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Amostra 2 - Direito Constitucional - Ministério Público

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AVISO DE DIREITOS AUTORAIS 
 Prezado aluno, antes de iniciarmos nossos estudos, lembramos que todo o 
material deste curso se destina ao uso exclusivo de quem o adquirir no site do Trino 
Concursos, e sua aquisição não autoriza sua reprodução, conforme proteção conferida 
pelas legislações civil (como a Lei 9.610/98 e o Código Civil) e penal (especialmente pelo 
art. 184 do Código Penal). 
 Sentimos a obrigação de esclarecer que, acaso haja a inobservância das 
disposições legais aplicáveis, o fornecimento das aulas será interrompido e nenhum 
valor pago será restituído, sem prejuízo de toda a responsabilização cabível. 
 Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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DIREITO CONSTITUCIONAL 
MINISTÉRIO PÚBLICO 
MINISTÉRIO PÚBLICO ........................................................................................................... 4 
NORMAS QUE REGEM O MINISTÉRIO PÚBLICO ....................................................................... 5 
“Quarentena” para ingresso na carreira ............................................................................... 6 
ESTRUTURA DO MINISTÉRIO PÚBLICO NA CF/88 .................................................................... 9 
Ministério Público Eleitoral .................................................................................................. 10 
Procurador-Geral da República ............................................................................................ 15 
Procurador-Geral de Justiça dos Estados e do Distrito Federal e Territórios ....................... 17 
Procurador-Geral do Trabalho, Procurador-Geral da Justiça Militar e Procurador-Geral 
Eleitoral ................................................................................................................................ 21 
Conflito de atribuições entre órgãos do Ministério Público ................................................. 24 
PRINCÍPIOS INSTITUCIONAIS DO MINISTÉRIO PÚBLICO ........................................................ 26 
Unidade ................................................................................................................................ 26 
Indivisibilidade ..................................................................................................................... 31 
Independência funcional ...................................................................................................... 32 
ATUAÇÃO AUTÔNOMA DO MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL PERANTE O STF.................... 33 
PRINCÍPIO DO PROMOTOR NATURAL .................................................................................... 37 
GARANTIAS DO MINISTÉRIO PÚBLICO ................................................................................... 38 
VEDAÇÕES IMPOSTAS AOS MEMBROS DO MINISTÉRIO PÚBLICO ........................................ 40 
Membro do Ministério Público pode advogar?.................................................................... 42 
Exercício de outros cargos públicos por membros do Ministério Público ............................ 45 
Exercício de atividade político-partidária por membro do Ministério Público..................... 47 
FUNÇÕES INSTITUCIONAIS DO MINISTÉRIO PÚBLICO ........................................................... 50 
CONSELHO NACIONAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO (CNMP) .................................................... 58 
Composição do Conselho ..................................................................................................... 59 
Atribuições do Conselho ....................................................................................................... 61 
MINISTÉRIO PÚBLICO JUNTO AO TRIBUNAL DE CONTAS ...................................................... 64 
O Ministério Público de Contas e seus membros se submetem ao CNMP? ......................... 68 
 
 
 
 
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MINISTÉRIO PÚBLICO 
 Ao longo das Constituições brasileiras, o Ministério Público passou por uma 
evolução, chegando aos contornos que tem atualmente, no regime da CF/88. 
Foi na CF/88 que o Ministério Público foi definitivamente desatrelado dos 
Poderes da República, recebendo tratamento topográfico fora da disciplina dos Poderes 
Executivo e Judiciário (diferentemente, por exemplo, das Constituições de 1891 e de 
1967, em que o MP foi inserido na seção que tratava do Poder Judiciário; e da 
Constituição de 1969 – EC 1/69 –, em que foi alocado no capítulo do Poder Executivo). 
Além disso, note que, no regime constitucional anterior, a União era 
representada em juízo pelos Procuradores da República (membros do Ministério Público 
Federal), podendo a lei, nas comarcas de interior, atribuir essa função ao Ministério 
Público local. Já na CF/88, vedou-se que o Ministério Público exercesse a representação 
judicial e a consultoria jurídica dos entes públicos, tarefa essa que, foi atribuída à 
Advocacia Pública. 
Além disso, conforme veremos à frente, o Procurador-Geral da República, na 
vigência da CF/88, não mais é livremente demissível pelo Presidente da República. Fica, 
portanto, vedada a demissão ad nutum do PGR. 
Tudo isso mostra que, no regime da CF/88, o Ministério Público foi libertado de 
vinculações com os Poderes da República. E foi nesse sentido que o atual texto 
constitucional, em seu art. 127, caput, estabeleceu que o MP é instituição permanente 
essencial à função jurisdicional do Estado, além de lhe haver conferido missões de alta 
relevância: 
“Art. 127. O Ministério Público é instituição 
permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, 
incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime 
democrático e dos interesses sociais e individuais 
indisponíveis.” 
 
 
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NORMAS QUE REGEM O MINISTÉRIO PÚBLICO 
 Além da Constituição Federal, outras normas – regulamentando o texto 
constitucional – foram editadas para disciplinar o Ministério Público, a saber: 
I) Lei 8.625/93: é a Lei Orgânica Nacional do Ministério Público (LONMP), que 
traz normas gerais para a organização do Ministério Público nos Estados. 
Essa lei é de iniciativa privativa do Presidente da República, conforme 
consta do art. 61, § 1º, II, “d”, da CF/88. 
“Art. 61, § 1º São de iniciativa privativa do Presidente da 
República as leis que: 
(...) 
II - disponham sobre: 
(...) 
d) organização do Ministério Público e da Defensoria 
Pública da União, bem como normas gerais para a 
organização do Ministério Público e da Defensoria 
Pública dos Estados, do Distrito Federal e dos 
Territórios; 
(...)” 
 
II) Lei Complementar 75/93: é a Lei Orgânica do Ministério Público da União 
(LOMPU), cuja iniciativa é do Procurador-Geral da República (chefe do 
MPU), nos termos do art. 128, § 5º, da CF/88. O Ministério Público da 
União, nos termos do art. 128, I, da CF/88, compreende o Ministério 
Público Federal (MPF), o Ministério Público Militar (MPM), o Ministério 
Público do Trabalho (MPT) e o Ministério Público do Distrito Federal e 
Territórios (MPDFT), todos independentes entre si. A LOMPU trata do 
estatuto, organização e atribuições do MPU e, diferentemente da LONMP 
 
 
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(que é uma lei de caráter nacional), tem abrangência apenas federal (isto 
é, somente se aplica no âmbito da União). 
“Art. 128. O Ministério Público abrange: 
I - o Ministério Público da União, que compreende: 
a) o Ministério Público Federal; 
b) o Ministério Público do Trabalho; 
c) o Ministério Público Militar; 
d) o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios; 
II - os Ministérios Públicos dos Estados.” 
 
III) Leis complementares estaduais: cada Estado deve editar lei 
complementar própria, de iniciativa do Procurador-Geral de Justiça (chefe 
do MP estadual), para disciplinar o Ministério Público local, conforme 
decorre do art. 128, §5º, da CF/88. 
“Art. 128, § 5º Leis complementares da União e dos 
Estados, cujainiciativa é facultada aos respectivos 
Procuradores-Gerais, estabelecerão a organização, as 
atribuições e o estatuto de cada Ministério Público, 
observadas, relativamente a seus membros: 
(...)” 
 
“Quarentena” para ingresso na carreira 
 
 Nos termos do art. 129, § 2º, da CF/88, as funções do Ministério Público apenas 
podem ser exercidas por integrantes da carreira, que devem residir na própria comarca 
em que atuam, salvo autorização do chefe da instituição. 
“Art. 129, § 2º As funções do Ministério Público só 
podem ser exercidas por integrantes da carreira, que 
deverão residir na comarca da respectiva lotação, salvo 
autorização do chefe da instituição.” 
 
 
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 O ingresso na carreira, por sua vez, ocorre por meio de aprovação em concurso 
público de provas e títulos com a participação da OAB em todas as suas fases, inclusive 
na apreciação de eventuais recursos endereçados à banca examinadora, conforme 
consta do Enunciado nº 11 do CNMP: 
“Art. 1º É obrigatória a participação da Ordem dos 
Advogados do Brasil em todas as fases de concurso 
para ingresso no Ministério Público, inclusive na 
apreciação de eventuais recursos apreciados pela 
respectiva banca, sob pena de nulidade de todas as 
fases posteriores à comprovada ausência de 
participação. 
 
Art. 2º O enunciado terá aplicação a partir de sua 
publicação. 
 
Brasília-DF, 13 de dezembro de 2016.” 
 
 Para o ingresso na carreira do Ministério Público, há um requisito constitucional 
que se convencionou chamar de “quarentena de entrada”. Essa “quarentena” consiste 
na exigência de que o candidato ao cargo (que deve ser bacharel em direito) possua pelo 
menos 03 (três) anos de atividade jurídica, conforme previsto no art. 129, § 3º, da 
CF/88. 
“Art. 129, § 3º O ingresso na carreira do Ministério 
Público far-se-á mediante concurso público de provas e 
títulos, assegurada a participação da Ordem dos 
Advogados do Brasil em sua realização, exigindo-se do 
bacharel em direito, no mínimo, três anos de atividade 
 
 
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jurídica e observando-se, nas nomeações, a ordem de 
classificação.” 
 
