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Biogeografia - diversidade ecológica e saúde

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0 
 
 
 
Biogeografia: diversidade ecológica e saúde – 1 
Organizadores 
 
 Leonice Seolin Dias 
Paulo Nuno Maia de Sousa Nossa 
Regina Célia de Castro Pereira 
Marcelo Tenório Crepaldi 
 
 
 
Colaboradores 
 
Raul Borges Guimarães 
Paulo Cesar Rocha 
 
 
 
Biogeografia 
diversidade ecológica e saúde 
 
 
 
1ª Edição 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ANAP 
Tupã/SP 
2020 
2 
EDITORA ANAP 
 
Associação Amigos da Natureza da Alta Paulista 
Pessoa de Direito Privado Sem Fins Lucrativos, fundada em 14 de setembro de 2003. 
Rua Bolívia, nº 88, Jardim América, Cidade de Tupã, São Paulo. CEP 17.605-310. 
Contato: (14) 99808-5947 
www.editoraanap.org.br 
www.amigosdanatureza.org.br 
editora@amigosdanatureza.org.br 
 
Editoração e Diagramação da Obra: Leonice Seolin Dias; Sandra Medina Benini 
Revisão de Português: Smirna Cavalheiro 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Índice para catálogo sistemático 
Brasil: Geografia
Biogeografia: diversidade ecológica e saúde – 3 
Comissão Científica 
 
Prof. Dr. Adriano Amaro de Sousa – FATEC/Barueri 
Prof. Dr. Alexandre Sylvio Vieira da Costa – UFVJM 
Profa. Dra. Ana Paula B. do Nascimento – USJT 
Profa. Dra. Andréa Aparecida Zacharias – FCT/UNESP 
Prof. Dr. Antonio Carlos Pries Devide – APTA/SAA 
Prof. Dr. Antonio Marcos dos Santos – UPE 
Prof. Dr. Carlos Eduardo Fortes Gonzalez – UTFPR 
Prof. Dr. Cesar Augusto Della Piazza – UFABC 
Prof. Dr. César Gustavo da Rocha Lima – UNESP 
Profa Dra. Cristina Veloso de Castro – UFMG 
Profa. Dra. Dayana Ap. M. de O. Cruz – IFSP/Registro 
Prof. Dr. Eduardo Salinas Chávez – UFMS/Un. de Havana 
Prof. Dr. Eduardo Vignoto Fernandes – UFG/Jataí 
Prof. Dr. Fábio Luciano Violin – UNESP 
Profa. Dra Fatima Ap. da Silva Iocca/UFSCAR 
Prof. Dr. Fernando Sérgio Okimoto – FCT/UNESP 
Prof. Dr. Frederico Braida Rodrigues de Paula – UFJF 
Profa. Dra. Geise Brizotti Pasquotto – UNESP 
Profa. Dra. Iracimara de Anchieta Messias – FCT/UNESP 
Profa. Dra. Janete Facco – Funcionário Público 
Prof. Dr. João Adalberto Campato Jr. – Univ. Brasil 
Prof. Dr. João Carlos Nucci – UFPR 
 
 
Prof. Dr. Jorge Sales dos Santos – UFPA 
Profa. Dra. Josinês Barbosa Rabelo – Asces/Unita 
Profa. Dra. Juliana H. P. Américo-Pinheiro – Univ. Brasil 
Profa. Dra. Kelly Cristina Tonello/UFSCAR 
Prof. Dr. Leandro Gaffo – UFSB 
Profa. Dra. Luciana Ferreira Leal – UNESPAR 
Profa. Dra. Marcia Ap. da Silva Pimentel – UFPA 
Profa. Dra. Marcia Eliane Silva Carvalho – UFS 
Prof. Dr. Márcio R. Pontes – SEQUOIA 
Profa. Dra. Maria Cristina Rizk – FCT/UNESP 
Profa. Dra. Natacha Cíntia Regina Aleixo – UEA 
Profa. Dra. Natalia Cristina Alves – Funcionário Público 
Profa. Dra. Nyadja Menezes R. Ramos – COMPESA 
Profa. Dra. Renata Morandi Lóra – IFES 
Prof. Dr. Ricardo de Sampaio Dagnino – UFRGS 
Prof. Dr. Rodrigo Barchi – UNIB e UNISO 
Prof. Dr. Ronaldo Natalino Ciciliato – UNIP/Assis 
Profa. Dra. Sandra M. Alves da Silva Neves – UNEMAT 
Profa. Dra. Sílvia Carla da S. A. Uehara – UFSCar 
Profa. Dra. Thatiane Maria Souza de Araújo – UECE 
Prof. Dr. Vagner Zamboni Berto – IFPR/Curitiba 
Prof. Dr. Wagner Rezende – UFG 
 
 
 
4 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Biogeografia: diversidade ecológica e saúde – 5 
Organizadores 
 
Leonice Seolin Dias 
Graduada em Ciências pela Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Tupã/SP (FAFIT). Habilitação em 
Biologia pelas Faculdades Adamantinenses Integradas de Adamantina/SP (FAI). Mestrados em 
Ciências Biológicas e em Ciência Animal e Especialização em Ciências Biológicas pela Universidade do 
Oeste Paulista (UNOESTE) e doutorado em Geografia pela Universidade Estadual Paulista 
(FCT/UNESP) de Presidente Prudente/São Paulo. 
 
Paulo Nuno Maia de Sousa Nossa 
Geógrafo, Doutorado em Geografia Humana pela Universidade do Minho (2005). É Prof. Auxiliar do 
Departamento de Geografia e Turismo da Universidade de Coimbra, Portugal. É Investigador do 
Centro de Estudos de Geografia e Ordenamento do Território (CEGOT). Diretor de Departamento e 
Diretor do Curso de Geografia da Universidade do Minho (2005 -2011), sendo Diretor do Curso de 
graduação em Geografia (2016…). Responsável por diferentes disciplinas na área da Geografia 
Humana (licenciatura, mestrado e doutoramento). Colabora regularmente com a Universidade 
Pedagógica de Maputo; Moçambique e com a Universidade Federal de Uberlândia, Brasil. 
Autor/coautor de 4 livros e de 21 capítulos de livros, 17 artigos em revistas nacionais/internacionais 
com arbitragem científica bem como 17 artigos em atas de reuniões científicas. Orientou 22 
dissertações de Mestrado/Relatórios Estágio e coorientou 3 teses de doutoramento, 2 das quais em 
regime de cotutela com universidades Brasileiras. 
 
Regina Célia de Castro Pereira 
Possui graduação em Geografia pela Universidade Federal do Maranhão – UFMA (1996). Mestrado 
em Sustentabilidade de Ecossistemas pela Universidade Federal do Maranhão (2006) e doutorado 
em Geografia pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho – FTC/UNESP (2012). Atualmente 
é professora adjunto IV do Departamento de História e Geografia e Coordenadora Geral do Programa 
Ensinar de Formação de professores da Universidade Estadual do Maranhão. 
 
Marcelo Tenório Crepaldi 
Possui graduação em Geografia (bacharelado) pela Universidade Estadual de Maringá (UEM). Mestre em 
Geografia na área de concentração de Análise Ambiental pelo Programa de Pós-Graduação em Geografia 
da Universidade Estadual de Maringá (PGE/UEM) (2014). Atualmente é doutorando em Geografia pelo 
programa de Pós-Graduação da Universidade Estadual Paulista (FCT/UNESP) e membro do Laboratório 
de Biogeografia e Geografia da Saúde da FCT/UNESP, câmpus de Presidente Prudente/São Paulo. 
 
 
 
 
6 
Colaboradores 
 
Raul Borges Guimarães 
Licenciado e Bacharel em Geografia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1985), 
mestre e doutor em Geografia Humana pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas 
(FFLCH) da USP (1994 e 2000), Pós-doutorado na University of West of England (2001), 
Pós-doutorado na Faculdade de Saúde Pública da USP (2008), Livre Docente pela Faculdade de Saúde 
Pública da USP (2008). Professor Titular do Departamento de Geografia da UNESP de Presidente Prudente 
(FCT), onde coordena o Laboratório de Biogeografia e Geografia da Saúde. Membro do Centro de 
Estudos e Educação “Trabalho, Ambiente e Saúde” da FCT/UNESP. Bolsista Produtividade do CNPq. 
 
