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Formação do Processo O processo nasce com a propositura da demanda. A partir daí o processo se desenvolve com a prática de novos atos processuais e com o surgimento de relações jurídicas processuais. Art. 312. Considera-se proposta a ação quando a petição inicial for protocolada, todavia, a propositura da ação só produz quanto ao réu os efeitos mencionados no art. 240 depois que for validamente citado. Com o protocolo da petição inicial já se tem o início do processo, a sua formação, e a partir desse momento já estará produzindo efeitos para o autor da ação, sendo assim, para este, o direito já é litigioso, agora, em relação ao réu, o processo só produzirá os efeitos a partir da citação válida, como previsto no art. 240 Art. 240. A citação válida, ainda quando ordenada por juízo incompetente, induz litispendência, torna litigiosa a coisa e constitui em mora o devedor, ressalvado o disposto nos arts. 397 e 398 da Lei 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil). Esse artigo traz três efeitos para a citação válida: 1 – Induz litispendência 2 – Torna litigiosa a coisa 3 – Constitui em mora o devedor Quando falamos em formação do processo, podemos falar que o nascimento da ação ocorre com o protocolo da petição inicial, e no caso de lugares onde tiver mais de uma vara, da sua distribuição. Então distribuída a PI já se tem situação de litispendência para o autor, para o réu, no entanto, apenas com a citação válida. Petição Inicial A PI não deve ser confundida com a demanda, que é, por sua vez, o conteúdo da petição inicial. A PI é a primeira petição a ser elaborada no processo, o que é feito pelo autor, devidamente assistido por seu advogado. A petição inicial é um ato processual solene, o que significa que a lei prevê alguns requisitos que ela deverá conter para que esse ato processual seja considerado válido. A petição inicial também deve vir assinada por advogado regularmente inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil, requisito esse que encontra exceção nos juizados especiais cíveis, em causas de até 20 salários mínimos e os juizados especiais federais ou da fazenda pública, respeitando o limite de alçada de 60 salários mínimos, onde não se fará necessário que a parte se faça representada por advogado. Requisitos da Petição Inicial: Os requisitos da petição inicial estão previstos nos arts. 319 e 320 do CPC. Art. 319. A petição inicial indicará: I - o juízo a que é dirigida; A lei não fala em juiz pessoa física, mas sim o juízo que é formado tanto pelo juiz quanto pelos serventuários que compõe a secretaria da vara, sendo destes a competência de julgar a demanda, e não do juiz pessoa física, visto que podem haver situações como féria, aposentadoria, promoção do juiz, o que não impedirá o processo de correr naquele mesmo juízo inicial. Para saber a qual juízo a PI deve ser distribuída, devem ser analisadas as regras de competência, para que se chegue á essa conclusão. Importante lembrar que em relação á competência, temos a absoluta e a relativa: •Absoluta: Posta para um interesse público, e por isso é improrrogável, seja por critérios legais como a conexão ou a continência ou também por critérios voluntários como no caso de um contrato onde se prevê foro de eleição. Seus critérios são: em razão da matéria, pessoa e funcional. •Relativa: Pode ser prorrogado pelo fato do réu não ter alegado a incompetência relativa do juízo em preliminar de mérito contestação, ou por ele não ter se oposto por exemplo, a cláusula de foro de eleição de um contrato. É apenas garantia de interesse particular, por isso pode ser prorrogada. Seus critérios são: em razão do valor da causa e territorial. II - os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união estável, a profissão, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, o endereço eletrônico, o domicílio e a residência do autor e do réu; (...) § 1º Caso não disponha das informações previstas no inciso II, poderá o autor, na petição inicial, requerer ao juiz diligências necessárias a sua obtenção. § 2º A petição inicial não será indeferida se, a despeito da falta de informações a que se refere o inciso II, for possível a citação do réu. § 3º A petição inicial não será indeferida pelo não atendimento ao disposto no inciso II deste artigo se a obtenção de tais informações tornar impossível ou excessivamente oneroso o acesso à justiça. A correta qualificação das partes é essencial para evitar que se demande contra pessoa incerta, então a parte terá que trazer para o processo o nome e o prenome tanto do autor quanto do réu, o estado civil inclusive se existir união estável (importante para casos em que se tenha que incluir o cônjuge ou companheiro no processo, como nos casos de litisconsórcio necessário, outorga uxória), a profissão, que é importante sob diversos aspectos, como por exemplo nos casos de verificação da necessidade da AIJ, nº de CPF ou CNPJ para principalmente evitar que se litigue contra um homônimo, endereço eletrônico, visto que uma das possibilidades de citação é a citação eletrônica, domicílio e residência para que possa se tornar possível a prática dos atos de comunicação processuais. Essas exigências, contudo, não impedem de que se o autor não possuir todos esses dados no momento de formular a petição inicial ele seja impedido de propô-la. Como por exemplo no caso de uma ação possessória em que várias pessoas invadiram uma terra, porém não se tem a qualificação de todas. O §1º garante que para não violar o direito de acesso à justiça, a própria lei permite que se o autor não tiver condições de através diligência própria obter todos os dados necessários para a propositura da ação, que ele ingresse em juízo e solicite ao juiz que realize as diligências necessária para a obtenção de dados que ele não foi capaz de colher. O §2º prossegue garantindo o direito de acesso à justiça, se não for possível a obtenção de todas as informações acerca do réu, isso não poderá inviabilizar o direito de ação, visto que em certos casos nem as diligências feitas pelo próprio juiz são suficientes para suprir as informações faltantes. Isso, contudo, não pode inviabilizar a propositura da demanda. O §3º complementa a regra dizendo que o acesso à justiça não poderá ser mitigado diante da falta de informações acerca do réu, para que então, se for muito difícil ou muito oneroso para a parte obter essas informações por conta própria ela possa ingressar na justiça da mesma forma. III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido; Esse requisito está se referindo a causa de pedir, os fatos são a causa de pedir remota e os fundamentos jurídicos são a causa de pedir próxima. Existem alguns doutrinadores que dividem a causa de pedir remota em causa de pedir remota passiva, que são os fatos que impulsionam o interesse de agir e causa de pedir remota ativa, que são os fatos constitutivos do direito. É importante se analisar a teoria da substanciação, ou da substancialização, que é a adotada pelo direito brasileiro quanto á causa de pedir, que se distingue da teoria da individuação ou individualização, que não é adotada no nosso ordenamento jurídico. Essa teoria diz que no momento em que o autor trouxer para os autos a causa de pedir, ele deverá se atentar para as circunstancias de fato, ou seja, ele deverá trazer para a sua petição inicial a correta descrição dos fatos jurídicos e as relações jurídicas daí decorrentes. Ele não precisa trazer contudo, a correta fundamentação legal, visto que a teoria da subtancialização adota o famoso brocardo “dai-me os fato e lhe darei o direito”, ou seja, o juiz conhece a lei e o que a parte deve trazer a juízo é a correta descrição das circunstancias de fato, agora, se afundamentação legal estiver incorreta, isso não alterará a causa de pedir, visto que o juiz conhece a lei, ao contrário da teoria da individuação, onde a fundamentação legal deverá estar corretamente descrita na petição inicial. IV - o pedido com as suas especificações; O pedido é considerado o núcleo da petição inicial, ele se divide em pedido imediato e pedido mediato. O pedido imediato é o provimento jurisdicional que se requer, esse provimento pode ter natureza condenatória, declaratória ou constitutivo, o pedido mediado é o bem da vida, ou seja, é o resultado prático que o autor pretende obter com a tutela jurisdicional a ser prestada. Regra geral o pedido deve ser expresso, embora tenhamos situações em que o pedido implícito é aceito. V - o valor da causa; Tal atribuição terá grande relevância para o processo, pois repercutirá sobre: a) A competência, pois o valor da causa é critério de fixação juízo. b) O procedimento, pois influi, por exemplo, sobre o âmbito de atuação do juizado especial cível. c) No cálculo das custas e do preparo, que podem ter por base o valor da causa. d) Nos recursos em execução fiscal, conforme a lei n.6.830/80. e) Na possibilidade