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Potencial Elétrico I Lista de Exercícios Básicos 1. Em um local na superfície da Terra, onde o campo elétrico tem valor aproximadamente constante de �⃗� = −120 𝑉/𝑚 ĵ (ou seja, está direcionada verticalmente para baixo. Uma partícula positivamente carregada com 𝑞 = 1 𝑚𝐶, de massa 𝑚 = 20 𝑔 é liberada a partir do repouso de uma altura de ℎ = 1000 𝑚. Qual a velocidade com que o corpo atinge o solo? Desconsidere a resistência do ar. Esse problema resolveremos por conservação de energia. Para tanto, precisaremos entender qual o trabalho (W) realizado pelo campo elétrico. Por definição, o trabalho (W) é dado por: 𝑊 = ∫𝐹 . 𝑑𝑙 A força eletrostática pode ser dada em termos do campo elétrico: 𝐹 = 𝑞�⃗� 𝑊 = ∫𝑞�⃗� . 𝑑𝑙 Tanto o campo elétrico quanto a distância percorrida estão na vertical, no eixo y. Assim, por simplicidade, podemos tratá-los como escalares. Sendo a carga e o campo constantes: 𝑊 = 𝑞𝐸 ∫ 𝑑𝑙 0 ℎ 𝑊 = −𝑞𝐸ℎ Considerando que a energia do sistema se conserva, a soma das energias no instante inicial e final devem ser iguais: 𝐸𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙,𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 = 𝐸𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙,𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙 𝐾𝑖 + 𝑈𝑔,𝑖 + 𝑈𝐸,𝑖 = 𝐾𝑓 + 𝑈𝑔,𝑓 + 𝑈𝐸,𝑓 Onde 𝐾 é a energia cinética, 𝑈𝑔é a energia potencial gravitacional e 𝑈𝐸 a energia potencial elétrica. Sendo a 𝑣𝑖 = 0 e a altura final ℎ𝑓 = 0, temos 𝐾𝑖 = 1 2 𝑚𝑣𝑖 = 0 e 𝑈𝑔,𝑓 = 𝑚𝑔ℎ𝑓 = 0. Reorganizando os termos: 𝐾𝑓 = 𝑈𝑔,𝑖 + 𝑈𝐸,𝑖 − 𝑈𝐸,𝑓 Sendo 𝑊 = −𝛥𝑈 → 𝛥𝑈 = −𝑊: 𝐾𝑓 = 𝑈𝑔,𝑖 + 𝑊 1 2 𝑚𝑣𝑓 2 = 𝑚𝑔ℎ𝑖 − 𝑞𝐸ℎ𝑖 Isolando a velocidade: 𝑣𝑓 = √ 2 𝑚 ℎ(𝑚𝑔 − 𝑞𝐸) Substituindo os valores: 𝑣𝑓 = √ 2 0,02 1000 [0,02. 9,81 − 1 × 10−3 . (−120)] 𝑣𝑓 = 178 𝑚/𝑠 2. Qual é o valor do potencial elétrico no ponto P, situado no centro do quadrado de cargas pontuais? A distância é d = 1,3 m e as cargas são: q1 = 12 nC, q2 = −24 nC, q3 = 31 nC e q4 = 17 nC. Para várias cargas, o potencial total no ponto P é a soma do potencial gerado por cada carga individualmente: 𝑉 = ∑𝑉𝑖 𝑖 Lembrando que o potencial elétrico é um escalar e não um vetor, a soma pode ser feita diretamente, sem a necessidade de analisar a direção. Como as cargas são partículas pontuais: 𝑉 = 1 4𝜋𝜀0 ∑ 𝑞𝑖 𝑟𝑖 𝑖 𝑟 é a distância do ponto P à carga (não é d). A distância r (que é igual para todas as cargas) pode ser determinada por trigonometria: 𝑟 = √( 𝑑 2 ) 2 + ( 𝑑 2 ) 2 𝑟 = √2( 𝑑 2 ) 2 𝑟 = √2 𝑑 2 𝑟 = √2 1,3 2 𝑟 = 9,19 × 10−1 𝑚 Assim, como r é igual para todas as quatro cargas: 𝑉 = 1 4𝜋𝜀0𝑟 ∑𝑞𝑖 𝑖 𝑉 = 1 4𝜋𝜀0𝑟 (𝑞1 + 𝑞2 + 𝑞3 + 𝑞4) Substituindo os valores e lembrando que é preciso considerar a polaridade da carga (positivo ou negativo): 𝑉 = 1 4𝜋 8,85 × 10−12 9,19 × 10−1 (12 − 24 + 31 + 17 ) × 10−9 𝑉 = 352 𝑉 3. Na figura abaixo, os elétrons são mantidos fixos, com espaçamento uniforme, ao longo de uma circunferência de raio 𝑅: a. Tomando 𝑉 = 0 no infinito, qual o potencial elétrico no centro C da circunferência? b. Qual é o