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ALIMENTAÇÃO E CIDADANIA

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CENTRO UNIVERSITÁRIO RITTER DOS REIS 
ESCOLA DE FORMAÇÃO JURÍDICA 
CURSO DE SERVIÇOS REGISTRAIS E NOTARIAIS 
 
 
 
 
 
 
 
 
Victória Romero da Conceição 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PROJETO INTEGRADOR – TEMAS TRANSVERSAIS 
JURÍDICO 
Alimentação Adequada e Cidadania 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PORTO ALEGRE 
2021
 
 
VICTÓRIA ROMERO DA CONCEIÇÃO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Projeto Integrador – Alimentação Adequada 
Linha de pesquisa – Sob a ótica da Cidadania 
 
 
 
 
Trabalho apresentado no Curso de Serviços 
Registrais e Notariais instituição de ensino 
superior Centro Universitário Ritter dos Reis de 
Porto Alegre, como requisito para a realização da 
disciplina de prática profissional: Diagnóstico 
organizacional. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PORTO ALEGRE 
2021
 
 
RESUMO 
 
 
 
O presente trabalho tem por objetivo apresentar o direito básico de todos os cidadãos: a 
alimentação adequada, que está ligada diretamente com uma das maiores mazelas que 
assombram nossa sociedade: a fome. Iremos observar ao longo do desenvolvimento deste 
projeto, os conceitos de direito à vida, à alimentação adequada, à alimentação por si só, e como 
o Direito Internacional se colocam frente a estes temas. 
Por fim, teremos uma breve demonstração de números da sociedade que ainda estão em 
situação precária o suficiente para não ter acesso a comida, a diferença entre fome e desnutrição 
e quais os dados atuais do nosso país. Para concluir, pensaremos de forma crítica possíveis 
políticas públicas que poderiam minimizar essa mazela tão grande e impactante em nossa 
sociedade. 
 
 
 
 
 
 
Palavras-chave: alimentação, fome, cidadania, alimentação adequada, dhaa, direito 
internacional, direito à vida. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 8 
1.1 Cronograma ................................................................................................................. 8 
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ...................................................................................... 9 
3 DIREITOS FUNDAMENTAIS, SOCIAIS E A SOCIEDADE........................................ 10 
3.1 Funções dos Direitos Fundamentais .......................................................................... 10 
3.2 Direito à vida ............................................................................................................. 10 
3.3 Direito à alimentação ................................................................................................. 11 
4 DIREITO HUMANO À ALIMENTAÇÃO ADEQUADA (DHAA) ............................... 13 
5 CIDADANIA E A ALIMENTAÇÃO .............................................................................. 14 
5.1 Conceito de fome ....................................................................................................... 15 
5.2 Alimentação do Povo Brasileiro ................................................................................ 15 
6 PRINCIPAIS POLÍTICAS DE COMBATE À FOME NO BRASIL ............................... 17 
7 PROPOSTAS PARA O COMBATE À FOME ................................................................ 19 
8 CONCLUSÃO .................................................................................................................. 20 
9 BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................... 21 
8 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
Seria apenas a desigualdade econômica, o único motivo da fome no Brasil ou existem outros 
fatores que cooperam para que o índice de fome, desnutrição e alimentação precária ainda sejam 
tão significativos? 
Esta pesquisa tem por objetivo, mostrar e demonstrar a desigualdade social que acontece 
em nosso país, gerando à muitos cidadãos falta de comida em suas casas, e qual o impacto 
desses fenômenos em nossa sociedade. Com uma abordagem qualitativa e um propósito 
exploratório, conseguiremos estudar os conceitos alimentação num geral, alimentação como 
direito fundamental, o que de fato é o direito a alimentação adequada na ótica dos Direitos 
Humanos. 
Visualizando de forma suscinta, iremos avaliar que a melhor forma de reduzir a fome em 
nosso país, seria uma melhor e efetiva ação pública e privada. Fazendo esta referência chamo 
atenção ao fato de que existe sim, grande responsabilidade pública, mas há também 
responsabilidade do particular enquanto cidadão, para que contribua com uma vida mais justa 
a todos. 
 
