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Curso de Especialização em Direito Tributário Módulo: DIREITO PROCESSUAL TRIBUTÁRIO SEMINÁRIO II - AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE RELAÇÃO JURÍDICA TRIBUTÁRIA E AÇÃO ANULATÓRIA DE DÉBITO FISCAL 1. A partir dos conceitos de “incidência e aplicação”, “fato e evento”, “fato jurídico e relação jurídica”, “norma geral e abstrata e norma individual e concreta”, discorrer de forma crítica sobre os termos lançados na ementa abaixo transcrita em cotejo com a noção de ação tributária antiexacional preventiva R: Na ação declaratória em conteúdo tributário, cuida-se de uma ação de iniciativa do contribuinte, investida da busca por uma certeza jurídica e conclusiva acerca da existência ou não de obrigação tributária. É sabido que a finalidade principal da ação declaratória de relação jurídico-tributária é conhecer da sentença a certeza de que inexistem débitos oriundos de tributo e mais especificamente garantir que a situação legal do contribuinte perante o Estado encontra-se regularizada, evitando-se assim discussões ou litígios futuros. Analisando o caso e tela, verifica-se que a base de cálculo do ICMS deve ser do montante da operação, incluindo o frete e despesas acessórias cobradas do adquirente/consumidor. A Constituição Federal, em seu artigo 155, XI, dispõe que não compreenderá, na base de cálculo do ICMS, o montante do imposto sobre produtos industrializados, quando a operação, realizada entre contribuintes e relativa a produto destinado à industrialização ou à comercialização, configure fato gerador dos dois impostos (ICMS e IPI). Nesse sentindo é certo afirmar que não pode ser cobrada outra base de cálculo a não ser a do montante da operação. Sendo assim, analisando o caso em comento é cediço que o contribuinte deseja obter a certeza sobre a existência ou inexistência de uma relação jurídica-tributária, ou seja, se ele deve ou não recolher ICMS integrando o IPI na sua base de cálculo. Dessa forma é certo que no referido caso o contribuinte versa sobre o fato gerador que dá ensejo a posterior exigência tributária. 2. Identificar e relacionar, na ação declaratória de inexistência de relação jurídico-tributária e na ação anulatória de débito fiscal, os elementos identificadores da ação (partes, causa de pedir e pedido – art. 301, § 2º, do CPC) e as condições da ação (art. 267, VI, do CPC). Qual dos elementos da demanda, acima referidos, é o responsável pela determinação da “natureza jurídica da ação”. R: Na ação declaratória de inexistência de relação jurídica tributária os elementos identificadores da ação são as partes que sempre figura o contribuinte no pólo ativo e a fazenda pública ou o órgão parafiscal no pólo passivo da demanda. A causa de pedir é sempre fundamentada na inexistência de relação jurídica entre o contribuinte e o fisco. O pedido é eliminação de afirmada incerteza quanto à inexistência ou existência de um vinculo jurídico entre o contribuinte e o fisco, bem como da inexistência ou existência de certa obrigação tributária. Os pedidos sempre conterão pretensão declaratória que implique no controle das relações tributárias entre estado e cidadão contribuinte. Na ação anulatória de débito fiscal os elementos identificadores da ação são as partes o contribuinte no pólo ativo e a fazenda pública ou o órgão parafiscal no pólo passivo da demanda. A causa de pedir é Anulação total ou parcial do ato administrativo de imposição tributária. O pedido será a desconstituição do lançamento tributário parcialmente ou totalmente. As condições da ação são o interesse processual somente poderá ser proposta pelo contribuinte, pois apenas ele tem o interesse de agir. Isso se dá pelo motivo que a fazenda pública detém a prerrogativa da auto-tutela declaratória, falecendo, assim, o interesse de agir a ela. A possibilidade jurídica e as partes legítimas são os titulares da relação jurídica tributária deduzida em Juízo. O elemento responsável pela determinação do tipo de ação é causa de pedir, visto que na ação declaratória de inexistência de relação jurídico tributária não pode ter constituído o credito tributário, pois a ação declaratória objetiva conferir certeza jurídica acerca da existência ou não de obrigação tributária, bem como quanto a autenticidade ou falsidade de documento, já na ação anulatória de débito fiscal tem que ter o credito tributário já se constituído, visto que a sentença visa a desconstituição do débito fiscal. 3. Quando nasce o interesse processual para propositura da ação declaratória de inexistência de relação jurídico-tributária? O manejo do referido instrumento processual em momento anterior à constituição do crédito tributário configura, necessariamente, questionamento de “Lei em tese”? (Ver Resp 88.855- SP – Anexo I) Qual o conteúdo normativo da sentença que julga procedente a ação declaratória de inexistência de relação jurídico-tributária? R: A ação declaratória de inexistência de relação jurídico-tributária nasce no momento da incerteza de obrigação tributária por parte do fisco. Não há que se falar em ação declaratória tributária quando inexiste fato jurídico que se enquadre na hipótese contida na incidência tributária, visto que, neste caso inexiste obrigação tributária e, por conseguinte, inexiste objeto passível de ser abrangido pela ação declaratória. Não se admite também ação declaratória com o intuito único de reconhecimento de tese jurídica. O conteúdo normativo da sentença que julga procedente ação declaratória de inexistência de relação jurídico-tributária é o de bloquear a atividade administrativa de lançar e exigir o tributo, declarando a existência ou a inexistência de alguma relação jurídica, tida por inexistente ou por existente, contra a Constituição, ou contra a lei. 4. Há interesse jurídico na propositura de ação declaratória de inexistência de relação jurídico-tributária após a expedição do ato constitutivo do crédito tributário (lançamento ou auto-lançamento)? Em caso afirmativo, quais seriam os efeitos da referida tutela jurisdicional declaratória negativa? (Ver Resp 594.308-PB – anexo II) R: Não há interesse jurídico na propositura de ação declaratório de inexistência de relação jurídico-tributária após a expedição do ato constitutivo do crédito tributário, uma vez que já tendo constituído o credito tributário a única coisa a ser feita é pleitear em juízo a anulação do crédito tributário sendo através de ação anulatória de débito fiscal. A propositura da ação declaratória de inexistência de relação jurídico-tributária após a expedição do ato constitutivo do crédito tributário perde a finalidade que é de declarar uma situação jurídica, como a inexistência de uma obrigação tributária ou declaração de isenção fiscal. 