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Produção Textual
Produção Textual
Originariamente, o organizador do presente livro era o professor Ân-gelo Renan Caputo, razão pela qual os cinco autores dedicam este 
trabalho a esse caro colega, infelizmente, falecido em fevereiro de 2012. 
Esperamos que a tarefa esteja à altura do que o professor Ângelo idealizou.
Dedicatória
Autores
ALMIR MENTZ é formado em Letras pelas Faculdades Integradas de Santa Cruz do Sul (FISC), especialista em Literatura pela mesma Fa-
culdade. Mestre em Letras, na área de Teoria da Literatura pela Pontifícia 
Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Atualmente é profes-
sor na Universidade Luterana do Brasil – Campus São Jerônimo e Canoas 
– nas modalidades presencial e Educação a Distância (EaD). Também de-
sempenha suas funções docentes na Rede Pública Estadual nas disciplinas 
de Língua Portuguesa e de Literatura.
Castilho Francisco Schneider é graduado em Letras pela Universidade 
Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e especialista em Língua Inglesa 
pela UFRGS. É professor do curso de Letras da Universidade Luterana do 
Brasil desde 1988 e atualmente trabalha na Educação a Distância nos 
cursos de Letras e Pedagogia. Fez parte da comissão de elaboração do 
processo seletivo da ULBRA. Também é integrante da banca de correção 
de redações do processo da ULBRA. É autor do romance “Depois da Praça” 
(Editora da Ulbra – 2004).
Prof. Dr. Ítalo Ogliari
Doutor em Teoria da Literatura pela PUCRS e professor titular do Curso 
de Letras da Universidade Luterana do Brasil – ULBRA Gravataí, onde man-
tém uma Oficina de Criação Literária. Também professor de disciplinas li-
gadas à filosofia e à sociologia, é autor, dentre outros trabalhos, dos livros: 
“A mulher que comia dedos” (Contos, WS – 2004), “Ana Maria não tinha 
um braço” (Contos, IEL – 2006), “Um sete um” (Romance, 7Letras – 2007), 
“A volta” (Romance, 7Letras – 2010) e “A poética do conto pós-moderno” 
(Teoria Literária, 7Letras – 2012). Site oficial: www.italoogliari.com
Autores v
Maria Lizete da Silva Schneider é graduada em Letras pelo Centro Edu-
cacional La Salle de Ensino Superior e especialista em Língua Portuguesa e 
Linguística do Texto pela Universidade do Vale do Sinos (UNISINOS). Tam-
bém é doutoranda em Filologia Espanhola, Moderna y Latina pela Univer-
sidad de les Illes Balears. É professora dos Cursos de Letras e de Pedagogia 
na Universidade Luterana do Brasil (ULBRA).
Túria Sibéli Dieckov Ruiz, graduada em Letras Português e Literaturas da 
Língua Portuguesa pela Universidade Luterana do Brasil (Ulbra) e pós-gra-
duada em Educação a Distância pelo SENAC/RS. Atualmente, é aluna com 
ingresso especial do Mestrado em Educação na Universidade Luterana do 
Brasil (Ulbra) e atua como tutora do Curso de Letras na mesma instituição.
Apresentação
O presente livro de Produção Textual destina-se a estudantes universi-tários de diversos cursos, precipuamente, porém, aos acadêmicos 
de Pedagogia. O objetivo principal da obra consiste em fornecer alguns 
subsídios básicos que possam nortear a produção textual acadêmica ou 
profissional, o que, evidentemente, não há como ser levado à exaustão em 
trabalho tão breve como o que ora nos propomos a elaborar.
O livro está estruturado em dez capítulos, todos relacionados, de algu-
ma forma, à textualidade.
No primeiro capítulo são examinadas as diferentes possibilidades de 
leitura que o elaborador de um texto pode e deve realizar antes de dar 
forma ao seu trabalho escrito.
Os capítulos dois, três e quatro contemplam uma abordagem dos as-
pectos essenciais que conferem qualidade a uma produção textual. Por 
essa razão, tratam da coesão e da coerência. A primeira analisa tanto a 
articulação e o emprego adequado de conetivos quanto o uso correto da 
referência intratextual por meio de anáforas e catáforas. A coerência, por 
seu turno, aborda as informações implícitas, o conhecimento de mundo e 
as qualidade de estilo inerentes à boa textualidade.
O Capítulo cinco dedica-se a expor as características e a estrutura do 
parágrafo dissertativo desdobrando-se na caracterização da dissertação no 
sentido mais amplo.
O sexto capítulo propõe-se a traçar um breve estudo sobre o trabalho 
escrito de natureza argumentativa, além de estabelecer a diferença entre 
este e os textos de natureza dissertativa. Já o capítulo sete envolve a es-
Apresentação vii
trutura do texto narrativo. No oitavo, procede-se à análise da descrição, 
exemplificando os diversos tipos de abordagens descritivas.
No Capítulo nove, são apresentados três tipos de Correspondência 
Oficial mais frequentemente empregados com exemplificações de suas es-
truturas. Além disso, também é feita uma sucinta abordagem do e-mail.
O capítulo que encerra o presente livro apresenta uma relação de de-
zesseis palavras e expressões, cujo emprego correto, em texto acadêmicos 
ou não, frequentemente, apresenta incertezas, principalmente no que con-
cerne à grafia.
Esperamos que este trabalho de grupo tenha êxito, no sentido de servir 
de apoio norteador para acadêmicos e para outros potenciais usuários. 
Não tivemos o intento de sermos exaustivos, até porque a extensão da pro-
posta não o permitiria. A bibliografia consultada e apresentada possibilita 
estudos posteriores mais aprofundados.
 1 As Várias Possibilidades de Leitura de um Texto .....................1
 2 Coesão Textual por Encadeamento de Segmentos do Texto ..19
 3 Coesão Textual por Retomada ou Antecipação de Termos ....39
 4 Coerência Textual ...............................................................58
 5 O Parágrafo-padrão e a Estrutura Dissertativa ....................71
 6 Texto Argumentativo ...........................................................93
 7 A Estrutura do Texto Narrativo ...........................................113
 8 Caracterização e Estrutura do Texto Descritivo ...................130
 9 Correspondência Oficial – Ata, Ofício, 
Requerimento, E-mail ...........................................................146
 10 Sutilezas da Língua Portuguesa .........................................169
Sumário
Capítulo 1
As Várias Possibilidades 
de Leitura de um Texto
Dr. Ítalo Ogliari
2 Produção Textual
Um pouco de história
Para iniciarmos este capítulo, tomemos como ponto de partida 
um breve artigo intitulado “Diferentes formas de ler”, de Márcia 
Abreu, professora do Departamento de Teoria Literária do Insti-
tuto de Estudos da Linguagem, da Unicamp. O texto – apresen-
tado em Mesa-redonda chamada Práticas de Leituras: história 
e modalidades, no XXIV Congresso Brasileiro de Ciências da 
Comunicação, em Campo Grande, 2001 – nos conta que, até 
alguns anos atrás, ninguém imaginava que nossa maneira de 
ler pudesse ter sido diferente da forma como a realizamos hoje.
O ato da leitura, por mais surpreendente que possa pa-
recer, foi se modificando desde que o homem inventou suas 
maneiras de registrar conteúdos por escrito. A leitura solitária 
e silenciosa, por exemplo, favorecendo a concentração e o 
entendimento, nem sempre foi exercitada por aqueles que liam 
um determinado texto.
Supunha-se que, em todas as épocas, ler implicava pen-
sar sobre textos e interpretá-los, exigindo habilidades 
superiores à capacidade para decifrar os sinais gráficos 
da escrita. Acreditava-se que o contato com os livros foi 
sempre valorizado por favorecer o espírito crítico, tor-
nando o leitor uma pessoa melhor por meio do contato 
com experiências e ideias registradas por escrito (ABREU, 
2001, p. 01).
