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Tópicos de instalações elétricas em canteiro de obras João Gilberto Cunha Comentários da NR-18 São José dos Campos – SP Edição do Autor 2018 2 a Edição Cunha, João Gilberto. Tópicos de Instalações elétricas em Canteiro de obras: Comentários da NR-18 / João Gilberto Cunha - São José dos Campos: 2018. ISBN 978-85-910927-6-5 1. Instalações elétricas - regulamentação de segurança 2. Norma Regulamentadora No 18 (NR-18) 3. Segurança do trabalho - Brasil CDU - 34:331.823:621.3(81)(094) Índice para Catálogo Sistemático 1 Brasil: Trabalhadores de instalações e serviços elétricos: segurança do trabalho: NR-18: Direito do trabalho 34:331.823:621.3(81)(094) Mi Omega Av. Andrômeda, 693 - Jd. Satélite - CEP 12230-010 - São José dos Campos - SP Fone 12 3322 7354 Editor: João Gilberto Cunha Revisão ortográfica: Meire Biudes Martinho Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução no todo em partes, por qualquer meio, sem autorização do autor. 1a Edição 2011 2a Edição 2018 SUMÁRIO Apresentação 5 Objetivo e campo de aplicação 8 Instalações Elétricas 9 Glossário 35 Apresentação 1aº Edição Seguindo o caminho aberto pela NR-10 Comentada o trabalho é continuado por esta obra Tópicos de Instalações elétri- cas em Canteiro de obras. A obra apresenta comentários da seção 21 da NR-18, on- de o autor procura esclarecer o texto legal com exemplos e vincu- lações à normalização e às demais normas regulamentadoras, em particular com a NR-10. Nas instalações elétricas de canteiros de obras existe uma ligação, nem sempre muito clara, entre a NR-10 e a NR-18. Esta ligação é ainda dificultada pelas terminologias adotadas nos dois regulamentos - que são diferentes. Tenta-se neste livro fazer uma ligação entre as duas terminologias, e ainda entre a da NR-18 com a das normas técnicas brasileiras, publicadas pela ABNT. O autor espera que tenha contribuído para o entendimen- to deste importante regulamento de segurança. Julho de 2011 João Gilberto Cunha Apresentação 2aº Edição Com a publicação da Portaria MT Nº 261, de 18 de abril de 2018, o capítulo 21 da NR-18 foi alterado e uma nova regula- mentação das instalações elétricas dos canteiros de obra foi publi- cada, o que provocou uma nova edição deste livro. Esta obra apresenta comentários da seção 21 da NR-18, onde o autor apresenta a sua hermenêutica do texto legal com exemplos e vinculações à normalização e às demais normas regu- lamentadoras, em particular com a NR-10. Na visão do autor, a hermenêutica vai além da interpretação, buscando a intenção do legislador. É evidente que pode haver divergências nas diversas hermenêuticas de um texto legal; o autor apresenta a sua, baseado na normalização internacional, procurando sempre uma norma técnica para clarear o assunto e não uma opinião pessoal. Nas instalações elétricas de canteiros de obras existe uma ligação, agora nesta edição muito clara, entre a NR-18 e a NR-10, porém, nem sempre clara com as normas técnicas brasileiras, também conhecidas como normas da ABNT. O autor espera que tenha contribuído para o entendimen- to deste importante regulamento de segurança. Junho de 2018 João Gilberto Cunha 8 18.1 Objetivo e Campo de Aplicação 18.1.1. Esta Norma Regulamentadora - NR estabelece diretrizes de ordem administrativa, de planejamento e de organização, que objetivam a implementação de medidas de controle e sistemas preventivos de segurança nos processos, nas condições e no meio ambiente de trabalho na Indústria da Construção. O item 18.1.4 da NR-18 estabelece que a observância do estabelecido nesta NR não desobriga os empregadores do cumprimento das disposições relativas às condições e meio ambiente de trabalho, determinadas na legislação federal, estadual e/ou municipal, e em outras estabelecidas em negociações coletivas de trabalho, logo pode se entender que a observância da NR-18 não desobriga o cumprimento das demais Normas Regulamentadoras. Portanto, nos canteiros de obras, os EPIs devem estar em conformidade com a NR-6, e isto é evidente, mas também nas instalações elétricas, além da observância da seção 18.21, é necessário o cumprimento da NR-10. De forma geral, pode se dizer que a NR-10 apresenta as prescrições relativas às instalações e serviços em eletricidade em geral, e isto inclui os canteiros de obras, e as prescrições da NR-18 são específicas para os processos nas condições e no meio ambiente de trabalho da Indústria da Construção (canteiro de obras). Então, pode se entender que, as prescrições da NR-18, referentes às instalações e serviços em eletricidade complementam, modificam ou substituem as prescrições contidas na NR-10, para os canteiros de obras. Em tudo que não for disposto diferentemente na NR-18, permanecem válidas e aplicáveis as prescrições estabelecidas pela NR-10. 9 18.21 Instalações Elétricas 18.21.1 As execuções das instalações elétricas temporárias e definitivas devem atender ao disposto na Norma Regulamentadora nº 10 (NR-10) - Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade - do Ministério do Trabalho . Ao determinar que as execuções das instalações elétricas temporárias e definitivas devem atender ao disposto na NR-10, a NR-18 se coloca como regulamento de requisitos particulares para canteiros de obras. A NR-10 é o regulamento de segurança elétrica em locais de trabalho, de forma geral – ou seja, um regulamento de requisitos gerais. Para a área específica de canteiros de obra, além da NR-10 (regulamento de requistos gerais) deve ser aplicado, também, os requistos particulares estabelecidos na NR-18. Desta forma, não há dúvidas de que todos os requisitos da NR-10 se aplicam aos trabalhadores da construção civil, desde os treinamentos, autorização que estabelece a seção 8 da NR-10 quanto à necessidade de procedimentos de trabalho, prontuário, análise de risco e demais medidas administrativas exigidas na NR-10. A revisão da seção 21 da NR-18 quis colocar esta exigência no primeiro item da seção para deixar clara a posição que, na edição anterior da NR-18, não estava clara. A partir desta edição, um auditor do Ministério do Trabalho pode autuar uma construtora por não cumprir alguma exigência da NR-10, sem que haja possibilidade de recursos e discussões por parte da autuada. Ou seja, o auditor pode fiscalizar a empresa primeiramente com todos os itens da NR-10 e, posteriormente, com os itens específicos da NR-18, e se for o caso, aplicar penalidades com base na NR-28. 