e suas 
motivações pessoais para lutarem pela independência, ao 
lado dos demais guerrilheiros. Sem Medo, comandante 
do grupo, e o Comissário Político são as personagens 
centrais do romance, estabelecendo-se entre eles uma 
relação semelhante a de pai e filho; Teoria, professor de 
Base, vive o conflito de ser mestiço, um “talvez” como ele 
mesmo diz; Muatânia também reflete sobre a mistura de 
raças e sobre o tribalismo, considerando-se membro de 
apenas uma tribo que servia a nova Angola; Milagre 
relata suas experiências com a crueldade do sistema 
colonial em seus momentos mais intensos; Mundo Novo 
é o intelectual ortodoxo que segue a teoria marxista 
como doutrina; Lutamos, o ingênuo do grupo, não 
ambicionava o poder e considerava o estudo 
desnecessário; Ekuikui era o caçador intimidado com os 
ataques dos obuses; Ingratidão do Tuga, guerrilheiro 
Kimbundu, desestabiliza o grupo por causa de um roubo; 
Vewê, vaidoso e seduzido pelo nepotismo, era um 
guerrilheiro promissor. 
 
 
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De acordo com o próprio Pepetela: 
Mayombe é um livro que foi feito sem projeto. Esse livro 
apareceu dum comunicado de guerra. Nós fizemos uma 
operação militar e eu era o responsável por mandar 
informações, redigir o comunicado, como tinha passado a 
operação e enviar depois para o nosso departamento de 
informação, que veiculava no rádio, no jornal. Eu escrevi aquela 
operação com que o livro começa e que é real. Acabei de 
escrever o comunicado, uma coisa objetiva, assim fria. E não foi 
nada disso que se passou. E continuei o comunicado, tirei a 
primeira parte e mandei pra eles, no departamento de 
informações e continuei. Saiu um livro sem saber quem era o 
personagem Sem Medo. 
SÍNTESE DE MAYOMBE 
A MISSÃO 
Teoria, o professor, mestiço, ao atravessar o Rio Lombe 
escorrega numa pedra, ferindo o joelho. Sem Medo 
sugere-lhe que se recupere enquanto os demais 
seguiriam na operação programada, mas Teoria deseja 
seguir com o grupo para não o desfalcar. Lutamos revela 
ao Comandante que Verdade pretendia fuzilar os 
trabalhadores que estavam na extração da madeira e o 
Comissário determina que nenhum homem do povo seja 
morto. O grupo segue pela floresta e, ao avistarem dois 
grupos de trabalhadores, preparam uma emboscada, 
capturando-os, mas deixando fugir o português com o 
caminhão. No dia seguinte, os pertences dos 
trabalhadores são devolvidos, porém falta uma nota de 
cem escudos (dinheiro português na época) do mecânico. 
Todos são revistados e Ingratidão do Tuga deixa o 
dinheiro cair. Os guerrilheiros recomeçam a caminhada. 
Milagre achava que o Comandante protegia os homens, 
os quais pertenciam a tribos próximas a dele, 
desmerecendo os demais, acreditando que o Comissário 
estava ao lado do Comandante contra o Chefe de 
Operações. O Chefe de Operações planeja uma nova 
emboscada e alguns guerrilheiros, que estavam de vigia, 
são acordados por Sem Medo estimulando-os ao 
combate. Enquanto aguardavam a aproximação dos 
soldados e o momento de atacar, o Comandante 
recordava-se de Leli e de ele tê-la deixado por orgulho. O 
exército finalmente aparece e o combate se inicia, 
fazendo muitas vítimas entre os inimigos. No entanto, 
Sem Medo ordena a retirada, pois não seria possível 
enfrentarem todos os adversários. Retornando o grupo 
todo à Base, Ingratidão do Tuga é julgado e condenado 
por todos os membros, sendo-lhe a punição o 
fuzilamento, mas sua pena é convertida em seis meses de 
prisão, alteração que causa descontentamento de alguns 
membros. 
A BASE 
Chegam à Base oito novos integrantes, sendo um deles 
Vewê, parente do Comandante, muito jovem e tímido. 
Sem Medo reclama por não terem mandado comida e o 
Comandante recusa-se a ir a Dolisie pedir ao primo 
André, por não ter um bom relacionamento com ele. É 
escolhido o Comissário para resolver o problema de falta 
de comida. Em Dolisie, o Comissário encontra Ondina, 
sua noiva, e, logo depois, encontra-se com André, que lhe 
oferece dinheiro, cerveja e almoço, o que revolta o 
Comissário porque ele sabia que essas mordomias seriam 
pagas com o dinheiro do movimento. O Comissário voltaà Base com algum mantimento. Sem Medo pergunta por 
Ondina e percebe que há algum problema de ordem 
sexual no relacionamento entre eles e que ele só 
descobriria o caso deitando-se com ela, mas Ondina não 
lhe interessava. Sem Medo e o Comissário conversam e 
divergem mais uma vez, mas decidem que uma nova 
operação era necessária, pois se o povo de Cabinda 
aderisse ao movimento, o tribalismo se esgotaria, porém, 
para isso, era necessário o mantimento que o Chefe de 
Operações buscaria com André em Dolisie. 
ONDINA 
A falta de comida e as discussões frequentes inflamavam 
as brigas tribalistas que eram contornadas pelo 
Comissário com cautela, a contragosto de Mundo Novo 
que defendia ações mais severas do Comando. O Chefe 
de Operações retorna com a notícia de que André havia 
fugido, pois fora pego no mato com Ondina, a qual 
mandou uma carta para seu noivo, o Comissário, dizendo 
que partiria de Dolisie. Acirra-se a questão tribalista, uma 
vez que André era Kikongo e o Comissário, Kimbundo. 
São chamados à cidade o Comissário e o Comandante. 
Sem Medo conta sua história ao Comissário: Ele vivia com 
Leli, mas, um dia, ela lhe disse que estava apaixonada por 
outro homem e ele compreendeu, deixando-a partir. 
Quando Leli se fartou do novo amor, ela procurou Sem 
Medo, que, agora acostumando à vida de solteiro e 
envolvendo-se com diversas mulheres, ficara com Leli por 
apenas dois meses. Leli seguiu Sem Medo e, no Congo, 
ela foi capturada por uma organização e morta por ser 
 