Para termos uma ideia mais clara, basta lembrarmos que 
ler em voz alta era a norma no século IV d.C., situação que se 
prolongou até o século XIV, quando muitos ainda dependiam 
Capítulo 1 As Várias Possibilidades de Leitura de um Texto 3
da oralidade (ouvir as palavras) para a compreensãode um 
texto. E mesmo depois dessa época, quando a leitura silencio-
sa começou a ganhar espaço como prática, ler em voz alta 
ainda era uma forma de integração e bom convívio social. 
“Lia-se em voz alta nos salões, nas sociedades literárias, em 
casa, nos serões, nos cafés. Esse tipo de leitura, além de per-
mitir o contato com ideias codificadas em um texto, era uma 
forma de entretenimento e de encontro social” (Idem, p. 1).
É bem recente também a ideia de que um bom leitor é aque-
le que lê textos variados e em significativa quantidade, como 
jornais, revistas, livros etc. Nem sempre a quantidade de ma-
terial impresso, disponível para a população, foi grande, como 
temos hoje, e sem falar no preço, que também, pela dificuldade 
de produção, era alto, muito mais do que hoje. O livro, muitas 
vezes, era um objeto sacralizado. Por isso, o bom leitor era me-
dido não pela quantidade de livros que lia, mas pela frequência 
com que relia e com que meditava sobre os mesmos escritos.
Houve um tempo, inclusive, em que a leitura foi rotulada 
como maléfica à saúde, e médicos defendiam que o esforço 
contínuo de interação com um texto poderia ser prejudicial aos 
olhos, ao cérebro, aos nervos e ao estômago. Obviamente, 
esse quadro, com o passar do tempo, foi mudando. Atual-
mente, sabemos que a leitura é parte fundamental para o de-
senvolvimento da intelectualidade humana. A concepção que 
hoje temos sobre leitura é ampla e rica, e sabemos que o ato 
de ler é um dos exercícios mais enriquecedores para o homem, 
que deve, sim, para seu crescimento, ler diferentes tipos de tex-
tos, informar-se, pois só assim ele poderá ser um sujeito crítico 
e reflexivo, atuante em seu meio.
4 Produção Textual
Sobre o ato de ler
Não só a forma de nos relacionarmos com o texto mudou 
com o passar do tempo. O conceito de leitura também ga-
nhou, com os anos, um novo significado. O ato de ler, por 
um longo período da história da relação do homem com a 
escrita, foi pensado unicamente como um exercício de deci-
fração do código linguístico, ou seja, uma decodificação de 
palavras. Decifrar o código linguístico não significa, necessa-
riamente, ler. Isso, claro, se o ato da leitura for compreendido 
como prática social, como forma de interação com o mundo, 
o que vai desde a mais simples informação adquirida através 
da leitura de uma placa, de um cartaz informativo ou mesmo 
do destino de uma linha de ônibus, à leitura de periódicos, 
livros técnicos, literários, filosóficos, entre tantas outras possi-
bilidades, que nos exigem, muitas vezes, um posicionamento 
crítico, conhecimentos prévios e um bom poder interpretativo 
e de concentração.
Ler não é um ato de passividade. A leitura é uma prática 
em que o leitor é, também, um agente ativo, preenchendo, 
com seus conhecimentos e suas experiências, os espaços 
vazios do objeto que está diante de seus olhos, completan-
do-o, compreendendo-o, interpretando-o e se apropriando, 
através de sua capacidade intelectual, ao máximo de suas 
ideias, dialogando com o que é lido. Ler é dialogar com o 
texto. Tudo porque, de acordo com Maria da Graça Costa 
Val, em Redação e textualidade: “O texto não significa ex-
clusivamente por si mesmo. Seu sentido é construído não 
só pelo produtor como também pelo recebedor, que preci-
Capítulo 1 As Várias Possibilidades de Leitura de um Texto 5
sa deter os conhecimentos necessários à sua interpretação” 
(2004, p. 6).
A leitura e suas possibilidades
De acordo com Lucília Garcez, “os procedimentos de leitura 
podem variar de indivíduo para indivíduo e de objetivo para 
objetivo” (2002, p. 24). Uma leitura por simples diversão, por 
exemplo, é um ato espontâneo, não nos exigindo grande es-
forço de memorização de determinados elementos conceitu-
ais. Porém, é inevitável, para qualquer leitura, o conhecimento 
prévio da língua, dos gêneros (ou seja, saber que tipo de texto 
estamos lendo), assim como do assunto.
Ao nos depararmos com uma crônica ou com um texto 
dissertativo/argumentativo em um jornal ou revista, que trata 
de um determinado problema relacionado à educação ou à 
política brasileira, é interessante, para melhor aproveitamento 
da leitura, que tenhamos conhecimento das questões que es-
tão sendo abordadas, assim como os termos que a envolvem. 
Indispensável, da mesma forma, é conhecermos um pouco 
sobre o autor e sua maneira de escrita, o que nos ajuda a 
perceber determinados elementos ligados à ironia e a constru-
ções alegóricas e metafóricas utilizadas por ele. Até mesmo o 
posicionamento político do veículo de comunicação em que 
o texto está publicado é elemento que colabora, sem dúvida 
alguma, para a leitura. Como exemplo, podemos nos lembrar 
de um dos tantos textos escritos por Lya Luft, na revista Veja, 
como o que segue.
6 Produção Textual
Lya Luft
Crime e Castigo
“Estamos levando na brincadeira a questão 
do erro e do castigo, ou do crime e da punição. 
Sem limites em casa e sem punição de crimes 
fora dela, nada vai melhorar”
Tomo emprestado o título do romance do russo Dostoiévski, para comentar a multiplicação dos crimes 
nesta cultura torta, desde os pequenos “crimes” cotidianos – falta de respeito entre pais e filhos, maus-
-tratos a empregados, comportamento impensável de políticos e líderes, descuido com nossa saúde, 
segurança, educação – até os verdadeiros crimes: roubos, assaltos, assassinatos, tão incrivelmente 
banalizados nesta sociedade enferma. A crise de autoridade começa em casa, quando temos medo 
de dar ordens e limites ou mesmo castigos aos filhos, iludidos por uma série de psicologismos falsos 
que pululam como receitas de revista ou programa matinal de televisão e que também invadiram 
parte das escolas. Crianças e adolescentes saudáveis são tratados a mamadeira e cachorro-quente 
por pais desorientados e receosos de exercer qualquer comando. Jovens infratores são tratados como 
imbecis, embora espertos, e como inocentes, mesmo que perversos estupradores, frios assassinos, 
traficantes e ladrões comuns. São encaminhados para os chamados centros de ressocialização, onde 
nada aprendem de bom, mas muito de ruim, e logo voltam às ruas para continuar seus crimes.
Estamos levando na brincadeira a questão do erro e do castigo, ou do crime e da punição. A banali-
zação da má-educação em casa e na escola, e do crime fora delas, é espantosa e tem consequências 
dramáticas que hoje não conseguimos mais avaliar. Sem limites em casa e sem punição de crimes fora 
dela, nada vai melhorar. Antes de mais nada, é dever mudar as leis – e não é possível que não se 
possa mudar uma lei, duas leis, muitas leis. Hoje, logo, agora! O ensino nas 
últimas décadas foi piorando, em parte pelo desinteresse dos governos e pelo 
péssimo incentivo aos professores, que ganham menos do que uma emprega-
da doméstica, em parte como resultado de “diretrizes de ensino” que tornaram 
tudo confuso, experimental, com alunos servindo de cobaias, professores lota-
dos de teorias (que também não funcionam). Além disso, aqui e ali grupos de 
ditos mestres passaram a se interessar mais por politicagem e ideologia do que 
pelo bem dos alunos e da própria classe. Não admira que em alguns lugares 
o respeito tenha sumido, os alunos considerem com desdém ou indignação a 
figura do antigo mestre e ainda por cima vivam, em muitas famílias, a dor da 
falta de pais: em lugar deles, como disse um jovem psicólogo, eles têm em casa um gatão e uma ga-
tinha. Dispensam-se comentários.