Paulo Cesar Rocha 
Possui graduação em Geografia pela Universidade Estadual de Maringá (1991), mestrado e 
doutorado em Ecologia de Ambientes Aquáticos Continentais pela Universidade Estadual de Maringá 
(UEM) (1995/2002). Pós-Doutorado no PEA/UEM/School of Environmental Sciences/University of 
Liverpool (2015). Atualmente é professor Assistente Doutor da Faculdade de Ciência e Tecnologia 
da Universidade Estadual Paulista (UNESP/Presidente Prudente/SP). Pesquisador 2 do CNPq. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Biogeografia: diversidade ecológica e saúde – 7 
Sumário 
 
Prefácio 
 
09 
Apresentação 
 
11 
Capítulo 1 
Distribuição geográfica do caracol gigante africano na América do Sul 
Renan Valério Eduvirgem; Maria Eugênia Moreira Costa Ferreira 
 
15 
Capítulo 2 
Características morfométricas do caramujo africano (achatina fulica) em Manaus/AM – Brasil 
Michael Guimarães de Souza; Ana Mara Cruz Lachi; Adoréa Rebello da Cunha Albuquerque 
 
27 
Capítulo 3 
Monitoramento de mamíferos como suporte para análise de Serviços Ecossistêmicos de 
Unidades de Conservação no Corredor Sudeste da Mata Atlântica do Estado de São Paulo 
Danilo Santos da Silva; Ana Cristyna Reis Lacerda 
 
31 
Capítulo 4 
Aplicação do índice de vegetação por diferença normalizada (NDVI) no estudo do 
(Achatina fulica) em Manaus/AM – Brasil 
Michael Guimarães de Souza;Ana Mara Cruz Lach; Adoréa Rebello da Cunha Albuquerque 
 
41 
Capítulo 5 
Dinâmica da vegetação na superfície de cimeira de Pinhão/Guarapuava no Quaternário 
Superior – Sul do Brasil 
Vitor Hugo Rosa Biffi; Karina de Cássia Gazola; Julio Cesar Paisani 
 
45 
Capítulo 6 
Análise do padrão espacial do caramujo africano (Achatina fulica) na bacia hidrográfica 
de Educandos, Manaus/AM – Brasil 
Michael Guimarães de Souza; Adoréa Rebello da Cunha Albuquerque 
 
59 
Capítulo 7 
Conservação e reabilitação de pinguins migratórios (Spheniscus magellanicus) nos 
litorais brasileiros 
Giorgio da Silva Grigio; Rute Britto do Nascimento; Vitor Florido Aragon; Armando Luís Serra 
 
67 
Capítulo 8 
A biocenose de pombas e moscas domésticas: uma abordagem ecológica do 
ambiente antrópico 
Marcelo Tenório Crepaldi; Lucas de Castro Faria; Raul Borges Guimarães 
 
79 
Capítulo 9 
A Epidemia de Dengue no Estado do Rio de Janeiro nos Anos de 2018 e 2019 
Gabriel de Lima Germano; Denecir de Almeida Dutra; Ramon de Oliveira Bieco Braga 
 
93 
Capítulo 10 
Biogeografia e Educação ambiental 
Marcio Moreira do Nascimento; Eva Teixeira dos Santos 
 
101 
8 
 
Biogeografia: diversidade ecológica e saúde – 9 
Prefácio 
 
Esta obra é dedicada a um tema que é cada vez mais importante no contexto das 
ciências sociais, mas também naturais, como é a relação entre a biogeografia e a saúde. 
Claro que quando se fala em saúde se pensa de imediato no estado de bem-estar humano, 
mas esta também pode ser atribuída ao “bem-estar” dos ecossistemas, ao seu equilíbrio. A 
história está cheia de fenómenos de difusão de organismos e de seres parasíticos que não 
respondem ao modo natural de se irem distribuindo pela superfície terrestre, ganhando ou 
perdendo território. Cada contacto de comunidades humanas com outras até então 
isoladas, corresponde a um carrear de espécies animais e vegetais, mas também de micro-
organismos, capazes de perturbar quer os humanos quer os ecossistemas aí tocados. No 
caso dos humanos essa perturbação corresponde amiúde a doenças que tantas vezes foram 
dizimadoras de grande percentagem das pessoas afetadas. 
O crescimento e desenvolvimento das civilizações humanas processaram-se 
principalmente através das trocas comerciais entre os povos, mas também através das 
guerras entre si. Em todas elas havia contactos quer por terra quer por mar e com eles a 
difusão de organismos patogénicos que deram origem, episodicamente, a grandes 
epidemias, com origem, em regra, no próximo ou no extremo oriente do chamado Velho 
Mundo. Desde o início do século XVI os contactos passaram a incluir os povos de todo o 
globo com a descoberta, por parte dos europeus, das Américas. Foi a globalização moderna. 
No entanto, com eles foram a varíola, o sarampo, a gripe, e de lá trouxeram a sífilis. Já no 
século XX e desde África chegam o dengue e o HIV. 
A tentativa de replicação em determinada área de algo que é potencialmente 
rentável noutra é uma tentação que tem levado à distribuição antrópica de muitas espécies 
animais ou vegetais, as quais, por vezes, são portadoras de agentes patogénicos causadores 
de doenças nas pessoas. Um dos exemplos apresentados neste capítulo, os caracóis 
gigantes africanos, é ilustrativo desta realidade. Não obstante, a distribuição de espécies 
que fazem parte agora da dieta normal das pessoas em todo o mundo tem contribuído para 
a diminuição da fome e para o equilíbrio alimentar em muitas regiões que tradicionalmente 
se alimentavam de um número restrito de fontes nutritivas. 
10 
Com o acumular de nutrientes pelos humanos, há espécies animais oportunistas 
que aproveitam essa circunstância, como é aqui mostrado com as pombas e as moscas 
domésticas, mas também se podia falar dos ratos, todos potenciais transmissores de 
doenças aos humanos. 
A milenar atividade humana na superfície da terra, com acentuação depois da 
Revolução Industrial, tem degradado a saúde dos ecossistemas de tal modo que se pode 
manifestar, por exemplos aqui discutidos, através da diminuição dos pinguins de 
Magalhães, migrantes nas costas do Brasil, como da fragmentação da Mata Atlântica, 
criando dificuldades à manutenção de mamíferos de grande porte e dos serviços dos 
ecossistemas. Estes casos, como tantos outros ao longo da história, por razões 
económicas ou estéticas, são exemplos perfeitos para mostrar como a biogeografia é 
um dos ramos da ciência que melhor permite fazer uma educação ambiental. A difusão 
dos cereais, da batata, do tomate e de árvores de fruto variadas tem sido feita para as 
áreas onde as condições ecológicas o permitem. De igual modo, espécies industriais viram 
a sua área de distribuição altamente aumentada, como é o caso dos eucaliptos. As razões 
estéticas muitas das vezes não passam de uma demonstração de poder ou de sucesso na 
vida conseguido em outras paragens e isso pode ser mostrado pela introdução de espécies 
vegetais exóticas. Assim se proliferaram as palmeiras e as acácias pela Europa do Sul. 
Um dos artigos mostra como a composição dos ecossistemas numa determinada 
região não é estática ao longo do tempo geológico, mesmo que seja recente como o 
período Quaternário. A superfície da Terra e a sua roupagem, seja em que ponto for, 
muda com as mudanças exteriores aos seres vivos, mas também com as mudanças 
interiores destes. A biogeografia é dinâmica, mesmo que neste momento possa estar 
quase a paralisar o mundo como acontece com a proliferação rápida, à medida da 
rapidez da deslocação das pessoas, de um ser que nem autonomia tem, precisando de 
células para se multiplicar, já que fica inerte sem elas, que é o novo coronavírus. 
Enfim, malhas que a Natureza tece… 
 
 
Coimbra, 16 de novembro de 2020 
 
Dr. António Campar de Almeida 
Professor no Departamento de Geografia e Turismo, Universidade de Coimbra/Portugal. 
 
Biogeografia: diversidade ecológica e saúde – 11 
Apresentação 
 
A presente publicação resulta de uma importante parceria realizada pela 
Associação Amigos da Natureza da Alta Paulista (ANAP) e pelo Programa de 
Pós-Graduação em Geografia – Mestrado Profissional – Recursos Hídricos e Meio 
Ambiente da Faculdade de Ciências e Tecnologia/Universidade Estadual Paulista 
(FCT/UNESP), Presidente Prudente/São Paulo, que, em situações sanitárias adversas, 
organizou e concretizou o I Simpósio Brasileiro de Biogeografia (online), cujos principais 
trabalhos são agora divulgados. 
A partilha e discussão de informação científica online é uma consecução técnica 
notável, que se tornou imperativa num contexto de pandemia global causada pelo 
SARS-CoV2, através da eclosão e difusão, sem precedentes, de mais um vírus zoonótico 
emergente, que a viagem e a globalização tornaram pandémico num intervalo de 
tempo extremamente curto. Esta tipologia de riscos, que nos impõe severas restrições 
de acessibilidade e sociabilidade, para além da suspensão de direitos, acrescenta maior 
gravidade e ameaça ao denominado contexto do Antropoceno, designação 
consolidada por P. Crtuzen e F. Stoermer, em reconhecimento do elevado impacte 
gerado pelas atividades humanas sobre os sistemas naturais de regulação da terra, que 
têm como principal característica o aumento de concentrações crescentes de dióxido 
carbono e metano na atmosfera global (Crtuzen, 2002), com implicações diretas e/ou 
indiretas no que vulgarmente se designam por alterações climáticas. 
O uso quase irrestrito dos recursos naturais, muito para além da sua 
capacidade de regeneração, a globalização das trocas e dos padrões de consumo, as 
fragilidades nas políticas dos 3r´s (reduzir, reutilizar e reciclar), cumulativamente, 
parecem empurrar o Planeta para um perigoso ponto de não retorno, impondo 
elevadas perdas de biodiversidade, através da destruição de habitats, poluição e 
proliferação de espécies invasoras. 
A subida do nível médio dos oceanos poderá fazer desaparecer importantes 
elementosde fauna e flora característicos de zonas húmidas, reduzindo o número e a 
diversidade de seres vivos capazes de se adaptar, nomeadamente repteis e anfíbios. A 
destruição massiva de floresta(s) evidencia impactos inegáveis sobre o clima, modificando 
a alternância das estações do ano, associadas a contextos de seca prolongada, aos quais 
12 
se juntam violentos incêndios florestais, como os recentemente observados na Austrália 
e nos EUA, a crescente escassez de água e um preocupante cenário de crescente 
incidência e prevalência de doenças emergentes e (re)emergentes relacionadas com as 
mudanças climáticas e invasão de ecossistemas. 
Tal como sublinhou no início do século XXI (2007) o Secretário Geral das Nações 
Unidas no Dia internacional para a Biodiversidade (22 de maio), a diversidade biológica é 
a base da vida na terra e um dos pilares imprescindíveis para um desenvolvimento 
sustentável. Sabe-se que os ambientes com maior riqueza biológica são mais resilientes 
à pressão e regeneram-se de uma forma mais rápida após um evento catastrófico. Isto 
adquire maior significado para as populações mais pobres, quase sempre atingidas de 
modo mais severo por fenómenos extremos, cuja frequência ameaça a concretização dos 
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). 
De acordo com o World Disaster Report (Cruz Vermelha Internacional, 2020), os 
fenómenos climáticos extremos, sejam ondas de frio, calor ou inundações, geraram 410 mil 
mortos na última década, colocando as alterações climáticas como o maior desafio global 
do planeta, representando 83% do todos os desastres ocorridos entre 2010 e o presente. 
Tendo consciência da urgência e relevância de um debate científico sério e 
informado, a Organização do evento providenciou a apresentação e discussão de 
trabalhos inscritos em 9 eixos temáticos: 
• Biogeografia e a Paisagem 
• Biogeografia e as Mudanças Climáticas 
• Biogeografia e a Educação Ambiental 
• Biogeografia e Saúde 
• Biogeografia Histórica 
• Biogeografia e Conservação 
• Biogeografia e Agronegócio 
• Biogeografia e Agroecologia 
• Biogeografia e SAFs. 
 
