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INFECÇÕES GENITAIS E DSTS: Fluxo vaginal fisiológico: • Fluxo branco ou transparente, homogêneo e inodoro, quantidade variável • Ph ácido → entre 4 e 4,5 na menacme • A descamação do epitélio vaginal facilita a expulsão de microrganismos nocivos adesivos • Flora vaginal normal assintomática em idade reprodutiva possui cerca de 200 diferentes tipos de bactérias com um predomínio de bactérias aeróbias, principalmente lactobacilos • Possuem relação de simbiose com o hospedeiro • Alguns conferem proteção aos organismos não nativos, ao produzirem ácido lático e peróxido de hidrogênio. VULVOVAGINITES: processos infecciosos que acometem a vulva, a vagina e a ectocérvice 3 patologias principais: vaginose bacteriana, candidíase e tricomoníase. VAGINOSE BACTERIANA: • Desequilíbrio – por algum motivo as bactérias começam a se proliferar → supercrescimento de bactérias anaeróbias e redução ou ausência de lactobacilos produtores de peróxido de hidrogênio. • Etiologia: Polimicrobiana, com predomínio da Gardnerella vaginalis. • Não é uma IST. • Fatores de risco: alcalinização do meio vaginal o Sexo oral o Coito com ejaculação vaginal o Duchas o Sexo durante a menstruação o DIU o Estresse o Polimorfismos genéticos com predisposição à VB em algumas populações. • Quadro clínico: o Corrimento – branco acinzentado, com quantidade discreta à moderada, sem sinais inflamatórios, na maioria dos casos fétido, odor de peixe-podre. Forma uma fina camada de revestimento na parede vaginal. o Sintomatologia piora após menstruação e após relações sexuais. o Pode haver prurido e sinais de irritação em até 15% dos casos. • Diagnóstico – Critério de Amsel: o Corrimento fétido, branco-acinzentado, microbolhoso, não inflamatório o pH vaginal > 4,5 o Teste das aminas – positivo o Visualização de Clue Cells (células guiais / células alvo) no exame microscópio a fresco da secreção vaginal • Presença de 3 dos 4 critérios Tratamento: • Metronidazol 500mg, VO, de 12/12 horas, por 7 dias • Tinidazol 2g, VO, por 3 dias • Clindamicina 300mg, VO, 12/12hs, por 7 dias • Metronidazol na forma de gel a 0,75%, um aplicador (5g) por via intravaginal, 1 vez ao dia por 5 dias • Creme de clindamicina a 2%, um aplicador 5g, VV, 1 vez ao dia por 7 dias • Não é necessário tratar o parceiro – é apenas um desequilíbrio da flora CANDÍDIASE VULVOVAGINAL: • 75% das mulheres pelo menos uma vez na vida • IST? Hoje em dia acredita-se que não • Etiologia: Candida albicans, C. glabrata, C. tropicallis. • Fatores de risco: o Uso de antibiótico o Exposição estrogênica o Imunossupressão o Climas quentes o Obesidade o Diabetes mellitus o Uso de diafragma o Uso de DIU o Atividade sexual o Gravidez o Contato oral-vaginal o Tipos de vestuário o Hábitos de higiene • Quadro clínico: o Corrimento → branco ou branco amarelado, grumoso, em placas aderentes – aspecto de leite talhado, sem odor, quantidade discreta a moderada o Processo inflamatório exuberante, com eritema, ardor, prurido vaginal e vulvar, edema e aumento da temperatura local o Disúria terminal o PH → ácido, entre 3,5 e 4,5 • Diagnóstico: o Sinais e sintomas o Exame a fresco de conteúdo vaginal por microscopia óptica com 1 gota de KOH a 10% com visualização de hifas ou pseudohifas (albicans) ou de esporos birrefringentes (cepas não albicans) o Bacteroscopia com coloração de gram o Cultura para fungos → indicada nos casos de resistência à terapêutica ou recidivas sucessivas • Tratamento: o Medidas higienodietética o Alcalinização do meio vaginal com bicarbonato de sódio ou amido de milho, em banhos de assento. Embrocação vaginal com violeta genciana a 1% o Tratamento sistêmico: o Fluconazol 150mg, VO, dose única o Itraconazol 200mg, VO, de 12/12 horas, por 7 dias o Cetoconazol 400mg/dia, por 5 dias o Tratamento tópico: cremes vaginais de derivados imidazólicos, aplicações noturnas por 7 a 14 dias ou óvulos em dose única → miconazol a 