Autoridade, onde existe, é considerada atrasada, antiquada e chata. Se nas famílias e escolas isso 
é um problema, na sociedade, com nossas leis falhas, sem rigor nem coerência, isso se torna uma 
tragédia. Não me falem em policiais corruptos, pois a maioria imensa deles é honrada, ganha 
vergonhosamente pouco, arrisca e perde a vida, e pouco ligamos para isso. Eu penso em leis ruins 
e emprisões lotadas de gente em condições animalescas. Nesta nossa cultura do absurdo, crimes 
pequenos levam seus autores a passar anos em um desses lixões de gente chamados cadeias (muitas 
vezes sem sequer ter havido ainda julgamento e condenação), enquanto bandidos perigosos entram 
por uma porta de cadeia e saem pela outra, para voltar a cometer seus crimes, ou gozam na cadeia 
de um conforto que nem avaliamos.
Precisamos de punições justas, autoridade vigilante, uma reforma geral das leis para impedir perver-
sidade ou leniência, jovens criminosos julgados como criminosos, não como crianças malcriadas. 
Ensino, educação e justiça tornaram-se tão ruins, tudo isso agravado pelo delírio das drogas fo-
mentado por traficantes ou por irresponsáveis que as usam como diversão ou alívio momentâneo, 
que passamos a aceitar tudo como normal: “É assim mesmo”. Muito crime, pouco castigo, castigo 
excessivo ou brando demais, leis antiquadas ou insuficientes, e chegamos aonde chegamos: os cida-
dãos reféns dentro de casa ou ratos assustados nas ruas, a bandidagem no controle; pais com medo 
dos filhos, professores insultados pela meninada sem educação. Seria de rir, se não fosse de chorar.
Texto e imagem publicados originalmente na revista Veja – Edição 2123/29 de julho de 2009.
Capítulo 1 As Várias Possibilidades de Leitura de um Texto 7
Os pontos que discutimos até agora são apenas uma pequena 
mostra de como o ato de ler envolve muito mais habilidades do 
que às vezes imaginamos. Há todo um contexto que deve ser leva-
do em conta e que, muitas vezes, nem percebemos, mas que está 
atuando, de forma silenciosa, em nossa leitura e na compreensão 
que estamos tendo do texto, assim como nossa posição diante 
dele. O exercício que nosso cérebro faz, enquanto lemos, envolve 
todos esses conhecimentos. O texto de Lya Luft, por exemplo, já 
inicia com uma relação de intertextualidade, citando o nome de 
uma obra clássica da literatura universal. A história do romance 
dialoga diretamente com o conteúdo de sua coluna, já que se 
trata (o livro citado por Luft) de uma narrativa em que um jovem 
comete um assassinato, passando, desde então, por uma grande 
crise moral. E assim, o processo de leitura transcorre, sempre em 
um jogo de trocas entre o leitor o aquilo que está sendo lido.
*
Em outra possibilidade e por outro objetivo, podemos nos 
deparar com a necessidade de lermos um determinado texto 
teórico, como um livro técnico ou mesmo um artigo científico 
para nossos estudos acadêmicos. E o processo de leitura não 
é muito diferente. Exige-nos, também, um prévio conhecimento 
sobre o assunto, para compreendermos o que estamos lendo, 
e um conhecimento sobre o autor e sobre o local/editora de 
publicação. Nesse caso, esses dois últimos elementos (autor e 
local de circulação do texto) são importantes para podermos 
confiar na notoriedade científica do que temos diante de nós. 
Por isso, em um texto de caráter teórico, é muito importante 
sabermos quem está falando e qual é a relevância desse autor 
para o universo acadêmico, como também sua linha de pensa-
mento, sua época, a validade e permanência de suas ideias etc.
8 Produção Textual
Ler um texto acadêmico é, igualmente, um exercício de re-
lações de saber, em que uma determinada palavra, que possui 
um conceito, busca outras ideias que a completem, para que 
tudo seja perfeitamente compreendido. É justamente por isso 
que pode acontecer nos depararmos com um livro teórico e 
não entendermos quase nada, pois esse texto, provavelmente, 
estabelece relações com muitas outras ideias e conceitos que 
não temos ainda em nós, devido à falta de leituras anteriores, 
ou seja, conhecimentos prévios que deveríamos possuir.
Ideologia e cultura
No sentido mais amplo, ideologia é uma visão de mundo. É, assim, uma concepção do 
mundo, um sistema de valores, opiniões, crenças que representam uma leitura social da 
realidade, uma visão do real. Mesmo sendo identificada em um indivíduo, a ideologia 
é uma representação ou uma combinação de representações sociais, menos ou mais 
coerentes. Assim, a ideologia traduz, até certo ponto, o que é um grupo social – naquilo 
que são suas representações sociais da realidade – e do que pode orientar suas ações.
A ideologia dominante é a ideologia da classe economicamente dominante, já disse 
Marx (s.d.). Mas isto não ocorre como um reflexo automático da economia para as 
mentes. Ocorre porque: a produção econômica (desde a divisão social do trabalho até 
os meios de produção mais específicos e constantemente atualizados) tende a organizar 
não somente a maneira como o trabalhador produz, mas o conjunto de suas práticas 
sociais e culturais (um exemplo histórico, foi o papel ideológico, além do técnico, que o 
fordismo cumpriu (Gramsci, 2000); esta divisão, também hierarquiza funções na produ-
ção e na sociedade, naturalizando-as, especialmente a divisão entre trabalho manual e 
intelectual, entre patrão e empregado e entre chefe e tarefeiro; toda sociedade baseada 
na propriedade privada dos meios de produção é uma sociedade da divisão de classes, 
a qual é naturalizada como tendo existido desde sempre e projetada até a eternidade; 
por outro lado, a posição de quem é proprietário, patrão e tem poder econômico e 
riqueza, dá status e prestígio social que o valoriza também na disputa de ideias; a classe 
que detém os meios de produção material, também detém os meios de produção, de 
reprodução e de distribuição/circulação intelectual, científica, filosófica e simbólica em 
geral (aí incluídos, mas não só, os mais avançados meios de comunicação de massa).
Trecho do artigo CULTURA POLÍTICA E HEGEMONIA, de Jorge Almeida, professor 
do Departamento de Ciência Política e do PPG de Ciências – FFCH-UFBA, e Doutor 
em Comunicação e Cultura Contemporâneas. Publicado originalmente nos Anais do 
IV Compolítica – Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Disponível em: http://www.
compolitica.org/home/wp-content/uploads/2011/03/Jorge-Almeida.pdf
Capítulo 1 As Várias Possibilidades de Leitura de um Texto 9
Observe que o texto acima, ao buscar definir o conceito 
de ideologia, exige do leitor outros conhecimentos, como um 
pouco sobre a teoria marxista, assim como o que foi o deno-
minado fordismo, ou mesmo o conceito de cultura que está 
debatendo, já no título, e que deve ser entendido por um viés 
sociológico e antropológico.
*
Há também a leitura meramente informativa, que nada 
mais é do que as informações adquiridas através das notí-
cias de jornais, como a situação atual de um time de futebol, 
a eleição de um novo governante em um determinado país 
ou mesmo um acordo político realizado na semana. Porém, 
é sempre muito perigoso afirmarmos que essa é sempre uma 
leitura não interpretativa, ou melhor: que não exige um exer-
cício interpretativo e crítico do leitor. Óbvio que ela pode, por 
seu caráter e por seu objetivo, exigir, em certos momentos, 
nenhum exercício intelectual, limitando-se apenas a um movi-
mento de absorção. No entanto, não podemos esquecer que 
todo o discurso é ideológico, que um veículo de comunicação, 
assim como debatemos no primeiro exemplo, é, da mesma 
forma, ideológico, fazendo com que, muitas vezes, a necessi-
dade de interpretação (de um olhar mais crítico) venha através 
de questionamentos ligados à forma como aquela notícia foi 
abordada, ligados à ênfase dada a ela, às opiniões emitidas 
ou omitidas, ao silêncio perante outras notícias etc.
