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Resumo Doutrina Marcus Vinicius Rios Gonçalves, 9° Edição 2018. Da execução em geral : Desde a edição da lei nº 11.232 de 2005, estabeleceu-se uma distinção fundamental entre dois tipos de execução: a fundada em título judicial, denominada cumprimento de sentença, que constitui, em regra, apenas uma fase subsequente ao processo de conhecimento, na qual tenha sido proferida sentença que reconheça a exigibilidade de uma obrigação; e a fundada em título executivo extrajudicial que, estas sim, implica a formação de um novo processo. A execução civil faz-se, assim, em nosso ordenamento jurídico,por duas maneiras: como uma fase subsequente ao processo de conhecimento, na qual tenha sido proferida sentença que reconhece a exigibilidade de obrigação, não cumprida voluntariamente; ou como processo autônomo, quando fundada em título executivo extrajudicial. Salvo quando fundado em sentença arbitral, penal condenatória ou estrangeira, o cumprimento de sentença sempre será precedido de um processo civil de conhecimento. O processo de conhecimento pode ser condenatório, constitutivo ou declaratório. Estes dois últimos,em regra, não dão ensejo a execução civil, porquanto a sentença cúmplice automaticamente, sem nenhuma providência do réu.Só a sentença condenatória, em regra, da ensejo a execução. Atualmente alguns lugares já se falam em execução em processo de conhecimento de origem declaratória! (Fala professor). Dentro da Decisão Judicial Cívil, a homologatoria de autocomposição tem natureza de Título Judicial extrajudicial ( aula em sala ) É título executivo Judicial a sentença estrangeira (homologada pelo STJ) (aula sala) Decisão Interlocutória---- Estrangeira ----- Com concessão de Exequatur a carta rogatória pelo Stj (aula sala) Antes da lei nº 11.232 de 2005, o processo de conhecimento, de cunho condenatório e o de execução que ele seguia eram considerados dois processos distintos, com funções diferentes. Isso exigia que o devedor fosse citado para o processo de conhecimento e depois, para o de execução. Após a lei, os dois processos passaram a constituir duas fases distintas de um processo único. O anterior processo de conhecimento tornou-se fase cognitiva, e o antigo processo de execução por título judicial tornou-se fase que o legislador denominou de" cumprimento de sentença". Com isso, basta que o devedor seja citado uma única vez, na fase inicial do processo. Apenas o que antes se denominava processo de execução passou a chamar-se fase, tornando despicienda nova citação.E sse processo único, que passou a conter duas fases, foi apelidado de "sincrético", por ter fases distintas, com finalidades diferentes. Quando se tratar de cumprimento de sentença arbitral,penal condenatória ou estrangeira, conquanto fundado em título judicial, continuará constituído um novo processo, porque não há nenhum outro processo judicial civil anterior.No entanto, ainda que assim seja, as regras aplicáveis são as do cumprimento de sentença pois o título é judicial. Ter-se-á ,é verdade, um novo processo, no qual o executado será citado. Mas, a partir daí, serão aplicadas as novas regras do livro II da parte especial do CPC, mas as do cumprimento de sentença. Já execução de título extrajudicial constitui um processo autônomo, não precedido de nenhum anterior. Pode-se dizer que: 💓• Tem natureza de processo autônomos as execuções fundadas em título extrajudicial e os cumprimentos de sentença arbitral, penal condenatória ou estrangeira. 💖•Não tem natureza de processo autônomo as execuções fundadas em título judicial, com as exceções supramencionadas. Portanto há duas formas de execução civil: o cumprimento de sentença( que não forma novo processo, salvo nos casos de sentença arbitral, penal condenatória ou estrangeira) e a execução por título extrajudicial, que sempre resultará na formação de um novo processo. O cumprimento de sentença é tratado no livro I da parte especia, l a partir do artigo 513 do CPC. O que é Execução? A função do poder judiciário é solucionar os conflitos de interesses. Há alguns que, levados em juízo, se resolvem pelo simples pronunciamento judicial, sem necessidade, para a satisfação do titular do direito, de algum tipo de comportamento do obrigado. Mas há casos em que ela depende de um comportamento, de uma ação ou omissão do réu. O titular da obrigação só se satisfará se o réu cumprir uma prestação, de fazer, não fazer, entregar coisa ou pagar. Para que o estado-juiz possa desencadear a sanção executiva, fazendo uso dos mecanismos previstos em lei para a satisfação da obrigação, é preciso que esta esteja dotada de um grau suficiente de certeza. Afinal isso implicará que o estado tome medidas que podem ser drásticas contra o devedor, invadindo, se necessário, o seu patrimônio para alcançar o resultado almejado. Esse grau de certeza é dado pelo título executivo. A lei considera como tais alguns documentos extrajudiciais, produzidos sem a intervenção do judiciário, mas aos quais se reconhece esse grau suficiente de certeza. Esses documentos permitiram a instauração do processo de conhecimento. Na ausência deles, O titular da obrigação deve ingressar em juízo com um processo de conhecimento para que o judiciário reconheça a ele o direito de fazer cumprir a obrigação. Se eu fizer e o devedor não a satisfazer espontaneamente, terá início a fase de cumprimento da sentença "ou fase de execução". O que distingue, portanto, o processo (ou fase) de conhecimento do processo (ou fase) de execução é, antes de tudo, a finalidade de um e de outro.No primeiro, o que se busca é uma sentença, em que o juiz diga o direito, decidindo se a pretensão do autor deve ser acolhida em face do réu ou não. No segundo, a finalidade é que o juiz tome providências concretas, materiais, que tenham por objetivo a satisfação do titular do direito, consubstanciando em um título executivo. No primeiro, o juiz resolve a dúvida, a incerteza, a respeito da pretensão do autor; no segundo, ele toma as providências necessárias para a satisfação do credor, diante do inadimplemento do devedor. 1 ) Competência para a Execução Civil Há, sobre o tema, dois artigos fundamentais do CPC, o ART 516 ( trata da competência para o cumprimento de sentença), e o ART 781 ( trata do processo de execução, fundada em título extrajudicial). 1.1 Competência para processar o cumprimento de sentença As regras fundamentais de competência para o cumprimento de sentença estão dadas no artigo 516: I- se processará nos tribunais, nas causas de sua competência originária; II- no juízo que decidiu a causa no primeiro grau de jurisdição; III- no juízo civil competente, quando se tratar de sentença penal condenatória, de sentença arbitral ou de sentença estrangeira. Art. 516. O cumprimento da sentença efetuar-se-á perante: I - os tribunais, nas causas de sua competência originária; II - o juízo que decidiu a causa no primeiro grau de jurisdição; III - o juízo cível competente, quando se tratar de sentença penal condenatória, de sentença arbitral, de sentença estrangeira ou de acórdão proferido pelo Tribunal Marítimo. Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II e III, o exequente poderá optar pelo juízo do atual domicílio do executado, pelo juízo do local onde se encontrem os bens sujeitos à execução ou pelo juízo do local onde deva ser executada a obrigação de fazer ou de não fazer, casos em que a remessa dos autos do processo será solicitada ao juízo de origem. As duas primeiras hipóteses são de competência funcional, pois a execução civil está sempre atrelada a um processo de conhecimento que antecedeu. Sendo absoluta, não pode ser modificada pelas partes, nem modificada por foro de eleição. No entanto, na hipótese do inciso II, a competência sofrem importante flexibilização. O parágrafo único do artigo 516 dispõe que: "nas hipóteses dos incisos II e III, o exequente poderá optar pelo juízo do atual domicílio do executado, pelo juízo do local onde se encontram bens sujeitos à execução, ou pelo juízo onde devaser executada a obrigação de fazer ou de não fazer, casos em que a remessa dos autos do processo será solicitada ao juízo de origem". Tudo para tornar mais rápido o cumprimento da sentença, evitando, por exemplo, a expedição de precatórios e a prática de atos e diligências em outras comarcas. Teria essa Norma transformado a competência, na hipótese do inciso II, em relativa? Em caso afirmativo, as partes poderiam escolher qualquer foro para o processamento da ação. Aqui não. A Ação só pode correr em um dos juízos concorrentes previamente estabelecidos por lei, escolhidos não por contrato ou eleição, mas por opção do credor. Se for proposta em outro juízo, que não deles, ele, de ofício, dar-se-á por incompetente. O credor que optar por um dos juízos concorrentes deverá requerer o cumprimento da sentença no juízo escolhido, que solicitará ao de origem à remessa dos autos. O juízo escolhido receberá a petição desacompanhado dos autos do processo, cumprido-lhe verificar se é mesmo competente para o cumprimento da sentença. Em caso afirmativo, fará a solicitação ao juízo de origem, que os remeterá ao final, os autos serão arquivados no juízo onde ocorreu a execução. Se o juízo onde ocorreu o processo de conhecimento não quiser remeter os autos e, por entender que o solicitante não é competente, deverá suscitar conflito positivo de competência. Para as execuções de alimentos provenientes de direito de família (não de ato ilícito), além dos foros concorrentes já mencionados, o credor poderá optar pelo foro de seu próprio domicílio, ainda que a sentença tenha sido proferida em outro foro. É o que dispõe o artigo 528, parágrafo nono, do CPC. Art. 528. No cumprimento de sentença que condene ao pagamento de prestação alimentícia ou de decisão interlocutória que fixe alimentos, o juiz, a requerimento do exequente, mandará intimar o executado pessoalmente para, em 3 (três) dias, pagar o débito, provar que o fez ou justificar a impossibilidade de efetuá-lo. § 9º Além das opções previstas no art. 516, parágrafo único, o exequente pode promover o cumprimento da sentença ou decisão que condena ao pagamento de prestação alimentícia no juízo de seu domicílio. Na hipótese do inciso III, do artigo 516, a competência não é funcional porque não há nenhum prévio processo de conhecimento. No caso de sentença penal condenatória, cumprirá verificar qual é o juízo competente, de acordo com as regras gerais de competência dos artigos 46 e ss do CPC. A competência ser absoluta ou relativa, conforme a regra aplicável ao caso concreto. Na execução de sentença arbitral, a competência será a do foro em que se realizou a arbitragem. Se o título for sentença estrangeira, homologada pelo STJ, a execução será processada perante a justiça federal de primeira instância, na forma do artigo 109,X,da CF. Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: X - os crimes de ingresso ou permanência irregular de estrangeiro, a execução de carta rogatória, após o "exequatur", e de sentença estrangeira, após a homologação, as causas referentes à nacionalidade, inclusive a respectiva opção, e à naturalização; A seção judiciária competente será apurada de acordo com as normas de competência da CF e do CPC. 1.2 Competência para a execução de título extrajudicial A competência para o processo de execução de título extrajudicial é relativa e deve ser apurada de acordo com as regras gerais, estabelecidas no artigo 781 do CPC. Art. 781. A execução fundada em título extrajudicial será processada perante o juízo competente, observando-se o seguinte: I - a execução poderá ser proposta no foro de domicílio do executado, de eleição constante do título ou, ainda, de situação dos bens a ela sujeitos; II - tendo mais de um domicílio, o executado poderá ser demandado no foro de qualquer deles; III - sendo incerto ou desconhecido o domicílio do executado, a execução poderá ser proposta no lugar onde for encontrado ou no foro de domicílio do exequente; IV - havendo mais de um devedor, com diferentes domicílios, a execução será proposta no foro de qualquer deles, à escolha do exequente; V - a execução poderá ser proposta no foro do lugar em que se praticou o ato ou em que ocorreu o fato que deu origem ao título, mesmo que nele não mais resida o executado. É preciso verificar: 1) se há foro de eleição, pois, tratando-se de competência relativa, as partes podem fixar, o que deverá constar do título. É possível, por exemplo, que, em contrato de locação- título extrajudicial - conste o foro escolhido pelas partes para cobrança ou execução dos aluguéis. 2) se não houver eleição, deverá prevalecer a regra geral de competência do foro do domicílio do executado ou de situação dos bens sujeitos à execução. Essas regras valem também para execução hipotecária, que não tem natureza real mas pessoal: o que se executa é a dívida, ainda que venha garantida por um direito real. Nas execuções fiscais, a competência dada pelo artigo 46 parágrafo 5º do CPC. Art. 515. São títulos executivos judiciais, cujo cumprimento darseá de acordo com os artigos previstos neste Título: I as decisões proferidas no processo civil que reconheçam a exigibilidade de obrigação de pagar quantia, de fazer, de não fazer ou de entregar coisa; II a decisão homologatória de autocomposição judicial; III a decisão homologatória de autocomposição extrajudicial de qualquer natureza; IV o formal e a certidão de partilha, exclusivamente em relação ao inventariante, aos herdeiros e aos sucessores a título singular ou universal; V o crédito de auxiliar da justiça, quando as custas, emolumentos ou honorários tiverem sido aprovados por decisão judicial; VI a sentença penal condenatória transitada em julgado; VII a sentença arbitral; VIII a sentença estrangeira homologada pelo Superior Tribunal de Justiça; IX a decisão interlocutória estrangeira, após a concessão do exequatur à carta rogatória pelo Superior Tribunal de Justiça; X (Vetado.) § 1o Nos casos dos incisos VI a IX, o devedor será citado no juízo cível para o cumprimento da sentença ou para a liquidação no prazo de 15 (quinze) dias. § 2o A autocomposição judicial pode envolver sujeito estranho ao processo e versar sobre relação jurídica que não tenha sido deduzida em juízo. * Correspondência legislativa: arts. 475N, I, III, V, VII, 585, II, IV, VI e parágrafo único do CPC/73. Outras ref. normativas: V. art. 57, caput, Lei 9.099/95 (Juizados Especiais Cíveis e Criminais); Res. 125/2010, CNJ.Sumário: 1. Título executivo judicial; 2. Decisões proferidas no processo civil que reconheçam a exigibilidade de obrigação de pagar quantia, de fazer, de não fazer ou de entregar coisa – inciso I; 3. Inciso II: a decisão homologatória de autocomposição judicial – inciso II; 4. A decisão homologatória de autocomposição extrajudicial de qualquer natureza – inciso III; 5. O formal e a certidão de partilha, exclusivamente em relação ao inventariante, aos herdeiros e aos sucessores a título singular ou universal – inciso IV; 6. O crédito de auxiliar da justiça, quando as custas, emolumentos ou honorários tiverem sido aprovados por decisão judicial – inciso V; 7. A sentença penal condenatória transitada em julgado – inciso VI; 8. A sentença arbitral – inciso VII; 9. A sentença estrangeira homologada pelo Superior Tribunal de Justiça – inciso VIII; 10. A decisão interlocutória estrangeira, após a concessão do exequatur à carta rogatória pelo Superior Tribunal de Justiça – inciso IX; 11. Nos casos dos incisos VI a IX, o devedor será citado no juízo cível para o cumprimento da sentença ou para a liquidação no prazo de quinze dias – parágrafo primeiro; 12. A autocomposição judicial pode envolver sujeito estranho ao processo e versar sobre relação jurídica que não tenha sido deduzida em juízo – parágrafo segundo. 