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_REVISIONAL_DE_LITERATURA_-_2020_-_formatado

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REVISIONAL DE LITERATURA 
1º. ANO – ENSINO MÉDIO 
 
PISM 2011 
 
QUESTÕES OBJETIVAS 
 
1. Leia o poema abaixo e responda à questão. 
 
 
 
 (CAMPOS, Augusto de. Viva Vaia. Poesia (1949-1979). São Paulo: Duas cidades, 1979, p. 119.) 
 
O poema se estrutura pelo jogo estabelecido com apenas duas palavras. Sobre essa construção, é 
possível ler uma crítica 
 a) social, evidenciando a relação entre burguesia e subalternos. 
b) à quantidade de lixo produzida pela sociedade capitalista. 
c) ao modo de se fazer poesia até então, sem nenhum experimento com a linguagem. 
d) à despretensão linguística da poesia praticada pelos poetas tradicionais. 
e) ao grafismo, pois o resultado final das letras rebuscadas do poema é o lixo. 
 
 
Leia os poemas abaixo para responder à questão: 
 
I) Vivemos como casal 
 você trabalha demais, 
 me sustenta, 
 proíbe isso e aquilo 
 exige a casa arrumada, 
 quer almoço à uma hora, 
 o jantar às sete e meia, 
 sobremesas variadas... 
 com teus caprichos concordo, 
 e por vingança, te engordo 
 (MICCOLIS, Leila. Sangue cenográfico. Rio de Janeiro: 
Blocos, 1997, p. 48.) 
 
II) Happy end 
 o meu amor e eu 
 nascemos um para o outro 
 agora só falta quem nos apresente 
 (CACASO. Beijo na Boca e outros poemas. São Paulo: 
Brasiliense, 1985, p. 27.) 
 
III) Ciúmes 
 Tenho ciúmes deste cigarro que você fuma 
 Tão distraidamente. 
 (CESAR, Ana Cristina. A teus pés. São Paulo: 
Brasiliense, s/d, p. 31.) 
 
IV) você está tão longe 
 que às vezes penso 
 que nem existo 
 nem fale em amor 
 que amor é isto 
(LEMINSKI, Paulo. La vie en close. São Paulo: Brasiliense, 
1991, p. 32.) 
 
V) É proibido pisar na grama 
 O jeito é deitar e rolar 
 (CHACAL. Drops de abril. São Paulo: Brasiliense, 1983, 
p. 90.) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2. A Poesia Marginal foi um movimento cultural fundado na década de 70, que buscava formas 
alternativas de se expressar em meio à ditadura militar. Com a leitura dos poemas em questão, pode-se 
afirmar que o principal ponto em comum entre eles é: 
 a) defender que há possibilidade de se fazer poesia com número reduzido de palavras. 
b) lamentar a falta do verdadeiro amor na vida corrida das grandes cidades. 
c) debochar dos temas sérios das sociedades modernas como o amor e o respeito. 
d) tematizar questões do cotidiano, com uma linguagem aparentemente informal. 
e) reafirmar as crenças, os valores e os costumes da sociedade na qual se inserem. 
 
 
Leia o texto abaixo para responder às questões 03 e 04. 
 
Dôia ficava olhando da janela. Como Dôia podia voar, puseram grades na janela, não eram grades como 
as das cadeias, eram pintadas de verde. Com a ponta da unha, Dôia arranhava as grades, a cada manhã, 
para nunca perder a conta dos dias que estava ali. Já havia 38 arranhões, como esmalte descascando 
na unha, nas grades verdes. À noite a vista era mais bonita da janela e Dôia via as luzes da cidade. Lá 
longe, onde a cidade acabava, parecia haver um mar, com navios chegando. Dôia gostava de olhar o 
anúncio Luminoso da Coca-Cola e certas noites o único consolo de Dôia era aquela garrafa enchendo 
um copo de Coca-Cola. Dôia se imaginava usando uma calça Lee desbotada e tomando uma Coca-Cola 
num barzinho ao ar livre, onde cresciam samambaias longas como os cabelos de Dôia. 
(DRUMMOND, Roberto. “Dôia na janela”. In: A morte de D.J. em Paris. São Paulo: Ática, 1983, p.21.) 
 
 
3. Os elementos que explicitamente se destacam, do ponto de vista temático, no fragmento destacado 
são: 
a) o comodismo e a utopia. 
b) a violência e a liberdade. 
c) a loucura e o consumismo. 
d) a inocência e o sonho. 
e) o desejo e o desprendimento. 
 
 
4. A construção do nome da personagem, Dôia, apresentada no fragmento, é realizada a partir de 
sugestões de 
sentido que se elaboram através da: 
a) semântica e morfologia. 
b) morfologia e sintaxe. 
c) sintaxe e fonética. 
d) estilística e sintaxe. 
e) fonética e semântica. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5. Leia o trecho abaixo para responder à questão. 
 
14 de julho 
Durante a noite o laptop travou de novo, quando fui desligá-lo depois de escrever que ele estava se 
comportando direitinho. Hoje fui à tal loja de informática, e o técnico ficou quase duas horas testando 
enquanto eu almoçava e rodava as farmácias da cidade, tentando achar a minha marca de xampu. Voltei 
à loja – e a maquininha não deu tela azul nem uma vez. O técnico disse que se der pau de novo posso 
procurá-lo, mesmo que não seja hora do expediente, e me deu o telefone da casa dele. Creio que essa 
firma de informática não está exatamente inundada de serviço. 
O tal técnico é um garoto, vinte anos no máximo. Tem cara de índio – o que é curioso, numa cidade onde 
todo mundo ou é branquelo ou é negro retinto. Mais curioso ainda é ouvir expressões como “touch pad” 
e “memória RAM” pronunciadas por um índio com o mais arretado sotaque caipira. Na loja de informática 
tem um posto da internet; dez minutos de navegação custam cinco reais. Aproveitei para checar minha 
correspondência (no hotel não tenho onde conectar meu laptop na internet; lá ninguém faz ideia do que 
seja isso). Não tinha nenhuma mensagem importante. 
(BRITTO, Paulo Henriques. “Os sonetos negros”. In.: _____. Paraísos artificiais. São Paulo: Cia das Letras, 2004, pp. 83-84.) 
 
 
O conto de que se retirou esse trecho é construído como um diário em que o narrador registra o que 
pensa e observa. O fragmento transcrito permite caracterizar de forma muito clara o narrador, do ponto 
de vista de sua inserção social. O elemento que melhor permite essa caracterização é: 
a) seus hábitos de consumo. 
b) o fato de escrever um diário. 
c) a caracterização do técnico. 
d) o hábito de viajar muito. 
e) o fato de trabalhar à noite. 
 
 
 
 
QUESTÕES DISCURSIVAS 
 
1. Leia o texto abaixo para responder à questão. 
 
Panis et Circenses 
Eu quis cantar 
Minha canção iluminada de sol 
Soltei os panos sobre os mastros no ar 
Soltei os tigres e os leões nos quintais 
Mas as pessoas da sala de jantar 
São preocupadas em nascer e morrer 
Mandei fazer de puro aço luminoso um punhal 
Para matar o meu amor e matei 
Às sete horas na avenida central 
Mas as pessoas da sala de jantar 
São preocupadas em nascer e morrer 
Mandei plantar 
Folhas de sonho no jardim do solar 
As folhas sabem procurar pelo sol 
E as raízes procurar, procurar 
Mas as pessoas na sala de jantar 
Essas pessoas na sala de jantar 
São as pessoas da sala de jantar 
Mas as pessoas na sala de jantar 
São preocupadas em nascer e morrer 
Essas pessoas na sala de jantar 
Essas pessoas na sala de jantar 
Essas pessoas na sala de jantar 
Essas pessoas ... 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
No texto “Panis et Circense”, pode-se dizer que a crítica aos valores e costumes é construída por 
elementos que se opõem a “essas pessoas na sala de jantar”. Baseado nisso, 
 
 
a) Explique quais podem ser os valores e costumes criticados. 
___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________ 
 
 
b) Indique um elemento no texto que estabeleça essa oposição. 
___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________ 
 
 
 
2. Leia o texto abaixo e responda à questão. 
 
FALAR 
A poesia é, fato, o fruto 
de um silêncio que sou eu, sois vós, 
por isso tenho que baixar a voz 
porque, se falo alto, não me escuto. 
A poesia é, na verdade, uma 
fala ao revés da fala, 
como um silêncio que o poeta exuma 
do pó, a voz que jaz embaixo 
do falar e no falar se cala. 
Por isso o poeta tem que falar baixo 
baixo quasesem fala em suma 
mesmo que não se ouça coisa alguma. 
(GULLAR, Ferreira. Em alguma parte alguma. Rio de Janeiro: José Olympio, 2010, p. 47.) 
 
 
O texto transcrito é um metapoema, ou seja, um poema que fala do próprio poema ou da poesia em 
geral. Aponte e comente os elementos na estrutura do poema que permitem afirmar, com certeza, que 
este texto é um metapoema. 
___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PISM 2012 
 
 
 
QUESTÕES OBJETIVAS 
 
O texto a seguir é a letra de uma canção de autoria do compositor Caetano Veloso, gravada pela cantora 
Gal Costa, num CD lançado em 2011. Leia-o atentamente e responda às questões que se seguem. 
 
TEXTO I 
Sexo e Dinheiro 
Sexo e dinheiro são 
Metros do nosso egoísmo 
Embora os dois tenham 
Bem pouco mais em comum 
Veja os que dizem ser 
Guias espirituais 
Usam nosso temor 
Para ter um ou outro ou os dois 
Dinheiro e sexo são 
Mera ilusão para tais 
Cães 
Dinheiro e sexo são 
Espíritos desiguais 
Mas desempenham funções 
Nos limites finais 
No meio a vida se dá 
Entre as coisas reais 
Dinheiro e sexo não 
Podem cruzar-se jamais 
Sexo e dinheiro são 
Formas de libertação 
Mas... 
Dinheiro é uma abstração 
Sexo é uma concreção: luz 
Instância díspar sem 
Denominador comum 
Mas ambos fazem-nos ser 
Seres de base igual 
Um no começo 
E outro no fim: ninguém é normal 
Cantemos seus nomes 
E nos livremos do seu 
Mal 
(VELOSO, Caetano. In: COSTA, Gal. Recanto . CD . Universal Music , 2011) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1. A leitura geral do texto permite afirmar que dinheiro e sexo são pontos de partida para uma reflexão 
sobre: 
a) a condição humana. 
b) o poder econômico. 
c) a desigualdade social. 
d) a transgressão dos valores. 
e) a transcendência espiritual. 
 