 
 
Biogeografia: diversidade ecológica e saúde – 13 
Os trabalhos com melhor pontuação são agora apresentados nesta obra que 
cumpre a dupla tarefa de difundir e problematizar informação cientificamente relevante, 
contribuindo para um reforço de educação científica e de cidadania, aprendizagens que 
são imprescindíveis no atual contexto de fragilidade informativa. 
Assim, os leitores desta obra poderão encontrar capítulos associados à variação da 
distribuição e monitorização de espécies de fauna e flora, conservação e reabilitação 
de habitats litorâneos, pressionados antropicamente pelo agronegócio, pela exploração de 
inertes e hidrocarbonetos, pelo truísmo entre outros. 
Por último, uma palavra de esperança, destacando o importante papel que a 
Biogeografia detém na educação ambiental. Como sublinha António Coutinho, um dos 
mais influentes imunologistas, com mais de 30 000 citações no domínio da biomedicina: 
 
«O alargamento da Ciência e Educação a todos será sempre a melhor estratégia para 
encontrar a diversidade dos talentos necessários à resolução dos problemas de todos nós.” 
(Professor António Coutinho). 
 
A publicação desta obra testemunha o contributo da ANAP para melhorar o 
conhecimento e educação no Brasil e no contexto dos falantes de língua portuguesa. 
 
 
Coimbra, 25 de novembro de 2020 
 
Dr. Paulo Nuno Maia de Sousa Nossa 
Professor na Universidade de Coimbra/Portugual. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
14 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Terra e Vida evoluem juntos 
 
Leon C. M. Croizat 
 
Biogeografia: diversidade ecológica e saúde – 15 
 
 
Distribuição geográfica do caracol gigante africano na América do Sul 
 
Renan Valério Eduvirgem1; Maria Eugênia Moreira Costa Ferreira2 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
O Filo Mollusca compreende animais que compõem o grupo dos invertebrados, 
ao qual se enquadram os caracóis e lesmas. Os caracóis são gastrópodes caracterizados 
por corpo macio, cabeça e pé achatado. A espécie Achatina fulica Bowdich (1822) faz 
parte deste filo (Figura 1). 
 
Figura 1 – Achatina fulica Bowdich (1822) 
 
 
Fonte: Autores (2019). 
 
A espécie de caracol Achatina fulica é popularmente conhecida como caramujo 
gigante africano e originária das bordas do leste das florestas africanas (PILSBRY, 1904; 
BEQUAERT, 1950). Esse molusco não ficou restrito ao continente africano, de modo que 
foi disseminado para diversos continentes da Terra, principalmente na América do Sul, pelos 
fatores físicos que favoreceram a sua rápida reprodução e adaptação. A temperatura, 
precipitação, entre outros fatores do clima e relevo, também favorecem a adaptação 
de Achatina fulica (BARKER, 2002; EDUVIRGEM, 2018; EDUVIRGEM; FERREIRA, 2018, 2019; 
FERREIRA, 2019; GHOSE, 1984; RAUT; RAUT; SARMA; MUNSI; ANANTHRAM, 2015;) 
 
1Doutorando em Geografia na Universidade Estadual de Maringá (UEM), Maringá/PR, Brasil. Professor colaborador na 
Universidade Estadual do Centro-Oeste/Campus de Guarapuava/PR. E-mail: georenanvalerio@gmail.com 
2Doutora, professora associada nível A na UEM, Maringá/PR, Brasil. E-mail: eugeniaguart@gmail.com 
16 
Mas a grande questão é: Como o caracol gigante africano se desloca por meio de 
um oceano e chega à América do Sul? Será que foi sozinho? Com certeza, não. Assim, 
pode-se atribuir este feito do transporte aos atores que promovem as ações antrópicas, 
o ser humano, e principalmente as navegações. 
No século XXI o caracol gigante africano não é opção de alto consumo do 
cardápio da população da América Latina, pela falta de hábito da população em massa. 
Entretanto, nem sempre foi assim, principalmente nos períodos de guerra. 
Segundo com os estudos de Lever (1994), Johnson e Johnson (1956 apud 
PATERSON, 2000, p. 1) no que tange a Achatina fulica: 
 
Outras introduções da espécie foram deliberadas e estão documentadas, 
por exemplo, o Exército Imperial do Japão foi responsável por difundir o 
caramujo gigante africano (Achatina fulica) em toda a área do Pacífico durante 
a II Guerra Mundial como um alimento para as tropas. (LEVER, 1994; JOHNSON; 
JOHNSON, 1956 apud PATERSON, 2000, p. 1, tradução nossa). 
 
Assim, nota-se que o caracol gigante africano foi fundamental para a 
sobrevivência dos guerrilheiros durante a Segunda Guerra Mundial. O molusco 
possivelmente foi a única e, talvez, a melhor opção alimentar encontrada no crítico 
cenário da guerra, em que a escassez de alimentos foi iminente, ocorrendo a 
distribuição e disseminação da espécie para fora do continente de origem. 
Com o passar das décadas a dispersão do caracol gigante africano ocorreu de 
forma rápida em diversas partes da Terra, sendo impulsionada com a globalização de 
modo que os meios de transporte também evoluíram, fomentando a disseminação 
desta espécie nativa do continente africano, embora no restante do mundo essa espécie 
de caracol é uma espécie exótica invasora. No que tange às Américas, a “introdução e 
distribuição desse molusco em países do continente americano ocorreram, 
provavelmente, na década de 30” (VASCONCELLOS; PILE, 2001, p. 583). 
Este trabalho tem como objetivo promover a espacialização do caracol gigante 
africano na América do Sul. 
 
METODOLOGIA 
 
Desenvolveu-se primeiramente a revisão bibliográfica abordando os temas 
referentes ao caracol gigante africano na América do Sul, em sites governamentais, 
livros, periódicos, dissertações e teses. 
Biogeografia: diversidade ecológica e saúde – 17 
A segunda etapa foi pautada na organização das fontes por países da América 
do Sul, que constavam a ocorrência e identificação da espécie de caracol gigante africano. 
Esta organização pode ser visualizada no Quadro 1. 
 
Quadro 1 – Fontes que descreveram as ocorrências do caracol gigante africano na América do Sul 
 
País Fonte Ano da publicaçãoArgentina 
Correoso; Coello 2009 
Gutiérrez Gregoric et al. 2011 
Bolívia Gutiérrez Gregoric et al. 2013 
 
Teles et al. 1997 
Vasconcellos; Pile 2001 
Raut; Barker 2002 
Smith 2005 
Thiengo et al. 2007 
Oliveira et al. 2012 
Oliveira; Corrêa; Vasconcelos 2013 
Eduvirgem; Ferreira 2018 
Lima; Guilherme 2018 
Eduvirgem; Ferreira 2019 
Colômbia 
Borrero et al. 2009 
Pereira et al. 2016 
Equador 
Correoso Rodríguez 2005 
Correoso Rodríguez 2006 
Borrero et al. 2009 
Correoso; Coello 2009 
Guiana The Environmental Protection Agency 2011 
Guiana Francesa Correoso; Coello 2009 
Paraguai Paraguay Biodiversidad 2010 
Peru 
Borrero et al. 2009 
Correoso; Coello 2009 
Suriname Correoso; Coello 2009 
Venezuela 
Martínez-Escarbassiere; Martínez Moreno 1997 
Martínez-Escarbassiere; Martinez e Castillo 2008 
 
Elaboração: Autores (2018). 
 
Essa organização é fundamental para organização sequenciada, pois deste modo 
é possível correlacionar a existência do caracol gigante africano em cada país, Estado, 
província e cidades. Assim, relacionam-se os espaços geográficos de cada território em 
que foi identificada a existência de A. fulica na América do Sul e as áreas com maior e 
menor infestação da espécie exótica. 
18 
A última etapa foi a elaboração do mapa da distribuição geográfica, cujas 
informações levantadas por meio das fontes científicas foram convertidas na 
identificação dos territórios nos quais foram encontrados A. fulica, no espaço geográfico 
da América do Sul. Desse modo, foram identificados somente os países em que consta 
a presença do caracol gigante africano, e não o ponto específico onde o mesmo foi 
encontrado, pois nas informações de alguns países constavam as informações exatas 
com as coordenadas dos locais nos quais foram encontrados os caracóis, entretanto, 
outras fontes constavam apenas o nome do país, com a ausência de mais informações. 
 
