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Disciplina de Direito Administrativo II SERVIÇOS PÚBLICOS Serviço Público é todo aquele prestado pela Administração ou por seus delegados, sob normas e controles estatais, para satisfazer necessidades essenciais ou secundárias da coletividade ou simples conveniência do Estado. A distribuição dos serviços públicos devem atender a critérios jurídicos, técnicos e econômicos, que respondem pela legitimidade, eficiência e economicidade na sua prestação. Levando-se em conta a essencialidade, a adequação, a finalidade e os destinatários dos serviços, podemos classificá-los em: a) Quanto à essencialidade: · Serviços públicos propriamente ditos ou essenciais: são os imprescindíveis à sobrevivência da sociedade e, por isso, não admitem delegação ou outorga, em razão de estarem relacionados com as atividades inerentes do Poder Público. (Polícia, saúde, defesa nacional etc.). · Serviços de utilidade pública: são úteis, mas não essenciais, são os que atendem ao interesse da comunidade, podendo ser prestados diretamente pelo Estado, ou por terceiros, mediante remuneração paga pelos usuários e sob constante fiscalização (transporte coletivo, telefonia etc.); b) Quanto à adequação: · Serviços próprios do Estado: são aqueles que se relacionam intimamente com as atribuições do Poder Público (segurança, polícia, higiene e saúde públicas etc.) e para a execução dos quais a Administração usa da sua supremacia sobre os administrados. Por esta razão, só devem ser prestados por órgãos ou entidades públicas, sem delegação a particulares. Tais serviços, por sua essencialidade, geralmente são gratuitos ou de baixa remuneração, para que fiquem ao alcance de todos os membros da coletividade. · Serviços impróprios do Estado: são os que não afetam substancialmente as necessidades da comunidade, mas satisfazem interesses comuns de seus membros, e, por isso, a Administração os presta remuneradamente, por seus órgãos ou entidades descentralizadas (autarquias, empresas públicas, sociedades de economia mista, fundações governamentais), ou delega sua prestação a concessionários ou permissionários; c) Quanto à finalidade: · Serviços administrativos: são os que a Administração executa para atender a suas necessidades internas ou preparar outros serviços que serão prestados ao público, tal como o da imprensa oficial. · Serviços industriais: são os que produzem renda para quem os presta, mediante a remuneração da utilidade usada ou consumida, remuneração esta, que, tecnicamente, se denomina tarifa ou preço público, por ser sempre fixada pelo Poder Público, quer quando o serviço é prestado por seus órgãos ou entidades, quer quando por concessionários, permissionários ou autorizatários; d) Quanto aos destinatários: · Serviços gerais: são os que não possuem usuários ou destinatários específicos e são remunerados por tributos, como calçamento público, iluminação pública. · Serviços individuais: são os que possuem de antemão usuários conhecidos e predeterminados, como os serviços de telefonia, de iluminação domiciliar, e são remunerados através de tarifa ou taxa, e não por imposto FORMAS DE PRESTAÇÃO DO SERVIÇO PÚBLICO Os serviços públicos podem ser prestados de forma centralizada ou descentralizada. a) Serviço Centralizado: é aquele prestado diretamente pelas entidades políticas da Administração Direta (União, Estados, Distrito Federal e Municípios) por meio de seus órgãos e agentes. b) Serviço Descentralizado: é aquele prestado por outra pessoa que não seja integrante da Administração Direta. A Constituição Federal de 1988 trouxe em seu texto as formas de prestação de serviços públicos que podem ser classificadas em: a) Serviços de prestação obrigatória e exclusiva do Estado: como é o caso de serviço postal e correio aéreo nacional, previsto no artigo 21, X, da CF; b) Serviços de prestação obrigatória pelo Estado: são casos em que há também a concessão à terceiros, como ocorre na prestação de serviço de rádio e televisão, em que o Estado e a concessionária prestam serviço ao mesmo tempo (artigo 223, CF); c) Serviço de prestação obrigatória pelo Estado, mas sem exclusividade: é o serviço em que tanto o ente político como outra pessoa jurídica podem ser titulares, como ocorre com a saúde, previdência social, dentre outros; d) Serviços de prestação não obrigatória pelo Estado: neste caso, não os prestando, o ente político terá de promover-lhes a prestação mediante concessão ou permissão. Neste caso, o particular presta o serviço em nome do Estado, tendo somente a execução e não a titularidade. CONCESSÃO DE SERVIÇO PÚBLICO É o contrato entre a Administração Pública e uma empresa