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MANUAL DO CURSO DE LICENCIATURA EM CONTABILIDADE E AUDITORIA 2º Ano Disciplina: MICROECONOMIA Código: ISCED21-ECOCFE008 Total Horas/1o Semestre: 125 Créditos (SNATCA): 5 Número de Temas: 09 INSTITUTO SUPER INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA - ISCED ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA; 20 Ano Disciplina/Módulo:Microeconomia i Direitos de autor (copyright) Este manual é propriedade do Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED), e contêm reservados todos os direitos. É proibida a duplicação ou reprodução parcial ou total deste manual, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (electrónicos, mecânico, gravação, fotocópia ou outros), sem permissão expressa de entidade editora (Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED). A não observância do acima estipuladoo infractor é passível a aplicação de processos judiciais em vigor no País. Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED) Direcção Académica Rua Dr. Almeida Lacerda, No 212 Ponta - Gêa Beira - Moçambique Telefone: +258 23 323501 Cel: +258 82 3055839 Fax: 23323501 ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA; 20 Ano Disciplina/Módulo:Microeconomia ii E-mail:isced@isced.ac.mz Website:www.isced.ac.mz Agradecimentos O Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED) e o autor do presente manual agradecem a colaboração dos seguintes indivíduos e instituições na elaboração deste manual: Pela Coordenação Pelo design Direcção Académica do ISCED Direcção de Qualidade e Avaliação do ISCED Financiamento e Logística Pela Revisão Instituto Africano de Promoção da Educação a Distancia (IAPED) Victor Nuvunga, Licenciado em Economia e Gestão pela Universidade Católica de Moçambique. Pós Graduado em Ensino a Distância e eLearning pela UCP. Elaborado Por: Monteiro José Monteiro, Economista ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA; 20 Ano Disciplina/Módulo:Microeconomia iii Visão geral 1 Benvindo à Disciplina/Módulo de Microeconomia .......................................................... 1 Objectivos do Módulo....................................................................................................... 1 Quem deveria estudar este módulo ................................................................................. 1 Como está estruturado este módulo ................................................................................ 2 Ícones de actividade ......................................................................................................... 3 Habilidades de estudo ...................................................................................................... 3 Precisa de apoio? .............................................................................................................. 5 Tarefas (avaliação e auto-avaliação) ................................................................................ 6 Avaliação ........................................................................................................................... 7 TEMA – I: A MICROECONOMIA. 9 UNIDADE Temática 1.1. Considerações Gerais à Disciplina e seu objecto. ...................... 9 Introdução: ....................................................................................................................... 9 Sumário ........................................................................................................................... 13 Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO ..................................................................................... 14 Exercícios de AVALIAÇÃO ................................................................................................ 15 TEMA – II: O MODELO DA PROCURA E OFERTA. 15 UNIDADE Temática 2.1.Introdução, Oferta e Demanda................................................. 15 Introdução: ..................................................................................................................... 15 Sumário ........................................................................................................................... 25 Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO ..................................................................................... 25 Exercícios de AVALIAÇÃO ................................................................................................ 29 TEMA – III: TEORIA DO CONSUMIDOR. 29 UNIDADE Temática 3.1.Introdução, Comportamento do Consumidor .......................... 29 Introdução: ..................................................................................................................... 29 Sumário ........................................................................................................................... 38 Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO ..................................................................................... 38 Exercícios de AVALIAÇÃO ................................................................................................ 44 ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA; 20 Ano Disciplina/Módulo:Microeconomia iv TEMA-IV: ESTRUTURA DE MERCADO 44 UNIDADE Temática 4.1. Introdução a Mercados ............................................................ 44 Introdução: ..................................................................................................................... 44 Sumário.................................................................................................................. 47 Exercício de Autoavaliação .................................................................................... 47 Exercício de Avaliação ........................................................................................... 47 TEMA – V: PRODUÇÃO 51 UNIDADE Temática 5.1. Introdução a Produção ............................................................ 51 Introdução: ..................................................................................................................... 51 Sumário ........................................................................................................................... 57 Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO ..................................................................................... 57 Exercícios de AVALIAÇÃO ................................................................................................ 64 UNIDADE Temática 5.2. Custos de Produção ................................................................. 64 Introdução: ..................................................................................................................... 64 Sumário ........................................................................................................................... 70 Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO ..................................................................................... 71 Exercícios de AVALIAÇÃO ................................................................................................ 86 TEMA – VI: MAXIMIZAÇÃO DE LUCROS E OFERTA COMPETITIVA 92 UNIDADE Temática 7.1.Introdução, Maximização de Lucros e Oferta Competitiva ...... 92 Introdução: ..................................................................................................................... 92 TEMA – VII: MERCADO PARA FACTORES DE PRODUÇÃO 108 UNIDADE Temática 8.1.Introdução, Mercado para Factores de Produção. ................ 108 Introdução: ...................................................................................................................108 Sumário ......................................................................................................................... 113 TEMA – VIII: EXTRENALIDADES E BENS PÚBLICOS 113 UNIDADE Temática 9.1.Introdução, Extrenalidades e Bens Públicos. .......................... 113 Introdução: ................................................................................................................... 113 Sumário ......................................................................................................................... 121 Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO ................................................................................... 121 ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA; 20 Ano Disciplina/Módulo:Microeconomia v Exercícios de AVALIAÇÃO .............................................................................................. 137 Referências Bibliograficas ............................................................................................. 140 Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO ................................................................................... 141 Exercícios de AVALIAÇÃO .............................................................................................. 