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ECONOMIA BRASILEIRA

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ECONOMIA BRASILEIRA
PAULO BRITO
ECONOMIA BRASILEIRA
PLANOS ECONÕMICOS, INCLUINDO O PROGRAMA DE ACELERAÇÃO DO CRESCIMENTO (PAC) E POLÍTICAS ECONÔMICAS BÁSICAS.
SÃO PAULO
EDITORA ATLAS S.A. - 2016
2016 by Editora Atlas S.A.
Observação: A Editora Atlas publicou este livro em duas edições, durante o período 2000-2010. Há seis anos vem sendo disponibilizado aos alunos por meio magnético. Esta versão está atualizada até 2016. 
Dados catalográficos.
Rômulo Barreto de Almeida foi um dos precursores do planejamento no País e na América Latina. Formado em Direito, pela Universidade do Brasil, já que naquela época não havia aqui o curso regular de ciências econômicas, mas foi nessa área em que mais se destacou. Desde a década de 1930 à década de 1980, em órgãos públicos e privados, tais como: Comissão Econômica para a América Latina e Região do Caribe (CEPAL) e Assessoria Econômica do governo Vargas, tendo participado dos estudos do Plano SALTE e dos anteprojetos da criação da PETROBRAS, TELEBRAS, ELETROBRAS, BNDES, BANCO DO NORDESTE, BANCO DA AMAZÔNIA, POLO PETROQUÍMICO DE CAMAÇARI, entre outras grandes iniciativas brasileiras de perenidade.
“Eu vinha me preparando como economista..., enquanto estava com San Tiago Dantas, até traduzir um livro, durante as noites, finais de semana, férias, o clássico de Alfred Marshall, de que agora saiu até uma 2ª. edição pela Editora ABRIL. Assim, transformava-me em economista, profissionalizei-me como economista, o que não me deu uma riqueza, mas me deu um mínimo de segurança de vida”.
ALMEIDA, Rômulo. Voltado para o futuro. Fortaleza: BNB, 1986.
O que está faltando no Brasil é o resgate do planejamento econômico estratégico, isto é, de longo prazo, iniciado em 1949 e abandonado em 1979. O modelo econômico passou do início dos anos setenta até hoje a ser o de um tripé de políticas econômicas de curto prazo.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO 05
2. Política de planejamento no Brasil 07
2.1 Um pouco de teoria do planejamento 07
2.2 Um resumo do planejamento no Brasil 08
2.3 Plano SALTE 09
2.4 Plano de METAS 13 2.5 Plano TRIENAL 16
2.6 Programa de Ação Econômica do Governo (PAEG) 24 
2.7 Programa Estratégico do Desenvolvimento (PED) 35
2.8 Primeiro Plano Nacional de Desenvolvimento (I PND) 40
2.9 Segundo Plano Nacional de Desenvolvimento (II PND) 45
2.10 Terceiro Plano Nacional de Desenvolvimento (III PND) 47
2.11 Plano CRUZADO 50
2.12 Plano CRUZADO II 56
2.13 Plano BRESSER 57
2.14 Plano VERÃO 60
2.15 Plano COLLOR 67
2.16 Plano COLLOR II 73
2.17 Plano REAL 76
2.18 Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) 87
3. Política monetária 110
4. Política cambial 112
5. Política fiscal 116
6. Política de distribuição de rendas 133
7. Política educacional 140
8. Política da saúde 152
9. Política habitacional 160
10. Política agrícola 168
11. Política agrária 176
12. Política industrial 188
13. Política das minas e energia 202
14. Política salarial 212
15. CONSIDERAÇÕES FINAIS 242 
1. INTRODUÇÃO
A ideia de escrever este texto decorreu da necessidade de estudar a Economia Brasileira Contemporânea, periodizada a partir dos anos cinquenta do século XX, quando houve a grande mudança estrutural de uma sociedade rural para uma sociedade urbana e industrial, sem que a primeira perdesse suas principais características, tornando a economia brasileira complexa e em rumo ao crescimento econômico.
A forma de apresentação escolhida é a de grandes temas, devido a constar do programa da disciplina denominada por Economia Brasileira ou nome assemelhado, para os cursos de economia, sociologia, administração, direito, geografia, contabilidade, estatística, veterinária, jornalismo, comunicações, dentre outros. Especificamente, para a graduação de ciências econômicas, ele se complementa com um grande número de textos de econometria e serve para balizar o que pode ser aprofundado.
Aqui são destacadas as políticas econômicas: (1) de planejamento no Brasil; (2) monetária; (3) cambial; (4) fiscal: (5) de distribuição de renda; (6) de educação; (7) da saúde; (8) da habitação; (9) da agricultura; (10) da reforma agrária; (11) da indústria; (12) das minas e energia; e (13) salarial. Se fossem enumeradas as diferentes políticas econômicas, de acordo com o atual governo, seriam pelo menos 31 formas diferentes delas (eram 39 até 2015), conforme é o número de ministérios da União.
O intento que se busca é abordar o maior número de fatos relevantes. No entanto, há informações estratégicas ou de segurança, que certas vezes dificultam a análise. Tampouco, os assuntos não serão abordados à exaustão, lembrando que em muitos casos é preciso demonstrar de forma mais aprofundada, o que não será objeto deste texto.
Dessa forma, este trabalho examinará principalmente os 15 planos econômicos executados pelo governo federal. Em curso, desde 22-01-2007, o governo lançou o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que será abordado em suas medidas propostas e realizações. O PAC foi desdobrado emtrês, cada vez mais diluído. Não obstante existam hoje 31 ministérios, serão examinadas 12 políticas econômicas de sustentação do crescimento, as quais açambarcam a maioria dos recursos do orçamento da União.
Ao leitor, deixa-se aqui consignado que o propósito principal é ter uma visão sistêmica de como as políticas econômicas definem os destinos do País, pontuando que os erros do passado, sirvam para acertos no presente e no futuro.
Os agradecimentos principais vão para os colegas e a muitos anônimos que contribuíram para que este livro se tornasse realidade. Em especial: aos professores Carlos Macedo, Virgílio Pacheco, Orlando Matos. Aos grandes incentivadores: Ciro Britto, Ruy Britto, Paulo de Sousa Britto, Selma e Silvan Villas Boas. 
Muito deste trabalho é devido aos alunos, grandes incentivadores e colaboradores do texto, para os quais fica a eterna gratidão. Por fim, os erros encontráveis neste são de responsabilidade exclusiva do seu autor.
2
POLÍTICA DE PLANEJAMENTO NO BRASIL
2.1 UM POUCO DE TEORIA DO PLANEJAMENTO
Inúmeros manuais de introdução à economia apresentam as ciências econômicas comportando três desdobramentos: a economia descritiva, a teoria econômica e a política econômica. Ou seja, história, sistematização e normalização, respectivamente.
A economia descritiva, senso comum, empirismo, é o conjunto de observações do mundo real, identificando os fatos econômicos no curso histórico. A teoria econômica é positiva. Vale dizer, é o conjunto de princípios, conceitos e leis com base na coerência, consistência e objetividade. A teoria econômica compreende dois grandes ramos: a microeconomia e a macroeconomia. A microeconomia é a teoria dos preços, abrangendo os seus reflexos para o consumidor, para as firmas, em busca do equilíbrio, seja ele parcial ou geral. A macroeconomia é a teoria para os grandes agregados da sociedade, tais como consumo, investimento, poupança, tributação, gastos do governo, exportações, importações, balanço de pagamentos, dentre outros. Isto é, a macroeconomia é a teoria dos preços básicos da sociedade, tais como: salários, juros, lucros, dividendos, dentre outros, envolvendo as teorias da moeda, do crédito, do emprego, do comércio internacional, da distribuição de renda e do planejamento.
A economia descritiva pode estar agrupada também em disciplinas, tais como história das doutrinas econômicas, do pensamento econômico, das leis econômicas. Já a teoria econômica é também conhecida como economia política. Aliás, era assim que foi primeiramente tratada nos manuais. Enfim, estes dois núcleos básicos da economia, fazem parte do segmento chamado de economia positiva. À luz dos conhecimentos dos núcleos básicos há o exercício partidário deles, através de um sistema de valores e convicções, denominado de política econômica, que é a economia normativa, impositiva, a qual será examinada, para o caso brasileiro, no que se afigurar de mais relevante.
2.2 RESUMO DO PLANEJAMENTO NO BRASIL
É preciso fazer um breve relato de como o Brasil se tornou possuído como colônia portuguesa, tornando-se também dependente do capitalismo inglês, através do comércio entre aquelas duas metrópoles. Após o bloqueio napoleônico a família real veio transformar a colônia em Reino Unido ao de Portugal. O retorno da família real fez com que Dom Pedro I decretasse a independência política do Brasil. No entanto, como monarquia continuou sob o signo da dependência externa. Proclamada a República, o presidencialismo brasileiro continuava atrelado ao modelo primário-exportador. Mais de cem anos depois, da “independência” surgiu a Aliança Liberal que lançou Getúlio Vargas à Presidência da República. As eleições foram fraudadas. Através de um golpe militar, Getúlio Vargas foi conduzido à presidência No discurso de posse, a 3 de novembro de 1930, lançou um programa de 17 pontos de organização nacional. Porém, o planejamento só se insinuou em 1939, quando foi apresentado o Plano Especial de Obras Públicas e Aparelhamento da Defesa Nacional.