 Uma importante questão que já foi objeto de análise pelo STF e pelo Conselho 
Nacional do Ministério Público (CNMP) é a seguinte: o preenchimento do requisito de 
03 (três) anos de atividade jurídica deve ser comprovado em que momento? Somente 
na posse? Ou seria necessária essa comprovação antes mesmo do momento da 
investidura no cargo? 
 No que diz respeito ao cargos públicos em geral, a jurisprudência é tranquila no 
sentido de que os requisitos para a investidura somente precisam ser comprovados no 
momento da posse, conforme consta da Súmula 266 do STJ (“O diploma ou habilitação 
legal para o exercício do cargo deve ser exigido na posse e não na inscrição para o 
concurso público.”). Porém, em relação ao requisito da “quarentena de entrada” para 
investidura no cargo de membro do Ministério Público, o Supremo Tribunal Federal 
firmou o entendimento de que deve ser comprovado por ocasião da inscrição definitiva 
no concurso. 
 Nas palavras da Corte, “os três anos de atividade jurídica contam-se da data da 
conclusão do curso de Direito e o fraseado "atividade jurídica" é significante de atividade 
para cujo desempenho se faz imprescindível a conclusão de curso de bacharelado em 
Direito. O momento da comprovação desses requisitos deve ocorrer na data da inscrição 
no concurso, de molde a promover maior segurança jurídica tanto da sociedade quanto 
dos candidatos” (ADI 3460/DF; Relator(a): Min. CARLOS BRITTO; Julgamento: 
31/08/2006; Órgão Julgador: Tribunal Pleno). 
 Esse entendimento também se aplica em relação à exigência de três anos de 
atividade jurídica para ingresso na magistratura. 
 Nesse sentido, segundo o STF, “a exigência de comprovação, no momento da 
inscrição definitiva (e não na posse), do triênio de atividade jurídica privativa de 
bacharel em Direito como condição de ingresso nas carreiras da magistratura e do 
ministério público (arts. 93, I e 129, §3º, CRFB - na redação da Emenda Constitucional 
 
 
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n. 45/2004) foi declarada constitucional pelo STF na ADI 3.460. (...) Mantidas as 
premissas fáticas e normativas que nortearam aquele julgamento, reafirmam-se as 
conclusões (ratio decidendi) da Corte na referida ação declaratória. (...) Tese reafirmada: 
“é constitucional a regra que exige a comprovação do triênio de atividade jurídica 
privativa de bacharel em Direito no momento da inscrição definitiva”. (...)” (RE 
655265/DF; Relator(a): Min. LUIZ FUX; Relator(a) p/ Acórdão: Min. EDSON FACHIN; 
Julgamento: 13/04/2016; Órgão Julgador: Tribunal Pleno). 
 É interessante notar, conforme destaquei acima, que o entendimento constante 
dos julgados trazidos acima se aplica tanto ao concurso para ingresso no Ministério 
Público quanto ao concurso para ingresso na magistratura. Inclusive, como você irá 
perceber, essas duas carreiras recebem tratamento semelhante em diversas questões, 
e não apenas em relação à “quarentena de entrada”. 
 
 
ESTRUTURA DO MINISTÉRIO PÚBLICO NA CF/88 
 Quando estudamos o Poder Judiciário, vimos que, apesar do seu caráter unitário, 
ele é estruturado em diversas Justiças, havendo na Constituição Federal a previsão da 
Justiça Estadual, da Justiça Federal, da Justiça do Trabalho etc. Em relação ao Ministério 
Público, também se verifica a existência de uma estrutura organizacional com diferentes 
órgãos, inclusive órgãos “comuns” (que atuam na “justiça comum”) e órgãos 
“especializados” (que atuam na “justiça especializada”). 
 Como então está organizado o Ministério Público na CF/88? 
 Isso é tratado no art. 128 da Constituição Federal, que prevê o Ministério Público 
da União (MPU) e o Ministério Público dos Estados. O MPU, por sua vez, compreende o 
Ministério Público Federal (MPF), o Ministério Público do Trabalho (MPT), o Ministério 
Público Militar (MPM) e o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT). 
Veja: 
 
 
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“Art. 128. O Ministério Público abrange: 
I - o Ministério Público da União, que compreende: 
a) o Ministério Público Federal; 
b) o Ministério Público do Trabalho; 
c) o Ministério Público Militar; 
d) o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios; 
II - os Ministérios Públicos dos Estados.” 
 
 Algumas observações devem ser feitas de imediato. 
 Primeiramente, note que o Ministério Público Militar é uma carreira do 
Ministério Público na esfera federal e tem atuação apenas perante a Justiça Militar 
Federal, não atuando perante a Justiça Militar Estadual (na qual é o Ministério Público 
Estadual que exerce suas atribuições). 
 Além disso, não obstante o semelhante tratamento jurídico-constitucional 
existente entre os Estados e o Distrito Federal, o Ministério Público do Distrito Federal 
(e Territórios) foi afastado da esfera estadual e inserido no MPU, o que se deve ao fato 
de ser organizado e mantido pela União, nos termos do art. 21, XIII, da CF/88. 
“Art. 21. Compete à União: 
(...) 
XIII - organizar e manter o Poder Judiciário, o Ministério 
Público do Distrito Federal e dos Territórios e a 
Defensoria Pública dos Territórios;” 
 
Ministério Público Eleitoral 
 
 Como você já deve ter notado, ao tratar, acima, da estrutura do Ministério 
Público na Constituição Federal, não fiz menção ao Ministério Público Eleitoral. E o 
motivo é muito simples: não há referência, na CF/88, ao Ministério Público Eleitoral. 
 
 
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 Na verdade, o que ocorre é que o Ministério Público Eleitoral não possui 
estrutura própria, tendo uma formação mista: é composto, em parte, por membros do 
MPF e, em parte, por membros do Ministério Público Estadual. A tabela abaixo ilustra 
isso de forma esquematizada: 
MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL (ARTS. 73 A 79, LC 75/93) 
ÓRGÃO ORIGEM GRAU DE JURISDIÇÃO EM 
QUE ATUA 
− Procurador-Geral 
Eleitoral (é o 
Procurador-Geralda 
República) 
− Vice-Procurador-Geral 
Eleitoral (é um dos 
Subprocuradores-
Gerais da República) 
− O PGR pode ser 
escolhido dentre 
membros de qualquer 
das carreiras do MPU, 
mas, na prática, tem 
sempre sido escolhido 
entre membros do 
Ministério Público 
Federal. 
− Ministério Público 
Federal 
− Tribunal Superior 
Eleitoral 
− Procuradores Regionais 
Eleitorais (são 
designados pelo 
Procurador-Geral 
Eleitoral dentre 
Procuradores Regionais 
da República) 
− Ministério Público 
Federal 
− Tribunais Regionais 
Eleitorais 
− Juízes auxiliares 
designados pelos TREs 
para apreciação de 
reclamações e 
representações que 
lhes sejam dirigidas 
(art. 96, § 3º, da Lei 
9.504/97) 
− Promotores eleitorais − Ministério Público 
Estadual 
− Juízes Eleitorais 
− Juntas Eleitorais 
 
 
 
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“Art. 73. O Procurador-Geral Eleitoral é o Procurador-
Geral da República. 
Parágrafo único. O Procurador-Geral Eleitoral 
designará, dentre os Subprocuradores-Gerais da 
República, o Vice-Procurador-Geral Eleitoral, que o 
substituirá em seus impedimentos e exercerá o cargo 
em caso de vacância, até o provimento definitivo. 
 
Art. 74. Compete ao Procurador-Geral Eleitoral exercer 
as funções do Ministério Público nas causas de 
competência do Tribunal Superior Eleitoral. 
 
Parágrafo único. Além do Vice-Procurador-Geral 
Eleitoral, o Procurador-Geral poderá designar, por 
necessidade de serviço, membros do Ministério Público 
Federal para oficiarem, com sua aprovação, perante o 
Tribunal Superior Eleitoral. 
 
Art. 75. Incumbe ao Procurador-Geral Eleitoral: 
I - designar o Procurador Regional Eleitoral em cada 
Estado e no Distrito Federal; 
II - acompanhar os procedimentos do Corregedor-Geral 
Eleitoral; 
III - dirimir conflitos de atribuições; 
IV - requisitar servidores da União e de suas autarquias, 
quando o exigir a necessidade do serviço, sem prejuízo 
dos direitos e vantagens inerentes ao exercício de seus 
cargos ou empregos. 
 
Art. 76. O Procurador Regional Eleitoral, juntamente 
com o seu substituto, será designado pelo Procurador-
 
 
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Geral Eleitoral, dentre os Procuradores Regionais da 
República no Estado e no Distrito Federal, ou, onde não 
houver, dentre os Procuradores da República vitalícios, 
para um mandato de dois anos. 
§ 1º O Procurador Regional Eleitoral poderá ser 
reconduzido uma vez. 
§ 2º O Procurador Regional Eleitoral poderá ser 
destituído, antes do término do mandato, por iniciativa 
do Procurador-Geral Eleitoral, anuindo a maioria 
absoluta do Conselho Superior do Ministério Público 
Federal. 
 
Art. 77. Compete ao Procurador Regional Eleitoral 
exercer as funções do Ministério Público nas causas de 
competência do Tribunal Regional Eleitoral respectivo, 
além de dirigir, no Estado, as atividades do setor. 
Parágrafo único. O Procurador-Geral Eleitoral poderá 
designar, por necessidade de serviço, outros membros 
do Ministério Público Federal para oficiar, sob a 
coordenação do Procurador Regional, perante os 
Tribunais Regionais Eleitorais. 
 
Art. 78. As funções eleitorais do Ministério Público 
Federal perante os Juízes e Juntas Eleitorais serão 
exercidas pelo Promotor Eleitoral. 
 
Art. 79. O Promotor Eleitoral será o membro do 
Ministério Público local que oficie junto ao Juízo 
incumbido do serviço eleitoral de cada Zona. 
Parágrafo único. Na inexistência de Promotor que oficie 
perante a Zona Eleitoral, ou havendo impedimento ou 
 
 
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recusa justificada, o Chefe do Ministério Público local 
indicará ao Procurador Regional Eleitoral o substituto a 
ser designado.” 
 
 Não estando o Ministério Público Eleitoral previsto na CF/88 e sendo ele 
composto por membros do MPF e do Ministério Público Estadual, fica a pergunta: a 
função eleitoral do MP é de natureza federal ou estadual? De uma leitura da LC 75/93, 
resta evidente a natureza federal do MP Eleitoral, pois esse diploma legal prevê que: 
I) O Ministério Público Federal exercerá suas funções nas causas de 
competência dos Tribunais e Juízes Eleitorais (art. 37, I, LC 75/93); 
II) Cabe ao Ministério Público Federal o exercício das funções do Ministério 
Público perante a Justiça Eleitoral, atuando em todas as fases e instâncias do 
processo eleitoral (art. 72, LC 75/93); 
III) O Promotor Eleitoral, nos termos do art. 79 da LC 75/93, será o membro do 
Ministério Público local que naturalmente atue perante o juízo incumbido do 
serviço eleitoral, mas que, na falta dele, haverá indicação, pelo Chefe do MP 
local, de um substituto a ser designado pelo Procurador Regional Eleitoral 
(que, como vimos, é integrante do MPF), de modo que fica claro que, quando 
o Promotor de Justiça atua como órgão eleitoral, faz isso na qualidade de 
Ministério Público Federal. 
“Art. 37. O Ministério Público Federal exercerá as suas 
funções: 
I - nas causas de competência do Supremo Tribunal 
Federal, do Superior Tribunal de Justiça, dos Tribunais 
Regionais Federais e dos Juízes Federais, e dos Tribunais 
e Juízes Eleitorais; (...)” 
 
