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Resumo Doutrina Marcos Vinicius Rios Gonçalves, 9° Edição 2018

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Resumo Doutrina Marcus Vinicius Rios Gonçalves, 9° Edição 2018.
Da execução em geral :
Desde a edição da lei nº 11.232 de 2005, estabeleceu-se uma distinção fundamental entre dois tipos de execução: a fundada em título judicial, denominada cumprimento de sentença, que constitui, em regra, apenas uma fase subsequente ao processo de conhecimento, na qual tenha sido proferida sentença que reconheça a exigibilidade de uma obrigação; e a fundada em título executivo extrajudicial que, estas sim, implica a formação de um novo processo.
A execução civil faz-se, assim, em nosso ordenamento jurídico,por duas maneiras: como uma fase subsequente ao processo de conhecimento, na qual tenha sido proferida sentença que reconhece a exigibilidade de obrigação, não cumprida voluntariamente; ou como processo autônomo, quando fundada em título executivo extrajudicial.
Salvo quando fundado em sentença arbitral, penal condenatória ou estrangeira, o cumprimento de sentença sempre será precedido de um processo civil de conhecimento.
O processo de conhecimento pode ser condenatório, constitutivo ou declaratório. Estes dois últimos,em regra, não dão ensejo a execução civil, porquanto a sentença cúmplice automaticamente, sem nenhuma providência do réu.Só a sentença condenatória, em regra, da ensejo a execução.
Atualmente alguns lugares já se falam em execução em processo de conhecimento de origem declaratória! (Fala professor).
Dentro da Decisão Judicial Cívil, a homologatoria de autocomposição tem natureza de Título Judicial extrajudicial ( aula em sala )
É título executivo Judicial a sentença estrangeira (homologada pelo STJ) (aula sala) 
Decisão Interlocutória---- Estrangeira ----- Com concessão de Exequatur a carta rogatória pelo Stj (aula sala) 
Antes da lei nº 11.232 de 2005, o processo de conhecimento, de cunho condenatório e o de execução que ele seguia eram considerados dois processos distintos, com funções diferentes. Isso exigia que o devedor fosse citado para o processo de conhecimento e depois, para o de execução. Após a lei, os dois processos passaram a constituir duas fases distintas de um processo único. O anterior processo de conhecimento tornou-se fase cognitiva, e o antigo processo de execução por título judicial tornou-se fase que o legislador denominou de" cumprimento de sentença".
Com isso, basta que o devedor seja citado uma única vez, na fase inicial do processo.
Apenas o que antes se denominava processo de execução passou a chamar-se fase, tornando despicienda nova citação.E sse processo único, que passou a conter duas fases, foi apelidado de "sincrético", por ter fases distintas, com finalidades diferentes.
Quando se tratar de cumprimento de sentença arbitral,penal condenatória ou estrangeira, conquanto fundado em título judicial, continuará constituído um novo processo, porque não há nenhum outro processo judicial civil anterior.No entanto, ainda que assim seja, as regras aplicáveis são as do cumprimento de sentença pois o título é judicial. Ter-se-á ,é verdade, um novo processo, no qual o executado será citado. Mas, a partir daí, serão aplicadas as novas regras do livro II da parte especial do CPC, mas as do cumprimento de sentença.
Já execução de título extrajudicial constitui um processo autônomo, não precedido de nenhum anterior.
 Pode-se dizer que:
💓• Tem natureza de processo autônomos as execuções fundadas em título extrajudicial e os cumprimentos de sentença arbitral, penal condenatória ou estrangeira.
💖•Não tem natureza de processo autônomo as execuções fundadas em título judicial, com as exceções supramencionadas.
Portanto há duas formas de execução civil: o cumprimento de sentença( que não forma novo processo, salvo nos casos de sentença arbitral, penal condenatória ou estrangeira) e a execução por título extrajudicial, que sempre resultará na formação de um novo processo.
O cumprimento de sentença é tratado no livro I da parte especia, l a partir do artigo 513 do CPC.
O que é Execução?
A função do poder judiciário é solucionar os conflitos de interesses. Há alguns que, levados em juízo, se resolvem pelo simples pronunciamento judicial, sem necessidade, para a satisfação do titular do direito, de algum tipo de comportamento do obrigado.
Mas há casos em que ela depende de um comportamento, de uma ação ou omissão do réu. O titular da obrigação só se satisfará se o réu cumprir uma prestação, de fazer, não fazer, entregar coisa ou pagar.
Para que o estado-juiz possa desencadear a sanção executiva, fazendo uso dos mecanismos previstos em lei para a satisfação da obrigação, é preciso que esta esteja dotada de um grau suficiente de certeza. Afinal isso implicará que o estado tome medidas que podem ser drásticas contra o devedor, invadindo, se necessário, o seu patrimônio para alcançar o resultado almejado.
Esse grau de certeza é dado pelo título executivo. A lei considera como tais alguns documentos extrajudiciais, produzidos sem a intervenção do judiciário, mas aos quais se reconhece esse grau suficiente de certeza. Esses documentos permitiram a instauração do processo de conhecimento. Na ausência deles, O titular da obrigação deve ingressar em juízo com um processo de conhecimento para que o judiciário reconheça a ele o direito de fazer cumprir a obrigação. Se eu fizer e o devedor não a satisfazer espontaneamente, terá início a fase de cumprimento da sentença "ou fase de execução".
O que distingue, portanto, o processo (ou fase) de conhecimento do processo (ou fase) de execução é, antes de tudo, a finalidade de um e de outro.No primeiro, o que se busca é uma sentença, em que o juiz diga o direito, decidindo se a pretensão do autor deve ser acolhida em face do réu ou não. No segundo, a finalidade é que o juiz tome providências concretas, materiais, que tenham por objetivo a satisfação do titular do direito, consubstanciando em um título executivo. No primeiro, o juiz resolve a dúvida, a incerteza, a respeito da pretensão do autor; no segundo, ele toma as providências necessárias para a satisfação do credor, diante do inadimplemento do devedor.
1 ) Competência para a Execução Civil
 
Há, sobre o tema, dois artigos fundamentais do CPC, o ART 516 ( trata da competência para o cumprimento de sentença), e o ART 781 ( trata do processo de execução, fundada em título extrajudicial).
1.1 Competência para processar o cumprimento de sentença
As regras fundamentais de competência para o cumprimento de sentença estão dadas no artigo 516:
I- se processará nos tribunais, nas causas de sua competência originária;
II- no juízo que decidiu a causa no primeiro grau de jurisdição; 
III- no juízo civil competente, quando se tratar de sentença penal condenatória, de sentença arbitral ou de sentença estrangeira.
 Art. 516. O cumprimento da sentença efetuar-se-á perante:
I - os tribunais, nas causas de sua competência originária;
II - o juízo que decidiu a causa no primeiro grau de jurisdição;
III - o juízo cível competente, quando se tratar de sentença penal condenatória, de sentença arbitral, de sentença estrangeira ou de acórdão proferido pelo Tribunal Marítimo.
 Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II e III, o exequente poderá optar pelo juízo do atual domicílio do executado, pelo juízo do local onde se encontrem os bens sujeitos à execução ou pelo juízo do local onde deva ser executada a obrigação de fazer ou de não fazer, casos em que a remessa dos autos do processo será solicitada ao juízo de origem.
As duas primeiras hipóteses são de competência funcional, pois a execução civil está sempre atrelada a um processo de conhecimento que antecedeu. Sendo absoluta, não pode ser modificada pelas partes, nem modificada por foro de eleição. 
No entanto, na hipótese do inciso II, a competência sofrem importante flexibilização. 