5. Quando nasce o interesse processual para a propositura da ação anulatória de débito fiscal? Qual é o prazo para sua propositura (indicar o fundamento jurídico)? Há interesse na propositura da ação anulatória de débito fiscal após o ajuizamento da execução fiscal destinada à realização do débito objeto de questionamento? (Ver Resp nº 758.270-RS – anexo III) R: O interesse processual para a propositura da ação anulatória de débito fiscal nasce da existência do lançamento do crédito tributário pelo Fisco, bem como de algum vício que torna inexigível o tributo. O prazo para propositura da ação anulatória de débito fiscal é de 5 anos, nos termos do artigo 1° do Decreto 20.910 de 1932, contados a partir da data da notificação do fato ou do ato do qual se originou. O outro prazo será de 2 anos, conforme preconizado no art. 169, CTN, que é de da ação anulatória que tem como objetivo a anulação de decisão administrativaque denegar a restituição. Sim há interesse propositura da ação anulatória de débito fiscal após o ajuizamento da execução fiscal, pois a ação anulatória é direito constitucional do devedor, direito de ação, insuscetível de restrição, podendo ser exercido tanto antes quanto depois da propositura da ação de execução. Conforme dispõe o art. 585, §1ª, IV do Código de Processo Civil, a propositura de qualquer ação relativa ao débito constante do título executivo não inibe o credor de promover-lhe a execução. Nesse sentido, ensina brilhantemente o Professor Araken de Assis “a ação anulatória é cabível antes, durante e no curso da execução fiscal. Na pendência desta - já se realçou – não induz litispendência e, supervenientemente à extinção do processo executivo, não afronta a autoridade da coisa julgada”. 6. É viável a propositura de ação anulatória para desconstituição de relação jurídica constituída pelo próprio contribuinte por meio de DCTF, cujo recolhimento do tributo ainda não tenha ocorrido? E mandado de segurança repressivo? R: Ação anulatória seria cabível para a desconstituição de relação jurídica constituída pelo próprio contribuinte por meio de DCTF, cujo recolhimento do tributo ainda não tenha ocorrido, visto que nos casos dos tributos em que a forma de constituição do crédito tributário se dá por autolançamento, pois essa declaração é uma forma de constituição do crédito tributário. Vez que é assente na jurisprudência do STJ, nos casos em que houver declaração de débitos do contribuinte via DCTF não pagos, há constituição e exigibilidade destes independentemente da instauração de procedimento administrativo fiscal, consideramos possível a instauração de ação anulatória para desconstituição da relação jurídica constituída pelo contribuinte. Em relação ao mandado de segurança, entendemos não ser cabível, pois não existiria uma autoridade coatora, visto que o próprio contribuinte estaria constituindo a relação com a entrega da DCTF. 7. É cabível a propositura de ação anulatória de débito fiscal destinada a desconstituir crédito tributário-previdenciário formalizado por sentença exarada pela Justiça do Trabalho? Em caso afirmativo, qual o foro competente para apreciar demanda desse jaez? Sim, é possível a propositura de ação anulatória que pretende desconstituir crédito tributário-previdenciário formalizado por sentença exarada pela Justiça do Trabalho (justiça especializada), pois a prolatação da sentença trabalhista de crédito tributário não tem eficácia emanada pelo trânsito em julgado, uma vez que o crédito previdenciário não integra o núcleo da sentença que acolhe a demanda, ou seja, não compõem o objeto da lide laboral. Tratando-se de mera decorrência da sentença. Nesse sentindo cumpre esclarecer que a sentença trabalhista que constitui crédito tributário decorre de sentença meramente declaratória, podendo então o contribuinte discutir a legitimidade do débito. Ademais, nos termos do artigo 114, VIII da Constituição Federal será competente para apreciar aludida demanda o próprio juízo trabalhista, vez que o objeto da ação anulatória contempla justamente a legitimidade ou não do crédito formalizado por referido órgão jurisdicional. 8. Preencher as lacunas, assinalando com (X) e relacionando cada fase do processo de positivação do direito tributário com a correspondente(s) ação(ões) antiexacional(is) destinada (s) a dirimir eventuais conflitos havidos entre contribuinte e fisco, justificando cada opção. CICLO DE POSIVAÇÃO AÇÕES TRIBUTÁRIAS MSp / MSr ADIRJ AADF EPE ED Competência tributária X / Instituição do tributo (RMIT) X / X Ocorrência do evento previsto no antecedente da RMIT X / X Lançamento /X X Inscrição do débito no livro de D.A. /X X Propositura da ação de execução fiscal X X Citação do devedor X X Intimação do devedor (da penhora) X Fim do prazo para interposição de ED X X MSp: mandado de segurança preventivo MSr: mandado de segurança repressivo ADIRJ: ação declaratória de inexistência de relação jurídico-tributária AADF: ação anulatória de débito fiscal EPE: exceção de pré-executividade ED: embargos do devedor
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