“Art. 72. Compete ao Ministério Público Federal exercer, 
no que couber, junto à Justiça Eleitoral, as funções do 
 
 
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Ministério Público, atuando em todas as fases e 
instâncias do processo eleitoral.” 
 
“Art. 79. O Promotor Eleitoral será o membro do 
Ministério Público local que oficie junto ao Juízo 
incumbido do serviço eleitoral de cada Zona. 
Parágrafo único. Na inexistência de Promotor que oficie 
perante a Zona Eleitoral, ou havendo impedimento ou 
recusa justificada, o Chefe do Ministério Público local 
indicará ao Procurador Regional Eleitoral o substituto a 
ser designado.” 
 
 
Procurador-Geral da República 
 
 Quem é e o que faz o Procurador-Geral da República? 
 O Procurador-Geral da República (PGR) é o chefe do Ministério Público da União, 
além de ser, também, o chefe do MPF, como prevê o art. 45 da LC 75/93. A sua escolha 
é feita pelo Presidente da República, dentre membros do MPU maiores de 35 (trinta e 
cinco) anos, condicionada à aprovação pela maioria absoluta do Senado Federal, tendo 
mandato de 02 (dois) anos e sendo possível sua recondução ao cargo de forma ilimitada 
(evidentemente, a cada recondução, é necessário haver nova aprovação do Senado). É 
o que consta do art. 128, § 1º, da CF/88: 
“Art. 128, § 1º, CF/88 O Ministério Público da União tem 
por chefe o Procurador-Geral da República, nomeado 
pelo Presidente da República dentre integrantes da 
carreira, maiores de trinta e cinco anos, após a 
aprovação de seu nome pela maioria absoluta dos 
 
 
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membros do Senado Federal, para mandato de dois 
anos, permitida a recondução.” 
 
 Você certamente já ouviu falar em uma certa “lista tríplice” apresentada ao 
Presidente da República para a escolha do PGR dentre os nomes nela indicados. Essa 
lista, no entanto, não está prevista na CF/88, sendo uma criação costumeira da 
Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR). Esse costume teve início no 
ano 2001, mas, por não estar prevista no ordenamento jurídico, nunca vinculou a 
escolha do Presidente da República. 
 É curioso notar que, apesar de o PGR ser o chefe do Ministério Público da União, 
a lista tríplice promovida pela ANPR vem contemplando apenas Procuradores da 
República (que são integrantes do Ministério Público Federal apenas), excluindo, 
portanto, os membros das demais carreiras do MPU, que criticam essa medida 
excludente. 
 O PGR, uma vez investido no cargo, pode ser destituído pelo próprio Presidente 
da República, mas não de forma livre. Para isso, é necessário que haja prévia autorização 
da maioria absoluta do Senado Federal, conforme prevê o art. 128, § 2º, da CF/88. Aqui 
há uma diferença em relação ao regime constitucional anterior à CF/88: antes, tanto a 
nomeação quanto a exoneração do PGR pelo Presidente da Repúblicaeram livres, mas, 
a partir da CF/88, que trouxe um cenário de maior desvinculação do Ministério Público 
em relação aos Poderes da República, tanto a nomeação quanto a destituição do PGR 
dependem de aprovação da maioria absoluta do Senado Federal. 
“Art. 128, § 2º, CF/88 A destituição do Procurador-Geral 
da República, por iniciativa do Presidente da República, 
deverá ser precedida de autorização da maioria absoluta 
do Senado Federal.” 
 
 
 
 
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Procurador-Geral de Justiça dos Estados e do Distrito 
Federal e Territórios 
 
 O Procurador-Geral de Justiça (PGJ) é o chefe do Ministério Público Estadual (e 
também do Distrito Federal e Territórios). Assim, em cada Estado e no Distrito Federal 
haverá um Procurador-Geral de Justiça chefiando o respectivo MP. 
 O procedimento de escolha do PGJ é diferente do que a CF/88 prevê em relação 
ao PGR. 
 Nos Estados e no DF, há a formação de uma lista tríplice composta de nomes 
escolhidos dentre integrantes da carreira, na forma prevista na respectiva lei local do 
MP. Uma vez formada a lista tríplice, a escolha do PGJ será feita pelo Chefe do Executivo 
(Governador para os Estados e Presidente da República para o Distrito Federal e 
Territórios, já que, nos termos dos arts. 21, XIII, e 22, XVII, da CF/88, é a União que 
organiza e mantém o MPDFT). 
 O PGJ tem mandato de 02 (dois) anos, sendo permitida a sua recondução, mas, 
diferentemente do que ocorre em relação ao PGR (que pode ser reconduzido 
ilimitadamente), a recondução do PGJ só pode ocorrer uma única vez. 
 Tudo isso está previsto no art. 128, § 3º, da CF/88: 
“Art. 128, § 3º, CF/88 Os Ministérios Públicos dos 
Estados e o do Distrito Federal e Territórios formarão 
lista tríplice dentre integrantes da carreira, na forma da 
lei respectiva, para escolha de seu Procurador-Geral, 
que será nomeado pelo Chefe do Poder Executivo, para 
mandato de dois anos, permitida uma recondução.” 
 
 Em relação à definição dos critérios para a formação da lista tríplice prévia à 
escolha do Procurador-Geral de Justiça, tendo em vista que o Ministério Público possui 
a prerrogativa da iniciativa das proposições legislativas acerca de sua organização, os 
 
 
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mencionados critérios apenas podem ser definidos em lei complementar decorrente de 
proposta apresentada pelo próprio Ministério Público (art. 128, §§ 3º e 5º, CF/88), não 
podendo, nem mesmo, ser disciplinados em Emenda à Constituição Estadual. Isso 
porque o Ministério Público não possui legitimidade para iniciar o processo de 
aprovação de Emenda Constitucional, de modo que permitir o tratamento da matéria 
por meio de tal espécie normativa equivaleria a suprimir sua prerrogativa para, 
autonomamente, apresentar a proposição legislativa sobre o tema. Nesse sentido, já se 
manifestou o Supremo Tribunal Federal na ADI 5171, julgada em 30/08/2019. Veja: 
“(...) 1. O Ministério Público é o titular da iniciativa de 
projeto de lei que organiza, institui atribuições e 
estabelece a estrutura da carreira, dispondo também 
sobre a forma de eleição, de composição da lista 
tríplice e de escolha do Procurador-Geral de Justiça, na 
forma do artigo 128, §§ 3º e 5º, da Constituição 
Federal, observados os limites traçados pelo texto 
constitucional e pela legislação orgânica nacional (Lei 
8.625/1993). 2. A Emenda Constitucional 48/2014 à 
Constituição do Estado do Amapá revela-se 
formalmente inconstitucional: (i) por tratar de matéria 
relativa à alteração do estatuto jurídico da carreira do 
Ministério Público Estadual, porquanto o Poder 
Legislativo não ostenta essa competência, violando 
diretamente o artigo 128, §§ 3º e 5º, do texto 
constitucional; e (ii) ao consagrar a iniciativa eivada de 
incompetência, a Constituição Estadual viola a 
Constituição Federal, que reclama lei complementar de 
iniciativa do Procurador-Geral para disciplinar o tema. 3. 
A lei orgânica do Ministério Público é a via legislativa 
apta a definir os membros da carreira elegíveis para o 
cargo de Procurador-Geral de Justiça. 4. 
Consectariamente, a emenda constitucional de 
 
 
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iniciativa parlamentar, ao dispor sobre a data para a 
realização da eleição, para a formação de lista tríplice 
para o cargo de Procurador-Geral de Justiça, viola as 
disposições do artigo 128, § 3º e 5º, da Constituição 
Federal, que exige lei complementar estadual de 
iniciativa daquela autoridade. (...)” 
(ADI 5171/AP; Relator(a): Min. LUIZ FUX; Julgamento: 
30/08/2019; Órgão Julgador: Tribunal Pleno) 
 
 Há a necessidade de aprovação da escolha do PGJ pelo Poder Legislativo, tal qual 
ocorre com o PGR? NÃO, pois a CF/88, no seu art. 128, § 3º, traz como única exigência 
a formação de lista tríplice de acordo com a lei respectiva para escolha de um dos nomes 
pelo Chefe do Executivo. Inclusive, assim já decidiu o Supremo Tribunal Federal. 
 Nas palavras da Corte, “a Constituição Federal de 1988 não prevê a participação 
do Poder Legislativo estadual no processo de escolha do chefe do Ministério Público, 
de modo que não podem a Constituição Estadual e a legislação infraconstitucional exigir 
tal participação parlamentar. Salvo em tema de destituição do Procurador-Geral de 
Justiça, porque, agora sim, a Magna Carta condiciona tal desinvestidura forçada à 
aprovação do Poder Legislativo, pela maioria absoluta dos respectivos membros. 
Violação ao princípio da separação dos Poderes” (ADI 3727/RN; Relator(a): Min. AYRES 
BRITTO; Julgamento: 12/05/2010; Órgão Julgador: Tribunal Pleno). 
 E esse entendimento foi reiterado pelo STF no julgamento (em 21/12/2020) da 
medida cautelar requerida na ADI 6608, oportunidade em que a Corte afirmou a 
“inconstitucionalidade de normas que sujeitam a escolha do Chefe do Ministério Público 
estadual à aprovação das Assembleias Legislativas”. 
 E a destituição do PGJ? Ela é possível? Sim, mas também aqui há diferença em 
relação ao PGR. 
 Nos termos do art. 128, § 4º, da CF/88, o PGJ pode ser destituído, mas o ato de 
destituição não será do Chefe do Executivo, e sim da própria Assembleia Legislativa 
 
 
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local, mediante deliberação da maioria absoluta de seus membros, na forma prevista na 
lei orgânica do respectivo MP. Conforme vimos acima, em relação ao PGR, a destituição 
é ato do próprio Presidente da República, mas depende de prévia autorização da maioria 
absoluta do Senado Federal. 
“Art. 128, § 4º, CF/88 Os Procuradores-Gerais nos 
Estados e no Distrito Federal e Territórios poderão ser 
destituídos por deliberação da maioria absoluta do 
Poder Legislativo, na forma da lei complementar 
respectiva.” 
 