O parágrafo único do artigo 516 dispõe que: "nas hipóteses dos incisos II e III, o exequente poderá optar pelo juízo do atual domicílio do executado, pelo juízo do local onde se encontram bens sujeitos à execução, ou pelo juízo onde devaser executada a obrigação de fazer ou de não fazer, casos em que a remessa dos autos do processo será solicitada ao juízo de origem". Tudo para tornar mais rápido o cumprimento da sentença, evitando, por exemplo, a expedição de precatórios e a prática de atos e diligências em outras comarcas.
Teria essa Norma transformado a competência, na hipótese do inciso II, em relativa? Em caso afirmativo, as partes poderiam escolher qualquer foro para o processamento da ação. Aqui não. A Ação só pode correr em um dos juízos concorrentes previamente estabelecidos por lei, escolhidos não por contrato ou eleição, mas por opção do credor. Se for proposta em outro juízo, que não deles, ele, de ofício, dar-se-á por incompetente.
O credor que optar por um dos juízos concorrentes deverá requerer o cumprimento da sentença no juízo escolhido, que solicitará ao de origem à remessa dos autos.
 O juízo escolhido receberá a petição desacompanhado dos autos do processo, cumprido-lhe verificar se é mesmo competente para o cumprimento da sentença. Em caso afirmativo, fará a solicitação ao juízo de origem, que os remeterá ao final, os autos serão arquivados no juízo onde ocorreu a execução.
Se o juízo onde ocorreu o processo de conhecimento não quiser remeter os autos e, por entender que o solicitante não é competente, deverá suscitar conflito positivo de competência.
Para as execuções de alimentos provenientes de direito de família (não de ato ilícito), além dos foros concorrentes já mencionados, o credor poderá optar pelo foro de seu próprio domicílio, ainda que a sentença tenha sido proferida em outro foro. É o que dispõe o artigo 528, parágrafo nono, do CPC.
Art. 528. No cumprimento de sentença que condene ao pagamento de prestação alimentícia ou de decisão interlocutória que fixe alimentos, o juiz, a requerimento do exequente, mandará intimar o executado pessoalmente para, em 3 (três) dias, pagar o débito, provar que o fez ou justificar a impossibilidade de efetuá-lo.
§ 9º Além das opções previstas no art. 516, parágrafo único, o exequente pode promover o cumprimento da sentença ou decisão que condena ao pagamento de prestação alimentícia no juízo de seu domicílio.
Na hipótese do inciso III, do artigo 516, a competência não é funcional porque não há nenhum prévio processo de conhecimento. No caso de sentença penal condenatória, cumprirá verificar qual é o juízo competente, de acordo com as regras gerais de competência dos artigos 46 e ss do CPC. A competência ser absoluta ou relativa, conforme a regra aplicável ao caso concreto.
Na execução de sentença arbitral, a competência será a do foro em que se realizou a arbitragem. 
Se o título for sentença estrangeira, homologada pelo STJ, a execução será processada perante a justiça federal de primeira instância, na forma do artigo 109,X,da CF. 
Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:
X - os crimes de ingresso ou permanência irregular de estrangeiro, a execução de carta rogatória, após o "exequatur", e de sentença estrangeira, após a homologação, as causas referentes à nacionalidade, inclusive a respectiva opção, e à naturalização;
A seção judiciária competente será apurada de acordo com as normas de competência da CF e do CPC.
1.2 Competência para a execução de título extrajudicial
A competência para o processo de execução de título extrajudicial é relativa e deve ser apurada de acordo com as regras gerais, estabelecidas no artigo 781 do CPC.
Art. 781. A execução fundada em título extrajudicial será processada perante o juízo competente, observando-se o seguinte:
I - a execução poderá ser proposta no foro de domicílio do executado, de eleição constante do título ou, ainda, de situação dos bens a ela sujeitos;
II - tendo mais de um domicílio, o executado poderá ser demandado no foro de qualquer deles;
III - sendo incerto ou desconhecido o domicílio do executado, a execução poderá ser proposta no lugar onde for encontrado ou no foro de domicílio do exequente;
IV - havendo mais de um devedor, com diferentes domicílios, a execução será proposta no foro de qualquer deles, à escolha do exequente;
V - a execução poderá ser proposta no foro do lugar em que se praticou o ato ou em que ocorreu o fato que deu origem ao título, mesmo que nele não mais resida o executado.
 É preciso verificar:
 1) se há foro de eleição, pois, tratando-se de competência relativa, as partes podem fixar, o que deverá constar do título. É possível, por exemplo, que, em contrato de locação- título extrajudicial - conste o foro escolhido pelas partes para cobrança ou execução dos aluguéis. 
2) se não houver eleição, deverá prevalecer a regra geral de competência do foro do domicílio do executado ou de situação dos bens sujeitos à execução.
Essas regras valem também para execução hipotecária, que não tem natureza real mas pessoal: o que se executa é a dívida, ainda que venha garantida por um direito real.
Nas execuções fiscais, a competência dada pelo artigo 46 parágrafo 5º do CPC.
Art. 515. São títulos executivos judiciais, cujo cumprimento dar­se­á de
acordo com os artigos previstos neste Título:
I ­ as decisões proferidas no processo civil que reconheçam a
exigibilidade de obrigação de pagar quantia, de fazer, de não fazer ou de
entregar coisa;
II ­ a decisão homologatória de autocomposição judicial;
III ­ a decisão homologatória de autocomposição extrajudicial de qualquer
natureza;
IV ­ o formal e a certidão de partilha, exclusivamente em relação ao
inventariante, aos herdeiros e aos sucessores a título singular ou universal;
V ­ o crédito de auxiliar da justiça, quando as custas, emolumentos ou
honorários tiverem sido aprovados por decisão judicial;
VI ­ a sentença penal condenatória transitada em julgado;
VII ­ a sentença arbitral;
VIII ­ a sentença estrangeira homologada pelo Superior Tribunal de
Justiça;
IX ­ a decisão interlocutória estrangeira, após a concessão do exequatur à
carta rogatória pelo Superior Tribunal de Justiça;
X ­
(Vetado.)
§ 1o Nos casos dos incisos VI a IX, o devedor será citado no juízo cível
para o cumprimento da sentença ou para a liquidação no prazo de 15
(quinze) dias.
§ 2o A autocomposição judicial pode envolver sujeito estranho ao
processo e versar sobre relação jurídica que não tenha sido deduzida em
juízo.
* Correspondência legislativa: arts. 475­N, I, III, V, VII, 585, II, IV, VI e
parágrafo único do CPC/73.
Outras ref. normativas: V. art. 57, caput, Lei 9.099/95 (Juizados Especiais
Cíveis e Criminais); Res. 125/2010, CNJ.Sumário: 1. Título executivo judicial; 2. Decisões proferidas no processo civil
que reconheçam a exigibilidade de obrigação de pagar quantia, de fazer, de não
fazer ou de entregar coisa – inciso I; 3. Inciso II: a decisão homologatória de
autocomposição judicial – inciso II; 4. A decisão homologatória de
autocomposição extrajudicial de qualquer natureza – inciso III; 5. O formal e a
certidão de partilha, exclusivamente em relação ao inventariante, aos herdeiros e
aos sucessores a título singular ou universal – inciso IV; 6. O crédito de auxiliar
da justiça, quando as custas, emolumentos ou honorários tiverem sido aprovados
por decisão judicial – inciso V; 7. A sentença penal condenatória transitada em
julgado – inciso VI; 8. A sentença arbitral – inciso VII; 9. A sentença estrangeira
homologada pelo Superior Tribunal de Justiça – inciso VIII; 10. A decisão
interlocutória estrangeira, após a concessão do exequatur à carta rogatória pelo
Superior Tribunal de Justiça – inciso IX; 11. Nos casos dos incisos VI a IX, o
devedor será citado no juízo cível para o cumprimento da sentença ou para a
liquidação no prazo de quinze dias – parágrafo primeiro; 12. A autocomposição
judicial pode envolver sujeito estranho ao processo e versar sobre relação jurídica
que não tenha sido deduzida em juízo – parágrafo segundo.