2% 7 dias com fluconazol primeira opção • Gestante: só o triconazol. • Paciente de consultório: nitrato de miconazol, e outros óvulos. TRICOMONÍASE: • Etiologia: Trichomonas vaginallies, protozoário anaeróbio flagelado. • Transmissão sexual e vertical – IST. • Quadro clínico: • Corrimento vaginal abundante, amarelo ou amarelo esverdeado, fluido, bolhoso, fétido, com sinais inflamatórios. • Hiperemia de vulva, vagina e colo uterino – colpite macular e colo em framboesa • Eventualmente disúria, polaciúria e dispaurenia. • Sintomas mais intensos pós coito, pós menstrual, e na gestação. • PH > 4,5 • Diagnóstico: • Exame a fresco mostra muitos leucócitos, pode mostrar protozoários com flagelos. • Protozoários móveis, e o aquecimento da lâmina pode aumentar a movimentação o Cultura em meio de Diamond → pouco usado o PCR para Trichomonas → pouco usado • Tratamento: • Metranidazol 2g VO dose única ou 500mg VO de 12/12 horas, por 5 a 7 dias • Tinidazol 2g VO dose única • Parceiro sexual deve ser tratado, recebendo o mesmo esquema de tratamento sistêmico • Deve-se fazer o rastreio para outras ISTs. CERVICITES: • Inflamação da mucosa endocervical – epitélio colunar do colo uterino, de causa infecciosa – gonocócicas ou não. • Etiologia: Neisseria gonorrhaeae e Chlamydia trachomatis. • Ausência de sintomas dificulta o diagnostico e favorece complicações advindas do quadro, tais como endometrite, DIP, desfechos adversos para gestantes e recém-nascidos, incluindo ainda um maior risco de aquisição do HIV e do câncer cervical. • Fatores de risco: o Pacientes jovens – menores de 25 anos o Baixo nível socioeconômico o Múltiplos parceiros ou novos o Histórico de ISTs o Uso irregular de preservativos • Na gravidez estão associadas a complicações obstétricas: trabalho de parto prematuro, ruptura prematura de membranas, abortamento e óbito fetal. • Quadro clínico: o Maioria assintomáticas o Vaginite ou cervicite o Secreção abundante, sem odor, não irritante, branco-amarelada até esverdeada. Corrimento mucoide a purulento, dor pélvica, dispaurenia, sangramento irregular, hiperemia vaginal, colo friável. • Diagnóstico: o Teste NAAT (nucleic acid amplification test) → coletas de vagina e urina o Cultura (meio de McCoy) – específico para clamídia o Cultura da secreção endocervical meio seletivo Thayer-Martin – gonococo o Gram de secreção cervical (Swab) – sensibilidade 30% o Elisa o Imunofluorescência direta • Tratamento: o Ceftriaxona 500mg, IM, dose única + o Azitromicina 3g, VO, dose única o Cirprofloxacina → substitui o ceftriaxona o Doxiciclina → substitui a azitromicina • Tratar o parceiro • Pesquisar outras ISTs • Abstinência até a conclusão da terapia • Gravidez: o Azitromicina, 1g VO dose única ou Eritromicina 500mg, via oral, 6/6 horas, por 7 dias ou, a cada 12 horas, por 14 dias o Estearato de eritromicina 500mg, VO, de 6/6 horas, por 10 dias ou Ampicilina 3,5g, em dose única, VO, precedido de probenecide, 1g em dose única INFECÇÕES SEXUAIS: SÍFILIS: • Muito endêmica → os primeiros relatos foram feitos em 1530 por um médico poeta – Girolamo Fracastoro. • Agente etiológico: Treponema pallidum, bactéria espiralada. Descoberto em 1905. • História natural da doença: o Doença de evolução lenta, é uma infecção bacteriana sistêmica, crônica, curável e exclusiva do ser humano. o Quando não tratada, evolui para estágios de gravidade variada, podendo acometer diversos órgãos e sistemas do corpo. • Transmissão: o Principalmente pelo contato sexual, mas também vertical, o É maior nos estágios iniciais – primária e secundária – diminuindo gradualmente com o passar do tempo – sífilis latente recente/tardia o Essa maiortransmissibilidade explica-se pela riqueza de treponemas nas lesões, comuns na sífilis primária – cancro duro – e secundária – lesões muco-cutâneas o Em gestantes, a taxa de transmissão vertical de sífilis para o feto é de até 80%. • Classificação clínica da sífilis: o Recente → primária, secundária e latente recente: até 1 ano de evolução da doença o Tardia → latente tardia e terciária: mais de 1 ano de evolução. • Primária: o Após a infecção ocorre um período de incubação entre 10 e 90 dias o O primeiro sintoma é o aparecimento de uma lesão única no local de entrada da bactéria → cancro duro ou protossifiloma o Úlcera com borda bem definida e regular, base endurecida e fundo limpo, que ocorre no local de entrada da bactéria – pênis, vulva, vagina, colo uterino, ânus, boca, ou outros locais de tegumento. o A lesão primária se cura espontaneamente, num período aproximado de 2 semanas, é indolor. • Secundária: o Entre 6 semanas a 6 meses após a cicatrização do cancro, ainda que manifestações iniciais recorrentes ou subentrantes do secundarismo possam ocorrer em um período de até 1 ano. o Apresenta-se uma erupção macular eritematosa pouco visível – roséola – principalmente no tronco e raiz dos membros. o Lesões cutâneas progridem para lesões mais evidentes, papulosas, eritematoacastanhadas, que podem atingir todo o tegumento, sendo frequentes nos genitais. o Habitualmente atingem a região plantar e palmar, com um colarinho de escamação característico, em geral não pruriginosa. o Se não tratada, mais uma vez evolui. o Toda erupção cutânea sem causa determinada deve ser investigada para sífilis. • Latente: o Período sem sinal ou sintoma. Diagnóstico se faz exclusivamente pela reatividade dos testes treponemicos e não treponêmicos. o A maioria dos diagnósticos ocorre nesse estágio. • Terciária: o Ocorre aproximadamente em 15 a 25% das infecções não tratadas, após um período variável de latência, podendo surgir entre 1 e 40 anos depois do início da infecção. o Inflamação causada pela sífilis nesse estágio provoca destruição tecidual. o É comum o acometimento do sistema nervoso e cardiovascular. • Método diagnóstico de sífilis: o Exame direto de sífilis → pesquisa ou detecção de T. Pallidum, em amostras coletadas diretamente das lesões, é necessário ter lesão primária ou secundária. ▪ Exame de campo escuro: alta sensibilidade e especificidade, depende da experiencia do técnico, teste eficiente e de baixo custo para diagnóstico direto de sífilis ▪ Pesquisa direta com material corado. o Testes imunológicos de sífilis: mais utilizados na prática clínica. Pesquisa de anticorpos em amostras de sangue total, soro ou plasma. o Testes treponêmicos: detectam anticorpos específicos produzidos contra os antíngeos de T. Pallidum. São os primeiros a se tornarem reagentes, podendo ser utilizados como primeiro teste ou teste complementar: ▪ Teste rápido – TR ▪ Testes de hemaglutinação ▪ Teste de imunofluorescência indireta – FTA-Abs ▪ Ensaios imunoenzimáticos – ELISA ▪ Testes não treponêmicos: detectam anticorpos anticardiolipina não específicos do T. pallidum ▪ São utilizados para o diagnostico como primeiro teste ou teste complementar e para o monitoramento da resposta ao tratamento e controle de cura ▪ Quantificáveis ▪ Observação: anticorpos anticardiolipinas podem estar presentes em outras doenças. o Diagnóstico de Sífilis: ▪ Exige uma correlação entre dados clínicos, resultados de testes laboratoriais, histórico de infecções passadas e investigação de exposição recente. ▪ Nas fases sintomáticas, é possível a realização de exames diretos, quanto os testes imunológicos podem ser utilizados tanto na fase sintomática quanto na fase de latência. ▪ Considerando a epidemia de sífilis no Brasil e a sensibilidade dos fluxos de diagnóstico, recomenda-se iniciar a investigação pelo teste treponêmico, que é o primeiro teste de fator reagente. Teste treponêmico reagente + teste não treponêmico reagente → diagnóstico de sífilis. ▪ Cicatriz sorológica: tratamento anterior documentado com queda da titulação em pelo menos duas diluições. ▪ Conduta: quando sífilis, tratar e realizar monitoramento com teste não treponema e notificar. ▪ Quando confirmado caso de cicatriz sorológica, apenas