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FPB- FACULDADE INTERNACIONAL DA PARAÍBA CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO MONICK FERNANDES DE OLIVEIRA BIODIVERSIDADE PRESERVAÇÃO: PROPOSTA DE JARDIM BOTÂNICO NA CIDADE DE SANTA RITA- PB JOÃO PESSOA 2021 MONICK FERNANDES DE OLIVEIRA BIODIVERSIDADE PRESERVAÇÃO: PROPOSTA DE JARDIM BOTÂNICO NA CIDADE DE SANTA RITA- PB Nota Explicativa: Orientador: JOÃO PESSOA 2021 MONICK FERNANDES DE OLIVEIRA JARDIM BOTÂNICO Trabalho Final de Graduação, apresentado ao curso de Arquitetura e Urbanismo da Faculdade Internacional da Paraíba – FPB, em cumprimento as exigências da disciplina de Trabalho Final de Graduação II, 10ª período, como requisito acadêmico para a obtenção do título de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo. Sob orientação da Profª. Esp. Rebeca Calado Mendonça. João Pessoa _______de junho de 2021. BANCA EXAMINADORA ____________________________________________________ Esp. Rebeca Calado Mendonça (Orientadora) FPB- Faculdade Internacional da Paraíba _____________________________________________________ Prof. Hilton Costa (Examinador Interno) FPB- Faculdade Internacional da Paraíba _____________________________________________________ Examinador Externo (Filiação) AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus pelo dom da vida e por todas as vezes que me fez forte quando achei que minhas forças haviam se esgotado. Agradeço a minha família, em especial ao meu, agora esposo, Filipe, que desde o início do nosso namoro muito me incentivou a prosseguir firme no curso, mesmo quando a vontade de desistir parecia maior do que o sonho de tornar-me uma arquiteta e urbanista. De uma maneira muito especial, agradeço a minha eterna Madrinha Gelita, que me motivou tanto nos meus estudos, e que mesmo após sua partida continua me motivando a não desistir. Agradeço aos meus amigos e companheiros de curso, Elaine, Hédrick e Thaynara. Pessoas que, mesmo sem saber, me inspiraram a buscar sempre apresentar o melhor de mim. Como foram fundamentais para que eu chegasse até aqui. Agradeço à professora e orientadora Rebeca Calado, por toda sua paciência comigo, por não me deixar desistir, por me mostrar que eu poderia e deveria ir além. Agradeço imensamente ao meu amigo Dr. Vicente, por me auxiliar nas minhas pesquisas e por se disponibilizar para revisar todo o material, com o intuito de garantir que ficasse um material apresentável. Estendo minha gratidão também à Ms. Mariana, que de uma forma muito carinhosa me auxiliou na construção do Abstract deste trabalho e ainda orientou a apresentação dos slides. À Ms. Anneliese deixo a minha gratidão por me inspirar e incentivar tanto na escolha do tema do trabalho, por acreditar na minha proposta. A todos que acreditaram em mim, meu muito obrigado. RESUMO Diante da necessidade de preservar a natureza e garantir a qualidade de vida na terra, surgem os jardins botânicos com o objetivo de embasar pesquisas na área medicinal e a conservação de espécies que correm o risco de extinção, devido às más condutas humana, como o desmatamento desenfreado, o aumento da emissão de CO², a contaminação dos solos e dos rios pelas grandes indústrias e por instalações de garimpos ilegais e os incêndios de origem criminosa. Com o objetivo de preservar parte da Mata Atlântica existente na cidade de Santa Rita-PB, este trabalho apresenta, embasado na Legislação Ambiental e no Plano Diretor da cidade de Santa Rita, a proposta de um Jardim Botânico na Mata da Cutia, popularmente chamada de Mata do Planalto, visando a conscientização da sociedade de que preservar a natureza é também preservar nossa história. Palavras-chaves: jardim botânico, preservação, biodiversidade, educação ambiental, mata atlântica. ABSTRACT Faced with the need to preserve nature and to ensure the quality of life on earth, the botanical gardens arise aiming to support research in the medical area and the conservation of species that are at risk of extinction due to human misconduct, such as uncontrolled deforestation, the increase of CO² emission, the contamination of soils and rivers by large industries and illegal mining facilities, and fires of criminal origin. In order to preserve part of the existing Atlantic Forest in the city of Santa Rita-PB, this paper presents, based on the Environmental Legislation and on the Master Plan of the city of Santa Rita, the proposal of a Botanical Garden in Mata da Cutia, popularly known as Mata do Planalto, aiming at making society aware that preserving nature is also preserving our history. Keywords: botanical garden, preservation, biodiversity, environmental education, Atlantic Forest. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 01. Distanciamento do Jardim Botânico Benjamim Maranhão e a área escolhida para a proposta do Jardim Botânico de Santa Rita . ....................................................... 15 Figura 02. Localização do Bioma Amazônia..................................................................18 Figura 03. Localização do Bioma da Caatinga. .............................................................. 20 Figura 04. Localização do Bioma do Cerrado. ............................................................... 22 Figura 05. Localização do Bioma do Pantanal. .............................................................. 23 Figura 06. Localização do Bioma dos Pampas. .............................................................. 25 Figura 07. Localização do Bioma da Mata Atlântica. .................................................... 26 Figura 08. Mapa do Kew Gardens. ................................................................................. 32 Figura 09. Mapa do Jardim Botânico de Medellín. ........................................................ 33 Figura 10. Mapa do Jardim Botânico do Rio de Janeiro. ............................................... 34 Figura 11. Mapa do Jardim Botânico do Recife. ............................................................ 35 Figura 12. Imagem aérea da Mata do Planalto ............................................................... 36 Figura 13. Programa de necessidades. ............................................................................ 38 Figura 14. Apresentação do Conceito............................................................................. 39 Figura 15. Diretrizes projetuais. ..................................................................................... 40 Figura 16. Pisograma da Empresa Jucel ......................................................................... 41 Figura 17. Instalação do concregrama ............................................................................ 41 Figura 18. Instalação da mureta de delimitação do jardim ............................................. 42 Figura 19. Instalação da cerca de delimitação do jardim ............................................... 43 LISTA DE SIGLAS BR: Brasil PB: Paraíba SR: Santa Rita PD: Plano Diretor CF: Constituição Federal CFB: Código Florestal Brasileiro LA: Legislação Ambiental CONAMA: Conselho Nacional de Meio Ambiente JBBM: Jardim Botânico Benjamim Maranhão SUDEMA: Superintendência de Administração do Meio Ambiente do Estado da Paraíba IBAMA: Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis AFP: Agence France Presse TNC: The Nature Conservancy MMA: Ministério do Meio Ambiente IFPB SR: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba CampusSanta Rita UC: Unidade de Conservação SNUC: Sistema Nacional de Conservação de Unidades de Conservação da Natureza JBR: Jardim Botânico do Recife SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 09 2. OBJETIVOS............................................................................................................ 12 1.1. Objetivo Principal: ....................................................................................................... 12 1.2. Objetivo Específicos: ................................................................................................... 12 3. JUSTIFICATIVA .................................................................................................... 12 4. ESTRUTURA DO TRABALHO ............................................................................ 15 5. METODOLOGIA ................................................................................................... 16 6. REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................................... 17 6.1. Biomas do Brasil ............................................................................................................... 