 
2. Releia a segunda estrofe e indique qual é a antítese que melhor apresenta o sentido da expressão 
“limites 
finais”: 
a) prazer e dor. 
b) nascimento e morte. 
c) esperança e medo. 
d) realidade e sonho. 
e) compra e venda. 
 
 
TEXTO II 
O Bataclan e o Trianon eram os principais cabarés de Ilhéus, frequentados pelos exportadores, 
fazendeiros, comerciantes, viajantes de grandes firmas. Mas nas ruas de canto havia outros, onde se 
misturavam trabalhadores do porto, gente vinda das roças, as mulheres mais baratas. O jogo era franco 
em todos eles, garantindo os lucros. 
Uma pequena orquestra animava as danças. Tonico foi tirar uma mulher, Nhô-Galo olhava o relógio, já 
era hora da dançarina, ele estava impaciente. Queria ir ao Trianon ver a de tranças, a do coronel Melk. 
Era quase uma da manhã quando a orquestra cessou e as luzes se apagaram. Ficaram apenas umas 
pequenas lâmpadas azuis, da sala de jogo veio muita gente, espalhando-se pelas mesas, outros de pé 
junto às portas. Anabela surgiu dos fundos, enormes leques de penas nas mãos. Os leques a cobriam e 
a descobriam, mostravam pedaços do corpo. 
O Príncipe, de smoking, martelava o piano. Anabela dançava no meio da sala, sorrindo para as mesas. 
Foi um sucesso. O coronel Ribeirinho pedia bis, aplaudia de pé. As luzes voltavam a se acender, Anabela 
agradecia as palmas, vestida com uma malha cor de carne. 
– Porcaria... A gente pensa que está vendo carne, é fazenda cor-de-rosa... – comentou Nhô-Galo. 
(AMADO, Jorge. Gabriela, cravo e canela. Rio de Janeiro: Record, 1983, p. 127) 
 
 
3. Os dois cabarés de Ilhéus, que aparentemente celebram a festa, na verdade referem-se: 
a) ao interesse financeiro. 
b) à prostituição das mulheres. 
c) ao folclore baiano. 
d) ao domínio dos coronéis. 
e) à carnavalização da vida. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4. A última frase do fragmento do romance de Jorge Amado, presente no Texto II, remete: 
a) à riqueza. 
b) ao poder. 
c) à dança. 
d) ao engodo. 
e) ao prazer. 
 
 
Para responder à próxima questão, releia o Texto I e compare-o ao Texto II. 
 
5. No primeiro parágrafo do trecho do romance Gabriela, cravo e canela, de Jorge Amado (Texto II), a 
conjunção 
“mas” delimita as desigualdades sociais da cidade. Porém, apesar das diferenças, há aproximações entre 
as 
classes. Indique quais versos da canção “Sexo e dinheiro”, de Caetano Veloso (Texto I), melhor aponta 
para essas aproximações, visíveis no texto II: 
a) “Sexo e dinheiro são / Metros do nosso egoísmo” 
b) “Dinheiro e sexo são / Mera ilusão para tais / Cães” 
c) “Sexo e dinheiro são / Formas de libertação” 
d) “Dinheiro é uma abstração / Sexo é uma concreção: luz” 
e) “Mas ambos fazem-nos ser / Seres de base igual” 
 
 
 
 
QUESTÕES DISCURSIVAS 
 
TEXTO I 
Democracia na província 
Cinco tiras entraram na redação e invadiram o escritório de João Lúcio, derrubando tudo e obrigando o 
jornalista a ficar de mãos na cabeça. João Lúcio reagiu e esmurraram ele. Jogaram os grossos volumes 
de Direito na cara de João Lúcio, que começou a sangrar pelos lábios. Procuravam por um espanhol, e 
empurraram João Lúcio para fora. Um busto de Voltaire observava. Na oficina, uns dez homens armados 
de cano de ferro, empastelavam o jornal. A multidão de curiosos viu quando João Lúcio saiu, a camisa 
ensanguentada. João Lúcio também viu a multidão e ouviu o barulho dos canos de ferro destruindo as 
máquinas, numa sinfonia muito comum na política nacional. João Lúcio cantava a Marselhesa. 
(SOUZA, Márcio. Galvez, O imperador do Acre. Rio de Janeiro: Marco Zero, 1983, pp. 59-60) 
 
1. O fragmento do romance de Márcio Souza, citado no Texto 1, relaciona as cenas de violência a uma 
“sinfonia muito comum na política nacional”. 
 
A) Explicite a questão política que a violência representa. 
___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
B) Justifique o uso do termo “sinfonia”, em relação ao “barulho dos canos de ferro”. 
 
___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________ 
 
 
TEXTO II 
 
Balcão 
 
Suba pela rampa 
tome a direita 
cruze o corredor 
de janelas amplas 
O guichê é o último 
lá eles carimbam 
a fila é de morte 
não fique nervoso 
Depois a perícia 
no décimo andar 
não esqueça leve 
todos os documentos 
Volte aqui não vá 
embora sem a 
rubrica dos três 
reclame se acaso 
(ALVIM, Francisco. Poesias reunidas (1968-1988) São Paulo: Duas cidades, 1988, p. 93.) 
 
 
 
2. Uma leitura global do poema permite compreender a referência a um problema da vida pública 
brasileira. Identifique esse problema e explique sua resposta, recorrendo a passagens do texto. 
 
___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PISM 2013 
 
QUESTÕES OBJETIVAS 
 
Texto I 
O seu amor 
O seu amor 
Ame-o e deixe-o livre para amar 
Livre para amar 
Livre para amar 
O seu amor 
Ame-o e deixe-o ir aonde quiser 
Ir aonde quiser 
Ir aonde quiser 
O seu amor 
Ame-o e deixe-o brincar 
Ame-o e deixe-o correr 
Ame-o e deixe-o cansar 
Ame-o e deixe-o dormir em paz 
O seu amor 
Ame-o e deixe-o ser o que ele é 
Ser o queele é 
GIL, Gilberto. “O seu amor”. In: Doces Bárbaros, PolyGram, 1976. 
 
1. Pode-se afirmar que a letra da canção de Gilberto Gil (Texto I) constrói sua principal afirmação 
através da repetição de ideias. Tal repetição permite compreender que a condição para o amor é, 
segundo o eu-lírico: 
a) a contradição 
b) o movimento 
c) a liberdade 
d) a paz 
e) o companheirismo 
 
 
2. O texto I se articula com o slogan ufanista “Brasil: ame-o ou deixe-o”, veiculado durante a ditadura 
militar no Brasil. A julgar pela maneira como a letra da canção transforma o sentido do slogan político, 
pode-se afirmar que a luta pela liberdade: 
a) inclui ações privadas e afetivas 
b) depende das passeatas e manifestações 
c) consiste em desobedecer a normas e leis 
d) passa pela tomada do poder 
e) depende da classe social 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Texto II 
Os meses se aligeiravam e evitávamos sair de casa. (Não desejava que outros presenciassem a nossa 
intimidade, os meus cuidados com ela.) Loquaz, alegre, eu agora gostava de vê-la comer aos bocadinhos, 
mastigando demoradamente os alimentos. Às vezes me interrompia com uma observação ingênua: 
- Se a Terra roda, por que não ficamos tontos? 
Longe de me impacientar, dizia-lhe, em resposta, uma porção de coisas graves, que Geralda ouvia com 
os olhos arregalados. No final, me lisonjeava com um descabido elogio aos meus conhecimentos. 
Não tardaram a se encompridar os dias, tornando rotineiros os meus carinhos, criando o vácuo entre nós, 
até que me calei. Ela também emudeceu. Restava-nos o restaurante. Para lá nos dirigimos, guardando 
um silêncio condenado a dolorosa permanência. 
O rosto dela passou a aborrecer-me, bem como o reflexo do meu tédio no seu olhar. Enquanto isso, 
despontava em mim a necessidade de ficar só, sem que Geralda jamais me largasse, seguindo-me para 
onde eu fosse. Nervoso, a implorar piedade com os olhos, não tinha suficiente coragem de lhe declarar o 
que passava no meu íntimo. 
Uma tarde, olhava para as paredes sem nenhuma intenção aparente e enxerguei uma corda dependurada 
num prego. Agarrei-a e disse para Geralda, que se mantinha abstrata, distante: 
- Ela lhe servirá de colar. 
Nada objetou. Apresentou-me o pescoço, no qual, com delicadeza, passei a corda. Em seguida puxei as 
pontas. Minha mulher fechou os olhos como se estivesse recebendo uma carícia. Apertei com força o nó 
e a vi tombar no assoalho. 
Como se fosse hora de jantar, maquinalmente, rumei para o restaurante, onde procurei a mesa habitual. 
Sentei-me distraído, sem que nada me preocupasse. Pelo contrário, envolvia-me doce sensação de 
liberdade. 
RUBIÃO, Murilo. “Os três nomes de Godofredo”. Obra completa. São Paulo: Companhia das Letras, 2010. pp. 115-116. 
 
 
3. A passagem “restava-nos o restaurante” indica a necessidade de mudança de espaço vivido pelo 
casal no fragmento do conto de Murilo Rubião (Texto II). Essa mudança justifica-se: 
a) pelo desejo de ter filhos 
b) para ouvir outras pessoas 
c) para mudar a alimentação 
d) para descobrir novos assuntos 
e) pelo fim da relação íntima 
 
 
4. A deterioração da relação afetiva do casal representado no conto (Texto II) caracteriza-se pela rotina 
que leva à: 
a) exacerbação da sensualidade 
b) submissão da mulher 
c) incapacidade de renovação 
d) perda de apetite 
e) quebra de protocolos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5. Os dois textos (Texto I e Texto II) elaboram diferentes percepções do amor. A ideia que orienta tais 
percepções em cada um dos textos é, respectivamente: 
a) dependência / independência 
b) posse / desapego 
c) crença / descrença 
d) solidão / união 
e) vida / morte 
 
 
 
QUESTÕES DISCURSIVAS 
 
Jogos florais 
I 
Minha terra tem palmeiras 
onde canta o tico-tico. 
Enquanto isso o sabiá 
vive comendo o meu fubá. 
Ficou moderno o Brasil 
ficou moderno o milagre: 
a água já não vira vinho, 
vira direto vinagre. 
 
II 
Minha terra tem Palmares 
memória cala-te já. 
Peço licença poética 
Belém capital Pará. 
Bem, meus prezados senhores 
dado o avançado da hora 
errata e efeitos do vinho 
o poeta sai de fininho. 
 