O caracol gigante africano na América do Sul 
 
Na América do Sul, o caracol gigante africano foi inserido e disseminado por quase 
todo o continente, com exceção do Chile, Uruguai e Ilhas Falklands (Malvinas). Desse modo 
tem-se a ocupação do molusco nos países: Venezuela, Suriname, Peru, Paraguai, 
Guiana Francesa, Guiana, Equador, Colômbia, Brasil, Bolívia e Argentina (Figura 2). 
 
Figura 2 – Províncias e Estados com ocorrência de Achatina fulica na América do Sul 
 
 
 
Elaboração: Eduvirgem (2018). 
 
Caracol gigante africano na Argentina 
 
O molusco está presente no território argentino no extremo noroeste da Província 
de Missiones, na cidade de Puerto Iguazú, nas coordenadas 25° 36’ 00.0”S e 54° 35’ 00.0”W 
(GUTIÉRREZ GREGORIC et al., 2011; GUTIÉRREZ GREGORIC et al., 2013). 
Biogeografia: diversidade ecológica e saúde – 19 
A cidade de Puerto Iguazú faz fronteira com o Paraguai e Brasil, formando a tríplice 
fronteira, cercada por áreas protegidas como o Puerto Península Provincial Park, o Urugua-í 
Províncial Park em território argentino e o Parque Nacional Iguaçu. Essas áreas possuem 
características biogeográficas e climáticas que proporcionam ao caracol gigante africano 
condições ideais para seu estabelecimento e desenvolvimento, tais como temperatura 
e umidade. Todavia, com a tríplice fronteira não é fácil identificar qual o meio de seu 
surgimento no território argentino, se foi introduzido ou disseminado de territórios vizinhos. 
Não obstante, Gutiérrez Gregoric et al. (2011, p. 2) salientam que: 
 
Embora não seja possível determinar o agente da introdução desta espécie 
na Argentina é nítida a ligação com a pesca. O uso de caracóis como isca de 
pesca é uma prática frequente e A. fulica pode ter sido liberado do Brasil 
acidentalmente por pescadores no rio Paraná e rio Iguazú (próximo à cidade 
de Puerto Iguazú). A densidade de A. fulica sugere população estável. Os 
moradores relataram que a espécie surgiu há cerca de três anos. (GUTIÉRREZ 
GREGORIC et al., 2011, p. 2, tradução nossa). 
 
Assim, fica evidente que as atividades antrópicas foram imprescindíveis para a 
inserção e estabelecimento do molusco no território argentino, de modo que o caracol 
é utilizado como isca para pesca, no entanto, disseminou-se no ambiente urbano. 
Gutiérrez Gregoric et al. (2013) afirmaram em seus estudos que A. fulica foi encontrado 
em atividade diurna e localizado em paredes, postes, telhados de residências, árvores 
e troncos, embora a atividade desta espécie seja frequente nos finais de tarde e à noite. 
Os autores ainda denotaram que A. fulica é encontrado na cidade de Puerto Iguazú 
em elevadas densidades, principalmente no âmbito doméstico. 
 
Caracol gigante africano na Bolívia 
 
Na Bolívia, a inserção do caracol gigante africano também se deu de maneira 
antrópica, como foi evidenciado nos estudos de Correoso e Coello (2009, p. 4): 
 
Todas as fontes indicam que em nível regional continua a expansão do caracol 
exótico rapidamente. Encontraram-se vendedores de Achatina fulica em La 
Paz, Bolívia, no ano de 2009. É primordial investigar no futuro a localização, 
número e as características de criação das espécies de caracóis tanto dentro 
como fora do país. Se houver colonização em áreas naturais deve-se 
implementar estratégias, medidas sanitárias e educação ambiental. 
(CORREOSO; COELLO, 2009, p. 4, tradução nossa). 
 
Com isso fica evidente que o ser humano novamente foi o responsável pela 
inserção desta espécie exótica. Entretanto, diferente da Argentina, em que o principal uso 
foi a utilização do molusco como isca para a pesca, no território boliviano o fator foi a 
mercantilização do caracol gigante africano. 
20 
Caracol gigante africano no Brasil 
 
A introdução de A. fulica no Brasil ocorreu com o propósito da mercantilização, 
ou seja, o cultivo e comercialização de “escargots”, na década de 1980 
(VASCONCELLOS; PILE, 2001). Thiengo et al. (2007, p. 693) complementam afirmando: 
 
No Brasil, essa espécie provavelmente foi trazida da Indonésia e introduzida 
pelo Estado do Paraná na década de oitenta para fins comerciais (''Escargot"), 
todavia, a estratégia não foi bem-sucedida. Achatina fulica está presente em 
pelo menos 23 dos 26 Estados e no Distrito Federal, incluindo a região 
amazônica e reservas naturais. Com a falta de sucesso da comercialização da 
espécie, os caracóis foram soltos no ambiente, causando danos não somente 
para a economia, mas também para a saúde humana. Achatina fulica ocorre 
em densas populações em áreas urbanas onde é uma praga em jardins e na 
agricultura de pequena escala. (THIENGO et al., 2007, p. 693, tradução nossa). 
 
Com o desenvolvimento de novas pesquisas sobre A. fulica, atualmente 
confirmou-se ocorrência da espécie no Amapá e Acre (LIMA; GUILHERME, 2018; 
OLIVEIRA et al., 2012; OLIVEIRA; CORRÊA; VASCONCELOS, 2013). Por tal fato, a espécie 
exótica está presente em todo o território nacional. As preferências de ocupação do 
ambiente pelo molusco são idênticas às que ocorrem nos demais países da América do Sul, 
ambientes urbanos, jardins vegetais, ornamentais e agricultura. 
Com relação à distribuição e espacialização do caracol gigante africano no 
território brasileiro, Thiengo et al. (2007, p. 695-696) realizaram síntese com amostras 
de oito Estados, representando as cinco regiões brasileiras (Norte, Nordeste, Centro-
Oeste, Sudeste e Sul) com base do Museu Nacional da Universidade do Rio de Janeiro 
(MNJR) e também os estados com maior infestação: 
 
Amostras de oito Estados representando as cinco grandes regiões do Brasil (Sul, 
Sudeste, Norte, Nordeste, Centro-Oeste) tenham sido depositadas como vales no 
levantamento malacologia da coleção do Museu Nacional da Universidade do Rio 
de Janeiro (MNRJ), como segue (MNRJ números de catálogo): Angra dos Reis, 
10340; Belford Roxo, 10361; Bragança Paulista, 10365; Carpina, 10587; Chapada 
dos Guimarães, 10366; Duque de Caxias, 10359; Itaperuna, 10350; 
Guaraqueçaba, 10588; Lagarto, 10589;Magé, 10388; Manaus 10590; 
Maranguape, 10346; Marica, 10352; Niterói, 10362; Nobres, 10339; Nova 
Friburgo, 10347; Nova Iguaçu, 10371; Paracambi, 10356; Rio das Ostras, 10349; 
Rio de Janeiro, 10345, 10348, 10353, 10354, 10355, 10358, 10363; Saquarema; 
Silva Jardim, 10357; Várzea Grande, 10343; Vitória, 10344. [...] Os Estados com 
maior número de municípios infestados estão localizados no Sudeste e no 
Centro-Oeste do Brasil, nos Estados de Goiás (75 municípios), São Paulo (69), 
Paraná (66), Rio de Janeiro (57), Mato Grosso (38), Espírito Santo (23) e Minas 
Gerais (20). O menor número de municípios infestados de outros Estados pode 
refletir em parte a falta de prospecções orientadas bem como um verdadeiro 
nível inferior de infestação. (THIENGO et al., 2007, p. 695-696, tradução nossa). 
Biogeografia: diversidade ecológica e saúde – 21 
Neste contexto faz-se necessário investigar os motivos com todas as variáveis 
possíveis no tange ao questionamento que fica a refletir: Quais os motivos para que 
parte dos Estados brasileiros possua alto índice de infestação e outros um índice muito 
inferior? Deste modo os estudos com relação à distribuição e disseminação geográfica 
do molusco devem ser averiguados e mapeados detalhadamente. 
Em estudo realizado em Maringá, Paraná, Eduvirgem e Ferreira (2018) realizaram o 
mapeamento do caracol gigante africano na zona urbana e promoveram correlações para 
identificar os fatores ambientais que favorecem a permanência e reprodução da espécie 
exótica. Os autores identificaram que o solo, temperatura, umidade, insolação, 
sombreamento e facilidade alimentícia condicionam a sobrevivência do molusco. 
Eduvirgem e Ferreira (2019) realizaram estudo da espécie exótica relacionada com a 
temperatura média do ar e concluíram que os meses mais propensos à atividade de A. 
fulica em Maringá são novembro, dezembro, janeiro, fevereiro e março. 
 
Caracol gigante africano na Colômbia 
 
De acordo com os estudos de Borrero et al. (2009), o molusco foi visto no território 
colombiano. A afirmação foi feita por meio de uma comunicação pessoal na qual foi relatado 
que a espécie invasora foi vista em Fusagasugá, uma área rural nas proximidades de 
Bogotá. A provável suspeita é que o molusco tenha escapado de uma fazenda de 
criações de caracóis, uma vez que na região é comum a criação de gastrópodes. 
O caracol gigante africano também está presente no território colombiano no 
município de Bucaramanga, no Parque Ecológico la Flora. O molusco não está restrito neste 
território somente em ambientes rurais e florestais, pois foi encontrado em ambientes 
urbanos, no município de Florida Blanca, Santander, Colômbia (PEREIRA et al., 2016). 
 