 Aqui, é necessário ter CUIDADO com um detalhe: o art. 128, § 4º, da CF/88 prevê 
que a destituição do PGJ se dará por ato do Poder Legislativo respectivo. Em relação ao 
MP Estadual, não há dúvida alguma de que esse ato é da Assembleia Legislativa local. 
Porém, em relação ao MPDFT, esse ato é do Senado Federal, e não da Câmara Legislativa 
do DF, conforme prevê a LC 75/93, em seu art. 156, § 2º (transcrito no quadro abaixo), 
norma essa que decorre naturalmente da vinculação constitucional do MPDFT à União. 
“Art. 155. O Procurador-Geral de Justiça é o Chefe do 
Ministério Público do Distrito Federal e Territórios. 
 
Art. 156. O Procurador-Geral de Justiça será nomeado 
pelo Presidente da República dentre integrantes de lista 
tríplice elaborada pelo Colégio de Procuradores e 
Promotores de Justiça, para mandato de dois anos, 
permitida uma recondução, precedida de nova lista 
tríplice. 
§ 1º Concorrerão à lista tríplice os membros do 
Ministério Público do Distrito Federal com mais de cinco 
anos de exercício nas funções da carreira e que não 
tenham sofrido, nos últimos quatro anos, qualquer 
 
 
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condenação definitiva ou não estejam respondendo a 
processo penal ou administrativo. 
§ 2º O Procurador-Geral poderá ser destituído, antesdo 
término do mandato, por deliberação da maioria 
absoluta do Senado Federal, mediante representação 
do Presidente da República.” 
 
 Houve ainda outra questão decidida pelo Supremo Tribunal Federal acerca do 
mandato do Procurador-Geral de Justiça: se houver vacância antes do término do biênio 
do mandato, o novo PGJ irá tão somente concluir o período já iniciado (exercendo um 
“mandato tampão”) ou irá cumprir um novo período completo de 02 (dois) anos? 
Segundo o STF, como o art. 128, § 3º, da CF/88 fixa em 02 (dois) anos o mandato 
do PGJ, é inconstitucional norma que estabeleça que, em caso de vacância do cargo, o 
novo Procurador-Geral de Justiça se limita a concluir o período anteriormente iniciado 
(ADI 1783, j. 11/10/2001). 
 
 
Procurador-Geral do Trabalho, Procurador-Geral da 
Justiça Militar e Procurador-Geral Eleitoral 
 
Para facilitar e tendo em vista o que há de relevante a tratar sobre esses cargos, 
abordo o tema no quadro esquematizado abaixo: 
 ATRIBUIÇÕES QUEM É ESCOLHA 
PROCURADOR-
GERAL DO 
TRABALHO 
É o Chefe do 
Ministério Público 
do Trabalho (art. 
87, LC 75/93). 
É um integrante do 
MPT com mais de 
35 (trinta e cinco) 
anos de idade e 
mais de 05 (cinco) 
É escolhido pelo 
Procurador-Geral 
da República 
dentre indicados 
em lista tríplice 
 
 
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anos de carreira. 
Acaso não haja 
número suficiente 
de membros com o 
tempo de carreira 
exigido, poderá 
concorrer à lista 
quem contar com 
mais de 02 (dois) 
anos de “casa” (art. 
88, LC 75/93). 
elaborada por voto 
plurinominal, 
facultativo e 
secreto do Colégio 
de Procuradores do 
Trabalho, para 
mandato de 02 
(dois) anos, 
admitida uma única 
recondução, 
hipótese em que o 
procedimento de 
escolha deve ser 
novamente 
observado. É 
possível que o PGT 
seja exonerado 
(pelo PGR) antes do 
término do seu 
mandato, 
mediante proposta 
do Conselho 
Superior do MPT 
resultante de 
deliberação de dois 
terços de seus 
membros através 
de voto secreto 
(art. 88, LC 75/93). 
 
 
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PROCURADOR-
GERAL DA JUSTIÇA 
MILITAR 
É o Chefe do 
Ministério Público 
Militar (art. 120, LC 
75/93). ATENÇÃO! 
A LC 75/93 rotulou 
o cargo como 
Procurador-Geral 
da Justiça Militar, 
apesar de o órgão 
que ele comanda 
ser o Ministério 
Público Militar 
(sem “Justiça”). 
É um integrante do 
MPM com mais de 
35 (trinta e cinco) 
anos de idade e 
mais de 05 (cinco) 
anos de carreira. 
Acaso não haja 
número suficiente 
de membros com o 
tempo de carreira 
exigido, poderá 
concorrer à lista 
quem contar com 
mais de 02 (dois) 
anos de “casa” (art. 
121, LC 75/93). 
É escolhido pelo 
Procurador-Geral 
da República 
dentre indicados 
em lista tríplice 
elaborada por voto 
plurinominal, 
facultativo e 
secreto do Colégio 
de Procuradores da 
Justiça Militar, para 
mandato de 02 
(dois) anos, 
admitida uma única 
recondução, 
hipótese em que o 
procedimento de 
escolha deve ser 
novamente 
observado. É 
possível que o 
PGJM seja 
exonerado (pelo 
PGR) antes do 
término do seu 
mandato, 
mediante proposta 
do Conselho 
Superior do MPM 
resultante de 
deliberação de dois 
 
 
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terços de seus 
membros através 
de voto secreto 
(art. 121, LC 75/93). 
PROCURADOR-
GERAL ELEITORAL 
É o integrante do 
Ministério Público 
que exerce as 
atribuições do MP 
nas causas de 
competência do 
TSE (art. 74, LC 
75/93). 
Necessariamente, 
o Procurador-Geral 
da República será o 
Procurador-Geral 
Eleitoral (art. 73, LC 
75/93). 
Conforme vimos, 
necessariamente, o 
Procurador-Geral 
da República será o 
Procurador-Geral 
Eleitoral (art. 73, LC 
75/93). 
 
 
Conflito de atribuições entre órgãos do Ministério Público 
 
Houve um caso que gerou bastante repercussão ao ser decidido pelo Supremo 
Tribunal Federal, envolvendo um conflito negativo de atribuições entre um Ministério 
Público Estadual e o Ministério Público Federal em que se discutia qual desses órgãos 
teria a atribuição para apurar uma determinada infração penal (um afirmando caber ao 
outro a apuração). 
Até então, havia o entendimento (STF, ACO 889, PET 3528, ACO 853, PET 3631) 
de que essa questão deveria ser decidida pelo Supremo Tribunal Federal, haja vista 
consubstanciar um conflito entre diferentes entes da Federação (a União de um lado e 
um Estado de outro). E esse posicionamento se fundamentava no art. 102, I, “f”, da 
CF/88: 
“Art. 102, CF/88. Compete ao Supremo Tribunal 
Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, 
cabendo-lhe: 
 
 
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I - processar e julgar, originariamente: 
(...) 
f) as causas e os conflitos entre a União e os Estados, a 
União e o Distrito Federal, ou entre uns e outros, 
inclusive as respectivas entidades da administração 
indireta;” 
 
Posteriormente, ao ser provocado a decidir o conflito de atribuições suscitado 
no bojo da ACO 1.567, o STF, julgando questão de ordem, modificou o seu 
entendimento (e é por isso que esse tema ganhou maior importância, inclusive, em 
provas de direito constitucional) e fixou a tese de que cabe ao Procurador-Geral da 
República apreciar conflitos de atribuição entre órgãos do Ministério Público. Essa 
decisão foi alvo de fortes críticas no sentido de sua inconstitucionalidade, porque, além 
de não haver feito distinção alguma entre Ministério Público Estadual e Ministério 
Público Federal, afrontou a autonomia dos MPs dos Estados, colocando-os em situação 
de subordinação institucional ao PGR, que, conforme vimos, é chefe do Ministério 
Público da União e não dos Estados. 
Então, posteriormente, na ACO 843 (julgada em 08/06/2020), o Supremo 
Tribunal Federal, considerando as críticas no sentido de que os Ministérios Públicos 
Estaduais não se encontram submetidos ao Ministério Público da União (nem tampouco, 
portanto, ao Procurador-Geral da República), modificou novamente o seu 
entendimento e decidiu que a competência para apreciar os conflitos de atribuições 
entre Ministérios Públicos de diferentes entidades federativas é do Conselho Nacional 
do Ministério Público (CNMP), o que faz sentido, já que o CNMP é órgão incumbido do 
controle administrativo do Ministério Público e o conflito de atribuições tem caráter 
administrativo. 
 
 
 
 
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PRINCÍPIOS INSTITUCIONAIS DO MINISTÉRIO 
PÚBLICO 
Quando os concursos apresentam questões sobre o Ministério Público, é comum 
aparecer o tema dos princípios institucionais, principalmente, em provas de primeira 
fase. 
Os princípios institucionais do Ministério Público estão previstos no art. 127, § 
1º, da CF/88 e são os seguintes: unidade, indivisibilidade e independência funcional. 
“Art. 127. O Ministério Público é instituição 
permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, 
incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime 
democrático e dos interesses sociais e individuais 
indisponíveis. 
§ 1º - São princípios institucionais do Ministério Público 
a unidade, a indivisibilidade e a independência 
funcional. 
(...)” 
 