Essas duas primeiras tentativas de planejamento tinham direção certa à instalação da indústria de base, principalmente a siderúrgica. Contudo, pelo conceito de planejamento econômico, que é global, nacional e contendo metas claras, referidas tentativas não passaram de arremedos do planejamento. A ditadura de quinze anos de Vargas foi substituída pelo regime democrático de 1946. Porém, somente em 1948 foi enviado pelo governo um projeto de lei para um plano de desenvolvimento, debatido pelo Congresso e aprovado para vigorar a partir de 1949, intitulado de Plano SALTE. De lá para cá, inúmeros anteprojetos de lei foram discutidas no Congresso, outras enviadas como medidas de força da ditadura militar de 1964. Mesmo com a democracia, em 1985, os anteprojetos seguiram como medidas de exceção, sendo quinze delas de caráter abrangente, visando o longo prazo (decreto lei, medida provisória), ainda que não fossem todas exitosas. Mas ficaram na história como planos econômicos. 
As grandes dificuldades sempre foram as de integração da estrutura com a conjuntura, o que tantas vezes torna incompatível fazer um Plano de Desenvolvimento, que envolve basicamente aspectos estruturais, com um Programa de Estabilização, que é conjuntural.
2.3 PLANO SALTE
2.3.1 INTRODUÇÃO
O Plano SALTE contemplou quatro metas: saúde, alimentação, transportes e energia, cujas primeiras letras das metas correspondem a sua sigla. Convencido de que a via capitalista alinhada aos Estados Unidos era a melhor, o presidente Dutra, em maio de 1948, através de mensagem presidencial, enviou ao Congresso, o anteprojeto do Plano SALTE, contemplando o período futuro de 1949 a 1953.
Nascido no contexto do pós-guerra, num mundo dividido entre socialismo e capitalismo, em que a questão do planejamento estatal estava intensamente em voga, principalmente nos países envolvidos com a reconstrução da Europa, o Plano SALTE foi o primeiro ensaio de planejamento econômico, apesar de não ter sido considerado um plano econômico completo, mas sim um programa de gastos públicos, pela maioria dos autores.
Representando a soma de ações de vários ministérios, era coordenado em termos administrativos e contábeis pelo Departamento Administrativo do Serviço Público (DASP). No final ficou caracterizado como uma grande quantidade de ações pontuais, mas sem interligação, através da execução de projetos de grande expressão econômica, visando o fortalecimento das estatais nos setores básicos da economia, utilizando-se de uma política autoritária de contenção salarial, favorecendo a acumulação de capital.
Os recursos necessários a sua execução seriam provenientes da receita federal e de empréstimos externos, outra parte oriunda de novos recursos através de tributações da receita adicional ou empréstimo compulsório, que resultasse do plano em si, o restante de venda de moeda estrangeira retida no Banco do Brasil, de forma que 2/3 dos recursos seriam de receitas orçamentárias e 1/3 de empréstimos externos. 
Os cálculos da época demonstravam que se pretendia gastar um total de Cr$ 19,9 bilhões no período, sendo Cr$ 2,6 bilhões destinados à saúde, Cr$ 2,7 bilhões para a modernização da produção e fornecimento de alimentos, Cr$ 11,4 bilhões para a modernização do sistema de transportes e Cr$ 3,2 bilhões para aumentar o potencial energético do país. O investimento do governo estimado era de 10% do PIB anual.
É importante salientar que as previsões eram muito otimistas quanto às receitas e possibilidades de empréstimos. Os planejadores de então não esperavam pelas dificuldades do balanço de pagamentos, que acabaram por restringir o financiamento do plano, via queima de reservas, nem tampouco esperavam pelo aumento da inflação ou pelos déficits orçamentários, que tornaram problemáticas as possibilidades de concessões de empréstimos.
Dessa maneira, tendo em vista a incapacidade de o governo garantir as fontes de custeio, o Plano SALTE foi interrompido, sem que tivesse completado um ano de andamento. Com tais dificuldades encontradas, o plano foirevisto por técnicos brasileiros e norte-americanos, que formaram a missão ABBINK (BRASIL-EUA), que desenvolveu estudos para o redirecionamento do plano, desta vez com maior flexibilidade para os recursos externos (haja vista a escassez de recursos internos), realizando diagnósticos onde apontariam o caminho para o desenvolvimento do País, além de formular projetos que abarcavam inúmeros interesses da economia nacional. Mais de 100 projetos empresariais e estatais. Isto, no final do governo Dutra.
Em 1951 Getúlio Vargas reassume o poder e deu continuidade a muitos projetos, mas reformulando o Plano SALTE, com forte cunho nacionalista. Seus críticos diziam que o SALTE tinha acabado, mas, muitos projetos que tinham começado, inclusive contando com financiamentos externos, continuavam com desembolsos de recursos.
No âmbito da saúde, o Plano SALTE pretendia, com a Campanha Nacional de Saúde, elevar o nível sanitário da população, sobretudo rural, sendo a ação mais importante a campanha de erradicação da malária em onze Estados, obtendo considerável sucesso. Naquele mesmo ano de 1949 foi concluída a construção do hospital dos servidores do Estado do Rio de Janeiro.
Não houve fortes ações na área da alimentação, embora estivesse com o seu nome na sigla.
Na área dos transportes o plano previa a execução de programas nos eixos ferroviários e rodoviários já existentes, contemplou o reaparelhamento dos portos, a melhoria das condições de navegabilidade dos rios, o aparelhamento da frota marítima, com a compra de vários navios petroleiros, sendo construído o oleoduto São Paulo-Jundiaí, a via Dutra, além de milhares de quilômetros de estradas de rodagem, mais de mil quilômetros de estradas de ferro e aeroportos.
A parte dedicada à energia era a mais densa e abundante do Plano SALTE, contava com investimentos privados nacionais e estrangeiros, contemplando a eletrificação urbana e rural, iniciando a construção da hidroelétrica de Paulo Afonso, capaz de gerar um crescimento no fornecimento de energia de 40%.
Na área petrolífera foi consolidada a refinaria Landulpho Alves, na Bahia, construída a refinaria presidente Bernardes, em Cubatão, São Paulo, para uma produção diária de 45.000 barris. Adquiriu-se 15 navios petroleiros de 15.000 toneladas cada um, o que formou a Frota Nacional de Petroleiros (FRONAPE) e foram criadas a PETROBRAS e a COSIPA, além do incentivo dado à pesquisa, refino e distribuição do petróleo. Outro destaque atribuído ao Plano SALTE, deu-se com a incorporação da plataforma submarina ao território nacional e a criação da Comissão do Vale do São Francisco (CVSF).
Por fim, destaque-se que foram criados o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e o Banco do Nordeste.
2.3.2 CRÍTICAS
Pode-se dizer que o plano SALTE foi essencialmente geral, já que não dispunha de metas para o âmbito privado ou de programas que o influenciassem. No entanto, o plano teve como mérito chamar a atenção para esferas da economia que permaneciam defasadas em relação à indústria e que poderiam se transformar em entraves a um futuro desenvolvimento.
Apesar da execução sem interligação, a criação de órgãos de grande envergadura durante o período acelerou o processo de industrialização enquanto a economia se voltava para o mercado interno, na medida em que o coeficiente de importações (M/PIB) declinava enormemente no longo prazo. Estava em torno de 20% em 1930 e baixou para cerca de 7% em 1960.
As ações estatais do período causaram efeitos posteriores, tais como o aumento da taxa de crescimento do setor secundário, notadamente representados pelo aumento da diversificação da indústria de transformação no Brasil.
O Estado teve fundamental atuação na preparação da infraestrutura adequada para a chegada das empresas multinacionais. Ao assumir em 1951, o governo Vargas procurou assimilá-lo. O fato é que os acertos até 1951 fizeram-no prolongar-se até 1954, com forte cunho nacionalista. Não poderia ter solução de continuidade, em razão de o plano nacional contar com financiamentos internacionais de 20 anos.
2.3.3 RESUMO DO SALTE
SÍNTESE DA ERA VARGAS
PIB DE 1950 A 1955. TAXA MÉDIA ANUAL DE 6,72%.
INFLAÇÃO MÉDIA ANUAL DE 16,02%
VÍDEO NA INTERNET
No final do capítulo, tem-se o quadro anual do PIB e da inflação de 1950 a 2016. 
2.4 PLANO DE METAS
2.4.1 INTRODUÇÃO
Juscelino Kubitscheck (JK) ganhou as eleições para a presidência em 1955, apoiado pelo PSD e PTB, tendo como vice João Goulart. Sua posse foi garantida pelo Marechal Henrique Lott, já que o partido derrotado, a UDN, que compunha o conjunto dos três maiores partidos políticos da época, tentou impedir sua posse com a alegação que não havia sido obtida a maioria absoluta. JK assume a presidência em 31 de janeiro de 1956. Iniciava aí uma nova fase de intensa transformação econômica no Brasil. Habilidoso em contornar crises sem muita violência ou repressão, adotou como lema que o Brasil cresceria "50 anos em 5", objetivando modernizar o País, ou seja, diminuir a distância entre o nível de industrialização e renda do Brasil em relação aos países desenvolvidos.
O governo de JK conseguiu adquirir a simpatia de diferentes segmentos da sociedade. Do empresário em expansão, com a perspectiva de crescimento e, dos trabalhadores, com a esperança de maiores possibilidades de emprego e de melhores condições de vida. Além disso, houve conflitos entre o governo de JK com o FMI e o Banco Mundial. Em 17 de junho de 1959, JK rompeu com o FMI por não concordar com as exigências da instituição para a concessão de financiamentos. Essas condições, segundo ele, poderiam inviabilizar a construção de Brasília e a execução do Plano de METAS.
