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Samara Pires- MED25 Bases da Microbiologia Metabolismo bacteriano (Tortora caps. 5 e 6) 1. Reações catabólicas e anabólicas ● Catabólicas ou degradativas: quebram moléculas em seus componentes mais simples, liberando energia no processo. Em geral, são reações hidrolíticas e exergônicas; ● Anabólicas ou biossintéticas: constroem moléculas por meio da combinação de moléculas mais simples, utilizando energia no processo. Frequentemente, envolvem reações endergônicas de síntese por desidratação. 2. Catabolismo de carboidratos ● É a quebra das moléculas de carboidrato para produzir energia, principalmente de glicose; ● Respiração celular aeróbia : glicólise → ciclo de Krebs → fosforilação oxidativa. Na respiração, o aceptor final de elétrons é uma molécula inorgânica produzida fora da célula. No total, são gerados 38 moléculas de ATP. - A glicólise não requer oxigênio: pode ocorrer na presença ou na ausência de oxigênio; - Estágio preparatório da glicólise: duas moléculas de ATP são utilizadas enquanto uma molécula de glicose de seis carbonos é fosforilada, reestruturada e quebrada em dois compostos de três carbonos: o gliceraldeído-3-fosfato (GP) e a di-hidroxiacetona fosfato (DHAP); - Estágio de conservação de energia: duas moléculas de três carbonos são oxidadas a duas moléculas de ácido pirúvico. Nessa etapa, quatro NADH são formados e 4 ATP são formados a nível de substrato. - Ciclo de Krebs, ciclo do ácido cítrico ou do ácido tricarboxílico : série de reações bioquímicas nas quais a energia química do acetil-CoA é armazenada passo a passo. Para cada duas moléculas de acetil-CoA que entram no ciclo, quatro moléculas de CO₂ são liberadas por descarboxilação, seis moléculas de NADH e duas moléculas de FADH₂ são produzidas por reações de oxidação-redução e duas moléculas de ATP são geradas por fosforilação a nível de substrato. - Cadeia de transporte de elétrons : sequência e moléculas carreadoras que são capazes de oxidar e de reduzir. Nas células procarióticas, essa etapa acontece na membrana plasmática (os prótons são, então, bombeados para o citoplasma) e, no caso das cianobactérias, acontece na membrana tilacoide. Os carreadores são as flavoproteínas, os citocromos e as ubiquinonas ou enzima Q. A cadeia de transporte de elétrons regenera NAD⁺ e FAD, que podem, assim, ser utilizadas novamente na glicólise e no ciclo de Krebs. Samara Pires- MED25 Obs.: ganho líquido de 2 ATP na glicólise. Obs.2: são formados cerca de 3 ATP para cada molécula de NADH e 2 ATP para cada FADH. ● Respiração celular anaeróbia : o aceptor final de elétrons é uma substância inorgânica diferente do oxigênio, podendo ser, por exemplo, o íon nitrato (NO₃⁻), o qual é reduzido a íon nitrito, a óxido nitroso ou a gás nitrogênio. Outras bactérias utilizam o sulfato, o qual é reduzido a sulfeto de hidrogênio, e outras, o carbonato, que forma metano. - Respiração anaeróbia com os íons sulfato e nitrato → ciclos do nitrogênio e do enxofre. - O rendimento de ATP não é tão alto quanto o da respiração aeróbia → os anaeróbios tendem a crescer mais lentamente que os aeróbios. ● Fermentação : glicólise → formação dos produtos finais da fermentação. Na fermentação, o aceptor final é uma molécula produzida na célula. É uma via que não precisa de oxigênio, mas pode ocorrer na presença dele. O ATP é gerado somente na fase da glicólise (fosforilação a nível de substrato). - Fermentação do ácido láctico: uma molécula de glicose é oxidada em duas moléculas de ácido pirúvico, formando dois ATP. Depois, duas moléculas de ácido pirúvico são reduzidas por duas moléculas de NADH para originar outras duas