17 6.1.1. Amazônia ................................................................................................................... 17 6.1.2. Caatinga ..................................................................................................................... 19 6.1.3. Cerrado ...................................................................................................................... 21 6.1.4. Pantanal..................................................................................................................... 22 6.1.5. Pampas ...................................................................................................................... 24 6.1.6. Mata Atlântica ........................................................................................................... 25 6.2. Políticas de Preservação Ambiental ................................................................................. 28 6.3. Jardim Botânico: Características e Conceitos................................................................... 30 7. ANÁLISE DE CORRELATOS .............................................................................. 31 7.1. Kew Gardens- Reino Unido .............................................................................................. 31 7.2. Jardim Botânico de Medellín- Colômbia .......................................................................... 32 7.3. Jardim Botânico do Rio de Janeiro ................................................................................... 33 7.4. Jardim Botânico do Recife ................................................................................................ 34 8. ANÁLISE DO LUGAR .......................................................................................... 36 9. A PROPOSTA ........................................................................................................ 38 9.1. Conceito ........................................................................................................................... 38 9.2. Pavimentação ................................................................................................................... 41 10. DELIMITAÇÃO DA ÁREA ............................................................................... 43 11. CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................. 44 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS: .......................................................................... 46 ANEXO 9 1. INTRODUÇÃO Os jardins botânicos têm uma história muito longa. No Ocidente, há referências à uma coleção de plantas exóticas na Grécia, atribuída a Teofrasto, discípulo de Aristóteles, apaixonado pela botânica, que viveu entre 372 e 238 a.C. O primeiro Jardim Botânico universitário foi fundado em 1545, em Pisa, na Itália, o Jardim Botânico de Pádua. Tinha por objetivo o cultivo de plantas medicinais. No continente Sul Americano o conceito de jardim botânico também é antigo. Alguns estudos indicam que os astecas criaram alguns jardins botânicos que funcionavam como centros de pesquisa e aprendizado de plantas nativas e de outras espécies do mundo. A importância que davam a esses locais era tanta que os povos derrotados nos confrontos eram obrigados a entregar, além de outros bens e tesouros, plantas da região, que posteriormente eram cultivadas e aclimatadas nos jardins astecas. Esse interesse pelo conhecimento é uma das características que diferencia esses tipos de jardins daqueles que não são botânicos, pois além da fruição derivada do ornamental, os jardins botânicos possuem finalidades científicas e educacionais. De acordo com Marques (2014, p. 114, apud SANJAD, 2001), planejados para demonstração de poder, como teatros para celebração dos sentidos ou ainda como retiros para elevação espiritual, os jardins materializavam, dentro de um determinado perímetro a imagem de uma natureza profícua e generosa, recriando assim, sob o controle do homem, um espaço mítico em que plantas, animais, rios e fontes estariam em perfeita harmonia com desígnios divinos de bem-estar. Neste sentido, o jardim botânico não é apenas um lugar de lazer e distração, mas também uma forma de ensinar à sociedade sobre educação ambiental, de forma que ela venha a se sentir instigada a querer cuidar com afinco, com intuito de preservar o meio ambiente não só para a geração atual, mas também para as gerações vindouras. O artigo 225 da Constituição Federal (CF), diz que “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. ” Logo, é de suma importância que existam iniciativas, principalmente por parte do poder público, para a implantação de 10 locais onde se possa fornecer, de forma igualitária a todos os públicos, uma educação ambiental que promova pesquisas, em conjunto com a sociedade, para conservação das espécies da nossa fauna e flora. Ainda no artigo 225, da CF, o parágrafo 1º, no seu inciso I, institui que para que seja assegurado a efetividade do direito descrito no caput do artigo, incumbe ao poder público “preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas. ” Neste viés, observa-se o esforço de entidades nacionais e internacionais, a exemplo da UNESCO que promoveu, em 1975, o Congresso de Belgrado, na antiga Iugoslávia, com o intuito de formular princípios para estabelecer um programa de educação ambiental. Neste congresso foi criada a Carta de Belgrado, que foi considerada o marco histórico para o fortalecimento das questões ambientais, que conceitua a educação ambiental. Esta carta declara que ao promover a educação ambiental, o cidadão possui a oportunidade de desenvolver uma conscientização a respeito das questões ambientais. Os jardins são espaços que acompanham a condição humana desde os primórdios, como afirma Waterman (2020): a história da humanidade está escrita na paisagem, considerando tanto a natural como a artificial. Os primeiros jardins botânicos foram criados como espaços para pesquisa de novos alimentos e remédios naturais, na China (em 2700 a.C, aproximadamente) e no Egito (por volta de 1000 a.C). O primeiro jardim botânico moderno foi o Kew Gardens, também conhecido como Royal Botanic Gardens, fundado no ano de 1670, como um jardim de cultivo de plantas medicinais, utilizadas por médicos como remédios nos séculos anterioresao século XX, está localizado em Londres, e foi considerado, desde 2003, patrimônio mundial pela UNESCO. No Brasil, o primeiro jardim botânico foi o Jardim Botânico do Rio de Janeiro, fundado no dia 13 de junho de 1808, surgindo de uma decisão do então príncipe regente português, D. João de instalar no local uma fábrica de pólvora e um jardim para aclimatação de espécies vegetais de outras partes do mundo. Hoje, o Jardim Botânico do Rio de Janeiro é um órgão vinculado ao ministério do Meio Ambiente e é considerado um dos mais importantes centros de pesquisa mundiais nas áreas de botânica e conservação da biodiversidade. Na Paraíba, estado que abrange o objeto empírico desta pesquisa, tem-se o Jardim Botânico Benjamim Maranhão. 11 Segundo Hemano, 2008, o Jardim Botânico Benjamim Maranhão (JBBM), localizado na cidade de João Pessoa, que, por sua vez, foi criado no ano de 2000, mediante intervenção estadual, estando diretamente vinculado à Superintendência de Administração do Meio Ambiente do Estado da Paraíba (SUDEMA). O local é conhecido também como Mata do Buraquinho, em virtude do açude Buraquinho, que já serviu para abastecimento d’água para a cidade de João Pessoa. De acordo com dados da SUDEMA (2003), a extensão total da área do Jardim é de 515 hectares. Nesta área está situada a sede do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA). Com um Plano Diretor Municipal (PDM) instituído no ano de 2006, a cidade de Santa Rita, atualmente não possui nenhum jardim botânico, apesar de possuir inúmeras áreas propícias à criação de Parques Municipais, mas que não são contempladas pelo Plano Diretor do município, isso ocorre por falta de interesse público, por parte dos governantes municipais. De acordo com Artur Felipe, Engenheiro Ambiental, em seu TFG para o curso de Engenharia Ambiental, da FPB: “faz-se necessária uma atualização no PDM da cidade de Santa Rita, onde novas ações possam ser propostas e efetivadas. Ações como a criação de Macro área de Preservação de Ecossistemas Naturais com objetivos específicos como: I- Manutenção das condições naturais dos elementos e processos que compõem os sistemas ambientais; II-Preservação dos bens e áreas de interesse turístico, histórico e cultural; III- Promoção de atividades ligadas à pesquisa, ao turismo ecológico e à educação ambiental. “ Atualmente, na cidade de Santa Rita encontram-se alguns pontos de reserva do bioma Mata Atlântica, os mesmos recentemente têm sofrido com a derrubada ilegal de árvores predominantes deste bioma. Um desses pontos é a Mata da Cutia, popularmente chamada de Mata do Planalto, onde está localizado o Açude dos Reis, com aproximadamente 1.750 hectares de Mata Atlântica, faz divisa com uma área de canaviais da Usina São João. Com uma área tão expressiva, correspondente ao bioma de Mata Atlântica, área que precisa e merece ser preservada, o objetivo deste trabalho é promover a inquietação sobre a falta de espaços que possam auxiliar no processo de recuperação e conhecimento da importância dos biomas, a partir do campo da arquitetura e do urbanismo, com a reflexão 12 e a proposição de espaços que carregam ao objetivo de reconectar a população com a cultura natural local. 