1. Título executivo judicial. O art. 515 traz o rol de títulos executivos judiciais. O NCPC manteve a dicotomia ressuscitada pela Lei 11.282/2005 entre a execução de título judicial e a execução de título extrajudicial.Ganha relevo, portanto, identificar o título executivo, pois a partir desta diferenciação (judicial ou extrajudicial) haverá um procedimento parcialmente diverso para a execução e, bem assim, para a forma e para o conteúdo da oposição a ser manejada pelo executado. 1.1 Passese, a seguir, a comentar um a um os títulos judiciais arrolados no dispositivo legal. 2. Decisões proferidas no processo civil que reconheçam a exigibilidade de obrigação de pagar quantia, de fazer, de não fazer ou de entregar coisa – Inciso I. Este inciso apresenta uma boa novidade em relação à redação do CPC/73 (com redação dada pela Lei 11.282/2005). Com efeito, pela redação anterior, diziase título executivo “a sentença proferida no processo civil que reconheça a existência de obrigação de fazer, não fazer, entregar coisa ou pagar quantia”. A redação atual, a nosso ver, difere substancialmente daquela. 2.1 Registrase, de início, que o dispositivo é mais amplo, reconhecendo que além das sentenças, (todas) as decisões proferidas no processo civil que reconheçam a existência de obrigação de fazer, não fazer, entregar coisa ou pagar quantia – tenham elas natureza de sentença ou de decisão interlocutória – são títulos executivos. 2.2 Reconhecese, portanto, de forma expressa, que as decisões relativas às tutelas de urgência ou de evidência são títulos executivos. Com isso, põese fim à discussão, de parte da doutrina, a respeito da relativização do princípio da nulla executio sine título. Com efeito, para parte da doutrina, a efetivação da tutela antecipada demanda o reconhecimento de outro princípio, qual seja, o da execução sem título permitida. 2 2.3 Diante da nova redação, tal discussão, queremos crer, está sepultada. Não há exceção ou relativização ao princípio da nulla executio sine título, porquanto a decisão que antecipa a tutelapassa a ser, indene de dúvidas, título executivo. 2.4 Mas não é só esse aspecto que merece ser considerado. A antiga redação referiase à sentença que reconheça a existência de obrigação de fazer, não fazer, entregar coisa ou pagar quantia. Por sua vez, a novel disposição exige que a decisão reconheça a exigibilidade de obrigação de pagar quantia, de fazer, de não fazer ou de entregar coisa. Há diferença de fundo ou apenas cosmética entre tais disposições? É o que passaremos a abordar. 2.5 É sabido que o plano da existência e o da exigibilidade não se confundem. Por força da teoria das obrigações, três são os planos que devem ser examinados pelo intérprete nos negócios jurídicos: existência, validade e eficácia. O conceito de exigibilidade, segundo boa parte da doutrina civilista, está contido no plano da eficácia. 2.6 No plano da existência devem ser observados os elementos essenciais do negócio jurídico, a saber: (i) declaração de vontade; (ii) objeto; e (iii) forma. Sem tais elementos o negócio jurídico nem mesmo chegará a existir. 2.7 Por sua vez, ao se analisar a exigibilidade da obrigação partese das premissas de que o negócio é existente e válido, indagandose se está, ou não, apto à produção de efeitos jurídicos (eficácia). 2.8 Esclarecidos os conceitos de existência e exigibilidade da obrigação, a questão que se coloca é a seguinte: a distinção no plano do direito material tem repercussão no plano processual? 2.9 No plano processual, é certo que a existência e a exigibilidade da obrigação estão ligadas ao título executivo que, como se sabe, deve espelhar uma obrigação certa, líquida e exigível. 2.10 A grande questão que se colocou a partir da redação anterior – que mencionava a sentença que reconhecia a existência da obrigação – foi a respeito da possibilidade de se reconhecer uma sentença declaratória como título executivo. 3 2.11 Segundo pensamos, as sentenças declaratórias (inclusive as de improcedência) são executáveis quando explicitarem todos os elementos de uma prestação exigível. 4 A nosso ver, não faz sentido impor nova fase de cognição para explicitar um comando condenatório a uma sentença que já contém todos os elementos identificadores da obrigação. 2.12 Nesse sentido, a redação dada pelo NCPC deixa, a nosso ver, mais clara a possibilidade de se ver na sentença declaratória um título executivo, desde que reconheça uma obrigação (de pagar quantia, de fazer, de não fazer, de entrega de coisa) certa, líquida e exigível. 3. A decisão homologatória de autocomposição judicial – inciso II. O NCPC preocupouse em estimular, por várias formas, a autocomposição, inclusive por meio da atuação de conciliadores e mediadores judiciais. 3.1 Alcançado o intento do legislador, é de se esperar que haja um aumento das autocomposições e, consequentemente, das respectivas sentenças homologatórias. 3.2 A autocomposição equivale à solução do litígio por impulso dos próprios litigantes. A doutrina diverge um pouco a respeito da abrangência do termo. Para alguns, pode se dar por transação, conciliação, renúncia, reconhecimento em favor da parte ex adversa ou mesmo por meio de desistência. Para outros importa tão somente a transação ou a conciliação. 3.3 O NCPC conferiu o caráter de sentença de mérito à decisão que homologa o reconhecimento da procedência do pedido, a transação e a renúncia (art. 487, III, “a”, “b” e “c”) e de sentença sem resolução de mérito quando o juiz homologa adesistência da ação (art. 485, VIII). Bem se vê, portanto, que tirando a hipótese de desistência – para aqueles que a incluem no conceito de autocomposição – as outras hipóteses estão abarcadas na sentença com resolução de mérito. 3.4 Tratase, contudo, de sentença atípica, nos dizeres de Teresa Arruda Alvim Wambier, 5 na medida em que o órgão judicial quando homologa o instrumento de transação, limitase apenas a conferir ao ato das partes a eficácia e a autoridade de uma sentença de mérito, sem propriamente exercer cognição a respeito do seu conteúdo. É um ato complexo, composto, de um lado, pela sentença homologatória, com caráter formal e de continente e, de outro, pelo conteúdo, representado pelo ato negocial firmado pelas partes. 6 3.5 É interessante observar que, tal como era permitido sob a sistemática do Código anterior, o NCPC mantém a possibilidade de que haja autocomposição judicial de matéria não posta em Juízo e envolvendo sujeito até então estranho à lide (§ 2.o desse mesmo artigo). 