Substituiu-se o nacionalismo getulista, que necessitava do controle por empresas estatais e estabelecia restrições à entrada de capital externo, pelo nacional-desenvolvimentismo de JK, o qual ampliou a ação do Estado e se mostrou ainda mais favorável à entrada de capital estrangeiro.
2.4.2 OBJETIVOS DO PLANO DE METAS
Durante o governo de Juscelino, o Brasil viveu o auge do período da industrialização brasileira, até então. A modernização do País era o eixo do candidato e a construção de uma nova capital não só se encaixava muito bem nesse discurso, como passou a simbolizar a própria modernidade. O principal objetivo do Plano de METAS era estabelecer as bases de uma economia industrial madura no País, introduzindo o setor de bens de consumo duráveis. 
O Estado continuou a financiar grande parte das indústrias através de emissões de moeda e empréstimos externos. O governo também concedeu incentivos ao capital estrangeiro, como a Instrução 113 da Superintendência da Moeda e do Crédito (SUMOC) do Banco do Brasil, editada em 1955, que permitia investimentos diretos, sem cobertura cambial e importação de máquinas e equipamentos do exterior, também sem impostos, desde que empresários estrangeiros tivessem sócios nacionais. Outros incentivos dados foram às isenções fiscais e garantias de mercado. Dessa maneira, realizou-se a abertura do mercado nacional para as grandes empresas estrangeiras, que passaram a investir no Brasil, numa época onde havia disponibilidade de capitais devido ao fim da segunda grande guerra e, na década seguinte do fim da guerra da Coréia.
Os três principais objetivos do Plano de METAS foram:
· Investimentos estatais em infraestrutura (transporte e energia elétrica). O governo JK deu prioridade ao segmento rodoviário para atingir o objetivo de introduzir a indústria automobilística.
· Estímulos ao aumento da produção de bens intermediários, como o aço, o cimento, o carvão, dentre outros.
· Incentivos à introdução dos segmentos de bens de consumo duráveis e bens de capital.
O Plano de METAS destacava trinta metas, agrupadas em cinco setores:
· Energia - energia elétrica, energia nuclear, carvão mineral e petróleo.
· Transporte - ferroviário (reaparelhamento e construção), rodoviário (pavimentação e construção), serviços portuários, serviços de drenagem, marinha mercante e transporte aeroviário.
· Alimentação - trigo, silos, armazéns frigoríficos,matadouros industriais, mecanização da agricultura e fertilizantes.
· Indústria de base - siderurgia, alumínio, metais não ferrosos, cimento, álcalis, celulose e papel, borracha, exportação de minério de ferro, indústria automobilística, indústria de construção naval, indústria mecânica e de material elétrico pesado.
· Educação - formação de pessoal técnico.
Mais a 
· "Meta síntese" - Construção de Brasília.
2.4.3 CONCLUSÕES
Os resultados do Plano de METAS foram muito bons. A economia brasileira cresceu à taxa média de 8,3% ao ano, jamais registrada em período tão longo. Foram muitos os resultados relevantes, os objetivos foram atingidos na sua grande maioria, à exceção do que se referiu à educação que apresentou um resultado pífio.
A nova sede do governo, Brasília, redefiniu a divisão inter-regional do Brasil e editou um grande progresso.
A professora Maria da Conceição Tavares (1975), em seu clássico livro “Da substituição das importações ao capitalismo financeiro”, sintetiza que “crescer 50 anos em 5” levou a quatro desequilíbrios no País: social – agravou-se a concentração de renda; regional – ampliaram-se os desníveis entre os estados, não obstante a SUDENE e a SUDAM; financeiro – a inflação disparou a níveis nunca vistos; setorial – o crescimento da indústria foi muito maior do que o da agricultura e do que o setor de serviços.
2.4.4 RESUMO DO PLANO DE METAS
SÍNTESE DA ERA JK
PIB DE 1956 A 1960. MÉDIA ANUAL DE 8,12%.
INFLAÇÃO MÉDIA ANUAL DE 25,18%. 
VÍDEO NA INTERNET
2.5 PLANO TRIENAL
2.5.1 INTRODUÇÃO
O País vinha de um período de intenso crescimento econômico, no governo de Juscelino (1956-1960), com crescimento do PIB em média de 8,3% ao ano, devido ao intenso processo de substituição das importações. Porém, a elevada taxa de inflação de dois dígitos, acima de 50%, obrigou o Brasil a desacelerar o ritmo de crescimento, a partir de 1962. A taxa de crescimento do produto real chegou a alcançar 10,3% em 1961, baixando para 5,3% em 1962 e 1,5% em 1963. A taxa anual de inflação, contida em 30,5% em 1960, passou a aumentar em ritmo acelerado: 47,0% em 1961, 51,3% em 1962 e 81,3% em 1963, chegando a 91,9%, anualizada, no início de 1964. Assim como a redução de poder, João Goulart herdou uma economia em crise. A alta nos índices de inflação produzia graves distorções nas decisões econômicas do governo. Os credores estrangeiros do Brasil viam dois fatores que sinalizavam a perda de controle do governo brasileiro. Um fator era a inflação, o outro era o déficit no balanço de pagamentos, onde a única solução era o aumento da dívida externa ou uma intensa queima das reservas cambiais. Tal quadro dificultou futuras ajudas externas e a estabilização se tornava uma necessidade. Então, no Ministério da Fazenda, San Tiago Dantas, no Ministério Extraordinário do Planejamento, Celso Furtado, uniram–se na elaboração do chamado Plano TRIENAL. Isto é, para vigorar por três anos.
É preciso saber que, a queda das taxas de crescimento foi decorrente da união de diversos fatores:
· Internamente, o número de substituições de produtos importados chegou a um limite que não possibilitaria manter as taxas de crescimento aceleradas.
· O aumento da taxa de inflação desestimulou a poupança interna e inibiu investimentos produtivos.
· No plano externo, os desajustes no balanço de pagamentos e principalmente a dificuldade de obter novos empréstimos e financiamentos devido à posição intransigente do FMI, dificultando as importações de maquinarias e insumos essenciais à produção industrial.
· Diminuição dos fluxos de entrada de capital estrangeiro, devido à instabilidade política e também à lei 4.131/1962, que regulamentou o registro de capital estrangeiro e a remessa de lucros para o exterior.
· A dívida externa era superior a 2,2 bilhões de dólares, grande parte vencível num período de três anos. As exportações não acompanhavam a taxa de crescimento da dívida, elevando o coeficiente de endividamento e consequente incapacidade de captar recursos.
A situação política da época apresentava-se delicada, os governos de Jânio Quadros e João Goulart não tinham condições políticas ou econômicas para conciliar ideologias distintas, as dos nacionalistas juntamente com as dos capitalistas associados aos estrangeiros.
O País vivia um momento de agitação, o regime parlamentarista havia sido imposto para salvaguardar a economia, após a renúncia de Jânio Quadros em 1961, o que gerou várias crises políticas. Goulart assumiu a presidência, aceitando o parlamentarismo, mas sujeito a um plebiscito no ano seguinte, sobre a forma de governo, depois dos conflitos entre forças conservadoras que não desejavam sua posse, com os ditos nacionalistas.
Na verdade, os partidos políticos começaram a apresentar posições radicais em relação à política econômica e às relações internas e externas, provocando uma polarização dos partidos, diminuindo o poder de decisão dos partidos do centro.
As massas urbanas começaram a extrapolar sua consciência e reivindicação política. Os movimentos sindicais na época estavam atuando de forma intensa, com muitas greves, por exemplo. Naquele ambiente de contradições se desenvolveram forças favoráveis versus antagônicas à expansão do capitalismo. As forças políticas esquerdistas defendiam a maior ação estatal e a transição pacífica para o socialismo. Os conservadores queriam reprimi-los.
Essas movimentações e contradições políticas, sociais e econômicas levaram ao surgimento do movimento militar, que, em 1º de abril de 1964, depuseram o presidente João Goulart.
2.5.2 PLANO TRIENAL DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E SOCIAL
Na promessa de um programa anti-inflacionário o Brasil negociou novos acordos com o FMI, apesar dos ataques políticos de esquerda. Em 1963 o parlamento é revogado dando amplos poderes ao João Goulart, mas agora tanto à esquerda quanto à direita estavam descontentes com a situação política.
O Plano TRIENAL, que foi elaborado por uma equipe liderada pelo Ministro do Planejamento, Celso Furtado, durante o Governo de João Goulart, era previsto para ser executado durante o período de 1963 a 1965. O Plano adotou a metodologia estruturalista, sendo amplamente influenciado pelos ensinamentos da Comissão Econômica para a América Latina e Região do Caribe (CEPAL).
O Plano visava diagnosticar os fatores responsáveis pelos desequilíbrios, para tanto os problemas foram hierarquizados. O conhecimento amplo e sistemático da realidade econômica era imprescindível para que as decisões fossem tomadas de forma eficiente. 
Três aspectos foram enfatizados no diagnóstico do Plano TRIENAL
· O crescimento da economia nos anos anteriores e próximos a 1962.
· Os desequilíbrios estruturais proporcionados pelo crescimento, assim como a elevação substancial dos preços.
· O grande incentivo à importação de bens de capital, planejamento dos investimentos no sentido de ajudar no processo de substituição de importações.
2.5.3 DIAGNÓSTICO DO PLANO TRIENAL
O Plano TRIENAL falhou em relação aos diagnósticos que fez do desenvolvimento econômico do País, por ocasião de sua elaboração, razão por que não conseguiu perceber a saturação do processo de substituição das importações.
