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1 Genética- Acondroplasia Daniel Duarte MED79 Acondroplasia Introdução Acondroplasia é a causa mais comum de nanismo. Nanismo é caracterizado por ser um distúrbio do crescimento que resulta em uma Baixa Estatura. Como saber se é mesmo um quadro de nanismo? A partir das curvas de crescimento. Criança abaixo da 3ª curva ou inferior a dois desvios padrões possuem nanismo. Há duas principais formas de nanismo, são elas: Nanismo Hipofisário: Déficit de Hormônio do crescimento (GH). Nanismo Desproporcional: Resultado da acondroplasia (ACH). Assim, a acondroplasia não resulta no mesmo tipo de nanismo hipofisário. Há uma diferença, na acondroplasia, o tronco possui um desenvolvimento normal, porém os membros (MMII e MMSS) encontram-se diminuído, por isso o nome de nanismo desproporcional. Figura 1- Nanismo Desproporcional. Além disso, pessoas com Acondroplasia possuem macrocefalia associada ao nanismo. A Acondroplasia faz parte das Osteocondrodisplasia ou Displasias Esqueléticas (DESQ), ou seja, distúrbios causados por mutações genéticas que acometem o crescimento do tecido Condro-ósseo. Quanto a prevalência, temos o seguinte dado: 1: 25.000 a 1: 30.000 nascidos vivos. Desse modo, temos que acondroplasia é considerado uma doença rara. Etiologia A acondroplasia possui uma herança Autossômica Dominante. Entretanto, não são todos os casos que possuem essa transmissão entre gerações, uma vez que existe uma alta recorrência de mutações de Novo (Aleatório). Quanto a frequência dos casos, temos: As mutações, que causam em acondroplasia, são resultados de alterações no gene do Recptor do Fator de Crescimento de Fibroblasto Tipo 3 (FGFR3), o qual este localizado em: Locus: 4p16.5. Papel do FGFR3: O FGFR3 é um dos 4 tipos de receptores de FGF em humanos. Ele fica localizado na superfícies dos condrócitos, que dão origem aos ossos cartilaginosos. Entretanto, pode estar localizados em outras células, como: Testículos; Nas Suturas do crânio; Cérebro. Em situações normais, o FGFR3 encontra-se inativo (“silenciado), mas com a ligação de diversos FGF, ele torna-se ativo e transmite um sinal intracelular. O FGFR3 possui uma ação negativa (Regulador Negativo) no crescimento dos ossos cartilaginosos. Isso porque o FGFR3 induz uma encurtamento da fase 80% 20% Frequência Mutações de Novo Hereditária 2 Genética- Acondroplasia Daniel Duarte MED79 ploriferativa e uma aceleração da diferenciação terminal. Aspectos Genéticos Como já foi dito, a acondroplasia é resultante de mutações no locus 4p16.5. A maioria dessas mutações são caracterizadas pela substituição da Glicina pela Arginina na posição 380 (Gly380Arg ou G380R), o que leva há alterações no sítio funcional da proteína FGF3. Figura 2- Substituição da Glicina pela Arginina. São duas mutações mais conhecidas: 1- G1138A: Na sequência 1138, há a troca de uma Guanina por uma Adenina. (98% dos casos). 2- G1138C: Na sequência 1138, há a troca de uma Guanina por uma Citosina. (1% dos casos). A substituição de ambas bases nitrogenadas vai resultar no mesmo aminoácido, a Arginina. A substituição vai resultar em uma proteína dismórfica, a qual produz uma má formação da cartilagem, o que leva a uma inibição da ossificação adequada. Recorrência da mutação G380R A alterações genética que ocorrem em FGF3 são selecionadas positivamente em células precursoras de espermatozoide. Com isso, há uma expansão clonal dessa mutação nas células. Isso explica porque a maioria dos casos de acondroplasias não hereditárias são de origem paterna. Além disso, com o avanço da idade paterna, há o aumento das chances de mutações. Patogênese Molecular Para entendermos a patogênese da ACH, precisamos entender como é o crescimento/desenvolvimento normal de um osso. Os