Com isso, podemos perceber que a leitura não é um proce-
dimento muito simples. Pelo contrário, é uma atividade, assim 
como escrever, extremamente complexa, já que não podemos 
considerar apenas o que está escrito, mas todo um movimento 
10 Produção Textual
que envolve também o leitor como parte fundamental no ato 
da leitura, como construtor do texto e de seu sentido. Ele será 
um grande responsávelpelo bom ou mau aproveitamento da 
leitura, das informações nela contidas, e por sua apropriação.
Dicas para um bom aproveitamento da 
leitura
Como a leitura, para Lucília Garcez, faz inúmeras solicitações 
simultâneas ao cérebro, é importante desenvolvermos algumas 
habilidades que são comuns àqueles que leem com mais fre-
quência e com mais naturalidade. Em uma leitura, precisamos, 
para sua compreensão (e isso ocorre de forma praticamente 
imperceptível), não só decodificar o código da linguagem ver-
bal, como já debatemos, mas interpretar itens lexicais e gra-
maticais, identificar palavras-chave, perceber a hierarquia de 
ideias, associar aquilo que estamos lendo com informações 
anteriores, focalizar nossa atenção e reorientar os próprios 
procedimentos mentais, já que novas ideias estão sendo rece-
bidas, dialogando com nosso conhecimento. Por isso, alguns 
recursos podem tornar a leitura mais produtiva, como:
 Â observar títulos e subtítulos;
 Â analisar ilustrações;
 Â reconhecer elementos paratextuais importantes, como: 
parágrafos, negritos, enumerações, legendas, quadros 
etc.;
Capítulo 1 As Várias Possibilidades de Leitura de um Texto 11
 Â reconhecer e sublinhar palavras e conceitos que são 
chaves para as ideias do texto;
 Â consultar dicionários (inclusive técnicos);
 Â construir paráfrases mentalmente de fragmentos do texto 
(ou seja, reelaborar mentalmente o que o autor disse, 
mas com suas palavras);
 Â e até mesmo resumir a ideia geral do texto em rascunho 
após a leitura.
E lembre-se:
a leitura não se esgota no momento em que se lê. Ex-
pande-se por todo um processo de compreensão que 
antecede o texto, explora-lhe as possibilidades, e pro-
longa-lhe o funcionamento além do contato com o texto 
propriamente dito, produzindo efeitos na vida e no con-
vívio com outras pessoas. (Idem, p. 27)
Dessa forma, podemos perceber que o ato de ler é um 
processo que exige uma série de habilidades cognitivas e, em 
inúmeros casos, uma única leitura não é suficiente, o que de-
pende da complexidade do texto, de nosso conhecimento an-
terior a ele e de nosso objetivo. O objetivo, também, define 
as ferramentas utilizadas para uma melhor compreensão de 
um texto (notas, trechos sublinhados, consulta por palavras 
etc.). É imprescindível desenvolvermos adequadamente essas 
estratégias de apoio para melhor aproveitamento daquilo que 
estamos lendo.
12 Produção Textual
A leitura foi e segue sendo, na história da humanidade, 
uma das principais formas de adquirirmos conhecimento, de 
construirmos opiniões próprias e de possuirmos embasamento 
teórico necessário para atividades de diversas áreas e setores, 
desde a educação até a medicina. Por isso, ler não é apenas 
necessário, mas fundamental.
Recapitulando
Neste capítulo, então, vimos que a leitura, ou melhor, o ato de 
ler também possui sua história. Ficamos sabendo que a leitura 
em voz baixa, sem a pronúncia das palavras, constitui uma 
modalidade muito mais recente do que imaginávamos e que 
também a ideia de que um bom leitor é aquele que lê textos 
variados, como jornais, revistas e livros, nem sempre foi assim. 
Antigamente, pela dificuldade de acesso ao livro e devido ao 
seu alto preço, o bom leitor era medido não pela quantidade 
de livros que lia, mas pela frequência com que relia e com que 
meditava sobre um mesmo texto.
Lembramos outro ponto importante deste capítulo, que ler 
não é um ato de passividade, e sim uma prática em que o lei-
tor é também um agente ativo, preenchendo os espaços vazios 
do texto com seus conhecimentos e suas experiências, comple-
tando-o, compreendendo-o, interpretando-o e se apropriando 
ao máximo de suas ideias, dialogando com o que é lido. Não 
esqueça: ler é dialogar com o texto.
Capítulo 1 As Várias Possibilidades de Leitura de um Texto 13
Por fim, verificamos que existem várias formas e possibili-
dades de leitura e boas dicas para um melhor aproveitamento 
de um texto, cada uma delas com um objetivo específico, as-
sim como verificamos que ler vai muito além de simplesmente 
decifrar o código linguístico, levando-nos ao conceito atual 
de leitura, que já expressamos anteriormente e que envolve o 
leitor como peça fundamental.
Atividades
 1 Leia o parágrafo que segue.
O trabalho na Internet exige rapidez na leitura e muita seletivi-
dade, porque não se pode ler tudo o que está na tela. E a ca-
pacidade de selecionar não é algo que, há alguns anos, fosse 
uma exigência importante na formação do leitor. No contexto 
escolar, não tinha lugar preponderante mesmo. Na rede mun-
dial de computadores, as páginas estão cheias de coisas que 
não têm relação com o que procuro e existe a possibilidade 
de um texto me conduzir a outros por meio de um click. Além 
disso, quando tenho um livro em mãos e o abro em qualquer 
página, sei claramente se é o começo, o meio ou o fim. Quan-
do abro uma página na Internet nem sempre tenho noção de 
onde estou. 
 Â Trecho de entrevista com Emilia Ferreiro para Nova Es-
cola, publicada em junho de 2001, com o título O ato 
de ler evolui.
14 Produção Textual
Com base no que você leu, podemos afirmar que 
............ corresponde à ideia central texto. Assinale a al-
ternativa correta.
a) a Internet e o novo mercado de trabalho;
b) o uso da Internet no contexto escolar;
c) a Internet como fim para o livro;
d) a Internet e um novo tipo de leitor;
e) a Internet e a educação em perigo.
 2 Ainda sobre as palavras de Emilia Ferreiro e de acordo 
com o que estudamos neste capítulo, é possível afirmar 
que se
a) trata de um texto meramente informativo.
b) trata de um texto argumentativo, não exigindo posicio-
namento reflexivo por parte do leitor.
c) trata de um texto argumentativo, exigindo posiciona-
mento reflexivo por parte do leitor.
d) trata de um texto extremamente técnico, exigindo posi-
cionamento reflexivo por parte do leitor.
e) trata de um texto extremamente técnico, não exigindo 
posicionamento reflexivo por parte do leitor.
Capítulo 1 As Várias Possibilidades de Leitura de um Texto 15
 3 Leia as assertivas abaixo relativas ao ato de ler e marque V 
(verdadeiro) ou F (falso).
( ) Toda leitura funciona da mesma forma, independen-
te de seu objetivo.
( ) Ler não é um ato de passividade, já que através da 
leitura recebemos conhecimento e informação.
( ) Ler nada mais é do que saber decifrar o código lin-
guístico.
( ) Ler é um ato de interação com o texto, sendo o leitor 
também responsável por sua construção.
( ) Ler é um processo simples, mas que nos exige tempo.
Assinale a alternativa correta.
a) V, F, V, F, F.
b) F, V, F, F, F.
c) V, V, F, V, F.
d) F, V, F, V, F.
e) F, F, V, V, V.
 4 Leias as afirmações abaixo.
 I A leitura não se esgota após seu término, prolongando-se 
para além do contato com o texto propriamente dito.
 II Ler um texto é um exercício de relações de saber.
 III Ler um texto é, também, ler seu contexto.
16 Produção Textual
Agora marque a alternativa certa, apontando que
a) somente a alternativa I está correta.
b) somente as alternativa I e II estão corretas.
c) somente a alternativa III está correta.
d) somente as alternativa II e III estão corretas.
e) todas as alternativas estão corretas.