2. OBJETIVOS 1.1. Objetivo Principal: O objetivo principal deste trabalho é apresentar, embasado pela legislação ambiental, a proposta de um Jardim Botânico na área da Mata do Planalto, na cidade de Santa Rita- PB. 1.2. Objetivo Específicos: - Promover e incentivar a preservação do bioma de Mata Atlântica existente na cidade; - Estimular o turismo ecológico, atendendo ao artigo 63 do PDM; - Proporcionar o acesso à educação ambiental às mais diversas classes; - Promover a pesquisa científica a respeito das espécies existentes no local escolhido. 3. JUSTIFICATIVA A preservação da biodiversidade na terra é um tema que requer muita atenção. A cada dia matérias e estudos, dos mais diversos veículos de comunicação e centros de pesquisas mostram que a situação do meio ambiente, tanto a nível nacional quanto a nível mundial, está à beira de um colapso. Dezenas de espécies, animais e vegetais, estão entrando na lista de extinção e outras dezenas nem existem mais, por causa das ações danosas do homem, ações desenfreadas que destroem o meio ambiente, muitas vezes de maneira irreversível. De acordo com o jornal da USP¹, dados de satélite mostram que nos últimos 12 meses o desmatamento da Floresta Amazônica cresceu cerca de 34%. Isso tem causado o risco de extinção de várias espécies nativas, e não se fala apenas de extinção de espécies de 13 árvores, mas também, da extinção de animais que são predominantes desse bioma que é tão importante para a saúde do planeta. Se não bastasse a derrubada ilegal de árvores das florestas, ainda existem as queimadas, causadas não somente pelo clima seco e a baixa umidade, mas muito mais pela ação humana¹. Infelizmente não é apenas a floresta Amazônica que sofre com o desmatamento e as queimadas, mas todos os biomas do país. O que tem ocasionado o desaparecimento de muitas espécies de animais nativos desses biomas, e os poucos que restam acabam fugindo de seus habitats naturais, na luta por sobrevivência acabam indo parar dentro das casas das pessoas, são atropelados nas ruas das cidades, são capturados com mais facilidade por traficantes de animais silvestres etc. Para que se possa conscientizar a sociedade sobre a preservação ambiental se faz necessário a implantação de políticas mais rigorosas em defesa do meio ambiente e a criação de programas que promovam a educação ambiental de forma que toda a sociedade tenha acesso. Para que os indivíduos de todas as faixas etárias, estrato social, independente do gênero e etnia possam entender que preservar a natureza é também preservar a vida humana no planeta. A camada de ozônio sofre a cada dia com o aumento do desmatamento, com as constantes queimadas, com a alta liberação de CO² com a queima dos combustíveis fósseis. Como resultado das ações desumanas e desenfreadas da sociedade, vemos as imensas geleiras, derretendo em uma velocidade assustadora. Em um documentário intitulado Seremos História?, apresentado pelo ator Leonardo Di Caprio, podemos ter uma pequena noção do quão grave está a situação climática do nosso planeta, uma vez que ao visitar uma estação de monitoração na região da Groelândia, foi visto que até o ano de 2017, ano do documentário, em um período de cinco anos aconteceu o derretimento de uma camada de mais de nove metros de profundidade de gele, o que corresponde a centenas de metros cúbicos de gelo e toda a água dessas geleiras escorreram para o oceano Ártico. Com o clima cada vez mais quente e seco, animais vem morrendo nos pastos por falta d’água, as cataratas secando, porque a águe tem evaporado mais rápido, as grandes geleiras correm o risco de sumirem do mapa. Um exemplo disso são as calotas polares da Groenlândia, que no ano de 2019 perderam 532 bilhões de toneladas de gelo, batendo um recorde de degelo, de acordo com a AFP. ² 14 É preciso e urgente que seja feito alguma coisa para tentar barrar esses danos ambientais que o planeta tem sofrido. Nós precisamos falar de preservação ambiental, da mudança de hábitos, do possível desaparecimento da vida na terra, e uma das formas de fazer isso é implantando sistemas de educação ambiental, como por exemplo a criação de jardins e parques botânicos. Uma das armas mais poderosas para tentar deter esse colapso ambiental é promovendo uma educação ambiental que desperte nas pessoas a consciência de que se elas não preservarem o meio ambiente hoje, a próxima geração poderá nem existir. Não é apenas falar que deve se preservar o meio ambiente, a fauna e a flora, é trazer as pessoas para dentro desse ambiente, para que elaspossam participar dele e sintam o quanto é essencial que as florestas devem ser preservadas, que os animais selvagens devem permanecer existindo, que as espécies que parecem ser tão simples fazem uma diferença enorme no controle biológico do mundo. A humanidade precisa perceber o quanto cada ação, por pequena que pareça, pode influenciar na qualidade de vida da geração atual e também nas futuras gerações. É mostrar que se preservamos hoje poderemos proporcionar um planeta mais saudável para as gerações que estão por vir. Na busca por promover a educação ambiental e preservar determinadas áreas, no mundo, foram criados parques e jardins botânicos, uns que concentram grandes centros de pesquisas, outros que promovem o chamado ecoturismo. Atualmente no Brasil existem cerca de 18 jardins botânicos, sendo o maior e mais antigo deles o Jardim Botânico do Rio de Janeiro, um número ainda muito baixo, diante da extensão que o país possui. No estado da Paraíba temos apenas 1 jardim botânico, o Jardim Botânico Benjamim Maranhão, localizado na Mata do Buraquinho, no bairro da Torre, e 1 parque zoobotânico, o Parque Zoobotânico Arruda Câmara, a Bica, localizado entre os bairros de Tambiá e Baixo Roger. O papel dos jardins e parques botânicos é de extrema importância na tarefa de conscientização da população à cerca da preservação ambiental, pois além de entreter as pessoas eles também proporcionam um contato direto com a natureza, e isso acaba estimulando-as a buscar conhecer mais sobre as espécies existentes nesses locais e como elas podem ajudar para que elas continuem existindo no planeta. 15 Baseada no fato de ter-se uma reserva de Mata Atlântica, em um porte considerável, na cidade de Santa Rita, que atualmente tem sido usada como rota de passagem para caminhões carregados de cana de açúcar e como trilhas para motociclistas e ciclistas, surgiu o interesse de propor um espaço que possa proporcionar à comunidade momentos de lazer em família e interação com a natureza, bem como promover pesquisas sobre as espécies que existem no local, em parceria com Instituto Federal da Paraíba- IFPB. Tendo em vista que o único jardim botânico do estado fica a cerca de 25km de distância da cidade de Santa Rita e o único parque zoobotânico fica a cerca de 15km, julgou-se apropriada e necessária a ideia de criação de um parque botânico na Mata do Planalto, principalmente com o intuito de promover a educação ambiental e preservação de uma área tão considerável de Mata Atlântica na cidade de Santa Rita. Figura 01. Distanciamento do Jardim Botânico Benjamim Maranhão e a área escolhida para a proposta do Jardim Botânico de Santa Rita. 1. ESTRUTURA DO TRABALHO O trabalho está dividido em 5 capítulos. No primeiro capítulo foi apresentada a introdução, com uma breve explanação sobre o tema abordado, onde foi apresentada a problemática e os objetivos do trabalho. No segundo capítulo foi apresentado o referencial teórico, como forma de embasar o projeto do Parque Botânico da Cidade de Santa Rita. No terceiro capítulo encontra-se a análise de alguns projetos correlatos, onde encontram- se projetos referenciais nas escalas internacional, nacional e regional. No quarto capítulo apresenta-se uma análise do lugar escolhido para a proposta do jardim. E por fim, no último capítulo temos a proposta do Jardim Botânico da cidade de Santa Rita-PB. Levando em consideração a extensão da área escolhida para a proposta do Jardim Botânico da cidade de Santa Rita, no presente trabalho será apresentada apenas a proposta 16 do jardim, quanto a distribuição de seus equipamentos, apresentação do conceito e programa de necessidades do jardim. Abrindo margem para futuras pesquisas aprofundadas para a concretização da em um projeto para que o Jardim Botânico da Cidade de Santa Rita venha a ser implantado em parceria com a SEMA- Secretaria de Meio Ambiente da cidade. 