4. A decisão homologatória de autocomposição extrajudicial de qualquer natureza – inciso III. A decisão que homologa a autocomposição extrajudicial de qualquer natureza também é título executivo judicial. A hipótese é diversa daquela prevista no inciso anterior, que pressupõe a existência de uma ação judicial. 4.1 A situação não configura propriamente uma novidade, porquanto o CPC/73 já conferia a qualidade de título executivo judicial ao acordo extrajudicial homologado judicialmente (antigo art. 475V). 4.2 A ratio da norma permanece a mesma: estimular a solução amigável dos conflitos e contribuir com uma tutela jurisdicional mais célere e efetiva. 4.3 Vale a menção que o NCPC positivou o que a jurisprudência e a doutrina já pregam sob a égide do código em vigor, esclarecendo que o procedimento a ser observado para a obtenção desta decisão homologatória é aquele reservado aos “procedimentos de jurisdição voluntária” (art. 725, inciso VIII). 4.4 Por fim, é importante observar que eventual nulidade da decisão que homologou a autocomposição não tem o efeito de necessariamente macular o negócio de fundo, objeto da autocomposição. A hipótese teria o condão de retirarlhe a eficácia de título executivo judicial, mas não invalidar ou nulificar a autocomposição que, cumpridas as formalidades dos incisos II e IV do art. 784, continuará sendo título executivo, porém extrajudicial. 5. O formal e a certidão de partilha, exclusivamente em relação ao inventariante, aos herdeiros e aos sucessores a título singular ou universal – inciso IV. O NCPC repete o comando do CPC/73, ao catalogar como título executivo judicial o formal ou a certidão de partilha que, em verdade, nada mais são do que documentos representativos da transmissão de patrimôniodo de cujus em favor dos herdeiros. 5.1 O formal e a certidão podem ser entendidos como expressões sinônimas. Nos termos do parágrafo único do art. 655, o formal de partilha pode ser substituído por certidão, quando o quinhão hereditário a ser pago não exceder a cinco vezes o salário mínimo. 5.2 É importante registrar que, em observância à regra de que a coisa julgada espraia seus efeitos às partes do processo no qual foi proferida, a lei restringe o alcance de seu comando ao inventariante, herdeiros e sucessores, afastando, portanto, sua incidência emrelação a terceiros. 5.3 Por outro lado, diverge a doutrina – e ao que parece continuará divergindo, pois o NCPC não esclarece a questão – a respeito do formal de partilha extraído de sentenças proferidas em outras ações que não as de inventário, tais como ações de divórcio e dissolução de união estável. 7 Tais formais podem, ou não, ser tidos como títulos executivos judiciais? A nosso ver, sim. Não se desconhece que parte da doutrina responde negativamente a essa questão, porém, segundo pensamos, a norma deve ser interpretada como o formal de partilha extraído do processo judicial e não exclusivamente do inventário. 5.4 Por fim, vale a lembrança de que, mercê da Lei 11.441/2007, o inventário e a partilha podem, em determinadas situações e havendo consenso entre os herdeiros, realizarse extrajudicialmente, por meio de escritura pública. Nessa hipótese, a escritura pública não será título executivo judicial, mas sim um título executivo extrajudicial. Para ganhar eficácia de título executivo judicial, tal escritura deverá submeterse à homologação judicial nos termos do inciso III anteriormente comentado. 6. O crédito de auxiliar da justiça, quando as custas, emolumentos ou honorários tiverem sido aprovados por decisão judicial – inciso V . O NCPC inova ao atribuir eficácia de título executivo judicial ao crédito do auxiliar da justiça, quando aprovados por decisão judicial, porquanto o CPC/73 confere a tal crédito status de título executivo extrajudicial. 6.1 A aprovação a que alude o dispositivo deverá ser dada por meio de decisão judicial, pouco importando tratar se de decisão interlocutória ou de sentença. 6.2 A norma antiga referiase ao “serventuário da justiça”, que é servidor público, o que poderia causar alguma dúvida quanto a sua abrangência. A utilização, pela norma atual, do termo “auxiliar da justiça” tem a vantagem de deixar claro que o dispositivo engloba também os valores devidos a particulares nomeados para desempenhar funções auxiliares, como perícias, traduções etc. 6.3 Parecenos acertada a postura adotada pelo NCPC. Conquanto não relativa às partes do processo (autor e réu), o crédito do auxiliar da justiça, uma vez aprovado por decisão judicial, deve ser compreendido como título executivo judicial, possibilitando sua execução por meio do procedimento de cumprimento de sentença e, bem assim, limitando o conteúdo da impugnação a ser ofertada pelo executado. 7. A sentença penal condenatória transitada em julgado – inciso VI. O NCPC manteve a redação anterior, palavra por palavra. A sentença penal transitada em julgado é, e continuará sendo, título executivo judicial. 7.1 Para a exata compreensão do dispositivo é necessário relembrar que a sentença penal condenatória, além de impor determinada pena ao réu, tem o efeito de “tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime” (art. 91, I, do CP). 7.2 Assim, uma vez proferida sentença penal condenatória, não será necessário que a vítima ajuíze processo de conhecimento para pleitear a reparação civil, bastandolhe promover a sua liquidação e executála. 7.3 Notese que o sistema não impõe que a vítima espere o trânsito em julgado da ação penal. Nada obsta que ela proponha, desde logo e concomitantemente à ação penal, uma ação civil indenizatória. Se assim o fizer e o pedido da ação civil for julgado improcedente,mesmo que posteriormente sobrevenha uma sentença penal condenatória, tal sentença não lhe servirá como título executivo para fins de indenização, dada a existência de coisa julgada anterior. 8. A sentença arbitral – inciso VII. Tal como no inciso anterior, o NCPC nada trouxe de novo em relação à regra do CPC/73 (alterada pela Lei 11.232/2005) que permaneceu inalterada. 8.1 Sem adentrar na discussão de se reconhecer, ou não, a arbitragem como atividade jurisdicional, é fato que a lei processual equiparou a sentença arbitral à judicial, atribuindolhe eficácia executiva. 8.2 Havendo resistência ao cumprimento da sentença arbitral, deve a parte necessariamente, socorrerse do EstadoJuiz, a quem compete a execução forçada. 8.3 Nessa hipótese, não poderá o cumprimento de sentença arbitral iniciarse mediante simples requerimento nos autos, porquanto até então não havia procedimento algum perante o Poder Judiciário. Assim, a sua execução dependerá de ajuizamento de uma demanda executiva perante o Judiciário, com a devida citação da parte contrária para integrar a lide, dandose início a uma nova relação processual. 8.4 Nesse contexto, a petição inicial da execução da sentença arbitral deverá ser distribuída ao juízo cível competente (art. 515, § 1.o), cabendo ao exequente instruíla com o título executivo formado na arbitragem e, após a citação do réu, dependendo da modalidade da obrigação inadimplida (obrigação de pagar quantia, fazer, não fazer ou entrega de coisa), observarseá o procedimento respectivo para o cumprimento da sentença. 9. A sentença estrangeira homologada pelo Superior Tribunal de Justiça – inciso VIII. Também nesse dispositivo não houve novidades. Para que possa ser cumprida no Brasil, a sentença estrangeira depende de homologação perante o Superior Tribunal de Justiça (CF, art. 105, I, “i”, conforme redação dada pela EC 45/2004). 