10 Ficou, nesta edição, claro que a NR-10 é aplicável às instalações elétricas dos canteiros de obra. 18.21.2 As instalações elétricas temporárias devem ser executadas e mantidas conforme projeto elétrico elaborado por profissional legalmente habilitado . A NR-18 criou de forma inequívoca a necessidade de projetos elétricos para os canteiros de obra. As instalações elétricas de canteiros de obra são instalação temporárias, mas nem por isso podem ser executadas de qualquer forma, os requisitos de segurança devem ser cumpridos. A normalização brasileira divide as instalações, quanto a sua duração, em temporárias e permanentes. A NBR 5410 na alínea c, do item 1.2.1, determina que “esta Norma aplica-se também às instalações elétricas de canteiros de obra, feiras, exposições e outras instalações temporárias”. Portanto, o projeto das instalações elétricas de baixa tensão de canteiros de obra devem atender a NBR 5410. Do ponto de vista das exigências normativas, a diferença entre uma instalação permanente e uma temporária é a instalação dos condutores. No caso da proteção contra choqueselétricos, não há nenhuma diferença entre uma instalação permanente e uma temporária, aliás, se analisarmos as influências externas em uma instalação elétrica de um canteiro de obras existe um risco muito maior do que em uma instalação elétrica de um escritório. No caso de instalações elétricas de canteiros de obras de maior dimensão, as instalações elétricas podem envolver tensões superiores a 1000 volts, nesta caso, a norma técnica aplicavel é a NBR 14039, de acordo com o item 1.5 onde está prescrito que “esta Norma aplica-se às instalações novas, às reformas em instalações existentes e às instalações de caráter permanente ou temporário”. 11 Este projeto deve ser elaborado por engenheiro eletricista, que é o profissional legalmente habilitado conforme estabelece os itens 10.8.1 e 10.8.2 da NR-10. 18.21.3 Os serviços em instalações elétricas devem ser realizados por trabalhadores autorizados conforme NR-10. A NR-18 explicita a necessidade de que os profissionais que realizam serviços em instalações elétrica devem ser autorizados, conforme determina o item 10.8.4 da NR-10. Esta autorização é realizada através de um documento específico para isso que formaliza a anuência da empresa com a autorização do trabalhador para intervir em instalações elétricas. Esta autorização é precedida de um treinamento de segurança elétrica em conformidade com o Anexo III da NR-10, ou seja, um treinamento básico para os trabalhadores que intervenham em instalações de BT, e um básico e um complementar para os trabalhadores que intervenham em instalações de AT. Estes treinamentos tem validade de 2 anos, após este periodo deve ser realizado o treinamento de reciclagem, conforme determina o item 10.8.8.2 da NR-10. Com relação à formação, a NR-10 ainda divide os trabalhadores em dois grupos: os que tem educação formal e os que não tem educação formal, que tem experiência prática. Os primeiros são qualificados e habilitados (se tiverem registro ativo no CREA). Os profissionais práticos, sem educação formal, devem ser capacitados, previamente, antes da autorização. Um aspecto importante é que devem ser criadas evidências da capacitação, como determina o item 10.8.3 da NR-10. Finalmente, no processo de autorização, deve ser definida a abrangência da autorização do trabalhador e os limites de intervenção a que o trabalhador foi autorizado. Por exemplo, um tabalhador pode ser autorizado a trabalhar somente em 12 instalações elétricas de baixa tensão desenergizadas, ou em instalações elétricas de BT energizadas. Esta abrangência deve ser explícita, conforme determina o item 10.8.5 da NR-10. 18.21.4 É proibida a existência de partes vivas expostas e acessíveis pelos trabalhadores em instalações e equipamentos elétricos. A NR-18 estabelece que todos os componentes das instalações elétricas sejam providas de proteção básica (ou proteção contra contato direto). A NBR 5410 define proteção básica como o meio destinado a impedir contato com partes vivas perigosas em condições normais. O conceito que está implícito no item 18.21.4 é, exatamente, o de que a proibição é para as condições normais; é evidente que durante um trabalho, um profissional autorizado a realizar intervenção em instalações elétricas energizadas, pode retirar a proteção básica ou contra contatos diretos e expor as partes vivas perigosas. Neste caso, a medida de proteção coletiva foi retirada (a proteção básica) e este profissional deve usar os EPIs adequados para garantir a sua segurança, além disso, ele deve delimitar a área de trabalho para evitar que os demais trabalhadores que não estão envolvidos no trabalho não tenham acesso às partes vivas perigosas. A normalização brasileira reconhece os seguintes meios de proteção básica: isolação básica ou separação básica; o uso de barreira ou invólucro; obstáculo e colocação fora do alcance. A isolação e o uso de invólucro ou barreira são considerados proteção total, ou seja, torna inacessível as partes vivas a todos os trabalhadores autorizados ou não (pessoas comuns, sem conhecimentos, que lhes permite evitar os perigos da eletricidade). A proteção por meio de obstáculo e colocação fora de alcançe são consideradas proteção parcial, ou seja, torna inacessível as partes vivas somente aos trabalhadores autorizados 13 (com conhecimentos que lhes permite evitar os perigos da eletricidade). 