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Senac Taubaté 1 Formação Inicial e Continuada Aperfeiçoamento Tratamento de Feridas e Curativos Taubaté SP novembro/2017 Docente: Edmara Teodoro dos Anjos Senac Taubaté 2 Tratamento de Feridas e Curativos. Taubaté –SP novembro de 2017 _____________________________________________________________ Nome do aluno Senac Taubaté 3 Sumário CAPÍTULO 1 – Ética e humanização ................................................................. 7 1.1. Ética Profissional ..................................................................................... 7 1.2 - Humanização x Enfermagem ................................................................. 8 INTRODUÇÃO: ................................................................................................ 11 CAPÍTULO 2 .................................................................................................... 12 ANATOMIA DA PELE ...................................................................................... 12 Embriologia ................................................................................................... 12 Histologia ...................................................................................................... 13 Epiderme ...................................................................................................... 13 Células de epiderme ..................................................................................... 16 Derme ........................................................................................................... 18 Hipoderme .................................................................................................... 21 Funções da pele ........................................................................................... 22 Proteção mecânica e comunicação .............................................................. 22 Absorção da radiação ultravioleta ................................................................. 23 Barreira físico-química e imunológica ........................................................... 23 Órgão imunológico ........................................................................................ 24 Termorregulação e hemorregulação ............................................................. 24 Metabolismo ................................................................................................. 24 Sensibilidade e percepção ............................................................................ 25 CAPÍTULO 3 .................................................................................................... 26 FERIDA ............................................................................................................ 26 Senac Taubaté 4 Fases do processo cicatricial ........................................................................ 26 Fatores que interferem na cicatrização ......................................................... 28 Perda total de tecido ..................................................................................... 28 Aparência ...................................................................................................... 28 Nutrição ........................................................................................................ 29 Medicamentos em uso .................................................................................. 29 Idade ............................................................................................................. 29 Vascularização ............................................................................................. 30 Outros ........................................................................................................... 30 CAPÍTULO 4 .................................................................................................... 32 AVALIAÇÃO DO CLIENTE COM FERIDA ....................................................... 32 Visão sistêmica da assistência ..................................................................... 32 Métodos de avaliação da ferida .................................................................... 33 Aspectos Gerais ........................................................................................... 33 Aspectos Específicos .................................................................................... 33 Classificação das feridas .............................................................................. 34 Quanto à etiologia: ........................................................................................ 34 Quanto ao tipo de cicatrização: .................................................................... 34 Quanto à extensão do tecido envolvido: ....................................................... 36 Classificação de acordo com: ....................................................................... 37 Exsudato: ...................................................................................................... 37 Leito da ferida: Tecidos viáveis ..................................................................... 38 Área perilesional: .......................................................................................... 39 Senac Taubaté 5 Infecção ........................................................................................................ 39 Particularidades envolvendo o tratamento de pacientes com úlceras .......... 42 venosas, arteriais ou mistas, pé diabético, lesão por pressão. ..................... 42 Úlceras venosas: .......................................................................................... 42 Úlceras arteriais: ........................................................................................... 43 Úlceras mistas: ............................................................................................. 47 Pé diabético: ................................................................................................. 48 Lesão por pressão: ....................................................................................... 50 Avaliação de Risco para Lesão por pressão:................................................ 57 CAPÍTULO 5 .................................................................................................... 59 TECNOLOGIA EM CURATIVOS ...................................................................... 59 FITOTERÁPICOS ......................................................................................... 70 Terapias adjuntas utilizadas no tratamento de feridas .................................. 72 Terapia por pressão positiva- Hiperbárica .................................................... 73 CAPÍTULO 6 .................................................................................................... 76 GRUPO DE CURATIVO ................................................................................... 76 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................. 78 Sites de pesquisa: ........................................................................................ 79 Senac Taubaté 6 UC: Tratamento de Feridas e Curativos. Objetivo do curso: Promover conhecimento relativos a identificação e tratamento de feridas, bem como a aplicação das tecnologias em curativos adequada a cada uma delas. Indicadores: Realizar curativo utilizado a técnica indicada para cada tipo de ferida. Habilidades: Diferenciar os tipos de feridas. Correlaciona os tipos de coberturas e produtos com os tipos de feridas. Diferenciar as técnicas de curativos. Valores titudes: Atua respeitando normas da biossegurança. Respeito à individualidade do paciente. Respeito aos limites de atuação ética e legal da profissão. Sigilo nas informações do paciente. Senac Taubaté 7 A Enfermagem No decorrer dos anos vem conquistando muitos espaços na área de saúde, cada vez mais trazendo para si novas atividades, assumindo novos cargos, enfim, muito mais responsabilidade do que nos seus primórdios. Contudo, ao mesmo tempo em que isso traz orgulho para os profissionais, também os expõem a maiores riscos e responsabilidades no âmbito jurídico. Vicente Grossi Sobrinho* Eloá Carneiro Carvalho** CAPÍTULO 1 – Ética e humanização 1.1. Ética Profissional A ética profissional é o conjunto de normas que formam a consciência do profissional e representam imperativos de sua conduta. Ser ético é agir dentro dos padrões convencionais, proceder bem, não prejudicar o próximo, cumprir os valores estabelecidos e todas as atividades de sua profissão, seguindo os princípios determinados pela sociedade e pelo seu grupo de trabalho. O código de ética profissional é elaborado por Conselhos Profissionais, que representam e fiscalizam o exercício da profissão, contendo um conjunto de normas que deverão ser seguidas pelos profissionais no exercício de seu trabalho. Cada profissão tem o seu próprio código de ética, que pode variar ligeiramente, graças a diferentes áreas de atuação. No entanto, há elementos da ética profissional que são universais e por isso aplicável a qualquer atividade profissional, como a