Caracol gigante africano no Equador 
 
Há cerca de vinte anos foram introduzidos caracóis em fazendas localizadas em 
vales e, principalmente, em planaltos equatorianos, onde apresentam temperatura 
ideal para a reprodução de caracóis, estando entre 17 e 25 °C, com longos períodos de 
luz solar e pH adequado para o crescimento dos mesmos. Essas considerações foram 
realizadas nos estudos de Borrero et al. (2009), nos quais os autores citam a organização 
CORPEI, privada e sem fins lucrativos, reconhecida pelo governo equatoriano. 
22 
Borrero e Coello (2009), em estudo de campo, conseguiram fotografar, em março 
de 2008, o caracol gigante africano. Neste período não havia certeza de que o caracol 
gigante africano estava presente no Equador, pois havia espécies de caracóis com 
características semelhantes. O caracol foi localizado nas proximidades de Mindo, 
Província de Pichincha, no Equador. Entretanto, esses os autores afirmam que a primeira 
vez o caracol gigante africano foi confirmado neste território foi no ano de 2005. 
Os moluscos foram encontrados com uma senhora, que cuidava dos caracóis 
como animais de estimação. Com as fotografias mais fontes tornou-se possível 
identificar a espécie como sendo realmente o caracol gigante africano. Não obstante: 
 
Na realidade, a presença do caramujo gigante africano no Equador foi 
mencionada em duas ocasiões anteriores e uma estratégia de controle 
preliminar tinha sido formulada (CORREOSO, 2006). No entanto, uma vez que 
o âmbito destes relatórios não foi biológico, permaneceram despercebidos. 
(BORRERO et al., 2009, p. 1, tradução nossa). 
 
Deste modo fica evidente que os órgãos governamentais são fundamentais nos 
planos de ações, no que tange não somente às ações preventivas, mas também às soluções 
e erradicações. Todavia, quando alguns dos agentes governamentais ou a população 
não coopera, o êxito pode não ser atingido. 
Frequentemente, o caracol gigante africano é “demonizado” por alguns órgãos 
governamentais e também pela população e, em muitas ocasiões, são tratados com 
todo o cuidado possível, podendo até mesmo ser de estimação, como foi identificado. 
Diante do exposto é possível perceber que o caracol gigante africano foi inserido 
no Equador com o propósito de mercantilização, segundo Borrero et al. (2009), que 
afirmaram ser este foi o motivo da inserção do molusco neste território. Rodriguez 
(2006) afirma que inserção do molusco ocorreu também pelo incentivo televisivo, pois 
a utilização da espécie serviria para remover manchas de pele. Todavia, não seria 
somente o gigante africano, mas também de outras espécies, uma vez que em 2001 
havia no Equador mais de 1.300 fazendas de criação de caracóis. 
Ter o controle de todos esses criadouros de caracóis é uma tarefa complexa, caso 
haja fuga ou uma evasão dos caracóis para o ambiente, o que se torna prejudicial à 
malacofauna nativa e para a saúde humana na condição de os caracóis estarem 
contaminados; para a agricultura, perdas constantes de parte da produção, pois A. fulica 
se alimenta vorazmente. Segundo os estudos de Correoso Rodríguez (2005; 2006), 
algumas províncias da costa equatoriana, principalmente na Província de Esmeraldas, 
A. fulica é encontrado em grande escala. 
Biogeografia: diversidade ecológica e saúde – 23 
Correoso e Coello complementam as localidades em que o caracol gigante 
africano está presente no Equador: 
 
[...] Esmeraldas, Guayas, El Oro e Manabí e Los Ríos, na Sierra e Santo 
Domingo de los Tsachilas de Bolívar e relatos isolados em Pichincha. Locais: 
Quinindé, Puerto Quito la Independencia Echeandía, El Empalme, Tenguel, 
Santo Domingo, Barrio Echanique, Cooperativa 2 de Mayo, Cooperativa 9 de 
Diciembre, Barrio Magisterio, Parroquia Espíritu Santo, Parroquia Patricia del 
Pilar-Sector6, Parroquia Luz América-Colegio Técnico Agropecuario, Balsas, 
Babahoyo, Tarifa, Vía Quevedo (Hacienda WKM), Recinto “El Cristal” , 
Hacienda Martha Cecilia, Quinsaloma, Zapotal (Ventanas), Buena Fe, 
Ricaurte. (CORREOSO; COELLO, 2009, p. 7, tradução nossa). 
 
Diante do exposto é notório que o caracol gigante africano está amplamente 
disseminado no Equador, estando presente nos ambientes urbano, suburbano, rural 
e florestal. 
 
Caracol gigante africano na Guiana, Guiana Francesa, Paraguai e Suriname 
 
A espécie A. fulica está presente na Guiana, onde o molusco foi reportado pela 
Agência de Proteção Ambiental (EPA) no Projeto de Atividade de Habitação de 
Biodiversidade (BEAP), onde o produto resultante foi intitulado Avaliação das Necessidades 
de Construção de Capacidades: Espécies Estrangeiras Invasoras na Guiana, desenvolvido 
em 2011. Nessa avaliação foi denotada a existência do caracol gigante africano no território 
da Guiana, entretanto, são poucas as evidências e localidades. 
Na Guiana Francesa e Suriname o caracol gigante africano foi mencionado por 
Correoso e Coello (2009), em uma citação de Borrero et al. (2009). No Paraguai, A. fulica 
foi descrito pelo Paraguai Biodiversidade (2010), um site governamental, que evidencia 
a existência do molusco no Sul do país, nas proximidades da divisa com o território argentino, 
salientando que o primeiro registro do caracol giganteafricano foi em março de 2010. 
O caracol gigante africano também está presente no Peru, onde foi identificado 
nos estudos de Borrero et al.: 
 
[…] Por último, a ocorrência da espécie em outro país da Comunidade Andina foi 
confirmada pelo achado de espécimes vivos em Ayabaca, departamento de Piura, 
norte do Peru (VM, voucher do museu de Leiden). Os animais foram adquiridos 
a partir de um revendedor, que afirmou que a origem era de Pucallpa, Departamento 
de Ucayali, no leste do Peru. (BORRERO et al., 2009, p. 7, tradução nossa). 
 
Percebe-se então que nem mesmo os países andinos estão livres do caracol 
gigante africano, independente das diversas variações físicas que compõem o ambiente. 
24 
Caracol gigante africano na Venezuela 
 
No território venezuelano A. fulica foi visto pela primeira vez em um jardim residencial 
na cidade de Caracas. Nas proximidades havia um local de comercialização de caracóis 
(MARTÍNEZ-ESCARBASSIERE; MARTÍNEZ MORENO, 1997). Desse modo, há possibilidade de 
o caracol ter se locomovido até a residência, uma vez que caracóis jovens locomovem-se 
um quilômetro ao ano (TOMIYAMA; NAKANE, 1993). 
O caracol gigante africano aparece novamente no século XXI, nos anos de 2002 
e 2003 conforme relatam os estudos de Martínez-Escarbassiere, Martinez e Castillo (2008): 
 
Essa espécie foi observada novamente em 2002, na cidade de Guanare, Estado 
Português. Em 2003, ampliou sua área de distribuição no sul do Estado de Delta 
Amacuro, na região do Cano Basama perto da Reserva Florestal de Imataca; em 
uma cultura de feijão (Phaseolus vulgaris), em Bobare (Estado de Lara); em uma 
plantação de cacau (Theobroma cacao) ao sul da cidade de Carúpano (Estado 
de Sucre), e nas proximidades de Caripito (Estado de Monagas). Também foi 
confirmada presença em outros locais como a Ilha de Margarita Nueva Esparta 
(Estado); o limão (Estado de Aragua); bem como nos Jardins Botânicos e Paraíso, 
ambos localizados na cidade de Caracas. (MARTÍNEZ-ESCARBASSIERE; MARTINEZ; 
CASTILLO, 2008, p. 2, tradução nossa). 
 
Percebe-se que A. fulica disseminou-se por diversas cidades, mas preferencialmente 
se instalando em propriedades rurais, com culturas de feijão e cacau, no entanto, o caracol 
gigante africano também foi encontrado em Jardim Botânico, ambientes urbanos, áreas 
de montanhas e florestas. 
Estabelecer de qual maneira ocorreu a entrada de A. fulica na Venezuela é um 
desafio não somente para esse país, mas também para a maior parte dos países da América 
do Sul. Conseguir identificar o meio de entrada e os pontos de maior concentração pode 
auxiliar no controle da espécie exótica em todo o continente sul-americano. 
 
CONCLUSÃO 
 
O caracol gigante africano está distribuído por quase todo o território da América 
do Sul. Neste estudo não foi identificado essa espécie de molusco nos territórios do 
Chile, Uruguai e Ilhas Falklands (Malvinas). O estudo também permitiu identificar que 
há variação na intensidade de infestação, de modo que há países com maior e outros 
com menor grau de infestação do molusco. 
Biogeografia: diversidade ecológica e saúde – 25 
Identificaram-se cidades, Estados, províncias e países com ocorrência do 
molusco, tais como Suriname, Paraguai, Guiana Francesa, Guiana, Venezuela, Colômbia, 
Equador, Brasil, Bolívia e Argentina. Alguns desses países possuem influência da 
corrente fria de Humboldt e elevadas altitudes, que são características não favoráveis 
para A. fulica. Assim, constata-se a adaptabilidade e evolução biológica do caracol no 
espaço geográfico da América do Sul. 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Agradecimentos à Fundação CAPES pela concessão da bolsa que permitiu realizar 
este estudo; agradecemos também ao Programa de Pós-Graduação em Geografia da 
Universidade Estadual de Maringá por todo apoio e incentivo. 
 