(será mesmo com dois esses 
que se escreve paçarinho?) 
(CACASO. Lero-lero. Rio de Janeiro: 7Letras; São Paulo: Cosac e Naify, 2002. p. 157) 
 
 
1. Com base na leitura do poema “Jogos florais”, de Cacaso (Texto I), responda aos itens a e b, a 
seguir: 
 
a) Explique como os termos “vinagre” e “Palmares”, presentes no poema de Cacaso, representam a 
crítica de elementos do nacionalismo brasileiro. 
 
___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
b) Demonstre como o tema da censura é tratado ironicamente na segunda parte do poema. 
 
___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________ 
 
 
Texto II 
Felicidade Clandestina 
Ela era gorda, baixa, sardenta e de cabelos excessivamente crespos, meio arruivados. Tinha um busto 
enorme; enquanto nós todas ainda éramos achatadas. Como se não bastasse, enchia os dois bolsos da 
blusa, por cima do busto, com balas. Mas possuía o que qualquer criança devoradora de histórias gostaria 
de ter: um pai dono de livraria. 
Pouco aproveitava. E nós menos ainda: até para aniversário, em vez de pelo menos um livrinho barato, 
ela nos entregava em mãos um cartão-postal da loja do pai. Ainda por cima era de paisagem do Recife 
mesmo, onde morávamos, com suas pontes mais do que vistas. Atrás escrevia com letra bordadíssima 
palavras como "data natalícia" e "saudade". 
Mas que talento tinha para a crueldade. Ela toda era pura vingança, chupando balas com barulho. 
Como essa menina devia nos odiar, nós que éramos imperdoavelmente bonitinhas, esguias, altinhas, de 
cabelos livres. Comigo exerceu com calma ferocidade o seu sadismo. Na minha ânsia de ler, eu nem 
notava as humilhações a que ela me submetia: continuava a implorar-lhe emprestados os livros que ela 
não lia. 
Até que veio para ela o magno dia de começar a exercer sobre mim uma tortura chinesa. Como 
casualmente, informou-me que possuía As reinações de Narizinho, de Monteiro Lobato. Era um livro 
grosso, meu Deus, era um livro para se ficar vivendo com ele, comendo-o, dormindo-o. E completamente 
acima de minhas posses. Disse-me que eu passasse pela sua casa no dia seguinte e que ela o 
emprestaria. 
Até o dia seguinte eu me transformei na própria esperança da alegria: eu não vivia, eu nadava devagar 
num mar suave, as ondas me levavam e me traziam. 
No dia seguinte fui à sua casa, literalmente correndo. Ela não morava num sobrado como eu, e sim numa 
casa. Não me mandou entrar. Olhando bem para meus olhos, disse-me que havia emprestado o livro a 
outra menina, e que eu voltasse no dia seguinte para buscá-lo. Boquiaberta, saí devagar, mas em breve 
a esperança de novo me tomava toda e eu recomeçava na rua a andar pulando, que era o meu modo 
estranho de andar pelas ruas de Recife. Dessa vez nem caí: guiava-me a promessa do livro, o dia seguinte 
viria, os dias seguintes seriam mais tarde a minha vida inteira, o amor pelo mundo me esperava, andei 
pulando pelas ruas como sempre e não caí nenhuma vez. 
Mas não ficou simplesmente nisso. O plano secreto da filha do dono de livraria era tranquilo e diabólico. 
No dia seguinte lá estava eu à porta de sua casa, com um sorriso e o coração batendo. Para ouvir a 
resposta calma: o livro ainda não estava em seu poder, que eu voltasse no dia seguinte. Mal sabia eu 
como mais tarde, no decorrer da vida, o drama do "dia seguinte" com ela ia se repetir com meu coração 
batendo. 
E assim continuou. Quanto tempo? Não sei. Ela sabiaque era tempo indefinido, enquanto o fel não 
escorresse todo de seu corpo grosso. Eu já começara a adivinhar que ela me escolhera para eu sofrer, 
às vezes adivinho. Mas, adivinhando mesmo, às vezes aceito: como se quem quer me fazer sofrer esteja 
precisando danadamente que eu sofra. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Quanto tempo? Eu ia diariamente à sua casa, sem faltar um dia sequer. Às vezes ela dizia: pois o livro 
esteve comigo ontem de tarde, mas você só veio de manhã, de modo que o emprestei a outra menina. E 
eu, que não era dada a olheiras, sentia as olheiras se cavando sob os meus olhos espantados. Até que 
um dia, quando eu estava à porta de sua casa, ouvindo humilde e silenciosa a sua recusa, apareceu sua 
mãe. Ela devia estar estranhando a aparição muda e diária daquela menina à porta de sua casa. Pediu 
explicações a nós duas. Houve uma confusão silenciosa, entrecortada de palavras pouco elucidativas. A 
senhora achava cada vez mais estranho o fato de não estar entendendo. Até que essa mãe boa entendeu. 
Voltou-se para a filha e com enorme surpresa exclamou: mas este livro nunca saiu daqui de casa e você 
nem quis ler! 
E o pior para essa mulher não era a descoberta do que acontecia. Devia ser a descoberta horrorizada da 
filha que tinha. Ela nos espiava em silêncio: a potência de perversidade de sua filha desconhecida e a 
menina loura em pé à porta, exausta, ao vento das ruas de Recife. Foi então que, finalmente se refazendo, 
disse firme e calma para a filha: você vai emprestar o livro agora mesmo. E para mim: "E você fica com o 
livro por quanto tempo quiser." Entendem? Valia mais do que me dar o livro: "pelo tempo que eu quisesse" 
é tudo o que uma pessoa, grande ou pequena, pode ter a ousadia de querer. 
Como contar o que se seguiu? Eu estava estonteada, e assim recebi o livro na mão. Acho que eu não 
disse nada. Peguei o livro. Não, não saí pulando como sempre. Saí andando bem devagar. Sei que 
segurava o livro grosso com as duas mãos, comprimindo-o contra o peito. Quanto tempo levei até chegar 
em casa, também pouco importa. Meu peito estava quente, meu coração pensativo. 
Chegando em casa, não comecei a ler. Fingia que não o tinha, só para depois ter o susto de o ter. Horas 
depois abri-o, li algumas linhas maravilhosas, fechei-o de novo, fui passear pela casa, adiei ainda mais 
indo comer pão com manteiga, fingi que não sabia onde guardara o livro, achava-o, abria-o por alguns 
instantes. Criava as mais falsas dificuldades para aquela coisa clandestina que era a felicidade. A 
felicidade sempre iria ser clandestina para mim. Parece que eu já pressentia. Como demorei! Eu vivia no 
ar… Havia orgulho e pudor em mim. Eu era uma rainha delicada. 
Às vezes sentava-me na rede, balançando-me com o livro aberto no colo, sem tocá-lo, em êxtase 
puríssimo. 
Não era mais uma menina com um livro: era uma mulher com o seu amante. 
(LISPECTOR, Clarice. Felicidade Clandestina. São Paulo: Rocco, 1998. pp. 9-13.) 
 
2. Com base na leitura do conto de Clarice Lispector (Texto II), responda aos itens a e b abaixo. 
 
a) Demonstre a relação entre as características físicas e morais da personagem antagonista, descrita 
no início do conto. 
 
___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________ 
 
 
b) Com base no desfecho do conto, explique o título “Felicidade clandestina”. 
 
___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PISM 2014 
 
QUESTÕES OBJETIVAS 
 
Texto I 
Muribeca 
Lixo? Lixo serve pra tudo. A gente encontra a mobília da casa, cadeira pra pôr uns pregos e ajeitar, sentar. 
Lixo pra poder ter sofá, costurado, cama, colchão. Até televisão. É a vida da gente o lixão. E por que é 
que agora querem tirar ele da gente? O que é que eu vou dizer pras crianças? Que não tem mais 
brinquedo? Que acabou o calçado? Que não tem mais história, livro, desenho? E o meu marido, o que 
vai fazer? Nada? Como ele vai viver sem as garrafas, sem as latas, sem as caixas? Vai perambular pela 
rua, roubar pra comer? E o que eu vou cozinhar agora? Onde vou procurar tomate, alho, cebola? Com 
que dinheiro vou fazer sopa, vou fazer caldo, vou inventar farofa? Fale, fale. Explique o que é que a gente 
vai fazer da vida? O que a gente vai fazer da vida? Não pense que é fácil. Nem remédio pra dor de cabeça 
eu tenho. Como vou me curar quando me der uma dor no estômago, uma coceira, uma caganeira? Vá, 
me fale, me diga, me aconselhe. Onde vou encontrar tanto remédio bom? E esparadrapo e band-aid e 
seringa? O povo do governo devia pensar três vezes antes de fazer isso com 
chefe de família. Vai ver que eles tão de olho nessa merda aqui. Nesse terreno. Vai ver que eles perderam 
alguma coisa. É. Se perderam, a gente acha. A gente cata. A gente encontra. Até bilhete de loteria, 
lembro, teve gente que achou. Vai ver que é isso, coisa da Caixa Econômica. Vai ver que é isso, 
descobriram que lixo dá lucro, que pode dar sorte, que é luxo, que lixo tem valor. Por exemplo, onde a 
gente vai morar, é? Onde a gente vai morar? Aqueles barracos, tudo ali em volta do lixão, quem é que 
vai levantar? Você, o governador? Não. Esse negócio de prometer casa que a gente não pode pagar é 
balela, é conversa pra boi morto. Eles jogam a gente é num esgoto. Pr'onde vão os coitados desses 
urubus? A cachorra, o cachorro? Isso tudo aqui é uma festa. Os meninos, as meninas naquele alvoroço, 
pulando em cima de arroz, feijão. Ajudando a escolher. A gente já conhece o que é bom de longe, só pela 
cara do caminhão. Tem uns que vêm direto de supermercado, açougue. Que dia na vida a gente vai 
conseguir carne tão barato? Bisteca, filé, chã-de-dentro - o moço tá servido? A moça? Os motoristas já 
conhecem a gente. Têm uns que até guardam com eles a melhor parte. É coisa muito boa, desperdiçada. 
Tanto povo que compra o que não gasta - roupa nova, véu, grinalda. Minha filha já vestiu um vestido de 
noiva, até a aliança a gente encontrou aqui, num corpo. É. Vem parar muito bicho morto. Muito homem, 
muito criminoso. A gente já tá acostumado. Até o camburão da polícia deixa seu lixo aqui, depositado. 
Balas, revólver 38. A gente não tem medo, moço. A gente é só ficar calado. Agora, o que deu na cabeça 
desse povo? A gente nunca deu trabalho. A gente não quer nada deles que não esteja aqui jogado, 
rasgado, atirado. A gente não quer outra coisa senão esse lixão pra viver. Esse lixão para morrer, ser 
enterrado. Pra criar os nossos filhos, ensinar o nosso ofício, dar de comer. Pra continuar na graça de 
Nosso Senhor Jesus Cristo. Não faltar brinquedo, comida, trabalho. Não, eles nunca vão tirar a gente 
deste lixão. Tenho fé em Deus, com a ajuda de Deus eles nunca vão tirar a gente deste lixo. Eles dizem 
que sim, que vão. Mas não acredito. Eles nunca vão conseguir tirar a gente deste paraíso. 
FREIRE, Marcelino. Muribeca. In:_____. Angu de sangue. São Paulo: Ateliê, 2000. p. 23-25. 
 