1.1 Cronograma 
 
 Fev Março abril maio 
Estruturação do projeto 08/02 a 
19/02 
 
Referencial teórico 19/02 a 
16/03 
 
Proposta de trabalho 16/03 a 
16/04 
 
Execução 16/04 a 
14/05 
 
Resultados e conclusão 14/05 a 28/05 
 
9 
 
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 
 
Este trabalho será fundamentado primeiramente nos conceitos básicos dos conceitos de 
direito à vida, à alimentação adequada, em seguida, observaremos de que forma os órgãos 
internacionais se posicionam diante deste tema. Ainda, analisaremos dados que nos mostram o 
impacto da pobreza na nossa sociedade, criando espaço e margem para a ocorrência destes 
delitos. 
A pesquisa baseada em artigos, jurisprudência e entendimento doutrinário, trará de forma 
clara e suscinta os principais pontos que atingem a nossa sociedade, e de que forma a falta de 
alimentação impacta a nossa sociedade. 
 
10 
 
3 DIREITOS FUNDAMENTAIS, SOCIAIS E A SOCIEDADE 
3.1 Funções dos Direitos Fundamentais 
Podemos afirmar que os direitos fundamentais desempenham inúmeras funções na 
sociedade e no âmbito jurídico. Por conseguinte, foi necessário um esforço de sistematização, 
que se tornou clássico e ainda mantém atualidade, servindo de ponto de partida, é a teoria dos 
quatro status de Jellinek. 
 Jellinek desenvolveu a doutrina dos quatro status em que o indivíduo pode encontrar-se 
em face do Estado no final do século XIX. Bem como, destas situações, extraem-se deveres ou 
direitos diferenciados por particularidades de natureza. 
 Em um primeiro momento, pode o indivíduo caracterizar-se como detentor de deveres 
para com o Estado. Este, vincula o indivíduo, por meio de mandamentos e proibições. Portanto, 
aqui, trata-se de status subjectionis, ou em status passivo. 
 A vida em um todo, exige que o homem, por ter personalidade, desfrute de um espaço 
de liberdade, sem interferência do Poder Público. Afinal, como o próprio Jellinek assinala, a 
autoridade do Estado “é exercida sobre homens livres”1. Nesse caso, trata-se do status negativo. 
 Haverá situações em que o homem, terá direito de exigir do Estado que atue 
positivamente, o indivíduo neste momento pretende que o Estado aja em seu favor. O seu status 
é, assim, positivo, ou status civitatis. 
 Jellinek cogita, ainda, um quarto status, que caracteriza como ativo, em que o homem 
tem competência para influir sobre a formação da vontade do Estado, como por exemplo, o 
direito de voto, onde o homem exerce seus direitos políticos. 
3.2 Direito à vida 
Garantido no artigo 5º da Constituição Federal de 1988, o direito à vida é o primeiro 
direito fundamental positivado em nossa Carta Magna. Logo, podemos afirmar, que o direito à 
vida é o pressuposto elementar de todos os demais direitos e liberdades dispostos na 
Constituição. Assim, é de extrema importância o direito à vida, bem como o dever-poder do 
Estado de agir para preservá-la em si mesma e com determinado caráter de qualidade, sobretudo 
nos casos em que o seu titular se encontrar em grau de maior vulnerabilidade. 
 