A substituição das importações já havia atingido a fase dos bens de capital, cuja produção exigiu um mercado mais amplo para os que precisavam ser assegurados dos benefícios da economia de escala de produção. A economia passou a ter problemas de eficiência, porque a produção tinha um custo muito elevado.
Houve falhas também no diagnóstico do processo inflacionário. O plano culpou indistintamente tanto o setor externo como o doméstico. 
No setor externo a inflação era associada às causas estruturais. Em decorrência da limitação das importações surgiu a necessidade de produzir-se internamente o que não poderia ser importado, ou seja, substituição da produção primária por outras mercadorias que envolvessem maior quantidade de capital.
As várias mudanças na estrutura produtiva do Brasil tiveram como consequência a geração de renda monetária que se traduzia em pressões da demandade importações, que não podendo ser satisfeita, gerava fortes pressões inflacionárias. A solução seria que a oferta acompanhasse esse incremento da renda monetária.
Mas o efeito do setor externo ia além desse diagnóstico. A compra de letras cambiais, cujos certificados eram negociados pelos importadores ao custo de um deságio elevado, acabava incidindo nos preços. O que poderia estar fortalecendo as pressões inflacionárias. O fato é que os exportadores estavam negociando mais letras cambiais do que os importadores.
2.5.4 OBJETIVOS DO PLANO TRIENAL
O Plano visava atender as aspirações mais imediatas da população brasileira, sendo elas de ordem basicamente econômica. Dentre os objetivos do Plano TRIENAL destacavam-se:
· Recuperação do ritmo do desenvolvimento econômico observado nos anos anteriores (1956-1960), que tinha ficado em torno de 8,3%.
· Combater o processo inflacionário reduzindo a 10% a inflação anual.
As medidas adotadas pelo plano para combater o processo inflacionário:
 - Elevação da carga fiscal, esta medida inibiu o investimento produtivo, uma vez que as taxas de retorno privado eram reduzidas.
 - Redução do dispêndio público. 
 - Captação de recursos do setor público no mercado de capitais. Era difícil para o setor público captar recursos, já que o governo não oferecia nenhum atrativo numa fase de fortes pressões inflacionárias. Ao disputar recursos com o setor privado no mercado de capitais, o setor público poderia provocar tensões econômicas elevando o custo do dinheiro.
 - Mobilização de recursos monetários.
 - Aumento das tarifas dos serviços públicos (transportes e comunicação). 
 - Redistribuição de renda no âmbito regional e individual.
 - Negociação da dívida externa.
 - Aumento salarial do funcionalismo público em torno de 40%.
 - Reformas de base. 
 - Administrativa.
 - Bancária.
 - Fiscal.
 - Agrária.
As estruturas da época eram antiquadas e ineficientes, precisavam sofrer profundas transformações para dar continuidade ao crescimento econômico.
2.5.5 REALIZAÇÕES DO GOVERNO DE JOÃO GOULART
Apesar de suas limitações legais, João Goulart realizou algumas medidas reformistas no setor rural. Por intermédio da Superintendência de Política da Reforma Agrária (SUPRA), desapropriou terras mal aproveitadas às margens das estradas, ferrovias e açudes públicos. Goulart também incentivou a sindicalização rural, regulamentando o estatuto do trabalhador rural, o qual passou a ter direito e vantagens da previdência social, como salário mínimo, férias remuneradas e jornada de 8 horas.
Durante aquele período foram criados o código brasileiro de telecomunicações e o conselho nacional de telecomunicações, nacionalizando os serviços ligados ao setor. Na área de educação destacaram as grandes campanhas de alfabetização em massa. 
O governo de João Goulart também trouxe melhorias na infraestrutura através da criação da ELETROBRAS, permitindo a expansão da capacidade nacional de produção de energia elétrica; inauguração da USIMINAS, COSIPA, Ferro e Aço de Vitória, do planejamento da construção da usina de Itaipu e do porto Tubarão.
2.5.6 DIFICULDADES DE IMPLANTAÇÃO
Várias foram às dificuldades encontradas para implantar o Plano TRIENAL, dentre elas:
· O tempo de intervenção do plano foi insuficiente para que sua ação fosse eficaz.
· No período não existia uma instituição que fornecesse informações estatísticas detalhadas e de boa qualidade sobre variáveis macroeconômicas.
· O governo não possuía uma estrutura governamental resistente para suportar a organização necessária de investimento, além da falta de experiência do país quanto aos planos de desenvolvimento eficientes.
· Havia um desconhecimento dos efeitos das políticas executadas e uma resistência dos empresários a sua implementação.
Em 1963 o governo tomou as medidas relativas ao plano: suspendeu os subsídios ao consumo, delimitou a expansão do crédito bancário, promoveu o reajuste da taxa cambial a níveis realistas. Quanto ao funcionalismo público, propôs 40% de aumento no salário, percentual bem inferior ao do setor privado.
Durante o primeiro semestre o governo cumpriu razoavelmente o que estava no Plano TRIENAL. No entanto, no segundo semestre ele cedeu às pressões e acabou por aumentar os salários do funcionalismo público em 60%, o que desencadeou uma série de aumentos de preços, principalmente dos produtos que não eram mais subsidiados pelo governo, aumento de preços dos serviços públicos e aumento das taxas cambiais, os quais ocasionaram pressões de custos.
Ao longo de 1963 o Brasil se afundava ainda mais economicamente, o investimento estrangeiro praticamente foi nulo, os fornecedores não concediam prazo para o pagamento dos produtos, comprometendo o suprimento de petróleo. Somente os Estados onde o governo era rotulado como contrários a Jango recebiam assistência financeira americana.
Os índices demonstraram a ineficácia do plano: a elevação dos preços para 1963 era programada para 23% e ficou em 78%. A taxa de crescimento do PIB foi a mais baixa desde 1947, apenas 1,6%, quando se esperava 7%. O déficit do caixa atingiu 500 bilhões de cruzeiros, quando o plano previa 300 bilhões. Os meios de pagamento cresceram em torno de 65% (previstos 34%) alimentados pela expansão do déficit do Tesouro, do crédito ao setor privado, o que não foi eficiente à política de contenção da inflação.
No inicio de 1964 o Brasil vivia rumores de um golpe, tanto da esquerda quanto da direita, com a inflação anual projetada chegando próxima a 100% ao ano.
Fatores naturais também prejudicaram a eficácia do plano. Nesse período aconteceram grandes secas, que prejudicaram a produção agrícola e provocaram racionamento de energia elétrica. Ocorreram geadas e incêndios no Paraná que prejudicaram a safra de café, que representava a parte mais importante da produção agrícola nacional.
Outro fator importante que prejudicou o alcance das metas foi o baixo nível de investimento registrado na ocasião. Eles cresceram apenas 3% no ano em 1963. A aceleração do processo inflacionário inibiu os investimentos privados, pois havia uma incerteza sobre a taxa de retorno esperada, aliado ao aumento da carga tributária e a política creditícia restritiva.
O Plano TRIENAL não teve sucesso em sua implantação, em razão de não conseguir atingir seus objetivos, de promover o desenvolvimento econômico e vencer a inflação, mas foi consciente no esforço intenso de planejamento do País.
2.5.7 CONCLUSÕES
A crise da década de 1960 foi a primeira grande crise econômica do Brasil em sua fase industrial, marcada pela queda dos investimentos, queda da taxa de crescimento e da inflação acelerada que chegou a mais de 90% em 1964. A taxa de crescimento do Brasil diminuiu devido ao esgotamento do dinamismo da indústria, via processo de substituições de importações. Os problemas foram herdados pelos desequilíbrios do Plano de METAS.
O plano vigorou por menos de um ano, uma duração efêmera para apresentar resultados. O objetivo do plano era combater o processo inflacionário e desenvolver o País economicamente. O controle inflacionário se deu através da diminuição da liberdade creditícia e do combate aos excessos da política monetária e aos gastos públicos. Essas medidas tinham um forte conteúdo recessivo que associado a fatores climáticos causou dificuldades ao setor agrícola e a geração de energia. As reformas institucionais, imprescindíveis para a retomada do crescimento, não foram concretizadas devido à ausência de mecanismos de financiamento adequados. A implantação do Plano TRIENAL foi bastante dificultada pela instabilidade política que marcou o governo de João Goulart. O presidente tomou posse sob o regime parlamentarista. Através do plebiscito se instalou o regime presidencialista, mas as dificuldades permaneceram, havendo troca de ministros ao longo de poucos meses em que vigorou o regime presidencialista. Mais uma vez o confronto político civil foi solucionado com um golpe de estadomilitar, que contava com o apoio dos EUA. A desarticulação política dificultou a implantação do Plano TRIENAL e desencadeou o regime autoritário de 1964. Em obediência à geopolítica americana da época, ensinada a partir da academia militar de West Point (EUA) e na Escola Superior de Guerra, colocando o Brasil em alinhamento automático.
2.5.8 RESUMO DO QUE SE TRADUZIU NO PLANO TRIENAL: POPULISMO
PIB DE 1961 A 1963. MÉDIA ANUAL DE 5,29%.