2. METODOLOGIA A metodologia adotada para a estruturação deste trabalho foi baseada em pesquisa documental, a fim de apresentar um material coerente com a legislação ambiental (federal, estadual e municipal) vigente. A metodologia adotada foi de cunho exploratório e explicatório das leis que regem a conduta florestal e a criação de parques e jardins botânicos, como o Código Florestal, a resolução CONAMA e as demais leis que orientam como deve ocorrer a preservação ambiental, bem como livros, artigos, reportagens e estudos realizados a respeito do tema em questão. Tal metodologia está separada nas seguintes etapas: a- Revisão Bibliográfica sobre a problemática atual em relação as consequências das ações erradas do homem para com o meio ambiente, a importância dos jardins e parques botânicos para a promoção da educação ambiental e para a preservação das espécies no nosso planeta, a definição e caracterização de parques e jardins botânicos, com intuito de apresentar as diferenças entre ambos. Tal revisão se deu através de consultas em livros, trabalhos similares (artigos, TCCs e pesquisas) disponíveis na internet, bem como em livros e cartilhas que abordam o tem a em questão; b- Análise da história da história dos jardins botânicos, quanto a origem e da função, apresentando assim, através da utilização do método de Baker, a análise de correlatos, buscando explorar as características dos jardins e parques botânicos no Brasil e no mundo; c- Caracterização e estudo diagnóstico do local escolhido para a proposta do Parque Botânico da Cidade de Santa Rita, tentando apresentar as potencialidades do local; d- Apresentação da proposta do Jardim Botânico da cidade de Santa Rita. 17 Para atendimento da segunda etapa, foram realizadas pesquisas nos sites correspondentes aos correlatos escolhidos, para análise mais precisa a respeito da história dos tais, bem como deter informações sobre seus programas de necessidades, e a distribuição em planta. Também foram utilizados livros, artigos e cartilhas que abordam a história dos jardins botânicos e sobre os biomas existentes no Brasil. Para desenvolvimento do estudo e diagnóstico da área escolhida, em atendimento a terceira etapa, foi realizada visita no local escolhido para a proposta, para levantamento das áreas pré-existentes para a implantação do programa de necessidades, onde foi analisado o entorno, acessos e limites do local. Bem como foi realizada análise da legislação (federal, estadual e municipal) para entender em qual categoria a área se encaixa e o que se pode ser proposta a mesma. Após a análise do local, foi elaborado um programa de necessidades do parque a ser proposto, diagnóstico de problemas e potencialidades do local e em seguida foi feito um macrozoneamento da proposta a ser apresentada. A última etapa corresponde ao produto final deste trabalho, que está embasado nas etapas supracitadas, para elaboração do projeto do Jardim Botânico da cidade de Santa Rita- PB. 1. REFERENCIAL TEÓRICO 6.1. Biomas do Brasil De acordo com o dicionário Oxford, bioma é uma grande comunidade estável e desenvolvida, adaptada às condições ecológicas e uma certa região, e geralmente caracterizada por um tipo principal de vegetação. Segundo Diego Tarley e Sarah Amanda (2017) a palavra bioma significa grupo de vidas e foi utilizada pela primeira vez pelo ecólogo Frederic Clements, ao se referir a uma comunidade de plantas e animais. Trazendo para um contexto e mais completo, bioma corresponde a uma área heterogênea, que engloba características vegetacionais, climáticas, pedológicas e 18 altimétricas, que estão dispostas em uma escala regional que sofre influencias dos mesmos aspectos de sua formação. No Brasil temos seis biomas, se eles: Amazônia, Caatinga, Cerrado, Pantanal, Pampas e a Mata Atlântica. No presente trabalho, abordaremos o bioma de Mata Atlântica, visto quea área escolhida para a proposta do projeto se trata de uma reserva de Mata Atlântica. Para entendermos o bioma de Mata Atlântica, precisamos conhecer um pouco dos demais biomas brasileiros. 6.1.1. Amazônia A Amazônia, considerada o pulmão do mundo, é o maior bioma brasileiro, com uma área aproximada de 4.196.943km², correspondendo a 49% da área total do país, área essa que abrange toda a região Norte e parte da região Centro-Oeste do Brasil, se estendendo também por outros países da América do Sul. 19 Figura 02. Localização do Bioma Amazônia. Imagem extraída do livro Os Biomas Brasileiros e a Defesa da Vida, 2017. A Amazônia possui a maior bacia hidrográfica de água doce do mundo, de onde migram os “rios voadores”, fenômeno natural que acontece devido a enorme quantidade de água liberada pela floresta, através do processo de evapotranspiração, esses rios, muitas vezes invisíveis, são responsáveis por transportar a umidade gerada pela mata para outras partes do país, é como um pulmão distribuindo oxigênio para o restante do corpo O clima na Amazônia é caracterizado por ser quente e úmido, com chuvas bem distribuídas ao longo do ano. Sua vegetação é predominante de mata de terra firme. Nas áreas de planícies se encontram as matas de várzeas, que inundam em determinados períodos do ano, e as matas de igapós, caracterizadas por serem inundadas de maneira permanente, mas 20 também existe uma mescla composta por manguezais, campos de várzea, campos de terra firme, campinas, vegetação serrana e vegetação de restinga. Os solos da Amazônia são pobres de nutrientes, compostos por um camada fina oriunda da própria floresta, camada essa formada a partir da decomposição da folhas e da reciclagem de nutrientes pelos organismos ( Diego Tarley e Sarah Amanda, 2017). De acordo com ALBAGLI (2001), A Amazônia abriga mais da metade de todas as espécies vivas do Brasil, com uma estimativa de cerca de 60.000 espécies de plantas, 2,5 milhões de espécies de artrópodes, 2.000 espécies de peixes e 300 espécies de mamíferos. 6.1.2. Caatinga A Caatinga é o bioma que abrange toda a região Nordeste do Brasil. O estado com maior índice de presença deste bioma é o Ceará e o menor é o estado do Maranhão. Esse bioma ainda se estende por uma pequena parte do estado de Minas Gerais. Com uma área de aproximadamente 844.453km², é o único bioma que está totalmente inserido no território brasileiro. Segundo Tarley e Amanda (2017), há 260 milhões de anos, toda a região que hoje compreende o bioma de Caatinga, foi fundo de mar, que posteriormente se se tornou floresta tropical. Os sinais que provam a existências dos antigos ecossistemas dessa região estão presentes em pinturas rupestres preservadas no Sítio Arqueológico da Serra da Capivara, no Piauí. 21 Figura 03. Localização do Bioma da Caatinga. Imagem extraída do livro Os Biomas Brasileiros e a Defesa da Vida, 2017. O clima da Caatinga é o semiárido, com períodos de seca prolongadas e estação de chuvas curtas e irregulares. Como consequência desse clima, os solos, em sua maioria, são rasos e de baixa fertilidade, resultando assim em uma vegetação de caráter xerófilo (que se adapta à pouca quantidade de água). Tal tipo de vegetação é caracterizada pela baixa quantidade de folhas, muitas vezes as folhas são modificadas em espinhos, para reduzir a perda da umidade por transpiração, possuem raízes profundas, que possibilitam a absorção de água do solo e, um sistema de armazenamento de água no caule e nas raízes. Por apresentar um solo rochoso, com predominância de rochas cristalinas, este bioma não possui grandes nascentes, contando apenas com rios intermitentes, que secam durante o período de seca, período esse que perdura a maior parte do ano. 22 Conforme MAGALHÃES (2012), a biodiversidade do bioma da Caatinga conta com cerca de 932 espécies vegetais, sendo 318 dessas espécies de natureza exclusiva desse bioma. Com relação à fauna, foram elencadas 1.487 espécies nativas, dentre as quais 591 são aves, 241 são peixes, 221 espécies de abelhas, 178 mamíferos, 177 tipos de répteis e 79 de anfíbios. 