1 Apud Jorge Miranda, Manual, cit., p. 84 
11 
 
O direito à vida também é ressaltado e convencionado em tratados internacionais nos 
quais o Brasil é parta. A Convenção Americana de Direitos Humanos de 1969- ratificado pelo 
Brasil em 25 de setembro de 2002 – declara em seu artigo 4º, que “toda pessoa tem o direito de 
que se respeite sua vida”, acrescentando que “esse direito deve ser protegido pela lei e, em 
geral, desde o momento da concepção” e que “ninguém pode ser privado da vida 
arbitrariamente”. Neste mesmo sentido, o Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos das 
Nações Unidas, de 1968, – ratificado pelo Brasil em 2 de janeiro de 2002 – explicita que “o 
direito à vida é inerente à pessoa humana” e que “este direito deverá ser protegido pela lei”. Por 
fim, a Convenção sobre os Direitos das Crianças, de 1989, - ratificada pelo Brasil em 24 de 
setembro de 1990 – entende “por criança todo ser humano menor de 18 anos de idade” em seu 
primeiro artigo, assevera que “os Estados-partes reconhecem que toda criança tem o direito 
inerente à vida” em seu artigo 6-1 e estabelece que “os Estados-partes assegurarão o máximo a 
sobrevivência e o desenvolvimento da criança” em seu artigo 6-2. 
Em síntese podemos afirmar que o direito à vida está de certo modo vinculado aos direitos 
a integridade física, a alimentação adequada, a se vestir com dignidade, a moradia, a serviços 
médicos, ao descanso e aos serviços sociais indispensáveis. De modo que, o titular do direito à 
vida há de ser toda a vida humana. 
3.3 Direito à alimentação 
Positivado na Carta Magna brasileira, o direito à alimentação foi incluso pela Emenda 
Constitucional n. 64/2021, alterando o artigo sexto da Constituição que passou a vigorar com o 
texto de que “são direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o 
lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos 
desamparados...” após grande e forte campanha liderada pelo Conselho Nacional de 
Segurança Alimentar e Nutricional. Com o intuito de fortalecer o conjunto de políticas de 
segurança alimentar, possibilitou a efetiva fruição do direito social à alimentação. 
 O direito à alimentação integra o mínimo existencial, algo que está incluso no núcleo da 
dignidade da pessoa humana. 
Outrossim, o direito à alimentação já estava previsto no art. 7º, IV, acompanhado da 
educação, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social como elemento das 
“necessidades vitais” básicas do salário-mínimo. 
12 
 
Neste sentido, é importante diferenciar direito à alimentação e direito a ser alimentado. 
Ferreira Mendes (2018) define da seguinte forma: 
O primeiro, previsto em nosso texto constitucional, consiste no “direito a 
alimentar-se de forma digna, id est, espera-se que os cidadãos satisfaçam 
suas próprias necessidades com seu próprio esforço, bem assim utilizando 
seus meios disponíveis”. Trata-se, portanto, de conceito distinto do direito 
a ser alimentado, segundo o qual compete ao Estado entregar alimentos de 
forma gratuita aos que deles necessitam. (MENDES, Gilmar, 2018, p. 713) 
 
13 
 
4 DIREITO HUMANO À ALIMENTAÇÃO ADEQUADA (DHAA) 
O Direito Humano à Alimentação Adequada (DHAA) está previsto desde a aprovação 
da Emenda Constitucional n. 64/2010, junto a Lei Orgânica de Segurança Alimentar e 
Nutricional (LOSAN) – Lei n. 11.346/2006 e regulamentada pelo Decreto n. 7.272/2010 – 
representa um importante marco na luta contra a fome, pois através dela houve a criação 
do Sistema de Segurança Alimentar e Nutricional (SISAN). 
O DHAA se realiza, conforme o relatório emitido pelo Conselho Nacional de Segurança 
Alimentar e Nutricional (CONSEA) em 2010, quando todas as pessoas têm acesso 
garantido e ininterrupto à alimentação adequada e saudável por meios próprio e 
sustentáveis. 
Portanto podemos afirmar que cabe aos Estados as obrigações de respeitar, proteger, 
promover e prover os direitos humanos, pois o Estado é o sujeito detentor do poder e 
exercício sobre os poderes integrantes do Estado. A realização do DHAA consiste em 
destinar finanças públicas e implementar políticas públicas que incluam a população 
vulnerável à fome e à pobreza. 
Ainda expor pelo relatório do CONSEA (2010) “DHAA é violado toda vez que pessoas, 
grupos ou comunidades vivenciam situações de fome por não terem acesso a alimentos em 
quantidades e qualidade adequadas, de forma regular, para satisfazer suas necessidades 
alimentares e nutricionais, como também pessoas malnutridas de qualquer idade por 
deficiências de nutrientes (anemias, hipovitaminoses e outras carências específicas)”. 
 