honestidade, responsabilidade, competência, dentre outros. Senac Taubaté 8 1.2 - Humanização x Enfermagem Até o momento não existe consenso quanto ao conceito de humanização da assistência hospitalar, embora o Ministério da Saúde tenha proposto algumas definições no programa que posteriormente transformou-se em política criado para incentivar a humanização nas organizações de saúde (Ministério da Saúde, Política Nacional de Humanização Hospitalar, 2003). Os termos humanização, humanização da assistência hospitalar ou humanização em saúde já são de domínio público, embora haja certo “estranhamento” e resistência por parte de muitos profissionais da saúde em aceitá-los. O argumento principal é que a humanização é inerente à prática de quem cuida de seres humanos. Alguns conceitos ou tentativas de definição de humanização encontrados na literatura são: Humanização é o ato de humanizar, ou seja, dar estado ou condições de homem, no sentido de ser humano (Grande Biblioteca Larousse Cultural, 1998). Humanização é o aumento do grau de corresponsabilidade na produção de saúde e de sujeitos (Ministério da Saúde, Política Nacional de Humanização Hospitalar, 2003). Humanização diz respeito à mudança na cultura da atenção dos usuários e da gestão dos processos de trabalho (Ministério da Saúde, Política Nacional de Humanização Hospitalar, 2003). Ao pensar na relação humanização/trabalho em enfermagem nos remete a duas situações diferentes; à humanização do trabalho de enfermagem ou ao trabalho humanizado da enfermagem. O primeiro caso refere-se ao desenvolvimento de uma assistência de enfermagem humanizada e, no segundo, a um processo de trabalho que humanize as relações do trabalho de enfermagem. Ambos os casos tratam da razão e do sentido que esses Senac Taubaté 9 conceitos abarcam na profissão enfermagem, pois a enfermagem é, essencialmente, cuidado, e cuidado prestado ao ser humano, individualmente, na família ou na comunidade. Ao falar do cuidado de enfermagem (seja voltado para a assistência ou para as relações de trabalho) implica, essencialmente, em cuidado humanizado. Contudo, é importante ressaltar que, muitas vezes, devido à sobrecarga imposta pelo cotidiano do trabalho, a enfermagem presta uma assistência mecanizada e tecnicista, não reflexiva, esquece-se de humanizar o cuidado justamente por entender que em si o cuidado deve ser humanizado. Da mesma maneira, as relações de trabalho, em função de fatores internos e externos à enfermagem, vêm se dando de modo pouco humanizado, interferindo diretamente na própria assistência. Tanto a humanização da assistência de enfermagem quanto a humanização das relações de trabalho de enfermagem surgem de uma necessidade social e historicamente construída. A racionalidade dos processos tanto de humanização da assistência quanto de humanização das relações de trabalho da enfermagem vai ao encontro da construção de uma "cultura organizacional pautada pelo respeito, pela solidariedade, pelo desenvolvimento da autonomia e da cidadania dos agentes envolvidos e dos usuários". Trata-se de produzir atos em saúde que levem em consideração o respeito ao outro como um ser autônomo e digno, que busquem compreender os limites dos sujeitos envolvidos nessa relação, as singularidades de cada um, bem como as especificidades das necessidades apresentadas em cada momento em particular. Assim, humanizar passa a ser responsabilidade de todos, é ir além da competência técnico-científica-política dos profissionais, compreende o desenvolvimento da competência nas relações interpessoais, no respeito à Senac Taubaté 10 vida, na solidariedade, na sensibilidade de percepção das necessidades singulares dos sujeitos envolvidos. Senac Taubaté 11 INTRODUÇÃO: As informações contidas nessa apostila servem como material de apoio ao profissional de enfermagem que queira se atualizar em relação a cuidados ao cliente com ferida. É necessário ressaltar que o estudo exclusivo deste material não prepara o profissional para atuação com o cliente com alterações tegumentares, mas contribui com subsídios teóricos para sua atuação na prática. Na intenção de o profissional assistir ao cliente com ferida e colocar em prática os conhecimentos obtidos nesta apostila, deve ter responsabilidade e contar com outros profissionais capacitados técnica e cientificamente, com habilidade para acompanhá-lo até que este possua os conhecimentos necessários para a assistência de enfermagem adequada; respeitando o código de ética de enfermagem no que se refere às competências de cada categoria e realizando assistência livre de imperícia, negligência e imprudência. Atender o doente com ferida requer do profissional constante aperfeiçoamento, pois o processo de cicatrização é algo complexo que requer muito mais do que definir a tecnologia ou realizar o curativo, já que as questões biopsicossociais e espirituais devem também ser consideradas. Há muitos anos, fala-se em tratamentos de feridas por meio de curativos, bálsamos, retalhos ou por tecnologias modernas, meios que atualmente os profissionais possuem. Embora a cicatrização de feridas seja um assunto muito estudado, continua sendo um desafio para os pesquisadores que constantemente descobrem novas tecnologias no tratamento do doente com ferida. Para que os profissionais de enfermagem possam utilizar as atuais tecnologias em curativos, precisam, antes de conhecê-las, entender o processo de cicatrização, os fatores que podem facilitar ou prejudicar a cicatrização das Senac Taubaté 12 feridas e compreender de forma sistêmica o processo do cuidado ao cliente com ferida. CAPÍTULO 2 ANATOMIA DA PELE A pele é um revestimento epitelial que isola as estruturas internas do ambiente externo. Sua espessura pode variar de 1,5mm a 4mm, com peso médio (seca) de aproximadamente 2 a 4kg envolvendo toda a superfície externa do corpo, estendendo-se pelos orifícios naturais por meio das membranas mucosas. Embriologia Durante a formação do embrião, são formados três folhetos germinativos: Ectoderma, mesoderma e endoderma. O ectoderma e o mesoderma dão origem a pele e seusanexos, sendo que, do ectoderma origina-se o tubo neural e a epiderme. Senac Taubaté 13 Histologia A pele é dividida em dois tecidos principais: a epiderme (camada externa) e a derme, (camada interna), as quais se separam por uma estrutura chamada membrana basal (Vide figura 1): Fonte internet Epiderme A epiderme é avascular e sua espessura varia de 1,3mm (palma da mão) a 0,06mm (face). Por ser avascularizada todos os nutrientes são transportados por ela através de capilaridade. Senac Taubaté 14 É constituída por células epiteliais dispostas em camadas, sentido da superfície para dentro: camada córnea, camada lucida, camada granulosa, camada espinhosa e camada basal. As células epiteliais se alteram estruturalmente e quimicamente a medida que ganham a superfície, perdem o núcleo na altura da camada córnea e descamam-se. Fonte internet A camada basal é constituída por células matrizes e células proliferativas. Os queratinócitos que compõem a camada basal são alongados e alinhados perpendicularmente a membrana basal. Nela também se localizam também: Senac Taubaté 15 • melanócitos: células produtoras de melanina responsáveis pela pigmentação da pele. • células de Langerhans: atuam na defesa imunológica da pele. • células de Merkel: responsáveis pela percepção tátil. A epiderme atua como barreira protetora contra o ambiente externo evitando a entrada de substancias estranhas ao organismo e ao mesmo tempo reter água, eletrólitos e nutrientes. A camada espinhosa é composta por células espinhosas e poligonais. Nessa fase inicia-se o processo de queratinização. A camada granulosa se caracteriza pela presença de grânulos de queratina nas células. A camada lúcida é intermediária entre a camada córnea e a granulosa, presente apenas nas áreas de pele mais espessa, como a sola dos pés. Origina-se pela fricção e exerce função de proteção mecânica. A camada córnea é a camada mais externa da epiderme, é perfurada apenas por glândulas sudoríparas e pelos. Senac Taubaté 16 Células de epiderme Os principais componentes da epiderme são os queratinócitos. No entanto possui as células de Merkel, células de Langerhans e melanócitos. Os queratinócitos são produzidos pela camada basal e são os mais numerosos. São responsáveis por sintetizar a queratina e à medida que passam de uma camada para outra alteram-se até chegarem a superfície formando a camada córnea ou queratinizada, quando são eliminadas. A queratina é uma proteína que dá firmeza a pele, garante a impermeabilização da camada córnea e protege contra a desidratação. Senac Taubaté 17 A perda das células superficiais resulta do atrito e outras causas externas sofridas pela pele. A renovação de epiderme ocorre em média a cada 25 a 50 dias, variando de acordo com a idade. Os melanócitos são células especializadas presentes na camada basal e são responsáveis pela síntese de melanina, pigmento escuro cuja função é proteger a pele contra os raios UV do sol. A melanina é responsável pela cor da pele, mucosas, do cérebro (área branca e área cinzenta), dos olhos, dos cabelos. O tom da pele é resultante da combinação