1. Título executivo judicial. O art. 515 traz o rol de títulos executivos
judiciais. O NCPC manteve a dicotomia ressuscitada pela Lei 11.282/2005 entre a
execução de título judicial e a execução de título extrajudicial.Ganha relevo,
portanto, identificar o título executivo, pois a partir desta diferenciação (judicial ou
extrajudicial) haverá um procedimento parcialmente diverso para a execução e,
bem assim, para a forma e para o conteúdo da oposição a ser manejada pelo
executado. 1.1 Passe­se, a seguir, a comentar um a um os títulos judiciais
arrolados no dispositivo legal.
2. Decisões proferidas no processo civil que reconheçam a exigibilidade
de obrigação de pagar quantia, de fazer, de não fazer ou de entregar coisa –
Inciso I. Este inciso apresenta uma boa novidade em relação à redação do
CPC/73 (com redação dada pela Lei 11.282/2005). Com efeito, pela redação
anterior, dizia­se título executivo “a sentença proferida no processo civil que
reconheça a existência de obrigação de fazer, não fazer, entregar coisa ou pagar
quantia”. A redação atual, a nosso ver, difere substancialmente daquela. 2.1
Registra­se, de início, que o dispositivo é mais amplo, reconhecendo que além
das sentenças, (todas) as decisões proferidas no processo civil que reconheçam
a existência de obrigação de fazer, não fazer, entregar coisa ou pagar quantia –
tenham elas natureza de sentença ou de decisão interlocutória – são títulos
executivos. 2.2 Reconhece­se, portanto, de forma expressa, que as decisões
relativas às tutelas de urgência ou de evidência são títulos executivos. Com isso,
põe­se fim à discussão, de parte da doutrina, a respeito da relativização do
princípio da nulla executio sine título. Com efeito, para parte da doutrina, a
efetivação da tutela antecipada demanda o reconhecimento de outro princípio,
qual seja, o da execução sem título permitida. 2 2.3 Diante da nova redação, tal
discussão, queremos crer, está sepultada. Não há exceção ou relativização ao
princípio da nulla executio sine título, porquanto a decisão que antecipa a tutelapassa a ser, indene de dúvidas, título executivo. 2.4 Mas não é só esse aspecto
que merece ser considerado. A antiga redação referia­se à sentença que
reconheça a existência de obrigação de fazer, não fazer, entregar coisa ou pagar
quantia. Por sua vez, a novel disposição exige que a decisão reconheça a
exigibilidade de obrigação de pagar quantia, de fazer, de não fazer ou de entregar
coisa. Há diferença de fundo ou apenas cosmética entre tais disposições? É o
que passaremos a abordar. 2.5 É sabido que o plano da existência e o da
exigibilidade não se confundem. Por força da teoria das obrigações, três são os
planos que devem ser examinados pelo intérprete nos negócios jurídicos:
existência, validade e eficácia. O conceito de exigibilidade, segundo boa parte
da doutrina civilista, está contido no plano da eficácia. 2.6 No plano da existência
devem ser observados os elementos essenciais do negócio jurídico, a saber: (i)
declaração de vontade; (ii) objeto; e (iii) forma. Sem tais elementos o negócio
jurídico nem mesmo chegará a existir. 2.7 Por sua vez, ao se analisar a
exigibilidade da obrigação parte­se das premissas de que o negócio é existente e
válido, indagando­se se está, ou não, apto à produção de efeitos jurídicos
(eficácia). 2.8 Esclarecidos os conceitos de existência e exigibilidade da
obrigação, a questão que se coloca é a seguinte: a distinção no plano do direito
material tem repercussão no plano processual? 2.9 No plano processual, é certo
que a existência e a exigibilidade da obrigação estão ligadas ao título executivo
que, como se sabe, deve espelhar uma obrigação certa, líquida e exigível. 2.10 A
grande questão que se colocou a partir da redação anterior – que mencionava a
sentença que reconhecia a existência da obrigação – foi a respeito da
possibilidade de se reconhecer uma sentença declaratória como título executivo. 3
2.11 Segundo pensamos, as sentenças declaratórias (inclusive as de
improcedência) são executáveis quando explicitarem todos os elementos de uma
prestação exigível. 4 A nosso ver, não faz sentido impor nova fase de cognição
para explicitar um comando condenatório a uma sentença que já contém todos os
elementos identificadores da obrigação. 2.12 Nesse sentido, a redação dada pelo
NCPC deixa, a nosso ver, mais clara a possibilidade de se ver na sentença
declaratória um título executivo, desde que reconheça uma obrigação (de pagar
quantia, de fazer, de não fazer, de entrega de coisa) certa, líquida e exigível.
3. A decisão homologatória de autocomposição judicial – inciso II. O
NCPC preocupou­se em estimular, por várias formas, a autocomposição,
inclusive por meio da atuação de conciliadores e mediadores judiciais. 3.1
Alcançado o intento do legislador, é de se esperar que haja um aumento das
autocomposições
e,
consequentemente,
das
respectivas
sentenças
homologatórias. 3.2 A autocomposição equivale à solução do litígio por impulso
dos próprios litigantes. A doutrina diverge um pouco a respeito da abrangência do
termo. Para alguns, pode se dar por transação, conciliação, renúncia,
reconhecimento em favor da parte ex adversa ou mesmo por meio de desistência.
Para outros importa tão somente a transação ou a conciliação. 3.3 O NCPC
conferiu o caráter de sentença de mérito à decisão que homologa o
reconhecimento da procedência do pedido, a transação e a renúncia (art. 487, III,
“a”, “b” e “c”) e de sentença sem resolução de mérito quando o juiz homologa adesistência da ação (art. 485, VIII). Bem se vê, portanto, que tirando a hipótese
de desistência – para aqueles que a incluem no conceito de autocomposição – as
outras hipóteses estão abarcadas na sentença com resolução de mérito. 3.4
Trata­se, contudo, de sentença atípica, nos dizeres de Teresa Arruda Alvim
Wambier, 5 na medida em que o órgão judicial quando homologa o instrumento de
transação, limita­se apenas a conferir ao ato das partes a eficácia e a autoridade
de uma sentença de mérito, sem propriamente exercer cognição a respeito do
seu conteúdo. É um ato complexo, composto, de um lado, pela sentença
homologatória, com caráter formal e de continente e, de outro, pelo conteúdo,
representado pelo ato negocial firmado pelas partes. 6 3.5 É interessante observar
que, tal como era permitido sob a sistemática do Código anterior, o NCPC
mantém a possibilidade de que haja autocomposição judicial de matéria não
posta em Juízo e envolvendo sujeito até então estranho à lide (§ 2.o desse
mesmo artigo).
