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Introdução a pericia criminal

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Capítulo 1
Desde que o homem passou a conviver em sociedade surgiu a necessidade de es-
tabelecer uma forma de mediar os diferentes e, principalmente, antagônicos interesses 
que sobrevêm da vida em comunidade. Esses conflitos muitas vezes envolvem definições 
específicas, por exemplo, na área de Química, Medicina, Engenharia, entre outras. CapEz 
(2005) explana como surgiu a intervenção de terceiro na solução do conflito: 
[...] inicialmente com a escolha, pelos próprios conflitantes, de um árbitro impar-
cial. Essa escolha recaía, em geral, sobre sacerdotes, que julgavam de acordo com 
a vontade dos deuses, ou sobre anciãos, que decidiam de acordo com os costumes 
e tradições locais.
Modernamente o Estado racional exerce o poder com o monopólio da violência 
legítima e, no âmbito da Justiça, exige do juiz, “em parte, em nome de normas jurídi-
cas positivas, em parte, com base em teorias do direito, que fundamente suas decisões 
em análises científicas, em princípios materiais, na moralidade ou na equidade” (WEbEr, 
1999). Nesse contexto o Perito Criminal apresenta papel fundamental. Utilizando-se de 
conhecimentos gerados pelas Ciências Forenses, os peritos realizam as análises científi-
cas de vestígios de crimes que dão origem à prova material. No sistema de Justiça brasi-
leiro, seguindo tendência internacional, cada vez mais a prova material vem ganhando 
importância. Quando corretamente identificada e analisada, é a que melhor possibilita 
ao Judiciário a correta aplicação da lei. O objetivo do presente livro é apresentar uma 
introdução às Ciências Forenses, proporcionando aos operadores do Direito o máximo 
aproveitamento da prova material, de forma que ela seja explorada em sua plenitude, 
através da demanda adequada dos exames, maximizando a instrução do processo.
A Criminalística desenvolveu-se, em especial no último século e meio, no seio da 
polícia judiciária, levando a um senso comum de que tal matéria seria de interesse prin-
cipalmente policial. Esse raciocínio é um grande erro, pois é a Justiça a destinatária final. 
Aos operadores do Direito não cabe simplesmente apreciar a prova, mas sim questioná-
-la, demandar novos exames, apontar-lhe os vícios, e, conforme o caso, fortalecer ou 
descartar uma prova colhida na fase pré-processual, de forma a garantir que o conjunto 
probatório seja o mais completo e correto possível.
Evolução das Ciências Forenses
É inegável que a primeira ciência a emprestar seus serviços à Justiça foi a Medicina. 
Segundo França (1998), já no Império Romano havia relatos de médicos chamados pelos 
Introdução às ciências forenses
Jesus Antonio Velho 
Gustavo Caminoto Geiser 
Alberi Espindula
CiênCias Forenses – Uma introdUção às PrinCiPais Áreas da CriminalístiCa moderna
JesUs antonio Velho – GUstaVo Caminoto Geiser – alberi esPindUla
2
governantes para esclarecer as circunstâncias de mortes. Em 1532, com o Código Criminal 
Carolino, de Carlos V, surgiu a primeira lei exigindo a presença de técnicos para a interpre-
tação de vestígios criminais ligados à pessoa. Desde a aurora do Direito, portanto, é previsto 
que a opinião técnica deve ser solicitada em todos os casos em que puder esclarecer fatos.
Durante muito tempo, porém, a Medicina foi a única das ciências que prestou siste-
mática contribuição à Justiça e desenvolveu técnicas específicas às demandas legais, de 
forma a gerar o corpo de conhecimentos que hoje classificamos como “Medicina Legal”. 
Posteriormente, os médicos legistas (especializados na Medicina Legal) desenvolveram 
outras técnicas, como a interpretação dos vestígios em local de crime, a balística (visando 
a compreensão da dinâmica de um disparo de arma de fogo em um corpo humano), a 
identificação humana e outras, passando a utilizar análises químicas, físicas e biológicas, 
empregando os conhecimentos científicos para a aplicação da lei. Dessa forma, os médi-
cos legistas são os verdadeiros “inventores” da Criminalística Moderna, constituindo os 
primeiros a desenvolver essa ciência para atender demandas judiciais. Atualmente, a Me-
dicina Legal abrange diversas subdivisões e esta obra conta com três capítulos referentes 
a esse conhecimento: Antropologia Forense, Psicologia e Psiquiatria Forense, além de um 
capítulo introdutório à Medicina Legal.
Como o conjunto de conhecimentos aplicados visando o atendimento das demandas 
legais vem se tornando cada vez mais amplo, trazendo também outros especialistas (no-
tadamente os Químicos, em um primeiro momento), o termo Medicina Legal não mais 
comportava todos. Nascia, assim, a necessidade de um conceito mais amplo, que abrigasse 
todas as técnicas científicas a serviço da lei. Surge assim o conceito de Criminalística, ter-
mo cunhado pela primeira vez na Alemanha, pelo juiz de instrução hans Gross, em 1893, 
quando da edição de seu livro intitulado System der Kriminalistik. Em 1909, na universi-
dade de Lausanne, na Suíça, foi fundada a primeira cadeira dedicada às Ciências Forenses, 
iniciando os trabalhos de pesquisa voltados especificamente às demandas da Justiça. No 
Brasil, somente em 1947, durante o I Congresso Nacional de Polícia Técnica, em São Paulo, 
foi adotada a denominação de Criminalística. Neste congresso, foi acatada a definição de 
Criminalística proposta por dEl piCChia, como sendo a “disciplina que tem por objetivo o 
reconhecimento e interpretação dos indícios materiais extrínsecos, relativos ao crime 
ou à identidade do criminoso. Os exames dos vestígios intrínsecos (na pessoa) são da 
alçada Médico-Legal”, como se existissem diferentes regras, princípios e objetivos para as 
perícias realizadas no corpo humano ou em qualquer outro objeto.
Por questões relativas à busca de espaço, reserva de mercado e poder dentro das 
universidades e da recém-criada Polícia Técnica, os médicos-legistas e os demais peritos 
se distanciaram em “feudos” próprios, como se fossem atividades concorrentes e não 
complementares. Tal distanciamento, e mesmo pequenas rusgas, levaram por décadas a 
certo distanciamento entre a Medicina Legal e as demais áreas da Criminalística e persiste 
ainda hoje em alguns meios. Esse distanciamento foi um dos fatores que prejudicou o 
desenvolvimento e a expansão das Ciências Forenses no Brasil.
Visto sua evolução histórica, como definir o atual conceito de Ciências Forenses? É 
oportuno, para tanto, analisar as duas palavras-chave.