da melanina, hemoglobina, carotenóides e da condição do estrato córneo. A quantidade de melanócitos não varia em relação as raças, e sim, sua morfologia. A pele negra possui melanócitos maiores, logo possuem maior quantidade de melanina. A melanina absorve os raios de luz e não permite a sua reflexão. Esse mecanismo é responsável pela maior resistência da pele escura aos efeitos maléficos dos raios UV. A exposição ao sol e aos raios UV estimula os melanócitos, tornando a pele mais avermelhada, escura ou bronzeada. Logo o bronzeamento é uma forma de proteção a lesão celular. As células ou discos de Merkel atuam como receptores cutâneos de tato e pressão, servindo para evitar traumas à pele, através da condução de informações do ambiente como um todo. São encontrados em pequenas quantidades entre a epiderme e a derme. As células de Langerhans são células imunitárias que possuem um formato estrelado. São produzidas pela medula óssea e migram para epiderme onde atuam como macrófagos e contribuem para ativação do sistema imunológico. Senac Taubaté 18 Derme A segunda camada da pele, disposta abaixo da epiderme e acima da hipoderme chama-se derme. É formada por tecido conjuntivo que sustenta a epiderme, sendo resistente e flexível, dividindo se em derme papilar, derme reticular e derme profunda. Sua espessura varia ao longo da estrutura corporal (0,5 a 3,0mm) sendo mais espessa na parte anterior do corpo, na pele das mãos e planta dos pés. As principais células encontradas na derme são os fibroblastos, que produzem colágeno e elastina. O colágeno e a elastina são responsáveis pela sustentação dos elementos dérmico, extensibilidade e resistência da pele, mas diminuem progressivamente com a idade. Ainda na derme encontram-se vasos sanguíneos, nervos e componentes celulares contendo células matrizes, fibroblastos, miofibroblastos e macrófagos. Amplamente vascularizada a derme tem papel importante no controle da temperatura do corpo por meio da dilatação dos vasos sanguíneos. Os vasos sanguíneos também são responsáveis pela nutrição da epiderme, que se dá através da difusão de nutrientes e oxigênio para as camadas celulares mais profundas. A ausência de nutrição e oxigenação causa a morte de células epiteliais das camadas mais superficiais. Senac Taubaté 19 Na derme encontramos também os anexos cutâneos: Fonte internet Os folículos pilosos (pelos) quando expostos ao frio são levantados pelos músculos eretores aprisionando bolhas de ar junta a pele que retardam as trocas de calor. Senac Taubaté 20 As glândulas sebáceas são responsáveis pela oleosidade da pele. Mais numerosas na face, couro cabeludo e na porção superior do tronco, não sendo encontradas na palma das mãos e nas plantas dos pés. As glândulas sudoríparas são responsáveis pelo controle da temperatura corporal através de dois mecanismos: perda de água transepidermal e sudorese, que se caracteriza por secreção intensa. Essas glândulas podem ser de três tipos: Glândulas sudoríparas apócrinas: produzem suor contendo materiais gordurosos. Presentes nas axilas, e área genital. Sua atividade é a principal causa do odor de suor. No homem seu papel não está bem definido, nos mamíferos em geral a principal função dessas glândulas são a atração sexual em consequência da produção de substâncias odoríferas. Glândulas sudoríparas écrinas: secretam suor altamente diluído. São encontradas em todo o corpo, exceto em mucosas. Sua função é controlar a temperatura quando o corpo é exposto ao calor excessivo ou atividade intensa. Sua secreção não provoca alteração do odor da pele. Glândulas sudoríparas apoécrinas: são glândulas écrinas que respondem a impulsos de origem emocional e não somente a alterações de temperatura corpórea, estão localizadas nas mãos, sola dos pés e testa. Na sudorese essas glândulas são controladas diretamente pelo sistema nervoso central Senac Taubaté 21 Hipoderme Camada mais profunda da pele. Situa-se logo abaixo da derme reticular, fazendo interface com estruturas moveis como fáscia muscular e tendões. Mantém-se aderida à derme através das fibras de colágeno e elastina que conferem a ela uma estrutura de extrema maleabilidade. É considerado um órgão endócrino, pois armazena energia através dos adipócitos, que se agrupam para formar o tecido adiposo,protegendo o organismo de choques e variações externas de temperatura. Além dos adipócitos, na hipoderme encontra-se também os fibroblastos que produzem colágeno. Sua espessura varia de acordo com sua localização, sexo e idade. Representa cerca de 15 a 30% do peso corporal. Senac Taubaté 22 Funções da pele As funções da pele passaram a ser melhor compreendias a partir dos anos 1960. Atualmente algumas funções podem ser bem descritas, são elas: Proteção mecânica e comunicação; Proteção contra raios UV e radiações ionizantes; Funções físico-química e imunológica; Termorregulação e hemorregulação; Metabolismo; Sensibilidade e percepção; Proteção mecânica e comunicação A proteção mecânica deve-se à camada gordurosa (hipoderme) que funciona como um amortecedor, reduzindo impactos e lesões aos órgãos internos. É um mecanismo importante, mas em recém-nascidos e nos idosos esse amortecimento é deficiente devido a diminuição da camada gordurosa. Senac Taubaté 23 A pele tem estreita relação com a comunicação do ser humano, já que é visível e caracteriza a pessoa no meio em que ela vive. Revela também eventos ligados a história do indivíduo, como presença de cicatrizes cutâneas provocados por eventos fisiológicos ou funcionais ocorridos ao longo da vida e em determinadas culturas são uma forma de expressar a própria imagem (tatuagens, cicatrizes, piercings). Outras cicatrizes são oriundas de traumas, incisões cirúrgicas que dependendo da localização prejudicam a autoestima e até mesmo as relações sociais. Absorção da radiação ultravioleta A radiação ultravioleta ocasiona a formação de radicais livres, responsáveis por elevar a número de lesões não reparadas alterando o metabolismo celular dos melanócitos, queratinócitos e células de Langerhans, provocando o envelhecimento precoce da pele e aumentando o risco de câncer cutâneo. A pele não agredida pelo sol se caracteriza por não ter manhas, pigmentação homogênea e textura macia, e quando exposta, o aspecto é oposto. Barreira físico-química e imunológica A pele constitui a defesa inicial contra a invasão de microrganismos. O pH ácido 4,7 a 5,75 e a degradação das ceramidas presentes no manto hidrolipídico conferem atividade bactericida. O manto hidrolipídico evita infecções e protege a pele contra agressores externos como pólen e pó. Quando a comprometimento do manto esses agentes irritam a pele, causando dermatites. Além disso, o efeito de lavagens múltiplas e o uso de produtos podem modificar a composição e/ou eliminar o manto hidrolipídico, alterando as funções da camada córnea e o pH da pele, que demoram 14 horas para serem restaurados. Em idosos o banho demorado pode prejudicar ainda mais a barreira lipídica. Senac Taubaté 24 Órgão imunológico Atua como órgão imunológico por intermédio das células de Langerhans que apresentam os antígenos aos linfócitos T, nos gânglios. Sua natureza dendrítica (As células dendríticas são células de defesa do organismo que ajudam na identificação de agentes agressores como vírus e bactérias, por exemplo, sendo muito importante no combate a doenças. Elas são produzidas pela medula óssea e encontram-se no sangue, na pele e em vários outros órgãos do corpo humano.) permite que constituam uma rede na epiderme, favorecendo a captura de antígenos que ultrapassam o estrato córneo. Termorregulação e hemorregulação A pele interfere na regulação da temperatura corporal através da: Manutenção e regulação do débito circulatório; Processo de vasoconstrição e vasodilatação. Atuação das glândulas sudoríparas écrinas, que controlam a evaporação do calor, perda de água e eletrólitos. Ereção dos folículos pilosos que retardam as trocas de calor. Metabolismo Hormônio testosterona induz na pele a produção de sebo e acne e pode causar alopecia. Hormônio estrogênio e progesterona são responsáveis pela textura da pele feminina, pela distribuição da gordura corporal e contribuem para síntese do sebo, estimulam a produção de fibroblastos e colágeno. Senac Taubaté 25 Sua falta causa diminuição do brilho da pele, aumento das rugas flacidez cutânea e redistribuição de gordura corporal, principalmente no abdome. Hormônio cortisol seu excesso pode causar eritema fácil, erupções acneicas, aumento de deposito de gordura. Síntese e metabolização da vitamina D: a pele desempenha um papel ativo na síntese e metabolização da vitamina D, nutriente que atua em diversos órgãos e tecidos, promovendo a regulação diferenciação desses tecidos, liberação de agentes inflamatórios, além de atuar na proteção da pele. Sensibilidade e percepção As terminações nervosas livres e os receptores cutâneos de superfície presentes na pele quando estimulados contribuem no mecanismo de defesa do organismo. A saber: corpúsculos de Vater-Pacini são responsáveis pela interpretação dos estímulos desencadeados por pressão, os receptores de Krause e Ruffini interpretam respectivamente estímulos