moléculas de ácido láctico. Ex.: Streptococcus e Lactobacillus. - Fermentação alcoólica: duas moléculas de ácido pirúvico são convertidas em duas moléculas de acetaldeído e duas moléculas de CO₂. Os primeiros compostos formam duas moléculas de etanol após passarem pela redução de duas moléculas de NADH (evolução da fermentação acética para alcóolica). Ex.: levedura Saccharomyces. ● Via das pentoses-fosfato: produz pentoses intermediárias essenciais, utilizadas na síntese de ácidos nucleicos, na glicose e em certos aminoácidos. Essa via produz NADPH a partir de NADP⁺. Há ganho líquido de 1 ATP para cada glicose oxidada. Bacillus subtilis e E. coli utilizam essa via ● Via de Entner-Doudoroff : produz duas moléculas de NADPH e uma molécula de ATP para cada glicose. É uma via encontrada principalmente em bactérias gram-negativas, como Rhizobium , Pseudomonas e Agrobacterium. 3. Diversidade metabólica entre os microrganismos ● Fototróficos : utilizam a luz como principal fonte de energia; ● Quimiotróficos : dependem de reações de oxidação-redução de compostos orgânicos ou inorgânicos para a produção de energia; ● Autotróficos ou litotróficos: utilizam dióxido de carbono; ● Heterotróficos ou organotróficos: requerem uma fonte de carbono orgânica (alimentação dependente de outros). Samara Pires- MED25 ● Fotoautotróficos: utilizam a luz como fonte de energia e o CO₂ como fonte principal de carbono. Ex.: bactérias fotossintéticas (bactérias verdes e púrpuras e cianobactérias), algas e plantas verdes. Fazem o chamado processo oxigênico, em que o hidrogênio e o oxigênio da água são utilizados para reduzir o dióxido de carbono, liberando O₂. - Fotoautotróficos anoxigênicos: não podem utilizar H₂O para reduzir dióxido de carbono e precisam de um ambiente anaeróbio para fazer a fotossíntese. Ex.: bactérias verdes, como Chlorobium , e púrpuras, como Chromatium. Nesse caso, esses organismos podem utilizar enxofre e compostos sulfurados para reduzir o CO₂. Suas clorofilas são denominadas bacterioclorofilas e são armazenadas nos clorossomos ligadas à membrana plasmática (bactérias verdes) ou em invaginações da membrana plasmática (bactérias púrpuras). ● Foto-heterotróficos: utilizam a luz como fonte de energia, mas utilizam compostos como álcoois, ácidos graxos, outros ácidos orgânicos e carboidratos como fontes de carbono, e não o CO₂. Os foto-heterotróficos são anoxigênicos. Ex.: bactérias verdes e púrpuras não sulfurosas. ● Quimioautotróficos : utilizam elétrons dos compostos inorgânicos reduzidos como fonte de energia e o CO₂ como fonte de carbono. Os compostos inorgânicos incluem, por exemplo, sulfeto de hidrogênio, enxofre elementar, amônia, íons nitrito, gás hidrogênio, ferro ferroso e monóxido de carbono. O ATP é produzido por fosforilação oxidativa. ● Quimio-heterotróficos : as fontes de energia e de carbono provêm do mesmocomposto: a glicose. Ex.: maioria das bactérias, todos os fungos, protozoários e animais. - Saprófitas: vivem da matéria orgânica morta; - Parasitas: obtêm nutrientes de um hospedeiro vivo. 4. A integração do metabolismo ● Vias anfibólicas: uma mesma via pode atuar em duas funções, uma de síntese e outra de quebra, como ocorre, por exemplo, no ciclo de Krebs. Geralmente, diferentes coenzimas são usadas em vias opostas, como o NAD⁺, envolvido em reações catabólicas, e o NADP⁺, em reações anabólicas. 