INFLAÇÃO MÉDIA ANUAL DE 51,80%
VÍDEO NA INTERNET
2.6. PROGRAMA DE AÇÃO ECONÔMICA DO GOVERNO (PAEG)
2.6.1 INTRODUÇÃO
A política econômica do governo do então general Humberto de Alencar Castelo Branco começou atabalhoada, para um período que teria de ser rápido, por volta de um ano. No entanto, em 1965, lançou-se o Programa de Ação Econômica do Governo (PAEG). A principal preocupação dos militares era a instabilidade econômica, sobretudo, a do processo inflacionário. É necessário esclarecer que, na sua formulação original, o PAEG era um programa de governo, porém, tornou-se um plano econômico devido às alterações estruturais, feitas pela força militar, institucionalmente, tais como: a criação do Banco Central (BC), do Banco Nacional da Habitação (BNH), da indexação da economia, pela Obrigação Reajustável do Tesouro Nacional (ORTN), da criação do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), que pôs fim à estabilidade no emprego, complementando-se como um forte programa de internacionalização da economia.
Em geral, o plano foi eficaz, no que tange ao controle inflacionário, havendo reduções nos índices de preço no referido período, além de ter fornecido condições para a volta do crescimento, já a partir de 1965. Em contrapartida houve um maior endividamento público, aumento da liberalização das importações e uma violenta política de arrocho salarial.
2.6.2 VISÃO GERAL
O PAEG, sob a responsabilidade dos ministros do Planejamento, Roberto de Oliveira Campos, e da Fazenda, Octávio Gouveia de Bulhões. Este tinha sido o ministro no breve governo de Café Filho, dez anos antes, sendo ambos conhecidos por suas posições ortodoxas. O PAEG tratou de reduzir o déficit do setor público, contraiu o crédito privado e comprimiu os salários. Ademais, os citados ministros eram amigos há mais de 20 anos atrás, juntamente com seu chefe, Eugênio Gudin, que fora Ministro da Fazenda nos anos cinquenta, quando em 1944 representaram o Brasil na comissão de países que criaram o Fundo Monetário Internacional (FMI), na cidade de Bretton Woods, nos EUA. 
Eles buscaram controlar os gastos dos Estados, ao propor uma lei que proibia que eles se endividassem sem autorização federal. O reequilíbrio das finanças da União foi obtido através da melhoria da situação das empresas públicas; do corte dos subsídios a produtos básicos como trigo e o petróleo, que eram importados a uma taxa de câmbio mais baixa; medidas estas que produziram de início um impacto no custo de vida, sendo necessário aumentar as tarifas de serviços de energia elétrica, telefone, elevar o preço da gasolina, do pão e aumentar a arrecadação dos impostos, através de um melhor aparelhamento da máquina do Estado. 
A compressão dos salários começou a ser feita pela fixação de fórmulas de reajuste inferiores à inflação. Ela veio acompanhada de medidas destinadas a impedir as greves e a facilitar a rotatividade da mão de obra, no interesse das empresas. A lei de greve, aprovada em junho de 1964 pelo Congresso, criou exigências burocráticas que tornaram praticamente impossível a realização de paralisações legais. É bom lembrar, contudo, que em quase vinte anos anteriores (desde 1946) de regime democrático, o Congresso não aprovara nenhuma lei da espécie, cumprindo os preceitos constitucionais, que garantia o direito de greve, embora na prática ele fosse exercido livremente, nos últimos anos daquele período. 
O governo liquidou um dos direitos mais valorizados pelos assalariados urbanos, a estabilidade no emprego após dez anos de serviço, garantida pela Consolidação das Leis de Trabalho (CLT). A fórmula não surgiu imediatamente, mas só em setembro de 1966, quando foi criado o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), na prática, em substituição à estabilidade. Ainda que a adesão ao fundo não fosse por lei obrigatória, ela, de fato, tomou esse caráter, já que sem opção pelo FGTS, passou a ser impossível obter emprego. O fundo é constituído por importâncias recolhidas mensalmente, na forma de um depósito bancário em nome do trabalhador, podendo ser resgatado em casos específicos, tais como despedida sem justa causa, compra de casa própria, doenças incuráveis, casamento ou aposentadoria. A criação do fundo foi vantajosa para os empregadores, que passaram a contratar e dispensar seus empregados mais livremente. Além disso, em muitos casos, o núcleo de trabalhadores estáveis representava um pesado ônus, dificultando a modernização das empresas. O FGTS trouxe inicialmente para o trabalhador consequências negativas. Além de ser corroído pela correção monetária abaixo da inflação e pelo não recolhimento de parcelas, o dinheiro do fundo não compensava a perda da garantia de estabilidade. Os períodos de recessão econômica e de arrocho salarial iriam demonstrar a importância dessa garantia no emprego. Porém, com o passar de muito tempo, o FGTS passou a ser um patrimônio considerável pelo trabalhador, rendendo juros e correção monetária mensal.
Uma mudança de enfoque importante se deu na área do comércio exterior. Os ministros consideravam que o potencial do Brasil fora subestimado, acreditava que o Brasil necessitava ter grandes empresas capazes de competir com multinacionais. Lançaram assim uma campanha de exportação não apenas para explorar as enormes reservas naturais do País e vender produtos agrícolas como para promover os bens semimanufaturados. Eles esperavam contar com a entrada de capital estrangeiro, especialmente no setor de exportação. Para incentivar seu fluxo, em agosto de 1964 foi aprovada a lei que regulava os investimentos estrangeiros e a remessa de lucros. 
2.6.3 OBJETIVOS E METAS
O PAEG pode ser entendido em duas linhas de atuação: políticas conjunturais de combate à inflação e reformas estruturais que visavam o equacionamento dos problemas institucionais e as dificuldades que se colocavam ao crescimento econômico. Os objetivos colocados pelo PAEG eram: acelerar o ritmo de crescimento econômico, conter o processo inflacionário, atenuar os desequilíbrios setoriais e regionais, aumentar o investimento e, com isso o emprego, e corrigir a tendência ao desequilíbrio externo. O controle inflacionário e as formas de conviver com ela eram vistos como precondições para a retomada do crescimento. O combate à inflação só poderia ser feito acoplado às reformas institucionais.
2.6.4 MEDIDAS DE COMBATE À INFLAÇÃO DO PAEG
O diagnóstico sobre a inflação, que havia subido para 83,2% ao ano, em 1963, integral, centrava-se no excesso de demanda. Este era explicado em função da tendência ao déficit público, da elevada propensão a consumir (decorrente da política salarial frouxa ou anárquica dos períodos anteriores) e também da falta de controle sobre a expansão do crédito. Aquelas pressões inflacionárias se propagavam com a expansão monetária, que era o veículo para sua perpetuação. O diagnóstico era de que a inflação era pela excessiva demanda por bens e serviços, em face de oferta insuficiente.
Especificamente, as principais metas do PAEG eram:
Redução do déficit público. Deu-se através da diminuição dos gastos da União, da ampliação das receitas federais, através da reforma tributária e do aumento das tarifas públicas. Com isso, o déficit público reduziu-se de 4,2% do PIB em 1963 para 1,1% em 1966.
Restrição do crédito. Houve aumento das taxas de juros reais e consequentemente do passivo das empresas. Este fato levou a uma grande onda de falências, concordatas, fusões e incorporações, processo este que atingiu principalmente às pequenas e médias empresas dos setores de vestuário, alimentos e da construção civil.
Controle da política salarial.Supunha-se a existência de uma taxa de desemprego relativamente baixa, o que aumentava os salários reais e a inflação crescente. Para romper esta dinâmica, o governo passou a determinar os reajustes salariais anuais, objetivando acabarem as expectativas e conter as reivindicações. A fórmula de reajustes decidida pela política salarial teve por consequência uma grande redução do salário real.
Com estas medidas, a inflação reduziu-se, entre os anos de 1964 e 1967, da casa próxima dos 90% ao ano, para a dos 20% ao ano. Este resultado se deve em grande parte a uma retração nas taxas de crescimento econômico.
2.6.5 REFORMAS INSTITUCIONAIS DO PAEG
Quanto aos problemas institucionais, identificou-se como ponto crítico central a inflação. Vários eram os problemas gerados pelo processo inflacionário:
A taxa de inflação, conjugada à lei da usura (que impedia juros nominais superiores a 12% ao ano), desestimulava a canalização de poupança para o sistema financeiro.
A lei do inquilinato, numa situação inflacionária, constituía-se um forte desestímulo a aquisição de imóveis e, consequentemente, à construção civil.
A desordem tributária no caso dos débitos fiscais estimulava o atraso de pagamentos e, no caso dos ativos e do patrimônio das empresas, levava à tributação de lucros ilusórios.
Neste sentido, se, por um lado, se fazia necessária a redução das taxas de inflação, também se procurou criar mecanismos que possibilitassem o crescimento econômico em um ambiente de inflação moderada. As principais reformas instituídas pelo PAEG foram: a tributária, a monetária, a financeira e a do setor externo.
2.6.6 A REFORMA TRIBUTÁRIA
Os principais elementos envolvidos nessa reforma foram:
A introdução da correção monetária no sistema tributário, visando reduzir as distorções já mencionadas.
A alteração do formato do sistema tributário. Transformaram-se o imposto tipo cascata (que incide a cada transação sobre o valor total), em imposto tipo valor adicionado. Criou-se o imposto sobre produtos industrializados (IPI), imposto sobre circulação de mercadorias (ICM) e o imposto sobre serviços (ISS). A importância desta alteração foi romper o estímulo até então existente à integração vertical da produção, facilitando a utilização dos impostos como instrumento de política de crescimento e de redução de distorções, ao permitir as diferenciações de alíquotas, facilitando a concessão de isenções e incentivos fiscais às atividades específicas.
A redefinição do espaço tributário entre as diversas esferas do governo. A União ficou com o IPI, o IR, o ITR, os impostos únicos e os impostos de comércio exterior.