particular, pelo qual o governo transfere ao segundo a execução de um serviço público, para que este o exerça em seu próprio nome e por sua conta e risco, mediante tarifa paga pelo usuário, em regime de monopólio ou não. Lei 8.987/95, Art. 2º, II - concessão de serviço público: a delegação de sua prestação, feita pelo poder concedente, mediante licitação, na modalidade de concorrência, à pessoa jurídica ou consórcio de empresas que demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco e por prazo determinado; É formalizada por contrato administrativo (art. 4º, Lei 8.987/95). Contrato administrativo bilateral, mediante prévia licitação. Uso obrigatório por prazo determinado e a rescisão antecipada pode ensejar o dever de indenizar. · Preponderância do interesse público. PERMISSÃO DE SERVIÇO PÚBLICO É ato administrativo discricionário e precário mediante o qual é consentida ao particular alguma conduta em que exista interesse predominante da coletividade. Lei 8.987/95, Art. 2º, IV - permissão de serviço público: a delegação, a título precário, mediante licitação, da prestação de serviços públicos, feita pelo poder concedente à pessoa física ou jurídica que demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco. · É formalizada por contrato de adesão (art. 40, Lei 8.987/95) · Ato unilateral, discricionário, precário, mas com licitação (qualquer modalidade). · Interesse predominantemente público. · O uso da área é obrigatório. · Prazo indeterminado mas pode ser revogado a qualquer tempo sem dever de indenizar. AUTORIZAÇÃO DE SERVIÇO PÚBLICO É um ato administrativo por meio do qual a administração pública possibilita ao particular a realização de alguma atividade de predominante interesse deste, ou a utilização de um bem público. Alguns doutrinadores entendem que a autorização de serviço público encontra guarida no Art. 21, incisos XI e XII. A maioria entende incabível, em face do art. 175 da CF: Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos. · Ato unilateral, discricionário, precário e sem licitação. · Interesse predominantemente privado. REGULAMENTAÇÃO E CONTROLE DOS SERVIÇOS PÚBLICOS A finalidade essencial da Administração Pública é o atendimento às necessidades coletivas. Como se viu, busca atingir esse objetivo através de seus próprios meios ou transferindo a ouros entes com personalidade jurídica própria. Neste último caso, sempre caberá à Administração Pública o controle e a regulamentação dos serviços repassados, como vistas, sempre, ao atingimento da satisfação das necessidades públicas. Ressalte-se que não existe hierarquia entre tais entes e a Administração Pública, mas sim vinculação, para fins de fiscalização e controle. Também não se confunde tutela com autotutela, pois esta refere-se ao poder/dever que tem a Administração Pública de rever seus próprios atos, anulando-os ou revogando-os. O que existe, reiterando, é a chamada tutela do Poder Público sobre a Administração Pública Indireta. Pode-se conceituar tutela com a fiscalização da Administração direta sobre a indireta, nos limites legais. A lei nº 8.987/95, que dispõe sobre o regime de concessão e permissão da prestação de serviços públicos previsto no art. 175 da Constituição Federal, assim estabelece: “Art. 3º As concessões e permissões sujeitar-se-ão à fiscalizaçãopelo poder concedente responsável pela delegação, como a cooperação dos usuários.” O repasse das atividades dá-se, em geral, através de contrato administrativo, onde estão presentes as chamadas cláusulas exorbitantes, que garantem à Administração Pública a manutenção de sua prevalência sobre o particular, podendo influir, unilateralmente, na execução do serviço, se o mesmo não estiver atendendo ao interesse público. Assim, pode-se fiscalizar a execução, ou rescindir o contrato Fica claro, então, que cabe à Administração Pública a regulamentação e o controle dos serviços públicos, sejam eles prestados por ele diretamente, sejam prestados por terceiros, com vista a cumprir os princípios que regem tal tema, em especial os da eficiência, continuidade, regularidade e segurança. Mas não é só ela que cabe essa tarefa. Além desse controle administrativo, sujeitam-se também aos controles judicial e legislativo, com o auxílio do Tribunal de Contas. O controle legislativo pode dar-se, entre outras formas, através de Comissão Parlamentar de Inquérito, pedido de informação, convocação de autoridades e fiscalização contábil, financeira e orçamentária. Por sua vez, perante o Judiciário, o controle é comumente feito através de Mandado de Segurança, Ação Popular, Ação Civil Pública, Habeas Data e Mandado de Injunção.
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