18.21.5 Os condutores elétricos devem: O regulamento de instalações em canteiros de obra no item 18.21.5 estabelece uma série de critérios que devem ser atendidos nas linhas elétricas das instalações temporárias, em especial, porque como a NBR 5410 é uma norma de requisitos gerais e a NR-10 é um regulamento de requisitos gerais, não é tratada de forma adequada, os requisitos particulares das instala- ções temporárias. Neste item, se vê claramente o sentido de regu- lamento de requisitos particulares da NR-18. A grande diferença entre as prescrições de uma instalação permanente e de uma instalação temporária é a fixação dos com- ponentes, em particular das linhas elétricas. a) ser dispostos de maneira a não obstruir a cir- culação de pessoas e materiais; Como as linhas elétricas não precisam ser fixadas de for- ma definitiva nas instalações de canteiros de obra, os condutores devem ser dispostos de maneira a não obstruir a circulação de pessoas e materiais. Isso pode acontecer, por exemplo, quando os condutores são fixados em postes e não estão em altura adequada. b) estar protegidos contra impactos mecânicos, umi- dade e contra agentes capazes de danificar a isola- ção; Diferentemente das linhas elétricas das instalações defini- tivas, as instalações temporárias podem estar até no piso e, desta forma, se os condutores não forem protegidos contra um dano 14 mecânico, a passagem sobre estes condutores, devido a movi- mentação de materiais e pessoas, pode provocar um dano nos mesmos. Portanto, eles devem ser protegidos por uma cobertura externa suficientemente resistente para garantir a sua integridade, quando estiverem em áreas de circulação. Uma exigência da NBR 5410 é que estes condutores elé- tricos sejam sempre do tipo cabos unipolares ou multipolares, ou seja, providos de cobertura (estes cabos são os conhecidos como 1 kV, devido à classe de isolação), não sendo permitido, nestes casos, o uso de condutores isolados, isto é, sem cobertura (conhecidos como fios 750 V devido a sua classe de isolação). c) ser compatíveis com a capacidade dos circuitos elétricos aos quais se integram; A coordenação do cabo usado com o dispositivo de prote- ção é extremamente importante para a manutenção da integridade da isolação, durante a vida útil do cabo. Isso deve ser verificado sempre no projeto determinado no item 18.21.2 da NR-18. As prescrições da seção 5.3 da NBR 5410 que trata da proteção contra sobrecorrente devem ser integralmente satisfeitas nas instalações temporárias de canteiros de obra, em particular, no dimensionamento dos condutores deve se considerar a equa- ção a seguir: IB In Iz onde: IB é a corrente de projeto do circuito; Iz é a capacidade de condução de corrente dos conduto- res, nas condições previstas para sua instalação; In é a corrente nominal do dispositivo de proteção (ou corrente de ajuste, para dispositivos ajustáveis), nas condições previstas para sua instalação; 15 d) possuir isolação em conformidade com as normas técnicas nacionais vigentes; A NBR 5410 no item 6.2.3 que trata da seleção e instala- ção dos condutores nas linhas elétricas determina que todos os condutores devem ser providos, no mínimo, de isolação, a não ser quando o uso de condutores nus ou providos apenas de cobertura for expressamente permitido. Os cabos uni e multipolares devem atender às seguintes normas: a) Os cabos com isolação de EPR, à NBR7286; b) Os cabos com isolação de XLPE, à NBR 7287; c) Os cabos com isolação de PVC, à NBR 7288 ou à NBR 8661. Os cabos em conformidade com a NBR 13249 (conhecidos como cabos PP) não são admitidos nas instalações elétricas, tendo em vista que tais cabos destinam-se tão somente à ligação de equipamentos. Em uma situação em que o canteiro de obra for conside- rado local de afluência de público, os cabos não-propagantes de chama, livres de halogênio e com baixa emissão de fumaça e ga- ses tóxicos devem atender à NBR 13248. e) possuir isolação dupla ou reforçada quando desti- nados à alimentação de máquinas e equipamentos elétricos móveis ou portáteis. Os cabos unipolares e multipolares são considerados dupla isolação, portanto para ligação de máquinas e equipamentos elétricos móveis ou portáteis devem ser usados cabos com cobertura. Deve-se atentar que a exigência é de que os cabos devem ser de isolação dupla e, neste caso, os cabos em conformidade com a NBR 13249 (conhecidos como cabos PP) são de isolação dupla e podem ser usados, pois eles são 16 fabricados exatamente para a ligação de máquinas e equipamentos elétricos móveis ou portáteis. Os condutores com isolação de XLPE que atendam à NBR 7285 são os cabos com isolação reforçada de qua trata a alínea c do item 18.21.5 da NR-18. 18.21.6 As conexões, emendas e derivações dos condutores elétricos devem possuir resistência mecânica, condutividade e isolação compatíveis com as condições de utilização. As conexões dos condutores elétricos devem atender ao disposto na seção 6.2.8 da NBR 5410 que trata deste assunto. As conexões de condutores, entre si e com outros componentes da instalação, devem garantir continuidade elétrica durável, adequada suportabilidade mecânica e adequada proteção mecânica. A norma lembra que é aconselhável evitar o uso de conexões soldadas em circuitos de energia. Se tais conexões forem utilizadas, elas devem ter resistência à fluência e a solicitações mecânicas compatíveis com a aplicação. A norma proíbe no item 6.2.8.10 a aplicação de solda à estanho na terminação de condutores, para conectá-los a bornes ou terminais de dispositivos ou equipamentos elétricos. Devem ser tomadas precauções para evitar que partes condutoras de corrente energizem partes metálicas, normalmente isoladas, de partes vivas ou à capa metálica dos cabos, quando existente, para isso a isolação do cabo deve ser reconstituida com material adequado (por exemplo, fita isolante) em toda extensão da emenda. Nas linhas elétricas constituídas por condutos fechados (em particular nos eletrodutos) só se admitem conexões contidas em invólucros apropriados, tais como caixas, quadros etc., que garantam a necessária acessibilidade e proteção mecânica. 