Os Estados ficaram com o ICM e o IPVA. Os Municípios, com o ISS, o IPTU e o ITIV. Além disso, foram criados os fundos de transferência intergovernamentais: o fundo de participação dos Estados e dos Municípios, que se baseavam em parcelas de arrecadação do IPI, do IR e de outros tributos. Os critérios de distribuição dos recursos baseavam-se na área geográfica, na população e na renda per capita, com vistas a favorecer Estados mais pobres. Houve importante centralização das decisões sobre a legislação tributária, inclusive definindo as alíquotas dos impostos das demais esferas, procurando eliminar a “guerra fiscal”.
Ainda quanto à questão da arrecadação, devem-se destacar:
O surgimento de vários fundos de longo prazo, tais como o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e do Programa de Integração Social (PIS), que se constituíram em importantes fontes de poupança compulsória, direcionadas ao setor público. Segundo o governo, estes fundos vieram em substituição a algumas distorções até então existentes na legislação trabalhista, que foram eliminadas: a questão da estabilidade do emprego e a participação nos lucros.
A chamada “inflação corretiva”, uma política de realismo tarifário, que tornou as empresas estatais geradoras de excedentes líquidos de recursos, via elevação das tarifas.
Dessa forma, as principais consequências da reforma tributária foram o aumento da arrecadação, em face de uma grande centralização, tanto da arrecadação como das decisões, em termos de política tributária, constituindo-se em importante instrumento político, ao subordinar mais ainda os estados ao governo central. Permitiu, ainda, através da vinculação da receita e da criação de órgãos ao lado da administração direta, uma descentralização dos gastos, com maior flexibilidade operacional.
2.6.7 REFORMAS MONETÁRIA E FINANCEIRA
Os principais objetivos dessas reformas foram os de criar condições de condução independente da política monetária e redirecionar os recursos conforme as atividades econômicas. 
Referidas reformas dividiram-se em quatro grupos de medidas:
A instituição da correção monetária via criação da Obrigação Reajustável do Tesouro Nacional (ORTN). A introdução da correção monetária tornava sem sentido a “lei da usura”, eliminando uma série de ineficiências do sistema financeiro. Ao permitir a prática de taxas de juros reais positivas, estimulava a poupança e ampliava a capacidade de financiamento da economia. A instituição da série mensal da ORTN deixava clara a indexação, que tinha por objetivo dar credibilidade e viabilizar o desenvolvimento de um mercado de títulos públicos, que fornecesse instrumentos de financiamentos não inflacionários do déficit público, bem como possibilitasse as operações de mercado aberto, visando o controle monetário. Este último objetivo só se viabilizou de fato a partir de 1970, com a criação da Letra do Tesouro Nacional (LTN), já que as características da ORTN (títulos pós-fixados de longo prazo) dificultavam as operações de mercado aberto, que poderiam ser feitas com títulos prefixados de curto prazo.
A Lei n.º595 que criou o Conselho Monetário Nacional (CMN) e o Banco Central (BC). Com esta lei procurava-se criar condições para que a política monetária fosse conduzida de forma independente. O CMN substituiu o conselho da SUMOC, o qual passou a ser o órgão normativo da política monetária, com a função de definir as regras e as metas a serem atingidas. O BC foi criado, assumindo a antiga Carteira de Câmbio e Redesconto (CACEX) do Banco do Brasil e do serviço de meio circulante do Tesouro Nacional, para ser o agente executor da política monetária. Além disso, ele também seria o agente fiscalizador e controlador do sistema financeiro. O Banco do Brasil, além de suas funções de banco comercial, permaneceu com os serviços de compensação de cheques, depositário das reservas voluntárias, caixa do BC e do Tesouro Nacional, ou seja, constituía-se no agente bancário do governo.
Vários problemas ainda permaneceriam para a consecução do objetivo de controle independente da política monetária:
A subordinação do BC ao CMN, o que permitia ingerência política na atuação do BC.
A conta movimento, criada inicialmente para transferir recursos do BB para que o BC entrasse em operação, fez com que o BB não perdesse a condição de autoridade monetária, uma vez que podia expandir sem limites suas operações de crédito, já que possuía uma linha direta de financiamento junto ao BC.
O chamado “orçamento monetário”, que deveria ser peça para juntar as duas autoridades monetárias (BC e BB). Este orçamento passou a receber vários gastos de origem fiscal, com a criação de vários fundos e programas que seriam administrados pelas autoridades monetárias, tais com o seguro da safra agrícola (PROAGRO), a programa de exportações (PROEX), o fundo de previdência do trabalhador rural (FUNRURAL), dentre outros.
Com isso, o BC, que deveria ser órgão de controle monetário, transformava-se também em banco de fomento, criando-se um entrelaçamento entre contas monetárias e fiscais, de tal modo que o orçamento fiscal poderia aparecer equilibrado, enquanto todo o rombo se colocava no orçamento monetário. O BC era responsável pela administração da dívida pública, podendo emitir títulos em nome do Tesouro Nacional. Dessa forma, a dívida pública e os gastos com juros do Tesouro poderiam crescer independentemente da existência de um déficit a ser financiado,mas simplesmente por objetivos de controle monetário. Além disso, criava-se um mecanismo para o Tesouro Nacional forçar o BC a financiar seus déficits via emissão monetária.
Percebe-se, portanto, que acabou por criar um estranho arcabouço institucional, em que se mistura política fiscal e monetária; o BC não controlava a política monetária, nem o Tesouro Nacional controlava a política fiscal. O resultado deste quadro foi o de inviabilizar o conhecimento e o controle sobre as operações do governo.
A criação do Sistema Financeiro da Habitação (SFH) tinha por objetivo eliminar os déficits habitacionais existente, que eram atribuídos à falta de financiamento para o setor. Assim, dotou-se o segmento com linhas de recursos e agentes específicos.
Com relação aos agentes foi criado o BNH, que desempenharia o papel de banco dos bancos no sistema financeiro habitacional, com a função de regulamentar e fiscalizar a atuação dos agentes do sistema, bem como prestar serviços a estes, como assistência à liquidez. Os demais agentes do sistema eram as Caixas Econômicas (CE), as Sociedades de Crédito Imobiliário (SCI) e as Associações de Poupança e Empréstimos (APE).
As fontes de recursos eram as cadernetas de poupança, as letras imobiliárias e o FGTS. O FGTS era gerido pelo BNH para financiar os projetos sociais na área de habitação e saneamento, esta última através do Sistema Financeiro do Saneamento (SFS). O BNH funcionaria como agente repassador, não se constituindo em agente de ponta.
A Lei do Mercado de Capitais definia as regras de atuação dos demais agentes financeiros. O quadro institucional que se formou se baseava no modelo financeiro norte-americano, caracterizado pela especialização/segmentação do mercado, existindo instituições especializadas que atendiam a segmentos específicos do mercado de crédito, com base em instrumentos de captação determinados.
Assim, os bancos comerciais deveriam operar no crédito de curto prazo, com base na captação de depósitos à vista. As financeiras eram os agentes do crédito ao consumidor, através da venda de letras de câmbio. Os bancos de investimento, criados na reforma, deveriam atender aos créditos de médios e longos prazos, através da captação de depósitos a prazo e do repasse de recursos externos; além disso, deveriam incentivar as operações do mercado de capitais, através da subscrição de ações, operações de underwriting (lançamento de ações) e colocação de debêntures. Os bancos de desenvolvimento estatais deveriam financiar operações especiais de fomento através do repasse de fundos fiscais e recursos externos.
As demais instituições do mercado de capitais - Bolsa de Valores, Corretoras e Distribuidoras - também foram regulamentadas e subordinadas ao BC. Criaram-se vários tipos de incentivos fiscais para dinamizar este segmento, entre os quais se destacavam o Decreto-lei 157/1967, no qual os indivíduos poderiam adquirir cotas de fundo de ações com parcela do Imposto de renda devido (pessoa física). Merece ainda destaque a criação do Sistema Nacional de Crédito Rural (SNCR), sendo o BB o agente centralizador e os bancos comerciais, agências subsidiárias. A fonte de recursos para o sistema era além dos fundos fiscais e da conta movimento, uma parcela dos depósitos à vista captados pelos bancos comerciais, que deveriam obrigatoriamente ser utilizados no financiamento agrícola.
2.6.8 A REFORMA DO SETOR EXTERNO
Esta reforma tinha por objetivo estimular o crescimento econômico, evitando as pressões sobre o balanço de pagamentos, eliminando assim uma das principais distorções da política de substituição de importações. Destacavam-se duas linhas de atuação neste sentido: melhorar o comércio externo brasileiro e atrair o capital estrangeiro.
Em relação ao comércio externo, buscou-se, por um lado, estimular e diversificar as exportações através de uma série de incentivos fiscais (isenções fiscais - IPI, ICM, IR, crédito-prêmio do IPI), da modernização e dinamização dos órgãos públicos ligados ao comércio internacional (CACEX e CPA). Quanto às importações, a ideia era eliminar os limites quantitativos e utilizar apenas a política tarifária como forma de controle. A principal medida adotada na área do comércio externo foi à simplificação e unificação do sistema cambial, que objetivava eliminar as incertezas decorrentes da condução errática da política cambial, bem como os desestímulos à exportação decorrente da valorização cambial. Para tal, adotou-se o sistema de minidesvalorizações, pelo qual a valorização cambial deveria refletir o diferencial entre a inflação doméstica e a internacional.