149 ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA; 20 Ano Disciplina/Módulo:Microeconomia 1 Visão geral Benvindo à Disciplina/Módulo de Microeconomia Objectivos do Módulo Ao terminar o estudo deste módulo de Microeconomia deverá ser capaz de: Apresentar a estrutura básica dos mercados, destacando seus objectivos, Interpretar o papel das unidades económicas básicas no funcionamento do sistema económico; dominar os conceitos fundamentais da economia; resolver os problemas económicos mais gerais e específicos; e apresentar argumentos económicos de forma clara e lógica. Entender os conceitos básicos sobre a oferta e procura de bens e serviços; Conhecer as forças económicas que explicam as razões da alteração dos preços dos bens e serviços; Quem deveria estudar este módulo Este Módulo foi concebido para estudantes do 2º ano do curso de licenciatura em Contabilidade e Auditoria do ISCED e outros como Gestão de Recursos Humanos, Administração, etc. Poderá ocorrer, contudo, que haja leitores que queiram se actualizar e consolidar seus conhecimentos nessa disciplina, esses serão bem-vindos, não sendo necessário para tal se inscrever. Mas poderá adquirir o manual. Objectivos Específicos Perceber a diferença entre a análise positiva da análise normativa; ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA; 20 Ano Disciplina/Módulo:Microeconomia 2 Como está estruturado este módulo Este módulo de Microeconomia, para estudantes do 2º ano do curso de licenciatura em Contabilidade e Auditoria, à semelhança dos restantes do ISCED, está estruturado como se segue: Páginas introdutórias Um índice completo. Uma visão geral detalhada dos conteúdos do módulo, resumindo os aspectos-chave que você precisa conhecer para melhor estudar. Recomendamos vivamente que leia esta secção com atenção antes de começar o seu estudo, como componente de habilidades de estudos. Conteúdo desta Disciplina / módulo Este módulo está estruturado em Temas. Cada tema, por sua vez comporta certo número de unidades temáticas ou simplesmente unidades. Cada unidade temática se caracteriza por conter uma introdução, objectivos, conteúdos. No final de cada unidade temática ou do próprio tema, são incorporados antes o sumário, exercícios de auto-avaliação, só depois é que aparecem os exercícios de avaliação. Os exercícios de avaliação têm as seguintes características: Puros exercícios teóricos/Práticos, Problemas não resolvidos e actividades práticas,incluído alguns estudos de caso. Outros recursos A equipa dos académicos e pedagogos do ISCED, pensando em si, num cantinho, recôndito deste nosso vasto Moçambique e cheio de dúvidas e limitações no seu processo de aprendizagem, apresenta uma lista de recursos didácticos adicionais ao seu módulo para você explorar. Para tal o ISCED disponibiliza na biblioteca do seu centro de recursos mais material de estudos relacionado com o seu curso como: Livros e/ou módulos,CD, CD-ROOM, DVD. Para além deste material físico ou electrónico disponível na biblioteca, pode ter acesso a Plataforma digital moodle para alargar mais ainda as possibilidades dos seus estudos. ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA; 20 Ano Disciplina/Módulo:Microeconomia 3 Auto-avaliação e Tarefas de avaliação Tarefas de auto-avaliação para este módulo encontram-seno final de cada unidade temática e de cada tema. As tarefas dos exercícios de auto-avaliação apresentam duas características: primeiro apresentam exercícios resolvidos com detalhes. Segundo, exercícios que mostram apenas respostas. Tarefas de avaliação devem ser semelhantes às de auto-avaliação mas sem mostrar os passos e devem obedecer o grau crescente de dificuldades do processo de aprendizagem, umas a seguir a outras. Parte das tarefas de avaliação será objecto dos trabalhos de campo a serem entregues aos tutores/docentes para efeitos de correcção e subsequentemente nota. Também constará do exame do fim do módulo. Pelo que, caro estudante, fazer todos os exercícios de avaliação é uma grande vantagem. Comentários e sugestões Use este espaço para dar sugestões valiosas, sobre determinados aspectos, quer de natureza científica, quer de natureza didácticoPedagógica, etc., sobre como deveriam ser ou estar apresentadas. Pode ser que graças as suas observações que, em gozo de confiança, classificamo-las de úteis e o próximo módulo venha a ser melhorado, caso necessário. Ícones de actividade Ao longo deste manual irá encontrar uma série de ícones nas margens das folhas. Estes ícones servem para identificar diferentes partes do processo de aprendizagem. Podem indicar uma parcela específica de texto, uma nova actividade ou tarefa, uma mudança de actividade, etc. Habilidades de estudo O principal objectivo deste campo é o de ensinar aprender a aprender. Aprender aprende-se. ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA; 20 Ano Disciplina/Módulo:Microeconomia 4 Durante a formação e desenvolvimento de competências, para facilitar a aprendizagem e alcançar melhores resultados, implicará empenho, dedicação e disciplina no estudo. Isto é, os bons resultados apenas se conseguem com estratégias eficientes e eficazes. Por isso é importante saber como, onde e quando estudar. Apresentamos algumas sugestões com as quais esperamos que caro estudante possa rentabilizar o tempo dedicado aos estudos, procedendo como se segue: 1º Praticar a leitura. Aprender a Distância exige alto domínio de leitura. 2º Fazer leitura diagonal aos conteúdos (leitura corrida). 3º Voltar a fazer leitura, desta vez para a compreensão e assimilação crítica dos conteúdos (ESTUDAR). 4º Fazer seminário (debate em grupos), para comprovar se a sua aprendizagem confere ou não com a dos colegas e com o padrão. 5º Fazer TC (Trabalho de Campo), algumas actividades práticas ou as de estudo de caso, se existirem. IMPORTANTE: Em observância ao triângulo modo-espaço-tempo, respectivamentecomo, onde e quando estudar, como foi referido no início deste item, antes de organizar os seus momentos de estudo reflicta sobre o ambiente de estudo que seria ideal para si: Estudo melhor em casa/biblioteca/café/outro lugar? Estudo melhor à noite/de manhã/de tarde/fins-de-semana/ao longo da semana? Estudo melhor com música/num sítio sossegado/num sítio barulhento!? Precisode intervalo em cada 30 minutos, em cada hora, etc. É impossível estudar numa noite tudo o que devia ter sido estudado durante um determinado período de tempo; Deve estudar cada ponto da matéria em profundidade e passar só ao seguinte quando achar que já domina bem o anterior. Privilegia-se saber bem (com profundidade) o pouco que puder ler e estudar, que saber tudo superficialmente! Mas a melhor opção é juntar o útil ao agradável: Saber com profundidade todos conteúdos de cada tema, no módulo. ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA; 20 Ano Disciplina/Módulo:Microeconomia 5 Dica importante: não recomendamos estudar seguidamente por tempo superior a uma hora. Estudar por tempo de uma hora intercalado por 10 (dez) a 15 (quinze) minutos de descanso (chamase descanso à mudança de actividades). Ou seja que durante o intervalo não se continuar a tratar dos mesmos assuntos das actividades obrigatórias. Uma longa exposição aos estudos ou ao trabalho intelectual obrigatório, pode conduzir ao efeito contrário: baixar o rendimento da aprendizagem. Por que o estudante acumula um elevado volume de trabalho, em termos de estudos, em pouco tempo, criando interferência entre os conhecimentos, perde sequência lógica, por fim ao perceber que estuda tanto mas não aprende, cai em insegurança, depressão e desespero, por se achar injustamente incapaz! Não estude na última da hora; quando se trate de fazer alguma avaliação. Aprenda a ser estudante de facto (aquele que estuda sistematicamente), não estudar apenas para responder a questões de alguma avaliação, mas sim estude para a vida, sobre tudo, estude pensando na sua utilidade como futuro profissional, na área em que está a se formar. Organize na sua agenda um horário onde define a que horas e que matérias deve estudar durante a semana; Face ao tempo livre que resta, deve decidir como o utilizar produtivamente, decidindo quanto tempo será dedicado ao estudo e a outras actividades. É importante identificar as ideias principais de um texto, pois será uma necessidade para o estudo das diversas matérias que compõem o curso: A colocação de notas nas margens pode ajudar a estruturar a matéria de modo que seja mais fácil identificar as partes que está a estudar e Pode escrever conclusões, exemplos, vantagens, definições, datas, nomes, pode também utilizar a margem para colocar comentários seus relacionados com o que está a ler; a melhor altura para sublinhar é imediatamente a seguir à compreensão do texto e não depois de uma primeira leitura; Utilizar o dicionário sempre que surja um conceito cujo significado não conhece ou não lhe é familiar; ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA; 20 Ano Disciplina/Módulo:Microeconomia 6 Precisa de apoio? Caro estudante, temos a certeza que por uma ou por outra razão, o material de estudos impresso, lhe pode suscitar algumas dúvidas como falta de clareza, alguns erros de concordância, prováveis erros ortográficos, falta de clareza, fraca visibilidade, páginas trocadas ou invertidas,etc.). Nestes casos, contacte os serviços de atendimento e apoio ao estudante do seu Centro de Recursos (CR), via telefone, sms, E-mail, se tiver tempo, escreva mesmo uma carta participando a preocupação. Uma das atribuições dos Gestores dos CR e seus assistentes (Pedagógico e Administrativo), é a de monitorar e garantir a sua aprendizagem com qualidade e sucesso. Dai a relevância da comunicação no Ensino a Distância (EAD), onde o recurso as TIC se torna incontornável: entre estudantes, estudante – Tutor, estudante – CR, etc. As sessões presenciais são um momento em que você caro estudante, tem a oportunidade de interagir fisicamente com staff do seu CR, com tutores ou com parte da equipa central do ISCED indigitada para acompanhar as sua sessões presenciais. Neste período pode apresentar dúvidas, tratar assuntos de natureza pedagógica e/ou administrativas. O estudo em grupo, que está estimado para ocupar cerca de 30% do tempo de estudos a distância, é de extrema importância, na medida em que permite-lhe situar, em termos do grau de aprendizagem com relação aos outros colegas. Desta maneira ficara a saber se precisa de apoio ou precisa de apoiar aos colegas. Desenvolver hábito de debater assuntos relacionados com os conteúdos programáticos, constantes nos diferentes temas e unidade temática, no módulo. Tarefas (avaliação e auto-avaliação) O estudante deve realizar todas as tarefas (exercícios, actividades e auto avaliação), contudo nem todas deverão ser entregues, mas é importante que sejam realizadas. As tarefas devem ser entregues duas semanas antes das sessões presenciais seguintes. ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA; 20 Ano Disciplina/Módulo:Microeconomia 7 Para cada tarefa serão estabelecidos prazos de entrega, e o não cumprimento dos prazos de entrega, implica a não classificação do estudante. Tenha sempre presente que a nota dos trabalhos de campo conta e é decisiva para ser admitido ao exame final da disciplina/módulo. Os trabalhos devem ser entregues ao Centro de Recursos (CR) e os mesmos devem ser dirigidos ao tutor/docente. Podem ser utilizadas diferentes fontes e materiais de pesquisa, contudo os mesmos devem ser devidamente referenciados, respeitando os direitos do autor. O plágio1 é uma violação do direito intelectual do(s) autor(es). Uma transcrição à letra de mais de 8 (oito) palavras do testo de um autor, sem o citar é considerada plágio. A honestidade, humildade científica e o respeito pelos direitos autoriais devem caracterizar a realização dos trabalhos e seu autor (estudante do ISCED). Avaliação Muitos perguntam: Como é possível avaliar estudantes à distância, estando eles fisicamente separados e muito distantes do docente/tutor!? Nós dissemos: Sim é muito possível, talvez seja uma avaliação mais fiável e consistente. Você será avaliado durante os estudos à distância que contam com um mínimo de 90% do total de tempo que precisa de estudar os conteúdos do seu módulo. Quando o tempo de contacto presencial conta com um máximo de 10% do total de tempo do módulo. A avaliação do estudante consta detalhada do regulamento de avaliação. Os trabalhos de campo por si realizados, durante estudos e aprendizagem no campo, pesam 25% e servem para a nota de frequência para ir aos exames. Os exames são realizados no final da cadeira da disciplina ou modulo e decorrem durante as sessões presenciais. Os exames pesam no 1 Plágio - copiar ou assinar parcial ou totalmente uma obra literária, propriedade intelectual de outras pessoas, sem prévia autorização. ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA; 20 Ano Disciplina/Módulo:Microeconomia 8 mínimo 75%, o que adicionado aos 25% da média de frequência, determinam a nota final com a qual o estudante conclui a cadeira. A nota de 10 (dez) valores é a nota mínima de conclusão da cadeira. Nesta cadeira o estudante deverá realizar pelo menos 2 (dois) trabalhos e 1 (um) (exame). Algumas actividades práticas, relatórios e reflexões serão utilizados como ferramentas de avaliação formativa. Durante a realização das avaliações, os estudantes devem ter em consideração a apresentação, a coerência textual, o grau de cientificidade, a forma de conclusão dos assuntos, as recomendações, a identificação das referências bibliográficas utilizadas, o respeito pelos direitos do autor, entre outros. Os objectivos e critérios de avaliação constam do Regulamento de Avaliação. ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA; 20 Ano Disciplina/Módulo:Microeconomia 9TEMA – I: A MICROECONOMIA. UNIDADE Temática 1.1. Introdução a Economia, Considerações Gerais à Disciplina e seu objecto. UNIDADE Temática 1.2. EXERCÍCIOS deste tema UNIDADE Temática 1.1. Considerações Gerais à Disciplina e seu objecto. Introdução: O objectivo dos dois primeiros capítulos é apresentar e familiarizar os estudantes com os conceitos de microeconomia: o Capítulo 1 trata do tema geral da economia, enquanto que o Capítulo 2 desenvolve a análise de oferta e demanda. O uso de exemplos no Capítulo 1 propicia aos alunos uma maior compreensão de conceitos econômicos abstratos. A Questão para Revisão (2) ilustra a diferença entre análise positiva e normativa e pode incentivar discussões bastante produtivas em estudo colectivo. Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de: Entender: os conceitos básicos sobre a oferta e procura de bens e serviços; Perceber: a diferença entre a análise positiva da análise normativa; Objectivos Conhecer: as forças económicas que explicam as razões da alteração dos Específicos preços dos bens e serviços; A Economia subdivide-se em dois grandes ramos, a microeconomia e a macroeconomia. Na Macroeconomia, se considera a evolução dos chamados grandes agregados econômicos – PIB, inflação, desemprego, exportações etc. Por outro lado, a microeconomia lida com o comportamento e decisões de pequenas unidades produtivas, das pessoas e famílias, definido de forma restrita como sendo a otimização das escolhas, feita por cada indivíduo, para alcançar seus objetivos, supostamente muito claros e indubitáveis para cada um. A palavra Microeconomia trata das escolhas dos indivíduos quanto à afectação dos recursos escassos que têm disponíveis, a afectação das coisas. ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA; 20 Ano Disciplina/Módulo:Microeconomia 10 Assim, estuda os fundamentos das escolhas económicas de cada indivíduo e a sua evolução com a alteração dos preços das coisas. Além de considerar os indivíduos, a Microeconomia pode ainda considerar um certo nível de agregação. No entanto a agregação é sempre de coisas idênticas (homogéneas). Por exemplo, pode considerar em conjunto os consumidores de laranjas e em conjunto os vendedores de laranjas, sendo que, apesar de haver muitas variedades de laranjas, para um certo grau de abstracção são todas idênticas. Oposto à Microeconomia que se debruça sobre as escolhas individuais, existe a Macroeconomia que estuda realidades agregadas ao nível dos países. A “Economia Industrial” que estuda realidades ao nível da “indústria” (que genericamente são conjuntos de empresas que usam tecnologias idênticas e/ou produzem bens idênticos) é a disciplina intermédia entre estas duas. A Microeconomia, por questões de sistematização, está dividida em diversas “especialidades”. Ciência normativa versus positiva Quando o Homem procura conhecimento tem sempre dois objectivos em mente: ou quer satisfazer a sua curiosidade (perspectiva positiva) ou quer melhorar a sua situação e o meio que o rodeia (perspectiva normativa). Na perspectiva positiva (positivismo), como o Homem procura o conhecimento apenas para satisfazer a sua curiosidade, não questiona se a coisa conhecida é boa ou má. Por exemplo, na procura dos constituintes da matéria, o “facto” de todos os materiais serem formados por moléculas que resultam da combinação de átomos elementares, não é bem nem é mal, nem interessa ser alterado no sentido de haver um melhoramento. Na perspectiva normativa (prática), como o Homem procura o conhecimento para melhorar a sua situação e o meio que o rodeia, tem que fazer um juízo de valor quanto ao que é melhor e o que é pior e em que sentido será o melhoramento. Por exemplo, o mesmo conhecimento da “lei” de que todos os materiais são formados por moléculas permite projectar alterações da estrutura molecular que melhorarem as ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA; 20 Ano Disciplina/Módulo:Microeconomia 11 características dos materiais, tornando-os mais duráveis, mais baratos, mais úteis, mais leves, menos nocivos para o meio ambiente, etc. A dificuldade da perspectiva positiva do conhecimento é que, ao não haver objectivos práticos, é difícil justificar em termos económicos o seu financiamento. Por exemplo, é conhecida de todos a discussão em torno da necessidade do Estado subsidiar o Custo dos Combustíveis, da farinha de trigo, a Cultura, a Educação, etc. A dificuldade da perspectiva normativa é que não existe uma classificação absoluta do que é bom e do que é mau, não sendo possível, sem erro, dizer em que sentido é melhorar. Por exemplo, nos anos de 1970 o governo da R. P. da China, observando que certas aves comiam arroz, decidiu que essas fossem exterminadas. Acontece que a matança induziu umapraga de insectos que destruiu as colheitas. Neste caso adoptou-se uma direcção errada ao não ter sido tomado em conta que juntamente com o arroz, as aves comiam insectos nocivospara as colheitas. Também acontecem erros na previsão da importância económica do conhecimento.Desta forma, muito do que se pensava que iria ter muita utilidade, não serviu para nada e,pelo contrário, muito do que foi descoberto com espírito positivo veio a ter muita utilidade. Por exemplo, na “conquista espacial” foram aplicados muitos recursos e não serviu, emtermos económicos, para