 5 A partir da leitura do trecho que segue, escolha a alterna-
tiva que representa duas palavras-chave (conceitos) ade-
quadas para o texto.
Diferentemente da sociedade moderna anterior, que chamo 
de “modernidade sólida”, que também tratava sempre de des-
montar a realidade herdada, a de agora não o faz com uma 
perspectiva de longa duração, com a intenção de torná-la me-
lhor e novamente sólida. Tudo está agora sendo permanente-
mente desmontado mas sem perspectiva de alguma perma-
nência. Tudo é temporário. É por isso que sugeri a metáforada “liquidez” para caracterizar o estado da sociedade moder-
na: como os líquidos, ela caracteriza-se pela incapacidade de 
manter a forma. Nossas instituições, quadros de referência, 
estilos de vida, crenças e convicções mudam antes que tenham 
tempo de se solidificar em costumes, hábitos e verdades “auto-
evidentes”. Sem dúvida a vida moderna foi desde o início “de-
senraizadora”, “derretia os sólidos e profanava os sagrados”, 
como os jovens Marx e Engels notaram. Mas enquanto no pas-
sado isso era feito para ser novamente “reenraizado”, agora 
todas as coisas – empregos, relacionamentos, know-hows etc. 
Capítulo 1 As Várias Possibilidades de Leitura de um Texto 17
– tendem a permanecer em fluxo, voláteis, desreguladas, flexí-
veis. A nossa é uma era, portanto, que se caracteriza não tanto 
por quebrar as rotinas e subverter as tradições, mas por evitar 
que padrões de conduta se congelem em rotinas e tradições.
* Fragmento retirado de entrevista cedida pelo sociólogo 
Zygmunt Bauman à Maria Lúcia Garcia Pallares, In.: Tempo 
social, vol.16 no.1 São Paulo June 2004.
a) “Sociedade moderna” e “Liquidez”;
b) “Modernidade sólida” e “Instituição”;
c) “Rotinas” e “Tradições”;
d) “Marx” e “Engels”;
e) “Estado” e “Modernidade”.
Referências bibliográficas
ABREU, Márcia. Diferentes formas de ler. Disponível em: http://
www.unicamp.br/iel/memoria/Ensaios/Marcia/marcia.
htm. Acessado em: 14/03/2012.
GARCEZ, Lucília H. do Carmo. Técnicas de redação: o que é 
preciso saber para escrever bem. São Paulo: Martins Fon-
tes, 2002.
VAL, Maria da Graça Costa. Redação e textualidade. São Pau-
lo: Martins Fontes, 2004.
18 Produção Textual
Gabarito
 1 d
 2 c
 3 d
 4 e
 5 a
Túria Sibéli Dieckov Ruiz
Capítulo 2
Coesão Textual por 
Encadeamento de 
Segmentos do Texto
ÂÂNo capítulo anterior, verificamos a importância da lei-tura para a aquisição do conhecimento, sendo o lei-
tor um dos principais atores na construção do texto e de 
seu sentido. Da mesma forma que a leitura pode se tornar 
um processo mais produtivo através de alguns recursos, 
existem meios para tornar o ato de escrever mais efetivo. 
Escrever bem é necessário em qualquer profissão ou tare-
fa. Nas palavras de Gabriel Perissé,
20 Produção Textual
“Você, quando vai redigir uma carta, um e-mail, quan-
do vai relatar sua experiência amorosa, suas memórias, 
quando vai explicar por escrito suas concepções políti-
cas, filosóficas, religiosas e, claro, quando vai escrever 
um romance, contos, poemas, letras musicais, ensaios 
etc. – você precisa escrever bem.” (PERISSÉ, 2003, p. 16)
Quem nunca teve dificuldades de colocar as ideias no pa-
pel ou sentiu aquele pavor ao pegar uma folha em branco 
para iniciar um trabalho, uma monografia, uma reportagem 
sem saber como começar? Certamente, essa situação é mais 
corriqueira do que imaginamos. A escrita está presente em 
nosso dia a dia, desde um bilhete deixado na geladeira até a 
defesa de uma tese na conclusão de um curso.
Escrever envolve inúmeros fatores. Não é apenas talento, 
mas o resultado de uma boa alfabetização, do incentivo re-
cebido da escola e da família, da formação intelectual e, fun-
damentalmente, do hábito da leitura e da própria prática da 
escrita. Manejar a língua escrita não é uma tarefa fácil, mas 
uma qualidade exigida e necessária a todos os profissionais 
e estudantes que dela usufruem ou tem-na como própria fer-
ramenta de trabalho. A coesão e a coerência são recursos 
fundamentais que contribuem para uma escrita harmoniosa. 
Dando continuidade ao nosso estudo, abordaremos, nas pró-
ximas páginas, esses dois recursos.
Capítulo 2 Coesão Textual por Encadeamento... 21
Coesão textual
Você, com certeza, já deve ter lido algum texto e, ao final, 
ter feito a seguinte pergunta: “Mas o que o autor quis dizer 
com isso?”. Na verdade, é muito comum encontrarmos textos 
que não dizem “nada com nada”, confusos e desorganizados. 
Aqueles que aspiram ter uma escrita eficaz, clara e objetiva, 
não podem deixar de lado o estudo da coesão textual, um dos 
quesitos fundamentais para garantir a articulação e as rela-
ções de sentido no interior do texto.
Mas, o que é Coesão Textual? Segundo o dicionário Pri-
beram¹, coesão é a qualidade de uma coisa em que todas as 
partes estão ligadas umas às outras, de forma harmoniosa. 
Nas palavras de Azeredo,
A informação contida em um texto é distribuída e organi-
zada em seu interior graças ao emprego de certos recur-
sos léxicos e gramaticais. À articulação desses recursos, 
em benefício da expressão do sentido e de sua compre-
ensão, dá-se o nome de coesão textual. (AZEREDO, 
2010, p. 100)
Devemos associar o conceito de Coesão Textual à ideia de 
união, conexão, encadeamento entre as partes de um texto. É 
essa contextura entre palavras, expressões, orações, períodos 
e parágrafos que garantirá a apresentação de um texto har-
monioso, promovendo a qualidade textual.
22 Produção Textual
Veja o trecho abaixo:
Dicionário é “a listagem, geralmente em ordem alfabética das 
palavras e expressões de uma língua seus respectivos significa-
dos”, o minidicionário Houaiss. A definição pode dar a impres-
são tratar de algo com pouca utilidade em tempos de respostas 
instantâneas via Internet, o dicionário continua sendo de funda-
mental importância pelo rigor de suas informações. O dicioná-
rio deve ser apresentado já na alfabetização inicial às crianças 
– as crianças precisam entender o dicionário vai acompanhá-las 
durante toda a vida.
Confuso não é mesmo? Isso porque as partes do texto não 
estão “ligadas” de forma coesa, além disso, a repetição de 
termos prejudica a clareza das informações. Vamos, agora, 
verificar o texto original.
Dicionário é “a listagem geralmente em ordem alfabética das 
palavras e expressões de uma língua com seus respectivos sig-
nificados”, segundo o minidicionário Houaiss. A definição pode 
dar a impressão de que trata de algo com pouca utilidade em 
tempos de respostas instantâneas via Internet, mas esse tipo de 
livro continua sendo de fundamental importância pelo rigor de 
suas informações. Diante disso, ele deve ser apresentado já na 
alfabetização inicial às crianças – elas precisam entender que 
dicionário vai acompanhá-las durante toda a vida.
Revista Nova Escola, disponível em: http://revistaescola.abril.com.br/funda-
mental-1/contatos-iniciais-amigo-dicionario-678509.shtml
Capítulo 2 Coesão Textual por Encadeamento... 23
Observe que os elementos em destaque permitiram esta-
belecer a coesão dentro do texto. As informações que estavam 
distribuídas de forma caótica, agora estão organizadas, inter-
ligadas entre si. Portanto, o texto é muito mais do que uma 
sequência de frases isoladas. Pelo contrário, é necessário que 
as frases que o compõem estejam unidas de forma a contribuir 
para a clareza e a progressão do texto. Neste quesito, é a co-
esão textual que garantirá que a mensagem transmitida pelo 
emissor seja compreendida pelo receptor.