de o inventário ser substituído por arrolamento sumário. O valor da causa poderá ser estimativo ou legal, conforme o art. 291, que fixa que a toda causa será dado um valor, ainda que ela não tenha um valor economicamente aferível de imediato, ou seja, toda causa tem um valor. O valor estimativo será dado quando a causa não tiver conteúdo econômico imediato, essa estimativa será feita pelo próprio advogado que irá redigir a petição inicial, e algo importante que a doutrina pontua é de que esse valor não poderá ser irrisório, tão baixo que possa causar prejuízos a parte contrária, ou a fixação de custas de preparo. O valor estimativo pode ser impugnado pelo réu por meio de preliminar de mérito na contestação. Temos como exemplo de causa com valor estimativo uma ação de investigação de paternidade, pois ela não tem um valor econômico de início, o seu único objetivo é que se declare a existência ou inexistência de uma relação jurídica de filiação entre autor e réu. Já o valor legal é aquele fixado em lei, se for observado o artigo 292 ele nos trará algumas hipóteses em que o valor da causa é determinado por lei. Como por exemplo em uma ação de cobrança de dívidas, que o valor deve ser a soma do valor principal + juros + correção monetária e possível multa, se existir, em uma ação de alimentos, onde o valor deverá ser o equivalente à 12 prestações, em uma ação com cumulação de pedidos, que o valor deverá ser a soma de todos os pedidos etc...Quando estivermos diante de um valor de causa legal, ele poderá ser impugnado pelo réu em preliminar de mérito e também pelo próprio juiz, de ofício. O valor da causa pode ser alterado também pelo juiz de ofício quando verificar que o autor deu a causa um valor que coloca em risco a escolha do procedimento ou regras de competência, então se o juiz verificar que o autor deu a causa um valor irrisório ou equivocado com o objetivo de alterar regras de competência ou o procedimento ele poderá alterá-lo de ofício. VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados; Quando o autor for requerer as provas com que irá demosntrar a verdade dos fatos alegados na petição inicial, ele poderá fazer isso de uma forma mais genérica, pois haverá um momento posteriormente para que ambas as partes especifiquem as provas que pretendem produzir, que é a chamada fase ordinatória ou fase de saneamento do processo. Nas providencias preliminares que são tomadas na fase saneatória o juiz irá abrir vistas para que tanto o autor quanto o réu especifiquem as provas que pretendem produzir, então não há necessidade de que o autor na petição inicial justifique a necessidade da produção de cada uma das provas, pois isso será feito em momento processual oportuno. VII - a opção do autor pela realização ou não de audiência de conciliação ou de mediação. No momento de redigir a petição inicial o autor deverá dizer se deseja que seja realizada uma audiência de mediação ou uma audiência de conciliação. Caso o autor opte pela sua realização, essa audiência será feita antes do réu oferecer contestação, então, o réu será citado para comparecer a essa audiência de conciliação ou mediação e a sua contestação só será oferecida se, finda a audiência não for obtido um acordo. Se o autor silenciar em relação a opção por realizar ou não essa audiência, a doutrina vem entendendo que ele não se opõe a sua realização, não havendo necessidade de emenda da PI. O réu também poderá se recusar a comparecer à essa audiência, como será visto adiante. De acordo com o novo CPC de 2015, não se faz mais necessário que o autor requeira na petição inicial a citação do réu, assim como era no CPC de 1973. Agora, o juiz verificando que todos os requisitos necessários estão presentes, irá ordenar a citação do réu automaticamente. Além do art. 319, é importante que se observe o art. 320, que diz que a petição inicial deve ser instruída com os documentos indispensáveis a propositura da demanda. Então, todos aqueles documentos indispensáveis para que o autor comprove a verdade das suas alegações devem estar anexados a petição inicial. Os documentos que não forem indispensáveis poderão ser juntados a qualquer tempo, na forma do art. 435 do CPC. Art. 320. A petição inicial será instruída com os documentos indispensáveis à propositura da ação. Emenda da Inicial: Art. 321. O juiz, ao verificar que a petição inicial não preenche os requisitos dos arts. 319 e 320 ou que apresenta defeitos e irregularidades capazes de dificultar o julgamento de mérito, determinará que o autor, no prazo de 15 (quinze) dias, a emende ou a complete, indicando com precisão o que deve ser corrigido ou completado. O CPC de 2015 trouxe uma modificação quanto ao prazo de emenda da petição inicial em relação ao CPC de 1973, que anteriormente era de 10 dias e agora se transformou em 15 dias. A emenda da petição inicial será determinada pelo juiz se o autor não tiver preenchido todos os requisitos elencados nos arts. 319 e 320. Além disso o juiz também irá determinar a emenda da inicial se esta contiver alguma irregularidade ou algum vício que dificulte ou impeça o julgamento do mérito. O juiz sempre deverá mandar emendar a petição inicial pois deve-se prezar pela primazia de resolução de mérito, sendo assim uma obrigação e não uma prerrogativa, fundamentando sempre aquilo que deve ser complementado e corrigido. Verificando então que o erro é sanável, o juiz dará um prazo de 15 dias para que se faça a emenda da inicial, se o autor foi intimado e nesse prazo de 15 dias não emendar a petição inicial mantendo-se inerte e não cumprindo a ordem judicial, haverá o indeferimento da inicial e consequente extinção do processo sem resolução de mérito. Parágrafo único. Se o autor não cumprir a diligência, o juiz indeferirá a petição inicial. Já se, o autor uma vez intimado, cumpra a ordem do juiz de emendar a inicial no prazo de 15 dias, poderá ocorrer de que ao emendar a petição inicial, o autor não o faça de maneira satisfatória, nesse caso nada impede que o juiz determine que ele refaça a emenda da inicial, com novo prazo, para que se corrija de maneira satisfatória o vício presente na petição inicial, essa é uma exigência de economia processual, parte da doutrina coloca ainda que esse prazo de 15 dias poderia, caso necessário, ser ampliado pelo juiz, ou seja, se o juiz assim verificar ou a parte requerer que 15 dias é um prazo curto para que emende a petição inicial, esse prazo poderia ser ampliado, pois o objetivo do juiz é buscar o julgamento do mérito. Indeferimento da petiçãoinicial: Só se poderá falar em indeferimento da petição inicial antes da citação do réu, visto que, para que o réu seja citado, o juiz deve deferir a inicial. Então, das duas uma, ou o juiz irá verificar que a petição inicial preenche todos os requisitos e então irá deferi-la e determinar a citação do réu, ou irá verificar que ela não preenche os requisitos, e então irá determinar a sua emenda, para que posteriormente, após a emenda ser cumprida, citar o réu. Por esse motivo, não se fala em indeferimento da inicial após a citação do réu. Art. 330. A petição inicial será indeferida quando: I - for inepta; (...) § 1º Considera-se inepta a petição inicial quando: I - lhe faltar pedido ou causa de pedir; II - o pedido for indeterminado, ressalvadas as hipóteses legais em que se permite o pedido genérico; III - o autor carecer de interesse processual; IV - não atendidas as prescrições dos arts. 106 e 321 . § 1º Considera-se inepta a petição inicial quando: I - lhe faltar pedido ou causa de pedir; II - o pedido for indeterminado, ressalvadas as hipóteses legais em que se permite o pedido genérico; III - da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão; IV - contiver pedidos incompatíveis entre si. A primeira hipótese de indeferimento da petição inicial é o caso desta ser inepta, lembrando que só haverá o indeferimento da petição inicial se não for possível a sua emenda, se ela for possível o juiz determinará que a parte o faça, e aí só será indeferida a petição inicial se a ordem de emenda não for cumprida pelo autor da ação. Quais serão as hipóteses em que a petição inicial será considerada inepta? Elas estão presentes no §1º, I e II do próprio art. 330: • Lhe faltar pedido ou causa de pedir: Estes são requisitos da petição inicial, e também são elementos da ação, então se faltar qualquer um dos dois, a petição inicial será inepta. • Se o pedido for indeterminado, ressalvadas as hipóteses legais em que se permite o pedido genérico: A regra no processo civil é de que o pedido deve ser certo e determinado. O pedido que é determinado é aquele que é corretamente delimitado, quanto a sua qualidade e quantidade. Porém o art. 324 elenca algumas possibilidades em que o pedido pode ser genérico, como nas ações universais, quando não for possível determinar toda extensão do ato ou do fato, quando depender de ato a ser praticado pelo réu, então, tirando essas hipóteses em que a