 
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mestiça, peso que o Comandante carregará por toda sua 
vida. O Comissário conversa com Ondina e ela insiste em 
partir, o que o faz agarrá-la e relacionar-se sexualmente 
de uma maneira mais agressiva, satisfazendo-a, mas não 
o suficiente para ela permanecer em Dolisie. André é 
enviado a Brazaville para ser julgado. Para ele, os 
Kibundos teriam preparado uma armadilha para tirá-lo 
do poder com o apoio de Sem Medo. Um antigo militante 
do MPLA informa a Sem Medo que os portugueses 
colonialistas (Tugas) se estabeleceram em Pau-Caído, 
situação preocupante para a guerrilha. 
A SURUCUCU 
Sem Medo e Ondina conversam sobre a revolução, 
casamento, traição, sexo, beijam-se e relacionam-se 
sexualmente. Ele sugere a Ondina voltar para o 
Comissário, mas ela se recusa, dizendo que Sem Medo 
seria o homem ideal para ela. A conversa é interrompida 
com os gritos de que a Base havia sido atacada. Trinta 
homens cruzam a selva do Mayombe e encontram-se 
com o Chefe de Operações que suspeita da traição de 
Lutamos. Já nas proximidades da Base, eles decidem 
aguardar o amanhecer para atacar. O grupo se divide 
para avançarem pelo rio e pela montanha 
simultaneamente. Sem Medo e Mundo Novo encontram 
um mestiço banhando-se no rio e, ao se aproximarem 
para o apunhalarem, reconhecem ser Teoria que negou 
ter havido um ataque à Base. O Comissário esclareceu 
que uma surucucu preparava o bote para atacar Teoria, 
mas ele atirou na cobra e o estampido fez Vewê sair em 
busca de ajuda acreditando ser um ataque. No entanto, 
havia uma emergência real: atacar Pau-Caído. 
A AMOREIRA 
Enquanto o Comissário chefiava a operação de Pau Caído, 
Sem Medo retornava a Dolisie de onde Mundo Novo 
seria nomeado chefe, escolha que teve apoio de Sem 
Medo, mesmo ambos tendo pensamentos divergentes. 
Sem Medo e Ondina se relacionam novamente: ela 
desejando viver com o Comandante no Leste e ele 
sugerindo que ela reatasse com o Comissário. No retorno 
à Base, Sem Medo é recebido friamente pelo Comissário, 
e sugere-lhe que tome a frente no ataque a Pau-Caído 
para ganhar experiência. De madrugada, eles se dividem 
em grupos: um liderado pelo Chefe de Operações e 
outro, pelo Comissário. O acampamento dos Tugas é 
alvejado pelos morteiros e tiros de bazuca. Os soldados 
que fugiram pelo outro lado, encontram o grupo do 
Comissário que, para mostrar bravura, adianta-se. 
Lutamos segue na mesma direção do Comissário e é 
atingido por um tiro na cabeça. Sem Medo, vendo a 
imprudência do Comissário, ordena ao grupo que avance 
e é atingido por tiros em seu ventre. Enquanto os 
guerrilheiros atacam os soldados, o Comissário auxilia 
Sem Medo, que o aconselha a voltar com Ondina e 
continuar com sua doutrina. A amoreira gigante começa 
a soltar de flores brancas sobre o corpo de Sem Medo. O 
Comissário ordena cavarem um túmulo para Sem Medo e 
Lutamos, um kikongo e um cabinde, que morreram pelo 
Comissário, que era um kimbundo. 
EPÍLOGO 
O Narrador Sou Eu, O Comissário Político. A morte de 
Sem Medo constituiu para mim a mudança de pele dos 
vinte e cinco anos, a metamorfose. Dolorosa, como toda 
metamorfose. Só me apercebi do que perdera (talvez o 
meu reflexo dez anos projectado à frente), quando o 
inevitável se deu. Sem Medo resolveu o seu problema 
fundamental: para se manter ele próprio, teria de ficar 
ali, no Mayombe. Terá nascido demasiado cedo ou 
demasiado tarde? Em todo o caso, fora do seu tempo, 
como qualquer herói de tragédia. Eu evoluo e construo 
uma nova pele. Há os que precisam de escrever para 
despir a pele que lhes não cabe já. Outros mudam de 
país. Outros de amante. Outros de nome ou de penteado. 
Eu perdi o amigo. Do coração do Bié, a mil quilómetros 
do Mayombe, depois de uma marcha de um mês, 
rodeado de amigos novos, onde vim ocupar o lugar que 
ele não ocupou, contemplo o passado e o futuro. E vejo 
quão irrisória é a existência do indivíduo. É, no entanto, 
ela que marca o avanço no tempo. Penso, como ele, que 
a fronteira entre a verdade e a mentira é um caminho no 
deserto. Os homens dividem-se dos dois lados da 
fronteira. Quantos há que sabem onde se encontra esse 
caminho de areia no meio da areia? Existem, no entanto, 
e eu sou um deles. Sem Medo também o sabia. Mas 
insistia em que era um caminho no deserto. Por isso se 
ria dos que diziam que era um trilho cortando, nítido, o 
verde do Mayombe. Hoje sei que não há trilhos amarelos 
no meio do verde. Tal é o destino de Ogun, o Prometeu 
africano. 
 