17 18.21.7 As instalações elétricas devem possuir sistema de aterramento elétrico de proteção e devem ser submetidas a inspeções e medições elétricas periódicas, com emissão de respectivo laudo por profissional legalmente habilitado, em conformidade com o projeto das instalações elétricas temporárias e com as normas técnicas nacionais vigentes. A NBR 5419 define sistema de aterramento como o sistema completo que combina o subsistema externo de aterramento e o sistema de equipotencialização. É definido, também, como o conjunto de todos os eletrodos e condutores de aterramento, interligados ou não, assim como partes metálicas que atuam direta ou indiretamente com a função de aterramento, como torres e pórticos, armaduras de edificações, capas metálicas de cabos, tubulações etc. Não se pode confundir sistema de aterramento com eletrodo de aterramento, portanto a NR-18 não está exigindo laudo do eletrodo de aterramento e, muito menos, medição de resistência de aterramento, ela está determinando que o laudo deve estar em conformidade com o projeto e as normas brasileiras. Mas o projeto deve estar em conformidade com as normas técnicas brasileiras também. Se a instalação for de baixa tensão, o aterramento deve estar em conformidade com a seção 6.4 da NBR 5410 e, se ele for de alta tensão, em conformidade com a seção 6.4 da NBR 14039. Na NR-18 foi definido que as inspeções e medições devem ser periodicas, mas não foi definida a periodicidade, e isso deve ficar à cargo da empresa construtora. O laudo e os relatórios de inspeção e medição devem fazer parte do Prontuário das Instalações Elétricas do canteiro de obras. 18 18.21.7.1 As partes condutoras das instalações elétricas, máquinas, equipamentos e ferramentas elétricas não pertencentes ao circuito elétrico, mas que possam ficar energizadas quando houver falha da isolação, devem estar conectadas ao sistema de aterramento elétrico de proteção. Uma parte condutora que pode ser tocada e que normalmente não é viva, mas pode tornar-se viva em condições de falta, é definida como massa e é exatamente a esta parte que a NR-18 está se referindo quando estas partes devem estar conectadas ao sistema de aterramento. Um aspecto importante é que ele determina que devem ser conectadas ao sistema de aterramento e não ao eletrodo de aterramento, neste caso, o mais comum é a ligação do condutor de proteção. Esta medida é necessária para garantir a segurança dos trabalhadores, mas não é suficiente, ela deve ser complementada pelo dispositivo de seccioanamento automático da alimentação, previsto na normalização brasileira. O aterramento das massa sem o uso do dispositivo de seccionamento automático da alimentação não é suficiente para garantir a segurança dos trabalhadores do canteiro de obra. Os elementos condutores estranhos à instalação, que são elementos que não fazem parte da instalação elétrica, mas que podem nela introduzir um potencial, geralmente o da terra, como as estruturas metálicas, as tubulações metálicas, as ferragens das estruturas de concreto armado, não são obrigadas a serem aterradas pelo item 18.21.7.1. As partes metálicas que envolvem e são exteriores aos componentes de dupla isolação ou classe II, não podem ser aterradas, ou seja, o seu aterramento é proibido pela norma de instalações elétricas, são exemplos as partes metálicas de ferramentas portáteis classe II como furadeiras, lixadeiras etc. 19 18.21.8 É obrigatória a utilização do dispositivo Diferencial Residual - DR como medida de segurança adicional nas instalações elétricas, nas situações previstas nas normas técnicas nacionais vigentes. A NR-18 explicitou a obrigatoriedade do uso de dispositivo Diferencial Residual – DR, como medida de segurança adicional, nos canteiros de obra nas condições estabelecidas pela NBR 5410 na seção 5.1.3.2, que trata do uso de dispositivo diferencial residual de alta sensibilidade. O uso de dispositivos de proteção a corrente diferencial residual com corrente diferencial residual nominal IΔn igual ou inferior a 30 mA é reconhecido como proteção adicional contra choques elétricos, portanto é obrigatório que, nestes casos, o dispositivo DR seja de 30 mA e não outro de corrente maior. A utilização dos dispositivos DR não é reconhecida pela NBR 5410 como constituindo em si uma medida de proteção completa e, devido a isso, não dispensa, em absoluto, o aterra- mento e o seccioamento automático da alimentação. O item 5.1.3.2.2 da NBR 5410 explicita os casos em que o uso de dispositivo diferencial residual de alta sensibilidade (com corrente diferencial residual nominal IΔn igual ou inferior a 30 mA) como proteção adicional é obrigatório: a) Os circuitos que sirvam a pontos de utilização situados em lo- cais contendo banheira ou chuveiro, como os vestiários; b) Os circuitos que alimentem tomadas de corrente situadas em áreas externas à edificação; c) Os circuitos de tomadas de corrente situadas em áreas internas que possam vir a alimentar equipamentos no exterior; d) Os circuitosque, em locais de habitação, sirvam a pontos de utilização situados em cozinhas, copas cozinhas, lavanderias, áreas de serviço, garagens e demais dependências internas molha- das em uso normal ou sujeitas a lavagens, este item é aplicável somente nos casos onde o canteiro de obra tenha alojamento; 20 e) Os circuitos que, em edificações não residenciais, sirvam a pontos de tomada situados em cozinhas, copas cozinhas, lavande- rias, áreas de serviço, garagens e, no geral, em áreas internas mo- lhadas em uso normal ou sujeitas a lavagens. Neste caso, todo o canteiro de obras pode ser molhado em uso normal, uma vez que é aberto e sujeito a ser molhado pela chuva. Finalmente, deve ser lembrado que a norma só torna obri- gatório o uso de DR nas tomadas de corrente com corrente nomi- nal de até 32 A. 18.21.9 Os quadros de distribuição das instalações elétricas devem: Para os quadros de distribuição em canteiros de obras existe uma norma internacional IEC 61439-4 que trata dos requisitos particulares de quadros de distribuição para canteiros de obras. As instalações elétricas de canteiros de obras são instalações temporárias e por isso, os quadros de distribuição tem características de uso temporário, sendo quase sempre móveis ou estacionários, limitando-se os quadros de instalação fixa os de entrada de energia elétrica da rede pública de distribuição. Outro aspecto importante na especificação dos quadros de distrbuição para canteiros de obras, as influências externas aos quais ele está submetido no ambiente do canteiro de obra, são exemplos típicos, a presença de água, a presença de corpos sólidos, a resistência elétrica do corpo humano e o contato das pessoas com o potencial da terra. Diferentemente dos quadros de instalações permanentes em que a saída do quadro de distribuição são eletrodutos e fio, nos quadros de distribuição de canteiros de obras as saídas são, na sua maioria, tomadas, onde serão ligados novos quadros e/ou equipamentos. 