1. No conto de Marcelino Freire (Texto I), o tema central, que motiva o drama do narrador-personagem, 
corresponde ao seguinte elemento da narrativa: 
a) tempo. 
b) espaço. 
c) protagonista. 
d) foco narrativo. 
e) narrador. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Texto II 
Nem luxo, nem lixo 
Como vai você? 
Assim como eu 
Uma pessoa comum 
Um filho de Deus 
Nessa canoa furada 
Remando contra a maré 
Não acredito em nada 
Até duvido da fé 
Não quero luxo, nem lixo 
Meu sonho é ser imortal 
Meu amor! 
Não quero luxo, nem lixo 
Quero saúde pra gozar no final 
LEE, Rita Lee; CARVALHO, Robertode. Nem luxo, nem lixo. In: LEE, Rita. Rita Lee. [LP]. Brasil: Som Livre, 1980. 
 
 
2. A ideia central, defendida pelo eu-lírico, na letra da canção de Rita Lee e Roberto de Carvalho (texto 
II) está melhor explicada em: 
a) a liberdade só é possível com fé. 
b) a imortalidade depende do sonho. 
c) os bens materiais se justificam pela imortalidade. 
d) o bem-estar é o principal valor da vida. 
e) as dificuldades devem sempre ser enfrentadas. 
 
 
3. Embora os personagens representados nos textos I e II estejam na “mesma canoa furada/remando 
contra a maré”, um elemento os torna diferentes. Identifique este elemento: 
a) a sensualidade. 
b) a pureza. 
c) a ganância. 
d) a fé. 
e) o orgulho. 
 
 
4. A oposição existente entre os sentidos de “luxo” e “lixo”, presente na canção de Rita Lee e Roberto de 
Carvalho (Texto II), é invertida na seguinte ideia, depreendida do conto de Marcelino Freire (Texto I): 
a) o lixo tem valor econômico. 
b) o lixo sem tratamento é vetor de doenças. 
c) na pobreza deve sempre haver alegria. 
d) o luxo não é privilégio dos ricos. 
e) o luxo pode ser um lixo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5. Tanto o narrador do conto “Muribeca” (Texto I), quanto o eu-lírico da canção “Nem luxo, nem lixo” 
(Texto II) constroem seus discursos através do seguinte recurso em comum: 
a) a interlocução com uma segunda pessoa. 
b) a argumentação racional e lógica. 
c) o apelo emocionado que indica desespero. 
d) a indiferença em relação aos valores materiais. 
e) a esperança em dias melhores. 
 
 
QUESTÕES DISCURSIVAS 
 
1. Leia: 
Texto I 
 
 
 
a) Explique como se articula a substituição de letras por outros sinais gráficos na construção do poema 
Concreto “Pulsar”, de Augusto de Campos (Texto I). 
 
___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________ 
 
 
 
b) Explique como se articula a substituição de letras por outros sinais gráficos na construção do poema 
Concreto “Pulsar”, de Augusto de Campos (Texto I). 
 
___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Texto II 
Minuto de Silêncio 
O rei morreu, e o governo decretou: no dia seguinte ao do enterro, às dez horas da manhã, toda a 
população deveria guardar um minuto de silêncio. Assim foi feito, e à hora aprazada um pesado silêncio 
caiu sobre todo o país. As pessoas que estavam na rua viam outras pessoas, absolutamente imóveis, em 
silêncio. Supostamente deveriam estar pensando no monarca falecido, e, de fato, muitos pensavam nele; 
na verdade quase todos, a exceção sendo representada por um professor de matemática que tão logo 
ficou em silêncio, pôs-se a fazer cálculos e descobriu que a soma dos minutos de silêncio de vinte e seis 
milhões e oitocentos mil cidadãos equivalia a cinquenta anos, exatamente a idade que tinha o rei ao 
falecer. Uma vida se perdeu, pensou o professor, outra vida se está perdendo agora, no silêncio. E logo 
depois: não está se perdendo, não inteiramente, pois algo descobri - o que será? Nesse momento, na 
maternidade, sua mulher dava a luz a uma criança que, portadora de múltiplas lesões congênitas, não 
resistiu: viveu apenas um minuto. O tempo suficiente para que a mãe a batizasse com o nome do saudoso 
rei. 
SCLIAR, Moacyr. Contos reunidos. São Paulo: Companhia das Letras, 1995, p. 102. 
 
 
 
2. Explique a descoberta do professor de matemática, personagem do conto “Minuto de silêncio” (Texto 
II), considerando o desfecho da narrativa. 
 
 
___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________ 
 
 
 
 
PISM 2015 
 
 
QUESTÕES OBJETIVAS 
Texto I 
Terça-feira gorda 
Para Luiz Carlos Góes 
 
De repente ele começou a sambar bonito e veio vindo para mim. Me olhava nos olhos quase sorrindo, 
uma ruga tensa entre as sobrancelhas, pedindo confirmação. Confirmei, quase sorrindo também, a boca 
gosmenta de tanta cerveja morna, vodca com coca-cola, uísque nacional, gostos que eu nem identificava 
mais, passando de mão em mão dentro dos copos de plástico. (...) Era então que sacudia a cabeça 
olhando para mim, cada vez mais perto. Eu estava todo suado. Todos estavam suados, mas eu não via 
mais ninguém além dele. Eu já o tinha visto antes, não ali. Fazia tempo, não sabia onde. Eu tinha andado 
por muitos lugares. Ele tinha um jeito de quem também tinha andado por muitos lugares. Num desses 
lugares, quem sabe. Aqui, ali. Mas não lembraríamos antes de falar, talvez também nem depois. Só que 
não havia palavras. Na minha frente, ficamos nos olhando. Eu também dançava agora, acompanhando o 
movimento dele. 
[...] 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Veados, a gente ainda ouviu, recebendo na cara o vento frio do mar. A música era só um tumtumtum de 
pés e tambores batendo. Você vai pegar um resfriado, ele falou com a mão no meu ombro. Foi então que 
percebi que não usávamos máscara. Lembrei que tinha lido em algum lugar que a dor é a única emoção 
que não usa máscara. Não sentíamos dor, mas aquela emoção daquela hora ali sobre nós, e eu nem sei 
se era alegria, também não usava máscara. Então pensei devagar que era proibido ou perigoso não usar 
máscara, ainda mais no Carnaval. [...] 
Mas vieram vindo, então, e eram muitos. Foge, gritei, estendendo o braço. Minha mão agarrou um espaço 
vazio. O pontapé nas costas fez com que me levantasse. Ele ficou no chão. Estavam todos em volta. Ai-
ai, gritavam, olha as loucas. Olhando para baixo, vi os olhos dele muito abertos e sem nenhuma culpa 
entre as outras caras dos homens. A boca molhada afundando no meio duma massa escura, o brilho de 
um dente caído na areia. Quis tomá-lo pela mão, protegê-lo com meu corpo, mas sem querer estava 
sozinho e nu correndo pela areia molhada, os outros todos em volta, muito próximos. Fechando os olhos 
então, como um filme contra as pálpebras, eu conseguia ver três imagens se sobrepondo. Primeiro o 
corpo suado dele, sambando, vindo em minha direção. Depois as Plêiades, feito uma raquete de tênis 
suspensa no céu lá em cima. E finalmente a queda lenta de um figo muito maduro, até esborrachar-se 
contra o chão em mil pedaços sangrentos. 
(ABREU, Caio Fernando. Morangos Mofados. 12 ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2015. p. 73-78.) 
 
 
 
Texto II 
Beijo sem 
Eu não sou mais quem 
Você deixou, amor 
Vou à Lapa 
Decotada 
Viro todas 
Beijo bem 
Madrugada 
Sou da lira 
Manhãzinha 
De ninguém 
Noite alta é meu dia 
E a orgia é meu bem 
Eu não sou mais quem 
Você deixou de ver 
Vou à Lapa Perfumada 
Viro outras 
Beijo sem Madrugada 
Sou da lira 
Manhãzinha 
De ninguém 
Noite alta é meu dia 
E a orgia é meu bem [...] 
(CALCANHOTO, Adriana. Beijo sem. In: O micróbio do samba. Sony Music, 2011.) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 19 
1. No conto de Caio Fernando Abreu (texto I), os personagens centrais são 
a) aplaudidos 
b) consagrados 
c) agredidos 
d) ovacionados 
e) manipulados 
 
 
2. O desfecho do conto de Caio Fernando Abreu (texto I) apresenta uma ação, por parte 
da maioria dos personagens, que se caracteriza por 
a) compreensão 
b) indiferença 
c) modismo 
d) preconceito 
e) conformismo 
 
 
3. No poema de Adriana Calcanhoto (texto II), a personagem em primeira pessoa se 
compraz em relações 
a) permanentes 
b) modelaresc) míticas 
d) inventadas 
e) fortuitas 
 
 
4. Nos dois textos há marcas que acentuam a relação amorosa como 
a) idealizada e platônica 
b) sensual e momentânea 
c) mística e trágica 
d) paradoxal e familiar 
e) aberta e paradigmática 
 
 
5. Pode-se dizer dos dois textos que trabalham principalmente com uma concepção do 
amor 
a) hedonista 
b) egoísta 
c) alegre 
d) selvagem 
e) romântica 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 20 
 