orientar. Teste treponêmico reagente + teste não treponêmico não reagente: • Realizar um terceiro teste treponêmico com metodologia diferente do primeiro. o Se reagente → diagnóstico de sífilis o Se não reagente → falso reagente, exclui o diagnóstico de sífilis o Se não tiver terceiro teste, avaliar a exposição de risco, sinais e sintomas e histórico de tratamento para definição de conduta. Teste treponêmico não reagente + teste não treponêmico não reagente: • Não realizar teste complementar se o primeiro teste for não reagente e não houver suspeita clínica de sífilis primária. • Ausência de infecção ou período de incubação – janela imunológica de sífilis recente • Em caso de suspeita clínica e/ou epidemiológica, solicitar nova coleta de amostra em 30 dias Tratamento de sífilis: • Devido ao cenário epidemiológico atual, recomenda-se o tratamento imediato, com Benzilpenicilina, após apenas um teste reagente para sífilis – teste treponemico ou não treponemico para as seguintes situações (independentemente da presença de sinais e sintomas de sífilis): o Gestantes o Vítimas de violência sexual o Pessoas com chance de perda de seguimento – que não retornarão ao serviço o Pessoas com sinais/sintomas de sífilis primária ou secundária o Pessoas sem diagnóstico prévio de sífilis • Tratamento com um teste só reagente, não exclui a necessidade de realizar outros testes – melhor análise diagnostico, do monitoramento laboratorial – controle de cura, e do tratamento dos parceiros sexuais – interrupção da cadeia de transmissão. Sífilis recente: sífilis primária, secundária e latente recente – com até 1 ano de evolução: • Benzilpenicilina – benzatina, 2,4mi, IM, dose única, uma ampola em cada nádega • Alternativa: doxiciclina 100mg, 12/12h, VO, por 15 dias • Gestante: 3 doses • Seguimento: teste não treponêmico trimestral – o controle deve ser mensal Sífilis tardia: sífilis latente tardia – com mais de 1 ano de evolução – ou latente com duração ignorada e sífilis terciária: • Benzilpenicilina – mesmo da outra, mas por 3 semanas • Doxiclina – aumentar para 30 dias • Seguimento: o mesmo. A Benzilpenicilina benzatina é a única opção segura e eficaz para o tratamento adequado das gestantes. Qualquer outro tratamento realizado durante a gestação, o RN será notificado como sífilis congênita e submetido a avaliação clínica e laboratorial. Monitoramento pós-tratamento de sífilis: • Fundamental para classificar a resposta ao tratamento, identificar possível reinfecção e definir a conduta correta para cada caso. Didaticamente, a resposta ao tratamento foi classificada em: o Resposta imunológica adequada o Critérios de retratamento: reativação e/ou reinfecção Verificação de resposta adequada: utiliza-se o teste não treponêmico não reagente ou uma queda na titulação em duas diluições em até 6 meses para sífilis recente e queda na titulação em duas diluições em até 12 meses para a sífilis tardia. Considerações finais: coletar o VDRE sempre que possível no início do tratamento. Precisa-se documentar a titulação no início do tratamento pois será a base para o monitoramento de tudo. Cicatriz sorológica é a persistência de resultados reagentes em testes não treponêmicos após o tratamento adequado e com queda prévia da titulação em pelo menos duas diluições, quando descartada nova exposição de risco durante o período analisado. Não caracteriza falha terapêutica.Critérios de retratamento de sífilis: reativação e reinfecção: • Aumento da titulação, persistência ou recorrência de sinais e sintomas clínicos, ausência de redução de reinfecção. • Deve-se abordar o histórico – houve nova reinfecção, novo parceiro, nova exposição, etc HERPES GENITAL: HSV-1 e HSV-2: lesões ulcerosas em qualquer parte do corpo, com predomínio do tipo 2 em lesões genitais e do tipo 1 nas periorais. • Sintomáticos • Período de incubação: média de seis dias • Caracterizada pelo surgimento de lesões eritemato-papulosas de um a três