• Ciência, termo derivado do latim scientia (conhecimento) é, basicamente, o esfor-
ço humano em compreender o mundo. É quando o homem busca maneiras de en-
3Capítulo 1 – Introdução às CIênCIas Forenses
Jesus antonIo Velho – GustaVo CamInoto GeIser – alberI espIndula
tender os fenômenos que continuamente percebe; desenvolve teorias e métodos 
experimentais para compreender e antever os fenômenos e suas consequências. 
• Forense, por sua vez, é adjetivo usado para qualificar atividades que, de alguma 
maneira, se relacionem com os tribunais ou o sistema judiciário. Atualmente, re-
mete também à ideia de apresentação e interpretação de informações científicas 
junto à Justiça.
As Ciências Forenses, portanto, podem ser entendidas, de forma simplificada, como 
as ciências naturais aplicadas à análise de vestígios, no intuito de responder às demandas 
judiciais.
Inter-relação entre os Conceitos de Ciências 
Forenses, Criminalística e Perícia
As Ciências Forenses atuam no processo de geração e/ou transferência de conhe-
cimento científico e tecnológico em cada um dos ramos das ciências naturais, com a 
finalidade de aplicação na análise de vestígios, visando responder questões científicas de 
interesse da Justiça. Qualquer ciência empregada para responder a questionamentos ju-
rídicos ou passível de utilização para fins legais está inserida como um ramo das Ciências 
Forenses. É assim importante frisar que as Ciências Forenses são um grupo de diversas 
áreas que convergem em um mesmo fim. Não é uma ciência única e visa, em última ins-
tância, atender às demandas judiciais. Não se pode falar em uma estruturaou método 
específico para as Ciências Forenses, visto que cada campo do conhecimento tem seus 
próprios métodos.
Esse conhecimento científico gerado ultrapassa as barreiras da Justiça Criminal e 
pode auxiliar na análise de elementos materiais de interesse da Justiça de forma geral, 
incluindo as áreas cível e trabalhista. O resultado acumulado dos conhecimentos cien-
tíficos e tecnologias gerados pelas Ciências Forenses são agrupados em um sistema, a 
Criminalística, que estrutura e impõe regras de como bem aplicar esses conhecimentos, 
de uma forma precisa e segura, para responder aos preceitos legais.
GilbErto porto, em seu Manual de Criminalística, de 1959, coloca a Criminalística 
como um sistema, de acordo com o que também apresentou o fundador do conceito, 
hans Gross, em seu livro System der Kriminalistik, de 1893. Isso porque, segundo este 
autor, a Criminalística apenas sistematiza o uso de técnicas e metodologias de diversas 
ciências (Química, Física, Biologia) com regras precisas, de forma a servir ao interesse 
da Justiça. 
Já segundo o ilustre Professor Eraldo rabEllo, profissional que dedicou sua vida 
ao ensino de Criminalística e ao exercício da perícia criminal, Criminalística se con-
ceitua como:
[...] uma disciplina técnico-científica por natureza e jurídico-penal por destinação, 
a qual concorre para a elucidação e a prova das infrações penais e da identidade 
dos autores respectivos, por meio da pesquisa, do adequado exame e da interpre-
tação correta dos vestígios materiais dessas infrações.
CiênCias Forenses – Uma introdUção às PrinCiPais Áreas da CriminalístiCa moderna
JesUs antonio Velho – GUstaVo Caminoto Geiser – alberi esPindUla
4
Verifica-se nos principais dicionários que o termo disciplina geralmente é ligado ao 
esforço didático de transmissão de um conjunto de conhecimentos. “Sistema” é um con-
junto de elementos interconectados, de modo a formar um todo organizado, com deter-
minado objetivo. Considerando que a Criminalística é a organização de conhecimentos 
oriundos de diversas ciências, cabe, sem dúvida, classificá-la como sistema. Lembrando, 
porém, que sua finalidade última é a geração de respostas às questões técnicas formu-
ladas pela Justiça e transmissão destas para instruir um processo, insere-se também no 
conceito de disciplina por ter como fim último a transmissão de informações, seguindo 
determinado método e estrutura (exame e laudo pericial, respectivamente).
O diagrama a seguir ilustra essa questão, com os diversos ramos da ciência contri-
buindo para as Ciências Forenses, que, por sua vez, alimentam o sistema de Criminalísti-
ca, com suas técnicas e metodologias específicas para cada demanda.
Figura 1 – Inter-relação entre os diversos ramos da ciência, as Ciências Forenses 
e a Criminalística.
Atualmente os Institutos de Criminalística, muito mais que um conjunto de escritórios 
e laboratórios, possuem potencial para se tornarem verdadeiros centros de pesquisa em 
Ciências Forenses. De fato, diversas publicações científicas brasileiras na área já receberam 
contribuições de peritos que trabalham nesses Institutos. As imagens a seguir (Figura 2) 
ilustram o que era o Instituto de Criminalística do Departamento Federal de Segurança Pú-
blica (DFSP), (atual Departamento de Polícia Federal – DPF), na década de 1960, e como é 
hoje, com recursos humanos qualificados e o que há de mais moderno em equipamentos.
E o que é a Perícia Criminal? Segundo o Dicionário Aurélio, perícia tanto quer di-
zer habilidade, destreza, conhecimento quanto vistoria ou exame de caráter técnico e 
especializado. A partir das conceituações iniciais, podemos, portanto, definir a perícia 
como sendo expressão genérica que abriga a realização de diversos tipos de exames de 
natureza especializada, visando esclarecer determinado fato sob a ótica científica.
Se formos nos valer também da definição vernacular, encontraremos que perito 
é o profissional “experimentado, experiente, prático, sabedor ou especialista em de-
5Capítulo 1 – Introdução às CIênCIas Forenses
Jesus antonIo Velho – GustaVo CamInoto GeIser – alberI espIndula
terminado assunto”. Se analisarmos a partir dos regulamentos vigentes, porém, em 
especial os previstos no Código de Processo Penal (CPP), só podem realizar exames 
periciais profissionais que tenham formação acadêmica em nível de graduação, dentre 
outras regras ali estabelecidas.
Figura 2 – Instituto de Criminalística na década de 1960 
(acima) e fotografia do ano de 2010 do Microscópio 
Eletrônico de Varredura da Seção de Balística do 
Instituto Nacional de Criminalística (direita).
É a partir dessa exigência de escolaridade (donde o legislador pressupõe, em tese, 
que tal profissional é especialista) que somente os profissionais de nível superior podem 
realizar perícia, tanto na área criminal quanto na cível e trabalhista. Todavia, esses são 
parâmetros mínimos para o cumprimento da legislação, já que do perito muito mais é 
exigido no campo da especialização e prática profissional.