 
Unidade 
 
Significa que o Ministério Público é uma instituição única. Em outras palavras: o 
fato de o MP apresentar divisões internas não faz com que haja diferentes Ministérios 
Públicos dentro do Ministério Público. Assim, por exemplo, se no Ministério Público do 
Estado de São Paulo houver uma Promotoria da Infância, uma Promotoria da Família, 
uma Promotoria de Crimes Cibernéticos etc., isso não irá significar a existência de um 
Ministério Público de São Paulo para cada Promotoria. 
E corrobora isso o fato de que em cada carreira do Ministério Público há um só 
chefe, ao qual toda a estrutura do órgão está submetida: o Procurador-Geral de Justiça 
 
 
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é o Chefe do Ministério Público Estadual, o Procurador-Geral do Trabalho é o Chefe do 
MPT, o Procurador-Geral da República é o Chefe do MPU etc. 
Inclusive,a partir do que foi dito acima, é possível perceber que a unidade se 
refere a cada órgão, não sendo possível falar em unidade entre MPU e os Ministérios 
Públicos Estaduais nem tampouco entre as carreiras integrantes do MPU (possuindo 
cada uma delas chefia própria). 
E esses aspectos foram abordados pelo STF no julgamento da ADPF 482, na qual 
o que se debateu foi o seguinte: é constitucional a permuta entre membros de 
diferentes Ministérios Públicos? 
No caso, o ato impugnado foi um acórdão do CNMP que permitiu a remoção, por 
permuta nacional, entre membros dos Ministérios Públicos dos Estados e do Distrito 
Federal e Territórios. E o Supremo Tribunal Federal acolheu a ADPF, decidindo ser 
inconstitucional o ato em questão, por ofender a regra do concurso público (art. 37, II, 
CF/88) e o princípio da unidade do Ministério Público. 
No que diz respeito ao princípio da unidade do MP, o STF esclareceu, conforme 
explicamos acima, que esse princípio significa que os membros do Ministério Público 
integram um só órgão sob a direção única de um só Procurador-Geral. Em outras 
palavras, para cada Procurador-Geral, existe um único Ministério Público sob seu 
comando e Ministérios Públicos sob diferentes chefias não se misturam. Logo, não há 
unidade entre diferentes carreiras do Ministério Público. 
Já em relação ao desrespeito à exigência constitucional de concurso público (o 
que, aliás, é uma decorrência lógica da constatação de que o princípio da unidade se 
verifica isoladamente para cada carreira do Ministério Público submetida a uma chefia 
própria), a Suprema Corte registrou que a permuta nacional entre membros de 
diferentes Ministérios Públicos equivale à transferência, que é a forma de provimento 
que permite ao servidor investir-se em cargo pertencente a carreira diversa daquela 
para a qual obteve aprovação em concurso público, o que burla a regra do concurso 
público, conforme, inclusive, consta da Súmula Vinculante nº 43, segundo a qual, “é 
inconstitucional toda modalidade de provimento que propicie ao servidor investir-se, 
 
 
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sem prévia aprovação em concurso público destinado ao seu provimento, em cargo que 
não integra a carreira na qual anteriormente investido.” 
Portanto, segundo o STF, é inconstitucional a permuta nacional entre membros 
de diferentes Ministérios Públicos. Confira a ementa desse julgado: 
“(...) INEXISTÊNCIA DE UMA ÚNICA CARREIRA COMUM 
A TODOS OS MINISTÉRIOS PÚBLICOS ESTADUAIS E AO 
MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO. 
INCONSTITUCIONALIDADE DA REMOÇÃO, POR 
PERMUTA NACIONAL, ENTRE MEMBROS DE 
MINISTÉRIOS PÚBLICOS DIVERSOS. VIOLAÇÃO AO 
PRINCÍPIO DO CONCURSO PÚBLICO. SÚMULA 
VINCULANTE 43 DO STF. (...) 1. O Ministério Público da 
União e os Ministérios Públicos dos Estados são 
disciplinados por leis complementares próprias, cuja 
iniciativa é facultada aos respectivos Procuradores-
Gerais, as quais estabelecem a organização, as 
atribuições e o estatuto de cada Ministério Público (art. 
128, § 5º, da CF). 2. Por força do princípio da unidade 
do Ministério Público (art. 127, § 1º, da CF), os 
membros do Ministério Público integram um só órgão 
sob a direção única de um só Procurador-Geral. Só 
existe unidade dentro de cada Ministério Público, não 
havendo unidade entre o Ministério Público de um 
Estado e o de outro, nem entre esses e os diversos ramos 
do Ministério Público da União. 3. A remoção, por 
permuta nacional, entre membros do Ministério 
Público dos Estados e entre esses e membros do 
Ministério Público do Distrito Federal e Territórios, 
admitida na decisão impugnada, equivale à 
transferência, ou seja, forma de ingresso em carreira 
 
 
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diversa daquela para a qual o servidor público 
ingressou por concurso, vedada pelo art. 37, II, da 
Constituição Federal e pela Súmula Vinculante 43, 
segundo a qual “é inconstitucional toda modalidade de 
provimento que propicie ao servidor investir-se, sem 
prévia aprovação em concurso público destinado ao seu 
provimento, em cargo que não integra a carreira na qual 
anteriormente investido”. (...)” 
(ADPF 482/DF; Relator(a): Min. ALEXANDRE DE 
MORAES; Julgamento: 03/03/2020; Órgão Julgador: 
Tribunal Pleno) 
 
 
O princípio da unidade do Ministério Público e a obrigação de compartilhamento 
intrainstitucional de dados de investigações 
 Houve no âmbito do Ministério Público Federal um debate sobre a 
obrigatoriedade de compartilhamento intrainstitucional de dados colhidos em 
investigações e esse debate chegou ao Supremo Tribunal Federal na Reclamação nº 
42.050. 
 No caso, o Procurador-Geral da República quis ter acesso à base de dados da 
chamada Operação Lava Jato nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná, mas 
encontrou resistência dos Procuradores da República que atuavam nos casos, que 
recusaram o compartilhamento das informações. 
 Em virtude disso, a Procuradoria Geral da República apresentou, ao Supremo 
Tribunal Federal, uma reclamação constitucional (Rcl 42.050), alegando que essa recusa 
de compartilhamento de dados ofenderia a decisão tomada pela Suprema Corte da 
ADPF 482 (analisada acima), na qual foi reconhecida a inconstitucionalidade da permuta 
nacional entre membros de diferentes carreiras do Ministério Público. 
 
 
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 Essa reclamação foi distribuída por prevenção a Ministro Edson Fachin, mas 
como estava em curso o período de recesso do Poder Judiciário, o Presidente do STF, 
Ministro Dias Toffoli, concedeu tutela liminar, determinando o fornecimento dos dados 
pretendidos pela Procuradoria Geral da República. 
 Ocorre que, ao retornar do recesso, o Min. Relator Edson Fachin inadmitiu a 
reclamação e a extinguiu sem resolução do mérito, por vislumbrar a ausência do 
pressuposto da estrita aderência. 
 Como assim? 
 É que o Supremo Tribunal Federal possui jurisprudência consolidada no sentido 
de que, para se admitir uma reclamação com vistas à observância da autoridade de uma 
decisão do Tribunal, é necessário que o ato impugnado se enquadre precisamente no 
paradigma invocado para o controle desse ato. Isso é o que se chama de estrita 
aderência, que, se não estiver presente, inviabilizará o conhecimento da reclamação. 
 No caso, a Procuradoria Geral da República alegou, dentre outras coisas, que a 
decisão tomada na ADPF 482, ao considerar inconstitucional a permuta nacional entre 
membros de diferentes carreiras do Ministério Público, utilizou como fundamento o 
princípio da unidade do Ministério Público e que esse princípio asseguraria, também, o 
compartilhamento intrainstitucional de informações pretendido pelo Procurador-Geral 
da República. 
 O Min. Fachin, por sua vez, ao analisar o caso, esclareceu não haver, na situação, 
uma estrita aderência entre o ato de recusa de fornecimento de informações pelos 
Procuradores da República responsáveis pelas investigações da Operação Lava Jato nos 
Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná e a decisão tomada pelo STF na ADPF 482. 
 Isso porque a ADPF 482 tratou da remoção por permuta nacional entre membros 
de diferentes carreiras do Ministério Público, e não de compartilhamento de 
informações dentro da instituição por seus membros. Ademais, segundo o Ministro 
Fachin, na ADPF 482, o Supremo Tribunal Federal utilizou o princípio da unidade do 
Ministério Público tão somente como um dos fundamentos de decidir, não tendo ele 
 
 
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constado do dispositivo da decisão, que é a parte da decisão que produz a eficácia 
vinculante e erga omnes, já que o STF não admite a teoria da transcendência dos 
motivos determinantes. Ademais, na ADPF 482, a Suprema Corte não definiu o conteúdo 
nem tampouco o alcance do princípio da unidade do Ministério Público, que não foi o 
objeto da ação. 
 Por tais motivos, não se poderia, segundo Min. Fachin, vislumbrar a estrita 
aderência entre o ato atacado na reclamação e a decisão tomada na ADPF 482, quefoi 
invocada como paradigma para a impugnação desse ato. A consequência disso foi a 
extinção da reclamação constitucional sem resolução do mérito. 
 Como isso pode aparecer nas provas? 
 Duas possibilidades surgem: 
I) O examinador pode perguntar se é possível exigir, em sede de reclamação 
constitucional, o compartilhamento intrainstitucional de dados no Ministério 
Público. Nesse caso, a resposta será negativa, já que não existe um precedente 
com eficácia erga omnes e vinculante que trate da matéria, conforme vimos 
acima. 
II) O examinador pode questionar se é possível afirmar que, segundo o STF, o 
princípio da unidade do Ministério Público obriga os membros da instituição a 
compartilhar dados de investigações com o Procurador-Geral. Nesse caso, a 
resposta também deve ser negativa, já que, como bem esclareceu o Min. Edson 
Fachin na Rcl 42.050, o Supremo Tribunal Federal, ao julgar a ADPF 482, não 
definiu o teor e o alcance do princípio da unidade do Ministério Público, de modo 
que não afirmou, em momento algum, que esse princípio determina o 
compartilhamento de dados em questão. 
 
 
Indivisibilidade 
 
 
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O princípio da indivisibilidade é uma decorrência lógica do princípio da unidade. 
Segundo a indivisibilidade, é possível que um membro do MP substitua outro e 
exerça as funções deste, sem que haja alguma repercussão prática. Isso ocorre porque 
a prática dos atos de um Promotor ou de um Procurador é atribuída à instituição 
Ministério Público, e não à pessoa do seu membro. 
 