21 a) ser dimensionados com capacidade para instalar os componentes dos circuitos elétricos que o constituem; Os quadros elétricos devem ser de tamanho suficiente para acomodar no seu interior todos os componentes a serem instalados, conforme a recomendação do fabricante. No interior do quadro devem ser instalados os dispositivos de proteção, tais como disjuntores, fúsiveis, chaves seccionadoras, dispositivos DRs. Existem dois tipos de quadros de canteiros de obras – aqui não está se falando de improvisações, mas dos quadros específicos para canteiros de obras – os que vêm montados de fábrica e eles são comprados prontos para o uso e, quando apresentam algum problema, se faz a manutenção neles; e os que não vem montados completamente da fábrica, mas não são montados no próprio canteiro, ou seja, a instalação dos dispositivos de proteção, manobra e controle são montados no local. Neste caso, a montagem deve seguir as recomendações do fabricante do quadro, uma delas é que o ambiente onde o quadro vai ser usado deve repetir as condições às quais ele foi projetado e/ou ensaiado, para garantir a segurança dos seus usuários. b) ser constituídos de materiais resistentes ao calor gerado pelos componentes das instalações; O material em que são construídos os quadros elétricos deve suportar a elevação de temperatura dos componentes que compõem este quadro. Os barramentos são os maiores produtores de calor no interior dos quadros de distribuição, mas os outros componentes também geram calor, devido ao efeito joule. Esta geração de calor provoca uma elevação de temperatura em relação à temperatura ambiente, portanto quanto maior a temperatura ambiente maior será a temperatura no interior do quadro. O fabricante do quadro deve informar as condições ambientais que o quadro deve trabalhar. 22 c) garantir que as partes vivas sejam mantidas inacessíveis e protegidas; Os quadros de distruição em canteiros de obras são componentes usados por profissionais que não são da área elétrica, portanto eles devem ser providos de proteção completa contra contatos diretos. Para isso, as partes vivas devem ter proteção por isolação (básica) das partes vivas ou uso de barreiras ou invólucros. A isolação (básica) das partes vivas, como meio de proteção básica, destina-se a impedir qualquer contato com partes vivas. Neste caso, as partes vivas devem ser completamente recobertas por uma isolação que só possa ser removida através de sua destruição. O uso de barreiras ou invólucros como meio de proteção básica, destina-se a impedir qualquer contato com partes vivas. Neste caso, as partes vivas devem ser confinadas no interior de invólucros ou atrás de barreiras que garantam grau de proteção, no mínimo IPXXB ou IP2X. Quando for necessário remover as barreiras, abrir os invólucros ou remover partes dos invólucros, tal ação só deve ser possível: a) Com a ajuda de chave ou ferramenta; ou b) Após desenergização das partes vivas protegidas pelas barreiras ou invólucros em questão, exigindo-se ainda que a tensão só possa ser restabelecida após recolocação das barreiras ou invólucros; ou c) Se houver, ou for interposta, uma segunda barreira entre a barreira ou parte a ser removida e a parte viva, exigindo-se ainda que essa segunda barreira apresente grau de proteção no mínimo IPXXB ou IP2X, impeça qualquer contato com as partes vivas e só possa ser removida com o uso de chave ou ferramenta. 23 d) ter acesso desobstruído; Os quadros de distribuição devem ser instalados em locais de fácil acesso e sem obstrução no seu entorno para que possa ser operado com segurança pelos trabalhadores. e) ser instalados com espaço suficiente para a realização de serviços e operação; Os quadros de distribuição devem ser instalados em locais em que seja possível os trabalhos de operação e manuntenção, ou seja, deve ter espaço no seu entorno para que os trabalhadores possam realizar os trabalhos de forma segura. Deve ser lembrado que um canteiro de obras é um local onde a circulação de máquinas e materiais é, muitas vezes, elevado. Por isso, eles devem ser instalados em locais onde os trabalhadores que estão realizando os trabalhos de operação e manutenção tenham segurança contra os riscos de batidas ou choques com objetos que são transportados, ou ainda, atropelamento de máquinas. f) estar identificados e sinalizados quanto ao risco elétrico; Os quadros de distribuição devem ser providos de identificação do lado externo, legível e não facilmente removível, indicando os riscos a que estão submetidos os profissionais que precisem fazer alguma intervenção. Os principais riscos elétricos são: choque elétrico e queimadura. Deve ser indicada claramente a tensão do quadro e a energia incidente em caso de arco elétrico. 24 g) ter classe de proteção; Dois tipos de classe de proteção são aplicáveis ao quadro de distribuição dos canteiros de obras: o grau de proteção e a classe do quadro quanto a proteção contra choques elétricos. O grau de proteção do conjunto deve ser compatível com as influências externas previstas no local de instalação, que no caso dos canteiros de obras que ficam ao tempo deve ter grau de proteção mínimo IP 44. A classe do quadro, quanto à proteção contra choques recomendável, é classe II ou dupla isolação. Como o quadro em canteiros de obras é um componente móvel esta é a medida de proteção contra choques elétricos recomendada, uma vez que esta medida de proteção não depende da integridade do condutor de proteção para a sua eficácia. h) ter seus circuitos identificados. Todos os circuitos de um quadro devem ser identificados de tal forma que a correspondência entre o circuito (a saída onde será ligado o equipamento elétrico de utilização) e o dispositivo de proteção, seccionamento e comando possamser prontamente reconhecidos. Esta identificação deve ser legível, indelével, posicionada de forma a evitar qualquer risco de confusão e, além disso, corresponder à notação adotada no projeto (esquemas e demais documentos). 