Quanto à atração do capital estrangeiro, buscou-se inicialmente uma reaproximação com a política externa norte-americana, a chamada Aliança para o Progresso. Em seguida, efetuou-se a renegociação da dívida externa e firmou-se um acordo de garantias para o capital estrangeiro. As ligações com o sistema financeiro internacional foram feitas através de dois mecanismos: a Lei 4.131, que dava acesso direto das empresas ao sistema financeiro internacional, e a Resolução 63, que possibilitava a captação de recursos externos pelos bancos comerciais e de investimentos para repasse interno. Esta última significava a colagem do sistema financeiro nacional ao internacional e o início do processo de internacionalização financeira do Brasil.
As reformas do PAEG alteraram praticamente todo o quadro institucional vigente na economia brasileira, adaptando-o às necessidades de uma economia industrial. Montou-se um esquema de financiamento, que viabilizaria a retomada do crescimento, dotando-se o Estado de maior capacidade de intervenção na economia. 
A política adotada no PAEG obteve grande êxito na redução das taxas inflacionárias e em preparar o terreno para a retomada do crescimento. O quadro montado iria permitir altas taxas de crescimento ao longo da década de 1970. 
2.6.9 CONCLUSÕES
A equipe econômica, chefiada por Roberto Campos e Octávio Bulhões, fizeram um diagnóstico adequado da situação econômica, mas isso não era suficiente. A implantação de um regime autoritário no País facilitou a ação dos ministros, o que não significa que um regime desse tipo garantiria estabilidade econômica. Para poder funcionar qualquer plano de estabilização dependia de sacrifícios por parte da sociedade. Em regime democrático, o êxito de um plano depende de um acordo com concessões recíprocas por parte dos diferentes setores sociais. Nas condições da sociedade brasileira da época e com a falta de visão de seus principais atores políticos, isso era coisa difícil de alcançar. Foi o regime autoritário que permitiu à equipe econômica tomar medidas que resultaram em sacrifícios forçados, especialmente para a classe trabalhadora, sem que esta tivesse condições de resistir, devido a estarem suspensos muitos dos direitos e garantias individuais. Deve ser lembrado ainda que o problema crítico da dívida externa fosse provisoriamente resolvido, graças ao sinal verde do FMI e à maciça ajuda do governo americano, através da Aliança para o Progresso, inaugurada pelo presidente Kennedy. 
2.6.10 RESUMO DO PAEG
DEFINIÇÃO DE PAÍS CAPITALISTA
PIB DE 1964 A 1967. TAXA MÉDIA ANUAL DE 4,18%.
INFLAÇÃO MÉDIA ANUAL DE 57,30%. 
2.7 PROGRAMA ESTRATÉGICO DO DESENVOLVIMENTO (PED)
2.7.1 INTRODUÇÃO
O Programa Estratégico do Desenvolvimento (PED) foi previsto para vigorar no Governo do General Artur da Costa e Silva, o qual se iniciou em1967. O PED tinha ações estimadas para começar em 1968. No entanto, por motivo de doença do presidente Artur da Costa e Silva, uma Junta Militar naquele ano, assumiu o comando do País. Após a “tranquilidade” esperada, elegeram General Emílio Garrastazu Médici, em 1969. Este escolheu como Ministro da Fazenda, Antônio Delfim Netto, e Hélio Beltrão, como Ministro do Planejamento. Continuava a ditadura militar chamando de programa o que se constituía realmente em plano econômico para as suas duas primeiras incursões autoritárias na economia. Parece que ela não queria comparar com os planos do regime soviético. O termoplano econômico para eles dava ideia de ditadura de esquerda.
O programa tinha como elementos fundamentais o investimento nas áreas consideradas estratégicas e a ação indireta sobre o setor privado via instrumentos financeiros. Tinha como objetivo principal o crescimento econômico e para isso procurou corrigir as falhas da gestão anterior. Naquele tempo, o País tinha como problemas principais o esgotamento das oportunidades de substituir importações e a crescente participação do setor público na economia. Para alcançar o crescimento desejado foi eleito como indispensável: a) renovação dos setores dinâmicos; b) consolidação da infraestrutura; c) expansão da demanda; d) política de distribuição de renda; e) preservação da capacidade de poupança e f) recuperação do atraso tecnológico. A partir dessas diretrizes, criou-se um modelo que compatibilizasse os objetivos setoriais com os globais, uma vez que o programa reconhecia o inter-relacionamento entre setor público e setor privado.
No PED houve uma ação governamental, no que diz respeito à ampliação de infraestrutura econômica de apoio, ao fornecimento dos insumos básicos necessários para a dinamização de setores produtivos não tradicionais, bem como estabelecimento de bases para ampliar o acesso da empresa privada ao mercado interno de capitais e condições institucionais para ingresso de capitais de risco. O programa pretendia dotar de uma dinâmica que: acelerasse o crescimento econômico, ao tempo em que contivesse a inflação, o que parecia contraditório, mas se realizaria via repressão. Ademais, referia-se ao desenvolvimento social e expansão das oportunidades de emprego.
No que diz respeito à política macroeconômica houve um rompimento com à do período anterior, já que se considerou excessiva a pressão exercida pelo setor público sobre o controle da demanda agregada, vez que agora se considerava errado o diagnóstico de inflação de demanda da época. Advogava-se que a inflação era de custos. Diante disso se adotou uma política mais voltada ao crescimento, propondo uma nova estratégia para o desenvolvimento nacional.
2.7.2 CRESCIMENTO ECONÔMICO
A partir de 1967 a economia brasileira vai iniciar um ciclo virtuoso de crescimento econômico, puxado principalmente pela indústria automobilística, que iniciou ciclos de recordes sucessivos de produção. Assim como pela indústria da construção civil, devido à maior demanda habitacional e ao maior gasto público. O setor de bens intermediários cresceu expressivamente, destacando-se a siderurgia e a energia elétrica.
A indústria têxtil também estava conseguindo se recuperar, já que antes era o setor mais penalizado pela crise econômica. O setor terciário teve uma expansão expressiva com destaque ao desempenho do comércio, transportes e comunicações. Em grande parte o crescimento da indústria de deu via utilização de capacidade ociosa.
Houve uma retomada não só nos níveis de produção correntes, mas também nos investimentos industriais, que começavam a esboçar uma recuperação, fato de grande importância para consolidação do crescimento. 
A agricultura foi uma grande beneficiada das políticas governamentais através de crédito e de subsídios. Naquele período houve uma forte mecanização da agricultura o que estimulava também a indústria. Ademais, houve aumento significativo da demanda por bens de consumo durável.
2.7.3 POLÍTICAS FISCAL E MONETÁRIA
A mudança mais sensível foi o aumento em 1967 do déficit orçamentário, alcançando 1,7% do PIB (em 1966 era de 1,1% do PIB). Embora 80% desse déficit fossem da gestão anterior, não houve esforço para reduzi-lo. Pelo contrário, procurou-se compensá-lo com uma ação fiscal mais atuante. Algumas medidas tomadas se apresentavam como renúncia de receita num primeiro momento. Houve uma elevação do teto de isenção sobre o imposto de renda das pessoas físicas, resultando em um ganho aproximado de 5% para os favorecidos (claro que em contrapartida isso era um estímulo à reativação da demanda). Houve ainda um alongamento transitório dos prazos para o recolhimento do IPI, passando a desfrutar de 30 a 45 dias, ao invés de ser feito no ato do faturamento, o que disponibilizava ao setor industrial recursos para capital de giro a um custo praticamente nulo, possibilitando resposta de imediato a reativação de demanda. Em 1968 a política fiscal teve papel pouco expressivo na manutenção do crescimento, posto que o déficit orçamentário se situasse ainda em 1,2% do PIB.
No tocante a política monetária houve uma vigorosa e continuada expansão real da oferta de moeda e crédito. Contudo, o governo assegurava que não era inflacionária, dado o grande controle que tinha sobre o sistema financeiro e também do sistema produtivo.
2.7.4 INFLAÇÃO
No que concerne ao combate da inflação em 1967, a grande aliada foi a queda dos preços agrícolas numa conjuntura de expansão da oferta. Também houve uma redução das taxas de juros de forma direta tanto no caso de empréstimo do Banco do Brasil quanto com os bancos privados. 
Ademais, abandonou-se o financiamento “não inflacionário” do déficit público (via emissões, passando ao lançamento de dívida publica), objetivando, dessa forma, diminuir a pressão sobre o setor privado. 
O acompanhamento dos preços industriais foi elemento significativo, uma vez que se tornou possível o reconhecimento de condições oligopólicas no processo de formação de preços, o que poderia dar margens a pressões inflacionárias.
A inflação era tolerada (reprimida ou mascarada) entre 20% a 30% ao ano, contanto que o ritmo de crescimento dos preços viesse a mostrar-se gradualmente em uma tendência ä queda.
2.7.5 SETOR EXTERNO E POLÍTICA ECONÔMICA
Durante a execução do PED, ocorreram importante mudanças nas áreas de comércio exterior, da divida externa e do investimento estrangeiro no País. Parte dessas mudanças está associada às medidas de políticas econômicas, tais como a política cambial e a política de incentivo as exportações, mais fatores externos, tais como o crescimento da economia mundial, a evolução favorável dos termos de troca e uma crescente liquidez no mercado internacional de capitais.
Naquele período, ocorreu um grande aumento das exportações, acompanhado por maior diversificação da sua pauta, pela crescente participação de produtos semimanufaturados, bem como por uma mudança de importância relativa de certos parceiros comerciais do País. Observou-se também um forte aumento de importações, notadamente de bens de capital, o que foi favorecido pela existência de isenções e incentivos específicos de política industrial.