Independência funcional 
 
De forma bem simples, a independência funcional é a autonomia de convicção 
que os integrantes do Ministério Público possuem. 
Assim, os Promotores e Procuradores do MP, no exercício de suas funções, não 
se submetem a nenhum poder hierárquico, podendo atuar (ou deixar de atuar) da 
maneira que melhor entenderem. 
A hierarquia existente no âmbito do Ministério Público se limita às questões de 
caráter administrativo, sendo ela exercida pelo Chefe da Instituição, mas nunca alcança 
as questões do exercício das atribuições dos membros da carreira. 
Nesse contexto, é importante ter em mente que, conforme decidiu o STF na ADI 
5505, julgada em 15/04/2020, o princípio da independência funcional não afasta a 
necessidade de que os membros do Ministério Público atuem de acordo com os limites 
e com a distribuição de atribuições estabelecidos em lei. 
Essa ação teve como objeto a Lei Orgânica do Ministério Público do Estado do 
Rio Grande do Norte, e, nas palavras da Corte, “a independência funcional do órgão do 
Ministério Público é exercida dentro das atribuições fixadas na lei, mercê de a atuação 
do Parquet se dar, institucionalmente, de forma organizada e hierarquizada, uma vez 
que seus agentes exercem as respectivas funções sob determinadas regras e limites 
impostos pela estrutura interna do organismo. (...) Os princípios da independência 
funcional e do promotor natural não podem ser invocados, via de regra, para invalidar 
 
 
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a distribuição de atribuições efetuada pela lei, sob pena de desconsideração dos 
princípios institucionais da unidade e da indivisibilidade do Parquet. (...) In casu, o artigo 
22, XLI e LV, da Lei Complementar 141/1996 do Estado do Rio Grande do Norte (Lei 
Orgânica do Ministério Público estadual), que atribui ao Procurador-Geral de Justiça a 
competência para interpor recursos ao Supremo Tribunal Federal e ao Superior 
Tribunal de Justiça e neles oficiar, e o artigo 38, V, da referida Lei, que atribui aos 
Procuradores de Justiça a incumbência de encaminhar acórdãos, no prazo de vinte e 
quatro horas, ao Procurador-Geral de Justiça, com manifestação pela conveniência da 
interposição do recurso devido, não padecem de inconstitucionalidade formal ou 
material, uma vez que (i) não há incompatibilidade entre os dispositivos estaduais e as 
normas gerais delineadas na Lei federal 8.625/1993; (ii) o processo legislativo que 
originou a norma foi deflagrado pelo Procurador-Geral de Justiça; (iii) não se cogita de 
vulneração aos princípios do promotor natural e da independência funcional, eis que 
se trata de mera divisão de atribuições dentro do Ministério Público estadual, 
veiculada por meio de lei, a qual não possibilita a ingerência do Procurador-Geral de 
Justiça nas atividades dos Procuradores de Justiça, que conservam plena autonomia 
no exercício de seus misteres legais”. 
 
 
ATUAÇÃO AUTÔNOMA DO MINISTÉRIO PÚBLICO 
ESTADUAL PERANTE O STF 
A questão aqui é a seguinte: considerando que o art. 46 da LC 75/93 prevê que 
“incumbe ao Procurador-Geral da República exercer as funções do Ministério Público 
junto ao Supremo Tribunal Federal, manifestando-se previamente em todos os 
processos de sua competência”, pode o Ministério Público Estadual atuar de forma 
autônoma (desvinculada do Procurador-Geral da República), ajuizando ações e 
apresentando recursos, perante o STF? Ou a atuação perante a Suprema Corte é uma 
exclusividade do PGR? 
 
 
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“Art. 46, LC 75/93. Incumbe ao Procurador-Geral da 
República exercer as funções do Ministério Público junto 
ao Supremo Tribunal Federal, manifestando-se 
previamente em todos os processos de sua 
competência. 
Parágrafo único. O Procurador-Geral da República 
proporá perante o Supremo Tribunal Federal: 
I - a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato 
normativo federal ou estadual e o respectivo pedido de 
medida cautelar; 
II - a representação para intervenção federal nos 
Estados e no Distrito Federal, nas hipóteses do art. 34, 
VII, da Constituição Federal; 
III - as ações cíveis e penais cabíveis.” 
 
Em um primeiro momento, diante de uma reclamação constitucional 
apresentada por um MP Estadual em virtude do descumprimento da Súmula Vinculante 
nº 9 (Rcl 7.358), o STF reconheceu a legitimidade autônoma do órgão, até porque foi ele 
quem atuou nas 1ª e 2ª instâncias. Além disso, a Corte observou que o art. 46 da LC 
75/93 de fato confere uma exclusividade de atuação perante o STF ao Procurador-Geral 
da República, mas esse dispositivo se encontra inserido em capítulo da lei que disciplina 
especificamente o Ministério Público Federal, sendo incabível, portanto, aplicar essa 
regra ao MP Estadual. 
Em oportunidade posterior (RE 593.727), o STF apreciou novamente esse tema 
e, de forma mais ampla e genérica, afirmou que o Procurador-Geral da República não 
possui ingerência sobre o MP Estadual, haja vista que, segundo a CF/88, a ele cabe 
chefiar o MPU tão somente. Assim, o Ministério Público de Estado-Membro não se 
encontra vinculado nem subordinado (seja no plano processual, administrativo ou 
institucional) ao PGR, o que lhe confere legitimidade ampla para postular, 
autonomamente, perante o STF, no bojo de recursos e processos (originários) em que 
seja ele (o MP Estadual) um dos sujeitos da relação processual (isto é, uma das partes 
 
 
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do processo). Nesse caso, o PGR funciona como “fiscal da ordem jurídica”, enquanto o 
MP Estadual atua com legitimidade autônoma, podendo praticar os atos próprios de 
parte (pois parte ele é), inclusive, realizar sustentação oral. 
Veja as ementas desses casos: 
“(...) 1. Inicialmente, entendo que o Ministério Público 
do Estado de São Paulo não possui legitimidade para 
propor originariamente Reclamação perante esta Corte, 
já que “incumbe ao Procurador-Geral da República 
exercer as funções do Ministério Público junto ao 
Supremo Tribunal Federal, nos termos do art. 46 da Lei 
Complementar 75/93” (Rcl 4453 MC-AgR-AgR / SE, de 
minha relatoria, DJe 059, 26.03.2009). 2. Entretanto, a 
ilegitimidade ativa foi corrigida pelo Procurador-Geral 
da República, que ratificou a petição inicial e assumiu a 
iniciativa da demanda. 3. Entendimento original da 
relatora foi superado, por maioria de votos, para 
reconhecer a legitimidade ativa autônoma do 
MinistérioPúbico Estadual para propor reclamação. 
(...) 
(Rcl 7358/SP; Relator(a): Min. ELLEN GRACIE; 
Julgamento: 24/02/2011; Órgão Julgador: Tribunal 
Pleno) 
“(...) 3. Questão de ordem levantada pelo Procurador-
Geral da República. Possibilidade de o Ministério 
Público de estado-membro promover sustentação oral 
no Supremo. O Procurador-Geral da República não 
dispõe de poder de ingerência na esfera orgânica do 
Parquet estadual, pois lhe incumbe, unicamente, por 
expressa definição constitucional (art. 128, § 1º), a 
Chefia do Ministério Público da União. O Ministério 
 
 
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Público de estado-membro não está vinculado, nem 
subordinado, no plano processual, administrativo e/ou 
institucional, à Chefia do Ministério Público da União, 
o que lhe confere ampla possibilidade de postular, 
autonomamente, perante o Supremo Tribunal Federal, 
em recursos e processos nos quais o próprio Ministério 
Público estadual seja um dos sujeitos da relação 
processual. Questão de ordem resolvida no sentido de 
assegurar ao Ministério Público estadual a prerrogativa 
de sustentar suas razões da tribuna. (...). 
(ACO 1567 QO/SP; Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI; 
Julgamento: 17/08/2016; Órgão Julgador: Tribunal 
Pleno) 
 
Por fim, é importante fazer uma observação: como vimos, o Ministério Público 
Estadual não se submete ao Procurador-Geral da República e possui legitimidade 
autônoma para postular perante o Supremo Tribunal Federal. Isso, porém, não significa 
que os “ramos” do Ministério Público da União também possuam essa autonomia de 
atuação perante a Suprema Corte, pois, conforme vimos, o MPU é chefiado pelo PGR. 
Nesse sentido, já decidiu o STF na Rcl 4.453-MC-AgRAgR e na Rcl 4.801-MC-AgR. Veja: 
“(...) 1. Incumbe ao Procurador-Geral da República 
exercer as funções do Ministério Público junto ao 
Supremo Tribunal Federal, nos termos do art. 46 da Lei 
Complementar 75/93. (...) 3. O exercício das atribuições 
do Ministério Público do Trabalho se circunscreve aos 
órgãos da Justiça do Trabalho, consoante se infere dos 
arts. 83, 90, 107 e 110 da Lei Complementar 75/93. 4. 
Agravo regimental interposto pelo Ministério Público do 
Trabalho contra decisão proferida em reclamação 
ajuizada nesta Casa. 5. Processo que não está sujeito à 
 
 
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competência da Justiça do Trabalho, mas sim do 
próprio Supremo Tribunal Federal, motivo por que não 
pode o Ministério Público do Trabalho nele atuar, sob 
pena de usurpação de atribuição conferida 
privativamente ao Procurador-Geral da República. 6. 
Parecer da própria Procuradoria-Geral da República 
nesse sentido. (...)” 
(Rcl 4453 MC-AgR-AgR/SE; Relator(a): Min. ELLEN 
GRACIE; Julgamento: 04/03/2009; Órgão Julgador: 
Tribunal Pleno) 
 
 
PRINCÍPIO DO PROMOTOR NATURAL 
Você certamente já ouviu falar no princípio do promotor natural. Em relação a 
esse princípio, o que tem tido maior relevância nos últimos tempos é a discussão sobre 
se ele realmente existe (e se deve ser aplicado) e quais seriam as suas implicações. 
Mas antes de passarmos a essas questões, é necessário saber: o que significa o 
princípio do promotor natural? Nada mais é do que a aplicação do princípio do juiz 
natural ao âmbito do órgão de acusação. Assim, tal qual ao acusado é garantido o 
julgamento por um órgão independente e previamente existente e competente, a ele 
também se assegura, constitucionalmente, o direito de somente ser processado 
(acusado) por um órgão independente do Estado, ficando vedada a designação 
arbitrária de membros do Ministério Público para o exercício dessa atribuição (não se 
admite a figura do promotor ad hoc ou por encomenda). 
Após debates doutrinários iniciados antes mesmo da CF/88, o Supremo Tribunal 
Federal (HC 67.759) reconheceu que o texto constitucional consagra o princípio do 
promotor natural, o qual, segundo a Corte, representa uma proteção tanto ao próprio 
membro do Ministério Público (pois lhe assegura independência no exercício de suas 
funções) quanto à sociedade (que tem reconhecido o direito de ver atuando, sempre, o 
 
 
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Promotor incumbido do caso a partir de critérios abstratos e predeterminados 
estabelecidos em lei). 
Segundo o STF, a CF/88, ao trazer um fortalecimento institucional do Ministério 
Público, teve como objetivos, dentre outros, assegurar que ninguém sofra persecução 
penal arbitrária por membro do MP designado em caráter de exceção (isto é, ad hoc) e 
intensificar as prerrogativas de independência funcional e inamovibilidade dos 
integrantes da carreira, o que contribui para evitar o chamado “acusador de exceção”. 
Inclusive, na ADI 5505, julgada em 15/04/2020, o Supremo Tribunal Federal, 
mais uma vez, deixou claro o reconhecimento da existência desse princípio, afirmando 
que “o princípio do promotor natural significa tão somente a existência de órgão do 
Ministério Público escolhido por prévios critérios legais”. 
Como este tema se insere melhor nos programas de direito penal e processo 
penal, não irei mais a fundo nele e assim podemos seguir para o próximo tópico da aula. 
 