4. A decisão homologatória de autocomposição extrajudicial de qualquer
natureza – inciso III. A decisão que homologa a autocomposição extrajudicial de
qualquer natureza também é título executivo judicial. A hipótese é diversa
daquela prevista no inciso anterior, que pressupõe a existência de uma ação
judicial. 4.1 A situação não configura propriamente uma novidade, porquanto o
CPC/73 já conferia a qualidade de título executivo judicial ao acordo extrajudicial
homologado judicialmente (antigo art. 475­V). 4.2 A ratio da norma permanece a
mesma: estimular a solução amigável dos conflitos e contribuir com uma tutela
jurisdicional mais célere e efetiva. 4.3 Vale a menção que o NCPC positivou o que
a jurisprudência e a doutrina já pregam sob a égide do código em vigor,
esclarecendo que o procedimento a ser observado para a obtenção desta decisão
homologatória é aquele reservado aos “procedimentos de jurisdição voluntária”
(art. 725, inciso VIII). 4.4 Por fim, é importante observar que eventual nulidade da
decisão que homologou a autocomposição não tem o efeito de necessariamente
macular o negócio de fundo, objeto da autocomposição. A hipótese teria o condão
de retirar­lhe a eficácia de título executivo judicial, mas não invalidar ou nulificar a
autocomposição que, cumpridas as formalidades dos incisos II e IV do art. 784,
continuará sendo título executivo, porém extrajudicial.
5. O formal e a certidão de partilha, exclusivamente em relação ao
inventariante, aos herdeiros e aos sucessores a título singular ou universal
– inciso IV. O NCPC repete o comando do CPC/73, ao catalogar como título
executivo judicial o formal ou a certidão de partilha que, em verdade, nada mais
são do que documentos representativos da transmissão de patrimôniodo de
cujus em favor dos herdeiros. 5.1 O formal e a certidão podem ser entendidos
como expressões sinônimas. Nos termos do parágrafo único do art. 655, o formal
de partilha pode ser substituído por certidão, quando o quinhão hereditário a ser
pago não exceder a cinco vezes o salário mínimo. 5.2 É importante registrar que,
em observância à regra de que a coisa julgada espraia seus efeitos às partes do
processo no qual foi proferida, a lei restringe o alcance de seu comando ao
inventariante, herdeiros e sucessores, afastando, portanto, sua incidência emrelação a terceiros. 5.3 Por outro lado, diverge a doutrina – e ao que parece
continuará divergindo, pois o NCPC não esclarece a questão – a respeito do
formal de partilha extraído de sentenças proferidas em outras ações que não as
de inventário, tais como ações de divórcio e dissolução de união estável. 7 Tais
formais podem, ou não, ser tidos como títulos executivos judiciais? A nosso ver,
sim. Não se desconhece que parte da doutrina responde negativamente a essa
questão, porém, segundo pensamos, a norma deve ser interpretada como o
formal de partilha extraído do processo judicial e não exclusivamente do
inventário. 5.4 Por fim, vale a lembrança de que, mercê da Lei 11.441/2007, o
inventário e a partilha podem, em determinadas situações e havendo consenso
entre os herdeiros, realizar­se extrajudicialmente, por meio de escritura pública.
Nessa hipótese, a escritura pública não será título executivo judicial, mas sim um
título executivo extrajudicial. Para ganhar eficácia de título executivo judicial, tal
escritura deverá submeter­se à homologação judicial nos termos do inciso III
anteriormente comentado.
6. O crédito de auxiliar da justiça, quando as custas, emolumentos ou
honorários tiverem sido aprovados por decisão judicial – inciso V . O NCPC
inova ao atribuir eficácia de título executivo judicial ao crédito do auxiliar da
justiça, quando aprovados por decisão judicial, porquanto o CPC/73 confere a tal
crédito status de título executivo extrajudicial. 6.1 A aprovação a que alude o
dispositivo deverá ser dada por meio de decisão judicial, pouco importando tratar­
se de decisão interlocutória ou de sentença. 6.2 A norma antiga referia­se ao
“serventuário da justiça”, que é servidor público, o que poderia causar alguma
dúvida quanto a sua abrangência. A utilização, pela norma atual, do termo
“auxiliar da justiça” tem a vantagem de deixar claro que o dispositivo engloba
também os valores devidos a particulares nomeados para desempenhar funções
auxiliares, como perícias, traduções etc. 6.3 Parece­nos acertada a postura
adotada pelo NCPC. Conquanto não relativa às partes do processo (autor e réu),
o crédito do auxiliar da justiça, uma vez aprovado por decisão judicial, deve ser
compreendido como título executivo judicial, possibilitando sua execução por
meio do procedimento de cumprimento de sentença e, bem assim, limitando o
conteúdo da impugnação a ser ofertada pelo executado.
7. A sentença penal condenatória transitada em julgado – inciso VI. O
NCPC manteve a redação anterior, palavra por palavra. A sentença penal
transitada em julgado é, e continuará sendo, título executivo judicial. 7.1 Para a
exata compreensão do dispositivo é necessário relembrar que a sentença penal
condenatória, além de impor determinada pena ao réu, tem o efeito de “tornar
certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime” (art. 91, I, do CP). 7.2
Assim, uma vez proferida sentença penal condenatória, não será necessário que
a vítima ajuíze processo de conhecimento para pleitear a reparação civil,
bastando­lhe promover a sua liquidação e executá­la. 7.3 Note­se que o sistema
não impõe que a vítima espere o trânsito em julgado da ação penal. Nada obsta
que ela proponha, desde logo e concomitantemente à ação penal, uma ação civil
indenizatória. Se assim o fizer e o pedido da ação civil for julgado improcedente,mesmo que posteriormente sobrevenha uma sentença penal condenatória, tal
sentença não lhe servirá como título executivo para fins de indenização, dada a
existência de coisa julgada anterior.
8. A sentença arbitral – inciso VII. Tal como no inciso anterior, o NCPC nada
trouxe de novo em relação à regra do CPC/73 (alterada pela Lei 11.232/2005)
que permaneceu inalterada. 8.1 Sem adentrar na discussão de se reconhecer, ou
não, a arbitragem como atividade jurisdicional, é fato que a lei processual
equiparou a sentença arbitral à judicial, atribuindo­lhe eficácia executiva. 8.2
Havendo resistência ao cumprimento da sentença arbitral, deve a parte
necessariamente, socorrer­se do Estado­Juiz, a quem compete a execução
forçada. 8.3 Nessa hipótese, não poderá o cumprimento de sentença arbitral
iniciar­se mediante simples requerimento nos autos, porquanto até então não
havia procedimento algum perante o Poder Judiciário. Assim, a sua execução
dependerá de ajuizamento de uma demanda executiva perante o Judiciário, com
a devida citação da parte contrária para integrar a lide, dando­se início a uma
nova relação processual. 8.4 Nesse contexto, a petição inicial da execução da
sentença arbitral deverá ser distribuída ao juízo cível competente (art. 515, § 1.o),
cabendo ao exequente instruí­la com o título executivo formado na arbitragem e,
após a citação do réu, dependendo da modalidade da obrigação inadimplida
(obrigação de pagar quantia, fazer, não fazer ou entrega de coisa), observar­se­á
o procedimento respectivo para o cumprimento da sentença.
9. A sentença estrangeira homologada pelo Superior Tribunal de Justiça
– inciso VIII. Também nesse dispositivo não houve novidades. Para que possa
ser cumprida no Brasil, a sentença estrangeira depende de homologação perante
o Superior Tribunal de Justiça (CF, art. 105, I, “i”, conforme redação dada pela EC
45/2004). 9.1 O procedimento para tal homologação deve respeitar o disposto
nos arts. 960 a 965 e, atualmente, é regulado também pela Resolução 9/2005 do
STJ. 9.2 O Brasil adotou o sistema de controle limitado (ou juízo de delibação) no
procedimento de homologação das sentenças estrangeiras, que independe de
reciprocidade e tem como principal parâmetro de análise os requisitos formais da
sentença, não havendo discussão acerca do direito material subjacente. 9.3 Após
a homologação, a sentença estrangeira passa a ser um título executivo judicial e
seu cumprimento se dará perante a Justiça Federal de Primeira Instância, por
meio de carta de sentença. 9.4 Por último, registramos que somente a sentença
estrangeira (emitida por autoridade judiciária de outro Estado de acordo com a lei
estrangeira ou ato que seria considerado sentença judicial à luz do direito
brasileiro) exige homologação do STJ; as sentenças internacionais (prolatadas
por tribunais internacionais ou Organizações Internacionais) não precisam ser
homologadas pelo STJ.