milímetros de diâmetro, que rapidamente evoluem para vesículas sobre a base eritematosa, muito dolorosa e de localização variável na região genital. O conteúdo dessas vesículas é geralmente citrino, raramente turvo. • Pode ser acompanhado de manifestações gerais. • Linfadenomegalia inguinal doloroso bilateral está presente em 50% dos casos. • Após infecção genital, a HSV ascende pelos nervos periféricos sensoriais e penetra nos núcleos das células dos gânglios sensitivos e entra em um estado de latência. • Após infecção genital primária por HSV2 ou HSV1, respectivamente, 90% e 60% dos pacientes desenvolvem novos episódios nos primeiros 12 meses, por reativação viral. Isso se deve a quadros infecciosos, exposição a radiação ultravioleta, traumatismos locais, menstruação, estresse físico ou emocional, antibioticoterapia prolongada ou imunodeficiência. • Quadro clínico das recorrências pode ser precedido de sintomas prodrômicos característicos, como prurido leve ou sensação de queimação, mialgias e fisgadas nas pernas, quadris e região ano genital. • Vesículas agrupadas de base eritematosa que evoluem para pequenas úlceras arredondadas ou policíclicas. Lesões tem regressão espontânea em sete a dez dias, com ou sem cicatriz. • A tendencia natural dos surtos é se tornarem menos intensos e menos frequentes com o passar do tempo. Diagnóstico: é clínico (bolhas → úlceras) Tratamento: Primo-infecção: aciclovir 200mg, 2 comprimidos, VO, 3x/dia, por 7-10 dias OU aciclovir 1 comprimido 5x/dia por 7-10 dias. • Iniciar o tratamento o quanto antes • Pode ser prolongado se a cicatrização estiver incompleta após 10 dias de terapia Recidiva: aciclovir 200mg 2 comprimidos, VO, 3x/dia por 5 dias. Gestantes: tratar o primeiro episódio em qualquer trimestre da gestação, conforme o tratamento para primeiro episódio. • Tratamento com antivirais é eficaz para redução da intensidade e duração dos episódios, quando realizado precocemente. • Tratamento local → compressas de solução fisiológica para higienização das lesões • Analgésicos orais podem ser utilizados se necessários • Retorno em 1 semana para reavaliar lesões • Não há associação entre herpes genital simples e câncer Tratar sempre o parceiro. CANCROIDE: cancro mole, cancro venéreo, ou cancro de Ducrey ou cavalo. • Etiologia: bactéria Haemophilus ducreyi. • Período de incubação: 3 a 5 dias, podendo ser até 2 semanas. • Risco de infecção de 80% durante ato sexual • Infecção por múltiplas microabrasões epidérmicas durante o coito. • Lesões DOLOROSAS, múltiplas devido a autoinoculação. Borda irregular, contornos eritemato-edematosos e fundo heterogêneo, recoberto por exsudato necrótico, amarelado e com odor fétido, que quando removido revela tecido de granulação com sangramento fácil. • Geralmente se localizam na fúrcula e face interna dos pequenos e grandes lábios. • 30% a 50% dos pacientes, a bactéria atinge os linfonodos inguinocrurais – bubão. • No início, ocorre tumefação sólida e dolorosa, evoluindo para liquefação e fistulização em 50% dos casos, tipicamente por orifício único. • Deve fazer o diagnóstico diferencial com sífilis, donovanose e linfagranuloma. • Diagnóstico: nenhum método de identificação possui uma sensibilidade adequada. • Exame físico: achado de úlcera dolorosa com adenopatia inguinal dolorosa é bastante sugestiva e quando evolui para supuração. • Microscopia de material corado pela técnica de coloração de Gram: visualização de bacilos Gram-negativos típicos, de tamanho pequeno, agrupados em correntes dos tipos “cardume de peixes”, “vias férreas”, ou “impressões digitais” em material coletado das úlceras digitais. • Coleta do material biológico: coleta do exsudato seroso da base da lesão, livre de eritrócitos, outros organismos e restos de tecido. • Diagnóstico presuntivo: CDC o Presença de uma ou mais lesões ulceradas o Ausência de evidência do T. pallidum em exame de campo escuro ou teste sorológico – realizar após 7 dias