6.1.3. Cerrado O Cerrado é um bioma que se estende por todas as regiões brasileiras, estando mais concentrada na parte do Centro-Oeste, fazendo limite com os biomas da Amazônia, Caatinga, Mata Atlântica e o Pantanal. Considerado o segundo maior bioma da América do Sul, possui uma área de cerca de 2.036.448km², representando assim 24% do território brasileiro. É de suma importância ressaltar que existem áreas de Cerrado no Amapá e ainda várias ilhas separadas do Cerrado dentro do bioma da Amazônia, porém tais áreas não pertencem ao Cerrado. Com um clima que varia entre período chuvoso, durante a primavera e o verão, e período de estiagem, durante o outono e o inverno, o Cerrado é considerado a caixa d’água brasileira, por a região onde acontece a divisa das águas das três maiores bacias hidrográficas do país, a Amazônica, a Platina e a do São Francisco (NASCIMENTO, 2012). 23 Figura 04. Localização do Bioma do Cerrado. Imagem extraída do livro Os Biomas Brasileiros e a Defesa da Vida, 2017. A recarga de águas subterrâneas é feita, em sua grande parte, pelo bioma de Cerrado, visto que a infiltração das águas é facilitada pela presença de árvores com raízes altamente desenvolvidas e, por fissuras existentes nas rochas, que são predominantes dessa região. A vegetação do Cerrado é composta por vários tipos de vegetação, que vão desde fisionomias campestres até as formações florestais. Segundo WWF (2015) o Cerrado brasileiro é considerado a savana mais rica em biodiversidade, abrigando mais de 14 mil espécies de plantas, 90 mil espécies de insetos, 1.200 espécies de peixes, 837 tipos de aves, 199 tipos de mamíferos, 150 espécies de anfíbios e 120 tipos de répteis. 24 6.1.4. Pantanal O Pantanal é o menor bioma do Brasil, estando presente apenas nos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Possui uma área de cerca de 150.355km², correspondendo a 1,7% de todo o território nacional. Figura 05. Localização do Bioma do Pantanal. Imagem extraída do livro Os Biomas Brasileiros e a Defesa da Vida, 2017. O Pantanal é uma planície de inundação, resultante da sazonalidade das chuvas e dos solos pouco permeáveis. É considerado o bioma mais novo do Brasil, visto que a planície e o próprio leito do rio Paraguai ainda se encontram em processo de formação. No período chuvoso, o Pantanal se apresenta com cheias sazonais, neste período os rios, lagos e riachos ficam interligados por canais, restando apenas lacunas de terra, que permitem o deslocamento das espécies e a constante renovação da vida. Durante o período 25 de seca, restam apenas lagoas isoladas, com grandes quantidades de peixes, que servem de alimento para as aves aquáticas e migratórias. Sua vegetação é uma mistura de espécies hidrófilas (adaptadas ao excesso de água), também possui plantas típicas do Cerrado e da Amazônia e, nas áreas mais secas apresenta vegetação semelhante à da Caatinga, com espécies xerófilas (adaptadas a escassez de água). Assim como todos os biomas brasileiros, o Pantanal está ameaçado pelas queimadas, a derrubada de árvores, o avanço da atividade pecuarista, o assoreamento de rios e as atividades de caça e tráfico de animais. 6.1.5. Pampas O bioma dos Pampas encontra-se presente na região Sul do país, exclusivamente no estado do Rio Grande do Sul, se estendendo por todo Uruguai, Centro-Leste da Argentina e extremo Sudeste do Paraguai (Tarley,2017). Sendo o segundo menos bioma brasileiro, ocupa uma área de 176.496km², o que corresponde a 2% do território nacional. Composto por relevo plano, o Pampas é formado, principalmente por planícies, com clima temperado, quente no verãoe frio no inverno, e chuvas bem distribuídas ao longo de todo o ano. Como consequência do clima temperado, os solos dos Pampas são bastante férteis, com vegetação constituída principalmente de gramíneas e alguns arbustos separados. Porém, próximo aos cursos das águas e nas encostas dos planaltos estão presentes florestas de árvores de grande porte. Conforme afirmou o MMA (2017), apesar dos Pampas apresentar uma paisagem monótona e uniforme, ele abriga cerca de 3.000 espécies de plantas, dentre as tais, uma quantidade diversificada de gramíneas e de compostos e leguminosas. Sua fauna é formada por quase 500 espécies de aves e 100 espécies de mamíferos terrestres. 26 Figura 06. Localização do Bioma dos Pampas. Imagem extraída do livro Os Biomas Brasileiros e a Defesa da Vida, 2017. Devido ao crescente aumento das atividades pecuaristas na região, o bioma dos Pampas é o segundo maior em número de devastação no país, ficando atrás apenas do bioma de Mata Atlântica. 6.1.6. Mata Atlântica De acordo com o The Nature Conservancy, a Mata Atlântica espalha-se por 17 estados brasileiros, é uma das áreas de maior diversidade de espécies no mundo e forneceu boa parte das riquezas e serviços que permitiram ao Brasil se desenvolver. Porém, por 27 causa da ocupação desordenada do território, ao longo de séculos, só 8,5% da sua área ainda encontra-se coberta por trechos significativos de floresta. Das espécies ameaçadas de extinção, no país, 2/3 concentram-se nessa região. Com área de cerca de 1.11.182Km², o que equivale a 13% do território nacional, este bioma se estende por quase todo litoral brasileiro. Figura 07. Localização do Bioma da Mata Atlântica. Imagem extraída do livro Os Biomas Brasileiros e a Defesa da Vida, 2017. A Mata Atlântica é um complexo formado por 15 ecorregiões terrestres, sendo oito referentes a tipologias florestais e sete a outros ecossistemas. A Lei 11.428, de 22/12/2006, a Lei da Mata Atlântica, dispõe sobre a utilização e proteção da vegetação nativa da região, considera como integrantes deste bioma cinco formações florestais nativas e cinco ecossistemas associados, sendo estes, Floresta Ombrófila Densa, Floresta Ombrófila Mista, também denominada de Mata de Araucárias, 28 Floresta Ombrófila Aberta, Floresta Estacional Semidecidual e Floresta Estacional Decidual, bem como os manguezais, as vegetações de restinga, campos de altitude, brejos interioranos e encraves florestais do Nordeste. O clima predominante do bioma de Mata Atlântica é o quente e úmido, clima típico do litoral, podendo variar de acordo com a altitude da região. Assim como a altitude e o clima da Mata Atlântica possuem uma grande variedade, também os tipos de solos podem variar substancialmente em intervalos de poucos metros, podendo ir de afloramentos rochosos e solos rasos até solos profundos ou até mesmo úmidos e extremamente pobres de nutrientes e minerais. De acordo com a Cartilha “Aqui tem Mata?”, no bioma da Mata Atlântica estão localizadas oito das doze maiores bacias hidrográficas do Brasil e, suas florestas são responsáveis por garantir a quantidade e a qualidade da água potável que abastece mais de 145 milhões de pessoas, em 17 estados e 3.429 cidades. Diante deste cenário, o TNC trabalha junto com produtores rurais e os governos, para conservar as florestas remanescentes, como as que se encontram dentro de áreas de proteção e propriedades privadas. Conforme o projeto SOS Mata Atlântica, a Mata Atlanta abriga 15.700 espécies de plantas, sendo 8.000 endêmicas, 2.208 espécies de vertebrados registrados pela ciência, 298 espécies de mamíferos, 992 espécies de aves, 200 espécies de répteis, 370 espécies de anfíbios e 350 espécies de peixes. Dados do IBGE de 2014 apontam que quase 72% da população brasileira vive na Mata Atlântica. Parte desses 72% está em Santa Rita-PB. Devido a essa presença humana em meio ao bioma de Matta Atlântica dados do SOS Mata Atlântica afirmam que uma das ameaças a este bioma é o impacto causado pelos mais de 145 milhões de brasileiros que habitam sua área, causando desmatamentos sucessíveis com a extração de pau brasil e ciclos econômicos como a cana de açúcar, o café e a presença dos garimpos ilegais, para a extração de outro e pedras preciosas. A exploração predatória, a industrialização e expansão urbana desenfreada também tem sido motivo de preocupação com o bioma de Mata Atlântica. 