9.1 O procedimento para tal homologação deve respeitar o disposto nos arts. 960 a 965 e, atualmente, é regulado também pela Resolução 9/2005 do STJ. 9.2 O Brasil adotou o sistema de controle limitado (ou juízo de delibação) no procedimento de homologação das sentenças estrangeiras, que independe de reciprocidade e tem como principal parâmetro de análise os requisitos formais da sentença, não havendo discussão acerca do direito material subjacente. 9.3 Após a homologação, a sentença estrangeira passa a ser um título executivo judicial e seu cumprimento se dará perante a Justiça Federal de Primeira Instância, por meio de carta de sentença. 9.4 Por último, registramos que somente a sentença estrangeira (emitida por autoridade judiciária de outro Estado de acordo com a lei estrangeira ou ato que seria considerado sentença judicial à luz do direito brasileiro) exige homologação do STJ; as sentenças internacionais (prolatadas por tribunais internacionais ou Organizações Internacionais) não precisam ser homologadas pelo STJ. 10. A decisão interlocutória estrangeira, após a concessão do exequatur à carta rogatória pelo Superior Tribunal de Justiça – inciso IX. Também a decisão interlocutória estrangeira, veiculada por Carta Rogatória, pode ser executada no Brasil. Para tanto, será necessário o exequatur do STJ que nadamais é do que um juízo de delibação , no qual, como se viu no comentário do inciso anterior, são analisadas, principalmente, as questões concernentes às condições formais da Carta Rogatória. 10.1 De acordo com a classificação doutrinária, as cartas rogatórias podem ser ativas ou passivas. As rogatórias ativas são aquelas expedidas pela justiça brasileira para serem cumpridas em país estrangeiro. Por sua vez, as rogatórias passivas são aquelas encaminhadas, por via diplomática ou por meio de autoridade prevista em tratado, pela justiça estrangeira para serem cumpridas no Brasil. 10.2 O exequatur nada mais é que uma autorização e, ao mesmo tempo, uma ordem de cumprimento do pedido rogatório no Brasil. Com esse expediente, o Superior Tribunal de Justiça encaminha à Justiça Federal, que terá a incumbência de efetiválo. Este procedimento, tal como o da homologação da sentença estrangeira, está contido nos arts. 960 a 965e, bem assim, No RISTJ art. 216A a 216X. 11. Nos casos dos incisos VI a IX, o devedor será citado no juízo cível para o cumprimento da sentença ou para a liquidação no prazo de quinze dias – parágrafo primeiro. A norma esclarece o óbvio. Conquanto se trate de cumprimento da sentença, que ordinariamente se faz como uma fase do processo, intimandose o devedor para cumprir a sentença, nas hipóteses de sentença penal condenatória, sentença arbitral e sentença ou decisão interlocutória estrangeira, há necessidade de se instaurar um novo processo, porquanto, em tais situações, não há um processo civil preexistente. 11.1 Instaurandose novo processo, o devedor (aquele que deve cumprir a sentença) deverá ser citado. Merece o registro que a hipótese também se aplica ao inciso III. Com efeito, tendo havido autocomposição extrajudicial, igualmente não havia processo, daí a necessidade de se instaurar uma nova e específica ação, por meio de um procedimento de jurisdição voluntária, visando a homologação da autocomposição. Nesta ação, se todos os envolvidos na autocomposição não figuram como litisconsortes originários, os faltantes deverão ser citados para compor a demanda judicial. 12. A autocomposição judicial pode envolver sujeito estranho ao processo e versar sobre relação jurídica que não tenha sido deduzida em juízo – parágrafo segundo. O CPC já havia deixado expressa a possibilidade de a autocomposição judicial versar sobre questão não posta em juízo, sepultando alguma dúvida existente na doutrina a esse respeito. Fica, mais uma vez, explicitado que a força executiva abrange toda a matéria objeto da autocomposição, inclusive aquela que não havia sido objeto do processo original. 12.1 A novidade do dispositivo reside na inclusão do “sujeito estranho ao processo”. Fica expresso, pois, a possibilidade de, por meio da autocomposição, ampliarse não só objetivamente o processo originário, como também se proceder à ampliação subjetiva. 12.2 Mesmo sem menção expressa, a nosso ver, já se permitia, sob a égide do CPC/73, que terceiros intervenientes fossem incluídos na transação que recebe a homologação judicial. A regra estampada no dispositivo legal tem a vantagem de por fim a qualquer discussão a respeito do assunto emerece aplausos, indo ao encontro de uma das mais evidentes preocupações do NCPC: o estímulo à autocomposição. Art. 784. São títulos executivos extrajudiciais: I a letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata, a debênture e o cheque; II a escritura pública ou outro documento público assinado pelo devedor; III o documento particular assinado pelo devedor e por 2 (duas) testemunhas; IV o instrumento de transação referendado pelo Ministério Público, pela Defensoria Pública, pela Advocacia Pública, pelos advogados dos transatores ou por conciliador ou mediador credenciado por tribunal; V o contrato garantido por hipoteca, penhor, anticrese ou outro direito real de garantia e aquele garantido por caução; VI o contrato de seguro de vida em caso de morte;VII o crédito decorrente de foro e laudêmio; VIII o crédito, documentalmente comprovado, decorrente de aluguel de imóvel, bem como de encargos acessórios, tais como taxas e despesas de condomínio; IX a certidão de dívida ativa da Fazenda Pública da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, correspondente aos créditos inscritos na forma da lei; X o crédito referente às contribuições ordinárias ou extraordinárias de condomínio edilício, previstas na respectiva convenção ou aprovadas em assembleia geral, desde que documentalmente comprovadas; XI a certidão expedida por serventia notarial ou de registro relativa a valores de emolumentos e demais despesas devidas pelos atos por ela praticados, fixados nas tabelas estabelecidas em lei; XII todos os demais títulos aos quais, por disposição expressa, a lei atribuir força executiva. § 1o A propositura de qualquer ação relativa a débito constante de título executivo não inibe o credor de promoverlhe a execução. § 2o Os títulos executivos extrajudiciais oriundos de país estrangeiro não dependem de homologação para serem executados. § 3o O título estrangeiro só terá eficácia executiva quando satisfeitos os requisitos de formação exigidos pela lei do lugar de sua celebração e quando o Brasil for indicado como o lugar de cumprimento da obrigação. * Correspondência legislativa: art. 585, I, II, III, IV, V, VII, VIII, §§ 1.o e 2.o do CPC/73. Outras ref. normativas: V. arts. 215, 221, 1.315 e 1.419 a 1.510, CC; arts. 49, 50, 51 e 56, Dec. 2.044/08 (Letra de câmbio e nota promissória); Dec. 57.595/66 (Convenções para adoção de uma Lei Uniforme em matéria de cheques); arts. 41 e 44, Dec.lei 167/67 (Títulos de crédito rural); arts. 15 e 22, Lei 5.474/68 (Duplicatas); Dec.lei 413/69 (Títulos de crédito industrial); arts. 52 a 74, Lei 6.404/76 (Sociedades por ações); art. 2.o, Lei 6.458/77 (Adapta ao Código de Processo Civil a Lei 5.474/68); Lei 7.357/85 (Cheque); art. 57, parágrafo único, Lei 9.099/95 (Juizados Especiais Cíveis e Criminais); arts. 1.o a 13 e 31, Lei 492/37 (Penhor rural e a cédula pignoratícia); Dec.lei 5.384/43 (Beneficiários do seguro de vida); Lei 4.591/64 (Condomínio em edificações e as incorporações imobiliárias); arts. 201 a 204, CTN; arts. 2.o e 3.o, Lei 6.830/80 (Execução fiscal); arts. 29, 32, § 2.o, 35, § 1.o, e 38, Dec.lei 70/66 (Cédula hipotecária); art. 10, Lei 5.741/71 (Sistema Financeiro da Habitação); art. 107, I, Lei 6.404/76 (Sociedadespor ações); art. 211, Lei 8.069/90 (Estatuto da Criança e do Adolescente); art. 24, Lei 8.906/94 (Estatuto da Advocacia e da OAB); arts. 49, § 1.o e 142, § 6.o, III, Lei 11.101/2005 (Lei de Re cuperação de Empresas e Falência); art. 13, Dec.lei 4.657/42 (Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro); Súmulas 300 e 317, STJ. Sumário: 1. Títulos executivos extrajudiciais. 