10. A decisão interlocutória estrangeira, após a concessão do exequatur
à carta rogatória pelo Superior Tribunal de Justiça – inciso IX. Também a
decisão interlocutória estrangeira, veiculada por Carta Rogatória, pode ser
executada no Brasil. Para tanto, será necessário o exequatur do STJ que nadamais é do que um juízo de delibação , no qual, como se viu no comentário do
inciso anterior, são analisadas, principalmente, as questões concernentes às
condições formais da Carta Rogatória. 10.1 De acordo com a classificação
doutrinária, as cartas rogatórias podem ser ativas ou passivas. As rogatórias
ativas são aquelas expedidas pela justiça brasileira para serem cumpridas em
país estrangeiro. Por sua vez, as rogatórias passivas são aquelas encaminhadas,
por via diplomática ou por meio de autoridade prevista em tratado, pela justiça
estrangeira para serem cumpridas no Brasil. 10.2 O exequatur nada mais é que
uma autorização e, ao mesmo tempo, uma ordem de cumprimento do pedido
rogatório no Brasil. Com esse expediente, o Superior Tribunal de Justiça
encaminha à Justiça Federal, que terá a incumbência de efetivá­lo. Este
procedimento, tal como o da homologação da sentença estrangeira, está contido
nos arts. 960 a 965e, bem assim, No RISTJ art. 216­A a 216­X.
11. Nos casos dos incisos VI a IX, o devedor será citado no juízo cível
para o cumprimento da sentença ou para a liquidação no prazo de quinze
dias – parágrafo primeiro. A norma esclarece o óbvio. Conquanto se trate de
cumprimento da sentença, que ordinariamente se faz como uma fase do
processo, intimando­se o devedor para cumprir a sentença, nas hipóteses de
sentença penal condenatória, sentença arbitral e sentença ou decisão
interlocutória estrangeira, há necessidade de se instaurar um novo processo,
porquanto, em tais situações, não há um processo civil preexistente. 11.1
Instaurando­se novo processo, o devedor (aquele que deve cumprir a sentença)
deverá ser citado. Merece o registro que a hipótese também se aplica ao inciso
III. Com efeito, tendo havido autocomposição extrajudicial, igualmente não havia
processo, daí a necessidade de se instaurar uma nova e específica ação, por
meio de um procedimento de jurisdição voluntária, visando a homologação da
autocomposição. Nesta ação, se todos os envolvidos na autocomposição não
figuram como litisconsortes originários, os faltantes deverão ser citados para
compor a demanda judicial.
12. A autocomposição judicial pode envolver sujeito estranho ao
processo e versar sobre relação jurídica que não tenha sido deduzida em
juízo – parágrafo segundo. O CPC já havia deixado expressa a possibilidade de
a autocomposição judicial versar sobre questão não posta em juízo, sepultando
alguma dúvida existente na doutrina a esse respeito. Fica, mais uma vez,
explicitado que a força executiva abrange toda a matéria objeto da
autocomposição, inclusive aquela que não havia sido objeto do processo original.
12.1 A novidade do dispositivo reside na inclusão do “sujeito estranho ao
processo”. Fica expresso, pois, a possibilidade de, por meio da autocomposição,
ampliar­se não só objetivamente o processo originário, como também se proceder
à ampliação subjetiva. 12.2 Mesmo sem menção expressa, a nosso ver, já se
permitia, sob a égide do CPC/73, que terceiros intervenientes fossem incluídos na
transação que recebe a homologação judicial. A regra estampada no dispositivo
legal tem a vantagem de por fim a qualquer discussão a respeito do assunto emerece aplausos, indo ao encontro de uma das mais evidentes preocupações do
NCPC: o estímulo à autocomposição.
Art. 784. São títulos executivos extrajudiciais:
I ­ a letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata, a debênture e o
cheque;
II ­ a escritura pública ou outro documento público assinado pelo devedor;
III ­ o documento particular assinado pelo devedor e por 2 (duas)
testemunhas;
IV ­ o instrumento de transação referendado pelo Ministério Público, pela
Defensoria Pública, pela Advocacia Pública, pelos advogados dos
transatores ou por conciliador ou mediador credenciado por tribunal;
V ­ o contrato garantido por hipoteca, penhor, anticrese ou outro direito
real de garantia e aquele garantido por caução;
VI ­ o contrato de seguro de vida em caso de morte;VII ­ o crédito decorrente de foro e laudêmio;
VIII ­ o crédito, documentalmente comprovado, decorrente de aluguel de
imóvel, bem como de encargos acessórios, tais como taxas e despesas de
condomínio;
IX ­ a certidão de dívida ativa da Fazenda Pública da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios, correspondente aos créditos inscritos na
forma da lei;
X ­ o crédito referente às contribuições ordinárias ou extraordinárias de
condomínio edilício, previstas na respectiva convenção ou aprovadas em
assembleia geral, desde que documentalmente comprovadas;
XI ­ a certidão expedida por serventia notarial ou de registro relativa a
valores de emolumentos e demais despesas devidas pelos atos por ela
praticados, fixados nas tabelas estabelecidas em lei;
XII ­ todos os demais títulos aos quais, por disposição expressa, a lei
atribuir força executiva.
§ 1o A propositura de qualquer ação relativa a débito constante de título
executivo não inibe o credor de promover­lhe a execução.
§ 2o Os títulos executivos extrajudiciais oriundos de país estrangeiro não
dependem de homologação para serem executados.
§ 3o O título estrangeiro só terá eficácia executiva quando satisfeitos os
requisitos de formação exigidos pela lei do lugar de sua celebração e quando
o Brasil for indicado como o lugar de cumprimento da obrigação.
* Correspondência legislativa: art. 585, I, II, III, IV, V, VII, VIII, §§ 1.o e 2.o do
CPC/73.
Outras ref. normativas: V. arts. 215, 221, 1.315 e 1.419 a 1.510, CC; arts. 49,
50, 51 e 56, Dec. 2.044/08 (Letra de câmbio e nota promissória); Dec. 57.595/66
(Convenções para adoção de uma Lei Uniforme em matéria de cheques); arts. 41
e 44, Dec.­lei 167/67 (Títulos de crédito rural); arts. 15 e 22, Lei 5.474/68
(Duplicatas); Dec.­lei 413/69 (Títulos de crédito industrial); arts. 52 a 74, Lei
6.404/76 (Sociedades por ações); art. 2.o, Lei 6.458/77 (Adapta ao Código de
Processo Civil a Lei 5.474/68); Lei 7.357/85 (Cheque); art. 57, parágrafo único,
Lei 9.099/95 (Juizados Especiais Cíveis e Criminais); arts. 1.o a 13 e 31, Lei
492/37 (Penhor rural e a cédula pignoratícia); Dec.­lei 5.384/43 (Beneficiários do
seguro de vida); Lei 4.591/64 (Condomínio em edificações e as incorporações
imobiliárias); arts. 201 a 204, CTN; arts. 2.o e 3.o, Lei 6.830/80 (Execução fiscal);
arts. 29, 32, § 2.o, 35, § 1.o, e 38, Dec.­lei 70/66 (Cédula hipotecária); art. 10, Lei
5.741/71 (Sistema Financeiro da Habitação); art. 107, I, Lei 6.404/76 (Sociedadespor ações); art. 211, Lei 8.069/90 (Estatuto da Criança e do Adolescente); art. 24,
Lei 8.906/94 (Estatuto da Advocacia e da OAB); arts. 49, § 1.o e 142, § 6.o, III, Lei
11.101/2005 (Lei de Re cuperação de Empresas e Falência); art. 13, Dec.­lei
4.657/42 (Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro); Súmulas 300 e 317,
STJ.