18.21.10 É vedada a guarda de quaisquer materiais ou objetos nos quadros de distribuição. A NR-18 reforça a exigência do item 10.4.4.1 da NR-10 que determina que os locais de serviços elétricos, compartimentos e invólucros de equipamentos e instalações elétricas são 25 exclusivos para essa finalidade, sendo expressamente proibido utilizá-los para armazenamento ou guarda de quaisquer objetos. Os quadros de distribuição não devem ser usados como depósito de quaisquer objetos, inclusive componentes elétricos para reposição durante os trabalhos de manutenção. Esta exigência da NR-10 tem, pelo menos, duas razões de ser: uma relacionada com a segurança dos trabalhadores e outra relacionada à garantia do componente que está sendo armazenado. 18.21.11 Os dispositivos de manobra, controle e comando dos circuitos elétricos devem: Os dispositivos de manobra, controle e comando dos circuitos elétricos devem ser instalados sempre no interior de invólucros ou quadros de distribuição de forma que fiquem protegidos adequadamente e não ofereçam riscos de choque elétrico aos que estão na sua proximidade. a) ser compatíveis com os circuitos elétricos que operam; Os dispositivos de manobra, controle e comando devem ter compatibilidade com os circuitos, em particular, quando a tensão, corrente de carga, capacidade de operar sob carga, número de pólos (tripolares para circuitos trifásicos, por exemplo). É muito importante diferenciar os dispositivos com capacidade de seccionamento, que são necessários para a desenergização dos circuitos conforme a seção 10.5 da NR-10, dos dispositivos de comando funcional. Os dispositvos seccionadores tem esta função claramente indicada pelo fabricante e devem seccionar efetivamente todos os condutores vivos de alimentação do circuito respectivo. 26 b) ser identificados; Como a alínea h do item 18.21.9 que trata da identificação dos circuitos dos quadros de distribuição das instalações elétricas, os dispositivos de manobra, controle e comando devem ser identificados, e de tal forma que a correspondência entre componente e respectivo circuito possa ser prontamente reconhecida. Essa identificação deve ser legível, indelével, posicionada de forma a evitar qualquer risco de confusão e, além disso, corresponder à notação adotada no projeto (esquemas e demais documentos). c) possuir condições para a instalação de bloqueio e sinalização de impedimento de ligação. Como a desenergização das instalações elétricas é a medida de controle prioritária, é de fundamental importância que os dispositivos de seccionamento tenham condições de serem bloqueados, por dispositivos de impedimento de reenergização. Estes dispositivos de bloqueio devem seguir uma padronização estabelecida pelo departamento de segurança do canteiro, quanto mais padronizados forem estes dispositivos, mais facilmente poderá ser executada esta função. Portanto, é muito importante que um mesmo dispositivo de bloqueio sirva a um maior número possivel de dispositivos de seccionamento. Também deve ser possível a instalação da sinalização de impedimento de reenergização, que são etiquetas padronizadas indicando que o dispositivo de seccionamento não pode ser ligado. 18.21.12 Em todos os ramais ou circuitos destinados à ligação de equipamentos elétricos, devem ser instalados dispositivos de seccionamento, independentes, que possam ser acionados com facilidade e segurança. 27 O quadros de alimentação dos canteiros de obras devem ter um circuito por dispositivo, que também deve ser o dispositivo de seccionamento, a não ser que tenha um dispositivo seccionador local (próximo da carga). Cada circuito deve alimentar um outro quadro ou um equipamento, logo não deve sair dois cabos de um mesmo disjuntor para alimentar equipamentos diferentes. Isso é muito importante para que o seccionamento possa ser feito de forma independente por equipamento. Estes dispositivos podem ser disjuntores, dispositivos DR ou chaves seccionadoras, dependendo do projeto do quadro de distribuição. 18.21.13 Máquinas e equipamentos móveis e ferramentas elétricas portáteis devem ser conectadas à rede de alimentação elétrica, por intermédio de conjunto de plugue e tomada, em conformidade com as normas técnicas nacionais vigentes. As máquinas e equipamentos móveis e ferramentas portáteis são transportadas para o local de uso para serem utilizadas, são exemplos de tais equipamentos, as furadeiras, as lixadeiras, máquinas de soldas. Como elas são movimentadas com frequência, devem ser conectadas com o uso de plugues e tomadas e não por emendas e, muito menos, inserindo um condutor na tomada. Portanto, todo equipamento móvel ou portátil deve ser provido de plugues. As tomadas e plugues devem atender à classificação de influências externas do local (relacionados a presença de corpos sólidos e água) e, para isso, devem ter o grau IP adequado, ou seja, quando necessário deve ser usado o plugue e a tomada industrial. Neste item não foram abordados os equipamentos estacionários, que são equipamentos sem alça para transporte e 28 com massa superior a 18 kg, tal que não possam ser movimentados facilmente. Neste caso, as instalações elétricas podem ser conectadas por meio de emendas, um exemplo deste tipo de equipamento é a betoneira. Mas, mesmo neste caso, não é permitida a conexão colocando um condutor diretamente na tomada, a conexão em tomadas somente é permitida por plugues. 18.21.14 Os circuitos energizados em alta tensão e em extrabaixa tensão devem ser instalados separadamente dos circuitos energizados em baixa tensão, respeitadas as definições de projetos. A isolação do cabo é feita para a tensão de serviço, se houver um rompimento na isolação de um cabo de alta tensão e estiver em contato com um cabo de baixa tensão, a isolação do cabo de baixa tensão não suportará e o cabo de baixa tensão será energizado com a tensão da alta, provocando um grande acidente, pois todos os equipamentos alimentados por ele terão a sua isolação danificada e colocará em perigo os trabalhadores que estão em contato com estes equipamentos. Portanto, os cabos de alta tensão devem ser instalados em condutos separados dos cabos de baixa tensão. Se estes condutos forem bandejas, podem ser instalados no mesmo conduto, cabos de baixa e alta tensão desde que tenham septos metálicos separando a região de baixa e de alta tensão. Esta condição garante que os cabos BT e AT foram instalados separadamente para fins do cumprimento do item 18.21.14. Para a separação da baixa e da extrabaixa tensão devem ser aplicadas as exigências do item 6.2.9.5 da NBR 5410 que determina que Circuitos de baixa e extrabaixa tensão não devem compartilhar a mesma linha elétrica, a menos que todos os condutores sejam isolados para a tensão mais elevada presente ou, então, que seja atendida uma das seguintes condições: 29 a) Os condutores com isolação apenas suficiente para a aplicação a que se destinam forem instalados em compartimentos separados do conduto a ser compartilhado; b) Forem utilizados eletrodutos separados. 