O perfil esperado do perito deve incluir boa cultura científica sobre os mais variados 
campos do conhecimento, de maneira que possa identificar possibilidades de exames, 
mesmo em áreas fora de seu ramo de especialização, buscando auxílio de outros espe-
cialistas em assuntos que não são de seu domínio específico. Deve conhecer também a 
legislação, de forma a saber o que se espera dele, e quais as regras a que ele se submete. 
E, claro, o perfil do perito exige que tenha como principal atributo profissional a espe-
cialização em determinada área das ciências e tecnologias.
Criminalística e Ciência
A utilização do método científico é a base da Criminalística, visto que tudo que é por 
ela analisado, com o apoio das diversas ciências, só se presta ao laudo pericial se preen-
CiênCias Forenses – Uma introdUção às PrinCiPais Áreas da CriminalístiCa moderna
JesUs antonio Velho – GUstaVo Caminoto Geiser – alberi esPindUla
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cher os requisitos científicos básicos, ou seja, se utilizar métodos comprovados, possíveis 
de serem testados, e que outros possam, fazendo os mesmos exames, chegar aos mesmos 
resultados. Diferencia-se assim do trabalho de investigação, que pode ser empírico e, 
muitas vezes, depende do talento e feeling do investigador. Assim, dois investigadores, 
ainda que baseados em um método, certamente tomariam rumos distintos na mesma in-
vestigação, o que não pode ocorrer na perícia, que deve se valer de metodologias claras 
e precisas, de forma a chegar a resultados igualmente claros e precisos.
Só se considera parte da Criminalística, portanto, os fatos que podem ser analisados 
por técnicas consideradas “científicas”. Surge, portanto, a pergunta: o que pode e o que 
não pode ser considerado “científico”?
No início, a relação do homem com a natureza era de assombro. Ele via os fenôme-
nos como manifestações divinas e sobrenaturais. Aos poucos foi percebendo que alguns 
fenômenos obedeciam a leis, ou seja, a princípios que sempre se repetiam. Passou a 
compreender, por exemplo, que os materiais tinham determinada resistência, sempre 
de acordo com sua natureza e condição. Surge assim a separação entre o que é conheci-
mento e o que é crença ou opinião, sendo o conhecimento o que se refere a fenômenos 
sistematizados de forma clara, possível de ser compreendido e aplicado da mesma forma 
por quem quer que seja, construindo o que hoje entende-se por ciência.
Atualmente, o método científico é baseado no teste de hipóteses. A partir de uma 
dada teoria, realizam-se experimentos e, verificando-se corretas as hipóteses, a teoria 
é aceita e passa a ser utilizada. Caso surjam novos questionamentos, são feitos novos 
ensaios e a teoria pode resistir aos novos questionamentos ou ser derrubada. Não há, 
portanto, nenhuma teoria permanente na ciência, todas estão continuamente sendo co-
locadas à prova.
Ainda assim, em alguns casos, o método de análise não permite que se chegue a uma 
resposta categórica sobre determinado assunto. Porém,se tal imprecisão for conhecida 
e constarem no corpo do laudo os limites dessa análise e de seu resultado, o resultado 
pode ainda servir aos interesses da Criminalística, visto que instrui o processo, ainda que 
parcialmente, quanto às características do objeto de perícia e às limitações para obter 
maiores informações.
É o caso, por exemplo, dos exames preliminares de constatação de drogas, descritos 
no capítulo de Química Forense. Sabe-se de antemão que a metodologia utilizada apre-
senta resultado positivo para determinadas substâncias diversas daquela que se busca, o 
chamado “falso positivo”. Conhecendo tais limitações e atendendo ao interesse da Justiça 
de ter uma resposta rápida para decidir quanto a um possível flagrante, optou-se por 
adotar esse procedimento, reservando, porém, a exames mais complexos, realizados em 
laboratório, a resposta definitiva quanto à substância em questão e, com ela, a decisão 
final quanto ao suposto crime relacionado à substância.
Como já foi dito, a Criminalística utiliza todo o conjunto da ciência para oferecer 
as respostas demandadas pela Justiça. A ciência avança e hoje é capaz de dar respostas 
precisas sequer imaginadas há 50 anos, como a definição inequívoca de paternidade, por 
meio dos exames de DNA.
Parte dos exames realizados no âmbito da Perícia Criminal vale-se de uma ciência já 
bastante desenvolvida em diversas áreas de aplicação, como a Química, com inúmeros 
7Capítulo 1 – Introdução às CIênCIas Forenses
Jesus antonIo Velho – GustaVo CamInoto GeIser – alberI espIndula
institutos de pesquisa nas mais diversas áreas e aplicações. Outros, como os relacionados 
à papiloscopia, estão restritos a poucos campos de aplicação além dos relacionados à 
Criminalística, como a identificação civil.
Em alguns casos, a metodologia para abordar determinados assuntos (exames) ain-
da não está consolidada. Cabe ao perito optar por um método e deixar claro no laudo 
sua opção por uma determinada metodologia em detrimento das demais. Isso é natu-
ral no campo da pesquisa científica, mas pode soar inadequado ao jurista, que espera 
uma resposta sólida aos seus quesitos. Assuntos como valoração de danos ambientais, 
por exemplo, possuem diversas metodologias, e, com elas, diversos resultados para um 
mesmo caso. Cabe ao perito deixar claro no laudo sua opção por uma determinada me-
todologia em detrimento das demais e aos operadores do Direito o debate sobre a mais 
adequada para o caso em tela. 
Surge então a pergunta: até que ponto podem as ciências forenses valerem-se de 
métodos ainda em fase de testes e desenvolvimento? Não é o laudo pericial apenas a 
afirmação indubitável de algo concluído com base em exames sólidos sobre os vestígios 
do crime? A resposta é não. Além do fato de que, no sistema judiciário brasileiro, o juiz 
conclui pela livre apreciação da prova, pode o perito se valer de qualquer metodologia 
tida como científica, desde que indique ser a mais adequada para o caso e possa explici-
tar suas limitações no corpo do laudo.
Cada vez mais a revisão ou simples discussão de laudos torna-se comum no processo 
penal brasileiro, assunto debatido em capítulo específico neste livro. Dada a rápida evolu-
ção das ciências em geral e das ciências forenses, especificamente, bem como da legislação 
acerca de assistentes técnicos das partes, que acompanham e verificam os exames dos peri-
tos, a revisão pode vir a ser ainda mais comum, sendo a perícia novamente realizada, à luz 
de novas técnicas, possibilitando novas respostas e garantindo o direito à defesa.