de surgimento da lesão o Aspecto da úlcera e da linfadenopatia regional características de cancroide o Teste negativo – PCR, cultura – para herpes-vírus na lesão ulcerada • Tratamento: o Azitromicina 500mg, 2 comprimidos, VO e dose única o Alternativa: ceftriaxona, 250mg, IM, dose única OU ciprofloxacina 500mg, 1 comprimido, VO, 2x/dia, por 3 dias • Tratamento sistêmica → medidas locais de higiene • Tratar parceiros mesmo quando assintomático LINFOGRANULOMA VENÉREO – LGV: mula, doença de Nicolas-Favre-Durand, bubão climático, linfogranuloma inguinal • Etiologia: Chlamydia trochamatis, sorotipos L1, L2 e L3 • Manifestação clínica: linfadenopatia inguinal eou femoral, já que esses sorotipos são altamente invasivos aos tecidos linfáticos • Período de incubação é de 3-21 dias • Doença infecciosa sistêmica e crônica cujos principais efeitos resultam em dano ao sistema linfático de drenagem da infecção. Evolução em 3 fases: • Fase de inoculação → pápula, pústula ou ulceração indolor, desaparece sem sequela. Passa despercebida. Localiza-se na parede vaginal posterior, colo uterino, fúrcula e outras partes da genitália externa. • Fase de disseminação linfática regional → na mulher, a adenopatia depende do local de inoculação. A adenite pode evoluir em nódulos inguinais superficiais dolorosos ou bubões, que frequentemente rompem a pele com exsudação de descarga purulenta. A supuração e fistulização por orifícios múltiplos – bico de regador – é característico. • Fase de sequelas → obstrução linfática crônica é responsável pelo edema da genitália externa. Lesão na região anal pode levar a procite e protocolite hemorrágica. Contato orogenital pode causar glossite ulcerativa difusa, com linfodenopatia regional. • Sintomas gerais: febre, mal-estar, anorexia, emagrecimento, artralgia, sudorese noturna e meningismo. Os bubões que se tornarem flutuantes podem ser aspirados com agulha calibrosa, não devendo ser incisados cirurgicamente. • Mulheres com prática de coito anal e HSH podem apresentar proctocolites como manifestação inicial. O uso de preservativos ou outros métodos de barreira para sexo oral, vaginal e anal previnem a infecção C. trachomatis. • Acessórios sexuais devem ser limpos antes da sua utilização, sendo necessariamente de uso individual • Diagnóstico de LGV → considerar em adenite inguinal, elefantíase genital, estenose uretral ou retal. • Metodo elisa – demora 4 semanas pra gerar anticorpos • PCR • Exame histopatológico → material de secreções ou tecidos infectados não é específico, mas sugestivo • Cultura: meio McCoy ou de Hela 229 → demorado, o isolamento da clamídia é feito a partir do aspirado do linfonodo e de material obtido da uretra e da endocérvice. • Obs: na prática clínica, o diagnóstico é feito após exclusão de sífilis e cancroide. Tratamento: • Doxaciclina 100mg, VO, 1 comprimido, 2x/dia por 21 dias Alternativa: azitromicina 500mg, 2 comprimidos, VO, 1x/semana, por 21 dias – preferencial nas gestantes DONOVANOSE: granuloma inguinal granuloma tropical, úlcera serpiginosa, granuloma contagioso e granuloma esclerosante. Etiologia: Klebsiella granulomatis Baixocontágio, crônica e progressiva Especulação → transmissão não só sexual, mas também via fecal ou autoinoculação Período de incubação → 30 dias a 6 meses Quadro clínico → ulceração de borda plana ou hipertrófica, bem delimitado, fundo granuloso, aspecto vermelho vivo e de sangramento fácil. • Evolução lenta e progressivamente, pode se tornar vegetante ou ulcerovegetante. • As lesões podem ser múltiplas, sendo frequente a configuração em “espelho” nas bordas cutâneas e/ou mucosas. Diagnóstico: identificação dos corpúsculos de Donovan em esfregaço, com coloração de Wright, Giemsa ou Leishman ou histopatológico. Na dúvida, faz biópsia. Tratamento: • Azirtromicina, mesmo tratamento que o LGV em gestantes. Devido a baixa infecção, não precisa tratar gestante.
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