própria lei autoriza o pedido genérico, nas demais hipóteses se o autor formular pedido genérico, indeterminado, estaremos diante de uma situação de inépcia da inicial. • Da narração dos fatos não decorrer logicamente conclusão: O pedido terá de ser concludente, tendo que decorrer da causa de pedir, então se dos fatos narrados (causa de pedir), não decorrer logicamente a conclusão, ou seja, se o pedido não decorrer da causa de pedir, haverá inépcia da petição inicial. • Se contiver pedidos incompatíveis entre si: Não é possível que o juiz defira a petição inicial se ela contiver pedidos incompatíveis entre si, pedidos que se excluem mutuamente. Nesse caso, se o autor por meio de emenda da petição inicial não excluir um dos pedidos, não compatibilizar a petição inicial, será inepta a petição inicial e haverá extinção do processo sem resolução de mérito pelo indeferimento da inicial. Importante lembrar, que em todas essas hipóteses, se for possível, o juiz deve determinar a emenda da petição inicial, antes de indeferí-la. O indeferimento só ocorrerá se a ordem de emenda não for cumprida ou se a emenda for impossível, do contrário haverá a ordem de emenda e deferida a inicial, o réu será citado. § 2º Nas ações que tenham por objeto a revisão de obrigação decorrente de empréstimo, de financiamento ou de alienação de bens, o autor terá de, sob pena de inépcia, discriminar na petição inicial, dentre as obrigações contratuais, aquelas que pretende controverter, além de quantificar o valor incontroverso do débito. § 3º Na hipótese do § 2º, o valor incontroverso deverá continuar a ser pago no tempo e modo contratados. Aqui estamos diante de mais uma hipótese de inépcia da petição inicial., se a ação versar sobre contrato de empréstimo, de financiamento ou de alienação dos bens, é indispensável que o autor na petição inicial demonstre qual é o valor controvertido, ou seja, que o autor demonstre o valor que ele entende que seja de fato devido pelo empréstimo, financiamento ou alienação do bem, e também aquele valor com qual ele não concorda, o valor controvertido. Isso é necessário pois a demanda apenas recairá sobre o valor controvertido, e o valor incontroverso do débito continuará sendo pago pelo autor no tempo e no modo contratados, conforme dita o §3º. Art. 330. A petição inicial será indeferida quando: (...) II - a parte for manifestamente ilegítima; III - o autor carecer de interesse processual; IV - não atendidas as prescrições dos arts. 106 e 321. • A parte for manifestantemente ilegítima: A legitimidade das partes é um pressuposto processual de validade subjetivo quanto as partes, além das partes terem de ter capacidade processual e capacidade postulatória, elas também terão que ter legitimidade ad causam. Quem é a parte legítima para ser autor? É aquele que se diz titular da pretensão requerida em juízo e o réu é aquele que seria titular da obrigação correspondente. Quando falamos de legitimação ad causam é importante fazer a diferenciação de legitimação ordinária e extraordinária. O art. 18 estabelece que a regra é a legitimidade ordinária, ou seja, atuar em nome próprio na defesa de interesses próprios, e que a exceção é a legitimidade extraordinária, que é atuar em nome próprio na defesa de interesses alheios. Alguns doutrinadores, como a exemplo o professor Fredie Didier Jr, colocam que só é causa de extinção do processo sem resolução de mérito a ausência de legitimidade extraordinária. Visto que, para o juiz aferir se a parte tem legitimidade ordinária ele precisa aferir se o autor é de fato o titular do direito pleiteado em juízo ou se o réu é de fato titular da obrigação correspondente, e para isso o juiz deve adentrar no mérito, e após feito isso, não há como se falar em extinção do processo sem resolução de mérito, mas sim com resolução, aplicando o art. 487. Com o CPC de 2015 se deu fim à expressão “condições da ação” visto que a legitimidade ad causam até então no CPC de 1973 era tratada como uma das condições da ação, porém se percebeu que não era possível condicionar o exercício do direito de ação e, portanto, essa expressão foi suprimida pelo CPC de 2015. A legitimidade das partes e o interesse processual que eram sob a égide do CPC de 1973 condições da ação, passaram a ser pressupostos processuais de validade, quanto a legitimidade das partes pressuposto processual de validade intrínseco subjetivo, quanto ao interesse processual pressuposto processual de validade extrínseco positivo. Portanto a expressão “condições da ação” não existe mais, a antiga possibilidade jurídica do pedido que era tratada como uma das condições da ação agora é analisada no mérito da causa e dará ensejo a resolução do processo com resolução de mérito. • O autor carecer de interesse processual: O interesse processual também era uma das condições da ação pelo CPC de 1973, mas essa expressão deixou de existir, então agora o interesse processual se integra ao repertório dos pressupostos processuais, sendo um pressuposto processual de validade extrínseco positivo. O interesse processual, também chamado de interesse de agir, é demonstrado através de três requisitos: 1. Necessidade: Está no fato de que, a propositura da demanda deve ser necessária para que o autor alcance o fim almejado, ou seja, se o autor não ingressar emjuízo não terá como exercer o direito que ele acredita possuir. 2. Adequação: Está ligada à escolha do procedimento, não basta que a parte ingresse em juízo, ela também deve escolher o procedimento adequado, para tal. 3. Utilidade: Está no fato de que aquela ação poderá trazer algum resultado útil para a parte. Vários doutrinadores criticam esse requisito, sob o argumento que a utilidade na verdade não seria um requisito autônomo do interesse processual, mas sim uma consequência dos outros dois requisitos, ou seja, se a propositura da ação é necessária e você escolheu o procedimento adequado, via de consequência, a demanda pode ser útil ao autor. Esse requisito é incluído principalmente pela doutrina mais moderna. Faltando qualquer desses requisitos (não necessariamente os três) não se tem o interesse processual, havendo assim o indeferimento da petição inicial e a extinção do processo sem resolução de mérito. • Não atendidas as prescrições dos arts. 106 e 321: O art. 106 prevê que se o advogado estiver atuando em causa própria ele deverá obrigatoriamente informar seu nº de inscrição na OAB e seu endereço para que receba as intimações, se ele não o fizer haverá uma hipótese de indeferimento da inicial (não sem antes o juiz solicitar sua emenda). O art. 321 trata da emenda da petição inicial, então, se o autor não cumprir a ordem do juiz de emendar a inicial no prazo de 15 dias, esta será indeferida. Art. 331. Indeferida a petição inicial, o autor poderá apelar, facultado ao juiz, no prazo de 5 (cinco) dias, retratar-se. § 1º Se não houver retratação, o juiz mandará citar o réu para responder ao recurso. A decisão do juiz que indefere a petição inicial é uma sentença, e é uma sentença terminativa, que são aquelas onde o mérito não é resolvido, ao contrário das sentenças definitivas, que são aquelas em que o mérito é resolvido. Estando diante de uma sentença terminativa, cabe o recurso de apelação (art. 1.009) e é autorizado o chamado efeito regressivo, também chamado de efeito de retratação ou juízo de retratação. Isso consiste na possibilidade do juiz voltara atrás na sua decisão após a interposição do recurso. Então, o autor inconformado com o indeferimento da sua petição inicial, recorre dessa sentença terminativa através de recurso de apelação, uma vez interposto o juízo de apelação diante o juízo ad quo (ou seja, o juiz que proferiu a sentença), que é o juízo que realizará a retratação, esse juízo, ao receber a apelação não fará juízo de admissibilidade, que apenas é competência do tribunal superior, o juízo ad quo abrirá vistas para o recorrido oferecer as contrarrazões no prazo de 15 dias e enviará os autos para o tribunal superior para que faça o juízo de admissibilidade. Porém, se o juiz entender coerente, poderá em um prazo de 5 dias retratar-se, ou seja, voltar atrás na sua decisão. Se o juiz assim o fizer ele não estará julgando o mérito, visto que a sua decisão havia sido de indeferir a petição inicial, e na apelação ele verificou que estava errado e optou por deferi-la, assim, ele apenas ordenará a citação do réu, onde se dará o prosseguimento da demanda. O §1º prevê o caso em que o juiz não se retratar e o recurso subir para o tribunal. Se o juiz indeferiu a petição inicial, isso significa que o réu ainda não foi citado, como a petição inicial foi indeferida, o autor se sentiu prejudicado e apelou dessa sentença terminativa, se o juiz de primeira instancia não se retrata e afirma que de fato há o indeferimento da petição inicial, a apelação será apreciada pelo tribunal, porém antes disso há de se garantir ao réu o direito de contraditório, por isso o réu será citado