5. Fatores necessários para o crescimento bacteriano ● Físicos: temperatura, pH e pressão osmótica; - Temperatura: psicrófilos (micróbios que gostam de frio, como os que crescem mais a 0°C e a 15°C), mesófilos (maioria dos organismos deteriorantes e patogênicos, são micróbios que gostam de temperaturas moderadas, como E. coli , a 39ºC) e termófilos (micróbios que gostam de calor, muitos não crescem em temperaturas abaixo de 45ºC). A temperatura mínima de crescimento é a menor temperatura Samara Pires- MED25 na qual a espécie pode crescer. A temperatura ótima de crescimento é a temperatura na qual a espécie cresce melhor. A temperatura máxima de crescimento é a maior temperatura na qual o crescimento é possível. Essas são as temperaturas cardeais; Obs.: psicotróficos → micróbios que são mais prováveis de serem encontrados na deterioração de alimentos em baixa temperatura, como refrigeradores. Ex.: formação de limo, de micélio fúngico, mudanças na cor e no sabor dos alimentos. Os extremófilos são aqueles que vivem em ambientes extremamente frios ou extremamente quentes. - pH: refere-se à acidez ou à alcalinidade de uma solução. A maioria das bactérias cresce melhor em uma faixa de pH entre 6,5 e 7,5, por isso alimentos como o chucrute e o picles estão protegidos da deterioração. - Pressão osmótica: a perda osmótica devido ao fato de a bactéria estar em um ambiente hipertônico gera plasmólise, isto é, o encolhimento do citoplasma bacteriano, em que a membrana plasmática se afasta da parede celular por causa da perda de água. Ex.: peixe salgado, mel e leite condensado são alimentos conservados com base no princípio osmótico. Alguns organismos necessitam de sal para sua sobrevivência, como os halófilos extremos, já outros podem sobreviver em altas concentrações salinas, como os halófilos facultativos. No caso da baixa pressão osmótica (ex.: meio com água destilada), as bactérias que têm parede celular mais frágil são lisadas. ● Químicos : fontes de carbono, nitrogênio, enxofre, fósforo, oxigênio, elementos-traço e fatores orgânicos de crescimento. - Carbono: é muito necessário para o crescimento bacteriano, porque é o esqueleto estrutural da matéria viva e constitui grande parte da composição bacteriana. - Nitrogênio, enxofre e fósforo: nitrogênio e enxofre são importantes para a síntese de proteínas, já a de DNA e de RNA depende de nitrogênio e de fósforo, assim como a síntese de ATP. As bactérias do ciclo do nitrogênio utilizam a forma gasosa desse composto, como as que se encontram em simbiose com as raízes de leguminosas. - Elementos-traço: elementos minerais necessários em quantidades pequenas, como ferro, cobre, molibdênio e zinco. - Oxigênio: é essencial para os organismos aeróbios, mas pode ser tóxico para os anaeróbios obrigatórios, como as bactérias do gênero Clostridium . No entanto, aqueles produzem mais energia do que estes. Há também os anaeróbios facultativos, como E. coli , que apresentam vantagens em relação aos que são somente aeróbios, já que o oxigênio é pouco solúvel na água de seu ambiente. Já os anaeróbios aerotolerantes não podem utilizar o oxigênio para o seu crescimento, Samara Pires- MED25 porém toleram bem a sua presença, como é o caso dos lactobacilos, que possuem uma SOD ou sistema equivalente para eliminar as fórmas tóxicas desse composto. Por fim, há as bactérias microaerófilas, que não sobrevivem em altas concentrações de oxigênio, mas necessitam dele. As formas tóxicas do oxigênio são: → Oxigênio singleto (¹O₂⁻): forma quando o O₂ é induzido a um estado de alta energia; → Radicais superóxidos (O₂⁻): formam-se naturalmente em pequena quantidade após a respiração celular aeróbia. Os aeróbios, os anaeróbios facultativos crescendo aerobiamente e os anaeróbios aerotolerantes possuem a enzima superóxido dismutase (SOD), a qual neutraliza esses radicais; → Peróxido de hidrogênio: contém o ânion peróxido O₂⁻², que é neutralizado pela enzima catalase (libera água e oxigênio) ou pela enzima peroxidase (libera água); → Radical hidroxila (OH⁻). Obs.: as formas tóxicas do oxigênio são utilizadas na fagocitose, em que os patógenos são mortos no fagolisossomo após o lançamento de tais radicais. - Fatores de crescimento orgânico: são essenciais e incapazes de serem sintetizados por um organismo, como é o caso das vitaminas. Algumas bactérias podem sintetizar determinada vitamina, quando, para outras, essa mesma vitamina pode ser um fator de crescimento. 