QUESTÕES DISCURSIVAS 
 
Sombras miúdas 
A história de Ivanildo é que ele simplesmente não tem história. Morador de rua, virou 
notícia porque teve 85% corpo queimado por gasolina e faleceu na última terça-feira 
(27), e é só, mais nada. O assassino, conforme as investigações policiais, era outro 
morador de rua, e o crime, vejam vocês a ironia da miséria humana -, foi motivado por 
conquista de território. Dizem que precisavam de mais espaço para viverem na rua. Pois 
é, as calçadas! Há pessoas em guerra pelas calçadas frias da cidade de São Paulo. 
Não conheci Ivanildo nem o seu algoz piromaníaco, mas tenho uma vaga idéia de quem 
sejam os infelizes. Já os vi queimando na retina dos meus olhos, numa dessas noites 
geladas e indignas, em suas casas de papelão que se movem como fantasmas pela 
nossa imaginação. Ivanildo não devia ter documentos, tampouco identidade. Indigente, 
deve ter sido enterrado com seus trapos numa vala qualquer, de um cemitério qualquer, 
que é o lugar certo para qualquer um de nós, miserável ou não. Outro dia vi um Ivanildo 
fuçando uma lata de lixo à procura de comida que sobra dos nossos pratos, mas o dono 
da lanchonete apareceu para expulsá-lo com um cabo de vassoura. Fiquei com a 
impressão de que mendigos trazem má sorte para o comércio, e que restos de comida 
não são para restos de pessoas. 
“Nós, os filhos de Deus, privatizamos até as migalhas”. Tenho a impressão que os 
únicos que gostam dos moradores de rua são os cachorros. Aliás, de raça ou não, não 
conheço nenhum cachorro que não tenha um mendigo pra cuidar. Moradores de rua 
são uma espécie rara de seres humanos: Eles não têm dentes, eles não cortam os 
cabelos, eles não tomam banho, pedem-nos esmolas, dormem no nosso caminho de 
casa, e nós, a não ser que peguem fogo, simplesmente não os vemos. É difícil vê-los. 
Somos cristãos demais para enxergá-los. E tem mais, dizem que são invisíveis a olho 
nu. Mas não são, suas sombras miúdas se arrastam em nossas orações, para o deleite 
da nossa hipocrisia. Fingir que gostamos de deus é a melhor forma de agradar o diabo. 
Um ser humano pegando fogo na calçada e os nossos joelhos doendo de tanto rezar 
pela nossa felicidade material... Deus sabe o que faz, a gente não. Devia ser o contrário. 
Se dependesse de mim, a humanidade (?) já tinha pegado fogo há muito tempo. Um por 
um. 
(VAZ, Sérgio. Literatura, pão e poesia: histórias de um povo lindo e inteligente. São Paulo: Global, 2011. 
p. 67-68) 
 
 
1. Segundo o Dicionário Houaiss, ironia é "figura por meio da qual se diz o contrário do 
que se quer dar a entender" (2001, p. 1651). Localize no texto de Sérgio Vaz dois casos 
em que se emprega a ironia e explique a utilização delas. 
 
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 21 
2. O texto é, fundamentalmente, de simpatia com os excluídos. Há também uma forte 
indignação que o atravessa. Transcreva uma passagem em que esta indignação 
aparece com clareza. Explique. 
 
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________ 
 
 
 
 
PISM 2016 
 
QUESTÕES OBJETIVAS 
 
A televisão 
(Arnaldo Antunes, Marcelo Fromer e Tony Belloto) 
A televisão 
Me deixou burro 
Muito burro demais 
Oh! Oh! Oh! 
Agora todas coisas 
Que eu penso 
Me parecem iguais 
Oh! Oh! Oh! 
O sorvete me deixou gripado 
Pelo resto da vida 
E agora toda noite 
Quando deito 
É boa noite, querida 
Oh! Cride, fala pra mãe 
Que eu nunca li num livro 
Que o espirro 
Fosse um vírus sem cura 
Vê se me entende 
Pelo menos uma vez 
Criatura! 
Oh! Cride, fala pra mãe! 
A mãe diz pra eu fazer 
Alguma coisa 
Mas eu não faço nada 
Oh! Oh! Oh! 
A luz do sol me incomoda 
Então deixa 
A cortina fechada 
Oh! Oh! Oh! 
 
 
 
 
 22 
É que a televisão 
Me deixou burro 
Muito burro demais 
E agora eu vivo 
Dentro dessa jaula 
Junto dos animais 
Oh! Cride, fala pra mãe 
Que tudo que a antena captar 
Meu coração captura 
Vê se me entende 
Pelo menos uma vez 
Criatura! 
Oh! Cride, fala pra mãe! 
Titãs. Televisão. Lp. Gravadora WEA, 1985. 
 
 
Texto II 
Estorvo (fragmento) 
Vejo tumulto defronte ao edifício do meu amigo. Aglomeração, um camburão, duas 
joaninhas, um rabecão, vários carros de reportagem, guardas desviando o trânsito. No 
meio do povo, compreendo que houve um crime, alguém morreu esfaqueado e 
estrangulado. Vem chegando a sirene de um segundo camburão, e o empurra-empurra 
acaba por me levar ao miolo do acontecimento. Uma corda vermelha isola a calçada do 
velho prédio, formando uma espécie de ringue. A televisão entrevista o zelador sob a 
marquise da portaria. Deve estar ruim de filmar, pois o zelador olha para o chão e não 
fala direito, parece um condenado. Penso que é ele o criminoso, mas em seguida me 
convenço de que está somente muito envergonhado pelo seu edifício. O repórter 
pergunta se a vítima costumava receber rapazes, e o zelador faz sim com a cabeça, 
mais confessando que assentindo. A entrevista é prejudicada por uma baixinha com 
cara de índia e lenço na cabeça, que se desvencilha de um policial e investe contra o 
zelador, gritando "diga que conhece meu filho, miserável!". O policial levanta a índia 
baixinha e deposita-a fora do cordão de isolamento. Ela passa outra vez sob o cordão 
e agora se dirige ao público. Diz "não tem televisão aí?" e diz "ninguém vai me 
entrevistar?". Um rapaz que se apresenta como repórter do Diário Vigilante pergunta o 
que fazia o suspeito no local do crime. Ela diz "que suspeito o quê" e "que local do crime 
o quê", e diz "meu filho veio me ver, foi detido entrando no prédio, se fosse suspeito 
estaria fugindo", e diz "onde é que já se viu suspeito fugir para dentro?". Sem mais nem 
mais, começo a ficar a favor da mãe índia. O do Diário Vigilante vai fazer outra pergunta, 
mas ela o interrompe e diz que trabalha no 204 há quinze anos, que todo mundo sabe 
quem ela é, que aquele miserável ali conhece o filho dela e não o defende porque tem 
preconceito de cor. Vai atacar de novo o zelador, mas é suspensa pelo policial. Outro 
repórter de tevê indaga do zelador se a vítima era homossexual. O zelador resmunga 
"isso aí eu não sei porque nunca vi". A índia responde à Rádio Primazia que prenderam 
o filho porque ele estava sem documento. Diz "meu filho estava voltando da praia, não 
é crime ir na praia, ninguém vai na praia com carteira de trabalho metida no calção". Um 
sujeito atrás de mim diz que também é de jornal e pergunta “afinal a bichona era artista 
ou o quê?''. Ela responde "a bichona sei lá, parece que era professor de ginástica". 
 
 
 
 
 
 23 
 
Aproxima-se o repórter da TV Promontório dizendo "ouvimos também a mãe do principal 
suspeito". Aí a índia perde a razão, agarra as lapelas do repórter e desata a chorar no 
microfone e berrar "ele não é criminoso!, meu filho é um moço decente!", mas o 
cameraman, que está trepado no capô da camionete, grita "não valeu, não gravou nada, 
troca a 2 bateria!". A índia para de chorar, olha para o setor da imprensa e diz "imagine 
meu filho, que até é doente, estrangulando um professor de ginástica". Volta o repórter 
da TV Promontório e pede-lhe para repetir a fala anterior, que ele achou bem forte. 
BUARQUE, Chico. Estorvo. São Paulo: Cia. das Letras, 1991. 
 
 
 
1.Os textos I e II possibilitam a reflexão sobre a TV como meio de comunicação. Os 
enfoques de cada um desses textos são, respectivamente, sobre: 
a) a recepção e a produção. 
b) o canal e o referente. 
c) o código e a mensagem. 
d) o sinal e a recepção. 
e) o símbolo e a entrevista. 
 
 
 
 
2. As estrofes 1 e 5 do texto I permitem afirmar que a inteligência do sujeito está, 
respectivamente, relacionada: 
a) ao discernimento e à liberdade. 
b) à liberdade e à emoção. 
c) à memória e à informação. 
d) à cognição e à leitura. 
e) à violência e à ordem. 
 
 
 
 
3. O texto aborda questões polêmicas através do ponto de vista das personagens 
representadas pelo zelador e pela “índia”. Estas questões ficam melhor identificadas 
como: 
a) misoginia e antissemitismo. 
b) ateísmo e discriminação. 
c) racismo e homofobia. 
d) doutrinação e política. 
e) machismo e chauvinismo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 24 
4. A realização de uma entrevista narrada no texto II relativiza a ideia de não ficção 
que há no texto jornalístico. Identifique a passagem que melhor permite essa 
afirmação. 
a) “Deve estar ruim de filmar, pois o zelador olha para o chão e não fala direito, parece 
um condenado.” 
b) “O repórter pergunta se a vítima costumava receber rapazes, e o zelador faz sim 
com a cabeça, mais confessando que assentindo.” 
c) “A entrevista é prejudicada por uma baixinha com cara de índia e lenço na cabeça, 
que se desvencilha de um policial e investe contra o zelador, gritando ‘diga que 
conhece meu filho, miserável!’” 
d) “Outro repórter de tevê indaga do zelador se a vítima era homossexual. O zelador 
resmunga ‘isso aí eu não sei porque nunca vi.’” 
e) “Volta o repórter da TV Promontório e pede-lhe para repetir a fala anterior, que ele 
achou bem forte”. 
 