para oferecer contrarrazões ao recurso de apelação. As contrarrazões são nada mais que a resposta do réu ao recurso de apelação oferecido pelo autor, por isso são uma garantia de contraditório. § 2º Sendo a sentença reformada pelo tribunal, o prazo para a contestação começará a correr da intimação do retorno dos autos, observado o disposto no art. 334. Se ao julgar a apelação, o tribunal reforma a sentença do juiz de primeira instância, verificando que de fato não seria hipótese de indeferimento da inicial, os autos retornarão á primeira instancia para que o réu apresente contestação, mas esse parágrafo diz que deve ser observado o que dita o art. 334, este que regulamenta a audiência de conciliação e mediação, então, se foi requerido pelo autor na inicial e não foi recusado pelo réu, haverá designação de audiência de conciliação ou mediação, e só após essa audiência, se não se chegar à um acordo, é que se iniciará o prazo para que o réu oferte contestação. § 3º Não interposta a apelação, o réu será intimado do trânsito em julgado da sentença. O réu será informado do transito em julgado da sentença mesmo que o autor nem sequer tenha apelado, pois se houve o indeferimento da petição inicial o réu não chegou nem sequer a ser citado, então para que ele tome ciência do processo, visto que nada impede que o autor reproponha essa demanda, desde que corrija o vício que deu origem à extinção do processo sem resolução de mérito, e aí poderá ser de interesse do réu arguir que aquela ação já havido sida proposta anteriormente, podendo isso ser importante para a sua defesa. ATENÇÃO: da decisão interlocutória que julgar liminarmente improcedente um dos pedidos, cabe agravo de instrumento, na forma do art. 1.015, II. A apelação só cabe para casos de total improcedência. Pedido É o núcleo da petição inicial, a pretensão material deduzida em juízo. A sua falta gerará a inépcia da inicial e consequentemente o seu indeferimento. O pedido é um dos elementos da ação, juntamente com as partes e a causa de pedir. Art. 141. O juiz decidirá o mérito nos limites propostos pelas partes, sendo-lhe vedado conhecer de questões não suscitadas a cujo respeito à lei exige iniciativa da parte. Art. 492. É vedado ao juiz proferir decisão de natureza diversa da pedida, bem como condenar a parte em quantidade superior ou em objeto diverso do que lhe foi demandado. Esses dois artigos se referem ao chamado princípio da congruência ou regra da congruência, que diz que o pedido limita a atuação do órgão julgador. O judiciário é inerte, ou seja, só age quando provocado, e também só age nos exatos limites dessa provocação, esse princípio é uma garantia da imparcialidade do julgador e daí decorre o princípio da congruência que limita o juiz á aquilo que foi pedido. Daí a proibição de que seja proferida sentença ultra, extra ou citra petita (além, fora, a menos), pois estas fogem dos limites do que foi pedido. Com a subida do recurso, o Tribunal poderá: • Manter a sentença de total improcedência: Quando verificar que o juiz tinha razão ao proferí-la. O acórdão condenará o autor ao pagamento de honorários advocatícios dos quais ele estaria dispensado se não tivesse recorrido, pois o réu nem se quer teria comparecido aos autos. •Verificar que não era hipóteses de aplicação do art. 332: Seja porque ausente as hipóteses previstas no dispositivo, seja porque o processo não é daqueles que dispensa instrução, caso em que o Tribunal anulará a sentença e determinará o retorno aos autos de primeira instância para que o réu tenha oportunidade de contestar, prosseguindo-se daí por diante. Serve o pedido também como elemento de identificação da demanda, para fim de verificação da ocorrência de conexão, litispendência ou coisa julgada. A conexão ocorre quando tivermos entre duas ou mais ações a mesma causa de pedir ou o mesmo pedido, a litispendência se dá quando duas ações idênticas (mesmas partes, causa de pedir e pedido) tramitam ao mesmo tempo, e por fim, temos coisa julgada quando há duas ações também idênticas, mas uma delas já teve decisão comtransito em julgado. Tanto a litispendência quanto a coisa julgada irão gerar a extinção do processo sem resolução de mérito, pois estes fazem que falte um pressuposto processual de validade extrínseco negativo. O pedido é o principal parâmetro de fixação do valor da causa (art. 291, CPC). Toda causa tem um valor, ainda que ela não tenha um valor aferível imediatamente, por isso ele sempre deverá estar presente na petição inicial. Quando falamos que o pedido serve, regra geral de parâmetro para fixação do valor da causa, estamos falando do art. 292, que prevê critérios legais para a fixação do valor da causa, esses critérios legais passam por aquilo que foi pedido, como por exemplo, se há uma cumulação de pedidos própria simples, o valor a ser dado a causa é a soma dos pedidos, já se estiver discutindo uma dívida, o valor da causa é o valor principal somado aos juros, correção monetária e possível multa contratualmente estabelecida, em uma ação de alimentos, o valor dado a causa será de 12 vezes o valor da pensão alimentícia que está sendo requerida. Art. 292. O valor da causa constará da petição inicial ou da reconvenção e será: I - na ação de cobrança de dívida, a soma monetariamente corrigida do principal, dos juros de mora vencidos e de outras penalidades, se houver, até a data de propositura da ação; II - na ação que tiver por objeto a existência, a validade, o cumprimento, a modificação, a resolução, a resilição ou a rescisão de ato jurídico, o valor do ato ou o de sua parte controvertida; III - na ação de alimentos, a soma de 12 (doze) prestações mensais pedidas pelo autor; IV - na ação de divisão, de demarcação e de reivindicação, o valor de avaliação da área ou do bem objeto do pedido; V - na ação indenizatória, inclusive a fundada em dano moral, o valor pretendido; VI - na ação em que há cumulação de pedidos, a quantia correspondente à soma dos valores de todos eles; VII - na ação em que os pedidos são alternativos, o de maior valor; VIII - na ação em que houver pedido subsidiário, o valor do pedido principal. § 1º Quando se pedirem prestações vencidas e vincendas, considerar-se-á o valor de umas e outras. § 2º O valor das prestações vincendas será igual a uma prestação anual, se a obrigação for por tempo indeterminado ou por tempo superior a 1 (um) ano, e, se por tempo inferior, será igual à soma das prestações. § 3º O juiz corrigirá, de ofício e por arbitramento, o valor da causa quando verificar que não corresponde ao conteúdo patrimonial em discussão ou ao proveito econômico perseguido pelo autor, caso em que se procederá ao recolhimento das custas correspondentes. Todas essas situações tem um ponto em comum, que é o pedido, que irá servir de critério para a fixação do valor da causa. A fixação do valor da causa é essencial para a demanda, tanto que toda petição inicial deve necessariamente trazê-lo, isso porque ele tem uma série de finalidades, como por exemplo o cálculo das custas, o valor do preparo, os honorários sucumbenciais (o CPC adota que os honorários devem ser baseados no valor da condenação, porém há causas onde não há condenação, como as ações meramente declaratórias, então nesse caso, os honorários serão baseados no valor dado á causa). O valor da causa também é importante para se determinar o rito ou procedimento que será utilizado naquele caso, como por exemplo, optar pelo juizado especial, a depender do valor da causa. Pedido imediato: providência jurisdicional que se pretende, o peido imediato pode ter natureza declaratória, condenatória, constitutiva, executiva... Pedido mediato: bem da vida, resultado prático que o demandante espera obter com a tomada daquela providência, como por exemplo, em uma ação de cobrança o bem da vida é a pecúnia, em uma ação de despejo, o bem da vida é o imóvel que deve ser desocupado pelo devedor e devolvido ao credor, que é o locador...Ou seja, é o resultado prático que a parte deseja alcançar com o provimento jurisdicional a ser deferido. Tanto o pedido imediato quanto o pedido mediato devem ser certos, ou seja, devem constar expressamente na petição inicial, mesmo que seja feita por atermação, nos juizados especiais. O pedido mediato poderá ser genérico em algumas hipóteses, enquanto o pedido imediato nunca poderá ser genérico. Requisitos: O pedido deve ser certo, determinado, claro e coerente: • Quanto á clareza, se quer dizer que o pedido deve ser inteligível, ou seja, se faltar clareza e o magistrado não entender o que lá foi redigido, teremos uma hipótese de inépcia da petição inicial. • A coerência é citada no art. 330, §1º, III, que dita que haverá inépcia da petição inicial se dos fatos narrados não decorrer logicamente a conclusão, os fatos narrados são a causa de pedir, e a conclusão é o pedido, então, se dos fatos narrados não decorrer logicamente a conclusão, faltará coerência ao pedido, gerando a inépcia da