ossos crescem a partir de uma ploriferação e de um diferenciação dos contrócitos, os quais estão na placa de crescimento (Entre as epífises e Diáfase dos ossos longos). Como o excesso de FGF, que promove o crescimento, há um feedback negativa ao crescimento, em virtude da ativação do FGFR3, o qual inibi o crescimento ósseo. Porém, nas mutações da ACH, há uma ativação independente de ligante do FGFR3, o que resulta na inibição do crescimento óssea antes mesmo do excesso de FGF, necessário para o Feedback negativo. Há a inibição do crescimento, uma vez que o FGFR3 ativado promove o encurtamento da fase proliferativa dos condrócitos, o que tem um efeito cascata. Desse modo, temos a diminuição do comprimento dos ossos longos. Manifestações Clínicas As principais manifestações clínicas da Acondroplasia são: Substituição Gly380Arg Proteína Dismórfica Má formação da Cartilagem Inibição da Ossificação Adequada Nanismo Desproporcional OBS: Há outras mutações já descritas, mas com ocorrência pouco significativa. 3 Genética- Acondroplasia Daniel Duarte MED79 Baixa Estatura; Macrocefalia: Costuma permanecer na fase adulta. Proeminência frontal: Resultado da macrocefalia, está associado a proeminência da testa e a persistência da fontanela grande nos primeiros anos (5 ou 6 anos); Retrusão médio-facial: Face achatada, devido ao não desenvolvimento de alguns acidentes ósseos. Ponte Nasal Achatada; Pectus Exacavatum: podendo ter também peito pequeno. Cifose Toracolombar; Hiperlordose Lombar; Membros Curtos e Desproporção rizomélica: É o encurtamento da região proximal dos membros, sobretudo, nos braços. Extensão Limitada do Cotovelo; Quadris e joelhos hipermóveis; Geno Varo; Braquidactilia: Dedos curtos; Conficuração tridentada da mão: Como se houvesse 3 grupos de dedo (1- Polegar, 2- Indicador e médio, 3- Anelar e Mindinho); Hipotonia Evolução das Manifestações: Crescimento: Ao nascer, o paciente com acondroplasia pode apresentar um comprimento normal, entretanto com o passar dos anos, é evidenciado uma velocidade de crescimento menor. Na fase adulta, os pacientes podem chegar a apresentarem uma estatura de até 6 ou 7 desvios padrões para baixo. Tendo como estatura média a seguinte: Homens 130 cm (120 cm145cm); Mulheres 125 cm (115 cm137 cm); Porém, devemos considerar a altura dos pais também, uma vez que o gene da ACH não inibi os outros fatores genéticos. Assim, pais mais altos terão filhos mais altos que os filhos de pais com uma estatura menor. Outro aspecto importante para o crescimento é o acompanhamento das curva de crescimento dos pacientes com ACH. Quando percebe-se alguma alteração nesta curva, devemos adequar o tratamento. Crescimento Ponderal: Apresentam uma dificuldade para ganhar peso na infância, devido à dificuldade para a amamentação (Hipotonia, Reflexos e Taquipnéia). Porém, após essa fase, possuem uma prevalência para a obesidade maior que a população em geral. Um dos fatores que resultam nessa maior prevalência é o gasto metabólico (2/3 da população em geral). OBS: O IMC não deve ser usado para medir o índice de sobrepeso e a Bariátrica pode ser usada como forma de tratamento a obesidade. Desenvolvimento Cognitivo e motor: Pacientes com ACH apresentam ausência de Déficit Cognitivo. Mas, apresentam um déficit motor, devido a algumas manifestações clínicas que dificultam (Hipotonia, rizomelia, Hiperflexibilidade articular, braquidactilia, mão tridentada). Além disso, podem apresentar um atraso da linguagem,a qual pode ser normalizada com terapia fonoaudióloga por volta dos 5 ou 6 anos. Outros Achados: Acantose Nigricans: Não associada à Insulina (10%); Disfunção Auditiva: Perda auditiva (38%-60%) 4 Genética- Acondroplasia Daniel Duarte MED79 Complicações cardíacas: HAS o 2/3 dos adultos com acondroplasia são