de temperatura fria e calor e os receptores de Meissner interpretam os estímulos táteis. Senac Taubaté 26 CAPÍTULO 3 FERIDA “Ferida é uma ruptura na pele, na membrana mucosa ou em qualquer outra estrutura do corpo causada por um agente físico, químico ou biológico”. BORGES, 2001 Fases do processo cicatricial “Cicatrização é uma questão de tempo, mas também de oportunidade” (Hipócrates) “O processo de cicatrização é universal e após ocorrer uma ferida, há uma sequência de reações físicas, químicas e biológicas com a finalidade de reconstituir o tecido que foi rompido. Esta sequência pode ser dividida em três fases: inflamatória, fibroblástica ou proliferativa e a de maturação ou remodelação, que embora sejam distintas, se sobrepõem de tal maneira que numa delas pode-se observar elementos da fase subsequente e vice-versa” (HADDAD et all, 2000). Senac Taubaté 27 A fase inflamatória pode ser descrita como a fase de hemostasia e limpeza. A vasoconstrição e a vasodilatação são respostas vasculares que regulam o processo de coagulação e a oxigenação. A quimiotaxia para neutrófilos, monócitos e macrófagos regula o processo de limpeza do leito da ferida. Nas feridas agudas esse processo dura aproximadamente de 3 a 5 dias e é completado em três semanas. Esta fase ocorre imediatamente após o trauma e manifesta-se clinicamente pelo aparecimento dos sinais e sintomas inflamatórios: calor, hiperemia, dor, edema, perda da função (sinais flogísticos/ sinais cardeias). A fase proliferativa ou fibroblástica é caracterizada pela deposição do colágeno, neoangiogênise, formação do tecido de granulação, contração da ferida e reepitelização. É a fase onde ocorre a migração das células endoteliais da periferia para o centro da lesão e tem duração aproximadamente de três semanas. A contração é o sinal mais evidente nessa fase onde ocorre a aproximação das margens da lesão. A fase de remodelação ou maturação tem início após a terceira semana após a ocorrência do dano tecidual, podendo estender-se até dois anos, dependendo da extensão e o local da lesão. Clinicamente é uma cicatriz imatura que apresenta sinais como eritema, edema, prurido. Ocorre a substituição do colágeno III pelo colágeno I que confere maior resistência tensional a cicatriz. Nas cicatrizes queloidianas ou hipertróficas essa substituição não ocorre. Senac Taubaté 28 Fatores que interferem na cicatrização • Margens da ferida e pele circundante. • Maceração, descoloração, eritema, hematomas, sinus, túneis e tipo de cobertura utilizada para o tratamento tópico. • Dor. • Idade, doenças preexistentescomo hipertensão ou diabete, peso, hábitos alimentares, sono e repouso. Perda total de tecido •Envolve perda total de epiderme e derme, podendo se estender ao tecido subcutâneo, fáscia muscular e osso. Quanto maior a quantidade de tecido perdido e as camadas atingidas, maior a dificuldade da cicatrização e possibilidade de necessidade de enxerto por não ser possível ocorrer a cicatrização. Aparência • Necrose, infecção, esfacelo, extensão do tecido. • Vale ressaltar que a necrose pode ser um tecido de diferentes cores como preta, cinza ou amarela. Senac Taubaté 29 Nutrição Auxilia no reparo da ferida e previne infecção. O indivíduo desnutrido pode não possuir na sua alimentação diária quantidades suficientes de proteínas que são necessárias para o crescimento da pele, além de prevenir a infecção e atuar na síntese de colágeno. Já a vitamina C, que também é importante para a cicatrização, auxilia na formação do fibroblasto. Célula que atua na formação do tecido conjuntivo – e interfere na síntese do colágeno. Outras substâncias essenciais para a cicatrização são a água e alimentos energéticos que darão condições para o trabalho das células durante o processo de cicatrização. Medicamentos em uso • Exemplo: corticoides diminuem a resistência e a tensão de feridas cicatrizadas, inibem a contração das feridas e suprimem o sistema imune, deixando o indivíduo mais suscetível a infecção, fator que interfere negativamente na cicatrização. • Anti-inflamatários não esteroidais, que provocam vasoconstrição e suprimem a resposta inflamatória, dificultam a cicatrização, já que o processo só ocorre após a resposta inflamatória. Idade Quanto mais avançada for a idade, maior a dificuldade do organismo em realizar o processo de cicatrização pelo envelhecimento natural das células Senac Taubaté 30 que, associado a doenças como hipertensão ou diabetes, causa, além da demora no processo, o risco de infecção no leito da ferida. Vascularização Em pessoas com doenças como insuficiência vascular, o tempo de cicatrização é maior tendo em vista que a circulação sanguínea é comprometida e, como conseqüência, menos células de proteção e que realizam a reconstituição do tecido chegarão ao local. Outros • Tabagismo e agentes tópicos como antissépticos interferem na cicatrização, pois as substâncias químicas podem lesionar células necessárias ao processo de cicatrização como o iodo, que agride os fibroblastos. • Como foi apresentado, vários são os fatores que alteram a cicatrização da ferida e podem não apenas contribuir para o fechamento da lesão, mas também servir como meios de preveni-la, ou prejudicá-la. Se pensarmos em um cliente desnutrido que esteja internado e tenha recusa da alimentação, este terá maior probabilidade de desenvolver uma ferida do que o doente com boa aceitação alimentar e cardápio balanceado de acordo com suas necessidades fisiológicas e patológicas. Quando o assunto é prevenção de ferida, não podemos deixar de citar a preocupação que os profissionais de enfermagem devem ter em relação ao desenvolvimento de úlceras por pressão que podem acometer os doentes acamados aumentado o tempo de internação, propiciando o risco de infecção, entre outras situações. Para auxílio no controle da formação das Lesões por pressão, a enfermagem poderá utilizar a “escala de Braden”, traduzida em português, que alerta os profissionais da saúde sobre os riscos dos clientes internados, de acordo com Senac Taubaté 31 o perfil de cada um, por meio de escores, o que propicia ao enfermeiro instituir meios de prevenção de acordo com o risco de cada cliente. • A prevenção da lesão por pressão não deve ser uma preocupação apenas da enfermagem, uma vez que ela é causada por questões multifatoriais, como alimentação, mobilidade reduzida, alterações psicológicas, etc. Por tal motivo, a prevenção também deve ser multidisciplinar e envolver profissionais, como enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem, médicos, fisioterapeutas, nutricionistas, psicólogos, etc. • A assistência de enfermagem ao cliente com ferida, assim como a prevenção da lesão por pressão, também deve ser pensada de forma sistematizada, envolvendo uma equipe multidisciplinar, já que a cicatrização é um processo complexo que necessita de intervenções de vários profissionais. Pensando na complexidade da cicatrização, atualmente existem os grupos de feridas ou curativos para assistência aos clientes com alterações cutâneas. Senac Taubaté 32 CAPÍTULO 4 AVALIAÇÃO DO CLIENTE COM FERIDA Deve-se entender que o termo avaliação da ferida não foi citado, e sim avaliação do cliente com ferida, uma vez que não podemos esquecer que a ferida faz parte do cliente e que sem a visão sistêmica da assistência (holismo) o objetivo de cicatrização não será alcançado. Visão sistêmica da assistência Refere-se à necessidade de pensarmos que o tratamento de ferida envolve: • atendimento à legislação profissional. “Ao enfermeiro compete privativamente”: – Cuidados de enfermagem de maior complexidade técnica; – Participação nos programas de treinamento e aprimoramento de pessoal da saúde, particularmente nos programas de educação permanente. “Ao técnico de enfermagem cabe”: – Assistir ao enfermeiro; – Prestar cuidados diretos de enfermagem a pacientes em estado grave. Para mais informações, pesquisar em: www.corensp.org.br (Conselho regional de Enfermagem). • recursos financeiros: operadora de saúde e auditoria de enfermagem (nos casos de hospital particular), glosas se os materiais e recursos não forem adequadamente planejados e utilizados. Questões relacionadas a lixo hospitalar e prevenção do meio ambiente; • conhecimento, habilidade e atitude adquiridos pelo estudo técnico-científico. Senac Taubaté 33 Métodos de avaliação da ferida Sistematizada Documentada Periódica Individualizada Aspectos Gerais Dados pessoais Condições socioeconômicas e ambientais Suporte familiar/ social Condições psicológicas/ espirituais Saúde: doenças, medicamentos, exames, alergias, mobilidade, nutrição, eliminações fisiológicas, sono, higiene, dor. Aspectos Específicos Histórico: como e quando começou tratamentos anteriores, evolução. Etiologia da ferida. Senac Taubaté 34 Classificação das feridas Quanto à causa: • intencional ou cirúrgica; • acidental ou traumática. Quanto à etiologia: • aguda: quando há ruptura da vascularização com desencadeamento do processo de hemostasia caracterizada por reação inflamatória aguda (exsudativa); • crônica: quando há desvio na sequência do processo cicatricial fisiológico caracterizada por resposta mais proliferativa. Quanto ao tipo de cicatrização: Feridas de cicatrização de primeira intenção: não há perda de tecidos, as margens da pele ficam justapostas. Este é o objetivo das feridas fechadas cirurgicamente. Feridas de cicatrização por segunda intenção: houve perda de tecidos e as margens da pele ficam distantes. A cicatrização é mais lenta do que primeira intenção. Feridas de cicatrização por terceira intenção: é corrigida cirurgicamente após a formação de tecido de granulação, a fim de que apresente melhores resultados funcionais e estéticos. Senac Taubaté 35 Senac Taubaté 36 Quanto à extensão do tecido envolvido: Estruturas envolvidas Estadiamento Epiderme Ferida superficial Estágio 1 LPP Grau 0 pé diabético Epiderme e derme Perda parcial Estágio 2 LPP Grau 1 pé diabético Epiderme, derme e hipoderme Perda total Estágio 3LPP Grau 2 pé diabético Epiderme, derme, hipoderme, Músculos, ossos e tendões. Perda total Estágio 4 LLP Grau 3 pé diabético Senac Taubaté 37 Classificação de acordo com: Conteúdo microbiano Agente causador • limpa; • contaminada; • infectada. • Incisa ou cortante; • lacerante; • perfurante; • penetrante; • contusa; • escoriação; •. Patológica Exsudato: Volume Consistência / cor Odor Grande Moderado Pequeno Ausente Seroso Serosanguinolento Sanguinolento Purulento Sui generis Fétido Pútrido Senac Taubaté 38 Leito da ferida: Tecidos viáveis Tecidos viáveis Tecidos inviáveis Granulação Vermelho vivo Brilhante Róseo ou vermelho opaco Hipergranulado Epitelização Cor Consistência Viscosa Macia Firme Seca coriácea Aderência Aderido Frouxo Solto Espaços mortos Descolamento Senac Taubaté 39 Área perilesional: Margens da ferida Pele perilesional Regulares Irregulares Aderidas Não aderida Maceradas Ressecadas Queratosadas Isquemiadas Necrosadas Epitelizada Granuladas Solapadas Integra Isquemiada Queratosada Macerada Ressecada Quente Hiperemiada Edemaciada Infecção Sinais clínicos: Dor No momento da consulta Pior dor na última semana Média da dor na maior parte do tempo Frequência Contínua Intermitente Senac Taubaté 40 Horário o Durante a troca do curativo o Após a troca do curativo o Noite/ repouso Calor Rubor Edema Odor Aumento do exsudato Documentação: Classificação Localização Dimensão Exsudato Leito Margens Pele ao redor Sinais flogísticos Localização: Auxilia a identificação da etiologia Influencia o prognóstico de cicatrização Restringe a escolha da cobertura Senac Taubaté 41 Dimensão: Usa-se a régua para medir, em centímetro, o maior comprimento e a maior largura da superfície da ferida. Para obter a área total deve-se multiplicar o comprimento x largura, para obter a área em cm2; Área = Extensão + Profundidade Medida linear Desenho Instilação Moldes Planimetria computadorizada Senac Taubaté 42 Particularidades envolvendo o tratamento de pacientes com úlceras venosas, arteriais ou mistas, pé diabético, lesão por pressão. As terapias tópicas no tratamento dessas lesões e pele perilesionais seguem os mesmos conceitos expostos no início desde capitulo e que serão expostos no capítulo seguinte, em Tecnologias em curativos. No entanto existem particularidades envolvendo a etiologia e tratamento, Sobretudo pensando em questões preventivas, que nos levam a citá-las separadamente a seguir. Úlceras venosas: As úlceras venosas têm características facilmente identificadas no exame físico. Sua localização é na porção inferior da perna, maléolo medial, próxima a veia safena. O leito da lesão apresenta tecido de granulação, vermelho vivo, com margens irregulares, exsudação moderada a intensa. A pele circundante apresenta dilatação venosa. Além da terapia tópica através de coberturas que serão abordadas no capítulo seguinte, é preciso, muitas vezes lançar mão de medidas completares que irão auxiliar na completa cicatrização da lesão, as quais destaca-se terapia compressiva e elevação de membros inferiores. Terapia por compressão: consiste na aplicação de pressão estática ou dinâmica, nas extremidades dos membros inferiores, já que elas auxiliam o retorno venoso. A compressão estática é por meio de bandagens ou meias de compressão. È importante ressaltar que ambas necessitam de repouso com elevação dos membros inferiores por um período de 15_30 minutos antes da aplicação. Elas podem ser rígidas como a bota de unna ou elásticas como as ataduras e meias elásticas. Senac Taubaté 43 Sua indicação deve ser embasada numa avaliação criteriosa e é de exclusividade do médico, enfermeiro estomaterapeuta ou ainda enfermeiro generalista capacitado. O profissional deve garantir que perfusão periférica esteja assegurada e fornecer ao paciente orientações de emergência, sob quais condições esta atadura deverá ser retirada. A bota de unna, por se tratar de uma bandagem rígida, somente é indicada aos pacientes que deambulam e sua eficácia diminui a medica que o edema regride. Esse tratamento tem como princípio ativo o oxido de zinco, que pode acentuar a epitelização e reduzir a inflamação. No entanto a atadura nem sempre absorve o volume total de exsudato, provocando maceração das margens, e pele perilesional. Sendo assim os curativos com alginato impregnados de cálcio e sódio, espumas com prata podem ser utilizadas como curativos primários com bons resultados. Elevação dos membros inferiores: tem papel fundamental no tratamento de úlceras venosas pois auxiliam no retorno venosos com a ajuda da gravidade. Outra forma de favorecer o retorno venoso é elevar os pés da cama. Úlceras arteriais: São menos frequentes que as ulceras venosas. Decorrem na isquemia grave do tecido e são bastante dolorosas. São mais comuns na área pré-tibial, dorso dos artelhos, dorso do pé e calcâneos. A forma das úlceras é geralmente irregular, com margens bem definidas. O leito da lesão há presença de tecido necrótico amarelo ou esverdeado. A quantidade de exsudato é reduzida devido ao fluxo sanguíneo reduzido, com pouco tecido de granulação. Geralmente são profundas com exposição tendinosa. A pele perilesional é seca e descamativa. Além do tratamento tópico com coberturas citadas no capítulo seguinte, conforme avaliação criteriosa destaca-se a importância de evitar terapias compressivas, pois restringem o fluxo sanguíneo. Estimular repouso no leito Senac Taubaté 44 com a cabeceira elevada de 5 a 7 graus, pois produz aumento na tensão de oxigênio e na temperatura da perna isquêmica. As extremidades devem ser aquecidas com algodão ortopédico sem garrotear o membro. Também os artelhos e todas as proeminências ósseas dos membros inferiores devem ser protegidas do atrito e cisalhamento. Utilizar emolientes neutros para evitar ressecamento e fissuras. Cortar as unhas com cantos retos. Estimular a deambulação quando não a dor e lesão presente para melhorar a circulação colateral. No quadro a seguir descreve-se os sinais e sintomas das úlceras venosas e arteriais. Senac Taubaté 45 Características: Úlcera Venosa: Úlcera Arterial: Local Maléolo medial Dedos, calcâneos, lateral da perna Evolução Lenta Rápida Aparência da úlcera Margem superficial, não afeta tecidos profundos Geralmente profunda e envolve tecidos e músculos Aparência da perna Marrom, manchas varicosas eczema, quente ao toque Pele brilhante, fria, descorada quando levantada e azulada quando abaixada Características: Úlcera Venosa: Úlcera Arterial: Edema Presente, piora no fim do dia Presente quando em repouso Dor Variável, associada a edema e infecção Muito dolorosa, piora à noite, melhora quando deixa os MMII pendentes Pulso pedioso, femural e poplíteo Presente Ausente ou reduzido Historia Trombose venosa profunda, flebite e varizes Doença vascular periférica, cardiopatias e DM. Senac Taubaté 46 Avaliação da insuficiência arterial através do Índice Tornozelo-Braço (ITB) Para verificação do ITB são necessários um aparelho de pressão e um ultrassom portátil. A medida é feita através da pressão sistólica do braço (com manguito e estetoscópio) e pressão sistólica do tornozelo (com manguito e doopler). Verifica-se a pressãosistólica dos braços e dos tornozelos. A divisão do maior valor de pressão sistólica do braço pelo maior valor de pressão sistólica do tornozelo oferece o índice de pressão tornozelo braço. Os valores de referência são: VALOR DE ITB INTERPRETAÇÃO = 1 Entre 0,8 e 1 <0,8 <0,5 Suprimento arterial normal Alguma isquemia presente Insuficiência arterial Insuficiência arterial severa Senac Taubaté 47 Úlceras mistas: Tem sua etiologia ligada a fatores venosos e arteriais. O principal desafio nesse caso é adequar à terapia compressiva, que pode ser indicada em casos de linfedema importante, mas deve ser suspensa em caso de piora da dor. Exercícios de curto período de elevação dos membros inferiores devem ser estimulados. Lembrando sempre que a piora do quadro de dor pode estar associada à piora da perfusão arterial, sendo necessária nova avaliação com especialista. Senac Taubaté 48 Pé diabético: Além de tratar as lesões deve-se orientar as pessoas com diabetes quanto a proteção adequada dos pés. A saber: Verificar os pés diariamente; hidratar os pés após bem secos; testar a temperatura da água do banho para evitar lesões por queimadura; não andar descalço; não cortar os calos; cessar uso de tabaco; manter controle dos níveis de glicose