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Brasil. Revista Saúde Pública, v. 35, n. 6, p. 582-584, 2001. 
Biogeografia: diversidade ecológica e saúde – 27 
 
 
Características morfométricas do caramujo africano (Achatina fulica), 
Manaus/AM – Brasil 
 
Michael Guimarães de Souza3; Ana Mara Cruz Lachi4; Adoréa Rebello da Cunha Albuquerque5 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
O processo de introdução de uma nova espécie em um ambiente externo ao de 
sua origem geográfica pode desencadear a disseminação desta espécie, por fatores 
como a inexistência de predadores naturais ou o favorecimento de um ambiente 
propício à sua sobrevivência. 
Essa introdução pode ocorrer por meios econômicos, quando a espécie nativa é 
substituída por outra na busca por maior produtividade comercial, ou, ainda, 
acidentalmente, pelo transporte de mercadorias ou deslocamento de pessoas. Dessa 
forma, pode-se levar à extinção as espécies nativas, intensificarem-se os prejuízos 
econômicos e os problemas de saúde pública. 
Para Colley (2012, p. 2), “o Achatina fulica, popularmente conhecido por “caramujo 
africano”, é considerado uma das cem piores espécies invasoras do planeta, pois representa 
uma ameaça à saúde pública, à agricultura e aos ecossistemas”. 
Considerado uma praga agrícola por promover grandes prejuízos aos cultivos e 
às lavouras, além de ser considerado um grave risco à saúde pública por ser hospedeiro 
intermediário de nematódeos como Angiostrongylus cantonensis, que pode levar à 
morte por meningite eosinofílica ou angiostrongilíase cerebral. Em áreas urbanas, seu 
hábitat são terrenos baldios, próximos a depósitos de lixo com vegetação expressiva em 
áreas periúmidas. 
 
OBJETIVOS 
 
Compreender o ciclo biogeográfico do caramujo africano na cidade de 
Manaus/AM, suas características morfométricas e a sua distribuição espacial, no contexto 
de análise espaço e saúde em Manaus. 
 
3Graduado em Geografia. Mestrando em Geografia pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM)/AM. E-mail: 
radgeo_michael@yahoo.com.br 
4Graduada em Geografia. Mestranda em Geografia pela UFAM/AM. E-mail: mara2lachi@gmail.com 
5Doutora em Geografia Física, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)/RJ. Professora adjunta da Universidade 
Federal do Amazonas (UFAM). E-mail: adorea27@yahoo.com.br 
28 
METODOLOGIA 
 
O presente estudo foi realizado a partir de levantamentos e revisão do referencial 
teórico baseado em bancos de dissertações, teses e artigos científicos. Além do 
levantamento bibliográfico, a pesquisa de campo e a coleta de indivíduos foram realizadas. 
Os levantamentos e registros in loco tiveram como objetivo identificar e 
georreferenciar as áreas de ocorrências do Achatina fulica para posterior mapeamento 
desses geótopos na cidade de Manaus. 
As medições morfométricas foram obtidas com o auxílio de um paquímetro 
Analógico Universal 150 mm/6" – 0,02 mm/.001"pol com precisão de ± 0,05 mm, 
considerando o maior comprimento da concha (do ápice até a borda) da espécie. A 
determinação das classes de tamanho foi realizada de acordo com a classificação proposta 
por Tomiyama (2002). 
 
RESULTADOS 
 
No que se refere à ocorrência da espécie na área urbana de Manaus, tornou-se 
possível identificar cinco tipos de geótopos onde as características do ecossistema natural 
estão muito alteradas. 
Essas unidades de geótopos são apresentadas a seguir: a) lixeiras delimitadas 
por faixas de cobertura vegetal no entorno; b) bordas de fragmentos florestais urbanos; 
c) margens de rios urbanos não canalizados; d) terrenos baldios com acentuada vegetação; 
e) encostas com declive acentuado e diferentes graus de cobertura vegetal. 
Durante as pesquisas de campo verificou-se que a vegetação exerce importante 
papel no controle da temperatura e da umidade nas áreas associadas aos geótopos. 
Denota-se este tipo de influência por meio da sobrevivência do molusco, relacionada ao 
fornecimento de abrigo contra radiação solar e à fonte de alimento e nutrição. 
No caso de Manaus, o Achatina fulica só sobrevive se abrigado pela cobertura 
vegetal e mediante a ocorrência de precipitação. Esses elementos são condicionantes para 
esta espécie de molusco manter-se viva. Contudo, o caramujo africano hoje está presente 
em todas as zonas de Manaus, onde se faz necessário um estudo mais detalhado para 
encontrar possíveis pontos de disseminação da espécie por bairro. 
Biogeografia: diversidade ecológica e saúde – 29 
Características morfométricas dos indivíduos coletados 
 
Segundo Rocha (2013, p. 21), morfometria geométrica está sendo utilizada em 
estudos de diversos animais (vertebrados e invertebrados), consistindo em uma 
ferramenta de estudos não só de sistemática e filogenia, como também de variabilidade 
geográfica, variabilidade das relações inter e intraespecíficas, estudos ecomorfológicos 
e paleontológicos. 
As medições morfométricas foram adquiridas com auxílio de um paquímetro, com 
precisão de 0,05 mm, considerando o maior comprimento da concha (do ápice até a borda). 
A determinação das classes de tamanho foi realizada de acordo com a classificação 
proposta por Tomiyama (2002, p. 10), que considera juvenis os caramujos com conchas 
de 1,0 a 4,0 cm; jovens os indivíduos com conchas de 4,0 a 9,0 cm e adultos aqueles com 
conchas acima de 9,0 cm de comprimento (Figura 1). 
 
Figura 1 – Registros morfométricos 
 
 
Fonte: Michael G. S. Guimaraes (2020). 
 
O tratamento e a sistematização dos resultados permitiram-nos classificar e 
enquadrar o Achatina fulica existente na cidade Manaus como um grupo de indivíduos 
jovens, seguindo-se os critérios e parâmetros propostos por Tomiyama (2002, p. 10). 
Os cálculos apresentaram desvio-padrão de (5,3 cm) em uma população de 1.549 
caramujos coletados e analisados. 
 
CONCLUSÃO 
 
O segmento populacional do Achatina fulica que ocorre em Manaus (AM), de 
acordo com osdados referentes à totalidade dos espécimes avaliados, é representado 
por indivíduos jovens. 
30 
Segundo Civeyrel e Simberlof (1996, p. 1231), o estabelecimento de Achatina 
fulica passa por três fases: exponencial, caracterizada por apresentar uma população de 
indivíduos grandes e vigorosos; a segunda trata de uma população com duração 
variável, aumento populacional, e a última a fase de declínio, onde há uma prevalência 
de indivíduos jovens portadores de conchas fracas. Mediante essas referências, foi 
possível determinar após a análise que o grupo encontrado está em fase de declínio. 
Além desses aspectos, os fatores peso e comprimento da espécie tornam-se 
ferramenta útil para o manejo, principalmente em regiões onde há carência de dados. Com 
base nos resultados morfométricos da espécie estudada durante o período de seis meses 
de coleta, pode-se inferir que mesmo com as características de uma população de menor 
abundância o Achatina fulica não se encontra em processo de extinção nesses geótopos. 
Com referência a este tema, autores como Oliveira e Correia (2013, p. 11) 
indicam que se trata de uma tendência de flutuação populacional natural, que pode ser 
rapidamente alterada para um novo aumento populacional da espécie. 
 
REFERÊNCIAS 
 
CIVEYREL, L.; SIMBERLOFF, D. A tale of two snails: is the cure worse than the disease? Biodiversity and 
Conservation, v. 5, p. 1231-1252, 1996. 
 
COLLEY, S. S. Uma viagem pela história da Malacologia. Estudo. Biologia. Ambiente Divers., v. 34, n. 83, 
p. 175-190, 2012. 
 
OLIVEIRA; CORRÊA; VASCONCELOS. Ocorrência de Achatina fulica (Mollusca: Pulmonata: Achatinidae) em 
três bairros da cidade de Santana, Amapá. Biota, Macapá, v. 3, n. 1, p. 9-12, 2013. Disponível em: 
http://periodicos.unifap.br/index.php/biota. Acesso em: 20 mar. 2019. 
 
ROCHA, V. P. Morfometria e anatomia (Mollusca: bivalvia) da costa norte-nordeste do Brasil. 2011. 68 f. 
Dissertação (Mestrado em Ciências Marinhas Tropicais) – Instituto de Ciências do Mar, Universidade Federal do 
Ceará, Fortaleza, 2011. 
 
SIMIÃO, M. S.; FISCHER, M. L. Estimativa e caracterização da população de Achatinha fulica Bowdish 1822 
(mollusca; Achatinidae), no município de Pontal do Paraná. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ZOOLOGIA, 25, 
2004. Brasília. Resumos. Brasília: Sociedade Brasileira de Zoologia, 2004. 
 
TOMIYAMA, K. Age dependency of sexual role and reproductive ecology in asimultaneously hermaphroditic 
land snail, Achatina fulica (Stylommatophora: Achatinidae). Venus-Tokyo, n. 60, p. 273-283, 2002. 
 