Hipertensos; Diagnóstico O diagnóstico é iniciado com a de alguns achados clínicos, como rizomelia dos braços, macrocefalia, retrusão médio-facial, peito pequeno alterações nas mãos, etc. Após a percepção desses achados, faz-se radiografias, a fim de confirmar o diagnóstico. Em poucos casos, não conseguimos a confirmação do diagnóstico pela radiografia, desse modo, é feita a pesquisa de mutações no FGFR3, a qual possui uma mais comum (98% dos casos G1138A). Desse modo, temos que o diagnóstico da acondroplasia é basicamente Clínico. É necessário realizamos testes diferencias com: Hipocondroplasia: Seria uma forma mais atenuada da ACH. A diferenciação é feita por 3 achados na radiografia (Anomalias no osso facial, Radioluscência femoral proximal e uniformidade da rizomelia dos braços). Diaplasia Tanatofórica: Letal na infância. Síndrome de SADDAN: ACH grave com atraso do desenvolvimento. MPS- IVA: Tratamento O tratamento é feito em torno de duas esferas, são elas: Acompanhamento multidisciplinar e cuidados antecipatórios: Terapia da fala, atenção ao ganho de peso, apoio social e psicológico. Tratamento das principais manifestações clínicas: 1- Baixa estatura: 1.a- Hormônio do Crescimento: Pode ser usado como forma de terapia, entretanto não produz ganhos de altura tão significativos. Além de resultar em efeitos colaterais. 1.b- Alongamento de membros: Técnica cirúrgica, a fim de promover uma maior estatura aos pacientes. Processo Longo e Árduo, questão ética envolvida (escolha própria do paciente-idade). 2- Constrição da Junção Crânio-cervical: Risco de morte súbita, em virtude da constrição do forame magno. Deve ser feita a vigilância e caso necessário a realização de cirurgia, a fim de realizar a descompressão. 3- Doença Pulmonar Restritiva: Há volumes pulmonares menores, ou seja, comprometimento da expansibilidade pulmonar, devido ao tórax pequeno, ou pectus escavatumtum. Pode resultar me hipóxia crônica, taquipnéia persistente, quedas na saturação do oxigênio. Acompanhamento com pneumologista, suplementação de oxigênio. Precauções Ortopédicas: Cifose: A maioria das crianças com ACH apresenta cifose toracolombar até aproximadamente 1 anos. A cifose é revertida espontaneamente quando a criança começa a ficar de pé. Devemos ter alguns cuidados, como Sentar com apoio nas costa. Hiperlordose: A maioria das crianças com ACH desenvolvem (Ou seja, inicialmente não possuíam – diferente da cifose) hiperlordose, entretanto é assintomático e não precisa de tratamento. Sobrevida: Expectativa de vida 10 anos a menos que a população geral. Risco Aumentado de morte prematura e mortalidade elevada abaixo dos 4 anos. 5 Genética- Acondroplasia Daniel Duarte MED79 Aconselhamento Genético A acondroplasia não afeta a fertilidade das pessoas acometidas. Quando um dos pais são afetados, há um risco de 50% de transmitir essa mutação para o filho, devido a herança Autossômica Dominante. Outra preocupação, é a para as mães afetadas, as quais podem apresentar uma pelve diminuída, o que pode dificultar o parto. Desse modo, devemos considerar a cesariana. Caso os dois pais sejam afetados, há o risco de 25% de gerar um feto homozigótico Dominante, o que na acontroplasia é letal no período neonatal. Outra possibilidade é: um dos pais com acondroplasia e um com hipocondroplasia, o que gera um risco de 25% de Heterozigose composta. Nesse caso, teríamos um quadro de acondroplasia grave associada à déficit cognitivo. •25% de risco para Homozigose Dominante. •Letal no período Neonatal •Doença pulmonar Restritiva •Contrição cervical-medular Ambos os pais com ACH •25% de risco de Heterozigose composta •ACH grave associada à deficiência Cognitiva Um com Acondroplasia e outro com Hipocondroplasia
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