petição inicial, com consequente extinção do processo sem resolução de mérito. • O pedido também deve ser certo, que é o pedido expresso. Não se admite, regra geral, pedido implícito. Tanto o pedido imediato quanto o mediato devem ser certos. Porém, o CPC prevê expressamente algumas exceções em que o pedido poderá ser implícito (ou seja, não consta na petição inicial mas dela pode ser retirado): Art. 322. O pedido deve ser certo. Essa é a regra. § 1º Compreendem-se no principal os juros legais, a correção monetária e as verbas de sucumbência, inclusive os honorários advocatícios. Aqui está a primeira exceção, os juros legais, a correção monetária e as verbas de sucumbência, incluindo os honorários advocatícios, são considerados pelo próprio CPC como pedidos implícitos, visto que não precisam estar expressamente na petição inicial, então ainda que se leia os pedidos na petição inicial e estes não estejam inclusos, o juiz poderá incluí-los na condenação, como os juros legais, que regra geral correm a partir da citação válida, visto que esta constitui o devedor em mora, também a correção monetária, visto que pode correr um longo tempo entre a prolação da sentença e a sua execução, e as verbas de sucumbência, que incluem tanto as custas processuais, que são pagas pela parte vencida, quanto os honorários advocatícios, que nesse caso são os chamados honorários sucumbenciais, que são os que a parte vencida paga ao advogado da parte vencedora. § 2º A interpretação do pedido considerará o conjunto da postulação e observará o princípio da boa-fé. O que o CPC diz aqui, é que quando o juiz for interpretar o que foi pedido, deverá levar em consideração o pedido em seu conjunto, e também o princípio da boa-fé. Art. 323. Na ação que tiver por objeto cumprimento de obrigação em prestações sucessivas, essas serão consideradas incluídas no pedido, independentemente de declaração expressa do autor, e serão incluídas na condenação, enquanto durar a obrigação, se o devedor, no curso do processo, deixar de pagá-las ou de consigná-las. Esse artigo nos traz que as parcelas vincendas estão incluídas no pedido, ainda que o autor não faça menção expressa a elas, ou seja, ainda que não haja pedido certo e determinado sobre as parcelas vincendas, elas serão consideradas pelo juiz e incluídas no valor da condenação, se o réu (que é o devedor) não vier pagando ou consignando essas prestações em juízo no decorrer do processo. Como exemplo temos uma ação de cobrança de aluguéis em atraso, em que existam 5 meses de aluguel a ser cobrado no momento em que o autor ingressa em juízo, porém no curso da demanda, o réu continua não pagando esses aluguéis, e a ação demora 1 anos para tramitar, então o juiz, além de cobrar os 5 meses de aluguel originalmente atrasados, poderá cobrar mais esses 12 meses que não foram pagos e nem consignadosem pagamento pelo réu durante o curso da demanda. As exceções no direito devem ser interpretadas de forma restritiva, não se devendo fazer analogias a outras situações. Portanto, a regra é o pedido certo, e as exceções que permitem pedido implícito são apenas essas previstas em lei. Portanto as hipóteses de pedido implícito são apenas essas: - Juros legais - Correção monetária - Verbas de sucumbência - Honorários advocatícios sucumbenciais - Parcelas vencidas durante o curso do processo • O pedido determinado é aquele delimitado em relação à qualidade e à quantidade. Se contrapõe ao pedido genérico. Como por exemplo, se o autor ingressa em juízo com uma ação para a entrega de um veículo, que será uma ação de obrigação de entrega de coisa certa, onde o autor tenha adquirido um veículo de um particular e esse se nega a entregar o veículo ao autor da ação dentro da data ajustada, a parte autora ingressa em juízo para obtê-lo, não basta que ela ao formular o pedido peça a condenação do réu a entrega do veículo, ela precisa delimitar qual é esse veículo, com o ano, a marca, a cor, ou seja, todos aqueles fatores que identificam o veículo devem constar no pedido formulado pela parte. Porém aqui também temos exceções, existem hipóteses em que a lei admite expressamente o chamado pedido genérico: Art. 324. O pedido deve ser determinado. Essa é a regra, a seguir temos a exeções. § 1º É lícito, porém, formular pedido genérico: I - nas ações universais, se o autor não puder individuar os bens demandados; Nas ações universais é possível ter pedido genérico, esse tipo de ação ocorre quando o pedido diz respeito á uma universalidade de fato ou uma universalidade de direito. A universalidade de fato ocorre quando existe uma série de bens individuais, que, em seu conjunto, possuem uma destinação comum, como por exemplo uma biblioteca ou um rebanho. Já a universalidade de direito é formada pelo conjunto de bens, direitos, obrigações e relações jurídicas pertencentes a mesma pessoa, como por exemplo o espólio e a massa falida, onde se não for possível especificar cada um deles na petição inicial, se formule um pedido genérico. II - quando não for possível determinar, desde logo, as consequências do ato ou do fato; Existem situações em que não é possível determinar toda a extensão e consequências do ato ou do fato já na petição inicial. Como por exemplo uma pessoa que sofreu um acidente e pretende entrar em juízo com uma ação de reparação civil dos danos, pedindo indenização pelos danos materiais e morais decorrentes daquele acidente, como o prazo prescricional desse tipo de ação é de 3 anos, pode ocorrer que ao final do terceiro ano o autor ainda não tenha conseguido avaliar toda a extensão do dano sofrido pelo ato ilícito que deu origem á aquele acidente, podendo ainda estar em tratamento de saúde, por exemplo, porém ele precisa ingressar em juízo, caso contrário será acometido pelo prazo prescricional, então ele ingressa em juízo, requerendo a indenização por danos morais e materiais, porém não diz qual é o valor devido, pois ainda não tem ciência de toda a sua extinção, portanto este vai ser determinado no curso da sentença, ou se o juiz julgar procedente o pedido do autor, o valor do dano pode vir a der determinado em posterior fase de liquidação de sentença. Importante lembrar que o pedido genérico é o pedido mediato, pois só este poderá ser genérico, o pedido imediato é sempre certo e determinado (nesse exemplo o provimento jurisdicional requerido seria uma ação condenatória). III - quando a determinação do objeto ou do valor da condenação depender de ato que deva ser praticado pelo réu. Em determinadas situações há a necessidade de que o réu traga aos autos, por exemplo, algum documento necessário ao cálculo do valor a ser requerido pelo autor. Como no caso em que a parte ingressar em juízo contra uma instituição financeira discutindo, por exemplo, uma revisão de contrato, porém o autor da ação não tem acesso á esse contrato firmado com o banco, então ele sabe que os juros cobrados são excessivos, porém não tem como calcular o valor exato pois isso depende de ato praticado pelo réu, ou seja, ele precisa que o juiz intime o réu para que este forneça o contrato estabelecido entre as partes, tornando possível o cálculo do valor controvertido. § 2º O disposto neste artigo aplica-se à reconvenção. A reconvenção é a ação que o réu propõe contra o autor dentro do mesmo processo em que ele está sendo demandado, então temos a ação principal, que é a ação do autor contra o réu, e a reconvenção, que é do réu contra o autor dentro do mesmo processo. Na reconvenção o réu “contra-ataca” o autor e formula seus pedidos, e ao formular pedidos, esse deve seguir as mesmas regras do pedido formulado pelo autor na ação principal. Fora dessas hipóteses, o pedido deve ser necessariamente determinado, caso contrário será causa de inépcia da petição inicial, como consta no art. 330, §1º, II. Cumulação de pedidos: • Cumulação própria: quando se formulam vários pedidos, pretendendo-se o acolhimento simultâneo de todos eles. Pode ser simples ou sucessiva. - Simples: quando as pretensões podem ser analisadas uma independentemente da outra. Ou seja, um pedido não impede nem é questão prévia para a análise do outro pedido, não existe uma relação de dependência lógica entre um pedido e outro, eles podem ser deferidos independentemente um do outro. É um exemplo a ação indenizatória, quando se postula indenização por dano material e por dano moral, sendo que o deferimento do dano material independe do deferimento do dano moral e vice-versa. - Sucessiva: quando o acolhimento de um pedido pressupõe o acolhimento do anterior. Então aqui, o autor também pretende obter os dois pedidos formulados, mas o deferimento do segundo dependerá inteiramente do deferimento do primeiro. Um exemplo desse tipo de ação é a de investigação de paternidade cumulada com a ação de alimentos, estamos diante de uma cumulação própria sucessiva, onde o autor deseja tanto o reconhecimento de paternidade pelo réu como também busca o pagamento de pensão alimentícia, mas