O desenvolvimento (ou aumento de complexidade) de nossa sociedade levou tam-
bém à maior complexidade dos tipos penais e dos conflitos patrimoniais e pecuniários. 
Assim, aumenta também a demanda por análises técnicas de fatos anteriormente tidos 
como menos relevantes. A história nos mostra que os primeiros técnicos chamados aos 
tribunais foram os médicos, para ajudar a estabelecer a causa mortis nas suspeitas de 
assassinato. Isso porque o assassinato é um dos primeiros crimes definidos como tal. 
Com isso, a ciência desenvolveu, desde há muito tempo, ferramentas para atender a essas 
demandas. Estas já foram testadas e discutidas, estando hoje relativamente consolidadas, 
ainda que sempre surjam novos conhecimentos que permitem agregar mais informações 
ao laudo pericial.
Já no mundo moderno, onde novas demandas vêm surgindo numa velocidade es-
pantosa, vemo-nos obrigados cada dia a inventar novas metodologias para a Criminalísti-
ca. Assim, a fonética forense, por exemplo, que visa entre outras coisas à individualização 
da voz humana, é um ramo novo da ciência. O que hoje escrevemos a seu respeito pode, 
em um futuro próximo, não ser mais considerado verdadeiro, pois ainda há muito a de-
senvolver e a discutir. Os processos de contestação técnica e de validação têm um longo 
caminho pela frente.
As técnicas utilizadas na Criminalística, portanto, como quaisquer outras técnicas 
científicas, devem ser colocadas à prova constantemente, desde que a contestação tam-
CiênCias Forenses – Uma introdUção às PrinCiPais Áreas da CriminalístiCa moderna
JesUs antonio Velho – GUstaVo Caminoto Geiser – alberi esPindUla
8
bém siga o rigor científico. O que então era considerado correto, caso não sobreviva à 
contestação, deve ser abandonado ou suplantado, caso surja outra metodologia mais 
eficiente. Assim, todo laudo é passível de contestação. Um bom exemplo é o chamado 
“teste do nitrito”, descrito no capítulo de Química Forense. Esse teste foi utilizado pela 
perícia durante muitos anos para verificar a recentidade de disparo de uma arma de fogo. 
Hoje, após inúmeros testes e experimentos para validação, é tido como não confiável e 
não mais é aceito pela Associação Brasileira de Criminalística.
A Perícia Cível e Criminal
A Perícia Cível
A perícia cível trata dos conflitos judiciais na área patrimonial e/ou pecuniária. O 
tipo de exame ou conhecimento científico a ser aplicado dependerá da necessidade espe-
cífica de cada exame que for realizado. Para fazer uma perícia cível, o profissional precisa 
ter formação universitária, preferencialmente na área em que o exame é solicitado, e ser 
devidamente registrado no respectivo Conselho Regional de fiscalização da categoria 
(quando houver). Como podemos observar, a execução da perícia cível é atividade liberal 
exercida por profissionais de nível superior, escolhidos – pelo juiz ou pelas partes – de 
acordo com a formação acadêmica específica para o exame a ser feito. Evidentemente, 
se não houver profissional com formação específica para determinado exame, a lei não 
impede que seja nomeado outro profissional, desde que tenha curso superior.
A Perícia Criminal
A perícia criminal trata das infrações penais, em que o Estado assume a defesa do 
cidadão, em nome da sociedade. Para fazer perícia criminal, o profissional deve ter nível 
superior e, no caso dos peritos oficiais, prestar concurso público específico (ser fun-
cionário público concursado). Existe hoje, por força da Lei nº 11.690/2008, a figura do 
Assistente Técnico, que participa da análise técnica do processo, a serviço das partes. Sua 
atuação está descrita em capítulo específico desta obra.
Quando, em uma investigação, observam-se vestígios materiais deixados pelo crimi-
noso, é obrigatório que estes sejam periciados, ou seja, submetidos ao exame de corpo 
de delito por força de dispositivos legais presentes no Código de Processo Penal (CPP), 
transcritos a seguir:
Estes dispositivos determinam que os vestígios de um crime sejam analisados pelo 
Perito Oficial e a penalidade para a ausência destes exames é a NULIDADE, como pode-
mos verificar no artigo 564 do CPP:
9Capítulo 1 – Introdução às CIênCIas Forenses
Jesus antonIo Velho – GustaVo CamInoto GeIser – alberI espIndula
Princípios e elementos de um Laudo Pericial
Objetivos Principais a Buscar (O Quê? Quem? Como?)
No âmbito do direito penal, a Criminalística, bem como a investigação, busca esta-
belecer ou provartrês questões fundamentais: 
1) A existência de um crime (O que aconteceu?): por meio dos conhecimentos 
científicos e das técnicas criminalísticas aplicadas a cada caso específico do 
tipo de perícia a ser feito, esclareceremos o que aconteceu. Ampliando a 
aplicação deste objetivo, claramente pode ser válida para todo tipo de pe-
rícia, inclusive a perícia civil e trabalhista. Referindo-nos à pergunta geral 
“o que aconteceu”, além do crime também buscaremos caracterizar o fato 
periciado, independente de ser crime ou não – no último caso, o fato cível 
ou trabalhista periciado.
2) A identidade do criminoso (quem?): Este objetivo é muito claro no seu próprio 
enunciado. Por meio das técnicas e conhecimentos científicos, a perícia deverá 
estabelecer a individualização do autor do crime. Ou, no caso da perícia cível 
em geral, quem deu causa ao fato periciado. De certa forma este tópico na pe-
rícia cível não toma grande importância, uma vez que na maioria dos casos essa 
resposta está automaticamente respondida nos autos do processo. 
3) Seu modus operandi (como?): Parte importante dentro de todo o universo da 
investigação para esclarecer determinado fato e, principalmente, chegarmos à 
identificação do seu autor. 
Suponha que alguém fraude um registro contábil para encobrir saída indevida de 
dinheiro, em um caso hipotético de crime que demande perícia contábil. A pessoa que 
praticar tal ilícito o fará da forma que julga mais fácil e que não seja descoberta. Utiliza-
rá, por exemplo, alguma máquina para autenticar o pagamento fictício de alguma guia 
de imposto. Nesse ato, teremos como elementos principais da caracterização a própria 
máquina utilizada e o local/forma no suporte (guia) onde foi “autenticado” o pagamento.