2. A letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata, a debênture e o cheque – inciso I. 3. A escritura pública ou outro documento público assinado pelo devedor – inciso II. 4. O documento particular assinado pelo devedor e por duas testemunhas – inciso III. 5. O instrumento de transação referendado pelo Ministério Público, pela Defensoria Pública, pela Advocacia Pública, pelos advogados dos transatores ou por conciliador ou mediador credenciado pelo tribunal – inciso IV. 6. O contrato garantido por hipoteca, penhor, anticrese ou outro direito real de garantia, e aquele garantido por caução – inciso V. 7. O contrato de seguro de vida em caso de morte – inciso VI. 8. O crédito decorrente de foro e laudêmio – inciso VII. 9. O crédito, documentalmente comprovado, decorrente de aluguel de imóvel, bem como de encargos acessórios, tais como taxas e despesas de condomínio – inciso VIII. 10. A certidão de dívida ativa da Fazenda Pública da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, correspondente aos créditos inscritos na forma da lei – inciso IX. 11. O crédito referente às contribuições ordinárias ou extraordinárias de condomínio edilício, previstas em Convenção de Condomínio ou aprovadas em Assembleia Geral, desde que documentalmente comprovadas – inciso X. 12. A certidão expedida por serventia notarial ou de registro, relativa a valores de emolumentos e demais despesas devidas pelos atos por ela praticados, fixados nas tabelas estabelecidas em lei – inciso XI. 13. Todos os demais títulos aos quais, por disposição expressa, a lei atribuir força executiva – inciso XII. 14. A regra do parágrafo primeiro: preservação da execução mesmo na pendência de ação para discutir o débito. 15. O título executivo extrajudicial estrangeiro. 1. Títulos executivos extrajudiciais. O art. 784 é o repositório dos títulos executivos extrajudiciais no NCPC. Como se sabe, o título extrajudicial prescinde de prévia ação de conhecimento, ensejando diretamente ação de execução. Conquanto a lei confira eficácia executiva a tais títulos extrajudiciais, é certo que os mesmos não foram submetidos ao crivo prévio do Judiciário, daí porque a lei lhes confereregime jurídico distinto dos títulos executivos judiciais, especialmente no que respeita as matérias de defesa do executado, mais amplas. 2. A letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata, a debênture e o cheque – inciso I. Não houve qualquer modificação com relação ao CPC/73. O inc. I arrola cinco determinados títulos de crédito (letra de câmbio, nota promissória, duplicata, debênture e cheque). Não se pode esquecer de que tais títulos de crédito são regulados pelo Código Civil e também por leis específicas, as quais devem ser observadas. Assim, não basta que formalmentehaja uma letra de câmbio, uma nota promissória, uma duplicata, uma debênture ou um cheque para que se abra a via executiva. É imperioso que tais documentos cumpram os requisitos específicos ditados pelas leis de regência. 2.1 A letra de câmbio e a nota promissória estão reguladas pelo Dec. 2.044/08 com as alterações da “Lei Uniforme de Genebra”, internalizada no ordenamento brasileiro por força do Dec. 57.663, de 24.01.1966. Quanto à letra de câmbio é importante destacar que sua executividade está vinculada ao aceite do sacado. 11 Com relação à Nota Promissória, embora tal título goze em princípio de autonomia, sua executividade tem sido discutida quando emitida a título de garantia de um contrato. Nesse sentido, estabelece a Súmula 258 do STJ que “a nota promissória vinculada a contrato de abertura de crédito não goza de autonomia em razão da iliquidez do título que a originou”. 2.2 A duplicata está regulada pela Lei 5.474/68. Os arts. 15 a 18 desta lei – que tratam do “processo para cobrança da duplicata” – foram modificados pela Lei 6.458/77. Sua executividade está atrelada ao aceite do sacado ou, mesmo não havendo o aceite, mediante comprovante da entrega da mercadoria ou do serviço e o prévio protesto. 12 2.3 A debênture está disciplinada nos arts. 52 e ss. da Lei 6.404/76, que sofreram modificações com as Leis 10.303/2001 e 12.431/2011. A debênture é um título de crédito emitido por sociedades por ações e consiste em título representativo de fração de mútuo tomado pela companhia emitente. Assim, o credor por debênture, quando não atendido no vencimento, seja do título, seja da prestação de juros, poderá executar a sociedade inadimplente. 2.4 O cheque está disciplinado pela Lei 7.357/85 e pelo Dec. 57.595/66. Quando a execução é promovida contra o emitente não é necessário o protesto. O prazo prescricional para uso do cheque como título executivo extrajudicial é de seis meses, contados a partir do prazo da apresentação do cheque para pagamento 30 dias, quando emitido no lugar onde houver de ser pago e de 60 dias, quando emitido em outro lugar do País ou no exterior). Após tal prazo, o cheque servirá como documento comprobatório do crédito, apto a embasar uma ação monitória ou uma ação de conhecimento. 2.5 Merece registro discussão envolvendo a prescrição e a problemática dos cheques “pré datados”. Nesse sentido, vale trazer trecho de recente Acórdão relatado pela Min. Nancy Andrighi, REsp 1.068.513DF: “(...) Ainda que a emissão de cheques pósdatados seja prática costumeira, não encontra previsão legal. Admitirse que do acordo extracartular decorra a dilação do prazo prescricional, importaria na alteração da natureza do cheque como ordem de pagamento à vista e na infringência do art. 192 do CC, além de violação dos princípios da literalidade e abstração. Precedentes. O termo inicial de contagem do prazo prescricional da ação de execução do cheque pelo beneficiário é de 6 (seis) meses, prevalecendo, para fins de contagem do prazo prescricional de cheque pósdatado, a data nele regularmente consignada, ou seja, aquela oposta no espaço reservado para a data de emissão”. 13 3. A escritura pública ou outro documento público assinado pelo devedor – inciso II. O inc. II confere eficácia executiva à escritura pública e outro instrumento público assinado pelo devedor. Os documentos públicos sãoaqueles elaborados por titulares de serviços de notas e de registro, como notários, tabeliães, oficiais de registro etc., e seguem certas formalidades legais exigidas para sua autenticidade e legalidade. Tratase de ato solene, dotado de fé pública e faz prova da obrigação nele estampada. Nesse sentido, prevê o art. 405 do NCPC que: “O documento público faz prova não só da sua formação, mas também dos fatos que o escrivão, o chefe de secretaria, o tabelião ou o servidor declarar que ocorreram em sua presença.” É desnecessário, nesse caso, qualquer outra formalidade, como assinatura de outras duas testemunhas ou de advogados. 