o juiz só poderá analisar o pedido de pensão alimentícia se primeiro ele deferir o pedido de reconhecimento de uma relação de filiação entre autor e réu. • Cumulação imprópria: quando se formula vários pedidos ao mesmo tempo, de modo que apenas um deles seja atendido. Pode ser subsidiária ou alternativa. - Subsidiária/eventual: o segundo pedido só será examinado se o primeiro for rejeitado ou não puder ser examinado. Ou seja, o autor deseja a obtenção do pedido principal, mas ele formula um pedido subsidiário ou eventual para que ele seja analisado pelo juiz apenas na impossibilidade de ser deferido ou de ser examinado o pedido principal. Portanto há de que se observar que há uma ordem definida pelo autor, que pretende ver deferido o pedido principal, o pedido subsidiário ou eventual só deverá ser examinado pelo juiz na impossibilidade de deferir o primeiro, senão deverá deferir o primeiro. Temos como exemplo uma ação que tenha por objeto uma obrigação de fazer, o que o autor almeja é o cumprimento dessa obrigação, mas, em se tornando impossível o cumprimento daquela obrigação de fazer ou o juiz entendendo por rejeitar o pedido, subsidiariamente o autor pode requerer as perdas e danos daí decorrentes. - Alternativa: consiste na formulação de mais de uma pretensão para que uma ou outra seja acolhida, sem expressar, com isso, qualquer preferência. O Que distingue essa cumulação da subsidiária ou eventual é que nesta o autor não suscita nenhuma preferência entre os pedidos formulados, ele formula os pedidos para que o juiz defira um ou outro, tanto faz qual deles será deferido pelo magistrado,visto que o autor não expressou preferência. É exemplo um consumidor que pede a troca de um produto defeituoso ou o dinheiro de volta. Não se deve confundir a cumulação imprópria alternativa com o pedido alternativo, que é pedido único, fundado em obrigação alternativa. No caso da cumulação imprópria alternativa, como o autor não determina preferência, quem irá escolher o pedido a ser deferido é o juiz, já no pedido alternativo isso não acontece, pois como o pedido alternativo é um pedido único que decorre de uma obrigação alternativa o que se deve observar é a quem cabe a escolha na obrigação alternativa, o que vai depender do que estiver estabelecido entre as partes, e se estas nada tiverem estabelecido, a escolha caberá ao devedor. Art. 325. O pedido será alternativo quando, pela natureza da obrigação, o devedor puder cumprir a prestação de mais de um modo. Parágrafo único. Quando, pela lei ou pelo contrato, a escolha couber ao devedor, o juiz lhe assegurará o direito de cumprir a prestação de um ou de outro modo, ainda que o autor não tenha formulado pedido alternativo. Ainda que o autor, no momento da propositura da ação, não tenha mencionado que se trata de uma obrigação alternativa, e tenha formulado apenas um pedido, que é o que ele almeja, se estivermos diante de uma ação alternativa e a escolha couber ao devedor, o juiz, ainda que o autor não tenha mencionado na inicial tratar-se de uma obrigação alternativa, dará ao devedor a oportunidade de escolher a forma em que a obrigação será cumprida. Art. 326. É lícito formular mais de um pedido em ordem subsidiária, a fim de que o juiz conheça do posterior, quando não acolher o anterior. Aqui se fala da cumulação imprópria subsidiária ou eventual, fala da possibilidade do juiz conhecer do segundo pedido, no caso de impossibilidade ou de rejeição do pedido principal. Parágrafo único. É lícito formular mais de um pedido, alternativamente, para que o juiz acolha um deles. O parágrafo único, por sua vez, fala da cumulação imprópria alternativa. Requisitos para a cumulação: Art. 327. É lícita a cumulação, em um único processo, contra o mesmo réu, de vários pedidos, ainda que entre eles não haja conexão. § 1º São requisitos de admissibilidade da cumulação que: I - os pedidos sejam compatíveis entre si; A princípio, não é possível formular dois ou mais pedidos que se excluem mutuamente, devendo eles ser compatíveis entre si. Importante ressaltar que essa compatibilidade só é exigida na cumulação própria, pois, seja ela simples ou sucessiva, a parte formula dois ou mais pedidos na intenção de obter todos eles, então necessariamente esses pedidos devem ser compatíveis. Agora, essa regra não se aplica a cumulação imprópria, seja ela subsidiária/eventual ou alternativa, isso se dá porque o deferimento de um pedido implica no indeferimento do outro, então aqui os pedidos podem não ser compatíveis entre si pois de qualquer forma o juiz não deferirá ambos. II - seja competente para conhecer deles o mesmo juízo; Ou seja, para se cumular dois ou mais pedidos em uma mesma petição inicial, há necessidade de que o juízo seja competente para julgar todos eles. Essa regra é inafastável se estivermos diante da competência absoluta, se o juízo não possuir competência absoluta para conhecer de todos os pedidos cumulados ele deverá seguir com a demanda com aquele pedido cujo qual tem competência para julgar e deverá extinguir o processo sem resolução de mérito nos demais pedidos, estes que deverão ser objeto de ações autônomas, já que aquele juízo não possui competência absoluta para examiná-los. Porém, se estivermos diante de uma hipótese de competência relativa, existirá a possibilidade de modificação de competência, decorrente da derrogação, conexão ou prorrogação, então, se o juiz for relativamente incompetente para reconhecer um dos pedidos, ele poderá vir a se tornar competente em virtude de uma dessas hipóteses. III - seja adequado para todos os pedidos o tipo de procedimento. § 2o Quando, para cada pedido, corresponder tipo diverso de procedimento, será admitida a cumulação se o autor empregar o procedimento comum, sem prejuízo do emprego das técnicas processuais diferenciadas previstas nos procedimentos especiais a que se sujeitam um ou mais pedidos cumulados, que não forem incompatíveis com as disposições sobre o procedimento comum. O §2º completa a regra do III. O inciso III exige que, para a cumulação de pedidos, todos os pedidos comportem o mesmo tipo de procedimento, porém, o §2º diz que se para cada pedido corresponder um tipo de procedimento diferente, é possível sim a cumulação desses pedidos, desde que o autor empregue o procedimento comum, desde que não haja prejuízo das técnicas processuais que se diferem nos procedimentos especiais e que estas não sejam incompatíveis com o rito do procedimento comum, caso contrário a parte terá que abrir mão desses técnicas e seguir o procedimento comum. Como por exemplo na ação possessória, visto que o seu único passo que se difere do procedimento comum é a liminar se a posse for nova (menos de ano e dia). § 3º O inciso I do § 1º não se aplica às cumulações de pedidos de que trata o art. 326. Ou seja, para que se cumule pedidos, há necessidade de que sejam compatíveis entre si, porém essa regra só se aplica a cumulação própria, seja simples ou sucessiva, e não se aplica a cumulação imprópria, seja ela subsidiária ou eventual (art. 326, caput) ou alternativa (art. 326, parágrafo único). Ampliação/alteração objetiva da demanda: Art. 329. O autor poderá: I - até a citação, aditar ou alterar o pedido ou a causa de pedir, independentemente de consentimento do réu; Aqui se fala de duas situações distintas, a primeira delas é a de aditamento, ou seja, do autor acrescentar um pedido ou uma causa de pedir a sua petição inicial. Já no caso da alteração, estamos falando em uma modificação que será feita na causa de pedir ou no pedido já apresentado. Quando falamos em aditamento ou alteração do pedido ou causa de pedir estamos falando da possibilidade de aditar ou alterar os elementos objetivos da demanda, e isso pode ser feito após a distribuição da petição inicial, e antes da citação do réu, sem que haja necessidade da autorização do réu, visto que a relação jurídica só se completa com a citação do réu. II - até o saneamento do processo, aditar ou alterar o pedido e a causa de pedir, com consentimento do réu, assegurado o contraditório mediante a possibilidade de manifestação deste no prazo mínimo de 15 (quinze) dias, facultado o requerimento de prova suplementar. Entre a citação do réu e o saneamento do processo também é possível aditar ou alterar o pedido ou a causa de pedir, porém nesse caso, como o réu já foi citado, haverá a necessidade do seu consentimento, só com a autorização do réu, com a sua anuência, poderá ser alterado ou aditado o pedido ou a causa de pedir após a citação. Isso poderá ser feito desde a citação até a fase saneatória do processo, essa que o momento em que o juiz verifica se há possíveis vícios processuais que podem impedir o prosseguimento do feito e o julgamento da demanda, por isso, na fase de saneamento ocorrerá a chamada estabilização da demanda, ou seja, o pedido e a causa de pedir já devem estar definidos nessa fase, visto que na sequencia ocorrerá a fase probatória ou instrutória, e