29 6.2. Políticas de Preservação Ambiental Quando falamos de Políticas de Preservação, com ênfase no Bioma da Mata Atlântica, bioma predominante na área escolhida para a proposta do Jardim Botânico da cidade de Santa Rita, devemos sempre estar embasados nas leis que regem tais processos, como a Carta de Belgrado, de 1975, a Lei do SNUC, o Código Florestal Brasileiro e a Lei da Mata Atlântica. A Carta de Belgrado, de 1975 afirma de forma enfática que é absolutamente vital que todos os cidadãos do mundo inteiro insistam a favor de medidas que darão suporte ao tipo de crescimento econômico que não traga repercussões prejudiciais às pessoas; que não diminuam de nenhuma maneira as condições de vida e de qualidade do meio ambiente. Isso que nos mostra que se pode haver um crescimento econômico sem destruir a natureza, sem destruir o planeta. Uma forma de elaborar políticas de crescimento econômico de maneira a respeitar a qualidade de vida e a qualidade do meio ambiente, defendidas pela Carta de Belgrado, é instituindo a educação ambiental nas sociedades, sempre embasados nas leis que regem tais políticas de preservação e conservação do meio ambiente. A educação ambiental é uma das peças chaves para o controle do desmatamento não apenas das matas brasileira, mas do mundo inteiro. Preservar é a palavra de ordem quando se fala em futuro da humanidade, e isso não é só para termos um mundo bonito, colorido pelo verde das matas, mas é em questão da qualidade do ar, qualidade da água potável que ainda existe no nosso planeta. De acordo com a lei do SNUC preservação é o “conjunto de métodos, procedimentos e políticas que visem a proteção a longo prazo das espécies, habitats e ecossistemas, além da manutenção dos processos ecológicos, prevenindo a simplificação dos sistemas naturais”. A Lei 12.651, de 25 de maio de 2012, que institui o Código Florestal Brasileiro, estabelece normas gerais para a proteção da vegetação nativa, principalmente no que diz respeito à vegetação pertencente a áreas de Proteção Permanente e as áreas de Reserva Legal, visando o controle da exploração florestal, o suprimento de matéria prima florestal, o controle da origem dos produtos florestais e o controle e prevenção de incêndios florestais, prevendo instrumentos econômicos e financeiros para que tais objetivos possam ser alcançados. 30 Um dos princípios do CFB é a “ afirmação do compromisso soberano do Brasil com a preservação das suas florestas e demais formas de vegetação nativa, bem como da biodiversidade, do solo, dos recursos hídricos e da integridade do sistema climático, para o bem-estar das presentes e futuras”. Segundo o Ministério do Meio Ambiente, o Brasil ocupa quase metade da América do Sul e é o país com a maior biodiversidade do mundo. São mais de 116.000 espécies animais e mais de 46.000 espécies vegetais conhecidas no País, espalhadas pelos seis biomas terrestres e três grandes ecossistemas marinhos. Suas diferentes zonas climáticas do Brasil favorecem a formação de biomas (zonas biogeográficas), a exemplo da Floresta Amazônica, maior floresta tropical úmida do mundo; o Pantanal, maior planície inundável; o Cerrado, com suas savanas e bosques; a Caatinga, composta por florestas semiáridas; os campos dos Pampas; e a floresta tropical pluvial da Mata Atlântica. Além disso, o Brasil possui uma costa marinha de 3,5milhões km², que inclui ecossistemas como recifes de corais, dunas, manguezais, lagoas, estuários e pântanos. Ainda segundo o MMA a educação ambiental é essencial para que a sociedade, por meio do conhecimento aprofundado e contextualizado sobre a realidade, possa definir melhores as formas de agir e intervir no meio ambiente. A complexidade dos problemas ambientais e suas causas são resultados da ação humana e, por isso, a formação e a informação são fundamentais, tanto para definir melhores escolhas ambientais como para estruturar de forma mais adequada as estruturas institucionais capazes de proporcionar o cumprimento do arcabouço legal da gestão ambiental pública. Diante desses fatos, entendemos a necessidade de promover a educação ambiental de uma maneira universal, e uma das formas de promover essa educação é criando ambientes como jardins e parques botânicos. Com o intuito de reafirmar a responsabilidade que os jardins botânicos têm em preservar o meio ambiente no qual ele se encontrará inserido o Art. 14, da resolução CONAMA Nº339, afirma que “O jardim botânico deverá preferencialmente contar com áreas anexas preservadas, em forma de arboreto ou unidades de conservação, visando completar o alcance de seus objetivos. 31 6.3. Jardim Botânico: Características e Conceitos De acordo com o site Britanica Escola, jardins botânicos são reservas de espécies vegetais construídos dentro dos espaços urbanos, nas cidades, onde podem ser cultivadas plantas e árvores de todas as partes do planeta, desde que sejam criadas as condições ideias para o desenvolvimento das mesmas. Segundo Peixoto e Guedes-Bruni (2010) os jardins botânicos possuem um importante papel na conservação da biodiversidade e na sensibilização do público sobre a utilidade e o valor dos recursos vegetais para a vida da Terra, com a adoção de técnicas de conservação como a ex sito, aquela que faz a conservação de plantas fora de seu ambiente natural, e a in situ que é o tipo de conservação que permite com que as plantas sejam preservadas em seu ambiente próprio, permitindo assim a continuidade dos seus ciclos biológicos e processo evolutivo. Ainda de acordo com Peixoto e Guedes- Bruni, uma das missões prioritárias dos jardins botânicos deve ser ensejar a formação dos grupos de pressão em torno de uma área verde, ou seja, ao criar um jardim botânico, a principal motivação deve ser possibilitar que as pessoas possam ter um contato mais profundo com a natureza, possibilitar que elas possam conhecer um espaço que as façam sentir os benefícios que tal lugar traz, uma vez que a realização de atividades nesses locais, seja de lazer ou de pesquisas, causa um re- encantamento do homem pela natureza, o que pode levar a uma mudança de paradigma social, promovendo assim uma análise crítica de ordem econômica, política e cultural, o que é indispensável para a transformação da consciência e do comportamento das pessoas. No mundo, atualmente, existem 2.550 jardins botânicos, onde 34 desses estão localizados no Brasil. Sobre a criação dos jardins botânicos a Resolução CONAMA Nº 339 afirma que entende-se por jardim botânico a área protegida, constituída no seu todo ou em parte, por coleções de plantas vivas cientificamente reconhecidas, organizadas, documentadas e identificadas, com a finalidade de estudo, pesquisa e documentação do patrimônio florístico do País, acessível ao público, no todo ou em parte, servindo à educação, à cultura, ao lazer e à conservação do meio ambiente. Os jardins botânicos são espaços multiculturais que carregam uma importância muito grande para a preservação da natureza, a valorização da vida como um todo e para a difusão da memória e da identidade do lugar onde ele se encontra inserido. 32 Outra característica muito importante dos jardins botânicos, que vem lá dos primeiros jardins botânicos da história, é a promoção de pesquisas que possibilitam o conhecimento das espécies, da fauna e da flora, locais, com o intuito de desenvolver meios para que tais espécies não entrem na lista de extinção, que já é tão vasta. Sobre os objetivos da criação de jardins botânicos, a resolução CONAMA 339, em seu artigo 2º, inciso I, destaca que um dos objetivos é promover a pesquisa, a conservação, a preservação, a educação ambiental e o lazer compatível com a finalidade de difundir o valor multicultural das plantas e sua utilização sustentável, ou seja, ao fundarmos um jardim botânico, temos a oportunidade de disponibilizar à sociedade um espaço onde ela possa ter momentos de entretenimento mas também de aprendizagem, de maneira que a natureza não venha a sofrer com isso. 2. ANÁLISE DE CORRELATOS 7.1. Kew Gardens- Reino Unido Fundado em 1756 pela Princesa Augusta, mãe do Rei George III, o Kew Gardens foi o primeiro Jardim Botânico moderno da história, situado no bairro de Richmond upon Thames, em Londres. Possui uma das maiores e mais diversificadas coleções de plantas vivas do mundo, com mais de 30 mil diferentes tipos de plantas, o herbário que é considerado um dos maiores do mundo, possui 7 milhões de espécies de plantas preservadas. O lugar possui 500 hectares de jardins ornamentais, bosques e uma reserva natural. Com dez zonas climáticas controladas por computador, o Conservatório Princesa de Gales é um labirinto vítreo que conduz o visitante por uma série de ecossistemas fascinantes. Neste ambiente as pessoas têm a oportunidade de conhecer vários biomas do mundo inteiro. Neste conservatório encontra-se a Titan Arum (flor de cadáver) que floresceu pela primeira vez em 1889. Após longos períodos de evolução o Kew Gardens foi oficialmente inscrito como Patrimônio Mundial da UNESCO no ano de 2003. E em 2018, após cinco anos de restauração, a Casa Temperada é reaberta. O Grande Pagode é reaberto com 80 dragões recém-restaurados. 