6. Meios de cultura ● É o material nutriente necessário para o crescimento de microrganismos em laboratório; ● Inóculo (microrganismos inicialmente introduzidos) → cultura (microrganismos que crescem e que se multiplicam); ● Esterilização: não deve haver um organismo pré-existente no local do meio de cultura; ● Ágar: agente solidificante utilizado para meios de cultura. É um polissacarídeo complexo derivado de uma alga marinha. Pode ser utilizado em tubos de ensaio (sejam eles inclinados ou na vertical, formando um meio profundo) ou em placas de Petri. ● Meio quimicamente definido : é aquele cuja composição exata é conhecida. Para tanto, deve-se adicionar fatores de crescimento orgânico para o desenvolvimento de determinada espécie. Os organismos fastidiosos, como os Lactobacillus, são aqueles que necessitam de muitos fatores de crescimento. ● Meio complexo : formado por nutrientes, como extratos de leveduras, a caseína do leite, extrato de carne ou de plantas. Nesse caso, as proteínas são as principais fornecedoras de energia, de carbono, de nitrogênio e de Samara Pires- MED25 enxofre. Como as bactérias não podem degradá-las, são utilizadas enzimas que as transformam em peptonas (cadeias mais curtas de aminoácidos), as quais podem ser utilizadas pelos microrganismos. Já os extratos de carne ou de levedura fornecem vitaminas e outros fatores orgânicos. O caldo nutriente é um meio complexo na forma líquida.Nesse caso, não se sabe a composição exata do meio e ele não é estéril. ● Meios de cultivo seletivo e diferencial: os meios seletivos são utilizados para evitar o crescimento de bactérias indesejadas e favorecer o crescimento dos microrganismos de interesse. Ex.: ágar sulfito de bismuto é utilizado para isolar a Salmonella typhi (da febre tifoide) das fezes, já que inibe bactérias gram-positivas e a maioria das gram-negativas intestinais, com exceção dela. Já os meios diferenciais são aqueles que facilitam a diferenciação das colônias de um microrganismo desejado em relação a outras colônias crescendo na mesma placa, como por meio de um indicador ou corante. Ex.: uso de ágar-sangue (que contém hemácias) para diferenciar Streptococcus pyogenes (faringite estreptocóccica), a qual apresenta um anel claro ao redor das colônias onde lisaram hemácias. Staphylococcus aureus causa a mudança da coloração para amarelo quando fermenta o manitol em ácido. ● Meios de enriquecimento: fornecem nutrientes e condições ambientais que favorecem o crescimento de um microrganismo específico, e não de outros. É também um meio seletivo, mas serve para amplificar um número inicial pequeno de microrganismos de interesse. Ex.: meio enriquecido com fenol para que não ocorra o crescimento de microrganismos incapazes de metabolizar o fenol. Após a incubação, pequena quantidade dessa solução é transferida para um frasco do mesmo meio e isso é feito sucessivamente até que restem apenas as bactérias desejadas. 