Quando o perito analisar tal documento, vai começar seu exame exatamente pelas 
características da autenticação naquela guia. Certamente, todos os aspectos relacionados 
à forma como tal documento foi produzido e autenticado serão minuciosamente anali-
sados, propiciando ao perito – pela análise do modus operandi – chegar a outros ele-
mentos para o esclarecimento total daquela situação. Pela observação criteriosa do modo 
como alguém realiza alguma coisa, portanto, poderemos chegar a outras informações 
importantes que completarão o conjunto das ações que envolveram tal fato.
CiênCias Forenses – Uma introdUção às PrinCiPais Áreas da CriminalístiCa moderna
JesUs antonio Velho – GUstaVo Caminoto Geiser – alberi esPindUla
10
Vestígio, Evidência e Indício
Os peritos criminais, ao examinarem um local de crime (ou ao procederem a qual-
quer outro tipo de exame pericial), procurarão todos os tipos de objetos, marcas ou 
sinais sensíveis que possam ter relação com o fato investigado. Todos esses elementos, 
individualmente, são chamados de vestígios. Para que o vestígio exista é necessário que 
haja o agente provocador, o suporte e o vestígio em si. O agente provocador é quem 
produziu o vestígio – ou contribuiu para tal. O suporte é o local onde foi produzido 
tal vestígio, já que estamos falando de algo material. E o vestígio nada mais é do que o 
produto da ação do agente provocador. Assim, podemos dizer que vestígio é tudo o que 
encontramos no local do crime que, depois de estudado e interpretado pelos peritos, 
possa vir a se transformar – individualmente ou associado a outros − em prova. Apesar 
dessa ampla compreensão técnica da palavra vestígio para a Criminalística, este termo 
tem seu significado vernacular mais restrito, estabelecido apenas como sinal deixado 
pela pisada, tanto do homem como de qualquer animal.
Todos os vestígios encontrados em um local de crime, num primeiro momento, são 
importantes e necessários para elucidar os fatos. Na prática, o vestígio é assim chamado 
para definir qualquer elemento material que possa ter alguma relação com o crime. Por 
exemplo, copos quebrados em uma cena de crime são vestígios presentes no local, mas 
não necessariamente estão relacionados ao fato em apreço, visto que esses copos podem 
ter caído acidentalmente, em momento anterior ou até posterior ao suposto crime.
Não é possível, no entanto, no local dos fatos, os peritos procederem a uma análise 
individual de todos os vestígios para saber de sua importância e se estão ou não relacio-
nados com o crime. Somente durante os exames nos Institutos de Criminalística é que os 
peritos terão condições de proceder a todas as análises e exames complementares que 
se fizerem necessários e, com isso, saber quais os vestígios que verdadeiramente estarão 
relacionados com o crime em questão.
Alguns desses vestígios são visíveis a olho nu, outros dependem de equipamento es-
pecífico ou outro método para serem percebidos. Alguns dependem ainda de sua correta 
identificação para serem considerados. Todos eles, porém, são apenas vestígios, havendo 
necessidade de análise e de interpretação do perito para seu aproveitamento na instru-
ção do processo. Abaixo, exemplos de vestígios de natureza bastante diversa.
Figura 3 – Vestígios de natureza diversa. Da esquerda para a direita: vegetal semelhante à Canabbis sativa, 
fechadura danificada (possivelmente arrombada), elemento de segurança visível somente quando exposto à luz 
ultravioleta em suporte de Cédula de Identidade.
Ao final desses exames complementares, somente aqueles vestígios realmente rela-
cionados com a ocorrência do crime serão aproveitados pelos peritos para subsidiar suas 
conclusões.
11Capítulo 1 – Introdução às CIênCIas Forenses
Jesus antonIo Velho – GustaVo CamInoto GeIser – alberI espIndula
Evidência e Indício
Como estamos tratando de vestígio no contexto do exame pericial, temos que tam-
bém discutir o significado dos termos evidência e indício. Conforme vimos no tópico ante-
rior, o vestígio é o material bruto que o perito constata no local do crime ou que integra o 
conjunto de um exame pericial qualquer. Somente após examiná-lo adequadamente é que 
os peritos poderão saber se aquele vestígio está ou não relacionado ao evento periciado.
No momento em que os peritos chegarem à conclusão que tal vestígio está – de fato 
– relacionado ao evento periciado, ele deixará de ser vestígio e passará a denominar-se 
evidência. A evidência, segundo definição do dicionário, significa: “qualidade daquilo 
que é evidente, que é incontestável, que todos veem ou podem ver e verificar”. Desse 
modo, no conceito criminalístico, evidência significa qualquer material, objeto ou infor-
mação que esteja relacionado com a ocorrência do delito no campo da materialidade.
O vestígio é, portanto, o material bruto constatado e/ou recolhido no local do crime. 
A evidência é o vestígio analisado e depurado, tornando-se uma prova por si só ou em 
conjunto, para ser utilizada no esclarecimento dos fatos.
Essas duas nomenclaturas (vestígio e evidência) tecnicamente são usadas no âmbito da 
perícia. No entanto, tais informações tomam o nome de indícios quando tratadas na fase 
processual, uma vez que o próprio Código de Processo Penal os define em seu artigo 239: 
É claro que nessa definição legal do que seja indício estão, além dos elementos 
materiais, outros de natureza subjetiva, ou seja, todos os demais meios de prova. A pa-
lavra indício também está muito próxima das outras quanto ao significado vernacular, 
considerando a aplicação na Criminalística: sinal aparente que revela alguma coisa de 
uma maneira muito provável. Por causa dessa compreensão muitos peritos empregam 
a palavra indício no lugar de vestígio ou de evidência.
Resumindo a presente discussão, podemos concluir sucintamente que:
• Vestígio é todo objeto ou material bruto constatado e/ou recolhido em local de 
crime ou presente em uma situação a ser periciada e que será analisado poste-
riormente.
• Evidência é o vestígio que, após as devidas análises, tem constatada, técnica e 
cientificamente, sua relação com o fato periciado.
• Indício é expressão utilizada no meio jurídico que significa cada uma das infor-
mações (periciais ou não) relacionadas como conjunto probante.
Apesar dessas diferenciações conceituais entre as três expressões, é comum obser-
varmos a utilização indistinta das três palavras como se fossem sinônimos.
O Laudo Pericial
O laudo pericial é o documento no qual os peritos expõem todo o roteiro dos 
exames periciais realizados, descrevem as técnicas e métodos científicos empregados e 
emitem a conclusão. É, portanto, um documento técnico-formal que exprime o resultado 
do trabalho dos peritos.
CiênCias Forenses – Uma introdUção às PrinCiPais Áreas da CriminalístiCa moderna
JesUs antonio Velho – GUstaVo Caminoto Geiser – alberi esPindUla
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Vale ressaltar que um exame pericial pressupõe um trabalho de natureza eminente-
mente técnico-científica e da maior abrangência possível. É, portanto, trabalho (exame 
pericial) levado a efeito por especialistas (peritos) que têm obrigação de dar a maior 
abrangência possível ao exame.