É através do emprego adequado de artigos, de pronomes, 
de certos advérbios e de expressões adverbiais, de conjunções 
e de numerais que garantiremos e estabeleceremos a coesão 
dentro dos textos. Essas classes de palavras estão distribuídas 
em pelo menos dois tipos de mecanismos de coesão que podem 
se estabelecer em um texto: o encadeamento de segmentos do 
texto pelo uso de articuladores e a retomada ou antecipação 
de termos ou frases através do uso de anáforas, catáforas e 
repetições (sinônimos, hipônimos e hiperônimos).
Neste capítulo, aprofundaremos o estudo da coesão atra-
vés das relações estabelecidas pelos articuladores em suas 
mais variadas circunstâncias. No Capítulo 3, aprofundaremos 
as questões referentes ao estudo da coesão através do uso de 
anáforas, catáforas e repetições.
O uso de articuladoresNomeiam-se articuladores as palavras que ligam ideias den-
tro do texto, que garantem a coesão textual. São também co-
nhecidos como conjunções, nexos ou conetivos.
24 Produção Textual
Vejamos o texto abaixo:
Está na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e no 
Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA): as escolas têm a 
obrigação de se articular com as famílias e os pais têm direito 
a ter ciência do processo pedagógico, bem como de participar 
da definição das propostas educacionais. Porém nem sempre 
esse princípio é considerado quando se forma o vínculo entre 
diretores, professores e coordenadores pedagógicos e a família 
dos alunos. O relacionamento chega a ser ambíguo. Muitos 
gestores e docentes, embora no discurso reclamem da falta de 
participação dos pais na vida escolar dos filhos – com alguns 
até atribuindo a isso o baixo desempenho deles – não se mos-
tram nada confortáveis quando algum membro da comunidade 
mais crítico cobra qualidade no ensino ou questiona alguma 
rotina da escola. Alguns diretores percebem essa atitude inclu-
sive como uma intromissão e uma tentativa de comprometer 
a autoridade deles. Já a maioria dos pais, por sua vez, não 
participa mesmo. Alguns por não conhecer seus direitos. Outros 
porque não sabem como. E ainda há os que até tentaram, mas 
se isolaram, pois nas poucas experiências de aproximação não 
foram bem acolhidos e se retraíram.
Revista Nova Escola, disponível em http://revistaescola.abril.com.br/gestao-
-escolar/diretor/escola-familia-493363.shtml
Cada um dos elementos destacados no texto estabelece 
relações de significado entre as orações e os períodos. Por-
tanto, as palavras e, bem como, porém, quando, embora, ou, 
porque, mas e pois são exemplos de articuladores.
É importante destacar que cada um desses articuladores, 
além de encadear as partes do texto, estabelece entre elas 
Capítulo 2 Coesão Textual por Encadeamento... 25
uma relação semântica, ou seja, através do articulador utili-
zado determinamos qual o sentido construído entre as partes 
do texto.
Vejamos o exemplo:
a) Estudei muito para a prova.
b) Não obtive um resultado satisfatório.
Para ligar as orações a) e b) é necessário utilizarmos um 
articulador. Ao selecioná-lo, devemos observar que relação 
semântica queremos estabelecer entre essas duas partes, ve-
jamos:
Estudei muito para a prova, mas não obtive um resultado 
satisfatório.
O articulador selecionado aqui foi o mas que estabele-
ce um sentido de oposição entre as ideias apresentadas nas 
orações. Ou seja, o esperado por estudar muito seria que se 
obtivesse um bom resultado, no entanto, a segunda oração, 
introduzida pelo articulador de oposição mas, opõe-se a essa 
afirmação. Poderíamos, ainda, usar as expressões todavia, no 
entanto, contudo etc., pois possuem o mesmo valor semânti-
co que o conetivo mas.
Caso fosse selecionado o articulador inapropriado, a coe-
são seria prejudicada. Veja:
Estudei muito para a prova, assim não obtive um resultado 
satisfatório.
26 Produção Textual
Nesse exemplo, o uso do articulador não condiz com o 
valor semântico que se deseja dar ao período, isso porque o 
termo assim estabelece uma relação de conclusão e não de 
oposição.
O encadeamento das ideias no texto é construído pela se-
leção consciente e adequada dos articuladores. O uso desses 
conetivos textuais não é realizado de forma aleatória, mas, 
sim, criteriosamente. Ao escrever um texto, devemos ter defi-
nido o sentido que desejamos transmitir e, assim, selecionar 
os articuladores que estabelecerão a correta conexão entre as 
palavras, orações, períodos e parágrafos.
A quantidade de articuladores à disposição para uso na 
Língua Portuguesa é extensa. A partir de agora, listaremos al-
gumas das possibilidades de aplicação desses conetivos e as 
relações de sentido que eles podem estabelecer:
a) Articuladores que estabelecem uma relação de ADI-
ÇÃO.
Definição: indicam a progressão do texto, acrescentando um 
dado novo ao discurso.
Articuladores: e, também, ainda, nem, não só, mas também, 
além de, além disso etc.
Exemplo: Além de cuidar da soneca das crianças durante o 
período escolar, é também função da equipe compartilhar o 
que sabe com os pais e responsáveis.
b) Articuladores que estabelecem uma relação de 
DISJUNÇÃO ou ALTERNÂNCIA.
Capítulo 2 Coesão Textual por Encadeamento... 27
Definição: é a relação que articula conteúdos alternativos.
Articuladores: ou, ou...ou, ora...ora, quer...quer, seja...seja 
etc.
Exemplo: Ou você muda de atitude, ou não haverá solução 
para seu caso.
c) Articuladores que estabelecem uma relação de OPO-
SIÇÃO.
Definição: é expressa através de proposições cujos conteúdos 
se opõem.
Articuladores: mas, porém, todavia, contudo, no entanto, en-
tretanto, embora, ainda que, apesar de, mesmo que, se bem 
que, conquanto, não obstante etc.
Exemplo: Estava cansado, mas não dormia de jeito nenhum.
d) Articuladores que estabelecem uma relação de CAU-
SALIDADE.
Definição: é a relação entre dois enunciados, um dos quais é 
a causa que acarreta uma determinada consequência.
Articuladores: porque, pois, já que, visto que, uma vez que, 
devido a, como, por etc.
Exemplo: A música contribui para um desenvolvimento pleno 
e harmônico, já que incide diretamente na sensibilidade.
e) Articuladores que estabelecem uma relação de COM-
PARAÇÃO.
28 Produção Textual
Definição: estabelece-se uma comparação em termos de 
igualdade, superioridade ou inferioridade.
Articuladores: como, assim como, tal qual, tanto quanto, mais 
que, menos que etc.
Exemplo: Ele é inteligente, tanto quanto seu irmão.
f) Articuladores que estabelecem uma relação de CON-
DIÇÃO.
Definição: é expressa pela combinação de duas proposições, 
uma das quais é a condição para que a outra seja verdadeira.
Articuladores: se, caso, desde que, contanto que, quando etc.
Exemplo: Se chover hoje à noite, você não terá minha presen-
ça no evento.
g) Articuladores que estabelecem uma relação de FINA-
LIDADE.
Definição: uma das orações explicita o meio para atingir de-
terminado fim expresso na outra.
Articuladores: para, para que, a fim de, com o objetivo, com 
o intuito etc.
Exemplo: O sono é importante para que a aprendizagem 
seja eficiente.
h) Articuladores que estabelecem uma relação de CON-
FORMIDADE.
Definição: expressa a conformidade do conteúdo de uma das 
proposições em relação ao que é afirmado na outra.
Capítulo 2 Coesão Textual por Encadeamento... 29
Articuladores: conforme, segundo, de acordo com, consoan-
te, como etc.