e seguir dieta rigorosa. Duração/ anos DM Incidência Neuropatias: 20 35% 30 45% 40 75% Orientar essas medidas é importante quando se pensa em minimizar complicações causadas pelo diabetes. As úlceras de pé diabético são classificadas de acordo com a escala de Wagner, explicada no quadro a seguir. Senac Taubaté 49 Escala de Wagner: úlceras de pé diabético: Grau Descrição 0 Lesões pré-ulcerativas 1 Úlcera superficial 2 Acometimento de tendão 3 Abscesso e/ou osteomielite 4 Gangrena de antepé 5 Gangrena de todo o pé Senac Taubaté 50 Lesão por pressão: O National Pressure Ulcer Advisory Panel redefiniu a definição de uma lesão de pressão durante NPUAP 2016 Staging Conferencia de consenso, que foi realizada 08-09 de Abril 2016 em Rosemont (Chicago). Uma lesão por pressão é localizada danos na pele e do tecido mole subjacente geralmente sobre uma proeminência óssea ou relacionada com um dispositivo médico ou outro. (NPUAP) “É uma lesão localizada na pele e/ou no tecido ou estrutura subjacente, geralmente sobre uma proeminência óssea, resultante de pressão isolada ou de pressão combinada com fricção e/ou cisalhamento” (NPUAP & EPUAP). Sua origem está ligada a fatores como: intensidade de pressão exercida; duração da pressão maior que duas horas; tolerância tecidual (cisalhamento x fricção); umidade; déficit nutricional. O sistema de classificação em estágios da LPP foi criado pelo “National Pressure Ulcer Advisory Panel” (NPUAP) em 1989 e validou em Abril de 2016 as novas terminologias que representa a quantidade de perda ou destruição tecidual ocorrida. A seguir será descrito em detalhes essa classificação. Senac Taubaté 51 Sistema de estadiamento atualizado inclui as seguintes definições: Estagio 1 Lesão por Pressão: Eritema não branqueável da pele intacta. A pele intacta, com uma área localizada de eritema não branqueável, que pode aparecer de forma diferente em pele pigmentada. Presença de eritema branqueável ou alterações na sensação, temperatura, ou firmeza podem preceder mudanças visuais. Senac Taubaté 52 Estagio 2 Lesão por Pressão: Perda de pele de espessura parcial com derme exposta. O leito da ferida é viável, rosa ou vermelho, úmido e também pode apresentar como uma bolha cheia de soro intacto ou rompido. Tecido Adiposo (gordura) não é visível e tecidos mais profundos não são visíveis. Tecido de granulação, fibrina e de escara não estão presentes. Senac Taubaté 53 Estagio 3 Lesão por Pressão: Perda da pele de espessura total. Em que o tecido adiposo é visível no tecido da úlcera e granulação a profundidade do dano tecidual varia conforme a localização anatômica, áreas de adiposidade signicativa podem desenvolver feridas profundas. Fáscia, músculo, tendão, ligamento, cartilagem e ou osso não expostos. Senac Taubaté 54 Estagio 3 Lesão por Pressão: Pele de espessura total perda de tecido da pele e do tecido perda de espessura total com a exposta ou diretamente palpável fáscia, músculo, tendões, ligamentos, cartilagem ou osso na úlcera. A escara pode ser visível, túneis muitas vezes ocorrem, a profundidade varia conforme a localização anatômica. Senac Taubaté 55 Lesão por Pressão não Classificável: Perda de tecido da pele e do tecido perda da espessura total em que a extensão do dano tecidual dentro da úlcera não pode ser confirmada porque é obscurecida por escaras. Se a escara é removida uma lesão pressão estágio 3 ou 4 será revelado. Escara estável (ou seja, seca, aderente, intacta, sem eritema) no calcanhar ou membro isquêmico não deve ser atenuado ou removido. Senac Taubaté 56 Dispositivos médicos lesão por pressão relacionadas: Lesões por pressão relacionados com dispositivo médico resultar do uso de dispositivos concebidos e aplicados para fins de diagnósticos ou terapêuticos. A lesão pressão resultados geralmente está em conformidade com o padrão ou forma do dispositivo. A lesão deve ser interpretada usando o sistema de estadiamento. Senac Taubaté 57 Avaliação de Risco para Lesão por pressão: A Escala de BRADEN é um instrumento de avaliação de risco para o desenvolvimento de Lesão por pressão. Esta escala apresenta uma sensibilidade maior e é mais específica, oferecendo maior eficiência na avaliação. O grau de escores tem valores entre 4 e 23. O escore de 16-23 indica pequeno risco para desenvolvimento de Lesão por pressão; de 11-15, observa-se um moderado risco e de 6-10 considera-se um elevado risco. Essa avaliação deve ser realizada imediatamente após a internação do paciente. Após sua aplicação e somatório dos pontos o paciente é classificado quanto ao risco para aparecimento das lesões. São analisados os fatores de risco associados e medidas específicas de prevenção são implantadas. Escore: Risco: 16-23 Pequeno risco 11-15 Moderado risco 6-10 Elevado risco Senac Taubaté 58 Escala de BRADEN: Senac Taubaté 59 CAPÍTULO 5 TECNOLOGIA EM CURATIVOS Escolher o produto a ser utilizado deve ser uma das preocupações do enfermeiro, ser integrante do processo do cuidar. Porém, ao escolher a tecnologia em curativo, a enfermagem, profissão que realiza, na grande maioria, os curativos, deve padronizar a técnica para acompanhamento da terapia empregada e verificar a evolução da ferida. Coberturas e produtos Para que ocorra a cicatrização da ferida é necessário conhecer minunciosamente as coberturas disponíveis no mercado, seu mecanismo de ação, indicação, advertências, modo de usar e intervalo de troca. Dentre os produtos de última geração estão: alginato de cálcio e sódio, hidrogel, carvão ativado com prata, hidrocoloide, adesivo de hidropolimero, filmes semipermeáveis, espumas, silicone, colágeno. Atualmente as coberturas são classificadas da seguinte forma: As coberturas passivas têm função de proteger e cobrir as feridas. As coberturas interativas matem um microambiente úmido facilitando a cicatrização, já as coberturas bioativas fornecem elementos necessários à cicatrização estimulando a cura da ferida.Sendo que podem utilizadas como coberturas primárias quando aplicadas diretamente sobre a ferida ou coberturas secundarias quando aplicadas sobre o curativo primário. Senac Taubaté 60 A indicação das coberturas deve ser personalizada, sendo essencial a avaliação continua da lesão para ajustar a cobertura às necessidades individuas, tendo em mente a fase em que a ferida se encontra e o objetivo que se quer alcançar. A escolha do tipo de cobertura deve atender aos princípios que otimizem o processo cicatricial e está intimamente relacionada com sua função que pode ser: prevenir e controlar infecções, remover tecidos inviáveis, controlar exsudato, preencher espaços, controlar odor e proteger a ferida Filme transparente Composição: membrana de poliuretano, semipermeável, adesiva e transparente. Mecanismo de Ação: Permeável a gases e vapor de água e é impermeável a líquidos e bactérias. Estas propriedades permitem a respirabilidade da ferida (trocas gasosas) e evita o acúmulo de umidade entre a pele e o filme, atua também como uma barreira de proteção para a pele ou para o curativo primário, fixado pelo filme. Pode permanecer na ferida por até 7 dias. Indicação: Fixação de curativos primários; cobertura de curativos e suturas; fixação de tubos, drenos e bolsas de perna; proteção de atritos nas proeminências ósseas (calcâneo, cotovelo, joelho, região sacra, trocanteriana) e cobertura protetora da pele; Como usar: • Para prevenção de ulceras por pressão aplicar o filme diretamente na área. Senac Taubaté 61 • Para fixação de cateteres, aplicar diretamente sobre o local puncionado; • Para fixação de curativos, aplicar sobre o curativo primário Hidrocolóides Composição: Carboximetilcelulose, gelatina e a pectina, podendo estar sozinhos ou combinados. Apresentações: placa, fibra, gel, pasta e pó. Transformam-se em um gel no contato com o exsudato da ferida. Existe no mercado hidrocolóide em placa associados a alginatos de cálcio e prata, com objetivo de absorver mais exsudato e reduzir proliferação bacteriana no leito da lesão. Deve ser trocado quando estiver saturado, podendo permanecer na lesão por até 7 dias. Indicação: Proteger áreas do corpo em risco para a lesão por fricção; feridas não infectadas, com baixo exsudato; ferida cirúrgica limpa com ou sem sutura (ideal que seja hidrocolóide de espessura fina); barreira para efluente de fistulas ou estomas Contraindicações: Áreas úmidas e feridas infectadas; Como usar: Aplicar diretamente na área. Senac Taubaté 62 Alginato de cálcio e sódio Composição: fibras extraídas de algas marinhas marrons, compostas pelos ácidos gulurônico e manurônico, acrescidos em seu processo de fabricação de íons cálcio e sódio. Mecanismo de ação: Absorção da exsudação da ferida formando um hidrofílico e não aderente, que proporciona um meio úmido sobre a superfície da ferida, promovendo o desbridamento autolítico e absorvendo o excesso de exsudato, permitindo a remoção sem trauma, com pequeno ou nenhum dano para o tecido recém-formado criando, desse modo, um meio adequado para o processo de cicatrização. Indicações: Feridas exsudativas, com sangramento, limpas ou infectadas, agudas ou crônicas, superficiais ou profundas, desbridamento de pequenas áreas com esfacelo, áreas doadoras de