Sabe-se que um exame pericial deve se pautar pela mais completa constatação do 
fato, análise e interpretação e, como resultado final, as conclusões resultantes da inter-
pretação dos resultados dos exames. Os peritos não devem se restringir ao que lhes for 
perguntado ou requisitado, mas devem estar sempre atentos a outros fatos que possam 
surgir no transcorrer de um exame que tenham relação com o fato em tela.
O laudo pericial é, portanto, o resultado final de um completo e detalhado trabalho 
técnico-científico, levado a efeito por peritos, cujo objetivo é o de subsidiar a Justiça 
em assuntos onde existem vestígios a serem analisados. Apesar de não ser uma regra 
rígida, podemos dizer que o laudo pericial tem como destinatário final a Justiça. No caso 
da justiça criminal, por força do artigo 178 do Código de Processo Penal, o laudo sempre 
terá como destinatário final a Justiça.
Laudo pericial criminal (Laudo Oficial)
O laudo pericial que se destina à Justiça Criminal tem como suporte uma série de 
formalidades e de regulamentos emanados, principalmente, do Código de Processo Pe-
nal, que o diferencia em vários aspectos daqueles destinados à Justiça Cível.
A principal característica do laudo pericial criminal é que todas as partes integrantes 
do processo dele se utilizam, pois é peça técnica-pericial única, determinada a partir do 
artigo 159 do CPP. Como vemos, qualquer necessidade de perícia no âmbito da Justiça 
Criminal deve ser atendida por peritos oficiais – aqueles profissionais de nível superior 
ingressos no serviço público mediante concurso, com a função específica de fazer perícias.
Em razão de ser prestação jurisdicional emanada do Estado, reveste-se da oficialida-
de e publicidade, sendo o laudo oficial parte do inquérito policial e, posteriormente, do 
processo criminal, seu destinatário final.
Para que a perícia seja válida e eficiente é fundamental que o laudo pericial seja com-
preendido e assimilado. Dentro do contexto de investigação, portanto, tão importante 
quanto esclarecer um fato é conseguir transmiti-lo com precisão, permitindo sua compre-
ensão também por aqueles que não são especialistas no assunto. A credibilidade de um 
laudo está diretamente ligada ao seu desenvolvimento, clareza, precisão e coerência.
• Um laudo vai muito além de um documento pessoal. Por esse motivo, devem-
-se utilizar formas convencionadas de descrição, palavras simples e eficientes, 
também se valendo de termos técnicos que possam indicar com precisão o fato 
descrito. A riqueza de detalhes da descritiva é importante, porém sem tornar o 
relato rebuscado, prolixo ou cansativo. Para a maioria dos doutrinadores, o laudo 
pericial deve ser elaborado com a seguinte estrutura básica:
I. Preâmbulo: discrimina título e subtítulo do laudo; hora, data e local em 
que foi elaborado o laudo pericial; o nome do instituto ou órgão de pe-
rícia do qual é originário; a data da requisição e/ou solicitação; nome da 
autoridade que requisitou; nome do diretor do órgão pericial e dos peritos 
signatários. Transcreve-se também, literalmente, os quesitos apresentados 
pela autoridade requisitante.
13Capítulo 1 – Introdução às CIênCIas Forenses
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II. Histórico: relata pequeno histórico da requisição, bem como síntese do 
fato que originou a requisição.
III. Objetivo: descreve quais objetivos motivaram a realização da perícia, que 
geralmente refletem os quesitos formulados pela autoridade requisitante 
da perícia. 
IV. Exames periciais: descrição de todas as técnicas e os métodos empregados 
para realização dos exames periciais, bem como dos resultados obtidos.
V. Considerações técnicas ou discussão (se necessário): na maior parte 
das vezes, a partir dos exames periciais pode-se partir para a conclusão 
do laudo de forma clara. Porém, em certos casos há a necessidade de co-
tejar fatos, de analisá-los e de dissipar dúvidas. Por meio da discussão 
asseguram-se conclusões lógicas, afastando as hipóteses capazes de gerar 
confusão. Enfim, relatam-se neste tópico as análises e interpretações das 
evidências constatadas e respectivos exames, de maneira a facilitar a com-
preensão e entendimento por parte dos usuários do laudo pericial.
VI. Conclusão ou resposta aos quesitos: A conclusão pericial dever ser, obri-
gatoriamente, uma consequência natural do que já fora argumentado, ex-
posto ou demonstrado nos tópicos anteriores do laudo. Mesmo que não 
seja possível uma conclusão categórica em determinada perícia, deverá 
constar no laudo o tópico correspondente e nele ser informada a impossi-
bilidade de conclusão face a motivos que devem ser relacionados (exigui-
dade de vestígios, falta de preservação, etc.) de forma clara e explicativa. 
Em alguns casos os peritos terão condições de eliminar algumas hipóteses 
e, com isso, delimitar o trabalho dos investigadores. A eliminação de algu-
mas dessas possibilidades é, na verdade, uma conclusão pela exclusão.
VII. Fecho ou encerramento: relata a finalização do laudo, indicando o núme-
ro total de páginas do documento e que estas seguem numeradas e rubri-
cadas pelos peritos subscritores, terminando com o nome do(s) perito(s) 
e respectiva(s) assinatura(s).
Foi apresentada a estrutura básica da maioria dos laudos periciais. Quando se anali-
sa cada área da Criminalística (química forense, documentoscopia, balística forense, por 
exemplo), no entanto, bem como os laudos emitidos pelos diferentes centros de perícias 
criminais do Brasil, observa-se que alguns desses itens são diferentes entre os laudos. 
Eles não reproduzem exatamente a estrutura apresentada acima. Isso porque o perito 
não precisa ficar restrito aos itens apresentados anteriormente, podendo, a seu critério e 
conforme o caso específico, criar outros itens no laudo, tais como Exames Complemen-
tares, Da Remoção do Cadáver, entre outros.
Além das características mencionadas, é importante frisar que o Laudo é um do-
cumento técnico-científico e, como tal, deve apresentar termos exatos, breves e claros. 
Deve-se evitar a adjetivação em excesso, por exemplo: “trata-se de uma corda forte e bo-
nita”. Em criminalística, deve-se conceituar um objeto buscando sempre a definição real, 
sua natureza e sua propriedade essencial, tal como: “trata-se de um cabo trançado por 
tantos feixes de fibra X, com cerca de Y de diâmetro, de tal comprimento, com resistência 
à tração de não menos que W Kg, de cor tal, popularmente denominada corda, tal que 
pode ser utilizada como instrumento para tal finalidade”.