 
GARANTIAS DO MINISTÉRIO PÚBLICO 
As garantias do Ministério Público são as mesmas da Magistratura, podendo, 
inclusive ser divididas em garantias institucionais e garantias funcionais (isto é, dos seus 
membros). Assim, as garantias institucionais (previstas no art. 127, §§ 2º e 3º, da CF/88) 
são as autonomias funcional, administrativa e financeira, enquanto as garantias 
funcionais (previstas no art. 128, § 5º, I, da CF/88) são a vitaliciedade, a inamovibilidade 
e a irredutibilidade de subsídio. 
“Art. 127. 
(...) 
§ 2º Ao Ministério Público é assegurada autonomia 
funcional e administrativa, podendo, observado o 
disposto no art. 169, propor ao Poder Legislativo a 
 
 
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criação e extinção de seus cargos e serviços auxiliares, 
provendo-os por concurso público de provas ou de 
provas e títulos, a política remuneratória e os planos de 
carreira; a lei disporá sobre sua organização e 
funcionamento. 
§ 3º O Ministério Público elaborará sua proposta 
orçamentária dentro dos limites estabelecidos na lei de 
diretrizes orçamentárias. 
§ 4º Se o Ministério Público não encaminhar a respectiva 
proposta orçamentária dentro do prazo estabelecido na 
lei de diretrizes orçamentárias, o Poder Executivo 
considerará, para fins de consolidação da proposta 
orçamentária anual, os valores aprovados na lei 
orçamentária vigente, ajustados de acordo com os 
limites estipulados na forma do § 3º. 
§ 5º Se a proposta orçamentária de que trata este artigo 
for encaminhada em desacordo com os limites 
estipulados na forma do § 3º, o Poder Executivo 
procederá aos ajustes necessários para fins de 
consolidação da proposta orçamentária anual. 
§ 6º Durante a execução orçamentária do exercício, não 
poderá haver a realização de despesas ou a assunção de 
obrigações que extrapolem os limites estabelecidos na 
lei de diretrizes orçamentárias, exceto se previamente 
autorizadas, mediante a abertura de créditos 
suplementares ou especiais.” 
 
“Art. 128, § 5º Leis complementares da União e dos 
Estados, cuja iniciativa é facultada aos respectivos 
Procuradores-Gerais, estabelecerão a organização, as 
 
 
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atribuições e o estatuto de cada Ministério Público, 
observadas, relativamente a seus membros: 
I - as seguintes garantias: 
a) vitaliciedade, após dois anos de exercício, não 
podendo perder o cargo senão por sentença judicial 
transitada em julgado; 
b) inamovibilidade, salvo por motivo de interesse 
público, mediante decisão do órgão colegiado 
competente do Ministério Público, pelo voto da maioria 
absoluta de seus membros, assegurada ampla defesa; 
c) irredutibilidade de subsídio, fixado na forma do art. 
39, § 4º, e ressalvado o disposto nos arts. 37, X e XI, 150, 
II, 153, III, 153, § 2º, I;” 
 
Considerando a semelhança de tratamento,nesse ponto, entre o Ministério 
Público e o Poder Judiciário, as mesmas considerações feitas em relação a essas 
garantias quando estudamos a Magistratura devem ser trazidas para esta aula, não 
havendo necessidade de repetir, aqui, todo aquele conteúdo. 
 
 
VEDAÇÕES IMPOSTAS AOS MEMBROS DO 
MINISTÉRIO PÚBLICO 
 Os impedimentos (vedações) que devem ser observados pelos integrantes das 
carreiras do Ministério Público se encontram previstos nos arts. 128, §§ 5º, II, e 6º e 
129, IX, parte final, da CF/88: 
“Art. 128, § 5º, CF/88. Leis complementares da União e 
dos Estados, cuja iniciativa é facultada aos respectivos 
 
 
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Procuradores-Gerais, estabelecerão a organização, as 
atribuições e o estatuto de cada Ministério Público, 
observadas, relativamente a seus membros: 
(...) 
II - as seguintes vedações: 
a) receber, a qualquer título e sob qualquer pretexto, 
honorários, percentagens ou custas processuais; 
b) exercer a advocacia; 
c) participar de sociedade comercial, na forma da lei; 
d) exercer, ainda que em disponibilidade, qualquer 
outra função pública, salvo uma de magistério; 
e) exercer atividade político-partidária; 
f) receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou 
contribuições de pessoas físicas, entidades públicas ou 
privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei. 
§ 6º Aplica-se aos membros do Ministério Público o 
disposto no art. 95, parágrafo único, V.” 
 
“Art. 95, Parágrafo único, CF/88. Aos juízes é vedado: 
I - exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou 
função, salvo uma de magistério; 
II - receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou 
participação em processo; 
III - dedicar-se à atividade político-partidária. 
IV - receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou 
contribuições de pessoas físicas, entidades públicas ou 
privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei; 
V - exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se 
afastou, antes de decorridos três anos do afastamento 
do cargo por aposentadoria ou exoneração.” 
 
 
 
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“Art. 129, CF/88. São funções institucionais do 
Ministério Público: 
(...) 
IX - exercer outras funções que lhe forem conferidas, 
desde que compatíveis com sua finalidade, sendo-lhe 
vedada a representação judicial e a consultoria jurídica 
de entidades públicas.” 
 
 A leitura e memorização dessas disposições constitucionais é de extrema 
importância para provas (especialmente, para provas objetivas), sendo pertinente 
aprofundar algumas dessas vedações, conforme você verá abaixo. 
 
Membro do Ministério Público pode advogar? 
 
 Como se pode notar da leitura dos dispositivos constitucionais transcritos acima, 
dentre os vários impedimentos (vedações) impostos aos membros do Ministério 
Público, foi inserida a impossibilidade de exercer atividade de advocacia, seja no âmbito 
privado, seja em favor de entidades públicas. 
 Foi necessário que o constituinte de 1988 previsse de forma tão clara e ampla a 
vedação ao exercício da advocacia? Sim, porque antes da CF/88 era permitido aos 
membros do Ministério Público advogar, inclusive, cabendo ao MPF a representação 
judicial da União. Com a entrada em vigor da CF/88, o MP recebeu um novo perfil 
constitucional, ganhando autonomia em relação aos Poderes da República e ficando 
afastado da advocacia, seja ela pública ou privada (aqui ressalvo o art. 29, caput, do 
ADCT, que previu continuar a cargo do MPF a representação judicial da União até que 
fosse editada a lei disciplinando a AGU). 
 Porém, houve a previsão, no ADCT de 1988, da possibilidade de quem já era 
integrante do Ministério Público antes da CF/88 optar por permanecer submetido ao 
regime constitucional anterior. Vamos ver o teor do art. 29 do ADCT. 
 
 
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“Art. 29, ADCT. Enquanto não aprovadas as leis 
complementares relativas ao Ministério Público e à 
Advocacia-Geral da União, o Ministério Público Federal, 
a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, as 
Consultorias Jurídicas dos Ministérios, as Procuradorias 
e Departamentos Jurídicos de autarquias federais com 
representação própria e os membros das Procuradorias 
das Universidades fundacionais públicas continuarão a 
exercer suas atividades na área das respectivas 
atribuições. 
§ 1º O Presidente da República, no prazo de cento e 
vinte dias, encaminhará ao Congresso Nacional projeto 
de lei complementar dispondo sobre a organização e o 
funcionamento da Advocacia-Geral da União. 
§ 2º Aos atuais Procuradores da República, nos termos 
da lei complementar, será facultada a opção, de forma 
irretratável, entre as carreiras do Ministério Público 
Federal e da Advocacia-Geral da União. 
§ 3º Poderá optar pelo regime anterior, no que respeita 
às garantias e vantagens, o membro do Ministério 
Público admitido antes da promulgação da 
Constituição, observando-se, quanto às vedações, a 
situação jurídica na data desta. 
§ 4º Os atuais integrantes do quadro suplementar dos 
Ministérios Públicos do Trabalho e Militar que tenham 
adquirido estabilidade nessas funções passam a integrar 
o quadro da respectiva carreira. 
§ 5º Cabe à atual Procuradoria-Geral da Fazenda 
Nacional, diretamente ou por delegação, que pode ser 
ao Ministério Público Estadual, representar 
judicialmente a União nas causas de natureza fiscal, na 
 
 
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área da respectiva competência, até a promulgação das 
leis complementares previstas neste artigo.” 
 
 Considerando o disposto no § 3º do art. 29 do ADCT, para saber se um membro 
do Ministério Público pode advogar ou não, é necessário saber a qual regime de 
impedimentos ele estava submetido no momento da entrada em vigor da CF/88. 
 Assim, em 05 de outubro de 1988, o cenário a respeito do exercício da advocacia 
pelos integrantes das carreiras do Ministério Público era o seguinte: 
a) Os membros do Ministério Público Estadual não podiam advogar (art. 24, § 2º, 
LC 40/81). 
b) Os membros do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios não podiam 
advogar (art. 60, LC 40/81, que previa a aplicação ao MPDFT das normas 
previstas nessa lei). 
c) Os membros das carreiras do MPU, à exceção do MPDFT, podiam advogar, 
exceto nas situações em que isso contrariasse os interesses da União ou da 
Fazenda Nacional (Lei 1.341/51, Lei 6.788/80 e Decreto 40.359/56). 
 