14 
 
5 CIDADANIA E A ALIMENTAÇÃO 
A alimentação por si só e a fome não podem ser direcionadas exclusivamente a questão 
econômica (quando falamos em acesso à renda ou programas de auxílio governamental) ou 
alimentar (quando falamos em acesso à uma alimentação adequada e disponibilidade de 
alimentos). A alimentação é algo que cultural e histórico das relações sociais, visto que, cada 
grupo social tem seus costumes e se alimenta de acordo com a sua identidade cultural. Dessa 
forma, Flávio Luiz Schieck Valente diz que “a alimentação humana se dá na interface 
dinâmica entre o aimento (natureza) e o corpo (natureza humana), mas somente se realiza 
integralmente quando os alimentos são transformados em gente, em cidadãos e cidadãs 
saudáveis”. 
É de certa forma inviável não relacionar a alimentação e cidadania com os direitos 
humanos. Confirmando esta teoria, o Comitê de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais da 
ONU diz que a alimentação do ser humano não pode ser reduzida a fornecimento de uma ração 
básica com nutrição necessária para um ser humano. Então aqui, podemos observar os direitos 
da dignidade da pessoa humana e o direito humano à alimentação adequada, citados nos tópicos 
anteriores. 
Portanto podemos observar que tanto a fome, quando a má alimentação, assim como a 
desnutrição que é decorrente destes, são claras manifestações de violações ao direito do 
cidadão, à sua cidadania que não pode ser perfectibilizada. 
Podemos, para finalizar este tópico, nos questionarmos em como a cidadania é exercida 
pelos cidadãos. O cidadão é um indivíduo, que tem consciência, mesmo que não ciente e 
conhecedor de dispositivos legais específico, de seus direitos e deveres e deste cidadão é 
esperada ou projetada de certa maneira uma participação ativa em tudo aquilo que envolve 
questões da comunidade onde pertence. A cidadania é de fato exercida quando um detentor do 
direito, cobra a sua real efetivação e eficiência, pois um Estado se desenvolve também por 
provocação de seus cidadãos. 
Porém não podemos e nem devemos utilizar este conceito como único e imutável, visto 
que a cidadania, encontra-se em permanente construção, conforme as mudanças e evoluções da 
sociedade. 
Em síntese, o cidadão nada mais é aquele indivíduo, membro de uma comunidade que 
fiscaliza a efetividade e eficiência dos seus direitos mais básicos, como a vida, liberdade, 
15 
 
segurança e alimentação, e, em contrapartida, cumpre com tudo aquilo que a lei proíbe, como 
o cometimento de crimes e infrações penais. 
5.1 Conceito de fome 
A fome é vista por cada área profissional de forma diversa e consequentemente, cada área 
propõe uma ação, decorrente desta visão. Um profissional da saúde, de forma alguma enxergará 
a fome da mesma forma que um profissional agrícola ou um educador. 
E o mais preocupante é que seja qual das óticas escolhidas para as ações serem colocadas 
em prática, dificilmente acarretará uma política pública ou programa social que efetivamente 
reduza a fome no nosso país. 
Da mesma forma, traz Flávio Luiz Schieck Valente em seu artigo publicado em 2003 que: 
Um escravo bem nutrido não tem seu direito humano à alimentação 
garantido, porque ele ou ela continua escravo, e portanto, violado/a em sua 
humanidade. Um adulto ou uma criança que se alimenta do lixo, mesmo que 
“bem nutrida”, continua a ter seu direito humano violentado, pois ela ainda 
tem fome e, mais do que tudo, tem sua cidadania violentada. Por outrolado, 
uma pessoa que tenha acesso a alimentos em quantidade e qualidade 
suficiente, mas que está enferma ou não tem condições para preparar este 
alimento, também tem seu direito humano à alimentação violentado, porque 
não consegue realizar a transformação do alimento em vida, em saúde, em 
humanidade. 
 