quase nada. Por outro lado, a investigação física/matemática doRenascimento que até era proibida porque, entre outras razões, não servia para nada, tornousefundamental no desenvolvimento das Engenharias. Definição de teoria Sendo que o título deste texto inclui a palavra teoria, torna-se obrigatório explicar o que isso é. Em termos de linguagem, a palavra teoria está sempre ligada à tentativa de explicar algum fenómeno observável. Por exemplo, observa-se que quando uma empresa aumenta os preços dos seus produtos, então há ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA; 20 Ano Disciplina/Módulo:Microeconomia 12 uma diminuição da quantidade vendida. Assim, uma teoria parte de uma hipótese explicativa para o fenómeno em estudo. Em termos superficiais (com pouca capacidade de explicar) pode-se dizer que “é uma lei da natureza que quanto maior o preço, menor será a quantidade vendida”. Em termos intermédio, enfatiza-se que “uma parte dos compradores conhece os preços de outras empresas e opta pela que tiver menor preço”. Em termos profundos pode-se dizer que “o agente económico maximiza uma função de utilidade que inclui todos os bens disponíveis no mercado que é crescente e côncava com as quantidades, estando sujeito a uma restrição orçamental”. Como as hipóteses explicativas têm mesmo que explicar os fenómenos em estudo, há necessidade de conhecer as implicações das nossas hipóteses para podermos compará-las com a realidade empírica. Quando a ligação entre as hipóteses, que também se denominam por axiomas, princípios ou assunções da teoria, e os resultados com relevância empírica são muito difíceis de obter, dizemos que estamos perante um teorema da teoria. Quando a ligação são apenas difíceis de obter, dizemos que estamos perante um lema da teoria. Quando a ligação são fáceis de obter (directas), dizemos que estamos perante uma propriedade da teoria. O desenvolvimento da ciência é no sentido de cada vez termos teorias baseadas em axiomas mais “profundos”, em menor número e que abarquem maior número de fenómenos observáveis. Desta forma, as teorias serão mais “generalizáveis”. Resumindo, uma teoria é um conjunto definidor de axiomas e das suas implicações, i.e. as propriedades, lemas e teoremas. QUESTÕESPARA REVISÃO 1. Frequentemente, diz-se que uma boa teoria é aquela que, em princípio, poderia ser refutada por meio de uma análise empírica. Explique por que uma teoria que não possa ser avaliada empiricamente não é uma boa teoria. ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA; 20 Ano Disciplina/Módulo:Microeconomia 13 A avaliação de uma teoria envolve dois passos: primeiro, é necessário examinar a razoabilidade das hipóteses adotadas; segundo, deve-se testar as previsões da teoria comparando-as com os fatos. Se uma teoria não pode ser testada, ela não pode ser aceita ou rejeitada. Logo, ela contribui muito pouco para nossa compreensão da realidade. 2. Qual dentre as seguintes afirmações envolve análise positiva e qual envolve análise normativa? Quais são as diferenças entre os dois tipos de análise? a. O racionamento de gasolina (que fixa para cada indivíduo uma quantidade máxima de gasolina a ser comprada anualmente) é uma política insatisfatória do governo pois interfere no funcionamento do sistema de mercado competitivo. b. O racionamento de gasolina é uma política que piora a situação de um certo número de pessoas e melhora a de outras; o número das pessoas cuja situação piora é maior do que o número daquelas cuja situação melhora. A análise positiva descreve como o mundo é. A análise normativa descreve como o mundo deveria ser. A análise econômica nos diz que uma restrição na oferta deve mudar o equilíbrio de mercado. A afirmação (a) combina os dois tipos de análise. Primeiro, a afirmação (a) apresenta o argumento positivo segundo o qual o racionamento de gasolina “interfere no funcionamento do sistema de mercado competitivo”. Em seguida, é apresentada uma afirmação normativa (ou seja, que envolve um juízo de valor) segundo a qual o racionamento de gasolina é uma “política social ineficiente”. Dessa forma, a afirmação (a) representa uma conclusão derivada da análise positiva da política. A afirmação (b) é positiva porque descreve o efeito do racionamento de gasolina sem fazer qualquer juízo de valor acerca da desejabilidade da política. Sumário ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA; 20 Ano Disciplina/Módulo:Microeconomia 14 Nesta Unidade temática estudamos e discutimos fundamentalmente os aspectos introdutórios da Microeconomia, o objecto, a diferença entre análise positiva e normativa. A microeconomia trata das decisões tomadas por unidades económicas individuais – consumidores, trabalhadores, investidores, proprietários dos recursos, e da interacção entre os consumidores e empresas para formar os mercados e os sectores. Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO 1. a. Cadeias de fast food, como o McDonald’s, Burger King e Wendy’s, actuam em todos os EUA. Logo, o mercado de fast food é um mercado nacional. Esta afirmação é falsa. Geralmente, as pessoas consomem fast food nos locais onde vivem e não percorrem longas distâncias dentro do país somente para adquirir uma refeição mais barata. Dado que há poucas oportunidades para arbitragem entre restaurantes de fast food distantes entre si, é provável que haja múltiplos mercados de fast food no país. b. Em geral, as pessoas compram roupas nas cidades onde vivem. Logo, pode- se dizer que o mercado de vestuário de Atlanta, por exemplo, é diferente do mercado de Los Angeles. Esta afirmação é verdadeira. Dado que as pessoas realmente tendem a comprar roupas nas cidades onde vivem, elas interagem apenas com os vendedores nas respectivas cidades não sendo, portanto, influenciadas pelo preço do vestuário nas lojas localizadas em outras cidades. Logo, há poucas oportunidades de arbitragem. Apenas em alguns poucos casos, é possível o surgimento de boas oportunidades de arbitragem entre mercados distantes, como no caso do mercado de jeans na ex-URSS. c. Alguns consumidores preferem fortemente Pepsi e outros preferem fortemente Coca-Cola. Logo, não existe um único mercado de refrigerantes do tipo "cola". Esta afirmação é falsa. Apesar da existência de preferências muito fortes por determinadas marcas de refrigerante, as semelhanças entre as várias marcas são suficientes para caracterizar um único mercado. Há consumidores que não têm uma clara preferência por ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA; 20 Ano Disciplina/Módulo:Microeconomia 15 determinada marca de refrigerante, e outros que, mesmo apresentando alguma preferência, são influenciados pelos preços ao tomar suas decisões de consumo. Conseqüentemente, os preços dos refrigerantes "colas" não devem divergir significativamente, em especial no caso da Coca-Cola e Pepsi. Exercícios de AVALIAÇÃO 1. Qual é a diferença que existe entre a microeconomia e a macroeconomia? E qual é o objecto de estudo da microeconomia? 2. Quais são os passos para validar uma teoria? 3. Quais são as diferenças que existem entre a análise positiva da normativa? TEMA – II: O MODELO DA PROCURA E OFERTA. UNIDADE Temática 2.1.Introdução, oferta e Demanda UNIDADE Temática 2.2. Teoria da Oferta e da Demanda Unidade Temática 2.3. EXERCÍCIOS deste tema UNIDADE Temática 2.1.Introdução, Oferta e Demanda Introdução: Este capítulo apresenta uma revisão dos conceitos básicos sobre a oferta e a demanda. O tempo a ser gasto nesse capítulo depende do grau de profundidade da revisão que os alunos necessitam. O capítulo se diferencia da maioria dos livros-texto de microeconomia em nível ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA; 20 Ano Disciplina/Módulo:Microeconomia 16 intermediário no que se refere ao tratamento dos conceitos básicos de oferta e demanda, que são discutidos e ilustrados através da análise de alguns dos principais mercados mundiais (trigo, gasolina e automóveis). As aplicações da teoria a situações reais contribuem de forma significativa para a compreensão dos conceitos teóricos. Os estudantes tem tido algumas dificuldades para compreender a análise de oferta e demanda. Uma das principais fontes de confusão refere-se à distinção entre movimentos ao longo da curva de demanda e deslocamentos da demanda. É importante discutir a hipótese de ceteris paribus, enfatizando que, ao representar uma função de demanda (através de um gráfico ou de uma equação), todas as demais variáveis são supostas constantes. Os movimentos ao longo da curva de demanda ocorrem apenas devido a mudanças no preço. Quando as demais variáveis mudam, a função de demanda se desloca. Pode ser útil discutir um exemplo em que a função de demanda dependa diretamente de outras variáveis além do preço do bem, tais como a renda e o preço de outros bens, de modo a mostrar aos estudantes que essas outras variáveis efectivamente afectam a função de demanda, estando "escondidas" no intercepto da função de demanda linear. Esse capítulo apresenta os conceitos de elasticidade-preço, elasticidaderenda e elasticidade cruzada; entretanto, pode-se postergar a discussão da elasticidade-renda e cruzada até o Capítulo 4, quando o tema da elasticidade da demanda será retomado. O conceito de elasticidade apresenta muitas dificuldades para os estudantes; por isso, é útil explicitar claramente as razões pelas quais uma empresa poderia estar interessada em estimar uma elasticidade. Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de: Aprofundar: os conhecimentos sobre a hipótese ceteris paribus; Perceber: a teoria sobre a oferta e demanda de bens e serviços; Distinguir: os movimentos ao longo da curva de demanda e deslocamentos da Objectivos demanda; Específicos Perceber: os aspectos quantitativos da curva da demanda; Familiarizar-se:com os conceitos de elasticidade. 2.2. A Teoria da Oferta e Demanda (Procura) A teoria da oferta e da demanda demonstra como as preferências dos consumidores determinam a demanda ou procura dos bens, enquanto ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA; 20 Ano Disciplina/Módulo:Microeconomia 17 que, os custos das empresas são a base da oferta. Do equilíbrio entre a oferta e a demanda resulta o preço e a quantidade transaccionada de cada bem. 2.2.1. Função da Demanda ou Curva da Demanda A curva da demanda informa-nos a quantidade que os consumidores desejam comprar à medida que muda o preço unitário. A relação existente entre o preço de um bem e a quantidade comprada desse bem é designada função da procura ou curva da procura, e representase analiticamente por: Qd = Qd(P) e graficamente por: Note que a curva de demanda nessa figura (D1 e D2) é descendente, mostrando que os consumidores, geralmente estão dispostos a comprar quantidades maiores se o preço está mais baixo. Por exemplo, um preço mais baixo pode estimular consumidores que já tenham adquirido tal mercadoria a consumir quantidades maiores. Além disso, pode permitir que outros consumidores, que antes não compravam este bem, se tornem aptos e comecem a compra-lo. A Lei da Demanda, que se sustenta na figura acima, diz que regra geral, o preço e a quantidade demandada num determinado mercado estão inversamente relacionados, ou seja, quanto mais alto for o preço de um produto, menos pessoas estarão dispostas ou poderão comprá-lo (mantendo-se o resto constante). Quando o preço de um bem aumenta/sobe, o poder de compra geral diminui (por exemplo, se o preço da gasolina duplica os consumidores D 1 D 2 P 1 P 2 S Preço Quantidade de sorvete Q 1 = Q 2 https://pt.wikipedia.org/wiki/Poder_de_compra https://pt.wikipedia.org/wiki/Poder_de_compra ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA; 20 Ano Disciplina/Módulo:Microeconomia 18 ficam com menos rendimento e diminuem o consumo de gasolina e de outros bens. Este fenómeno é denominado de efeito rendimento), e os consumidores mudam para bens mais baratos (efeito substituição, por exemplo, quando aumenta o preço da carne de vaca os consumidores tendem a comprar mais carne de frango). 2.2.1.1. Determinantes/Factores que influenciam a Curva da Demanda • Rendimento médio. Com o aumento do rendimento médio os indivíduos tendem a comprar mais de quase tudo, mesmo que os preços não se alterem; • Dimensão do mercado. Medida pela população influência de forma nítida a curva da procura. Mais indivíduos conduzem a um maior consumo; • Preços de bens relacionados. A procura de um dado bem tende a diminuir (aumentar) quando diminui (aumenta) o preço de bens substitutos; • Preferências. As preferências (gostos) dos consumidores representam uma variedade de influências culturais e históricas e afectam a curva da procura; e • Influências específicas. A procura de determinados bens é influenciada por factores específicos como seja a venda de chapéus de chuva em dias chuvosos. 2.2.2. Função Oferta A curva da oferta informa-nos a quantidade de mercadoria que os produtores estão dispostos a vender a determinado preço, mantendose constantes quaisquer factores que possam afectar a quantidade ofertada, e representa-se analiticamente por: Qs = QS(P), e graficamente: ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA; 20 Ano Disciplina/Módulo:Microeconomia 19 Expressão que é denominada função de oferta do bem x; a sua representação gráfica, mostrada a seguir, é denominada de curva do bem x. Px A oferta do bem x é uma curva ascendente da esquerda para a direita, mostrando que, quanto maior o preço, maior será a quantidade que os produtores desejarão oferecer no mercado. Assume-se que os produtores maximizam o lucro, o que significa que tentam produzir a quantidade que lhes irá dar o maior lucro possível. A oferta é tipicamente representada como uma relação diretamente proporcional entre preço e quantidade (mantendo-se o resto constante). Quanto maior for o preço pelo qual uma mercadoria pode ser vendida, mais produtores estarão dispostos a fornecê-la. O preço alto incentiva a produção. Em oposição, para um preço abaixo do equilíbrio, há uma falta de bens ofertados em comparação com a quantidade demandada pelo mercado. Isso faz com que o preço suba. 2.2.2.1. Determinantes/ Factores que influenciam a curva da oferta • Tecnologia. O progresso tecnológico consiste nas alterações que diminuem a quantidade dos factores necessários para a mesma quantidade de produto; Q x ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA; 20 Ano Disciplina/Módulo:Microeconomia 20 • Preço dos factores de produção. Quando o preço dos factores de produção diminui e o custo de produção é menor, a oferta aumenta; • Preços de bens relacionados.A oferta de um dado bem tende a aumentar (diminuir) quando diminui (aumenta) o preço de bens substitutos; • Política do governo. Os impostos e as políticas salariais podem fazer aumentar o custo dos factores de produção levando à contracção da oferta; • Influências específicas. A oferta de determinados bens é influenciada por factores específicos como seja o clima na agricultura. 2.2.3. O equlibrio da Oferta e da Demanda O equilíbrio de mercado ocorre no preço em que a quantidade procurada é igual à quantidade oferecida. Num mercado concorrencial, este equilíbrio resulta da intersecção das curvas da oferta e da procura e nele não há tendência para o preço descer ou subir. O preço de equilíbrio é também designado por preço de fecho do mercado. Isto significa que todas as ordens de compra foram satisfeitas e a produção toda vendida, ou seja fecharam-se as posições de compra e de venda. ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA; 20 Ano Disciplina/Módulo:Microeconomia 21 QUESTÕES PARA REVISÃO 1. Suponha que um clima excepcionalmente quente ocasione um deslocamento para a direita da curva de demanda de sorvete. Por que o preço de equilíbrio do sorvete aumentaria? Suponha que a curva de oferta se mantenha inalterada. O clima excepcionalmente quente causa um deslocamento para a direita da curva de demanda, gerando, no curto prazo, um excesso de demanda ao preço vigente. Os consumidores competirão entre si pelo sorvete, pressionando o preço para cima. O preço do sorvete aumentará até que a quantidade demandada e a quantidade ofertada sejam iguais. ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA; 20 Ano Disciplina/Módulo:Microeconomia 22 Figura 2.1 2. Utilize as curvas de oferta e demanda para ilustrar de que forma cada um dos seguintes eventos afetaria o preço e a quantidade de manteiga comprada e vendida: a. Um aumento no preço da margarina. A maioria das pessoas considera a manteiga e a margarina bens substitutos. Um aumento no preço da margarina causará um aumento no consumo de manteiga, deslocando a curva de demanda de manteiga para a direita, de D1 para D2 na Figura 2.2.a. Esse deslocamento da demanda causará o aumento do preço de equilíbrio de P1 para P2 e da quantidade de equilíbrio de Q1 para Q2. Figura 2.2.a D 1 D 2 P 1 P 2 S Preço Quantidade de sorvete Q 1 = Q 2 D 1 D 2 P 1 P 2 S Preço Quantidade de manteiga Q 1 Q 2 ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA; 20 Ano Disciplina/Módulo:Microeconomia 23 b. Um aumento no preço do leite. O leite é o principalingrediente na fabricação da manteiga. Um aumento no preço do leite elevará o custo de produção da manteiga, deslocando a curva de oferta de manteiga para a esquerda, de S1 para S2 na Figura 2.2.b. Isso resultará em um preço de equilíbrio mais alto, P2, de modo a cobrir os custos mais elevados de produção, e a uma menor quantidade de equilíbrio, Q2. Figura 2.2.b Observação: Dado que a manteiga é produzida a partir da gordura extraída do leite, a manteiga e o leite são, na verdade, produtos complementares. Levando em consideração tal relação, a resposta a essa questão será diferente. De fato, à medida que o preço do leite aumenta, a quantidade ofertada também aumenta. O aumento na quantidade ofertada de leite implica maior oferta de gordura para a produção de manteiga e, portanto, um deslocamento da curva de oferta de manteiga para a direita. Conseqüentemente, o preço da manteiga cai. c. Uma redução nos níveis de renda média. Suponha que a manteiga seja um bem normal. Uma redução no nível de renda média causa um D P 1 P 2 S 2 Preço Quantidade de manteiga Q 1 Q 2 S 1 ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA; 20 Ano Disciplina/Módulo:Microeconomia 24 deslocamento da curva de demanda de manteiga de D1 para D2, causando a redução no preço de equilíbrio de P1 para P2, e na quantidade de equilíbrio de Q1 para Q2. Veja a Figura 2.2.c. Price Figura 2.2.c 3. Explique por que, no caso de muitas mercadorias, a elasticidadepreço de longo prazo da oferta é maior do que a elasticidade de curto prazo. A elasticidade da oferta é a variação percentual na quantidade ofertada dividida pela variação