Sumário: 1. Títulos executivos extrajudiciais. 2. A letra de câmbio, a nota
promissória, a duplicata, a debênture e o cheque – inciso I. 3. A escritura pública
ou outro documento público assinado pelo devedor – inciso II. 4. O documento
particular assinado pelo devedor e por duas testemunhas – inciso III. 5. O
instrumento de transação referendado pelo Ministério Público, pela Defensoria
Pública, pela Advocacia Pública, pelos advogados dos transatores ou por
conciliador ou mediador credenciado pelo tribunal – inciso IV. 6. O contrato
garantido por hipoteca, penhor, anticrese ou outro direito real de garantia, e
aquele garantido por caução – inciso V. 7. O contrato de seguro de vida em caso
de morte – inciso VI. 8. O crédito decorrente de foro e laudêmio – inciso VII. 9. O
crédito, documentalmente comprovado, decorrente de aluguel de imóvel, bem
como de encargos acessórios, tais como taxas e despesas de condomínio –
inciso VIII. 10. A certidão de dívida ativa da Fazenda Pública da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, correspondente aos créditos
inscritos na forma da lei – inciso IX. 11. O crédito referente às contribuições
ordinárias ou extraordinárias de condomínio edilício, previstas em Convenção de
Condomínio ou aprovadas em Assembleia Geral, desde que documentalmente
comprovadas – inciso X. 12. A certidão expedida por serventia notarial ou de
registro, relativa a valores de emolumentos e demais despesas devidas pelos
atos por ela praticados, fixados nas tabelas estabelecidas em lei – inciso XI. 13.
Todos os demais títulos aos quais, por disposição expressa, a lei atribuir força
executiva – inciso XII. 14. A regra do parágrafo primeiro: preservação da
execução mesmo na pendência de ação para discutir o débito. 15. O título
executivo extrajudicial estrangeiro.
1. Títulos executivos extrajudiciais. O art. 784 é o repositório dos títulos
executivos extrajudiciais no NCPC. Como se sabe, o título extrajudicial
prescinde de prévia ação de conhecimento, ensejando diretamente ação de
execução. Conquanto a lei confira eficácia executiva a tais títulos
extrajudiciais, é certo que os mesmos não foram submetidos ao crivo prévio do
Judiciário, daí porque a lei lhes confereregime jurídico distinto dos títulos
executivos judiciais, especialmente no que respeita as matérias de defesa do
executado, mais amplas.
2. A letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata, a debênture e o
cheque – inciso I. Não houve qualquer modificação com relação ao CPC/73. O
inc. I arrola cinco determinados títulos de crédito (letra de câmbio, nota
promissória, duplicata, debênture e cheque). Não se pode esquecer de que
tais títulos de crédito são regulados pelo Código Civil e também por leis
específicas, as quais devem ser observadas. Assim, não basta que formalmentehaja uma letra de câmbio, uma nota promissória, uma duplicata, uma
debênture ou um cheque para que se abra a via executiva. É imperioso que tais
documentos cumpram os requisitos específicos ditados pelas leis de regência.
2.1 A letra de câmbio e a nota promissória estão reguladas pelo Dec. 2.044/08
com as alterações da “Lei Uniforme de Genebra”, internalizada no ordenamento
brasileiro por força do Dec. 57.663, de 24.01.1966. Quanto à letra de câmbio é
importante destacar que sua executividade está vinculada ao aceite do
sacado. 11 Com relação à Nota Promissória, embora tal título goze em princípio
de autonomia, sua executividade tem sido discutida quando emitida a título de
garantia de um contrato. Nesse sentido, estabelece a Súmula 258 do STJ que “a
nota promissória vinculada a contrato de abertura de crédito não goza de
autonomia em razão da iliquidez do título que a originou”. 2.2 A duplicata está
regulada pela Lei 5.474/68. Os arts. 15 a 18 desta lei – que tratam do “processo
para cobrança da duplicata” – foram modificados pela Lei 6.458/77. Sua
executividade está atrelada ao aceite do sacado ou, mesmo não havendo o
aceite, mediante comprovante da entrega da mercadoria ou do serviço e o
prévio protesto. 12 2.3 A debênture está disciplinada nos arts. 52 e ss. da Lei
6.404/76, que sofreram modificações com as Leis 10.303/2001 e 12.431/2011. A
debênture é um título de crédito emitido por sociedades por ações e consiste
em título representativo de fração de mútuo tomado pela companhia emitente.
Assim, o credor por debênture, quando não atendido no vencimento, seja do
título, seja da prestação de juros, poderá executar a sociedade inadimplente.
2.4 O cheque está disciplinado pela Lei 7.357/85 e pelo Dec. 57.595/66. Quando
a execução é promovida contra o emitente não é necessário o protesto. O
prazo prescricional para uso do cheque como título executivo extrajudicial é
de seis meses, contados a partir do prazo da apresentação do cheque para
pagamento 30 dias, quando emitido no lugar onde houver de ser pago e de 60
dias, quando emitido em outro lugar do País ou no exterior). Após tal prazo, o
cheque servirá como documento comprobatório do crédito, apto a embasar
uma ação monitória ou uma ação de conhecimento. 2.5 Merece registro
discussão envolvendo a prescrição e a problemática dos cheques “pré­
datados”. Nesse sentido, vale trazer trecho de recente Acórdão relatado pela
Min. Nancy Andrighi, REsp 1.068.513­DF: “(...) Ainda que a emissão de cheques
pós­datados seja prática costumeira, não encontra previsão legal. Admitir­se que
do acordo extracartular decorra a dilação do prazo prescricional, importaria na
alteração da natureza do cheque como ordem de pagamento à vista e na
infringência do art. 192 do CC, além de violação dos princípios da literalidade e
abstração. Precedentes. O termo inicial de contagem do prazo prescricional da
ação de execução do cheque pelo beneficiário é de 6 (seis) meses, prevalecendo,
para fins de contagem do prazo prescricional de cheque pós­datado, a data nele
regularmente consignada, ou seja, aquela oposta no espaço reservado para a
data de emissão”. 13
3. A escritura pública ou outro documento público assinado pelo
devedor – inciso II. O inc. II confere eficácia executiva à escritura pública e
outro instrumento público assinado pelo devedor. Os documentos públicos sãoaqueles elaborados por titulares de serviços de notas e de registro, como
notários, tabeliães, oficiais de registro etc., e seguem certas formalidades
legais exigidas para sua autenticidade e legalidade. Trata­se de ato solene,
dotado de fé pública e faz prova da obrigação nele estampada. Nesse sentido,
prevê o art. 405 do NCPC que: “O documento público faz prova não só da sua
formação, mas também dos fatos que o escrivão, o chefe de secretaria, o tabelião
ou o servidor declarar que ocorreram em sua presença.” É desnecessário, nesse
caso, qualquer outra formalidade, como assinatura de outras duas
testemunhas ou de advogados.