enxerto. Contraindicações: Não deve ser utilizado em associações com antibióticos tópicos, pois componentes da formulação podem inibir o processo de geleificação do alginato de cálcio; não é indicado para queimaduras de terceiro grau e não é indicado para prevenção de ulceras por pressão. Como usar: aplicar sobre a lesão, preenchendo cavidades, descolamentos, túneis e sinus. Requer curativo secundário. Senac Taubaté 63 Ácido Graxo Essencial Composição: ácido caprílico, ácido cáprico, ácido caprólico, ácido láurico, ácido linoléico, vitamina A, vitamina C e lecitina de soja. Indicação: feridas de todos os tipos em processo de cicatrização, preferencialmente na fase proliferativa. Como usar: aplicar sobre a lesão pode ser associado à alginato de cálcio e sódio e compressas não aderentes. Importante: o produto deve ter registro no Ministério da Saúde, certificado de responsabilidade técnica do fabricante, emitido pelo conselho regional competente. Avaliação da propriedade bactericida e bacteriostática do produto, realizado em laboratório reconhecido nacionalmente, lauda da matéria prima utilizada, em papel timbrado pelo fornecedor. Essas especificações entre outras garante a qualidade do produto a ser usado. O profissional que usa produtos que não atendam à essas especificações está comprometendo a sua ética profissional. Carvão ativado Composição: É curativo primário e/ou secundário composto de tecido de carvão ativado impregnado com prata. Pode ser recortável ou em sache. Senac Taubaté 64 Mecanismo de ação: O tecido de carvão ativado adsorve os gases voláteis, responsáveis pelo mau cheiro e os microorganismos produtores desta substância. A prata impregnada no tecido de carvão exerce efeito bactericida sobre os microorganismos auxiliando no controle de infecção da ferida. Apresentações com e sem prata, recortáveis e não recortáveis. Precauções: Não secar o leito da ferida, pois este procedimento pode causar trauma ao tecido de granulação. Como usar: Como curativo primário: - Irrigar bem o leito da ferida com solução fisiológica 0,9% - Secar somente a região periférica - Colocar o carvão ativado com prata sobre a ferida - Ocluir com uma cobertura estéril Como curativo secundário: - Irrigar bem o leito da ferida com solução fisiológica 0,9% - Secar somente a região periférica - Colocar curativo primário sobre a ferida - Aplicar e fixar carvão ativado com prata Intervalos de troca: Como curativo primário: A cobertura pode permanecer sobre a ferida até seu completo saturamento, podendo ser trocada no máximo a cada 7 (sete) dias. Inicialmente, pode ser necessário trocar nas primeiras 24 – 48 h. É importante ressaltar que a frequência da troca dependerá do volume do exsudato, controle da infecção e odor devendo ser definida pelo profissional responsável e de forma individualizada. Senac Taubaté 65 Como curativo secundário: Trocar a cobertura secundária sempre que estiver saturada, ou conforme troca do curativo primário. A cobertura secundária não deverá permanecer na lesão por mais de 7 (sete) dias. Silicones Os curativos de silicones são fisiologicamente inertes, não-tóxicos que, por sua natureza hidrofóbica promovem troca atraumática de curativos. Evita lesão quando o tecido da úlcera ou área ao redor é frágil ou friável. São utilizados para prevenir e tratar cicatrizes hipertróficas e queloides. Hidrogel Composição: É um gel estéril destinado ao tratamento de feridas que possui em sua formulação água deionizada, propilenoglicol e óleos de origem vegetal; Mecanismo de ação: Promove a hidratação da ferida, mantendo um ambiente úmido ideal para cicatrização e para o desbridamento autolítico. Este processo de hidratação alivia a dor pela umidificação das terminações nervosas expostas na ferida. O produto é um curativo primário, não aderente e fácil de aplicar que preserva o tecido de granulação recém-formado durante as trocas de curativos, pois é removido facilmente pela irrigação da ferida com solução fisiológica. Senac Taubaté 66 Indicação: É indicado para promover o desbridamento autolítico e estimular a cicatrização em feridas secas; superficiais ou profundas; com ou sem infecção, necrose ou esfacelo. Além disto, o hidrogel é ideal para a manutenção da viabilidade de ossos e tendões expostos em feridas profundas.• Manter o meio úmido em feridas com tecido de granulação; • Desbridamento autolitico de necroses secas ou esfacelos. Contraindicações: O produto não deve ser utilizado em pacientes com conhecida sensibilidade ao gel ou a algum de seus componentes, grandes queimados, ou em lesões com exsudato em média ou grande quantidade. Como usar: Aplicar uma fina camada sobre a área a ser desbridada ou hidratada, requer curativo secundário. Intervalos de troca: Seu uso não é viável por mais de setenta e duas horas. O curativo também pode ser trocado quando a cobertura secundária apresentar sinais de saturação Compressa com emulsão de petrolatum Composição: É um curativo primário, estéril, não aderente, constituído por uma malha de acetato de celulose (Rayon) impregnada com uma emulsão de petrolatum. Mecanismo de ação: O petrolatum é um eficiente umectante, contribuindo para a hidratação de pele íntegras ou lesadas. O tecido de Rayon é sintético, inodoro, poroso, isento de substâncias alergênicas e apresenta bordas bem acabadas. Por ser poroso, o curativo permite a respirabilidade da ferida e o fluxo do exsudato para que seja absorvido pelo curativo secundário, evitando o acúmulo de fluido no local da lesão. Além disso, o tecido de Rayon pode ser Senac Taubaté 67 recortado para atender a necessidade de diferentes tamanhos de feridas sem provocar o desprendimento de filamentos. Indicação: Feridas com tecido de granulação. Como usar: Aplicar a compressa sobre a lesão e deve ser combinado com um curativo secundário estéril para que seja possível a absorção do exsudato da ferida. Intervalos de troca: Deve ser monitorado por um profissional da saúde que indicará a frequência adequada das trocas do curativo. O produto deverá ser substituído sempre que for observada a diminuição de sua característica não aderente. Contraindicações: Não deve ser utilizado em pacientes com conhecida sensibilidade ao produto ou a algum de seus componentes. Além disso, seu uso não é indicado para pacientes que estejam recebendo tratamento por câmara hiperbárica. Curativos impregnados com prata Composição: Existe no mercado coberturas de hidrofibra com prata, alginato com prata, espumas com prata Mecanismo de ação: A prata é conhecida pelas suas características antimicrobianas, sendo embora utilizada desde meados do século passado no tratamento de feridas, sob as mais variadas formas, vários curativos com prata em formatos e concentrações diferentes estão disponíveis com a proposta de Senac Taubaté 68 da liberação graduada de pequenas quantidades de íons de prata, durante um determinado período de tempo, diminuindo da frequência de trocas. Indicação: Feridas de moderada a altamente exsudativas, com sangramento, agudas ou crônicas, superficiais ou profundas; feridas infectadas de qualquer etiologia, barreira física para prevenção da penetração de micro-organismos. Como usar: Escolher o tamanho e/ou apresentação do curativo que melhor se adapte, de modo que seja mínima a sobreposição na região ao redor da ferida. Ocluir se necessário, com uma cobertura secundária estéril. Intervalos de troca: A frequência de troca irá depender da condição da ferida e do nível de exsudação. O curativo poderá ser mantido na ferida por até 7 dias. Para feridas limpas exsudativas, efetuar a troca quando o curativo secundário estiver saturado ou de acordo com a orientação do profissional da saúde. Após a retirada do curativo secundário, se o leito da ferida estiver seco, saturar o curativo com solução salina estéril antes da remoção. Contraindicações: Sensibilidade aos componentes do produto. Feridas secas (nesse caso necessitam de umidificação periódica do curativo sobre o leito da ferida, correndo-se o risco de reduzir a temperatura do leito da lesão. Espumas Composição: espuma de poliuretano impregnadas com prata ou ibuprofeno. Mecanismo de Ação: Sua principal função é controlar a umidade no leito da ferida. O líquido se expande para preencher cavidades. Camada interna Senac Taubaté 69 hidrofílica é absorvente e a camada externa é hidrofóbica que age como protetor. Apresentação associada à prata e ibuprofeno. Indicação: Feridas exsudativas Como usar: aplicar diretamente sobre a lesão, requer cobertura secundária Contraindicações: feridas pouco exsudativas. Papaína Composição: Enzima proteolítica liofilizada do látex do mamão Carica papaya. Encontrada na forma de pó liofilizado (solúvel em água destilada ou soro fisiológico); gel ou creme. Mecanismo de ação: Provoca dissociação das moléculas de proteína, resultando em desbridamento químico, embora esta não seja sua única ação. É bactericida e bacteriostática, além de estimular a força tênsil das cicatrizes, o que promove uma ferida mais resistente e com menor possibilidade de reabertura. Como usar: Aplicar sobre a lesão de acordo com o tipo de tecido encontrado (necrose, granulação, esfacelo), devem ser utilizadas diferentes