 
 
 
5. Leia o texto abaixo e responda: 
O mito ou “Alegoria” da caverna é uma das passagens mais clássicas da história da 
Filosofia, sendo parte constituinte do livro VI de “A República” onde Platão discute sobre 
teoria do conhecimento, linguagem e educação na formação do Estado ideal. A narrativa 
expressa dramaticamente a imagem de prisioneiros que desde o nascimento são 
acorrentados no interior de uma caverna de modo que olhem somente para uma parede 
iluminada por uma fogueira. Essa ilumina um palco onde estátuas dos seres como 
homem, planta, animais etc. são manipuladas, como que representando o cotidiano 
desses seres. No entanto, as sombras das estátuas são projetadas na parede, sendo a 
única imagem que aqueles prisioneiros conseguem enxergar. Com o correr do tempo, 
os homens dão nomes a essas sombras (tal como nós damos às coisas) e também à 
regularidade de aparições destas. 
Disponível em http://brasilescola.uol.com.br/filosofia/mito-caverna-platao.htm. Acessado em 18/10/2016 
 
 
A passagem do texto I que melhor se articula com a ideia central do “mito da caverna” 
é: 
a) “A televisão Me deixou burro Muito burro demais”. 
b) “Que eu nunca li num livro Que o espirro Fosse um vírus sem cura”. 
c) “A mãe diz pra eu fazer Alguma coisa Mas eu não faço nada”. 
d) “A luz do sol me incomoda Então deixa A cortina fechada”. 
e) “Oh! Cride, fala pra mãe Que tudo que a antena captar Meu coração captura”. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 25 
 
QUESTÕES DISCURSIVAS 
 
Leia o texto a seguir: 
Hórreo 
As novas gerações nunca ouviram falar da América Latíndia e Alguns Países Africanos. 
Os livros de história não trazem nenhum registro sobre eles. Os textos foram 
expurgados. 
O que era América Latíndia é hoje o Quinto Mundo, região chamada Hórreo, isolada, 
autônoma, independente. (...) 
Destes lugares (considerados insalubres para o mundo desenvolvido) vêm matérias-
primas como o carvão, ferro, urânio, petróleo e metais recém-descobertos, além da 
madeira e alguns animais decorativos, em vias de extinção, e homens destinados a 
experiências científicas. Acrescente-se a exportação, para os países desenvolvidos, de 
meninas púberes encaminhadas à prostituição infantil. A pedofilia grassa. 
Ali se desenvolveu em extremo grau de tecnologia a tendência filosófica, tornada ação 
do cotidiano: quanto me custa você mudar seu conceito de vida, sua ideia política, sua 
maneira de administrar, fechar os olhos para o que faço e a maneira como faço, ignorar 
minhas ações perniciosas e minha falta de ética? 
Esta história se passa pouco antes da Reunião de Divisão, Agrupamento e Isolamento 
de Áreas que aconteceu daqui a muitos anos. 
 
 26 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 27 
O texto e o mapa, integrantes do livro Zero, de Ignácio de Loyola Brandão, parodiam 
livros didáticos da Geografia. A paródia é um meio intertextual no qual um texto imita 
outro texto, ou uma obra imita outra obra com objetivo jocoso ou satírico. Leia com 
atenção e responda as questões que se seguem. 
 
 
1. Quais elementos do texto “Hórreo” encontram correspondência no mapa? 
 
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________ 
 
 
2. Que elementos no mapa permitem caracterizá-lo como paródia? 
 
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________ 
 
 
 
 
 
PISM 2017 
 
 
QUESTÕES OBJETIVAS 
 
 
Trabalhadores do Brasil 
Enquanto Zumbi trabalha cortando cana na zona da mata Pernambucana Olorô-Quê 
vende carne de segunda a segunda ninguém vive aqui com a bunda preta pra cima tá 
me ouvindo bem? Enquanto a gente dança no bico da garrafinha Odé trabalha de 
segurança pegando ladrão que não respeita que não ganha o pão que o Tição amaçou 
honestamente enquanto Obatalá faz serviço pra muita gente não levanta um saco de 
cimento tá me ouvindo bem? Enquanto o Olorum trabalha como cobrador de ônibus 
naquele transe infernal de trânsito Ossonhe sonha com um novo amor pra ganhar um 
passe ou dois na praça turbulenta do Pelô fazer sexo oral anal seja lá com quem for tá 
me ouvindo bem? Enquanto Rainha Quelé limpa fossa de banheiro Sambongo bungo 
na lama isso parece que dá grana porque povo se junta e aplaude Sambongo na merda 
pulando de cima da ponte tá me ouvindo bem? Hein seu branco safado? Ninguém aqui 
é escravo de ninguém. 
(FREIRE, Marcelino. Contos negreiros. Rio de Janeiro: Record, 2005. pp. 17-20) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 28 
1. O Texto I explicita criticamente na cultura brasileira uma correlação histórica entre: 
a) escravidão e trabalho braçal. 
b) raça e afirmação identitária. 
c) fé e liberdade religiosa. 
d) tradição e modernidade. 
e) liberdade e resistência política. 
 
 
2. A caracterização das personagens que, no texto de Marcelino Freire, representam os 
trabalhadores do Brasil, constitui uma alusão a elementos de afirmação da cultura 
afrodescendente. O elemento de identidade que caracteriza a maioria das personagens 
do texto é: 
a) a economia. 
b) o trabalho. 
c) o regionalismo. 
d) o nome. 
e) a política. 
 
 
João do Amor Divino 
39 anos de batalha, sem descanso, na vida 
19 anos, trapos juntos, com a mesma rapariga 
09 bocas de criança para encher de comida 
Mais de mil pingentes na família para dar guarita 
Muita noite sem dormir na fila do INPS 
 
Muita xepa sobre a mesa, coisa que já não estarrece 
Todo dia um palhaço dizendo 
que Deus dos pobres nunca esquece 
E um bilhete, mal escrito, 
Que causou um certo interesse 
 
"É que meu nome é 
João do Amor Divino de Santana e Jesus 
Já entreguei, num güento mais, 
O peso dessa minha cruz" 
Sentado lá no alto do edifício 
Ele lembrou do seu menor, 
Chorou e, mesmo assim, achou que 
O suicídio ainda era melhor 
 
E o povo lá embaixo olhando o seu relógio 
Exigia e cobrava a sua decisão 
Saltou sem se benzer por entre aplausos e emoção 
Desceu os 7 andares num silêncio de quem já morreu 
Bateu no calçadão e de repente 
Ele se mexeu 
 
 
 
 
 29Sorriu e o aplauso em volta muito mais cresceu 
João se levantou e recolheu a grana 
Que a plateia deu 
Agora ri da multidão executiva quando grita: 
"Pula e morre, seu otário" 
Pois como tantos outros brasileiros, 
É profissional de suicídio 
E defende muito bem o seu salário 
(GONZAGINHA. Gonzaguinha da Vida. CD EMI/Odeon, 1979. Faixa 1) 
 
 
 
3. Na primeira estrofe do Texto II, o elemento da narrativa que intensifica e reitera a 
informação sobre a gravidade da condição do protagonista é: 
a) o narrador em terceira pessoa. 
b) o cenário religioso. 
c) o ambiente social. 
d) a personagem antagonista. 
e) o enredo fantástico. 
 
 
4. O Texto II se estrutura como uma narrativa que causa um efeito de surpresa para o 
leitor, na medida em que quebra a expectativa criada. Os versos em que se estabelece 
essa quebra de expectativa são: a) "Todo dia um palhaço dizendo que 
Deus dos pobres nunca esquece". 
b) "É que meu nome é 
João do Amor Divino de Santana e Jesus". 
c) "Saltou sem se benzer por entre aplausos e emoção". 
d) "Bateu no calçadão e de repente 
Ele se mexeu". 
e) "João se levantou e recolheu a grana 
Que a plateia deu". 
 
 
5. A ação da personagem João do Amor Divino (Texto II) pode ser melhor relacionada 
a de qual personagem de “Trabalhadores do Brasil” (Texto I): 
a) Zumbi. 
b) Odé. 
c) Olorum. 
d) Rainha Quelé. 
e) Sambongo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 30 
 
QUESTÕES DISCURSIVAS 
 
Fita verde no cabelo 
(Nova velha história) 
 
Havia uma aldeia em algum lugar, nem maior nem menor, com velhos e velhas que 
velhavam, homens e mulheres que esperavam, e meninos e meninas que nasciam e 
cresciam. 
Todos com juízo, suficientemente, menos uma meninazinha, a que por enquanto. 
Aquela, um dia, saiu de lá, com uma fita verde inventada no cabelo. 
Sua mãe mandara-a, com um cesto e um pote, à avó, que a amava, a uma outra e quase 
igualzinha aldeia. 
Fita-Verde partiu, sobre logo, ela a linda, tudo era uma vez. O pote continha um doce 
em calda, e o cesto estava vazio, que para buscar framboesas. 
Daí, que, indo, no atravessar o bosque, viu só os lenhadores, que por lá lenhavam; mas 
o lobo nenhum, desconhecido nem peludo. Pois os lenhadores tinham exterminado o 
lobo. 
Então, ela, mesma, era quem se dizia: 
– Vou à vovó, com cesto e pote, e a fita verde no cabelo, o tanto que a mamãe me 
mandou. 
A aldeia e a casa esperando-a acolá, depois daquele moinho, que a gente pensa que 
vê, e das horas, que a gente não vê que não são. 
E ela mesma resolveu escolher tomar este caminho de cá, louco e longo, e não o outro, 
encurtoso. Saiu, atrás de suas asas ligeiras, sua sombra também vinha-lhe correndo, 
em pós. 
Divertia-se com ver as avelãs do chão não voarem, com inalcançar essas borboletas 
nunca em buquê nem em botão, e com ignorar se cada uma em seu lugar as plebeinhas 
flores, princesinhas e incomuns, quando a gente tanto por elas passa. 
Vinha sobejadamente. 
Demorou, para dar com a avó em casa, que assim lhe respondeu, quando ela, toque, 
toque, bateu: 
– Quem é? – Sou eu… – e Fita-Verde descansou a voz. 
– Sou sua linda netinha, com cesto e pote, com a fita verde no cabelo, que a mamãe 
me mandou. 
Vai, a avó, difícil, disse: – Puxa o ferrolho de pau da porta, entra e abre. Deus te 
abençoe. Fita-Verde assim fez, e entrou e olhou. 
A avó estava na cama, rebuçada e só. Devia, para falar agagado e fraco e rouco, assim, 
de ter apanhado um ruim defluxo. Dizendo: – Depõe o pote e o cesto na arca, e vem 
para perto de mim, enquanto é tempo. 
Mas agora Fita-Verde se espantava, além de entristecer-se de ver que perdera em 
caminho sua grande fita verde no cabelo atada; e estava suada, com enorme fome de 
almoço. Ela perguntou: 
– Vovozinha, que braços tão magros, os seus, e que mãos tão trementes! 
– É porque não vou poder nunca mais te abraçar, minha neta… – a avó murmurou. 
– Vovozinha, mas que lábios, aí, tão arroxeados! 
 
 
 
 
 
 31 
– É porque não vou nunca mais poder te beijar, minha neta… – a avó suspirou. 
– Vovozinha, e que olhos tão fundos e parados, nesse rosto encovado, pálido? 
– É porque já não estou te vendo, nunca mais, minha netinha… – a avó ainda gemeu. 
Fita-Verde mais se assustou, como se fosse ter juízo pela primeira vez. Gritou: – 
Vovozinha, eu tenho medo do Lobo!… 
Mas a avó não estava mais lá, sendo que demasiado ausente, a não ser pelo frio, triste 
e tão repentino corpo. 
(ROSA, Guimarães. Ave, palavra. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985.) 
 