4. O documento particular assinado pelo devedor e por duas
testemunhas – inciso III. Tal como no CPC/73, o NCPC manteve a eficácia
executiva de documentos particulares, desde que assinado pelo devedor e
por duas testemunhas, não se exigindo reconhecimento de firma das
testemunhas. Tais testemunhas, consoante crescente jurisprudência, inclusive
no âmbito do STJ, têm sido consideradas como meramente instrumentárias, daí a
possibilidade de assinatura posterior das testemunhas não desnatura o título
executivo. Noutras palavras, o fato das testemunhas do documento particular
não estarem presentes ao ato de sua formação não retira a sua executoriedade,
uma vez que as assinaturas podem ser feitas em momento posterior ao ato de
criação do título executivo extrajudicial. 14 4.1 Nesse contexto, é impossível
não se fazer as seguintes indagações: por que se manter esse requisito – as
duas testemunhas – para conferir eficácia executiva a um documento particular?
A assinatura do devedor, isoladamente, não seria suficiente? Por que atribuir, nos
dias atuais, função meramente decorativa às testemunhas, notadamente se a
jurisprudência reconhece a possibilidade de tais testemunhas assinarem o
instrumento num momento ulterior à sua criação, apenas para embasar uma ação
executiva? Esta exigência, a nosso ver, é um formalismo exacerbado e
injustificável. Perdeu­se a oportunidade de revê­la.
5. O instrumento de transação referendado pelo Ministério Público, pela
Defensoria Pública, pela Advocacia Pública, pelos advogados dos
transatores ou por conciliador ou mediador credenciado pelo tribunal –
inciso IV. Também o instrumento de transação assinado pelo credor, pelo
devedor e referendado pelo Ministério Público, pela Defensoria Pública, pelos
advogados dos transatores ou ainda por conciliador ou mediador credenciados
pelo tribunal, são considerados títulos executivos. A possibilidade da presença
do conciliador ou do mediador são novidades do NCPC e está em consonância
com o espírito do NCPC em estimular a autocomposição. Não se exigem outras
formalidades, como a assinatura das testemunhas instrumentárias, exigência,
aliás, sem sentido em dias atuais, conforme já se demonstrou no comentário ao
item anterior. 5.1 Note­se que a hipótese não considera a necessidade de
homologação judicial, a qual, se ocorrer, terá o condão de convolar o
documento em título executivo judicial, a teor do inc. III do art. 515.
Considerando o consenso das partes na transação, basta a presença do
Ministério Público, dos advogados públicos ou privados ou ainda domediador ou do conciliador para que o acordo seja tido como título executivo
extrajudicial. Mesmo a presença de um único advogado, representando ambos
os transatores, já cumpre a exigência, não se exigindo um advogado para cada
parte transatora.
6. O contrato garantido por hipoteca, penhor, anticrese ou outro direito
real de garantia, e aquele garantido por caução – inciso V. Hipoteca, penhor,
anticrese são espécies de direitos reais de garantia e estão catalogados
exemplificativamente no dispositivo, daí a menção a “outro direito real de
garantia”. Assim, o contrato que espelhe obrigação garantida por algum direito
real de garantia ostenta executividade, a qual repousa no crédito relativo ao
contrato e não no contrato propriamente dito. 6.1 A hipoteca está prevista nos
arts. 1.473 a 1.505 do Código Civil e recai sobre bens imóveis, navios e
aeronaves. O penhor, por sua vez, recai sobre bens móveis (arts.1.431 a 1.472
do CC). A anticrese, de acordo com o art. 1.506 do CC, caracteriza­se pela
cessão de determinado bem imóvel pelo devedor para que os frutos e os
rendimentos dele possam quitar paulatinamente o valor do débito. 6.2 O
inciso também se refere ao contrato garantido por caução. A caução é garantia
de caráter acessório e pode ser real (oferecimento de um bem móvel ou imóvel)
ou fidejussória (fiança).
7. O contrato de seguro de vida em caso de morte – inciso VI. O NCPC
traz, em inciso próprio, o contrato de seguro em caso de morte como título
executivo extrajudicial e mantém a opção pela exclusão do contrato de seguro
de acidentes pessoais de que resulte morte ou incapacidade, realizada pela
Lei 11.382/2006. O Dec.­lei 73/66, por sua vez, prevê a via executiva para a
cobrança do prêmio em todo tipo de seguro, mas não para a indenização. A
questão desperta bastante polêmica na doutrina e na jurisprudência, 15 mas
parece que o legislador quis mesmo limitar a incidência do dispositivo ao seguro
de vida e não contemplar o seguro de acidentes pessoais. É certo que o
evento incapacidade não pode ser compreendido no dispositivo legal em foco,
diante da necessidade de comprovação da incapacidade e da sua extensão, o
que demanda a produção de prova. Mas e o evento morte? Seria título
executivo extrajudicial um contrato de seguro de acidentes pessoais de que
resulte morte? Com efeito, nas apólices de acidentes pessoais é imposto ao
segurado ou aos seus beneficiários não somente a prova do evento (morte),
mas também das circunstâncias em que o mesmo se deu, para que resulte
induvidoso que o acidente ocorrido enquadra­se no conceito estabelecido no
contrato e, além disso, que não decorreu de nenhum dos riscos excluídos. Tais
especificidades, ligadas ao seguro de acidentes pessoais, conquanto haja
opiniões contrárias, aparentemente são inconciliáveis com a via executiva. 16 De
qualquer forma, independentemente da discussão envolvendo a matéria, como já
dissemos, quer nos parecer que a opção do legislador é a de atribuir força
executiva ao contrato de seguro de vida e não ao de acidentes pessoais.8. O crédito decorrente de foro e laudêmio – inciso VII. O crédito
decorrente de foro e laudêmio é título executivo extrajudicial. Ambos – o foro
e o laudêmio – estão relacionados com a enfiteuse, contrato previsto no Código
Civil de 1916 e, mais recentemente, proibido à luz do art. 2.038 do Código Civil de
2002. Dessa forma, a disposição em comento só subsiste para aqueles
contratos celebrados anteriormente à vigência do Código Civil de 2002. 8.1 A
enfiteuse, conforme disposição do art. 678, do Código Civil de 1916, se dá
“quando por ato entre vivos, ou de última vontade, o proprietário atribui a outrem
o domínio útil do imóvel, pagando a pessoa, que o adquire, e assim se constitui
enfiteuta, ao senhorio direto uma pensão, ou foro, anual, certo e invariável”.
Trata­se de um direito real e deve estar registrada na matrícula do imóvel. 8.2
Foro significa o pagamento anual devido pelo enfiteuta ao proprietário pelo
uso do domínio útil do bem imóvel e laudêmio é a quantia a ser paga ao
proprietário quando houver transferência do domínio útil por venda ou dação
em pagamento.
9. O crédito, documentalmente comprovado, decorrente de aluguel de
imóvel, bem como de encargos acessórios, tais como taxas e despesas de
condomínio – inciso VIII. Esse dispositivo repete, ipsis litteris, a redação
anterior, dada pela Lei 11.382/2006. Perdeu o legislador a oportunidade de
pacificar uma discussão a respeito do crédito decorrente de aluguel. Com
efeito, discute­se se o termo “documentalmente comprovado” exige
necessariamente a apresentação de um contrato escrito (tal como era a dicção
do inc. IV do art. 585 do CPC/73 antes da Lei 11.382/2006). A nosso ver, a lei
não exige o contrato escrito, sendo certo que há outras formas de provar
documentalmente o crédito de aluguel, além do contrato de locação escrito. 17
9.1 Além do crédito de aluguel, o dispositivo também possibilita a via executiva,
desde que documentalmente comprovados, para os demais encargos
acessórios da locação e os exemplifica citando taxas e despesas de
condomínio. Importante destacar que esse dispositivo legal diz respeito às
despesas condominiais devidas em razão da relação derivada da locação e
não aquela havida entre condomínio e condômino, esta última objeto de
tratamento no inc. X deste mesmo artigo.