percentual no preço. Um aumento no preço leva à elevação da quantidade ofertada pelas empresas. Em certos mercados, algumas empresas são capazes de reagir rapidamente, e com custos baixos, a mudanças no preço; outras empresas, porém, não conseguem reagir com a mesma rapidez, devido a restrições de capacidade produtiva no curto prazo. As empresas com restrição de capacidade no curto prazo apresentam elasticidade da oferta mais baixa que as demais; entretanto, no longo prazo, todas as empresas conseguem aumentar sua produção, de modo que a elasticidade agregada de longo prazo tende a ser maior que n curto prazo. D 1 P 1 P 2 S Quantity of Butter Q 1 Q 2 D 2 ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA; 20 Ano Disciplina/Módulo:Microeconomia 25 4. Suponha que o governo regulamente os preços da carne bovina e do frango, tornando-os mais baixos do que seus respectivos níveis de equilíbrio de mercado. Explique por que ocorreria escassez dessas mercadorias e quais os fatores que determinarão a magnitude dessa escassez. O que deverá ocorrer com o preço da carne de porco? Explique resumidamente. Quando o preço de um bem é fixado abaixo do nível de equilíbrio, a quantidade que as empresas estão dispostas a ofertar é menor do que a quantidade que os consumidores desejam adquirir. A magnitude do excesso de demanda depende das elasticidades relativas da demanda e da oferta. Se, por exemplo, ambas a oferta e a demanda são elásticas, a escassez é maior do que no caso de ambas serem inelásticas. Dentre os fatores que determinam tais elasticidades e, portanto, influenciam o excesso de demanda, cabe destacar a disposição dos consumidores a comer menos carne e a capacidade dos agricultores de mudar a quantidade produzida. O racionamento é comum em situações caracterizadas por excesso de demanda, nas quais alguns consumidores não conseguem adquirir as quantidades desejadas. Os consumidores com demanda insatisfeita tentarão adquirir produtos substitutos, aumentando a demanda e os preços de tais produtos. Assim, face à fixação dos preços da carne bovina e do frango abaixo do nível de equilíbrio, o preço da carne de porco deve aumentar. Sumário Nesta Unidade temática estudamos e discutimos fundamentalmente os aspectos relacionados com a oferta e demanda de bens e serviços, os determinantes do movimento da curva da oferta e procra e a elasticidade. A análise da oferta e demanda é uma ferramenta básica da microeconomia. Em mercados competitivos, as curvas da oferta e da demanda nos informam a quantidade que deverá ser produzida pelas ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA; 20 Ano Disciplina/Módulo:Microeconomia 26 empresas e a quantidade que será demandada pelos consumidores em função do preço. Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO 1. O leite torna-se mais barato e seu consumo aumenta. Paralelamente, o consumidor diminui sua demanda de chá. Leite e chá são bens: a) Complementares. b) Substitutos. c) Independentes. d) Inferiores. e) De Giffen. 2. Para fazer distinção entre oferta e quantidade ofertada, sabemos que: a) A oferta refere-se a alterações no preço do bem; e a quantidade ofertada, a alterações nas demais variáveis que afectam a oferta. b) A oferta refere-se a variações a longo prazo; e a quantidade ofertada, a mudança de curto prazo. c) A quantidade ofertada só varia em função de mudanças no preço do próprio bem, enquanto a oferta varia quando ocorrerem mudanças nas demais variáveis que afectam a oferta do bem. d) Não há diferença entre alterações na oferta e na quantidade ofertada. e) Nenhuma das alternativas está correcta. 3. Assinale a alternativa correta, coeteris paribus: a) Um aumento da oferta diminui o preço e aumenta a quantidade demandada do bem. b) Uma diminuição da demanda aumenta o preço e diminui a quantidade ofertada e demandada do bem. ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA; 20 Ano Disciplina/Módulo:Microeconomia 27 c) Um aumento da demanda aumenta o preço e diminui a oferta d) Um aumento da demanda aumenta o preço, a quantidade demandada e a oferta do bem. e) Todas as respostas anteriores estão erradas. 4. O aumento do poder aquisitivo, basicamente determinado pelo crescimento da renda disponível da colectividade, poderá provocar a expansão da procura de determinado produto. Evidentemente, o preço de equilíbrio: a) Deslocar-se-á da posição de equilíbrio inicial para um nível mais alto, se não houver possibilidade da expansão da oferta do produto. b) Cairá do ponto inicial para uma posição mais baixa, se a oferta do produto permanecer inalterada. c) Permanecerá inalterado, pois as variações de quantidades procuradas se realizam ao longo da curva inicialmente definida. d) Permanecerá inalterado, pois as variações de quantidades ofertadas se realizam ao longo da curva inicialmente definida. e) Nenhuma das alternativas está correcta. 5. O preço de equilíbrio para uma mercadoria é determinado: a) Pela demanda de mercado dessa mercadoria. b) Pela oferta de mercado dessa mercadoria. c) Pelo balanceamento das forças de demanda e oferta da mercadoria. d) Pelos custos de produção. e) Nenhuma das alternativas está correcta. 6. Uma mercadoria que é demandada em quantidades maiores, quando a renda do consumidor cai, é um: a) Bem normal. b) Bem inferior. c) Bem complementar. d) Bem substituto. e) Nenhuma das alternativas está correcta. 7. Assinale a alternativa correta: a) A curva de procura mostra como variam as compras dos consumidores quando variam os preços. ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA; 20 Ano Disciplina/Módulo:Microeconomia 28 b) Quando varia o preço de um bem, coeteris paribus, varia a demanda. c) A demanda depende basicamente do preço de mercado. As outras variáveis são menos importantes e supostas constantes. d) A quantidade demandadavaria inversamente ao preço do bem, coeteris paribus. 8. O equilíbrio de mercado de um bem é determinado: a) Pelos preços dos factores utilizados na produção do bem. b) Pela demanda de mercado do produto. c) Pela oferta de mercado do produto. d) Pelas quantidades de factores utilizados na produção do bem. e) Pelo ponto de intersecção das curvas de demanda e da oferta do produto. 9. Num dado mercado, a oferta e a procura de um produto são dadas, respectivamente, pelas seguintes equações: Qs = 48 + 10P Qd = 300 – 8P onde Qs, Qd e P representam, na ordem, a quantidade ofertada, a quantidade procurada e o preço do produto. A quantidade transaccionada nesse mercado, quando ele estiver em equilíbrio, será: a) 2 unidades. b) 188 unidades. c) 252 unidades. d) 14 unidades. e) 100 unidades. 10. Uma curva de procura exprime-se por p = 10 – 0,2q onde p representa o preço e q a quantidade. O mercado encontra-se em equilíbrio ao preço p = 2. O preço varia para p = 2,04, e, tudo o mais mantido constante, a quantidade equilibra-se em q = 39,8. A elasticidade-preço da demanda ao preço inicial de mercado é: a) 0,02 b) 0,05 c) – 0,48 d) – 0,25 e) 0,25 ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA; 20 Ano Disciplina/Módulo:Microeconomia 29 11. Aponte a alternativa correta: a) Quando o preço aumenta, a receita total aumenta, se a demanda for elástica, coeteris paribus. b) Quando o preço aumenta, a receita total diminui, se a demanda for inelástica, coeteris paribus. c) Quedas de preço de um bem redundarão em quedas da receita dos produtores desse bem, se a demanda for elástica, coeteris paribus d) Quedas de preço de um bem redundarão em aumentos de receita dos produtores desse bem, se a demanda for inelástica, coeteris paribus. e) Todas as alternativas anteriores são falsas. 12. Se a curva de procura for de um tipo em que a redução de 10% no preço provoca um aumento de 5% na quantidade de mercadoria que o público adquire, nessa região da curva, a procura em relação ao preço será: a) Elástica. b) Unitariamente elástica. c) Infinitamente elástica. d) Inelástica, embora não perfeitamente. e) Totalmente inelástica ou anelástica. 13. A elasticidade-renda da demanda é o quociente das variações percentuais entre: a) Renda e preço. b) Renda e quantidade demandada. c) Quantidade e preço. d) Quantidade e renda. e) Quantidade e preço de um bem complementar. 14. Se uma empresa quer aumentar seu facturamento e a demanda do produto é elástica, ela deve: Resposta: diminuir seu preço. Se a demanda do produto é elástica, a quantidade demandada tem variação percentual de magnitude maior que a variação percentual do preço. Dessa forma, a receita total seguirá o sentido da quantidade, pois esta influirá mais na mudança da receita quando houver mudança do preço. Assim, se o preço cair, a quantidade demandada aumentará (em percentual maior que o preço) e a receita total aumentará. A resposta a não é correta, pois um aumento de preço levaria a uma queda da quantidade demandada e da receita total. Exercícios de AVALIAÇÃO ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA; 20 Ano Disciplina/Módulo:Microeconomia 30 1. enuncie a lei da oferta e da demanda. 2. Utilize as curvas de oferta e demanda para ilustrar de que forma cada um dos seguintes eventos afectaria o preço e a quantidade de manteiga comprada e vendida: a. Um aumento no preço da margarina. b. Um aumento no preço do leite. c. Uma redução nos níveis de renda média. 