ai, para que o juiz possa definir dentro do saneamento do processo quais provas deverão ser produzidas, quais são os pontos de fato controvertidos, qual o direito relevante para o julgamento da demanda ele precisará saber qual o pedido e a causa de pedir, pois é com base nesses elementos objetivos da demanda que o juiz vai definir esses pontos. Parágrafo único. Aplica-se o dispostoneste artigo à reconvenção e à respectiva causa de pedir. O parágrafo único complementa a regra dizendo que o disposto nesse artigo se aplica na reconvenção e na sua respectiva causa de pedir. A reconvenção do réu é a ação contra o autor dentro do mesmo processo em que está sendo demandado, então com a reconvenção passa a existir duas ações dentro do mesmo processo, a ação principal, que é a ação proposta pelo autor em face do réu, e a reconvenção, que é a ação do réu (reconvinte) em face do autor (reconvindo). Será possível alterar pedidos e causa de pedir na reconvenção, desde que se siga as mesmas regras que se aplicam a ação principal, porém com a alteração de que se pode alterar até a citação do autor (não do réu) que nesse caso será o reconvindo e será intimado na pessoa do seu advogado, sem a necessidade da anuência deste, depois da intimação do reconvindo (que será feita na pessoa do seu advogado) e até o saneamento daquele processo, será possível a alteração do pedido e da causa de pedir, desde que haja autorização do reconvindo, sendo garantido a ele o contraditório em um prazo mínimo de 15 dias. Quanto à ampliação da demanda, devem ser feitas algumas considerações: a) Se o novo pedido for conexo ao pedido originário, não há razão para impedir o aditamento, mesmo após o saneamento do processo. Temos conexão quando duas ou mais ações tiverem o mesmo pedido ou a mesma causa de pedir, regra geral a consequência prática da conexão é a reunião dos processos nas mãos do juízo prevento (que é aquele onde a primeira ação foi distribuída). Por que a doutrina vem colocando que mesmo depois da fase de saneamento, em se tratando de ações conexas, poderia haver o aditamento do pedido ou causa de pedir? Pois a consequência prática seria a mesma, visto que o art. 329 em um primeiro momento veda a alteração do pedido ou da causa de pedir após o saneamento do processo, nesse caso, não podendo o autor aditar o pedido ou a causa de pedir depois da fase de saneamento pois já houve a estabilização do processo, esse autor ingressaria em juízo com uma nova ação e faria as alterações que ele não pode fazer na outra ação, e aí se teria duas ações com o mesmo pedido ou mesma causa de pedir e a consequência pratica seria que as ações seriam reunidas na mão do juízo prevento, para evitar decisões contraditórias, então não haveria motivos para se impedir o aditamento do pedido ou da causa de pedir após o saneamento, até por uma questão de economia processual. b) Através da auto composição, as partes podem ampliar o objeto litigioso originário (art. 515, §2º, CPC). É sabido que as partes podem transacionar e a transição é uma das hipóteses de auto composição, que é um acordo feito entre as partes. Através da transação as partes podem aditar e ampliar o objeto litigioso, isso quer dizer que as partes poderão fazer acordos sobre algo que a princípio não foi objeto do pedido, ou seja, elas podem ampliar o pedido ou a causa de pedir se for feito através de transação, isso porque existe a chamada regra da congruência, que diz que o pedido limita a atuação do órgão julgador, portanto após o saneamento do processo não poderia ser alterado nem o pedido nem a causa de pedir pois o juiz precisa saber com base em que pedido e em que causa de pedir serão produzidas as provas e ao final será proferido o julgamento, isso ocorre na hétero composição, quando o julgamento será feito por um terceiro imparcial (que é a figura do magistrado), na auto composição o que impera é a livre vontade das partes, que manifestam, perante o juízo, o interesse de transigir, e portanto elas não estão limitadas por aquilo que foi objeto do pedido e da causa de pedir na petição inicial, as partes podem através de um acordo ampliar a demanda. c) O art. 493 do CPC permite o acréscimo de nova causa de pedir, ligada a fato superveniente, até mesmo de ofício, em qualquer estágio do processo, se o seu conhecimento interferir no julgamento da causa. O art. 493 irá nos falar que o juiz deve levar em consideração, de ofício ou a requerimento das partes fatos impeditivos, modificativos ou extintivos do direito que surjam após a distribuição da petição inicial e até mesmo após a fase de saneamento do processo, ou seja, se no curso do processo ocorrer um fato superveniente seja ele impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor e este fato interferir no julgamento de mérito o juiz deverá levá-lo em consideração no momento de proferir sentença. O juiz poderá fazê-lo até mesmo de ofício, ou seja, ainda que não haja requerimento de qualquer das partes no sentido de apreciar aquele fato superveniente que necessariamente tem que influir no julgamento de mérito, o juiz pode, observando a ocorrência desse fato, apreciá- lo de ofício. Art. 493. Se, depois da propositura da ação, algum fato constitutivo, modificativo ou extintivo do direito influir no julgamento do mérito, caberá ao juiz tomá- lo em consideração, de ofício ou a requerimento da parte, no momento de proferir a decisão. Parágrafo único. Se constatar de ofício o fato novo, o juiz ouvirá as partes sobre ele antes de decidir. Necessariamente, se o juiz de ofício constatar o fato novo que influi no julgamento do mérito, ele terá que garantir as partes o exercício do contraditório, que é o direito de informação e de reação. Quanto à alteração objetiva da demanda devem ser feitas as seguintes considerações: a) A negativa do réu quanto à alteração da demanda deve ser expressa, pois o seu silêncio, após a intimação para tanto e decorrido o prazo estabelecido pelo juiz, poderá ser considerado concordância tácita, operando-se a preclusão. b) Não se pode alterar objetivamente o processo em fase recursal, até mesmo para que não haja supressão de instância, visto que se fosse alterado o pedido ou causa de pedir na fase recursal, quem os analisaria seria o tribunal, não passando pelo juízo de primeira instância que primeiro proferiu decisão sobre o caso. c) Observadas as regras, é possível a alteração do objeto imediato (provimento jurisdicional requerido) e mediato (bem da vida, resultado prático que o autor pretende alcançar) do pedido. Questões Pertinentes: • Conforme norma prevista no Código de Processo Civil, antes de emitir pronunciamento pelo indeferimento da petição inicial, o juiz deveria indicar com precisão o que, no seu entendimento, deveria ser corrigido ou completado, concedendo à parte a oportunidade de se manifestar e de sanar o vício. • Considera-se proposta a ação quando a petição inicial for protocolada, todavia, a propositura da ação só constituirá em mora o devedor depois que o réu for validamente citado. • Indeferida a inicial, o autor poderá apelar, facultado ao juiz, no prazo de cinco dias, retratar-se; se não houver retratação, o juiz mandará citar o réu para responder ao recurso. • De acordo com o código de processo civil, o autor poderá aditar ou alterar o pedido e a causa de pedir até o saneamento do processo, com consentimento do réu, assegurado o contraditório mediante a possibilidade de manifestação deste no prazo mínimo de 15 (quinze) dias. • O juiz, ao verificar que a petição inicial não preenche os requisitos dos arts. 319 e 320 ou que apresenta defeitos e irregularidades capazes de dificultar o julgamento de mérito, determinará que o autor, no prazo de 15 (quinze) dias, a emende ou a complete, indicando com precisão o que deve ser corrigido ou completado. • O autor deverá indicar, na petição inicial, seu desinteresse na autocomposição, e o réu deverá fazê-lo, por petição, apresentada com 10 (dez) dias de antecedência, contados da data da audiência. • Em ação de indenização, se o autor pedir indenização por danos materiais e morais, estará caracterizada a cumulação simples.