10. A certidão de dívida ativa da Fazenda Pública da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios, correspondente aos créditos inscritos
na forma da lei – inciso IX. Nos termos deste inciso é título executivo
extrajudicial a certidão da dívida ativa das pessoas de direito público, com
ou sem natureza tributária. A certidão de dívida ativa goza dos requisitos de
presunção relativa de certeza, liquidez e exigibilidade, por força de lei (art.
204 do CTN e art. 3.o da Lei 6.830/80). Tem­se que a inscrição em dívida ativa é
qualificada como ato de controle de legalidade e deve observar os procedimentos
previstos na Lei 6.830/80. Tal título serve para embasar a execução fiscal, cujo
procedimento especial, por assim dizer, está disciplinado pela Lei 6.830/80,
apresentando uma série de peculiaridades em relação à execução comum.11. O crédito referente às contribuições ordinárias ou extraordinárias de
condomínio edilício, previstas em Convenção de Condomínio ou aprovadas
em Assembleia Geral, desde que documentalmente comprovadas – inciso X.
O NCPC inclui expressamente no rol dos títulos executivos o documento que
comprova o crédito referente às contribuições ordinárias ou extraordinárias
de condomínio edilício, previstas em Convenção de Condomínio ou aprovadas
em Assembleia Geral e, com isso, sepultou antiga discussão havida na doutrina e
na jurisprudência. A discussão, sob a égide do CPC/73, reside na inclusão, ou
não, de tal crédito no dispositivo que trata da despesa condominial na relação
de locação (antigo inc. IV do art. 585 do CPC/73), que tinha redação idêntica ao
atual inc. VIII deste art. 784. 18 A dúvida não tem mais razão de existir. As
despesas condominiais cobradas do condômino pelo Condomínio, desde que
documentalmente comprovadas e aprovadas por Convenção ou Assembleia,
têm, agora expressamente, força executiva pelo NCPC. Esta norma reforça a
disposição contida no art. 12, § 2.o, da Lei 4.591/64 – não revogado pelo Código
Civil de 2002 nem pelo NCPC – o qual, ao tratar das despesas condominiais,
prevê que “cabe ao síndico arrecadar as contribuições competindo­lhe promover,
por via executiva, a cobrança judicial das quotas atrasadas”.
12. A certidão expedida por serventia notarial ou de registro, relativa a
valores de emolumentos e demais despesas devidas pelos atos por ela
praticados, fixados nas tabelas estabelecidas em lei – inciso XI. O NCPC
inova ao atribuir força executiva à certidão expedida por serventia notarial ou de
registro, relativa aos emolumentos e despesas, de acordo com as tabelas de
preço de tais serviços. Existem, no Brasil, cinco tipos de Cartórios: (i) Tabelionato
de Notas; (ii) Tabelionato de Protesto de Títulos; (iii) Registro Civil das Pessoas
Naturais e de Interdições e Tutelas; (iv) Registro de Títulos e Documentos e Civil
das Pessoas Jurídicas; e (v) Registro de Imóveis. Todos eles prestam uma série
de serviços, destinados à formalização e conservação de diversos atos e
negócios jurídicos, como por exemplo: os registros de nascimento, casamento
e óbito; a lavratura de escrituras, procurações, testamentos, divórcios e
inventários; as autenticações de cópias e reconhecimento de firmas; os
registros de imóveis; as notificações e registro de documentos e de pessoas
jurídicas; os protestos de títulos e documentos de dívida, dentre outros. Alguns
desses serviços são gratuitos e outros são cobrados, cujos preços são
promulgados por lei. Tais valores, portanto, poderão ser objeto de certidão que
tem, para os fins legais, força executiva.
13. Todos os demais títulos aos quais, por disposição expressa, a lei
atribuir força executiva– inciso XII. A enumeração dos títulos executivos
extrajudiciais contida no NCPC não esgota a matéria. Isso porque, haverá de
ser título executivo extrajudicial, qualquer outro documento que a lei,
expressamente, atribua força executiva. É o caso, por exemplo, da cédula de
crédito rural (art. 41 do Dec.­lei 167/67), cédula de crédito industrial (art. 10 do
Dec.­lei 413/69), cédula de crédito bancário (art. 28 da Lei 10.931/2004),
contrato de honorários advocatícios (art. 24 da Lei 8.906/94), entre tantosoutros. O rol é extenso. Há várias leis especiais que criam títulos executivos
extrajudiciais.
14. A regra do parágrafo primeiro: preservação da execução mesmo na
pendência de ação para discutir o débito. Além do rol de títulos executivos,
prevê o § 1.o do art. 784 que “a propositura de qualquer ação relativa ao débito
constante do título executivo não inibe o credor de promover­lhe a execução”.
Como é cediço, o executado tem à sua disposição, além dos embargos (forma
típica de oposição à execução) a possibilidade de discutir a obrigação espelhada
no título executivo por meio de ação própria. É o que se denomina na doutrina por
“defesa heterotópica” na execução. 19 14.1 Mesmo tendo o executado optado
por não opor embargos ou mesmo tendo perdido o prazo para tanto, resta­lhe a
via da ação autônoma. Ainda diante da oposição dos embargos pelo executado,
ainda assim, afigura­se possível o ajuizamento de ação autônoma, desde que
não se configure litispendência. 14.2 Como se vê, não há dúvida quanto à
possibilidade do executado se valer de ação autônoma para discutir a obrigação
do título executivo. Diante da existência desta ação, a dúvida reside na
possibilidade de se suspender a execução (caso esta já tenha sido proposta)
ou na vedação do credor promover a execução (caso a ação autônoma seja
antecedente). 14.3 Há, no mais das vezes, conexão por prejudicialidade entre a
ação autônoma e a execução, porém tal fato, por si só, não justifica a
impossibilidade de execução ou no seu prosseguimento. 14.4 Negar a
possibilidade de o exequente promover a execução é de todo injustificável e
esbarra na literalidade do dispositivo legal ora comentado. Por outro lado, a
suspensão da ação de execução só se justifica mediante propositura dos
embargos à execução e preenchimento dos requisitos previstos no § 1.o do art.
919, ou seja, se presentes os requisitos para a concessão da tutela provisória, e
desde que a execução já esteja garantida por penhora, depósito ou caução
suficientes. Filiamo­nos à parte da doutrina que admite que, em casos
excepcionais, mesmo diante da ausência de embargos, possa se conseguir
suspender a execução por meio de ação autônoma, mas nesta hipótese, deve
haver o preenchimento dos mesmos requisitos exigidos nos embargos para
tanto, ou seja, a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao
resultado útil do processo e, ainda, a prévia garantia da execução.
15. O título executivo extrajudicial estrangeiro. Os parágrafos 2.o e 3.o
tratam dos títulos extrajudiciais oriundos de países estrangeiros. Sua força
executiva no território brasileiro independe de prévia homologação pelo STJ,
dispensando­se o prévio exequatur. Porém, para sua execução, exige­se que o
título satisfaça os requisitos exigidos pela lei do lugar de sua celebração e que
indique o Brasil como lugar do cumprimento da obrigação. Por fim, conquanto a
lei não traga de forma expressa tal requisito, impõe­se a tradução juramentada
do título quando não estiver no vernáculo.

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