7. Crescimento de culturas bacterianas ● Divisão bacteriana : aumento do número de bactérias, geralmente por fissão binária. Outra forma de reprodução é por brotamento, em que o broto vai se alargando até atingir um tamanho semelhante ao da célula parental e se separar dela. Samara Pires- MED25 ● Tempo de geração : é o tempo necessário para uma célula se dividir e a sua população dobrar. A maioria precisa de 1 a 3 horas, já outras podem levar mais de 24 horas para realizar a divisão. O número de indivíduos da população é dado pelo resultado da potência de 2, em que o expoente é o número da geração. ● Fase de crescimento : fases de uma população de células e não de uma célula específica. - Fase lag: logo após serem inoculadas em um novo meio, quase não há mudanças no número de células, pois há pouca ou nenhuma divisão celular, podendo durar desde uma hora a vários dias. Obs.: se uma cultura em crescimento exponencial for transferida para o mesmo meio com as mesmas condições, não haverá fase lag. No entanto, se o inóculo consiste em células que sofreram algum dano (radiação, compostos tóxicos), mas não foram mortas, a fase lag é observada, já que as bactérias precisarão de tempo para repararem os danos. - Fase log: é a fase de crescimento exponencial, em que a reprodução celular é mais ativa e o tempo de geração (intervalo durante o qual a população dobra) atinge um mínimo constante. - Fase estacionária: é a fase em que a velocidade de reprodução diminui, o número de mortes microbianas é equivalente ao número de células novas e a população se estabiliza. Os motivos disso podem ser: esgotamento de nutrientes, acúmulo de resíduos e mudanças no pH danosas à célula. Na fase estacionária, não se observa aumento ou diminuição líquidos no número de células, portanto a taxa de crescimento da população corresponde a zero. - Fase de morte celular: é o declínio logarítmico, em que o número de mortes excede o de células novas. Nutrição, cultura e crescimento bacteriano (Microbiologia de Brock, caps. 5 e 6) 1. Nutrição e cultura de microrganismos ● Nutrição microbiana : é a parte da fisiologia microbiana que envolve o fornecimento de monômeros ou de precursores de monômeros (nutrientes). Esses, por sua vez, podem ser macro ou micronutrientes, dependendo se são requeridos em alta ou em baixa quantidade. - Carbono: principal elemento em todas as classes de macromoléculas; - Nitrogênio: segundo elemento mais abundante nas células. A maior parte se encontra na forma de amônia (NH₃), nitrato (NO₃⁻) ou N₂ (principalmente as bactérias fixadoras); Samara Pires- MED25 - Outros macronutrientes: hidrogênio, oxigênio, potássio, magnésio, cálcio, ferro. O ferro desempenha importante papel na respiração celular, pois é um componente de citocromos e de proteínas que têm ferro e enxofre. As células conseguem captar o íon férrico (Fe³⁺) em minerais insolúveis por meio dos sideróforos, agentes ligantes de ferro, como o ácido hidroxêmico. - Fatores de crescimento: são necessários em pequenas quantidades por alguns microrganismos, como vitaminas, aminoácidos, purinas e pirimidinas. Muitas das vitaminas agem como coenzimas. ● Meios de cultura : soluções nutrientes utilizadas em laboratório para promover o crescimento de micro-organismos. - Capacidade biossintética: o organismo que tem menor necessidade de adição de nutrientes no meio de cultura é aquele que tem maior capacidade biossintética. Em contrapartida, os que precisam de múltiplos fatores de crescimento e de outros nutrientes possuem capacidade sintética limitada. ● Diversidade catabólica - Respiração anaeróbia: ocorre quando aceptores de elétrons diferentes do oxigênio são utilizados para permitir a respiração, como o nitrato (NO₃⁻), o ferro férrico (Fe³⁺), o sulfato (SO₄²⁻) e o carbonato (CO₃²⁻). Nesse caso, menos energia é produzida em relação à respiração aeróbia. - Organismos quimiolitotróficos ou quimioautotróficos: são aqueles