4. O documento particular assinado pelo devedor e por duas testemunhas – inciso III. Tal como no CPC/73, o NCPC manteve a eficácia executiva de documentos particulares, desde que assinado pelo devedor e por duas testemunhas, não se exigindo reconhecimento de firma das testemunhas. Tais testemunhas, consoante crescente jurisprudência, inclusive no âmbito do STJ, têm sido consideradas como meramente instrumentárias, daí a possibilidade de assinatura posterior das testemunhas não desnatura o título executivo. Noutras palavras, o fato das testemunhas do documento particular não estarem presentes ao ato de sua formação não retira a sua executoriedade, uma vez que as assinaturas podem ser feitas em momento posterior ao ato de criação do título executivo extrajudicial. 14 4.1 Nesse contexto, é impossível não se fazer as seguintes indagações: por que se manter esse requisito – as duas testemunhas – para conferir eficácia executiva a um documento particular? A assinatura do devedor, isoladamente, não seria suficiente? Por que atribuir, nos dias atuais, função meramente decorativa às testemunhas, notadamente se a jurisprudência reconhece a possibilidade de tais testemunhas assinarem o instrumento num momento ulterior à sua criação, apenas para embasar uma ação executiva? Esta exigência, a nosso ver, é um formalismo exacerbado e injustificável. Perdeuse a oportunidade de revêla. 5. O instrumento de transação referendado pelo Ministério Público, pela Defensoria Pública, pela Advocacia Pública, pelos advogados dos transatores ou por conciliador ou mediador credenciado pelo tribunal – inciso IV. Também o instrumento de transação assinado pelo credor, pelo devedor e referendado pelo Ministério Público, pela Defensoria Pública, pelos advogados dos transatores ou ainda por conciliador ou mediador credenciados pelo tribunal, são considerados títulos executivos. A possibilidade da presença do conciliador ou do mediador são novidades do NCPC e está em consonância com o espírito do NCPC em estimular a autocomposição. Não se exigem outras formalidades, como a assinatura das testemunhas instrumentárias, exigência, aliás, sem sentido em dias atuais, conforme já se demonstrou no comentário ao item anterior. 5.1 Notese que a hipótese não considera a necessidade de homologação judicial, a qual, se ocorrer, terá o condão de convolar o documento em título executivo judicial, a teor do inc. III do art. 515. Considerando o consenso das partes na transação, basta a presença do Ministério Público, dos advogados públicos ou privados ou ainda domediador ou do conciliador para que o acordo seja tido como título executivo extrajudicial. Mesmo a presença de um único advogado, representando ambos os transatores, já cumpre a exigência, não se exigindo um advogado para cada parte transatora. 6. O contrato garantido por hipoteca, penhor, anticrese ou outro direito real de garantia, e aquele garantido por caução – inciso V. Hipoteca, penhor, anticrese são espécies de direitos reais de garantia e estão catalogados exemplificativamente no dispositivo, daí a menção a “outro direito real de garantia”. Assim, o contrato que espelhe obrigação garantida por algum direito real de garantia ostenta executividade, a qual repousa no crédito relativo ao contrato e não no contrato propriamente dito. 6.1 A hipoteca está prevista nos arts. 1.473 a 1.505 do Código Civil e recai sobre bens imóveis, navios e aeronaves. O penhor, por sua vez, recai sobre bens móveis (arts.1.431 a 1.472 do CC). A anticrese, de acordo com o art. 1.506 do CC, caracterizase pela cessão de determinado bem imóvel pelo devedor para que os frutos e os rendimentos dele possam quitar paulatinamente o valor do débito. 6.2 O inciso também se refere ao contrato garantido por caução. A caução é garantia de caráter acessório e pode ser real (oferecimento de um bem móvel ou imóvel) ou fidejussória (fiança). 7. O contrato de seguro de vida em caso de morte – inciso VI. O NCPC traz, em inciso próprio, o contrato de seguro em caso de morte como título executivo extrajudicial e mantém a opção pela exclusão do contrato de seguro de acidentes pessoais de que resulte morte ou incapacidade, realizada pela Lei 11.382/2006. O Dec.lei 73/66, por sua vez, prevê a via executiva para a cobrança do prêmio em todo tipo de seguro, mas não para a indenização. A questão desperta bastante polêmica na doutrina e na jurisprudência, 15 mas parece que o legislador quis mesmo limitar a incidência do dispositivo ao seguro de vida e não contemplar o seguro de acidentes pessoais. É certo que o evento incapacidade não pode ser compreendido no dispositivo legal em foco, diante da necessidade de comprovação da incapacidade e da sua extensão, o que demanda a produção de prova. Mas e o evento morte? Seria título executivo extrajudicial um contrato de seguro de acidentes pessoais de que resulte morte? Com efeito, nas apólices de acidentes pessoais é imposto ao segurado ou aos seus beneficiários não somente a prova do evento (morte), mas também das circunstâncias em que o mesmo se deu, para que resulte induvidoso que o acidente ocorrido enquadrase no conceito estabelecido no contrato e, além disso, que não decorreu de nenhum dos riscos excluídos. Tais especificidades, ligadas ao seguro de acidentes pessoais, conquanto haja opiniões contrárias, aparentemente são inconciliáveis com a via executiva. 16 De qualquer forma, independentemente da discussão envolvendo a matéria, como já dissemos, quer nos parecer que a opção do legislador é a de atribuir força executiva ao contrato de seguro de vida e não ao de acidentes pessoais.8. O crédito decorrente de foro e laudêmio – inciso VII. O crédito decorrente de foro e laudêmio é título executivo extrajudicial. Ambos – o foro e o laudêmio – estão relacionados com a enfiteuse, contrato previsto no Código Civil de 1916 e, mais recentemente, proibido à luz do art. 2.038 do Código Civil de 2002. Dessa forma, a disposição em comento só subsiste para aqueles contratos celebrados anteriormente à vigência do Código Civil de 2002. 8.1 A enfiteuse, conforme disposição do art. 678, do Código Civil de 1916, se dá “quando por ato entre vivos, ou de última vontade, o proprietário atribui a outrem o domínio útil do imóvel, pagando a pessoa, que o adquire, e assim se constitui enfiteuta, ao senhorio direto uma pensão, ou foro, anual, certo e invariável”. Tratase de um direito real e deve estar registrada na matrícula do imóvel. 8.2 Foro significa o pagamento anual devido pelo enfiteuta ao proprietário pelo uso do domínio útil do bem imóvel e laudêmio é a quantia a ser paga ao proprietário quando houver transferência do domínio útil por venda ou dação em pagamento. 9. O crédito, documentalmente comprovado, decorrente de aluguel de imóvel, bem como de encargos acessórios, tais como taxas e despesas de condomínio – inciso VIII. Esse dispositivo repete, ipsis litteris, a redação anterior, dada pela Lei 11.382/2006. Perdeu o legislador a oportunidade de pacificar uma discussão a respeito do crédito decorrente de aluguel. Com efeito, discutese se o termo “documentalmente comprovado” exige necessariamente a apresentação de um contrato escrito (tal como era a dicção do inc. IV do art. 585 do CPC/73 antes da Lei 11.382/2006). A nosso ver, a lei não exige o contrato escrito, sendo certo que há outras formas de provar documentalmente o crédito de aluguel, além do contrato de locação escrito. 