 
 
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EXERCÍCIOS 
1.A polifonia conceituada por Mikhail Bakhtin consiste em um texto em que são percebidas diversas vozes e consciências 
distintas. Em Mayombe de Pepetela, 
 
I) as vozes de diversos narradores revelam problemas como o racismo e o tribalismo entre os membros do grupo. 
II) a polifonia permite reconhecer as contradições, ideologias, dúvidas e medos das personagens. 
III) destaca-se a polifonia na fala da personagem Ondina que manifesta a visão feminina da guerrilha. Sobre as informações 
anteriores, pode-se afirmar que 
a) I e II corretas, apenas. 
b) II e III corretas, apenas. 
c) I e III corretas, apenas. 
d) Todas corretas. 
e) Todas incorretas. 
2. Sobre as personagens de Mayombe é incorreto afirmar que 
a) Ondina representa a força feminina dominadora dos instintos masculinos. 
b) Teoria analisa a questão da mestiçagem e considera-se um “talvez”. 
c) Sem Medo age guiado pela própria consciência, como um conciliador que busca a unidade do grupo. 
d) Mundo Novo adapta a teoria marxista, vinculando-a às realidades de Angola. 
e) Comissário condiciona seu comportamento na guerrilha ao de Milagre, sendo um o complemento do outro nas ações em 
combate. 
3. Em Mayombe, Pepetela registra sua experiência na guerra de Angola, procurando o autor desenvolver perspectivas 
como 
a) Caracterizar o comportamento dos guerrilheiros pelo afastamento das exigências da revolução e pelas atitudes 
inescrupulosas e interesseiras, como ocorre com a personagem Sem Medo. 
b) Denunciar o MPLA, revelando seu caráter colonialista, o que era defendido pela maioria dos angolanos, assim como 
também pelo personagem Comissário. 
c) Revelar a situação política de Angolaem opo - sição às tendências conservadoras e igualitárias dos colonizadores 
portugueses, que procuravam liderar as guerrilhas. 
d) Criar poeticamente a floresta de Mayombe como um ambiente em que a vegetação ganha traços humanos, 
promovendo-se o processo de zoomorfização do ambiente. 
e) Tratar do conflito armado durante meados de 1960 e o início da década seguinte, opondo o poder colonial e os 
movimentos de libertação nacionalista. 
4. Leia o texto e responda ao que se pede. – É por isso que faço confiança nos angolanos. São uns confucionistas, mas todos 
esquecem as makas e os rancores para salvar um companheiro em perigo. É esse o mérito do Movimento, ter conseguido o 
milagre de começar a transformar os homens. Mais uma geração e o angolano será um homem novo. O que é preciso é 
ação. 
a) A fala de Comandante Sem Medo alude a uma questão central do romance Mayombe: um objetivo político a ser 
conquistado por meio do Movimento. Qual é esse objetivo? 
b) As “makas” e os “rancores” dos angolanos repercutem no modo como o romance é narrado? Explique. 
5. (FUVEST 2017) Observe a imagem e leia o texto, para responder às questões de 5 a 7. 
 