Biogeografia: diversidade ecológica e saúde – 31 
 
 
Monitoramento de mamíferos como suporte para análise de serviços 
Ecossistêmicos de Unidades de Conservação no Corredor Sudeste 
da Mata Atlântica do Estado de São Paulo 
 
Danilo Santos da Silva6; Ana Cristyna Reis Lacerda7 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
A Mata Atlântica abriga mais de 60% de todas as espécies terrestres e é um dos 
biomas mais ameaçados do planeta (BIRAL; LOMBARDI, 2012; GALINDO-LEAL; CÂMARA, 
2005). Em sua formação original, a floresta recobria uma extensão entre o cabo de São 
Roque (RN) à região de Osório (RS), perfazendo uma extensão entre 1 a 1,5 milhão de 
km² (JOLY et al., 1991; GALINDO-LEAL; CÂMARA, 2005). Mesmo reduzida e fragmentada, a 
Mata Atlântica possui uma enorme importância, pois exerce influência direta na vida de 
mais de 80% da população brasileira que habita o bioma. 
Distribuída por todo território do Estado de São Paulo, a Mata Atlântica é a 
principal formação composta por fisionomias variadas como Floresta Ombrófila Densa, 
Floresta Estacional Semidecidual, Florestas Montanas e Campos de Altitude. Desta 
forma, ocorrem floras tipicamente tropicais e, em alguns casos, destacam-se aquelas 
com características mais associadas a regiões subtropicais (WANDERLEY et al., 2016). 
A floresta contribui para regular as condições climáticas regionais; além disso, oferece 
serviços ecossistêmicos (SEs) que ajudam a melhorar a qualidade e disponibilidade 
hídrica para diferentes regiões do país, bem como o provimento de alimentos e a 
redução de gases de efeito estufa (GEE) presentes na atmosfera. 
Conforme o recente Inventário Florestal do Estado de São Paulo (INSTITUTO 
FLORESTAL, 2020), a área remanescente do bioma é de 5.670.532 hectares em diferentes 
estágios e distintas fisionomias, isso corresponde a cerca de 22,9% do território 
estadual. Atualmente, esses remanescentes localizam-se no cinturão verde da região 
metropolitana da cidade de São Paulo, na região costeira, nas serras do Mar, da Bocaina 
e da Mantiqueira e nos vales do Ribeira e do Paraíba (Figura 1). 
 
6Graduação em Ciências Biológicas, mestrado em Ecologia e doutorado em Biologia Animal pela Universidade de Brasília 
(UnB). Especialista em geoprocessamento pela UnB. Tem experiência na área de Ecologia, com ênfase em Ecologia 
Aplicada.Email: danilosilva.geo@gmail.com 
7Graduação em Bacharel em Ciências Biológicas pela, mestrado em Ecologia e doutorado em Biologia Animal pela UnB. 
Especialista em geoprocessamento pela UnB. Tem experiência na área de Ecologia, com ênfase em Ecologia Aplicada. 
E-mail: acrl2@yahoo.com.br 
32 
Figura 1 – Vegetação natural do Estado de São Paulo e corredor sudeste da Mata Atlântica 
 
 
 
Fonte: Adaptado de Instituto Florestal (2020). 
 
 
Esses remanescentes formam o principal corredor de Mata Atlântica do Brasil, 
abrangendo toda a costa do Estado de São Paulo. A estratégia para garantir esse 
corredor foi a instituição de uma rede de Unidades de Conservação (UC), principalmente 
de proteção integral, cujos interstícios são compostos pelos principais remanescentes 
de vegetação de posse e domínio privado, que em grande parte compõem as diversas 
zonas de amortecimento destas UC. 
Apesar dos esforços de conservação do bioma, a pressão permanece forte, em 
particular nas áreas não protegidas por legislação especial e em razão do pequeno 
tamanho de florestas remanescentes e falta de políticas e programas que incentivem a 
conectividade desses fragmentos. 
Portanto, ações voltadas à conservação e uso sustentável desses remanescentes 
são de vital importância para a garantia das funções ecológicas do corredor deste bioma 
no Estado de São Paulo. O presente artigo visa a elucidar, a partir de pressupostos 
biogeográficos, o modelo de aplicação de estudos ecológicos que ocorrem no âmbito 
do projeto “Recuperação de Serviços de Clima e Biodiversidade no Corredor Sudeste da 
Mata Atlântica Brasileira” (Conexão Mata Atlântica), que tem como objetivo principal 
restaurar e proteger os serviços de carbono e biodiversidade no corredor sudeste da 
Mata Atlântica, com enfoque na bacia do rio Paraíba do Sul (BHRPS), entre os Estados 
de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo. 
Biogeografia: diversidade ecológica e saúde – 33 
As ações desenvolvidas visam a complementar esforços dos governos estaduais 
para a proteção de Unidades de Conservação, bem como mobilizar esforços para integrar 
proprietários de terras privadas no manejo sustentável da paisagem florestal da bacia 
hidrográfica através da promoção de atividades de restauração ecológica de florestas 
nativas e regeneração natural de pastagens degradadas. 
O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações é responsável pela coordenação 
técnica do projeto, assim como executor de atividades de pesquisa e monitoramento do 
aumento dos estoques de carbono e a conservação da biodiversidade mediante a 
reconexão de fragmentos florestais e resiliência dos ecossistemas. 
Nesse sentido, o monitoramento de mamíferos envolve as áreas específicas que 
serão atendidas pelas seguintes intervenções: Pagamentos por Serviços Ambientais 
(Proteção e Uso Múltiplo), Assistência Técnica e Extensão Rural, Práticas 
Conservacionistas de Solo e Cercamento de Áreas de Preservação Permanente (APP) e 
Reserva Legal (RL). 
O sistema de amostragem para médios e grandes mamíferos por armadilhamentofotográfico tem buscado adequar a proposta de esforço amostral, à medida que os 
incentivos de PSA são aplicados no território, contemplando toda área de abrangência de 
forma a atender aos objetivos do Conexão Mata Atlântica. 
 
MATERIAIS E MÉTODOS 
 
Atualmente, foi estabelecido um sítio de pesquisa de médios e grandes 
mamíferos por armadilhas fotográficas em três das quatro UCs abrangidas pelo projeto 
(Figura 2). Na Estação Ecologica (EE) de Bananal foram instaladas 30 armadilhas 
fotográficas, distantes entre si de 200 a 7.000 metros, totalizando um esforço amostral 
de 480 armadilhas/dia. De acordo com o protocolo de amostragem, foram 
estabelecidas sete paisagens amostrais (uma dentro da UC e seis na ZA), que variaram 
de 30 a 100% de cobertura florestal. No PE Núcleo Itariru foram instaladas 20 armadilhas 
fotográficas, distribuídas em quatro paisagens amostrais (duas na UC e duas na ZA). Na 
APA São Francisco Xavier foram instaladas duas armadilhas fotográficas distribuídas em 
duas paisagens amostrais. Até o final do primeiro semestre de 2019, espera-se que 
sejam instaladas mais 58 armadilhas fotográficas (10 no Núcleo Itariru, 28 na APA SFX e 
30 em St. Virginia), totalizando 120 sítios amostrais por armadilhas fotográficas. 
34 
Para tais experimentos, foi utilizado um protocolo de amostragem em nível de 
mosaico com pontos de amostragem restritos a fragmentos florestais para acessar a 
riqueza de espécies e composição de médios e grandes mamíferos. Optou-se por esse 
método pelo potencial de registro de espécies com um amplo alcance de características 
comportamentais e períodos de atividade (e.g. noturno, diurno, crepuscular). 
As armadilhas fotográficas começaram a ser instaladas em julho de 2018, usando 
cinco a oito armadilhas fotográficas não iscadas por paisagens, que foram colocadas em 
diferentes posições dentro de um mesmo fragmento ou em diferentes fragmentos, 
dependendo do tamanho da mancha do remanescente florestal dentro de um raio de 2 km 
do buffer (Figura 2). 
Conforme descreve a bibliografia, o desenho amostral ideal para analisar a 
efetividade das ações dos programas de Pagamento por Serviço Ambiental é o tradicional 
delineamento chamado BACI (Before After Control Impact design) (UNDERWOOD, 1994; 
FERRAZ, 2012). Nesse desenho são comparadas áreas de controle e manejadas, antes e 
depois de uma intervenção. Seguindo esse procedimento, é possível distinguir os efeitos do 
tratamento de mudanças que ocorreram de forma independente. Dessa forma, sugere-se 
que toda área que será submetida a um PSA deverá ser amostrada quanto aos indicadores 
biológicos e de estrutura da vegetação, antes e depois da implementação do PSA, e essas 
amostras deverão ser comparadas com “áreas controle”. 
O termo “abordagem contrafactual” vem sendo usado na literatura científica como 
um sinônimo para o delineamento BACI, como pode ser exemplificado no mais recente 
artigo publicado por Ruggiero et al. (2019). 
 
Para distinguir os resultados de conservação causados por intervenções, 
daqueles causados em decorrência de desacelerações econômicas, é necessário 
uma abordagem contrafactual capaz de inferir causalidade para intervenções, 
particularmente onde tratamentos randomizados não são possíveis” 
(RUGGIERO et al. 2019, p. 284)8. 
 
 
No protocolo de amostragem proposto, usa-se a abordagem contrafactual 
espacialmente explícita para avaliar a contribuição adicional dos programas de PSA, a 
biodiversidade e estoque de carbono. 
 
8To distinguish conservation outcomes caused by conservation interventions from those that occur because 
of economic slow-downs, requires a counterfactual approach capable of inferring causality to interventions, 
particularly where randomized treatments are not possible (RUGGIERO et al. 2019, p. 284). 
Biogeografia: diversidade ecológica e saúde – 35 
Assim foram selecionadas tanto paisagens abrangendo áreas com propriedades 
que irão receber intervenção das atividades do projeto (ferramentas de PSA, estímulo a 
cadeias de valor sustentáveis e certificação orgânica e florestal) quanto paisagens com 
propriedades que não irão receber intervenções. Para isso, as paisagens serão divididas 
em 2 grupos de 3 paisagens cada. Um grupo será implantado em áreas que possuem 
propriedades aderentes ao projeto, chamadas “paisagens factuais” e o outro grupo será 
implantado em áreas que não possuem propriedades aderentes ao projeto, chamadas 
“paisagens contrafactuais” que funcionarão como áreas controle. 
 