campo elétrico no centro C da circunferência? c. Se os elétrons forem deslocados ao longo da circunferência até ficarem distribuídos com espaçamento desigual em um arco de 120°, conforme ilustra a figura abaixo, qual será o potencial no ponto C? a) Todos os elétrons estão a uma mesma distância do centro. Como são cargas pontuais, cada elétron contribui com um potencial igual a: 𝑉𝑖 = 1 4𝜋𝜀0 𝑞𝑖 𝑟𝑖 Todas as cargas são elétrons, logo 𝑞𝑖 = −𝑒 e têm a mesma distância ao ponto C, 𝑟𝑖 = 𝑅 𝑉𝑖 = − 1 4𝜋𝜀0 𝑒 𝑅 Sendo 12 elétrons e novamente enfatizando que o potencial elétrico é um escalar e não um vetor: 𝑉 = 12 𝑉𝑖 𝑉 = − 12 4𝜋𝜀0 𝑒 𝑅 𝑉 = − 3 𝜋𝜀0 𝑒 𝑅 b) Lembrando mais uma vez que o potencial é uma variável escalar, a direção e o sentido não são levados em consideração. No entanto, a mesma lógica não pode ser aplicada ao campo elétrico, que é um vetor. Como o campo de cada um dos elétrons se somam vetorialmente, por causa da simetria do problema temos: �⃗� = 0 c) Como a distância entre cada elétron e o centro permanece o mesmo e a direção e o sentido não têm influência quando se trata do potencial elétrico (que é uma variável escalar), o potencial permanece o mesmo: 𝑉 = − 3 𝜋𝜀0 𝑒 𝑅 4. A figura abaixo mostra duas placas paralelas produzindo um campo elétrico uniforme �⃗� . A placa superior, positiva, tem densidade de carga igual a 𝜎+ = 7 × 10 −6 𝐶/𝑚2, enquanto a inferior, negativa, tem 𝜎− = −4 × 10 −6 𝐶/𝑚2. Determine a diferença de potencial Δ𝑉 = 𝑉𝑓 − 𝑉𝑖 entre os pontos i e f , que estão a uma distância 𝑟 = 1 × 10−4 𝑚 e cuja reta subentende um ângulo de 𝜃 = 25° com as linhas do campo elétrico, conforme ilustrada na figura abaixo. A diferença de potencial, neste caso, pode ser dada pela equação: 𝛥𝑉 = −∫�⃗� . 𝑑𝑠 O campo elétrico gerado por duas placas paralelas (supostamente infinitas), sendo uma negativa e outra positiva é dado por: �⃗� = ( 𝜎+ 2𝜀0 + 𝜎− 2𝜀0 ) (−𝑗̂) Assim: �⃗� = ( 7 × 10−6 2 . 8,85 × 10−12 + 4 × 10−6 2. 8,85 × 10−12 ) (−𝑗̂) �⃗� = −6,21 × 105 j ̂ Considerando o problema em um sistema de coordenadas cartesianas: Dessa forma: 𝑑𝑠 = 𝑑𝑟 sen𝜃 𝑖̂ − 𝑑𝑟 cos𝜃 𝑗̂ Assim, retornando na equação da diferença de potencial: 𝛥𝑉 = −∫−6,21 × 105 𝑗̂. (𝑑𝑟 𝑠𝑒𝑛 𝜃 𝑖̂ − 𝑑𝑟 𝑐𝑜𝑠 𝜃 𝑗̂) Lembrando que ĵ . î = 0 e j ̂. ĵ = 1: 𝛥𝑉 = ∫6,21 × 105(−𝑑𝑟 cos 𝜃) Uma vez que o ângulo 𝜃 é constante, a resolução da integração é trivial: 𝛥𝑉 = −6,21 × 105 cos𝜃 ∫𝑑𝑟 𝛥𝑉 = −6,21 × 105 cos𝜃 . 𝑟 Substituindo os valores: 𝛥𝑉 = −6,21 × 105 cos(25°) . 1 × 10−4 𝛥𝑉 = −56,3 𝑉 Contextuais 1. Uma partícula alfa (dois prótons e dois nêutrons) se aproxima de um átomo de ouro estacionário (79 prótons e 118 nêutrons), passando pela nuvem de elétrons e rumando diretamente para o núcleo. A partícula alfa diminui de velocidade até parar e inverte o movimento quando está a uma distância 𝑟 = 9,23 × 10−15 𝑚 do centro do núcleo de ouro (como a massa do núcleo de ouro é muito maior que da partícula alfa, podemos supor que o núcleo de ouro se mantém imóvel durante o processo). Qual era a energia cinética 𝐾 da partícula alfa quando estava