 
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 O Comissário apertou-lhe mais a mão, querendo transmitir-lhe o sopro de vida. Mas a vida de Sem Medo esvaía-se para o 
solo do Mayombe, misturando-se às folhas em decomposição. [...] Mas o Comissário não ouviu o que o Comandante disse. 
Os lábios já mal se moviam. A amoreira gigante à sua frente. O tronco destaca-se do sincretismo da mata, mas se eu 
percorrer com os olhos o tronco para cima, a folhagem dele mistura-se à folhagem geral e é de novo o sincretismo. Só o 
tronco se destaca, se individualiza. Tal é o Mayombe, os gigantes só o são em parte, ao nível do tronco, o resto confunde-se 
na massa. Tal o homem. As impressões visuais são menos nítidas e a mancha verde predominante faz esbater 
progressivamente a claridade do tronco da amoreira gigante. As manchas verdes são cada vez mais sobrepostas, mas, num 
sobressalto, o tronco da amoreira ainda se afirma, debatendo-se. Tal é a vida. [...] Os olhos de Sem Medo ficaram abertos, 
contemplando o tronco já invisível do gigante que para sempre desaparecera no seu elemento verde 
5. Considerando-se o excerto no contexto de Mayombe, os paralelos que nele são estabelecidos entre aspectos da 
natureza e da vida humana podem ser interpretados como uma 
a) reflexão relacionada ao próprio Comandante Sem Medo e a seu dilema característico entre a valorização do indivíduo e 
o engajamento em um projeto eminentemente coletivo. 
b) caracterização flagrante da dificuldade de aceder ao plano do raciocínio abstrato, típica da atitude pragmática do 
militante revolucionário. 
c) figuração da harmonia que reina no mundo natural, em contraste com as dissensões que caracterizam as relações 
humanas, notadamente nas zonas urbanizadas. 
d) representação do juízo do Comissário a respeito da manifesta incapacidade que tem o Comandante Sem Medo de 
ultrapassar o dogmatismo doutrinário. 
e) crítica esclarecida à mentalidade animista – que tende a personificar os elementos da natureza – e ao tribalismo, ainda 
muito difundidos entre os guerrilheiros do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA). 
6. Consideradas no âmbito dos valores que são postos em jogo em Mayombe, as relações entre a árvore e a floresta, tal 
como concebidas e expressas no excerto, ensejam a valorização de uma conduta que corresponde à da personagem 
a) João Romão, de O cortiço, observadas as relações que estabelece com a comunidade dos encortiçados. 
b) Jacinto, de A cidade e as serras, tendo em vista suas práticas de beneficência junto aos pobres de Paris. 
c) Fabiano, de Vidas secas, na medida em que ele se integrava na comunidade dos sertanejos, seus iguais e vizinhos. 
d) Pedro Bala, de Capitães da Areia, em especial ao completar sua trajetória de politização. 
e) Augusto Matraga, do conto “A hora e vez de Augusto Matraga”, de Sagarana, na sua fase inicial, quando era o valentão 
do lugar. 
7. Mayombe refere-se a uma região montanhosa em Angola, dominada por floresta pluvial densa, rica em árvores de 
grande porte, e localizada em área de baixa latitude (4o40’S). Levando em conta essas características geográficas e 
vegetacionais, é correto afirmar que 
a) esse tipo de vegetação predomina na maior parte do continente africano, circundando áreas de savana e deserto. 
b) se trata da única floresta pluvial sobre áreas montanhosas, pois esse tipo de floresta não ocorre em outras áreas do 
mundo. 
 