percentuais: 2%, 4%, 6% ou 10%. Indicação: Feridas com pouco a moderado exsudato; feridas com necrose. Contraindicações: pacientes alérgicos à látex. Senac Taubaté 70 FITOTERÁPICOS CALÊNDULA BABOSA CAMOMILA PAPAÍNA AGE • NOME POPULAR- Calêndula, mal-me quer, bem-me quer • NOME CIENTÍFICO- Calendula officinalis/ flores e folhas • USO MEDICINAL: - Lesões de pele (ulcera venosa, Lesão de pressão, queimadura, fissuras de mamilo, foliculite, furunculose, eczema seborreíco/ protetor da pele-mucilagem e ácido oleanóico; ação antiinflamatória-flavonoídes); • dermatite amoniacal, acne(diminui oleosidade e aumenta tonicidade da pele), • PREPARAÇÕES: Uso interno (chá, tintura); Uso externo (tintura ou extrato glicólico- 5ml em 50 ml de água fervida ou soro- lavar ou compressas 2 a 4 vezes/dia creme ou pomada 10%. Senac Taubaté 71 • NOME POPULAR: Babosa • NOME CIENTÍFICO: Aloe Vera / polpa da folha • USO MEDICINAL: -Lesões de pele (queimaduras,ulcera venosa, ulcera de pressão/ antiinflamatória, emoliente, umectante devido a mucilagem, ação regeneradora de tecido e refrescante devido ao aleferom, estimula fibroblastos; • afecções de pele (psoríase, eczemas, erisipela, acne, picadas de insetos, seborreía e queda de cabelos • hemorroída uso tópico /antimicrobiano • PREPARAÇÕES: Uso interno- tintura, pó; uso externo- gel mucilaginoso fresco, creme 25%; contra-indicado • Gravidez e menstruação(contração) e aleitamento. • NOME POPULAR: Camomila, matricária • NOME CIENTÍFICO: Chamomilla recutita/ sum. floridas • USO MEDICINAL: Afecções da pele: queimaduras de sol, ulcera venosa, dermatite amoniacal, rachadura de mamilo, conjuntivite, irritações oculares, inflamações de garganta e gengiva, hemorroidas. • OUTRAS AÇÕES: analgésica, antialérgica, antipruriginoso, antifúngico(candida albicans). • PREPARAÇÕES: Uso interno: Chá infusão (1 colher de chá (1 a 2 g) das flores secas, 1 xícara de chá de água- adulto1 xícara de chá 3 x /dia, tintura, extrato fluido. • Uso externo: creme e loções- extrato glicólico Senac Taubaté 72 Terapias adjuntas utilizadas no tratamento de feridas Terapia por pressão negativa- Vácuo Devido à dificuldade em se obter bons resultados no tratamento das feridas complexas, foi proposto no ano de 1997 por Argenta e Morykwasa utilização de pressão negativa (Vacuum Assisted Closure – V.A.C.- KCI, USA ) como terapia adjunta no tratamento de feridas. A pressão negativa atua no leito da ferida através de esponja hidrofóbica ou espuma de poliuretano de poliuretano conectada por um tubo plástico à bomba de vácuo. A pressão pode ser ajustada de 50 a 125 mmHg e usada de forma continua ou intermitente. Essesistema é usado colocando quantidade suficiente de esponja no leito da ferida para cobrir toda sua extensão e vedando-a com filme transparente, obtendo-se assim um selo hermeticamente fechado. A bomba ao ser ligada produz pressão negativa no sistema e na ferida. Essa pressão negativa promoveria drenagem do excesso de fluidos do leito da ferida e do espaço intersticial, reduzindo a população bacteriana e o edema, além de aumentar o fluxo sanguíneo local e a formação do tecido de granulação, efeitos que levariam à melhor cicatrização das feridas complexas. Senac Taubaté 73 Terapia por pressão positiva- Hiperbárica O oxigênio molecular, desempenha papel importante no processo de cicatrização. A hiperoxia causada pela oxigenação hiperbárica (OHB) aumenta a tolerância dos tecidos à isquemia, incrementando os mecanismos biológicos de defesa contra radicais livres e aumentando a capacidade dos tecidos de suportar a isquemia tecidual. A OHB tem efeito protetor na microcirculação, possivelmente por interferir na ação deletéria causada pela ativação dos neutrófilos sobre o endotélio microvascular. Essa habilidade de interferir nos neutrófilos estimula a angiogênese e aumenta a atividade da síntese de fibroblastos e de colágeno. Tal terapia tem sido indicada para o tratamento adjunto de úlceras varicosas, diabéticas e Lesão por pressão. Senac Taubaté 74 Laser Dentre as alternativas de tratamento para feridas tem-se como opção a laserterapia. O laser é uma forma de luz caracterizado como modalidade terapêutica atérmica. O termo laser é um acrônimo para “Light Amplification by Stimulated Emission of Radiation” (amplificação da luz pela emissão estimulada da radiação) O que a torna diferente são as propriedades de ser monocromática coerente e a direcionalidade. Seu uso advém dos efeitos fototérmicos e de fotoablação do tecido, usados para cortar, soldar e destruir tecidos. Foi a partir do final da década de 1970 que os estudos se aprofundaram para as interações atérmicas do laser com o tecido, através do laser de baixa intensidade. Na interação laser-tecido encontramos efeitos primários como: o bioquímico, o bioelétrico e o bioenergético. Contudo, no caso da laserterapia à baixa intensidade, a ênfase, por definição, incide sobre as reações não - térmicas da luz com o tecido. Na prática clínica, as principais indicações dos lasers da baixa intensidade têm sido identificadas como sendo, primeiramente, o tratamento de feridas, através Senac Taubaté 75 do efeito de fotobioestimulação. Assim os lasers têm sido usados em condições que estão relacionadas com úlceras varicosas, diabéticas e por pressão. A investigação tem demonstrado que a irradiação através do laser é particularmente bem sucedida em tendinopatias e situações clínicas onde hematomas estão presentes, bem como nas bursites e lesões vulgares dos tecidos moles. Senac Taubaté 76 CAPÍTULO 6 GRUPO DE CURATIVO Composição • o coordenador deve ser, preferencialmente, especialista na área, estomaterapeuta. • deve-se ter elaboração de plano de assistência. • fichas e impressos específicos para registros. • anotações em prontuário. • atuação em conjunto com equipe multidisciplinar. • Participação em projetos, em conjunto com a educação permanente. • assessoria técnica de empresas especializadas que fornecem cobertura para tratamento de feridas e consultoria de profissional especializado. Os grupos de curativo podem atuar na realização dos curativos ou na orientação dos profissionais que realizarão curativos; pesquisa e ensino sobre o tema, contribuindo para publicações de trabalhos científicos e comprovando, junto ao setor de compras e diretoria do hospital, a eficiência de coberturas e padronização de materiais; ou ainda, realizando as duas funções. A escolha da atuação do grupo dependerá da filosofia, visão, missão e valores da instituição onde se trabalha. Senac Taubaté 77 Algumas ações do grupo de curativo • deve visar à implantação de protocolos, que contribuem na segurança de procedimentos, mas não substituem a necessidade do amplo conhecimento do profissional que está desempenhando a assistência ao cliente com ferida. • Padronização de materiais: tecnologias em curativos. • Ter registro sobre os clientes que assiste (na prevenção ou no curativo de ferida). • Avaliações e reavaliações sobre a eficácia da atuação. • Acompanhar a evolução dos clientes com ferida. • Trabalhar em conjunto e orientar a equipe multiprofissional. • Conseguir perante a instituição novidades em tecnologia em curativo. • Realizar estatística da sua atuação. • Participar de ensino e pesquisa sobre o assunto “ferida’’. Senac Taubaté 78 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABEN. Adolescer: compreender, atuar, acolher. Projeto acolher. Brasília, 2001. BAJAY, HM; et al. Manual do tratamento de feridas. Monografia. Campinas: Hospital das Clínicas – grupo de Estudos de feridas, 1999. DEALEY, C. Cuidando de feridas: um guia para enfermeiras. (2a ed) São Paulo: atheneu, 2001. FERREIRA MC, PAGGIARO A. Terapia por pressão negativa - vácuo. Rev Med (São Paulo). 2010 jul.-dez.;89(3/4):142-6. HARRIS, M.I.N.C. Pele: estrutura, propriedades e envelhecimento. 3ªed. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2003) DOMANSKY, RC; BORGES, EL. Manual para prevenção de lesões de pele: recomendações baseadas em evidências. Rio de Janeiro:Editora Rubio:2012 OLIVEIRA, CAG. Associação da laserterapia com papaína na cicatrização de úlceras diabéticas em membros inferiores. São José dos Campos: Univap, 2007. PRAZERES, SJ. Tratamento de feridas: teoria e prática. Porto Alegre: Moriá Editora, 2009. SMELZER, S. C. & BARE, BG. Brunner e Suddarth: tratado de enfermagem médico e cirúrgico. (7a ed) 1. vol. rio de Janeiro: guanabara Koogan, 1998. SILVA, RCL et al. Feridas: fundamentos e atualizações em enfermagem. São Caetano do Sul: Yendis, 2007. Senac Taubaté 79 ROCHA, FST. Efeito da oxigenação hiperbárica e da N-acetilcisteína na viabilidade de retalhos cutâneos em ratos. Rev. Bras. Cir. Plást. 2011; 26(4): 555-60 Sites de pesquisa: www.abennacional.org.br (acesso em 16/09/2015) www.coloplastdobrasil.com.br (acesso em 16/09/2015) www.corensp.org.br (acesso em 16/09/2016) www.soben.org.br (acesso em 16/09/2015) www.sobest.org.br (acesso em 16/09/2016) www.scielo.org (acesso em 16/09/2015) www.npuap.org (acesso em 10/10/2016) Senac Taubaté 80 Assistência de enfermagem no tratamento de Feridas e curativos. _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________
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