Figura 2 – Exemplo da seleção das paisagens contrafactuais 
 
 
 
Fonte:Elaborado pelos autores (2020). 
 
 
O delineamento BACI pressupõe a escolha das áreas controle que, no caso da 
abordagem tratada nesse estudo, foram estabelecidas a partir de um raio de 1-2 km da 
área manejada, e o tipo de controle varia em função do manejo abranger todo ou apenas 
parte de um fragmento, e se ação se dará em corredores ou não. 
 
36 
RESULTADOS E DISCUSSÕES 
 
No bioma Mata Atlântica, especificamente com relação à mastofauna, são 
listadas um total de 321 espécies de mamíferos distribuídas em 35 famílias e 10 ordens, 
incluindo 89 espécies endêmicas (GRAIPEL et al., 2018). No total, foram registradas nove 
ordens, 15 famílias, 15 gêneros e 23 espécies na área de abrangência do projeto, que 
representam 21% das espécies registradas por armadilhas fotográficas para a Mata 
Atlântica (LIMA et al., 2017). Duas espécies são classificadas pela IUCN como Vunerable 
(Tayassu pecari e Leopardus guttulus) e uma é classificada como Near Threatened 
(Leopardus wiedii). A espécie mais frequente foi o gambá-de-orelha-preta (Didelphis aurita), 
que ocorreu em 46% dos sítios amostrais (Gráfico 1). A curva estimada de riqueza de 
espécies por dias de pesquisa não atingiu a assíntota, indicando que o esforço amostral 
não foi suficiente para detectar a riqueza da área amostrada (Gráfico 2). 
Foram adicionados 1.521 registros independentes de ocorrência de espécies de 
médios e grandes mamíferos, incluindo três registros de Brachyteles arachnoides e 11 
registros de Leopardus guttulus, espécies ameaçadas de extinção. A composição da 
comunidade de médios e grandes mamíferos não foi igual nas quatro Unidades de 
Conservação estudadas, ou seja, há uma baixa similaridade entre as áreas. A amostragem 
identificou a presença da espécie invasora javali na APA São Francisco Xavier. 
 
Gráfico 1 – Frequência de registros de espécies de mamíferos de médio e grande porte obtido por 
armadilhamento fotográfico, no período de julho a dezembro de 2018, na área de abrangência do Projeto 
Conexão Mata Atlântica 
 
 
 
Fonte: Elaborado pelos autores (2020). 
27,0
23,2
7,2 7,0
5,9 5,4 5,3 4,4 3,6 3,4
1,1 1,1 1,1 0,7 0,7 0,7 0,5 0,4 0,4 0,3 0,3 0,1 0,1 0,1 0,1
0
5
10
15
20
25
30
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(%
)
Espécies
Biogeografia: diversidade ecológica e saúde – 37 
Gráfico 2 – Curva de média de acumulação espécies para a área abrangida pelo Projeto Conexão Mata 
Atlântica, obtida para o período de julho a dezembro de 2018 
 
 
 
Fonte: Elaborado pelos autores (2020). 
 
 
A Figura 3 indica que o registro e a distribuição dos mamíferos de médio e grande 
porte podem estar relacionados à estrutura da vegetação, tamanho e idade dos 
fragmentos, entre outros fatores. No entanto, apenas com um esforço amostral maior 
tanto dentro da UC quanto emsua zona de amortecimento será possível verificar qual 
a influência dessas variáveis na estrutura da comunidade de mamíferos terrestres. 
 
Figura 3 – Puma concolor fotografado na EE de Bananal/SP 
 
 
 
Fonte: Os autores (2020). 
38 
A distribuição de ocorrência das principais espécies registradas na Estação Ecológica do 
Bananal e sua zona de amortecimento 
 
Espécies indicadoras de qualidade ambiental como as queixadas, os catetos, e o 
predador topo de cadeia, a onça parda, foram registradas nos fragmentos florestais 
maiores e contínuos presentes na UC, indicando que efeitos de perda de habitat, tais como 
fragmentação e isolamento, podem estar influenciando a distribuição e frequência dessas 
espécies. Mesopredadores como a irara, que possuem maior plasticidade ambiental, 
ocorrem em fragmentos menores e mais isolados (Figura 4). 
 
Figura 4 – Vista da Serra da Bocaina no município de Bananal/SP 
 
Fonte: Danilo Santos da Silva (2019). 
 
Em Itariru, foram registradas seis ordens, 10 famílias, 13 gêneros e 13 espécies na 
Estação Ecológica de Bananal, que representa 15% das espécies registradas por armadilhas 
fotográficas para a Mata Atlântica (LIMA et al., 2017). A espécie mais frequente foi o caititu 
(Pecari tajacu), que ocorreu em 75% dos sítios amostrais. Na APA SFX foram registradas 
quatro espécies nativas Leopardus guttulus, que é classificado como vulnerável pela IUCN, 
Leopardus pardalis (Figura 5), Dasypus novemcinctus e Didelphis aurita e uma espécie 
invasora, o javali, Sus scrofa. 
Biogeografia: diversidade ecológica e saúde – 39 
Figura 5 – Leopardus pardalis fotografado na APA São Francisco Xavier 
 
 
 
Fonte: Projeto Conexão Mata Atlântica (2019). 
 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
A continuidade da pesquisa com um aumento do esforço amostral permitirá 
responder às seguintes perguntas: 1) Como a diversidade biológica sustenta os serviços 
ecossistêmicos? e 2) Quais são os custos e benefícios associados à biodiversidade, 
considerando tanto os serviços ecossistêmicos quanto os conflitos decorrentes das 
interações humano-fauna? Especificamente, objetivamos responder: 1) Como está 
estruturada a cadeia trófica dos mamíferos na Bacia do Rio Paraíba do Sul?, 2) Quais são os 
padrões de diversidade de mamíferos?, 3) Quais funções ecológicas podem ter sido retidas 
ou perdidas na BHRPS e qual o impacto nos serviços ecossistêmicos (SEs) na região? 
Esperamos que o incentivo proporcionado pelo PSA aumente a tolerância aos grandes 
carnívoros e herbívoros e, assim, gere atitudes positivas em relação aos serviços prestados 
pela biodiversidade e a sua proteção através de serviços ambientais. 
 
 
 
 
40 
AGRADECIMENTOS 
 
Os autores agradecem ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações e à 
Fundação para Conservação e Produção Florestal do Estado de São Paulo pelo apoio 
concedido no desenvolvimento das pesquisas, bem como às Unidades de Conservação 
envolvidas nos estudos de campo, sobretudo às equipes de gestão que forneceram todo 
o suporte para a realização dos trabalhos. 
 
REFERÊNCIAS 
 
BIRAL, L.; LOMBARDI, J. A. Celastraceae na Reserva Biológica Municipal da Serra do Japi, SP, Brasil. Revista 
do Instituto Florestal, v. 24, p. 75-84, 2012. 
 
FERRAZ, G. Twelve guidelines for biological sampling in environmental licensing studies. Natureza & 
Conservação. Disponível em: http://doi.editoracubo.com.br/10.4322/natcon.2012.004. Acesso em: 
10 ago. 2020. 
 
GALINDO-LEAL, C.; CÂMARA, I. de G. Status do hotspot Mata Atlântica: uma síntese. In: GALINDO-LEAL, C.; 
CÂMARA, I. de G. (Eds.). Mata Atlântica: biodiversidade, ameaças e perspectivas. São Paulo: Fundação 
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Biogeografia: diversidade ecológica e saúde – 41 
 
 
Aplicação do índice de vegetação por diferença normalizada (NDVI) no 
estudo do caramujo africano (Achatina fulica), Manaus/AM – Brasil 
 
Michael Guimarães de Souza9; Ana Mara Cruz Lachi10; Adoréa Rebello da Cunha Albuquerque11 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
Os moluscos são o segundo maior grupo zoológico conhecido pela ciência, 
representado com aproximadamente cem mil espécies vivas e setenta mil fósseis 
(COLLEY, 2012, p. 176). 
No Brasil o Achatina fulica foi introduzido em 1988 no Estado do Paraná e em 
outubro de 1990 foram vendidos cem lotes da espécie em atividades comerciais da VI Feira 
Agropecuária de Curitiba. 
Este molusco foi comercializado sob o contexto de lucrativa fonte de renda, 
que prometia a criação e exportação da carne de escargot, muito apreciada na 
culinária internacional (ALMEIDA, 2013, p. 52). 
Com a falência comercial e o declínio da procura dessa iguaria exótica, o 
caramujo africano passou a ser considerado uma praga agrícola por promover grandes 
prejuízos aos cultivos e às lavouras. Ademais, tornou-se um grave risco à saúde pública, 
por ser hospedeiro intermediário dos nematódeos Angiostrongylus cantonensis, que 
podem levar à morte. Em áreas urbanas seu habitat são os terrenos baldios, situados 
próximos a depósitos de lixo, áreas periúmidas e entorno de bacias hidrográficas. 
 
OBJETIVOS 
 
O objetivo desta pesquisa foi mapear a presença do Achatina fulica em ambiente 
urbano, utilizando imagens do satélite Landsat 8 para observar a variabilidade do Índice de 
Vegetação por Diferença Normalizada (NDVI) e avaliar a correlação espacial da vegetação 
na ocorrência da espécie no perímetro urbano do município. 
 
9Graduado em Geografia. Mestrando em Geografia pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM). E-mail: 
radgeo_michael@yahoo.com.br 
10Graduada em Geografia. Mestranda em Geografia pelaederal do Amazonas (UFAM). E-mail: mara2lachi@gmail.com 
11Doutora em Geografia Física pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Professora adjunta da Universidade Federal 
do Amazonas (UFAM). E-mail: adorea27@yahoo.com.br

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