5.2 Alimentação do Povo Brasileiro 
A primeira problemática quando olhamos para a situação alimentar do povo brasileiro e 
a divergência de abordagens e entendimentos à cerca do tema, de forma suscita, exploraremos 
os principais pontos. 
 Há uma clara disputa no âmbito político a respeito do tema, e essa grande disputa, faz 
com que “polos” de entendimentos opostos, não possibilitem que de fato políticas e propostas 
de ações públicas eficientes possam vigorar. 
16 
 
 A outra, encontra-se na simples dificuldade de identificar e indicar qual solução melhor 
seria aplicada para cada situação, de cada região ou grupo social. Dentro de cada realidade e 
grupo social, há diferentes realidades que as dimensões ou conceitos de fome e alimentação, 
são interpretadas de maneiras diversas. 
 O difícil acesso à uma alimentação de qualidade por grande parte da população brasileira 
ocorre devido a concentração excessiva de renda, baixos salários, níveis disparados de 
desemprego e baixo desempenho de setores que poderiam ajudar a solucionar o problema do 
desemprego. 
 É como se pôr fim houvesse ciclo infinito que causa a fome no país, seja com o 
desemprego, seja a pobreza, seja a redução de oferta de alimentos. 
 Ainda que anteriormente existisse uma concepção que defendesse que a fome era um 
fenômeno natural, atualmente não podemos mais observar a situação da disparidade entre a 
alimentação de diversas classes sociais de maneira tão rasa. Em pleno século XXI é notável que 
a situação na qual nos encontramos está única e principalmente vinculada ao conflito entre 
capital e trabalho. 
 
17 
 
6 PRINCIPAIS POLÍTICAS DE COMBATE À FOME NO BRASIL 
Surgiram na década de 1940 as primeiras políticas de combate à fome no Brasil. A 
definição de um piso mínimo salarial2², que se tornou o direito de todo trabalhador, definido, 
principalmente, com base no critério da alimentação, que deveria corresponder entre 50% e 
60% do salário-mínimo. 
No mesmo ano, foi criado o Serviço de Alimentação da Previdência Social (SAPS), que 
tinha como principais funções atender os segurados da previdência social; selecionar produtos 
e baratear preços; educar em uma perspectiva de solucionar os problemas de ordem alimentar 
e nutricional; promover a instalação e funcionamento de restaurantes e fornecer alimentos 
básicos. 
No ano de 1943, foi criado o Serviço Técnico de Alimentação Social (STAS), que tinha 
por atribuição principal propor medidas para a melhoria alimentar, e logo após, em 1945, foi 
criada a Comissão Nacional de Alimentação (CNA), que tinha por objetivo propor uma política 
nacional de nutrição. 
A CNA, seguindo orientações da Organização para a Agricultura e Alimentação das 
Nações Unidas e da Organização Mundial da Saúde, criou, em 1953, o Plano Nacional de 
Alimentação (PNA). 
Além da criação do Plano Nacional de Alimentação, a CNA também criou, no ano de 1955, 
o Programa Nacional de Merenda Escolar (PNME), que neste mesmo ano acabou se 
transformando em Campanha Nacional de Merenda Escolar (CNME). 
Quase todas essas políticas implementadas nesse período de 1940 a 1971 foram extintas, 
com exceção da merenda escolar que está em vigor até os dias atuais. O SAPS foi extinto na 
época da ditadura militar. 
 Em decorrência da ditadura militar, em 1972, foi criado o Instituto Nacional de 
Alimentação e Nutrição (INAN), que é uma autarquia federal ligada ao Ministério da Saúde, 
cujas funções eram elaborar e coordenar uma política nacional de alimentação e nutrição. 
 A primeira política pública criada pelo INAN foi o Programa Nacional de Alimentação 
e Nutrição (Pronan I), que não acabou sendo operacionalizada e, no ano de 1976, foi criado o 
 