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Outro ponto importante na construção de um laudo pericial diz respeito a ilustra-
ções, fotografias, croquis e esquemas que facilitam a compreensão daquilo que se quer 
transmitir, devendo ser utilizados sempre que possível. Como dizem no jargão da Crimi-
nalística: “Uma foto vale por mil palavras”.
Conclusão Pericial
A conclusão pericial é o desfecho final de todo o trabalho que os peritosvenham a 
desenvolver durante a realização dos exames de uma determinada perícia. Para cada área 
de atuação, vamos encontrar as nuanças e abordagens características na formulação da 
respectiva conclusão. Dessa forma, para qualquer tipo de perícia existem regras básicas 
que devem ser seguidas para a formulação de uma conclusão pericial coerente com os 
elementos materiais analisados. Devemos considerar também as peculiaridades de cada 
uma dessas regras para possibilitar a interpretação final e completa sobre aquele tipo de 
perícia de que estejamos tratando.
O perito tem fé pública naquilo que afirma em seu laudo, porém não podemos 
partir do pressuposto de que, por isso, ele não precisa dar maiores explicações sobre 
os fatos periciados. Na realidade não se trata de explicações, mas de fundamentação 
técnico-científica. Ao chegarmos ao item do laudo destinado à conclusão, o leitor/usuá-
rio já deverá ter quase a certeza do que irá encontrar sobre a conclusão daquela perícia, 
em razão da correta descrição de todos os exames realizados e das respectivas análises e 
interpretações que tenha encontrado no corpo do laudo.
Também é salutar esclarecer que o perito nem sempre conseguirá reunir os elemen-
tos necessários para uma conclusão pericial, seja por exiguidade de vestígios ou até por 
destruição deles em razão de preservação inadequada. Por isso, existem conclusões en-
fáticas, excludentes e de probabilidade, além das situações onde não há elementos que 
permitam se chegar a uma conclusão. Tais tipos são mais bem descritos a seguir.
Conclusão enfática
Para estabelecer uma conclusão pericial devemos partir do campo das possibilida-
des. Observem que esse universo de possibilidades é muito amplo, todavia, para que 
seja estabelecida uma conclusão pericial enfática. Dentro do que a técnica criminalís-
tica exige, somente poderá restar uma possibilidade para aquele evento que o perito 
estiver analisando.
Inicialmente, se formos devanear pela dimensão da ciência, poderemos achar que 
será muito difícil estabelecer uma conclusão dentro dessa regra tão rígida. De fato, a 
regra é rígida, mas a ciência tem condições de subsidiar o perito com as ferramentas 
necessárias. Assim, para chegarmos a essa única possibilidade, temos apenas duas si-
tuações capazes para tal.
A primeira situação será quando, no conjunto das evidências (ou vestígios, termi-
nologia mais utilizada no universo da Criminalística) constatadas e examinadas, tiver-
mos uma que, por si só, seja determinante. Obviamente a evidência determinante, 
nesse caso, deve estar caracterizada por sua condição autônoma associada ao seu signi-
ficado no evento periciado, conforme já comentamos em tópico anterior.
A segunda será quando os peritos reunirem duas ou mais evidências, não determinan-
tes individualmente, mas que, no seu conjunto de informações técnico-científicas, levem a 
15Capítulo 1 – Introdução às CIênCIas Forenses
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uma única possibilidade. Nesse caso, terão informações suficientes para respaldar as suas 
afirmações quanto à conclusão pericial categórica, a exemplo da primeira situação.
Fora dessas duas situações, não há que se falar em chegar a uma possibilidade, pois 
não existe nenhuma. Os peritos só podem concluir um fato periciado, portanto, se reu-
nirem essas condições de forma irrefutável e comprovável cientificamente.
Conclusão excludente
Existem várias situações em que, apesar da quantidade ou variedade de evidências, 
mesmo analisando-as em seu conjunto, não será possível chegar a uma definição quanto 
à conclusão pericial. Nesse caso, os peritos não poderão fazer qualquer afirmação conclu-
siva, pois haverá mais de uma possibilidade técnico-científica para aquele evento. Em não 
sendo possível estabelecer uma conclusão pericial, porém, restarão alternativas também 
importantes que podem auxiliar no contexto geral das investigações e, posteriormente, à 
Justiça. Referimo-nos ao que se poderia caracterizar uma conclusão invertida, ou seja, o 
que chamamos de conclusão excludente. 
Na perícia criminal, analisando a morte de uma pessoa, por exemplo, poderemos 
encontrar quatro situações: morte natural, acidente, suicídio ou homicídio. Se os peritos, 
ao analisarem a situação, eliminarem totalmente as possibilidades de morte natural e de 
acidente, chegarão à conclusão de que aquela morte não ocorreu por morte natural ou 
acidente. Foram excluídas, portanto, essas duas possibilidades. 
Em um exemplo, valendo-nos de alguma situação de perícia contábil, vejamos um 
caso em que se apresente uma fraude por pagamento fictício de débito. Apresentar-se-ia, 
então, como situação possível: primeiro que o pagamento ocorreu verdadeiramente; a 
segunda seria que o pagamento fora, de fato, fictício e praticado pelo funcionário da em-
presa; a terceira situação seria que tal fato ilícito fora realizado por alguém no escritório 
de contabilidade; e, por último, que tenha ocorrido o desvio por ação do próprio funcio-
nário do banco. Se os peritos, ao analisarem a situação, chegarem à determinação de que 
o pagamento não ocorreu, teremos assim a conclusão de exclusão sobre a efetividade da 
quitação do débito. Continuando no exemplo, poderão também determinar que tal fato 
não envolve o banco, excluindo, assim, mais uma possibilidade. Ficariam, então, apenas 
duas possibilidades restantes para que, por outros meios de esclarecimento, se chegasse 
ao verdadeiro autor do delito.
Dessa forma, será muito comum nos exames periciais encontrarmos casos em que, 
mesmo não havendo conclusão enfática do caso, os peritos poderão excluir hipóteses 
plausíveis. Certamente essas conclusões, que forem excluídas do conjunto de possibili-
dades, vão facilitar a continuidade das análises (objetivas ou subjetivas) para o esclareci-
mento total da situação em questão.
Considerações de probabilidade e impossibilidade 
de conclusão
As duas situações que vamos discutir a seguir dizem respeito àqueles casos em que 
os elementos materiais disponíveis à perícia são extremamente exíguos. Chamamos a 
atenção, entretanto, para a importância de o perito analisar com toda a minúcia possível 
e carrear para o seu laudo todo tipo de informação que seja aproveitável no contexto de 
utilização de outros meios para o esclarecimento daquele caso.