 
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c) a vegetação da região é semelhante à da floresta encontrada, no Brasil, na mesma faixa latitudinal. 
d) nessa mesma faixa latitudinal, no Brasil, há regiões áridas, de altas altitudes, em que predominam ervas rasteiras. 
e) tais florestas pluviais só ocorrem no hemisfério sul, devido ao regime de chuvas e às altas temperaturas nesse 
hemisfério, onde ocupam todo tipo de relevo. 
8. Leia o excerto de Mayombe, de Pepetela, no qual as personagens “dirigente” e Comandante Sem Medo discutem o 
comportamento do combatente chamado Mundo Novo. As indicações [d] e [C] identificam, respectivamente, as falas 
iniciais do “dirigente” e do Comandante Sem Medo, que se alternam, no diálogo. 
[d] (...) A propósito do Mundo Novo: a que chamas tu ser dogmático? 
[C] – Ser dogmático? Sabes tão bem como eu. 
– Depende, as palavras são relativas. Sem Medo sorriu. 
– Tens razão, as palavras são relativas. Ele é demasiado rígido na sua conceção da disciplina, não vê as condições 
existentes, quer aplicar o esquema tal qual o aprendeu. A isso eu chamo dogmático, penso que é a verdadeira aceção da 
palavra. A sua verdade é absoluta e toda feita, recusa-se a pô-la em dúvida, mesmo que fosse para a discutir e a reforçar 
em seguida, com os dados da prática. Como os católicos que recusam pôr em dúvida a existência de Deus, porque isso 
poderia perturbá-los. 
– E tu, Sem Medo? As tuas ideias não são absolutas? 
– Todo o homem tende para isso, sobretudo se teve uma educação religiosa. Muitas vezes tenho de fazer um esforço para 
evitar de engolir como verdade universal qualquer constatação particular. 
a) Que relação se estabelece, no excerto, entre a forma dialogal e as ideias expressas pelo Comandante Sem Medo? 
b) No plano da narração de Mayombe, isto é, no seu modo de organizar e distribuir o discurso narrativo, emprega-se algum 
recurso para evitar que o próprio romance, considerado no seu conjunto, recaia no dogmatismo criticado no excerto? 
Explique resumidamente. 
RESPOSTAS 
1.A personagem Ondina não manifesta a voz feminina na guerra em Angola. Resposta: A 
2.O Comissário tem seu comportamento associado ao da personagem Sem Medo. Resposta: E 
3. Pepetela buscou registrar em Mayombe suas experiências durante a guerra em Angola em que se opunham os ideais dos 
colonizadores ao grupo nacionalista que buscava a definitiva libertação de Angola do domínio português. Resposta: E 
4. a) O objetivo político é a libertação de Angola do colonialismo português, expondo, além disso, a questão étnica como 
desafio para a unidade nacional. 
b) Sim, repercutem, seja pela exposição e defesa das individualidades e das identidades, seja pelo uso da polifonia que 
mostra a ideologia de cada personagem, em um painel de múltiplas interações sociais ou políticas. 
5. O trecho é caracterizado pela fusão entre a amoreira e a floresta, ressaltando a dicotomia individual/ coletivo. O dilema 
de Sem Medo é da mesma natureza, pois ele se divide entre o respeito à subjetividade de seus comandados e a 
necessidade de engajamento ao projeto político do MPLA. Alternativa A. 
6. Considerando que em Mayombe o comandante Sem Medo assume um papel de liderança política após uma evoluçãopsicológica, é possível compará-lo a Pedro Bala, de Capitães da Areia, que também evolui psicológica e politicamente. 
Alternativa D. 
7. As florestas pluviais, com as características descritas no texto, localizam-se nas regiões de baixa latitude, de ambos os 
hemisférios, dominados por climas úmidos e quentes. Alternativa C. 
 
 
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8. a) No fragmento apresentado, o diálogo é a forma de transmitir ensinamentos proporcionando a alteridade e a troca de 
perspectivas entre as personagens. O comandante, mais politizado, faz uso da conversa para expor seus pontos de vista 
ideológicos. 
b) O narrador de Mayombe pulveriza-se em suas personagens para não cair no proselitismo político. O processo de 
polifonia é uma forma de demonstrar que cada personagem participa do processo narrativo e, de forma indireta, antecipa 
uma eventual estrutura democrática, de multiplicidade de pontos de vista.

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