a uma distância muito grande (e, portanto, do lado de fora) do átomo de ouro? Suponha que a única força entre a partícula alfa e o núcleo de ouro é a força eletrostática. Esse problema podemos resolver por conservação de energia. A energia total (cinética mais potencial) no início deve ser igual à do final: 𝐸𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙,𝑖 = 𝐸𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙,𝑓 𝐾𝑖 + 𝑈𝑖 = 𝐾𝑓 + 𝑈𝑓 Como estamos considerando uma distância muito grande, inicialmente 𝑈𝑖 = 0, e como a partícula inverte o sentido do movimento, ou seja, 𝑣 = 0, temos 𝐾𝑓 = 0. Consideramos a partícula alfa, uma carga pontual: 𝐾𝑖 = 𝑈𝑓 𝐾𝑖 = 1 4𝜋𝜀0 𝑞𝐴𝑢𝑞𝛼 𝑟 𝐾𝑖 = 1 4𝜋 8,85 × 10−12 (79 × 1,6 × 10−19)(2 × 1,6 × 10−19) 9,23 × 10−15 𝐾𝑖 = 3,94 × 10 −12𝐽 Ou, na unidade mais comumente usada com partículas atômicas (resultado em J, dividido pela carga do elétron): 𝐾𝑓 = 2,46 × 10 7 𝑒𝑉 2. Considere que a distância média entre um elétron e um próton em um átomo de hidrogênio é igual a 𝑟0 = 0,529 × 10 −10 𝑚. a. Qual é o potencial elétrico nessa distância? b. Qual é a energia potencial elétrica de um elétron e de um próton nessa separação? a) O potencial elétrico de uma carga pontual é dado por: 𝑉 = 1 4𝜋𝜀0 𝑞 𝑟 Sendo a carga do próton igual a 𝑞 = 𝑒 = 1,6 × 10−19 𝐶 e 𝑟 = 𝑟0: 𝑉 = 1 4𝜋𝜀0 𝑒 𝑟0 𝑉 = 1 4𝜋 . 8,85 × 10−12 1,6 × 10−19 0,529 × 10−10 𝑉 = 27,2 𝑉 b) Como 𝑈 = 𝑞𝑉 e sendo a carga do elétron 𝑞 = −𝑒 = −1,6 × 10−19 𝐶: 𝑈 = −1,6 × 10−19 . 27,2 𝑈 = 4,35 × 10−18 𝐽 Ou, dividindo pela carga do elétron, para dar o resultado em eletrón-volt: 𝑈 = −27,2 𝑒𝑉 3. Muito materiais nãocondutores são ionizados em campos elétricos muito intensos e tornam-se condutores. Este fenômeno, denominado ruptura dielétrica, ocorre no ar em campos elétricos com módulo superior a 𝐸𝑚á𝑥 = 3 × 10 6 𝑉/𝑚. No ar, alguns dos íons existentes são acelerados e atingem energias cinéticas elevadas antes de colidirem com as moléculas vizinhas. Se a energia cinética for alta o suficiente, a colisão pode gerar mais íons, que se multiplicarão, provocando a ruptura dielétrica. O relâmpago é um exemplo de ruptura dielétrica do ar. Suponha que um condutor esférico tenha raio de 30 cm. a. Qual é a carga máxima que a esfera suporta sem que ocorra a ruptura dielétrica? b. Qual é o potencial máximo que a esfera consegue atingir sem que ocorra a ruptura dielétrica? a) De acordo com a Lei de Gauss, a carga interna de um condutor esférico (que se comporta como uma casca esférica), é dado por: 𝑞𝑒𝑛𝑣 = 𝜀0 ∮ �⃗� �̂� 𝑑𝐴 𝑞𝑒𝑛𝑣 = 𝜀0𝐸 4𝜋𝑅 2 Considerando o campo elétrico máximo: 𝑄𝑚á𝑥 = 𝜀0𝐸𝑚á𝑥 4𝜋𝑅 2 𝑄𝑚á𝑥 = 8,85 × 10 −12 . 3 × 106 . 4𝜋. 0,32 𝑄𝑚á𝑥 = 3 × 10 −5 𝐶 b) O potencial elétrico pode ser dado por: 𝑉 = −∫ �⃗� . 𝑑𝑠 Note que consideramos 𝑉𝑖 = 0. Sendo �⃗� = 𝐸 �̂� e 𝑑𝑠 = −𝑑𝑟 �̂�, sendo o sinal negativo, considerando que a carga seja trazida do infinito. Assim: 𝑉 = ∫𝐸 𝑑𝑟 Ao longo de toda a superfície, o campo é constante: 𝑉 = 𝐸 ∫ 𝑑𝑟 𝑉 = 𝐸𝑅 𝑉𝑚á𝑥 = 3 × 10 6 . 0,3 𝑉𝑚á𝑥 = 9 × 10 5 𝑉
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