3. Uma curva de procura exprime-se por p = 10 – 0,2q onde p representa o preço e q a quantidade. O mercado encontra-se em equilíbrio ao preço p = 2. O preço varia para p = 2,04, e, tudo o mais mantido constante, a quantidade equilibra-se em q = 39,8. Qual é a elasticidade-preço da demanda ao preço inicial de mercado? TEMA – III: TEORIA DO CONSUMIDOR. UNIDADE Temática 3.1.Introdução, Comportamento do Consumidor UNIDADE Temática 3.2. Escolha óptima: a maximização do bem-estar UNIDADE Temática 3.3. EXERCÍCIOS deste tema UNIDADE Temática 3.1.Introdução, Comportamento do Consumidor Introdução: O Capítulo 3 fornece a base a partir da qual será derivada a curva de demanda no Capítulo 4. Para que os estudantes sejam capazes de entender a teoria da demanda, eles devem dominar os conceitos de curvas de indiferença, taxa marginal de substituição, linha do orçamento, e escolha óptima do consumidor. É possível discutir as escolhas do consumidor sem aprofundar-se nos detalhes da teoria da utilidade. Para muitos estudantes, as funções de utilidade são um conceito mais abstrato do que as relações de preferência. A explicação do conceito de utilidade flui naturalmente a partir da discussão das curvas de indiferença. Apesar de tratar-se de um conceito abstrato, é possível transmitir a essência desse conceito em tempo ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA; 20 Ano Disciplina/Módulo:Microeconomia 31 relativamente curto. Para tanto, pode-se partir da observação de que o objetivo dos consumidores é maximizar sua utilidade sujeito a uma restrição orçamentária. Quando um consumidor vai a uma loja, escolhe a cesta de produtos preferida dentre aquelas que pode adquirir. A partir disso, pode-se derivar a curva de demanda. É importante ressaltar que, para o consumidor, o que importa é a ordenação relativa entre as várias possíveis cestas de produtos, e não o valor absoluto da utilidade, que não tem qualquer significado. Por fim, outro conceito fundamental é a taxa à qual os consumidores estão dispostos a trocar mercadorias (a taxa marginal de substituição), que depende da satisfação relativa derivada do consumo de cada mercadoria. Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de: Entender e aprofundar: os conhecimentos sobre a teoria da demanda; Perceber: os conceitos de curva de indiferenças; Objectivos Familiarizar-se com os conceitos da taxa marginal de substituição; linha do Específicos orçamento e escolha óptima do consumidor. 3.2. Escolha óptima: a maximização do bem-estar As necessidades dos seres humanos são insaciáveis, uma vez que nem todas podem ser satisfeitas inteiramente. Adicionalmente, a plena satisfação do consumidor é bloqueada por seu limitado poder de compra. Na realidade, a maioria das pessoas deseja muitas coisas que não pode adquirir. Assim, os consumidores devem escolher entre bens que necessitam ter e os que podem ficar fora de seu plano de consumo. Todavia, o consumidor realiza um esforço bastante grande no sentido de maximizar seu bem-estar, e é esse comportamento que a teoria econômica procura explicar, definindo a escolha óptima do consumidor, ou seja, a escolha que permita a execução de um plano de consumo, que leve ao mais alto nível de bem-estar ou de satisfação (ou ainda utilidade), compatível com o orçamento disponível para gastos. ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA; 20 Ano Disciplina/Módulo:Microeconomia 32 Para explicar o mecanismo desse comportamento, a teoria económica sustenta-se em conceitos e hipóteses da Teoria Ordinal do Comportamento do Consumidor, tais como: os conceitos de tabela de indiferença, curva de Indiferença, taxa marginal de substituição e restrição orçamentária. Em uma Tabela de Indiferença estão colocadas infinitas combinações possíveis entre dois bens, igualmente desejáveis ao consumidor, porque todas elas lhe propiciam a mesma satisfação, de tal forma que, para ele, é indiferente a escolha de qualquer uma. O facto de se considerar apenas dois bens deriva da hipótese da existência de um consumidorque possui um plano de consumo constituído por apenas dois bens, que tenham entre si certo grau de substutibilidade. É uma hipótese bastante simplificadora, porém conveniente para maior facilidade de compreensão do mecanismo de ajuste. Tomemos um exemplo numérico para facilitar a percepção do conceito de tabela de indiferença. A figura abaixo apresenta uma lista de combinações dos bens X e Y, todas desejadas pelo consumidor. Tabela de indiferença X Y 10 0 7 1 5 4 4 4 As combinações entre os bens são: 10 unidades de X e 0 de Y; 7 unidades de X e 1 de Y e assim sucessivamente. A disposição das quantidades de X e Y está de tal forma que o consumidor não manifesta preferência por nenhuma das combinações. É indiferente a todas elas porque todas são igualmente desejáveis; sente-se igualmente bem ao escolher qualquer uma das combinações existentes. Todavia, percebe-se claramente que, embora todas as ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA; 20 Ano Disciplina/Módulo:Microeconomia 33 combinações possam ser indiferentes ao consumidor, a participação dos bens X e Y em cada uma delas é indiferente. Na primeira combinação existem 10 unidades de X e nenhuma de Y; na segunda combinação já existem 7 unidades de X e uma unidade de Y. Todavia, para o consumidor, ambas as combinações são indiferentes. Como ajustar os desejos do consumidor e as quantidades dos bens? Vejamos: se a combinação 7 unidades de X e 1 unidade de Y é indiferente à combinação 10 unidades de X e zero de Y, é porque para o consumidor a perda de 3 unidades de X é perfeitamente compensada em termos subjetivos de bem-estar pelo ganho de uma unidade de Y. Assim, ao passar de uma combinação para outra, seu nível de bem-estar não muda, embora seu patrimônio se modifique em termos das quantidades possuídas de cada um dos bens. Vê-se, assim, que só é possível manter o nível de bem-estar constante quando houver uma perfeita compensação entre a quantidade do bem que se reduz e a quantidade do bem que aumenta na nova combinação. Em outras palavras, para que se mantenha o nível de bem-estar constante, é necessário que haja uma perfeita compensação subjetiva de satisfação, provocada pela redução da participação de X e o ganho subjetivo de satisfação decorrente do aumento da participação de X, e o ganho subjetivo de satisfação decorrentes do aumento da participação de Y na nova combinação. A necessidade de compensação entre perdas e ganhos subjetivos de satisfação, quando as combinações entre os bens são modificadas, leva a outro conceito importante da Teoria Ordinal do Consumidor: o conceito de Taxa Marginal de Substituição entre os bens. Pode-se definir como a taxa marginal de substituição2 (TMS) entre os bens, a variação necessária da quantidade de um deles, que compense a variação da quantidade do outro, para que o nível de bem-estar mantenha-se constante. Vê-se, assim, que a taxa marginal de substituição vai sempre relacionar duas variações, uma delas 2 Vide: Salvatore, (1981, p. 94). ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA; 20 Ano Disciplina/Módulo:Microeconomia 34 representando um decréscimo da participação de um dos bens e a outra representando um acréscimo da participação de outro bem. Podemos representar a TMS da seguinte forma: TMS = -X / +Y onde: -X: decréscimo da participação de X na combinação. +Y: acréscimo da participação de Y na combinação. Isso significa que a TMS é decrescente. De facto, esse comportamento pode ser visto na figura abaixo. Tabela de comportamento da TMS Bem X - X Bem Y +Y TMS = -X +Y 10 0 3 1 - 3 7 1 2 1 - 2 5 2 1 1 - 1 4 4 Uma curva de indiferença é a representação gráfica de uma tabela de indiferença. Utilizando, entretanto, uma linguagem mais técnica, podemos definir a curva de indiferença como uma linha em que todos os pontos representam combinações de dois bens que proporcionam ao consumidor o mesmo nível de satisfação, bem-estar ou ainda utilidade. Admitindo que o plano de consumo do consumidor seja representado por diversas curvas de indiferença, identificando sua escala de preferências, passa-se ao conceito de mapa de indiferença como nos mostra a figura abaixo, isto é, um conjunto de curvas de indiferença, representando cada uma um dado nível de bem estar ou de utilidade usufruído pelo consumidor. ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA; 20 Ano Disciplina/Módulo:Microeconomia 35 Y X A escolha óptima do consumidor será aquela que permite que ele maximize seu bem-estar ou de satisfação, respeitadas as limitações do orçamento disponível para gastos. A teoria microeconomica considera que, quando o consumidor realiza sua escolha óptima e, conseqüentemente, adquire quantidades dos bens que lhe proporcionam satisfação máxima, dentro dos limites do orçamento, está em equilíbrio, e é o chamado Equilíbrio do Consumidor. Para a determinação desse equilíbrio, é necessário que se introduza na análise, além da parte subjectiva Satisfação, bem-estar, utilidade Também a parte objectiva, isto é, os preços das mercadorias e o orçamento que o consumidor dispõe para gastos. O instrumento teórico, passível de representação gráfica, e que permite sintetizar as informações sobre o orçamento do consumidor e sobre o preço dos bens, é denominado linha de preços, linha de orçamento ou ainda restrição orçamentária o que pode ser observado na figura baixo. Restrição Orçamentária U 0 U 1 ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA; 20 Ano Disciplina/Módulo:Microeconomia 36 Q2 Podemos definir linha de preços como uma linha que representa as quantidades dos bens que o consumidor pode comprar, combinadamente, gastando toda a sua renda, dados os preços e dada a renda disponível para consumo num dado momento. Graficamente, é possível representar o equilíbrio do consumidor lançando mão das ferramentas já descritas anteriormente: as Curvas de Indiferença e a Restrição Orçamentária. QUESTÕES PARA REVISÃO 1. O que significa o termo transitividade de preferências? A transitividade de preferências significa que, se alguém prefere A em relação a B, e B em relação a C, então essa pessoa prefere A em relação a C. 2. Suponha que um determinado conjunto de curvas de indiferença não possua inclinação negativa. O que você pode dizer a respeito de quão desejáveis são essas duas mercadorias? Uma das principais hipóteses da teoria das preferências é que quantidades maiores dos bens são preferidas a quantidades menores. Logo, se a quantidade consumida de um bem diminui, os consumidores devem obter um menor nível de satisfação. Esse resultado implica necessariamente curvas de indiferença negativamente inclinadas. No entanto, se uma mercadoria é indesejável, o consumidor estará em melhor situação ao consumir quantidades menores da mercadoria; por exemplo, menos lixo tóxico é preferível em relação a mais lixo. Quando uma mercadoria é indesejável, as curvas de Q1 ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA; 20 Ano Disciplina/Módulo:Microeconomia 37 indiferença que mostram o dilema entre aquela mercadoria e a mercadoria desejável apresentam inclinações positivas. Na Figura 3.2 abaixo, a curva de indiferença U2 é preferida à curva de indiferença U1. Figura 3.2 3. Explique a razãopela qual duas curvas de indiferença não podem se interceptar. A resposta pode ser apresentada mais facilmente com a ajuda de um gráfico como o da Figura 3.3, que mostra duas curvas de indiferença se interceptando no ponto A. A partir da definição de uma curva de indiferença, sabemos que um consumidor obtém o mesmo nível de utilidade em qualquer ponto sobre uma determinada curva. Nesse caso, o consumidor é indiferente entre as cestas A e B, pois ambas estão localizadas sobre a curva de indiferença U1. Analogamente, o consumidor é indiferente entre as cestas A e C porque ambas estão localizadas sobre a curva de indiferença U2. A propriedade de transitividade das preferências implica que tal consumidor também devera ser indiferente entre C e B. No entanto, de acordo com o gráfico, C está situada acima de B, de modo que C deve ser preferida a B. Assim, Bem Y Lixo tóxico Pontos preferidos U 2 U 1 ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA; 20 Ano Disciplina/Módulo:Microeconomia 38 está provado que duas curvas de indiferença não podem se interceptar. Figura 3.3 4. Explique por que a taxa marginal de substituição de uma pessoa entre duas mercadorias deve ser igual à razão entre os preços das mercadorias para que o consumidor possa obter satisfação máxima. A TMS representa a taxa à qual o consumidor está disposto a trocar uma mercadoria por outra de modo a manter seu nível de satisfação inalterado. A razão entre os preços representa a troca que o mercado está disposto a realizar entre as duas mercadorias. A tangência de uma curva de indiferença com a linha do orçamento representa o ponto no qual as duas taxas são iguais e consumidor obtém satisfação máxima. Se a TMS entre duas mercadorias não fosse igual à razão entre os preços, o consumidor poderia trocar uma mercadoria pela outra aos preços de mercado, de modo a obter níveis de satisfação mais elevados. Esse processo continuaria até que o nível de satisfação mais alto possível fosse atingido. 5. Explique por que os consumidores provavelmente estariam em piores condições de satisfação quando um produto que eles consomem fosse racionado. Bem Y Bem X A C B U 1 U 2 ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA; 20 Ano Disciplina/Módulo:Microeconomia 39 Se a quantidade máxima de uma mercadoria for fixada por lei em nível inferior à quantidade desejada, nada garante que o mais alto nível de satisfação possível possa ser alcançado. De fato, o consumidor não será capaz de obter maiores quantidades da mercadoria racionada através da redução do consumo de outras mercadorias. O consumidor só conseguirá maximizar sua utilidade sem restrição no caso em que a quantidade máxima for fixada em nível acima do desejado. (Observação: o racionamento pode causar maior nível de bem-estar social, por razões de eqüidade ou justiça entre os consumidores.) 7. Descreva o princípio da igualdade marginal. Explique por que esse princípio não se mantém se uma utilidade marginal crescente estiver associada ao consumo de uma ou ambas as mercadorias. De acordo com o princípio da igualdade marginal, para que o grau máximo de satisfação seja obtido é necessário que a razão entre utilidade marginal e preço seja igual para todas as mercadorias. A linha de raciocínio é a mesma apresentada na Questão para Revisão No. 5. Parte-se do fato de que a utilidade é maximizada quando o orçamento é alocado de modo a igualar, para todas as mercadorias, a utilidade marginal por dólar gasto. Se a utilidade marginal é crescente, o consumidor maximiza sua satisfação consumindo quantidades cada vez maiores da mercadoria. Isso significa que, supondo preços constantes, o consumidor acabaria gastando toda sua renda com uma única mercadoria. Teríamos, então, uma solução de canto, na qual o princípio da igualdade marginal não pode valer. 8. Qual é a diferença entre utilidade ordinal e utilidade cardinal? Explique por que a suposição de utilidade cardinal não se faz necessária para a ordenação das preferências do consumidor. A utilidade ordinal implica um ordenamento das alternativas que não leva em consideração a intensidade das preferências. Essa abordagem permite, por exemplo, afirmar que a primeira escolha do consumidor é preferida à segunda escolha, mas não especifica quão ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA; 20 Ano Disciplina/Módulo:Microeconomia 40 preferível é a primeira opção. A utilidade cardinal implica que a intensidade das preferências pode ser quantificada. Uma classificação ordinal é suficiente para ordenar as escolhas do consumidor de acordo com suas preferências. Não é necessário saber quão intensamente um consumidor prefere a cesta A à cesta B; é suficiente saber que A é preferida a B. Sumário Nesta Unidade temática estudamos e discutimos fundamentalmente as percepções sobre o comportamento do consumidor. A maximização da utilidade, sujeita à restrição orçamentária é o objectivo de qualquer consumidor racional, que estão disposto a trocar mercadorias, sempre que a satisfação derivada do consumo dos mesmos aumentar o seu bem-estar. Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO 1. Neste capítulo, não foram consideradas mudanças nas preferências do consumidor por diversas mercadorias. Todavia, em determinadas situações, as preferências devem se modificar à medida que ocorre o consumo. Discuta por que e como as preferências poderiam se alterar ao longo do tempo tendo por referência o consumo das seguintes mercadorias: a. Cigarros A hipótese de preferências constantes é razoável se as escolhas do consumidor são independentes no tempo. Mas essa hipótese não é válida nas situações em que o consumo do bem envolve a criação de hábitos ou vícios, como no caso dos cigarros: o consumo de cigarros em um período influencia seu consumo nos períodos seguintes. b. Jantar pela primeira vez em um restaurante de culinária típica Jantar pela primeira vez em um restaurante diferente não envolve nenhum vício do ponto de vista físico, mas, ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA; 20 Ano Disciplina/Módulo:Microeconomia 41 ao propiciar ao consumidor maiores informações sobre o restaurante em questão, influencia suas escolhas nos períodos subseqüentes. O consumidor pode gostar de jantar sempre em restaurantes diferentes, que ainda não conheça, ou então pode estar cansado de fazê-lo. Em ambos os casos, as preferências mudam à medida que ocorre o consumo. 2. Desenhe as curvas de indiferença para as seguintes preferências de um consumidor por duas mercadorias: hambúrguer e cerveja. a. Alex gosta de cerveja, porém detesta hambúrgueres. Ele sempre prefere consumir mais cerveja, não importando quantos hambúrgueres possa ter. Para Alex, os hambúrgueres são um “mal.” As suas curvas de indiferença apresentam inclinação positiva em vez de negativas. Para Alex, U1 é preferida a U2 e U2 é preferida a U3. Veja a figura 3.2a. Se os hambúrgueres fossem um bem neutro, as curvas de indiferença seriam verticais e a utilidade cresceria à medida que nos movêssemos para a direita e mais cerveja fosse consumida. b. Betty mostra-se indiferente entre cestas que contenham três cervejas ou dois hambúrgueres. Suas preferências não se alteram à medida que consome maior quantidade de qualquer uma das duas mercadorias. Dado que Betty é indiferente entre três cervejas e dois hambúrgueres, existe uma curva de indiferença ligando esses dois pontos. As curvas de indiferença de Betty são um conjunto de linhas paralelas com inclinação de 23. Veja a figura 3.2b. c. Chris come um hambúrguer e em seguida toma uma cerveja.
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