 
1. O subtítulo do conto "Fita verde no cabelo (Nova velha história)" aproxima dois 
adjetivos antagônicos. Explique por que essa história de Guimarães Rosa é nova e velha 
ao mesmo tempo. 
 
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________ 
 
 
2. Pode-se inferir que o desfecho do conto representa uma descoberta da protagonista. 
Qual é essa descoberta? Justifique sua resposta. 
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________ 
 
 
 
 
 
PISM 2018 
 
QUESTÕES OBJETIVAS 
 
TEXTO 1: Chiquinho Azevedo 
(Gilberto Gil) 
 
Chiquinho Azevedo 
Garoto de Ipanema 
Já salvou um menino 
Na Praia, no Recife 
Nesse dia 
Momó também estava com a gente 
Levou-se o menino 
Pra uma clínica em frente 
E o médico não quis 
Vir atender a gente 
 
 
 
 
 
 32 
Nessa hora nosso sangue ficou bem quente 
Menino morrendo 
Era aquela agonia 
E o doutor só queria 
Mediante dinheiro 
 Nessa hora vi quanto o mundo está doente 
Discutiu-se muito 
Ameaçou-se briga 
Doze litros de água 
Tiraram da barriga 
Do menino que sobreviveu finalmente 
Muita gente me pergunta 
Se essa estória aconteceu 
Aconteceu minha gente 
Quem está contando sou eu 
Aconteceu e acontece 
Todo dia por aí 
Aconteceu e acontece 
Que esse mundo é mesmo assim 
(GIL, Gilberto. Quanta. CD Warner Music, 1997. Faixa 6.) 
 
 
 
 
1. A letra da canção de Gilberto Gil, apresentada como Texto 1, caracteriza-se, 
predominantemente, por: 
a) Descrever. 
b) Narrar. 
c) Dissertar. 
d) Argumentar. 
e) Simbolizar. 
 
 
2. No verso “Aconteceu e acontece”, no Texto 1, a repetição do verbo indica que a 
conclusão do texto se faz por uma transição entre: 
a) A memória de um fato específico do passado e a afirmação de um conhecimento 
geral sobre o presente. 
b) A possibilidade de um acontecimento do passado e a esperança de que ele não se 
repita no presente. 
c) A dúvida sobre a comprovação de um fato no passado e a certeza de que ele 
acontece no presente. d) A distância entre um episódio que ficou na memória e a 
proximidade de sua repetição no presente. 
e) A confirmação, através do testemunho, de um fato passado e a hipótese de que ele 
se repetirá no presente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 33 
3. No verso “Nessa hora vi quanto o mundo está doente”, do Texto 1, pode-se inferir 
que a doença do mundo está relacionada à predominância de valores: 
a) Humanistas. 
b) Democráticos. 
c) Filantrópicos. 
d) Financeiros. 
e) Políticos. 
 
TEXTO 2: A experiência da cidade 
(Fernando Sabino) 
 
A coisa que mais o impressionou no Rio foram os bondes. Não pode ver um bonde, fica 
maravilhado: nunca pensou que existisse algo de tão fantástico. 
Se ele quiser andar de fasto, ele pode? 
Andar de fasto, na sua linguagem de menino do interior de Minas, é andar para trás. 
Tem outras expressões esquisitas: sungar é levantar; pra riba é pra cima; pramode é 
para, por causa, etc. Mas eu também sou mineiro: 
Pramode o bonde andar de fasto tem que sungar os bancos e tocar para riba. Ele fica 
olhando. Olha tudo com atenção. Tem oito anos mas bem podia ter cinco ou seis, de tal 
maneira é pequenino. Bem que a cozinheira dizia: Tenho um filho que é deste 
tamaninho. 
E levava a mão à altura do joelho.Chama-se Valdecir. Ninguém acerta com seu nome, 
nem ele próprio: Vardici, diz, mostrando os dentes. No dia em que chegou fiquei 
sabendo que nunca tivera ao menos notícia da existência de uma cidade, além do arraial 
onde nascera. Nunca vira luz elétrica ou água corrente, ainda mais telefone ou elevador. 
Abria a torneira e ficava olhando. Quando tinha água era capaz de inundar o edifício. 
Quando não tinha, divertia-se tocando a campainha da porta da rua – e para alcançá-la 
precisava arrastar uma cadeira. As da sala de estar têm a marca de seus pés até hoje. 
A cozinheira atendia ao chamado, dava-lhe um safanão, arrastava-o para a cozinha. Ele 
ficava olhando: nunca vira um fogão a gás. 
[...] 
Arranjei-lhe um lugar num colégio interno, a pedido da mãe. Ele concordou em ir, desde 
que fosse de bonde. E lá se foi, certa manhã, na beirada do banco, descobrindo 
maravilhas em cada esquina. 
[...] 
Não sei por quê, saiu do colégio; acabou indo morar com os tios em Santa Teresa, numa 
casa de cômodos. Um dia, abro o jornal e leio a notícia: um homem matara o vizinho do 
quarto, que tentara violentar um menino. Foi arrolado como testemunha! Voltou para 
minha casa e já trazia nos olhos a perplexidade dos escandalizados pela vida. 
Agora regressa à sua terra. Vai crescer, tornar-se homem como os que aqui conheceu, 
ou apenas envelhecer e morrer apoiado no cabo de uma enxada, como seus ancestrais. 
Leva da cidade a notícia de meia dúzia de coisas fantásticas – bonde, televisão, 
elevador, telefone – cuja lembrança irá talvez se apagando com o tempo. Esquecerá 
depressa este homem que aqui viu, cercado de mecanismos, moderno e civilizado, que 
o abrigou alguns dias e a quem devolveu a infância. Apenas não esquecerá tão cedo 
seu primeiro conhecimento do homem, animal feroz. 
(SABINO, Fernando. A companheira de viagem. Rio de Janeiro: Record, 1984. p. 71-74.) 
 
 
 
 
 
 34 
4. De acordo com o Texto 2, os elementos que melhor evidenciam “a experiência da 
cidade”, mencionada no título, são: 
a) Romantismo e infância. 
b) Tecnologia e violência. 
c) Modernidade e tradição. 
d) Transporte e educação. 
e) Deslumbramento e euforia. 
 
 
5. Analisando comparativamente os desfechos do Texto 1 e do Texto 2, pode-se concluir 
que a visão que eles apresentam sobre o ser humano é: 
a) Idealista. 
b) Resignada. 
c) Revoltada. 
d) Confiante. 
e) Otimista. 
 
 
 
QUESTÕES DISCURSIVAS 
 
 
Maria 
(Conceição Evaristo) 
 
Maria estava parada há mais de meia hora no ponto de ônibus. Estava cansada de 
esperar. Se a distância fosse menor, teria ido a pé. Era preciso mesmo ir se 
acostumando com a caminhada. Os ônibus estavam aumentando tanto! Além do 
cansaço, a sacola estava pesada. No dia anterior, no domingo, havia tido festa na casa 
da patroa. Ela levava para casa os restos. O osso do pernil e as frutas que tinham 
enfeitado a mesa. Ganhara as frutas e uma gorjeta. O osso a patroa ia jogar fora. Estava 
feliz, apesar do cansaço. A gorjeta chegara numa hora boa. Os dois filhos menores 
estavam muito gripados. Precisava comprar xarope e aquele remedinho de desentupir 
o nariz. Daria para comprar também uma lata de Toddy. As frutas estavam ótimas e 
havia melão. As crianças nunca tinham comido melão. Será que os meninos gostavam 
de melão? 
A palma de umas de suas mãos doía. Tinha sofrido um corte, bem no meio, enquanto 
cortava o pernil para a patroa. Que coisa! Faca-laser corta até a vida! 
Quando o ônibus apontou lá na esquina, Maria abaixou o corpo, pegando a sacola que 
estava no chão entre as suas pernas. O ônibus não estava cheio, havia lugares. Ela 
poderia descansar um pouco, cochilar até a hora da descida. Ao entrar, um homem 
levantou lá de trás, do último banco, fazendo um sinal para o trocador. Passou em 
silêncio, pagando a passagem dele e de Maria. Ela reconheceu o homem. Quanto 
tempo, que saudades! Como era difícil continuar a vida sem ele. Maria sentou-se na 
frente. O homem assentou-se ao lado dela. Ela se lembrou do passado. Do homem 
 
 
 
 
 
 
 