Exemplo: De acordo com o Censo Demográfico 2010, 96,7% 
das crianças e dos adolescentes entre 6 e 14 anos estão ma-
triculados em escolas, mas somente 50% deles concluem a 
Educação Básica.
i) Articuladores que estabelecem uma relação de TEM-
PORALIDADE.
Definição: é a relação por meio da qual se localizam no tem-
po as ações.
Articuladores: quando, logo, enquanto, no momento que, as-
sim que etc.
Exemplo: Quando uma criança adormece, é porque está re-
almente precisando de repouso.
j) Articuladores que estabelecem uma relação de CON-
CLUSÃO.
Definição: quando um enunciado (B) estabelece uma conclu-
são em relação a algo dito em um enunciado anterior (A).
Articuladores: portanto, logo, então, assim, pois, por conse-
guinte, dessa forma, por isso etc.
Exemplo: O pensamento é simultâneo ao movimento, por-
tanto, quanto mais o professor incentivar o movimento da 
criança, maior será o aprendizado de cada uma.
30 Produção Textual
Importante!
Alguns articuladores podem estabelecer mais de um tipo de 
relação semântica, dependendo do contexto no qual estão in-
seridos. Vejamos, por exemplo, o caso dos conetivos e e como
 Â Uso do conetivo E:
Exemplo 1: O candidato preenchia todos osrequisitos exigi-
dos, e não foi aprovado.
Nesse caso, o conetivo está estabelecendo uma relação de 
oposição (O candidato preenchia todos os requisitos exigidos, 
mas não foi aprovado).
Exemplo 2: Estava cansado, tomou o seu café e dormiu.
Nesse caso, o conetivo está estabelecendo uma relação de 
adição.
 Â Uso do conetivo COMO:
Exemplo 1: Era tão linda como a mãe.
Nesse caso, o conetivo está estabelecendo uma relação de 
comparação.
Exemplo 2: Como havíamos combinado, não sairemos ama-
nhã.
Nesse caso, o conetivo está estabelecendo uma relação de 
conformidade (Conforme havíamos combinado, não saire-
mos amanhã).
Capítulo 2 Coesão Textual por Encadeamento... 31
Exemplo 3: Como ele se atrasou, perdeu a vaga para o con-
curso.
Nesse caso, o conetivo está estabelecendo uma relação 
de causalidade (Porque ele se atrasou, perdeu a vaga para 
o trabalho).
Como se pôde observar, a relação de sentido estabelecida 
pelos articuladores depende do contexto no qual estão inseri-
dos. Assim, ao analisá-los, devemos sempre observar sua apli-
cação no texto.
Vamos examinar, agora, mais um texto, observando como 
os articuladores são apresentados e quais as relações de sen-
tido que eles determinam.
O que ler
As histórias de ficção (como os contos de fadas) são as que mais 
encantam as crianças, mas é importante oferecer a elas diversas 
obras para que criem um repertório amplo. Como explica Re-
nata, “os livros são um ótimo caminho para ampliar o universo 
cultural dos pequenos porque permitem entrar em contato com 
situações desconhecidas”. Virgínia, em seu texto sobre a leitu-
ra na Educação Infantil, dá outra dica preciosa: “Preocupe-se 
com a qualidade literária, e não com o conteúdo moral”. Isso 
não quer dizer que você pode escolher histórias amorais, mas 
que uma história bem escrita tem mais chances de prender a 
atenção de todos. Por isso, fique sempre com os textos que 
têm descrições ricas, misturem mistério e comédia e estimulem 
a imaginação, criando uma aventura interessante.
Revista Nova Escola, disponível em: http://revistaescola.abril.com.br/edu-
cacao-infantil/4-a-6-anos/literatura-educacao-infantil-comecar-muitos-li-
vros-584120.shtml?page=1
32 Produção Textual
Análise dos articuladores em destaque no texto:
 Â mas: articulador que expressa OPOSIÇÃO;
 Â como: articulador que estabelece CONFORMIDADE;
 Â para: articulador de finalidade;
 Â porque: articulador que estabelece CAUSALIDADE;
 Â e: articulador que estabelece ADIÇÃO;
 Â mas: articulador que expressa OPOSIÇÃO;
 Â por isso: articulador que expressa CONCLUSÃO.
Ao final deste capítulo, esperamos que você, prezado alu-
no, mais do que fazer classificações mecânicas do uso dos 
articuladores, consiga usá-los de forma consciente em suas 
produções textuais. São os articuladores bem empregados que 
o auxiliarão no processo argumentativo do texto, na clareza da 
exposição das ideias e na continuidade temática. Gabriel Pe-
rissé (PERISSÉ, 2003, p. 3) afirma que é o próprio escritor que 
vê o nascimento do texto, é ele quem aprecia os seus primeiros 
passos e quem pode avaliar a sua força e beleza. Convidamos 
você, caro aluno, a realizar este exercício: ser o primeiro leitor 
do seu próprio texto! Um leitor crítico, que identifique as fa-
lhas, utilize corretamente os recursos linguísticos e aprecie as 
frases bem escritas!
Capítulo 2 Coesão Textual por Encadeamento... 33
Recapitulando
Neste capítulo, vimos que a coesão textual é o que garantirá 
a disposição harmoniosa entre palavras, expressões, orações, 
períodos e parágrafos dentro do texto. Essa harmonia é esta-
belecida por mecanismos de coesão textual, entre eles, o en-
cadeamento de segmentos do texto pelo uso de articuladores. 
Esses articuladores garantem a organização e a progressão do 
texto, estabelecendo relações de sentido entre suas partes.
Atividades
 1. Observe as tirinhas abaixo e depois responda à questão.
 
A) B) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
: 
Fonte tirinha A: http://2.bp.blogspot.com/KlVJ0xRVcqo/TbVti-
sU1AFI/AAAAAAAAAEs/IjWpRHtg8dU/s1600/shapeimage_1.
png
34 Produção Textual
Fonte tirinha B: http://4.bp.blogspot.com/_ukWiWpvFUIU/
TMogWoEEEDI/AAAAAAAAAAk/Am_oV5ecqeo/s1600/
mafaldamaquina+clube+da+mafalda.jpg
Indique V para Verdadeiro e F para Falso, depois, marque 
a alternativa que indica a sequência correta das respotas.
( ) Tanto na tirinha A quanto na tirinha B há um articulador que 
expressa temporalidade.
( ) O articulador “se” expressa conformidade na tirinha A.
( ) Na tirinha B o articulador “como” estabelece o sentido de 
comparação.
( ) O articulador “portanto” na tirinha B estabelece o sentido 
de conclusão.
( ) Em uma das tirinhas há um articulador que estabelece sen-
tido de alternância.
a) V – V – V – F – F
b) V – F- V – V – V
c) V- F – V – V – F
d) F- F – V – V – F
e) F- V – V – V – F
 2. Marque a alternativa que possui um articulador de finali-
dade.
a) A divulgação dos resultados de testes internacionais 
de aprendizagem no Brasil costuma provocar tristeza, 
pois ocupamos as últimas posições do ranking.
Capítulo 2 Coesão Textual por Encadeamento... 35
b) Para apontar saídas para a crise na educação, foram 
contratados 17 especialistas de diversas áreas da Edu-
cação.
c) Quando o planejamento é definido sem unir teoria e 
prática, os resultados não aparecem na aprendizagem 
dos estudantes.
d) Em grande parte das escolas brasileiras há um coorde-
nador pedagógico para cada instituição, mas isso não 
garante que os problemas da educação sejam resolvi-
dos.
e) Como em qualquer atividade profissional, muitos são 
os motivos que levam um professor a se ausentar do 
trabalho.
 3. Qual das alternativas preenche adequadamente as lacu-
nas das orações abaixo? Observe as relações de sentido 
destacados nos parênteses.
a) Gabriela saiu de casa, ___________ esqueceu de le-
var o material. (articulador que expressa sentido de 
oposição).
b) _____________ a qualidade do ensino não melhorar, 
precisamos continuar na batalha. (articulador que ex-
pressa sentido de tempo).
c) __________ se certificar do sucesso da empreitada, 
inúmeras estratégias são válidas. (articulador que ex-
pressa sentido de finalidade).