• No Processo Civil, a decisão do julgador que indefere a petição inicial por manifesta ilegitimidade ativa do único autor da demanda pode ser atacada por apelação. • São requisitos da admissibilidade da cumulação de pedidos que os pedidos sejam compatíveis entre si, seja competente para conhecer deles o mesmo juízo e seja adequado para todos os pedidos o tipo de procedimento. • O princípio da adequação do procedimento admite a cumulação de pedidos iniciais procedimentalmente incompatíveis, desde que seja possível ajustá-los ao procedimento comum. • Na ação que tiver por objeto cumprimento de obrigação em prestações sucessivas, essas serão consideradas incluídas no pedido, independentemente de declaração expressa do autor, e serão incluídas na condenação, enquanto durar a obrigação, se o devedor, no curso do processo, deixar de pagá-las ou de consigná-las. • O pedido deve ser determinado. É lícito, porém, formular pedido genérico: 1. Nas ações universais, se o autor não puder individuar os bens demandados; 2. Quando não for possível determinar, desde logo, as consequências do ato ou do fato; 3. Quando a determinação do objeto ou do valor da condenação depender de ato que deva ser praticado pelo réu. • Não constitui requisito da petição inicial: a regra jurídica aplicável ao caso. • O autor, ao ajuizar uma determinada ação perante o Poder Judiciário, deve ter alguns cuidados, que caso não sejam observados, poderão levar ao indeferimento liminar da petição inicial, sendo certo que: não interposto recurso contra a manifestação judicial em comento, o réu será intimado do seu trânsito em julgado. • Vencida e não cumprida determinada obrigação contratual, o credor ajuizou ação em que pleiteava a condenação do devedor a pagá-la. Depois de contestada a demanda, e encerrada a fase instrutória, o juiz reputou configurados os fatos constitutivos do direito alegado pelo autor, vindo a acolher a sua pretensão. Além do pagamento da obrigação contratual, foi o réu condenado a pagar juros moratórios legais, correção monetária e honorários de sucumbência, itens que não haviam sido objeto de pedido na inicial. Nesse quadro, a sentença proferida foi → válida, visto que compreendem-se no [pedido] principal os juros legais, a correção monetária e as verbas de sucumbência, inclusive os honorários advocatícios. Logo, esses valores não precisam estar expressos no pedido. Assim, a sentença que julga o pagamento desses valores encontra-se limitada pelo pedido. • Sobre a possibilidade de modificação dos pedidos na petição inicial, o autor poderá até a citação, aditar ou alterar o pedido ou a causa de pedir, independentemente de consentimento do réu. • Se a petição inicial não preencher os requisitos legais, apresentando defeitos e irregularidades capazes de dificultar o julgamento de mérito e verificando-se ainda a incapacidade processual da parte, deverá o juiz, quanto aos defeitos e irregularidades capazes de dificultar o julgamento do mérito, determinar que o autor emende a inicial ou a complete em quinze dias, indicando com precisão o que deve ser corrigido ou completado; quanto à incapacidade processual verificada, o juiz suspenderá o processo e designará prazo razoável para que seja sanado o vício. • O juiz, ao analisar a emenda da petição inicial por ele determinada, poderá julgar liminarmente improcedente o pedido, nas causas que dispensem a fase instrutória, que contrariar enunciado de súmula de tribunal de justiça sobre direito local. • Se a petição inicial com vício sanável não for emendada no prazo de 15 (quinze) dias a contar da intimação judicial para tanto, ela deverá ser indeferida, caso em que o autor poderá interpor apelação e será facultado ao juiz da causa retratar-se no prazo de 05 dias. • Se o juiz não se retratar da decisão que julgou liminarmente totalmente improcedente à ação, o réu será citado para apresentar contrarrazões à apelação. • A petição inicial não será indeferida se, apesar de não conter todas as informações exigidas pelo CPC/2015 para qualificar o réu, for possível realizar a citação do réu. • Se o juiz indeferir a inicial e o autor não apelar da decisão, o réu não será citado para a ação, mas deverá ser intimado do trânsito em julgado da sentença. • Se o Tribunal de Justiça reformar a decisão do juiz que indeferiu a petição inicial, determinando que a ação seja processada normalmente em primeira instância, o réu PODERÁ SIM apresentar contestação, AINDA QUE já tenha apresentado defesa em sede recursal. • Na fase postulatória do Procedimento Comum o pedido deve ser certo e determinado. Carlos pretende mover demanda em face da empresa Delta YZ, mas não é possível determinar desde logo, as consequências do ato ilícito praticado pela referida empresa. Neste caso, assinale a alternativa correta sobre a conduta que Carlos deve tomar: Carlos deve formular pedido genérico, pois de acordo com o Código Processo Civil é lícito formular pedido genérico quando não for possível determinar, desde logo, as consequências do ato ou do fato. • Determinada petição inicial traz o pedido de declaração de inexigibilidade do débito e indenização por danos morais em razão da cobrança indevida, objeto do pleito declaratório. Nesse caso, é certo afirmar que a cumulação de pedidos é sucessiva. • A petição inicial deverá ser acompanhada de procuração, que conterá os endereços do advogado, eletrônico e não eletrônico. • Situação hipotética: Em sede de liquidação de sentença, a parte impugnou decisão judicial que incluiu na condenação juros de mora e correção monetária, sob o fundamento de configurar julgamento extra petita. Assertiva: Nesse caso, a parte agiu erroneamente, porque a fixação de juros de mora e correção monetária constitui pedido implícito. • São questões prejudiciais aquelas relativas à existência de uma relação jurídica e relevantes para a solução do mérito. • A petição inicial será indeferida quando da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão. • Art. 106. Quando postular em causa própria, incumbe ao advogado: I - declarar, na petição inicial ou na contestação, o endereço, seu número de inscrição na Ordem dos Advogados do Brasil e o nome da sociedade de advogados da qual participa, para o recebimento de intimações; (...) § 1º Se o advogado descumprir o disposto no inciso I, o juiz ordenará que se supra a omissão, no prazo de 5 (cinco) dias, antes de determinar a citação do réu, sob pena de indeferimento da petição. • Nas causas em que é desnecessária a instrução, o juiz julgará liminarmente improcedente o pedido que contrariar enunciado de súmula de Tribunal de Justiça sobre direito local. • Transitada em julgado a sentença de mérito proferida em favor do réu antes da citação, incumbe ao escrivão ou ao chefe de secretaria comunicar-lhe o resultado do julgamento. • A sentença que indefere a petição inicial é proferida sem resolução de mérito, logo faz coisa julgada formal, podendo o autor ajuizar a mesma ação num momento futuro. • Pedro propôs demanda em face de João, imputando-lhe o fato de tê-lo agredido fisicamente, o que, alegadamente, lhe gerou danos materiais e morais, cujas indenizações pleiteia. Está-se diante de cumulação de pedidos → simples. • É lícito formular pedido genérico, quando não for possível determinar, desde logo, as consequências do ato ou do fato. • O pedido deve ser certo, e a certeza diz respeito à clareza do pedido. Se a petição inicial não estiver suficientemente clara, contendo irregularidades no pedido, o juiz determinará que o autor a emende, indicando com precisão o que deve ser corrigido. • A alternatividade quanto ao pedido pode decorrer da própria natureza da obrigação, ou por estratégia processual, em que o autor cumula pretensões alternativas.• Pode haver pedidos subsidiários, em que o autor formula um ou mais pedidos subsequentes, que só deverão ser examinados pelo juiz se não acolhidos os pedidos antecedentes. • Para que se admita a cumulação de pedidos, não se exige que os pedidos cumulados sejam conexos. • O pedido deve ser certo e determinado. No entanto, são compreendidos no principal os juros legais, a correção monetária e as verbas de sucumbência, inclusive os honorários advocatícios. • A compatibilidade entre os pedidos é requisito que somente submete a cumulação própria, não alcançando, por lógica, a cumulação imprópria, que naturalmente congrega pretensões excludentes entre si. • Enquanto o pedido alternativo encerra um único pleito, passível de ser cumprido de mais de uma forma, a chamada cumulação alternativa veicula mais de uma postulação, podendo qualquer uma delas ser acolhida. • Se a ação tiver por objeto a revisão de obrigação decorrente de empréstimo, o autor deverá, sob pena de inépcia, discriminar na inicial, entre as obrigações contratuais, aquelas que pretende controverter, além de quantificar o valor incontroverso do débito. • A inépcia da petição inicial, a manifesta ilegitimidade da parte e a ausência de interesse processual são hipóteses de indeferimento da petição inicial. • Caso não disponha das informações do réu, o autor poderá, na petição inicial, requerer ao juiz diligências necessárias à sua obtenção. • No pedido principal compreendem-se juros e correção monetária. • Na ação que tiver por objeto cumprimento de obrigação em prestações sucessivas, essas serão consideradas incluídas no pedido, independentemente de declaração expressa do autor, e serão incluídas na condenação, enquanto durar a obrigação, se o devedor, no curso do processo, deixar de pagá-las ou de consigná-las. • O interesse do autor pode limitar-se à declaração: da existência, da inexistência ou do modo de ser de uma relação jurídica ou da autenticidade ou da falsidade de documento.
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