33 Figura 08. Mapa do Kew Gardens. Disponível em: https://cdn.webshopapp.com/shops/164102/files/80397155/image.jpg Acesso em 20/04/2021 7.2. Jardim Botânico de Medellín- Colômbia Em 1972 o Jardim Botânico de Medellín nasceu com o objetivo de promover o desenvolvimento das ciências naturais, particularmente a botânica, através da pesquisa e da conservação da flora local, propondo também a promoção da educação e exposição de plantas colombianas. Localizado na Zona Norte da cidade de Medellín, o jardim conta com uma área de 13,2 hectares. O espaço possui aproximadamente 4.500 espécies de flores, tendo entre as tais a maior coleção de orquídeas da cidade, e cerca de 139 espécies de pássaros. Em 1985 passou a ser considerado Patrimônio Cultural de Medellín, ocupando assim um lugar de destaque no que diz respeito a políticas de preservação do meio ambiente do país. 34 Em 2005 foi construído no jardim um Orquideograma, composto por uma exuberante estrutura de madeira, que abriga várias espécies de orquídeas, bromélias, samambaias e outras espécies. Seguindo seu objetivo de preservar a flora nativa da Colômbia, o jardim promove ações de preservação com base na pesquisa e na conservação da biodiversidade, com isso aproxima a sociedade da natureza mobilizando-a em relação ao cuidado com o meio ambiente. Figura 09. Mapa do Jardim Botânico de Medellín. Disponível em: https://www.botanicomedellin.org/ Acesso em: 10/10/2020. 35 7.3. Jardim Botânico do Rio de Janeiro Fundado em 13 de junho de 1808, o Jardim Botânico do Rio de janeiro surgiu de uma decisão do então príncipe regente português D. João de instalar no local uma fábrica de pólvora e um jardim para aclimatação de espécies vegetais originárias de outras partes do mundo. Foi o primeiro jardim botânico da história do Brasil. Durante os anos de 1842 e 1909 o jardim recebeu a Escola de Botânica Tropical, o Museu Botânico, a biblioteca, o herbário e asestufas e viveiros passaram por uma reorganização. Em 1995 recebe o nome de Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, passando a ser um órgão vinculado ao Ministério do Meio Ambiente é considerado um dos mais importantes centros de pesquisas mundiais nas áreas de botânica e conservação da biodiversidade. Figura 10. Mapa do Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: http://jbrj.gov.br/jardim/historia#:~:text=O%20Jardim%20Bot%C3%A2nico%20do%20Rio,de %20outras%20partes%20do%20mundo Acesso em 15/10/2020. 36 7.4. Jardim Botânico do Recife O Jardim Botânico do Recife foi fundado em 1º de agosto de 1979, por meio do decreto nº 11.341. O mesmo está inserido em uma unidade protegida de Mata Atlântica que possui 11,23 hectares de extensão, localizado às margens da BR 232, Km 7,5, no município de Curado, Recife-PE. O jardim conta com 7 jardins temáticos além de área pública de lazer e contemplação. O espaço conta com um corpo técnico que realiza pesquisas voltadas à botânica, restauração florestal e conservação da biodiversidade da Mata Atlântica. Para conscientizar a sociedade a respeito da preservação, o Jardim Botânico do Recife, além de manter pesquisas em suas dependências, ainda desenvolve projetos em seus espaços, oferecendo atividades de perspectiva socioambiental aos seus visitantes. Em 2013 a Brigada Ambiental do Recife passou a ter sua sede no Jardim Botânico, o que contribuiu muito com o monitoramento da área e com a sensibilização dos visitantes para o cumprimento das regras do local. Atualmente o JBR dispõe de três coleções, de orquídeas, de bromélias e de cactos, que totalizam 489 amostras devidamente catalogadas e registradas. Tais coleções se encontram em estufas distintas e em diferentes espaços do jardim. Figura 11. Mapa do Jardim Botânico do Recife. Disponível em http://jardimbotanico.recife.pe.gov.br/pt-br Acesso em 10/10/2020 37 1. ANÁLISE DO LUGAR Situada entre as cidades de Santa Rita e Cruz do Espírito Santo, a Mata da Cutia, popularmente conhecida como Mata do Planalto, possui cerca de 1.750 hectares de Mata Atlântica, onde está localizada uma nascente de água mineral, o açude de Reis e é onde passa grande parte da encanação do gás natural fornecido pela Petrobrás para o município de Santa Rita e região. A mata do Planalto, de acordo com o IBAMA é considerada uma Unidade de Conservação, tendo uma parte privada, sob a responsabilidade da administração da Usina São João, podendo então receber a implantação de instrumentos que auxiliem na proteção das espécies que ali existem, na conservação da nascente de água mineral e controle de qualidade da água do açude de Reis. Figura 12. Imagem aérea da Mata do Planalto, obtida através do Google Earth. De acordo com a Lei 9.985, de 18 de julho de 2000, Lei da SNUC- Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza, em seu Artigo 2º, inciso I afirma que, entende-se por “ unidade de conservação: espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção;” 38 A Mata do Planalto é o habitat natural de um bando de macacos guaribas, que povoam a mata ciliar do açude de Reis, área da mata que é privada, onde também se encontra uma nascente de água mineral. Após visita ao local, foi verificado que no mesmo existem rotas de trilhas que são utilizadas por ciclistas e motociclistas que praticam o turismo ecológico. Porém a sinalização dessas trilhas funciona de forma precária. Nas proximidades da mata encontra-se o IFPB SR, que poderá ser vinculado ao jardim proposto, para a realização de pesquisas das espécies existentes no local, com o objetivo de desenvolver métodos que venham a auxiliar no processo de proteção e reflorestamento da área que já sofreu algum tipo de desmatamento, bem como para a realização de palestras com estudantes e a própria comunidade, a respeito da preservação ambiental. Grande parte dos terrenos que fazem divisa com a mata é constituído pelos canaviais da Usina São João, onde também se encontra a Vila Operária Renato Reis. Ainda durante visita ao local, foi visto que os caminhos por dentro da mata, atualmente, são utilizados como rota de passagem dos caminhões de cana de açúcar que são colhidas na Usina São João, devido ao fácil acesso que a mata possui tanto para as cidades de Santa Rita e Cruz do Espírito Santo, como também para a BR 230. Durante a visita ao local, verificou-se a necessidade de isolamento da área, objetivando a preservação das espécies existentes, visto que em alguns pontos foram identificados focos de incêndio, de origem criminosa, com o intuito de liberar espaço para a ocupação ilegal, com instalação de barracas, às margens da rodovia que dá acesso ao bairro do Planalto. De acordo com reportagem do G1 Paraíba, em março de 2019, um homem foi preso, por crime ambiental, na Mata do Planalto, com cerca de 700 varas de espécies da Mata Atlântica. O indivíduo foi capturado por um dos vigilantes que fazem a segurança da parte privada da mata. 39 2. A PROPOSTA O programa de necessidades do Jardim botânico da Cidade de Santa Rita encontra-se estruturado em 5 escalas, para que venha a atender as necessidade tanto dos funcionários do parque quando as necessidades do público geral. Figura 13. Programa de necessidades. Imagem de autoria própria, 2021. 9.1. Conceito Em uma visão geral da proposta, o conceito está voltado, prioritariamente, para a preservação da mata nativa existente no local, visto que a mesma corresponde a uma parcela muito importante de toda área de Mata Atlântica presente na cidade de Santa Rita, que, com o decorrer do tempo tem sofrido com o desmatamento, mas que possui um potencial altíssimo para a criação do que o Plano Diretor da cidade prevê como área de promoção do lazer e entretenimento, bem como a integração da sociedade com a natureza, do desenvolvimento do turismo ecológico e promoção da educação ambiental na cidade. Na imagem a seguir apresenta-se o conceito da proposta de uma forma geral que define os objetivos envolvidos na criação do Jardim Botânico de Santa Rita. 40 Apresentação do Conceito Figura 14. Apresentação do Conceito. Imagem de autoria própria, 2021. Partindo da análise da Resolução CONAMA 339 de 2003, que dispões sobre a criação e normatização dos jardins botânicos, a proposta deste trabalho tem por objetivo atender aos requisitos da mesma, apresentando as condições necessárias para a criação do Jardim Botânico da cidade de Santa Rita, de forma que venha a atender à necessidade que a sociedade tem de entender o porquê de preservar a mata, para que possam se sentir impulsionados a criar práticas que favoreçam a preservação ambiental, propondo assim um projeto de baixo impacto ambiental, porém de grande relevância para a conservação da vida dos ecossistemas existentes naquele pedaço de Mata Atlântica, incentivando a prática do ecoturismo e promovendo a educação ambiental para os mais diversos públicos, contribuindo assim com o desenvolvimento socioambiental da cidade. A seguir figura a seguir apresenta as diretrizes projetuais do presente trabalho, com o intuito de reafirmar o objetivo de proteção da mata, de integração da sociedade com a natureza e criação de um espaço de pesquisas sobre espécies, da fauna e da flora, do bioma da Mata Atlântica. 