17 9.1 Além do crédito de aluguel, o dispositivo também possibilita a via executiva, desde que documentalmente comprovados, para os demais encargos acessórios da locação e os exemplifica citando taxas e despesas de condomínio. Importante destacar que esse dispositivo legal diz respeito às despesas condominiais devidas em razão da relação derivada da locação e não aquela havida entre condomínio e condômino, esta última objeto de tratamento no inc. X deste mesmo artigo. 10. A certidão de dívida ativa da Fazenda Pública da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, correspondente aos créditos inscritos na forma da lei – inciso IX. Nos termos deste inciso é título executivo extrajudicial a certidão da dívida ativa das pessoas de direito público, com ou sem natureza tributária. A certidão de dívida ativa goza dos requisitos de presunção relativa de certeza, liquidez e exigibilidade, por força de lei (art. 204 do CTN e art. 3.o da Lei 6.830/80). Temse que a inscrição em dívida ativa é qualificada como ato de controle de legalidade e deve observar os procedimentos previstos na Lei 6.830/80. Tal título serve para embasar a execução fiscal, cujo procedimento especial, por assim dizer, está disciplinado pela Lei 6.830/80, apresentando uma série de peculiaridades em relação à execução comum.11. O crédito referente às contribuições ordinárias ou extraordinárias de condomínio edilício, previstas em Convenção de Condomínio ou aprovadas em Assembleia Geral, desde que documentalmente comprovadas – inciso X. O NCPC inclui expressamente no rol dos títulos executivos o documento que comprova o crédito referente às contribuições ordinárias ou extraordinárias de condomínio edilício, previstas em Convenção de Condomínio ou aprovadas em Assembleia Geral e, com isso, sepultou antiga discussão havida na doutrina e na jurisprudência. A discussão, sob a égide do CPC/73, reside na inclusão, ou não, de tal crédito no dispositivo que trata da despesa condominial na relação de locação (antigo inc. IV do art. 585 do CPC/73), que tinha redação idêntica ao atual inc. VIII deste art. 784. 18 A dúvida não tem mais razão de existir. As despesas condominiais cobradas do condômino pelo Condomínio, desde que documentalmente comprovadas e aprovadas por Convenção ou Assembleia, têm, agora expressamente, força executiva pelo NCPC. Esta norma reforça a disposição contida no art. 12, § 2.o, da Lei 4.591/64 – não revogado pelo Código Civil de 2002 nem pelo NCPC – o qual, ao tratar das despesas condominiais, prevê que “cabe ao síndico arrecadar as contribuições competindolhe promover, por via executiva, a cobrança judicial das quotas atrasadas”. 12. A certidão expedida por serventia notarial ou de registro, relativa a valores de emolumentos e demais despesas devidas pelos atos por ela praticados, fixados nas tabelas estabelecidas em lei – inciso XI. O NCPC inova ao atribuir força executiva à certidão expedida por serventia notarial ou de registro, relativa aos emolumentos e despesas, de acordo com as tabelas de preço de tais serviços. Existem, no Brasil, cinco tipos de Cartórios: (i) Tabelionato de Notas; (ii) Tabelionato de Protesto de Títulos; (iii) Registro Civil das Pessoas Naturais e de Interdições e Tutelas; (iv) Registro de Títulos e Documentos e Civil das Pessoas Jurídicas; e (v) Registro de Imóveis. Todos eles prestam uma série de serviços, destinados à formalização e conservação de diversos atos e negócios jurídicos, como por exemplo: os registros de nascimento, casamento e óbito; a lavratura de escrituras, procurações, testamentos, divórcios e inventários; as autenticações de cópias e reconhecimento de firmas; os registros de imóveis; as notificações e registro de documentos e de pessoas jurídicas; os protestos de títulos e documentos de dívida, dentre outros. Alguns desses serviços são gratuitos e outros são cobrados, cujos preços são promulgados por lei. Tais valores, portanto, poderão ser objeto de certidão que tem, para os fins legais, força executiva. 13. Todos os demais títulos aos quais, por disposição expressa, a lei atribuir força executiva– inciso XII. A enumeração dos títulos executivos extrajudiciais contida no NCPC não esgota a matéria. Isso porque, haverá de ser título executivo extrajudicial, qualquer outro documento que a lei, expressamente, atribua força executiva. É o caso, por exemplo, da cédula de crédito rural (art. 41 do Dec.lei 167/67), cédula de crédito industrial (art. 10 do Dec.lei 413/69), cédula de crédito bancário (art. 28 da Lei 10.931/2004), contrato de honorários advocatícios (art. 24 da Lei 8.906/94), entre tantosoutros. O rol é extenso. Há várias leis especiais que criam títulos executivos extrajudiciais. 14. A regra do parágrafo primeiro: preservação da execução mesmo na pendência de ação para discutir o débito. Além do rol de títulos executivos, prevê o § 1.o do art. 784 que “a propositura de qualquer ação relativa ao débito constante do título executivo não inibe o credor de promoverlhe a execução”. Como é cediço, o executado tem à sua disposição, além dos embargos (forma típica de oposição à execução) a possibilidade de discutir a obrigação espelhada no título executivo por meio de ação própria. É o que se denomina na doutrina por “defesa heterotópica” na execução. 19 14.1 Mesmo tendo o executado optado por não opor embargos ou mesmo tendo perdido o prazo para tanto, restalhe a via da ação autônoma. Ainda diante da oposição dos embargos pelo executado, ainda assim, afigurase possível o ajuizamento de ação autônoma, desde que não se configure litispendência. 14.2 Como se vê, não há dúvida quanto à possibilidade do executado se valer de ação autônoma para discutir a obrigação do título executivo. Diante da existência desta ação, a dúvida reside na possibilidade de se suspender a execução (caso esta já tenha sido proposta) ou na vedação do credor promover a execução (caso a ação autônoma seja antecedente). 14.3 Há, no mais das vezes, conexão por prejudicialidade entre a ação autônoma e a execução, porém tal fato, por si só, não justifica a impossibilidade de execução ou no seu prosseguimento. 14.4 Negar a possibilidade de o exequente promover a execução é de todo injustificável e esbarra na literalidade do dispositivo legal ora comentado. Por outro lado, a suspensão da ação de execução só se justifica mediante propositura dos embargos à execução e preenchimento dos requisitos previstos no § 1.o do art. 919, ou seja, se presentes os requisitos para a concessão da tutela provisória, e desde que a execução já esteja garantida por penhora, depósito ou caução suficientes. Filiamonos à parte da doutrina que admite que, em casos excepcionais, mesmo diante da ausência de embargos, possa se conseguir suspender a execução por meio de ação autônoma, mas nesta hipótese, deve haver o preenchimento dos mesmos requisitos exigidos nos embargos para tanto, ou seja, a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo e, ainda, a prévia garantia da execução. 15. O título executivo extrajudicial estrangeiro. Os parágrafos 2.o e 3.o tratam dos títulos extrajudiciais oriundos de países estrangeiros. Sua força executiva no território brasileiro independe de prévia homologação pelo STJ, dispensandose o prévio exequatur. Porém, para sua execução, exigese que o título satisfaça os requisitos exigidos pela lei do lugar de sua celebração e que indique o Brasil como lugar do cumprimento da obrigação. Por fim, conquanto a lei não traga de forma expressa tal requisito, impõese a tradução juramentada do título quando não estiver no vernáculo.
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