capazes de utilizar compostos inorgânicos como doadores de elétrons, como o sulfeto de hidrogênio (H₂S), o hidrogênio gasoso (H₂), ferro ferroso (Fe²⁺) e amônia (NH₃). A diferença deles para os quimio-heterotróficos ou quimiorganotróficos é que, além dos doadores distintos de elétrons, estes utilizam compostos orgânicos como fontes de carbono, enquanto aqueles utilizam o CO₂. - Fotoautotróficos: utilizam luz como fonte de energia, a partir da qual sintetizam ATP (fotofosforilação). Quando os fototróficos utilizam compostos orgânicos como fonte de carbono mantendo a luz como fonte de energia, eles são denominados foto-heterotróficos. 2. Crescimento celular e fissão binária ● Crescimento = aumento no número de células; ● As células elongam-se até atingirem aproximadamente o dobro do comprimento original, formando uma partição denominada septo, levando à separação dos cromossomos, um para cada célula filha. 3. Efeito da temperaturano crescimento microbiano Samara Pires- MED25 ● À medida que a temperatura é elevada dentro de uma determinada faixa, há aumento do crescimento e das atividades metabólicas até um ponto, a partir do qual as reações de dessaturação passam a atuar. Acima desse limite, as funções celulares passam a zero; ● Crescimento microbiano em baixas temperaturas - Psicrotolerantes: são aqueles organismos capazes de crescer a 0ºC, mas com temperatura ótima entre 20 e 40ºC. Estão muitas vezes presentes em regiões de clima temperado, além de estarem em carnes e em laticínios, por exemplo, em refrigeração. - As enzimas de psicrófilos apresentam predominância de estruturas 𝜶 hélice, de aminoácidos polares e menos aminoácidos hidrofóbicos. Geralmente, os ácidos graxos dos lipídios são de cadeia longa e apresentam muitas ligações duplas, aumentando a flexibilidade mesmo em baixas temperaturas; - O congelamento impede o crescimento microbiano, mas não impede que o metabolismo da célula continue. Quando há um crioprotetor, como glicerol ou dimetilsulfóxido (DMSO), o ponto de congelamento é reduzido e isso facilita a proliferação bacteriana. ● Crescimento microbiano em altas temperaturas - Associado a vulcões e a fontes termais. Acima de 65 ºC, somente os procariotos encontram-se presentes; - Culturas desses microrganismos são realizadas em ambientes altamente pressurizados, a fim de que a água não sofra ebulição acima de 100ºC; - Os procariotos mais termófilos são espécies de Archaea; - Os organismos não fototróficos são capazes de crescer em temperaturas mais altas que os fototróficos; - As enzimas de organismos que vivem em altas temperaturas apresentam maior número de ligações iônicas entre aminoácidos básicos e ácidos; - Os termófilos possuem lipídios ricos em ácidos graxos saturados, criando um ambiente mais fortemente hidrofóbico. Já os hipertermófilos, como Archaea, não têm ácidos graxos, mas sim hidrocarbonetos constituídos por unidades repetidas de isopreno na membrana, além de apresentarem uma monocamada lipídica, e não uma bicamada. 4. Outros efeitos sobre o crescimento microbiano ● pH - Acidófilos: são aqueles que têm crescimento ótimo em pH baixo, geralmente menor que 6. Os fungos tendem a ser mais tolerantes ao Samara Pires- MED25 pH baixo do que as bactérias. Os acidófilos obrigatórios sofrem lise espontânea em valores de pH mais altos; - Alcalifílicos: apresentam valores muito elevados de pH ótimo, como pH 11. Obs.: o pH ótimo refere-se ao meio extracelular, porque o intracelular deve ser mantido próximo à neutralidade. No entanto, organismos alcalifílicos e acidófilos podem apresentar pHs intracelulares básicos e ácidos, respectivamente.
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