 35 
 deitado com ela. Da vida dos dois no barraco. Dos primeiros enjoos. Da barriga enorme 
que todos diziam gêmeos, e da alegria dele. Que bom! Nasceu! Era um menino! E 
haveria de se tornar um homem. Maria viu, sem olhar, que era o pai do seu filho. Ele 
continuava o mesmo. Bonito, grande, o olhar assustado não se fixando em nada e em 
ninguém. Sentiu uma mágoa imensa. Por que não podia ser de outra forma? Por que 
não podiam ser felizes? E o menino, Maria? Como vai o menino? cochichou o homem. 
Sabe que sinto falta de vocês? Tenho um buraco no peito, tamanha a saudade! Tou 
sozinho! Não arrumei, não quis mais ninguém. Você já teve outros... outros filhos? A 
mulher baixou os olhos como que pedindo perdão. É. Ela teve mais dois filhos, mas não 
tinha ninguém também! Homens também? Eles haveriam de ter outra vida. Com eles 
tudo haveria de ser diferente. Maria, não te esqueci! Tá tudo aqui no buraco do peito... 
O homem falava, mas continuava estático, preso, fixo no banco. Cochichava com Maria 
as palavras, sem entretanto virar para o lado dela. Ela sabia o que o homem dizia. Ele 
estava dizendo de dor, de prazer, de alegria, de filho, de vida, de morte, de despedida. 
Do buraco-saudade no peito dele... 
Desta vez ele cochichou um pouquinho mais alto. Ela, ainda sem ouvir direito, adivinhou 
a fala dele: um abraço, um beijo, um carinho no filho. E logo após, levantou rápido 
sacando a arma. Outro lá atrás gritou que era um assalto. Maria estava com muito medo. 
Não dos assaltantes. Não da morte. Sim da vida. Tinha três filhos. O mais velho, com 
onze anos, era filho daquele homem que estava ali na frente com uma arma na mão. O 
de lá de trás vinha recolhendo tudo. O motorista seguia a viagem. Havia o silêncio de 
todos no ônibus. Apenas a voz do outro se ouvia pedindo aos passageiros que 
entregassem tudo rapidamente. O medo da vida em Maria ia aumentando. Meu Deus, 
como seria a vida dos seus filhos? Era a primeira vez que ela via um assalto no ônibus. 
Imaginava o terror das pessoas. O comparsa de seu ex-homem passou por ela e não 
pediu nada. Se fossem outros os assaltantes? Ela teria para dar uma sacola de frutas, 
um osso de pernil e uma gorjeta de mil cruzeiros. Não tinha relógio algum no braço. Nas 
mãos nenhum anel ou aliança. Aliás, nas mãos tinha sim! Tinha um profundo corte feito 
com faca-laser que parecia cortar até a vida. 
Os assaltantes desceram rápido. Maria olhou saudosa e desesperada para o primeiro. 
Foi quando uma voz acordou a coragem dos demais. Alguém gritou que aquela puta 
safada conhecia os assaltantes. Maria assustou-se. Ela não conhecia assaltante algum. 
Conhecia o pai do seu primeiro filho. Conhecia o homem que tinha sido dela e que ela 
ainda amava tanto. Ouviu uma voz: Negra safada, vai ver que estava de coleio com os 
dois. Outra voz ainda lá do fundo do ônibus acrescentou: Calma gente! Se ela estivesse 
junto com eles, teria descido também. Alguém argumentou que ela não tinha descido 
só para disfarçar. Estava mesmo com os ladrões. Foi a única a não ser assaltada. 
Mentira, eu não fui e não sei por quê. Maria olhou na direção de onde vinha a voz e viu 
um rapazinho negro e magro, com feições de menino e que relembrava vagamente o 
seu filho. A primeira voz, a que acordou a coragem de todos, tornou-se um grito: Aquela 
puta, aquela negra safada estava com os ladrões! O dono da voz levantou e se 
encaminhou em direção a Maria. A mulher teve medo e raiva. Que merda! Não conhecia 
assaltante algum. Não devia satisfação a ninguém. Olha só, a negra ainda é atrevida, 
disse o homem, lascando um tapa no rosto da mulher. Alguém gritou: Lincha! Lincha! 
 
 
 
 
 
 
 
 36 
Lincha!... Uns passageiros desceram e outros voaram em direção a Maria. O motorista 
tinha parado o ônibus para defender a passageira: Calma, pessoal! Que loucura é esta? 
Eu conheço esta mulher de vista. Todos os dias, mais ou menos neste horário, ela toma 
o ônibus comigo. Está vindo do trabalho, da luta para sustentaros filhos... Lincha! 
Lincha! Lincha! Maria punha sangue pela boca, pelo nariz e pelos ouvidos. A sacola 
havia arrebentado e as frutas rolavam pelo chão. Será que os meninos gostam de 
melão? Tudo foi tão rápido, tão breve. Maria tinha saudades do seu ex-homem. Por que 
estavam fazendo isto com ela? O homem havia segredado um abraço, um beijo, um 
carinho no filho. Ela precisava chegar em casa para transmitir o recado. Estavam todos 
armados com facas-laser que cortam até a vida. Quando o ônibus esvaziou, quando 
chegou a polícia, o corpo da mulher já estava todo dilacerado, todo pisoteado. Maria 
queria tanto dizer ao filho que o pai havia mandado um abraço, um beijo, um carinho. 
(EVARISTO, Conceição. Olhos d’água. Rio de Janeiro: Pallas; Fundação Biblioteca Nacional, 2016. p. 39-
42.) 
 
 
1. O conto “Maria”, de Conceição Evaristo, representa diversas formas de violência 
vividas na sociedade brasileira. Além da cena final de linchamento e do assalto no 
transporte coletivo, há menções à violência nas relações de trabalho. Retire do texto 
uma passagem que comprove esse tipo de violência e explique. 
 
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________ 
 
 
 
 
2. Releia a passagem: “Maria estava com muito medo. Não dos assaltantes. Não da 
morte. Sim da vida.” Explique como se justifica o medo da vida sentido pela 
personagem. 
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 37 
PISM 2019 
 
 
QUESTÕES OBJETIVAS 
 
 
1. Numa entrevista publicada na Folha Ilustrada, em 14 de março de 2005, o escritor 
mineiro Luiz Ruffato disse o que está transcrito abaixo: 
“Estou indo de certa forma na contracorrente da literatura contemporânea brasileira. Ela 
tende ou para o neonaturalismo ou para uma literatura que chamo de ‘egótica’, muito 
centrada no eu. Tento caminhar em outra seara, a da literatura realista, que no meu 
entender não é otimista nem pessimista. Ela estabelece uma reflexão sobre o real a 
partir do real.” 
 
De acordo com o que disse Luiz Ruffato em sua entrevista, o conceito de “realismo 
contemporâneo” que ele defende pode ser explicado em qual das alternativas abaixo? 
a) Um realismo excessivamente elaborado, que busca o máximo de verossimilhança, 
mesmo que, para tanto, a verdade seja sacrificada no texto. 
b) Um realismo totalmente descompromissado das questões fundamentais do seu 
próprio tempo, com vistas a fortalecer uma ideia de ficção baseada somente na 
experimentação com a linguagem. 
c) Um realismo que parta do real cotidiano para compreender a realidade, cuidando de 
tomar certo distanciamento da matéria para não tomá-la de forma demasiado 
personalista. 
d) Um realismo de combate, fruto das reflexões profundas do escritor acerca da 
realidade, com vistas a assumir uma postura de orientação para as tomadas de posição 
pelo leitor. 
e) Um realismo indiferente, cujo único compromisso é com a literatura que se alimenta 
de testar os seus próprios limites 
 
 
2. Leia a letra da canção abaixo para responder à questão proposta: 
 
Joia 
Beira de mar 
Beira de mar 
Beira de maré na América do Sul 
Um selvagem levanta o braço 
Abre a mão e tira um caju 
Um momento de grande amor 
De grande amor Copacabana 
Copacabana 
Louca total e completamente louca 
A menina muito contente 
Toca a coca-cola na boca 
Um momento de puro amor 
De puro amor. 
(VELOSO, Caetano. Letra Só. São Paulo: Companhia das Letras, 2003.) 
 
 
 38 
A letra da canção “Joia”, de Caetano Veloso, tem o poder de representar algumas das 
aproximações que o Tropicalismo procurou promover entre espaços, tempos e 
referenciais culturais distintos, com o intuito de provocar uma reflexão acerca do caráter 
híbrido da formação cultural brasileira. Marque a única alternativa em que a afirmação 
sobre as funções dos elementos da linguagem da canção esteja INCORRETA: 
 
a) Existe uma oposição entre os termos “caju” e “coca-cola”. O primeiro é um elemento 
natural, nacional e autóctone. O segundo é artificial, produto da sociedade de consumo 
moderna. 
b) Os termos “selvagem” e “menina contente” representam, respectivamente, o lado 
primitivo, histórico e natural do país, e o lado moderno e civilizado, sujeito às influências 
estrangeiras. 
c) A letra da canção pode ser dividida em duas partes, cada uma representativa de um 
espaço distinto, identificadas pelas expressões “Beira mar” e “Copacabana”. 
d) “Beira mar” e “Copacabana” podem representar um deslocamento temporal no 
mesmo espaço, já que a “beira mar”, séculos depois, transformou-se em “Copacabana”. 
e) Na letra da canção fica evidente que a caracterização da modernidade não leva em 
consideração e nem dialoga com os elementos que representam o passado, uma vez 
que, ao aceitar a primeira, torna-se obrigatório negar o segundo. 
 
 
Leia os textos abaixo para responder às questões 03 e 04: 
 
TEXTO I 
“Guimarães Rosa escreveu sua obra no português do Brasil, uma língua muito mais rica 
do que o português europeu, na medida em que assimilou um sem-número de 
elementos provenientes dos idiomas dos índios e negros que desempenharam papel de 
relevo na formação étnica e cultural do país. Entretanto, o autor não se limitou apenas 
a reproduzir a linguagem falada no Brasil. E à síntese já existente, acrescentou sua 
própria síntese: uma estrutura sintática bastante peculiar e um léxico que inclui grande 
número de neologismos; vocábulos extraídos de idiomas estrangeiros ou revitalizados 
do antigo português; e uma série de termos indígenas ou dialetais que ainda não tinham 
sido incorporados à sua língua de origem [...]”. 
(COUTINHO, Afrânio. Guimarães Rosa e o processo de revitalização da linguagem. In: COUTINHO, 
Eduardo F. (Org.). Guimarães Rosa: fortuna crítica. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1983.) 
 
TEXTO II 
“Estou contando ao senhor, que carece de um explicado. Pensar mal é fácil, porque esta 
vida é embrejada. A gente vive, eu acho, é mesmo para se desiludir e desmisturar. A 
senvergonhice reina, tão leve e leve pertencidamente, que por primeiro não se crê no 
sincero sem maldade. Está certo, sei. Mas ponho minha fiança: homem muito homem 
que fui, e homem por mulheres! – nunca tive inclinação para os vícios desencontrados. 
Repito o que, o sem preceito. Então – o senhor me perguntará – o que era aquilo? Ah, 
lei ladra, o poder da vida. Direitinho declaro o que, durando todo o tempo, sempre mais, 
às vezes menos, comigo se passou. Aquela mandante amizade. Eu não pensava em 
adiação nenhuma, de pior propósito. Mas eu gostava dele, dia mais dia, mais gostava. 
Diga o senhor: como um feitiço? Isso. Feito coisa-feita. Era ele fechar a cara e estar 
tristonho, e eu perdia meu sossego. Era ele estar por longe, eu só nele pensava. E eu 
mesmo não entendia então o que aquilo era? Sei que sim. Mas não. E eu mesmo 
entender não queria [...]”. 
(ROSA, Guimarães. Grande sertão: veredas. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986.) 
 
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TEXTO III 
“A experiência que passa de pessoa a pessoa é a fonte a que recorrem todos os 
narradores. E, entre as narrativas escritas, as melhores são as que menos se distinguem 
das histórias orais contadas pelos inúmeros narradores anônimos. Entre estes, existem 
dois grupos, que se interpenetram de múltiplas maneiras. A figura do narrador só se 
torna plenamente tangível se temos presentes esses dois grupos. ‘Quem viaja tem muito 
que contar’, diz o povo, e com isso imagina o narrador como alguém que vem de longe. 
Mas também escutamos com prazer o homem que ganhou honestamente sua vida

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