2 BRASIL. Decreto-Lei nº2.162, 01 de maior de 1940. Institui o salário mínimo e dá outras providências. Senado 
Federal: Legislação Republicana Brasileira. 
18 
 
II Programa Nacional de Alimentação e Nutrição (Pronan II), que teve efetiva 
operacionalização. 
 O Pronan II era uma política articulada por outros programas vinculados de diferentes 
ministérios, com função precípua em alimentar os grupos materno-infantis, escolares e 
trabalhadores. Burlandy (2003), ao analisar esta política, constatou que o Inan não conseguiu 
promover a articulação intersetorial necessária, concentrando os programas do Pronan II em 
apenas três principais linhas de atuação, a suplemtnação alimentar/oferta de refeições para 
grupos específicos; a produção e comercialização de alimentos e; a educação alimentar, mesmo 
que não de forma efetiva. O Pronan II se manteve ativo até o ano de 1985. 
 Em 1986, no governo do presidente José Sarney foi criado o Programa Nacional do 
Leite (PNL), era um programa destinado às famílias com crianças de até sete anos de idade com 
renda mensal de até dois salários-mínimos, tinha como principal função distribuir um litro de 
leite por família, através de tíquetes com os quais a família poderia comprar o produto no 
comércio. 
 No ano de 1993, o governo do presidente Itamar Franco, criou o Consea3, que era nada 
mais do que um órgão de aconselhamento da Presidência da República composto por oito 
ministros e vinte e um representantes da sociedade civil, que em grande parte foram indicados 
pelo Movimento pela Ética na Política, com o objetivo de coordenação a elaboração e 
implantação do Plano Nacional de Combate à Fome e à Miséria. 
Em 1995, o Consea foi extinto e, no seu lugar, foi criado o Conselho Consultivo do 
Comunidade Solidária4, que era um órgão governamental de consulta à sociedade civil, 
composto por dez ministros de Estado, pela Secretaria Executiva do Comunidade Solidária e 
por vinte e um membros da sociedade civil. O Conselho do Comunidade Solidária tinha como 
objetivo melhorar as condições de vida da população mais pobre do país. 
Em 2003, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, lançou o Programa de Segurança 
Alimentar Fome Zero (PFZ). Foi elaborado pelo Instituto Cidadania, que tinha como principal 
objetivo apresentar uma política nacional participativa de segurança alimentar e combate à fome 
para o país, que contemplasse 44,043 milhões de pessoas em situação alimentar precária. 
 
3 BRASIL. Decreto nº 807, 24 de abril de 1993. Institui o Conselho Nacional de Segurança Alimentar – 
CONSEA e dá outras providências. Senado Federal: Legislação Republicana Brasileira. 
4 BRASIL. Decreto nº1366, 12 de janeiro de 1995. Dispõe sobre o Programa Comunidade Solidária e dá outras 
providências. Senado Federal: Legislação Republicana Brasileira. 
19 
 