41 DIRETRIZES PROJETUAIS Figura15. Diretrizes projetuais. Imagem de autoria própria, 2021. Tendo como principal objetivo a preservação da Mata Atlântica existente na cidade de Santa Rita, bem como promover a educação ambiental para a sociedade, em busca de conscientizar as pessoas sobre a importância de preservar a natureza para o bem das gerações atuais e futuras, a proposta visa a criação de um Jardim Botânico na Mata do Planalto que venha também funcionar como uma extensão do Instituto Federal, IFPB, para isso propõe-se a instalação de um laboratório de pesquisas e um berçário de mudas, no Jardim Botânico, onde as espécies existentes no local, seja da flora quanto da falta, poderão ser estudadas de maneira mais aprofundada, para que se possam ser criadas as condições necessárias para o desenvolvimento de tais espécies. A proposta contempla ainda a implantação de um auditório, com capacidade máxima para 70 pessoas, 3 salas de aulas, onde poderão ser realizadas projetos e oficinas de com a sociedade. Para atendimento das necessidades dos visitantes do parque serão instalados banheiros públicos e lanchonetes. No que se diz respeito ao lazer, foi proposto a instalação de uma tirolesa sobre o Açude de Reis e um parque infantil. 42 Sabendo-se que no local existem demarcações de trilhas para a prática do ciclismo, a proposta visa a ampliação a definição de tais trilhas, aprimorando a sinalização e criando pontos de apoio, tanto para ciclistas como para caminhadas guiadas por profissionais devidamente especializados. Para a segurança do jardim, bem como assegurar a proteção do bando de macacos guaribas que habitam a mata ciliar do Açude de Reis, a proposta prevê a instalação de um posto de polícia ambiental e para auxiliar na segurança do jardim deverão ser instaladas câmeras de monitoramento, que poderão contribuir também com o controle da quantidade das espécies animais existentes naquele lugar. 9.2. Pavimentação Como a área para a proposta se trata de uma área de mata, com a existência de um açude no lugar e uma nascente de água mineral, faz-se necessária que a pavimentação das áreas permitidas seja feita com o piso mais permeável possível, para isso, foi proposto a instalação de concregrama. O modelo escolhido foi o modelo pisograma da empresa Jucel Blocos, com medidas de 43x 29x 8cm. Figura 16. Pisograma da Empresa Jucel, 2021. Figura 17. Instalação do concregrama, Jucel blocos, 2021. 43 O concregrama deverá ser instalado na área do estacionamento e no passeio do parque infantil, os demais passeios do parque deverão permanecer de forma natural, sem pavimentação, para manter as características do local. 1. DELIMITAÇÃO DA ÁREA A delimitação do jardim deverá ser feita por uma mureta limitadora de alvenaria, a meio metro, com estacas de concreto com arame, para evitar que o jardim o acesso de pessoas não permitidas e barrar a ação criminosa de desmatamento. Tal delimitação deverá ser executada na área de acesso ao jardim, indo até o auditório do jardim, visto que as demais áreas não poderão receber tal tipo de delimitação, por se tratar de áreas com maior índice de mata ainda preservada. Nas áreas em que não se poderá ser executada a mureta de alvenaria, a delimitação deverá ser feita com estacas de concreto interligadas por arame farpado. Figura 18. Instalação da mureta de delimitação do jardim. Imagem disponível em: https://lh3.googleusercontent.com/proxy/0rVoP0hEUUfbcmLvqTAnE2A75DP2SxZuJ4kmoe3CG hQMr_ghxxo1mw17GfeSC9Rv7Z6XctL2mJtHSPZNJ-qjhM8kps-KBYErO3gwEpj5BlgLjClWI0c 44 Figura 19. Instalação da cerca de delimitação do jardim. Imagem disponível em: https://lh3.googleusercontent.com/proxy/zvBWaFfIZia5E7w555kcINRnAkNFrEkrP3vG3XMGWKj- cYkFFX-CwV3DJN9L5egKocGy3sBEO8KEsoNcNUeyBJJ2luGkS9mD_iDhsVCltWblvkox 2. CONSIDERAÇÕES FINAIS Entende-se que este trabalho alcança seu objetivo prioritário de propor um Jardim Botânico na Mata do Planalto, na cidade de Santa Rita- PB, instalando um laboratório de pesquisas no local, para que juntamente com o IFPB possam ser analisadas as espécies que compõe a fauna e a flora da floresta de Mata Atlântica. A proposta se mantém coerente com as premissas apresentadas no referencial teórico, bem como nos projetos correlatos analisados. Os objetivos pré determinados para este trabalho foram os responsáveis para o desenvolvimento da proposta de forma que se pudesse chegar ao produto final da proposta, que visou a promoção da educação ambiental, de forma igualitária a todos os visitantes do Jardim Botânico, promovendo assim a conscientização da sociedade sobre a importância de preservar a natureza. Entende-se que para a continuidade deste trabalho e conversão da proposta em um projeto executável, se faz necessários levantamentos mais aprofundados sobre a coleção de espécies, da fauna e da flora, que já povoam a área escolhida para a proposta, bem como a análise da qualidade da água do açude de Reis e a nascente de água mineral, existentes no local. Acredita-se também que se faz necessária a realização de um levantamento planialtimétrico para que se possa definir de forma mais precisa as áreas 45 onde receberão as intervenções e instalação dos equipamentos apresentados no programa de necessidade da proposta. Considera-se que um projeto desta amplitude, afeta a configuração espacial da cidade, de forma que atenda a necessidade descrita no plano diretor da mesma, de criar novas áreas verdes de lazer e entretenimento para a cidade, no caso desta proposta, de uma maneira que venha a contribuir ao máximo com a preservação da Mata Atlântica presente no local. 46 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS: NASCIMENTO, Diego Tarley Ferreira, RIBEIRO, Samara Amado. Os biomas brasileiros e a defesa da vida. Goiana: Kelps, 2017. FUNDAÇÃO SOS MATA ATLANTICA. Cartilha: Aqui tem Mata? – Mata Atlântica vai à Escola. 3. Ed. São Paulo, 2007. PEIXOTO, Ariane Luna, BRUNI, Rejan R. Guedes-. Jardins Botânicos. Revista Ciência e Cultura. P. 18, jan/fev/mar 2010. SANTA RITA. Plano Diretor da Cidade de Santa Rita, Seção III- Do Turismo, Art. 63. Dezembro de 2006. Disponível em: https://drive.google.com/file/d/0B8izvdCH8YN6ZFk2UWNYcVBMMGc/view > acessado em outubro de 2020. CONAMA. Resolusão nº 339, de 25 de setembro de 2003: Dispõe sobre a criação, normatização e o funcionamento dos jardins botânicos, e dá outras providências. CÓDIGO FLORESTALBRASILEIRO. Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012: Dispõe sobre a proteção da vegetação nativa; altera as Leis nºs 6.938, de 31 de agosto de 1981, 9.393, de 19 de dezembro de 1996, e 11.428, de 22 de dezembro de 2006; revoga as Leis nºs 4.771, de 15 de setembro de 1965, e 7.754, de 14 de abril de 1989, e a Medida Provisória nº 2.166-67, de 24 de agosto de 2001; e dá outras providências. SNUC. Lei nº 9.985 de 18 de julho de 2000: Regulamenta o art. 225, § 1o, incisos I, II, III e VII da Constituição Federal, institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza e dá outras providências. LEI DA MATA ATLÂNTICA. Lei 11.428 de 22 de dezembro de 2006: Dispõe sobre a utilização e proteção da vegetação nativa do Bioma Mata Atlântica, e dá outras providências. ____. Constituição Federal do Brasil de 1988. CARTA DE BELGRADO. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/CBelgrado.pdf> acesso em outubro de 2020. HISTÓRIA DOS JARDINS BOTÂNICOS. Disponível em: http://jbrj.gov.br/jardim/historia#:~:text=Formaram%2Dse%20assim%20as%20primeir as,inicial%3A%20a%20pesquisa%20da%20flora.&text=Seu%20principal%20objetivo %20era%20investigar%20plantas%20que%20tivessem%20retorno%20econ%C3%B4m ico.> acesso em: setembro de 2020. 47 KEWS GARDEN. Disponível em: https://www.kew.org/about-us/history-of-kew>acesso em setembro de 2020. JARDIM BOTÂNICO DE MEDELLÍN. Disponível em: https://www.botanicomedellin.org/> acesso em outubro de 2020. JARDIM BOTÂNICO DO RIO DE JANEIRO. Disponível em: http://jbrj.gov.br/jardim/historia#:~:text=O%20Jardim%20Bot%C3%A2nico%20do%2 0Rio,de%20outras%20partes%20do%20mundo.> acesso em outubro de 2020. JARDIM BOTANICO DO RECIFE. Disponível em: http://jardimbotanico.recife.pe.gov.br/pt-br> acesso em outubro de 2020.
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