Dentre outras medidas adotadas, destacaram-se as medidas fiscais e creditícias, tais como as isenções de impostos, concessões de subsídios; a política cambial flexível; a desburocratização administrativa e a promoção direta de produtos de exportação.
2.7.6 CONCLUSÕES
Aproveitando-se da conjuntura externa favorável, o sistema autoritário adotou medidas que estimularam a economia brasileira a crescer a taxas inéditas, acima de 10% ao ano.
Houve uma proliferação de incentivos, subsídios e isenções, mesmo quando todas as declarações eram a favor do desenvolvimento ao setor privado e da livre operação do mercado.
O crescimento acima de 10% ao ano ultrapassou a meta de 6%, fazendo com que aquele período fosse chamado de “milagre brasileiro”. Nunca se tinha obtido taxas tão altas.
Com a intenção de participação do Governo no preenchimento dos chamados “espaços vazios” da economia, de modo a não permitir a consolidação do capital estrangeiro em áreas consideradas estratégicas para o desenvolvimento, criaram-se uma série de programas setoriais ou regionais. O Programa de Integração Nacional (PIN), voltado para o Nordeste e a Amazônia; o Programa de Desenvolvimento Centro-Oeste (PRODOESTE); o Programa de Desenvolvimento do Setor Rural (PRORURAL), estendendo aos trabalhadores do campo os benefícios da Previdência Social; o Programa de Integração Social (PIS), que visava a participação dos trabalhadores do setor privado no valor agregado pela atividade empresarial. As exportaçõesexibiam os primeiros sinais do futuro boom da economia, tendo experimentado o seu primeiro grande salto ao atingir a marca de 1,8 bilhões de dólares. Enquanto as reservas internacionais pela primeira vez em vários anos atingiram um modesto incremento, pouco superior a 100 milhões de dólares. No que concerne aos problemas represados, estavam a inflação e a divida externa. À primeira, Antônio Delfim Netto dizia estar sobre controle e à segunda, ele dizia “dívida não se paga: rola-se”.
O PED iniciou um longo período de crescimento econômico, o qual, em menos de dez anos, dobrou a renda per capita. O nome “milagre brasileiro” era evidente comparação com o espantoso crescimento do Japão e da Alemanha, nos anos de 1950 e de 1960.
2.8 PRIMEIRO PLANO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO (I PND)
2.8.1. INTRODUÇÃO
Não se fez um resumo do PED, porque só tem sentido dele junto com o I PND. O governo do então general Artur da Costa e Silva tinha lançado o PED, com grande esperança de colocar o Brasil entre os dez primeiros países do mundo em PIB. Porém, o Ato Institucional nº 5 (AI-5), em 1968, levou o poder Executivo a ter amplos poderes de exceção e de execução. A leitura que se faz dos anos autoritários é o de que se voava em “céu de brigadeiro”. Isto é, não poderia haver contestação. E não houve, oficialmente. As manifestações políticas foram severamente reprimidas, o espaço de discussão pública se encontrava reduzido juntamente com a imprensa censurada. 
Os resultados do PED, sintetizado como início do “milagre econômico”, isto é, um crescimento acelerado da economia a partir de 1968, ou como autores favoráveis ao governo da época se referiam à “retomada do crescimento”, foram possíveis pelo quadro externo em forte expansão e pelas mudanças institucionais favoráveis ao setor privado, no concernente às formas de financiamento, em função das reformas realizadas pelo governo entre 1964 e 1966 (Governo Castelo Branco). Foi no governo Costa e Silva (1967) que se implantou o PED, mas com a sua doença, ele teve que ser substituído por uma junta militar, que elegeu o general Emílio Garrastazu Médici para executar o PED. O seu período (do PED) mais abrangente seria de 1967 a 1970. 
Dando sequência ao PED, sem que fosse decretado o seu fim, o governo Médici elaborou o Primeiro Plano Nacional de Desenvolvimento (I PND), para vigorar no período de 1971-1974, tendo também como Ministro da Fazenda Antônio Delfim Netto.
A ideia do I PND está inserida num documento divulgado pelo general Médici, em 1970, denominado por Metas e Bases para a Ação do Governo; documento esse de sentido prático, mas que faz apenas uma análise superficial da conjuntura econômica brasileira da época, tornando claro, no entanto, a direção econômica do governo, visível na formulação consequente, que seria o I PND.
2.8.2. I PND: “CRESCER O BOLO PARA DEPOIS DISTRIBUIR”
A expressão “crescer o bolo para depois distribuir” e “dívida não se paga: rola-se”, ambas de autoria de Antônio Delfim Netto, somam-se ainda a propaganda maciça do governo de que “este é um País que vai para frente” e de que “exportar é o que importa”, as quais revelavam as respostas aos críticos do “milagre brasileiro”. Afinal, o Brasil crescia acima de 10% ao ano. No quadro ufanista de então, o I PND aparece em dezembro de 1971, tendo como objetivo básico o crescimento econômico, em detrimento de outras necessidades nacionais, como distribuição de renda e estabilidade macroeconômica.
No tocante à distribuição de renda, a consequência é que, sem dúvida, foram ainda mais agravadas as diferenças entre as rendas das famílias, entre os setores produtivos, as finanças comportamentais e as regiões brasileiras. A direção do I PND era de alocar os investimentos na indústria do Sudeste, especificamente, no triângulo Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais, centralizando e concentrando ainda mais os capitais que já estavam e os que vinham para a nação.
Além das metas de baixa taxa de inflação e elevado crescimento econômico, pode-se enumerar alguns outros objetivos do plano:
Transformar o País numa potência econômica, eliminando o subdesenvolvimento, ou seja, elevar o Brasil à categoria de país desenvolvido.
Desenvolver a empresa nacional, fortalecendo o poder de competição externa e interna, haja vista que o I PND, diferentemente dos planos econômicos anteriores, privilegiaria as grandes empresas, que seriam um dos elementos básicos da estratégia de desenvolvimento.
Crescimento acima de 7% ao ano, com o objetivo de aumentar a renda per capita, visto que esta última deveria ultrapassar US$500.00 em 1974.
 As taxas de emprego deveriam aumentar a uma média de 3,1% entre de 1971 e 1974, reduzindo assim o desemprego para níveis desenvolvidos.
Lançar mão de instrumentos que favorecessem o processo de acumulação do setor privado, tais como financiamento por bancos oficiais, com créditos subsidiados.
Promover a agro-industrialização, destacando-se, nessa época, os incentivos fiscais para a indústria de papel e celulose.
Expansão da fronteira agrícola, inserindo definitivamente o Nordeste, a Amazônia e o Planalto Central na economia nacional.
O plano foi muito bem sucedido com relação à “meta síntese”. Ou seja, a união do PED com o I PND, na era Médici. O país passou de 15º posição, em 1968, para a 8º posição, em 1973, em termos de PIB. Embora episódica a colocação, o certo de que entre 1968 e 1974 o país cresceu a taxas acima de 10% ao ano.
A política de endividamento externo tornou-se, no período, o principal motivo de aceleração econômica. A resposta brasileira a ela se dava com fortes estímulos para a elevação das exportações. Logo, havia menor ênfase na oferta doméstica relativamente à oferta externa.
2.8.3 PROGRAMA DE INTEGRAÇÃO NACIONAL
Durante o período que compreendeu o I PND, alguns motivos fizeram o plano se preocupar com a integração nacional, dentre estes motivos destacavam-se:
Integração das regiões atrasadas economicamente, que necessitavam aproximar-se do resto do País para que a continuidade da expansão econômica fosse garantida.
Fortalecer o processo de industrialização no Nordeste, substituindo importações provenientes do Sudeste.
Integração física da Amazônia, através da construção de rodovias como a transamazônica e Cuiabá – Santarém e do programa de levantamento geográfico (RADAM). 
Falava-se em segurança nacional, já que era necessário proteger as regiões limítrofes, o que foi feito através da ocupação populacional e a expansão da fronteira agrícola.
2.8.4 POLÍTICA EXTERNA NO I PND
O período estudado foi de bons resultados para a balança comercial. Houve um aumento de cerca de 20% nos preços dos produtos exportados pelo Brasil, sendo que os produtos agropecuários, minério de ferro, têxteis e calçados, formando os principais responsáveis pelo bom desempenho no comércio internacional.
As importações de bens de capital apresentaram um aumento de 136% no período. Houve também um aumento do endividamento externo brasileiro, não somente pela tomada de empréstimos, bem como para ampliação das reservas brasileiras. Vinha escrito no I PND que o endividamento seria um complemento à poupança interna, que seria responsável pelos maiores investimentos. Na verdade, os investimentos superaram em muito as poupanças internas, gerando fortes investimentos em infraestrutura.
2.8.5 POLÍTICAS DE INTERVENÇÃO DO GOVERNO
A política fiscal: a grande preocupação era manter o déficit de caixa do tesouro em torno de 1% do PIB, e ao mesmo tempo, evitar qualquer tipo de aumento de impostos.
A política monetária: havia uma preocupação de flexibilidade dos instrumentos de política monetária para manter níveis de liquidez mais adequada ao setor privado.
A política de distribuição de renda: instrumentos como o PIS, PASEP e FGTS deveriam garantir uma participação da população no crescimento econômico, mas serviram apenas como uma poupança compulsória do governo, que canalizou recursos para seus projetos prioritários. Ademais, programas como o FUNRURAL, o PROTERRA, o BNH e diversos outros, serviram para intensificar

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