18.21.15 As áreas de transformadores e salas de controle e comando devem ser separadas por barreiras físicas, sinalizadas e protegidas contra o acesso de pessoas não autorizadas. Quando as medidas de proteção contra choques elétricos adotadas para as instalações de alta tensão, em especial as subestações de transformações, forem medidas parciais contra choques elétricos: uso de obstáculos ou colocação fora de alcance, de acordo com as seções 5.1.1.3 e 5.1.1.4 da NBR14039, os trabalhadores que acessam estes locais estão na zona controlada e, isso de acordo com o item 10.7.1 da NR-10, é considerado um trabalho energizado em alta tensão, logo existe a necessidade de que o trabalhador seja autorizado para este acesso. Portanto, estas áreas devem ter uma restrição ao acesso de pessoas não autorizadas e devem ser sinalizadas indicando o risco elétrico – “perigo de morte”, como determina o item 9.1.9 da NBR 14039 com e o respectivo símbolo nos seguintes locais: a) Externamente, nos locais possíveis de acesso; b) Internamente, nos locais possíveis de acesso às partes energizadas. Veja que a norma não definiu o simbolo, só os dizeres da sinalização, e como eles estão entre aspas quer dizer que deve ser usado da forma como foi estabelecido. Quaisquer outros dizeres não podem ser utlizados para esta finalidade. 30 18.21.15.1 As áreas onde ocorram intervenções em instalações elétricas devem ser isoladas e sinalizadas de modo a evitar a entrada e permanência no local de pessoas não autorizadas. Embora a NR-10 não apresentou o conceito de zona de trabalho nas suas exigências, este conceito existe implicitamente. Zona de trabalho é o espaço usado pelo trabalhador, ou pela equipe, para realizar os serviços. Inclui na zona de trabalho: a) O espaço usado pelo trabalhador tendo em conta os gestos e movimentos normais, que ele possa realizar. b) O espaço necessário para o deslocamento durante a tarefa e c) O espaço necessário para acomodar os equipamentos e ferramentas usados durante o trabalho. Na definição de zona de trabalho, as ferramentas ou objetos condutores portados pelo trabalhador são considerados prolongamento do seu corpo. Somente são considerados isolantes, os equipamentos ou as ferramentas ensaiadas e certificadas quanto à sua isolação, caso contrário, mesmo sendo constituído de material isolante, a ferramenta ou o equipamento deve ser considerado condutor. Na zona de trabalho só podem entrar os profissionais autorizados a realizar o trabalho - autorização formal como determina o item 10.8.4 da NR-10 – com as medidas de controle adequadas para controlar os riscos existentes na atividade, por isso esta zona deve ser delimitada e sinalizada. 18.21.16 Os canteiros de obras devem estar protegidos por sistema de proteção contra descargas atmosféricas - SPDA, projetado, construído e mantido conforme normas técnicas nacionais vigentes. 31 A proteção contra descargas atmosféricas estabelecida na NBR 5419-3 é aplicável às estruturas, que é um termo genérico que define um elemento a ser protegido pelo SPDA que, frequentemente, é uma edificação. Um SPDA projetado e construído segundo a NBR 5419-3 tem a função primeira de proteger a edificação e não o seu entorno, é evidente que protegendo a edificação protege uma parte do entorno – mas a função primeira é proteger a edificação. Isto fica muito claro com a prescrição de posicionamento dos captores que determina que “a posição do subsistema de captação é considerada adequada se a estrutura a ser protegida estiver situada totalmente dentro do volume de proteção provido pelo subsistema de captação”. Com frequência, o canteiro de obra é uma área aberta e, portanto, não há um volume a ser protegido e, na maioria das vezes, a metodologia do projeto do SPDA apresentada na NBR 5419-3 não é aplicável diretamente aos canteiros de obras. Dependendo da extensão do canteiro de obra é praticamente inviável prover uma proteção para o canteiro, e o mais comum é a deteção da descarga e suspenção dos serviços e o abrigo do trabalhadores em locais seguros. 18.21.16.1 O cumprimento do disposto no item 18.21.16 é dispensado nas situações previstas em normas técnicas nacionais vigentes, mediante laudo emitido por profissional legalmente habilitado. A dispensa do SPDA que trata o item 18.21.16.1 da NR-18 só é permitida com uma análise de risco documentada, usando o método estabelecido na NBR 5419-2, na realidade este método é necessário tanto para o projeto, quanto para a dispensa. Quando a análise de risco indicar que o risco é aceitável, então não é necessário e, portanto, é dispensado. 32 18.21.17 O trabalho em proximidades de redes elétricas e energizadas internas ou externas ao canteiro de obra só é permitido quando protegidas contra contatos acidentais de trabalhadores e de equipamentos e contra o risco de indução. O trabalho em proximidade está definido no item 28 do glossário da NR-10 como o trabalho durante o qual o trabalhador pode entrar na zona controlada, ainda que seja com uma parte do seu corpo ou com extensões condutoras, representadas por materiais, ferramentas ou equipamentos que manipule. Este trabalho em proximidade pode ser um trabalho elétrico ou não. São exemplos de trabalho não elétrico em proximidade os trabalhos realizados por pedreiros, pintores em fachadas das edificações; operação de içamento com guindastes e munques; próximas a linhas áreas com condutores nus. Quando o trabalho em proximidades é não eletrico, ele apresenta um risco que deve ser considerado, uma vez que é realizado por profissionais que não são da área elétrica, como a NR-10 no item 10.1.2, inclui no seu campo de aplicação quaisquer trabalhos realizados nas suas