Em resumo, após a CF/88, os únicos membros do Ministério Público que 
permaneceram podendo advogar foram os integrantes das carreiras do MPU (exceto os 
do MPDFT) que optaram por continuar sujeitos ao regime jurídico anterior e que não 
tenham sofrido, após a entrada em vigor da Constituição de 1988, interrupção em sua 
inscrição nos quadros da OAB. Isso, inclusive, foi regulamentado pelo CNMP, através de 
sua Resolução nº 8/2006: 
“Art. 1º Somente poderão exercer a advocacia com 
respaldo no § 3º do art. 29 do ADCT da Constituição de 
1988, os membros do Ministério Público da União que 
integravam a carreira na data da sua promulgação e 
que, desde então, permanecem regularmente inscritos 
 
 
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na Ordem dos Advogados do Brasil. (Redação dada pela 
Resolução n° 16, de 30 de janeiro de 2007) 
Parágrafo único. O exercício da advocacia, para os 
membros do Ministério Público do Distrito Federal e 
Territórios está, incondicionalmente, vedado, desde a 
vigência do artigo 24, § 2º, da Lei Complementar nº 
40/81. (Incluído pela Resolução n° 16, de 30 de janeiro 
de 2007) 
 
Art. 2º Além dos impedimentos e vedações previstos na 
legislação que regula o exercício da advocacia pelos 
membros do Ministério Público, estes não poderão 
fazê-lo nas causas em que, por força de lei ou em face 
do interesse público, esteja prevista a atuação do 
Ministério Público, por qualquer dos seus órgãos e 
ramos (Ministérios Públicos dos Estados e da União). 
 
Art. 3º Esta Resolução entra em vigor na data de sua 
publicação.” 
 
 
Exercício de outroscargos públicos por membros do 
Ministério Público 
 
 Conforme consta do art. 128, § 5º, II, “d”, da CF/88 (transcrito acima), é vedado 
ao integrante do Ministério Público “exercer, ainda que em disponibilidade, qualquer 
outra função pública, salvo uma de magistério”. Por conta dessa vedação, o STF, ao 
julgar a ADPF 388, entendeu que membros do MP não podem ocupar cargos fora do 
âmbito do próprio Ministério Público, exceto cargo/função no magistério (professor). 
Esse caso concreto apreciado pela Suprema Corte se referiu à nomeação de um 
 
 
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Procurador de Justiça para o cargo de Ministro da Justiça, de modo que, para ocupar o 
cargo no Ministério, ele teria de se exonerar do MP. 
 Lembre, no entanto, que tal vedação, por força do art. 29 do ADCT, não alcança 
os integrantes do Ministério Público que já haviam ingressado na carreira antes da CF/88 
e que optaram por permanecerem submetidos ao regime anterior. 
 Veja a ementa da ADPF 338: 
“(...) Membros do Ministério Público. Vedação: art. 
128, § 5º, II, “d”. (...) 6. Licença para exercício de cargo. 
A vedação ao exercício de outra função pública vige 
“ainda que em disponibilidade”. Ou seja, enquanto não 
rompido o vínculo com a Instituição, a vedação persiste. 
7. Comparação com as vedações aplicáveis a juízes. Ao 
menos do ponto de vista das funções públicas, a 
extensão das vedações é idêntica. 8. Cargo versus 
função pública. O que é central ao regime de vedações 
dos membros do MP é o impedimento ao exercício de 
cargos fora do âmbito da Instituição, não de funções. 
(...) Ação julgada procedente em parte, para estabelecer 
a interpretação de que membros do Ministério Público 
não podem ocupar cargos públicos, fora do âmbito da 
Instituição, salvo cargo de professor e funções de 
magistério, e declarar a inconstitucionalidade da 
Resolução 72/2011, do CNMP. Outrossim, determinada 
a exoneração dos ocupantes de cargos em 
desconformidade com a interpretação fixada, no prazo 
de até vinte dias após a publicação da ata deste 
julgamento. 
(ADPF 388/DF; Relator(a): Min. GILMAR MENDES; 
Julgamento: 09/03/2016; Órgão Julgador: Tribunal 
Pleno) 
 
 
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É importante registrar que essa vedação imposta aos membros do MP se aplica, 
nos mesmos termos, aos magistrados, conforme prevê o art. 95, p. único, I, CF/88. 
E sobre ela surgiu o seguinte questionamento: ao estabelecer que o membro do 
Ministério Público (assim como o magistrado) apenas pode exercer, cumulativamente, 
uma função de magistério, a Constituição Federal quis dizer que ele apenas pode ocupar 
um único cargo ou emprego de professor? Segundo o STF, não. 
Isso foi decidido na ADI 3126 MC, que disse respeito aos magistrados, mas, como 
vimos aqui, também se aplica aos membros do Ministério Público. Nesse precedente, o 
Supremo Tribunal Federal entendeu que o intuito da CF/88, ao estabelecer essa 
vedação, não foi restringir a possibilidade de cumulação a um único cargo ou emprego 
de professor, mas sim que o exercício do magistério deve ser compatível com o exercício 
do cargo no Ministério Público ou na magistratura para que possa haver a cumulação 
entre eles. Em outras palavras, é necessário que haja compatibilidade de horários entre 
o exercício da docência e o exercício do cargo no MP (ou na magistratura), mas a 
possibilidade de cumulação não fica necessariamente limitada a um único cargo ou 
emprego. 
E essa questão foi regulamentada nesses mesmos termos pela Resolução 
73/2011 do CNMP (no âmbito do Ministério Público) e pela Resolução 226/2016 do CNJ 
(no âmbito da magistratura). 
 
 
Exercício de atividade político-partidária por membro do 
Ministério Público 
 
 Outra vedação imposta a membros do Ministério Público que merece uma 
abordagem mais aprofundada diz respeito à impossibilidade de exercício de atividades 
 
 
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político-partidárias, prevista no art. 128, § 5º, II, “e”, da CF/88, também já transcrito 
acima. 
 A atual redação dessa disposição constitucional foi dada pela EC 45/04. Antes 
dessa alteração no texto da Constituição, o art. 128, § 5º, II, “e”, ressalvava exceções 
legais, ou seja, permitia que o membro do Ministério Público, mesmo que tenha 
ingressado na carreira após a CF/88, exercesse atividade político-partidária nos casos 
(excepcionais) previstos pela legislação. Veio a EC 45/04 e suprimiu a possibilidade de 
haver qualquer exceção a essa vedação. 
 Por conta dessa alteração trazida pela EC 45/04, surgiu o seguinte 
questionamento: considerando que foi suprimida a possibilidade de a lei excepcionar 
a vedação do art. 128, § 5º, “e”, da CF/88, os integrantes do MP que ingressaram na 
carreira antes da CF/88 e que optaram por se sujeitar ao regime anterior, podem 
exercer atividade político-partidária sem necessidade de deixarem definitivamente o 
cargo? 
 Já houve decisão monocrática do TSE no sentido de que a vedação em questão 
(já com a alteração trazida pela EC 45/04) não se aplica aos membros do MP que 
exerceram a opção prevista no art. 29, § 3º, do ADCT. Além disso, o TSE (no RO 1.070) 
confirmou a candidatura de membro do MP/SP (Fernando Capez) integrante da carreira 
desde antes da CF/88 que se elegeu Deputado Estadual (essa questão chegou ao 
Supremo Tribunal Federal no RE 594.154, mas este foi julgado prejudicado, pois o 
mandato do Deputado foi concluído enquanto seu julgamento ainda se encontrava 
pendente). 
 E houve um interessante caso em que o Supremo Tribunal Federal conseguiu se 
manifestar sem que o julgamento houvesse ficado prejudicado: o RE 597.994. Nesse 
precedente, a interessada era uma Promotora de Justiça que ingressou na carreira após 
a CF/88 (portanto, não contemplada pela possibilidade de escolha prevista no art. 29, § 
3º, do ADCT) que se encontrava licenciada do Ministério Público e estava exercendo o 
mandato de Prefeita do Município de Santarém/PA, para o qual havia sido eleita no 
pleito eleitoral do ano 2004, portanto, antes da entrada em vigor da EC 45/04 (o que se 
deu em 31/12/2004). No ano 2008, ela registrou sua candidatura à reeleição para esse 
 
 
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mesmo cargo e o STF decidiu que ela poderia concorrer porque se tratava de reeleição, 
que é um direito previsto expressamente no art. 14, § 5º, da CF/88. Logo, como ela já se 
encontrava no exercício do mandato para o qual foi eleita antes de a EC 45/04 suprimir 
qualquer possibilidade de exceção à vedação do art. 128, § 5º, II, “e”, da CF/88 e o texto 
constitucional permitia a reeleição, a Suprema Corte admitiu sua recandidatura. 
 O que se pode concluir desse julgado é que, para o Supremo Tribunal Federal, 
após a EC 45/04, não é permitido ao membro do Ministério Público que ingressou na 
carreira após a CF/88 iniciar atividade político-partidária que já não estivesse sendo 
regularmente desempenhada antes da alteração do art. 128, § 5º, II, “e”, da CF/88. 
Porém, é permitido que a atividade iniciada anteriormente continue sendo 
desempenhada mesmo após a EC 45/04. 
 Resumindo, o que temos na jurisprudência sobre essa tormentosa questão é o 
seguinte: 
a) O TSE admitindo, ao apreciar casos concretos, o exercício de atividade político-
partidária, mesmo após a EC 45/04, por membro do Ministério Público que 
ingressou na carreira antes da CF/88 e que optou por se submeter ao regime 
anterior, nos termos do art. 29, § 3º, do ADCT. 
b) O STF entendendo, em um caso concreto apreciado, que membro do Ministério 
Público que ingressou na carreira após a CF/88 (e que, até a EC 45/04, podia 
exercer atividade político-partidária, inclusive, candidatando-se a cargos 
eletivos, nos termos da lei) pode continuar exercendo a atividade político-
partidária que já havia sido regularmente iniciada antes da entrada em vigor da 
EC 45/04, a qual, alterando o art. 128, § 5º, II, “e”, da CF/88, suprimiu qualquer 
possibilidade de exceção legal à vedação em questão (igualando,

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