7 PROPOSTAS PARA O COMBATE À FOME 
O problema da fome atualmente não está relacionado com insuficiência de produção de 
alimentos por parte da agricultura comercial ou até mesmo do País. 
Conforme visto anteriormente, o problema encontra-se na concentração excessiva da renda 
por determinadas classes sociais, com baixos salários, com a taxa de desemprego em constante 
crescente, agravado mais ainda agora neste momento de pandemia qual vivemos no nosso País. 
É clara a compreensão de que quanto maior o poder aquisitivo, maior a chance de obter 
alimentos de qualidade e assim ter uma nutrição adequada. Neste sentido, fica perfeitamente 
esclarecida a necessidade de criar mecanismos que, de forma imediata e urgente, traga melhores 
condições à população brasileira. 
Dentre esses mecanismos podemos citar: a diminuição dos custos do acesso à alimentação 
para a população em situação precária; o incentivo ao crescimento da oferta de alimentos com 
custo mais baixo; e de forma extremamente urgente e necessária, é preciso que algum 
mecanismo funcione no intuito de incluir as famíliascom o aumento da renda ao fornecimento 
de direitos de compra de alimentos. 
É de extrema importância e necessidade que haja neste campo uma intervenção estatal. 
Podemos usar de exemplo a eficiência do programa americano Food Stamp, que fornece às 
famílias pobres espécies de selos ou vales para compra de alimentos no comércio local. 
Esse sistema em nosso Estado, poderia funcionar de forma que todos estes selos ou vales, 
usado como poder de compra dessas famílias pobres, pudesse, posteriormente se transformar 
em selo ou vale de desconto tributário aos empresários e comerciantes. Seria uma forma de uma 
ação e intervenção não apenas estatal, mas também de uma iniciativa privada. 
O programa de cestas básicas deve ser mantido em nosso país, mas deve ser usado de 
maneira emergencial por aqueles que são acometidos por calamidade naturais, desvinculando 
dos estoques agrícolas e evitando o aumento da inflação. 
E é de suma importância, principalmente nas regiões mais populosas, como nas grandes 
cidades, que exista uma diminuição de desperdício de alimentos. A criação de uma espécie de 
Banco de Alimentos, seria uma forma de aproveitamento e de destinar alimentos em condições, 
para famílias e pessoas necessitadas. 
 
20 
 
8 CONCLUSÃO 
Demonstrei, neste suscinto trabalho, que o problema da alimentação inadequada em nosso 
país está fortemente relacionado com a falta de renda, em função do desemprego que aumenta 
mais a cada dia. 
 Atualmente, vivendo essa pandemia terrível que nos assola, fica mais evidente a 
disparidade social e o quanto as pessoas de classe social mais elevada, pouco se preocupam em 
ajudar os menos favorecidos. 
 Fica visível que as políticas públicas já implementadas, poderiam ter vigorado e ainda 
continuar a produzir efeitos positivos em nossa população, a maior dificuldade visivelmente é 
a troca de governos e a politicagem que acaba influenciando demais nesse assunto. 
 
21 
 
9 BIBLIOGRAFIA 
 
VALENTE, Flávio Luiz Schieck. Fome, desnutrição e cidadania: inclusão social e direitos 
humanos. Saúde e Sociedade, [S.L.], v. 12, n. 1, p. 51-60, jun. 2003. FapUNIFESP (SciELO). 
http://dx.doi.org/10.1590/s0104-12902003000100008. 
BELIK, Walter; SILVA, José Graziano da; TAKAGI, Maya. Políticas de combate à fome no 
Brasil. São Paulo em Perspectiva, [S.L.], v. 15, n. 4, p. 119-129, dez. 2001. FapUNIFESP 
(SciELO). http://dx.doi.org/10.1590/s0102-88392001000400013. 
SILVA, Robson Roberto da. Principais políticas de combate à fome implementadas no 
Brasil. Textos & Contextos, Porto Alegre, v. 5, p. 1-19, 1 nov. 2006. Disponível em: 
https://www.redalyc.org/pdf/3215/321527158003.pdf. Acesso em: 20 maio 2021. 
MENDES, Gilmar Ferreira; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de Direito 
Constitucional. 13. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2018. 1638 p. (IDP).

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