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Considerações de probabilidade
Existirão casos nos quais os vestígios serão insuficientes para que os peritos che-
guem a possíveis diagnósticos e, portanto, se limitarão a indicar mera probabilidade para 
um dos possíveis diagnósticos. Encontraremos situações em que os vestígios encontra-
dos não serão capazes de embasar sequer a eliminação de alguma das possibilidades le-
vantadas na investigação, restando – de acordo com os dados técnico-científicos reunidos 
e analisados – apenas maior probabilidade para uma dessas possibilidades focalizadas.
Então, os peritos devem analisar profundamente todos os fatos e discutirem em seus 
laudos todo esse universo dos exames, em que deverão levantar essas probabilidades 
de diagnóstico (conclusão). Devem sempre deixar muito claro que não se trata de uma 
conclusão e sim de mera probabilidade de resultado possível, o que, obrigatoriamente, 
deverá ser complementado por outros meios de esclarecimento daquele caso, visando o 
resultado enfático, que não estará mais na alçada da perícia. Outro fato para o qual cha-
mamos a atenção é a necessidade de que o perito seja um pouco mais prolixo em suas 
argumentações para explicar tal probabilidade, tendo sempre o cuidado de ser muito 
claro em seu texto para não causar dúvidas de interpretação pelos usuários do laudo.
Impossibilidade de conclusão
De forma mais rara, mas possível, podemos dizer que haveria ainda uma situação em 
que a pouca quantidade de elementos a serem examinados (vestígios) é tamanha que osperitos se limitarão a informar no laudo a impossibilidade de concluir o evento periciado 
face à exiguidade de vestígios. Apesar de não haver conclusão nesse caso, muitos laudos 
são expedidos dessa forma. Alertamos os peritos que essa situação pura e direta somen-
te deverá ser utilizada quando – de fato – os vestígios forem insuficientes. Como vimos 
até aqui, para que os peritos realizem um exame satisfatório do ponto de vista técnico-
-pericial, deverão observar uma série de requisitos e procedimentos técnicos, a fim de 
que possam – ao final – chegar à plenitude de um resultado possível.
Perícia e Limites da Materialidade
A perícia, independente de sua aplicação criminal, cível ou trabalhista e aplicável a 
qualquer área do conhecimento científico, deve se pautar rigorosamente por um limite 
muito claro: o limite da materialidade.
Quando os peritos realizam uma perícia, é fundamental que tenham em mente que 
o processo de esclarecimento sobre os fatos analisados pode vir de outras fontes que não 
aquelas da própira perícia, uma vez que esta deve realizar seu trabalho exclusivamente a 
partir de elementos materiais que possam ser analisados objetivamente. O perito pode, 
evidentemente, valer-se de informações subjetivas (testemunhos, entrevistas, etc.) den-
tro de seu trabalho, desde que essas sirvam apenas para chegar à materialidade. Essa 
regra é importantíssima como forma de preservar a realização de exames periciais basea-
dos exclusivamente em elementos objetivos e que possam ser trabalhados e analisados a 
partir da aplicação de conhecimentos científicos compatíveis para cada caso.
A subjetividade assessória
Lembrando que a regra básica para a realização de perícia é o limite da materialidade 
de seus elementos, mais recentemente observamos alguns estudos e pesquisas sobre a 
17Capítulo 1 – Introdução às CIênCIas Forenses
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extensão do trabalho pericial a partir da consideração de elementos subjetivos (não ma-
teriais) para a interpretação de situações diversas.
Na verdade, não se trata de incorporar elementos subjetivos à perícia, mas de utilizar 
o contexto pericial para ir além dessa perícia e fazermos considerações e interpretações 
subjetivas para buscar um resultado adicional que possa auxiliar a investigação e o pro-
cesso judicial. Todavia, essas interpretações devem estar inseridas em uma razoabilidade 
científica que assegure um resultado de convicção técnica, mesmo que seja subjetivo. 
Para melhor entendimento, vejamos o exemplo de uma reprodução simulada. Ao tomar-
mos a versão de uma pessoa no local dos fatos, essa ação é subjetiva (a versão), mas a 
interpretação de coerência e veracidade será verificada a partir dos elementos materiais 
encontrados durante os exames periciais.
Questões para Análise
1) A Criminalística é uma disciplina jovem que surgiu no seio da Medicina Legal. Atual-
mente, muitos dos objetos de estudo da Medicina Legal entrosam-se de tal forma aos 
da Criminalística que, em muitos aspectos, torna-se difícil afirmar a qual disciplina 
pertence esse ou aquele conhecimento. Ao comentar essa situação, rabEllo, fazendo 
referência à separação dos campos de atuação da Criminalística e da Medicina Legal, 
afirma: “assim, quanto a esta parte, até a Medicina Legal está compreendida na de-
finição moderna de Criminalística”. Assinale a alternativa que apresenta o conceito 
correto de Criminalística e que melhor ilustra o comentário de rabEllo.
a) Disciplina que tem por objetivo o reconhecimento e interpretação dos indícios 
materiais extrínsecos relativos ao crime ou à identidade do criminoso. Os exa-
mes dos vestígios intrínsecos (na pessoa) são da alçada da Medicina Legal.
b) Disciplina técnico-científica por natureza e jurídico-penal por destinação, a qual 
concorre para a elucidação e a prova das infrações penais e da identidade dos 
autores respectivos, por meio da pesquisa, do adequado exame e da interpreta-
ção correta dos vestígios materiais dessas infrações.
c) Disciplina que estuda a fenomenologia do crime.
d) Disciplina auxiliar do Direito Penal que se ocupa com a descoberta e verificação 
da ocorrência de crime.
2) Um processo criminal criteriosamente bem elaborado – egresso de um inquérito 
policial responsavelmente construído – é garantia de maior segurança na concretiza-
ção da Justiça, buscada por tantos e, lamentavelmente, nem sempre encontrada por 
todos. Abaixo, assinale a alternativa que não contém erro.
a) É dominante na doutrina o entendimento de que, mesmo se o rompimento de 
obstáculos deixa vestígios, não se torna necessária a realização de perícia para 
sua constatação, não resultando, pois, que a ausência de perícia fará rejeitada a 
qualificadora ou desclassificará o crime para a modalidade.
b) Os exames de corpo de delito e as outras perícias poderão ser realizados por 
apenas 1 (um) perito, mesmo não sendo oficial, desde que a perícia ocorra na 
fase judicial – o que dispensa, inclusive, o compromisso legal do perito.

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