proximidades, está implícito que a seção 8 que trata da habilitação, qualificação, capacitação e autorização dos trabalhadores aplica-se aos trabalhos não elétricos em proximidade. Portanto, o trabalhador que realiza este tipo de trabalho deve receber o treinamento de segurança e ser autorizado para realizar o trabalho. Esta exigência fica mais clara quando se analisa o item 10.8.9, que determina que os trabalhadores com atividades não relacionadas às instalações elétricas desenvolvidas em zona livre e na vizinhança da zona controlada, conforme define esta NR, devem ser instruídos formalmente com conhecimentos que permitam identificar e avaliar seus possíveis riscos e adotar as precauções cabíveis. Ou seja, a NR-10 dispensou os trabalhadores de trabalhos não elétricos somente na zona livre, logo os que realizam trabalhos na zona controlada – trabalhos em 33 proximidades – não estão dispensados do cumprimento integral das prescrições da NR-10. 18.21.18 Nas atividades de montagens metálicas, onde houver a possibilidade de acúmulo de energia estática, deverá ser realizado aterramento da estrutura desde o início da montagem. Assim como o item 10.9.3 da NR-10, a NR-18 determinou que nas atividades de montagens metálicas, onde houver a possibilidade de acúmulo de energia estática, deverá ser realizado o aterramento da estrutura. A eletricidade estática é um fenômeno que provoca o aparecimento de diferença de potencial entre dois corpos devido ao acúmulo de cargas elétricas em um dos corpos, sendo ele isolante ou condutor isolado do segundo. Este fenômeno pode ser dividido em quatro fases, a saber: geração, acumulação, dissipação e descarga. A geração da eletricidade estática ocorre devido ao contato ou fricção e a posterior separação entre dois corpos de materiais, geralmente diferentes e não necessariamente isolantes, sendo que um deles é de alta resistividade. A acumulação de cargas eletrostáticas provoca o aparecimento de diferença de potencial com relação à terra, esta diferença de potencial é proporcional à quantidade de carga acumuladas. São exemplos de componentes em que ocorre a acumulação de cargas: equipamentos de processo, trechos de tubulação isolada, recipientes, pessoas com calçado isolante ou sobre solos que não dissipam as cargas. A dissipação das cargas eletrostáticas depende da condutividade do caminho entre o corpo carregado e a terra. Uma boa condutividade deste caminho faz com que as cargas eletrostáticas dissipem ao mesmo tempo em que são geradas, não chegando sequer asua acumulação. 34 Se ocorrer de forma contínua a geração e a acumulação das cargas, chega-se a uma situação inevitável - a descarga eletrostática. A descarga ocorre quando o corpo carregado se aproxima de um elemento condutor ligado à terra, a uma distância tal que a intensidade do campo elétrico (v/m) existente ultrapassa a rigidez dielétrica do ar, neste momento é gerada uma faísca elétrica. Uma descarga eletrostática pode provocar uma ignição se ocorrer em uma atmosfera inflamável, portanto no caso de ambientes com atmosfera potencialmente explosivas é necessária a aplicação de medidas para prevenir o aparecimento destas descargas. Várias medidas podem ser adotadas, entre elas: aterramento e conexão equipotencial de todas as superfícies condutoras, aumento da condutividade dos materiais, aumento da condutividade superficial mediante a elevação da umidade relativa ou mediante tratamento superficial, aumento da condutividade do ar por ionização do mesmo, redução das velocidades de passagem dos materiais, escolha de materiais adequados em contato, controle adequado da temperatura de contato das superfícies etc. 35 Glossário Dispositivos de Comando Elétrico: são equipamentos com a finalidade de enviar um sinal elétrico para acionamento ou interrupção de um circuito de comando, permitindo ou não a passagem de corrente elétrica entre um ou mais pontos do mesmo (interruptor, disjuntor). Dispositivos de Manobra e Seccionamento: dispositivos que promovem a total descontinuidade elétrica (separando os contatos a uma distância considerada segura), obtida mediante o acionamento de dispositivo apropriado (chave seccionadora, interruptor, disjuntor) acionado por meios manuais ou automáticos. Instalações Elétricas: é um conjunto de equipamentos e dispositivos elétricos interligados e coordenados entre si, de modo definitivo ou temporário, devidamente projetado de acordo com as normas técnicas vigentes. Instalações Elétricas Temporárias: são instalações previstas para uma duração limitada às circunstâncias que a motivam. São admitidas durante o período de construção, reforma, manutenção, reparo ou demolição de edificação, estruturas, equipamentos ou atividades similares. Isolamento/Isolação Elétrica: processo destinado a impedir a passagem de corrente elétrica, por interposição de materiais isolantes e adequados para a tensão aplicada. 36 Sobre o autor: ➢ Engenheiro Eletricista (UFU - 1981); ➢ Mestre em Engenharia Eletrônica (ITA -1988); ➢ Diretor da Mi Omega; ➢ Coordenador da Comissão da ABNT responsável pela norma NBR 14039 - Instalações elétricas de média tensão de 1,0 a 36,2 kV"; ➢ Secretário da Comissão da ABNT responsável pela elaboração da norma NBR 16384 - segurança em eletricidade; ➢ Membro ativo da Comissão da ABNT responsável pela norma NBR 5410 - Instalações elétricas de baixa tensão"; ➢ Membro da Subcomissão Técnica de Instalações Elétricas de Baixa Tensão do Comitê Brasileiro de Avaliação da conformida- de, na elaboração da Regra específica da certificação das insta- lações elétricas no Brasil; ➢ Professor nos cursos de especialização em instalações elétricas na Facens e ESB; ➢ Palestrante da ABNT para divulgação da norma de instalações elétricas de baixa tensão NBR 5410:2004; ➢ Elaborou os comentários das Normas Brasileiras de instalações elétricas de baixa e média tensão, respectivamente: a NBR 14039: 2003 e a NBR 5410:2004; ➢ Colaborador e colunista da Revista Eletricidade Moderna; ➢ Autor da NR-10 comentada e do Guia de aplicação da NR-10; ➢ Autor de diversos livros e trabalhos técnicos na área de instala- ções elétricas de baixa e media tensão. Este livro foi publicado pelo autor.
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