36 Produção Textual
d) Ela sabe disso ______________ a professora. (articula-
dor que expressa sentido de comparação).
a) a – entretanto; b – porém; c – quando; d – mais que.
b) a – no entanto; b – assim que; c – afim de; d – mas.
c) a – enquanto; b – caso; c – para; d – tanto quanto.
d) a – todavia; b – enquanto; c – quando; d – para.
e) a – mas; b – enquanto; c – para; d – tanto quanto.
 4. Leia atentamente o trecho abaixo e depois responda à 
questão.
Embora tenha sido preso diversas vezes antes, Mandela já cumpria 
pena desde 1963 quando recebeu a sentença de prisão perpétua. Porém, 
com o passar dos anos, o mundo passou a se importar mais com a inad-
missível situação da África do Sul, que começou a receber sanções eco-
nômicas como forma de pressão para acabar com o apartheid. Em 1990, 
com o regime já enfraquecido, Mandela foi solto, depois de 27 anos no 
cárcere (...) O filme Invictus, dirigido por Clint Eastwood (...) tem como foco 
a história de Mandela (interpretado por Morgan Freeman) logo que ele as-
sume a presidência. (...) (Fonte: http://revistaescola.abril.com.br/historia/
pratica-pedagogica/foi-apartheid-africa-sul-533369.shtml)
É correto afirmar que o trecho acima apresenta
a) dois articuladores de oposição; dois articuladores de 
tempo; um articulador de finalidade.
b) quatro articuladores de oposição; um articulador de 
tempo; um articulador de finalidade; nenhum articula-
dores de adição.
Capítulo 2 Coesão Textual por Encadeamento... 37
c) um articuladorde oposição; dois articuladores de tem-
po; um articulador de finalidade; um articulador de 
adição.
d) dois articuladores de oposição; dois articuladores de 
tempo; nenhum articulador de finalidade; um articula-
dor de adição.
e) dois articuladores de oposição; nenhum articulador de 
tempo; um articulador de finalidade; um articulador 
de adição.
 5. Em qual das alternativas o articulador mas tem sentido de 
adição e não de oposição?
a) No Brasil, a escravidão foi abolida, mas mantivemos o 
estigma da cor.
b) Muitos negam já ter presenciado situações de discrimi-
nação no ambiente escolar, mas todos são unânimes 
em afirmar que existe racismo no Brasil.
c) Nem sempre o Brasil teve as diferentes etnias represen-
tadas nos currículos escolares do País, mas a situação 
mudou através da criação de leis especificas a esse 
respeito.
d) Lutar contra o preconceito não é uma responsabilida-
de só de quem é discriminado, mas sim uma decisão 
que precisa ser abraçada por todos.
e) Leis que incentivem o combate ao preconceito racial 
são importantes, mas é fundamental que as mudanças 
38 Produção Textual
da forma de ensinar partam do engajamento e com-
prometimento pessoal dos professores.
Referências bibliográficas
Dicionário Priberam, disponível em http://www.priberam.pt/
dlpo/default.aspx?pal=coes%C3%A3o, consulta realizada em 
21/02/2012
AZEREDO, José Carlos de. Gramática Houaiss da Língua Por-
tuguesa. 3ª ed. – São Paulo: Publifolha, 2010.
PERISSÉ, Gabriel. A arte da Palavra: como criar um estilo pes-
soal na comunicação escrita. São Paulo: Manole, 2003.
Gabarito
 1) c
 2) b
 3) e
 4) a
dois articuladores de oposição: embora e porém; dois arti-
culadores de tempo: quando e logo que; um articulador de 
finalidade: para
 5) d
Túria Sibéli Dieckov Ruiz
Capítulo 3
Coesão Textual 
por Retomada ou 
Antecipação de Termos
ÂÂNo capítulo anterior, estudamos a relação de senti-do que podemos estabelecer no texto ao fazermos 
uso dos articuladores. Além desse recurso, há também a 
possibilidade de retomarmos termos dentro do texto sem 
repeti-los. É o que veremos neste capítulo, analisando a 
coesão através do uso de anáforas, catáforas, sinôni-
mos, hipônimos e hiperônimos.
40 Produção Textual
Coesão textual por retomada de termos
Quando dizemos que podemos manter a coesão de um texto 
através da retomada de termos, estamos nos referindo à pos-
sibilidade de retomarmos termos dentro do mesmo texto sem 
precisar repeti-los. Vejamos o exemplo:
Exemplo:
O dentista Francisco Borges pediu que João Araújo entrasse em 
seu consultório. O dentista examinou João Araújo. O dentista 
alertou João Araújo que precisava cuidar mais dos dentes.
Quantas vezes o termo dentista se repetiu?
Quantas vezes o nome de João Araújo apareceu?
Qual a impressão que você teve ao ler o exemplo?
A coesão textual por retomada de termos tem como obje-
tivo fazer com que o texto não se torne prolixo, eliminando as 
repetições exaustivas de termos. Vejamos a reformulação do 
exemplo dado acima.
Exemplo:
O dentista Francisco Borges pediu que João Araújo entrasse em 
seu consultório. O doutor examinou o paciente e o alertou que 
precisava cuidar mais dos seus dentes.
Observou a diferença? Não há mais a repetição exaustiva 
de palavras. Através da substituição dos termos, proporciona-
Capítulo 3 Coesão Textual por Retomada ou Antecipação... 41
mos maior clareza e harmonia ao texto. Observe que o termo 
doutor refere-se ao dentista Francisco Borges e os termos o, 
paciente, e seu referem-se a João Araújo.
Esse tipo de coesão é também conhecido como Coesão 
Referencial. Nas palavras de Ingedore (KOCH, Ingedore Villa-
ça. A coesão Textual. Editora Contexto, São Paulo, SP, 2010, 
pg. 31), Coesão Referencial é “aquela em que um componente 
da superfície do texto faz remissão a outro(s) elemento(s) nela 
presentes ou inferíveis a partir do universo textual.” Ou seja, 
a coesão referencial é estabelecida quando uma palavra ou 
expressão é retomada por outro elemento dentro do próprio 
texto. Vamos ver como isso acontece em outro exemplo.
Que instrumentos podem ser utilizados na iniciação musical de 
crianças a partir dos 6 anos?
1 O primeiro e fundamental instrumento a ser usado na iniciação 
musical com 2 crianças é a própria voz. A experiência de cantar 
permite que elas desenvolvam 3 a percepção dos sons e de rit-
mo, ampliem o repertório e fiquem mais afinadas. 4 O professor 
deve fazer uma seleção interessante, com cantigas de roda e 5 
canções do repertório infantil e da música popular. O importante 
é oferecer o 6 que os pequenos ainda não conheçam para que a 
atividade seja estimulante. 7 Nessa fase, o uso de instrumentos de 
percussão também é importante, como o 8 triângulo, o pandeiro, 
o reco-reco, o chocalho e o coquinho. Com eles, ela fixa 9 no-
ções de ritmo e aprende sobre intensidade e timbre, entre outros 
parâmetros 10 sonoros. O professor também pode levar a turma 
para apresentações musicais 11 variadas, uma iniciativa capaz 
de motivar o aluno a escolher um instrumento 12 para estudá-lo.
Revista Escola, disponível em: http://revistaescola.abril.com.br/arte/pratica-
-pedagogica/instrumentos-podem-ser-utilizados-iniciacao-musical-criancas-
-partir-6-anos-558689.shtml
42 Produção Textual
Cada elemento destacado no texto retoma/refere-se à ou-
tra palavra ou expressão que já foi ou que será apresentada 
no texto. Vamos à análise:
Linha 2: elas= refere-se à palavra “crianças” (linha 2);
Linha 6: os pequenos = refere-se à palavra “elas” (linha 2);
Linha 6: a atividade = refere-se à expressão “iniciação mu-
sical” (linha 1);
Linha 8: eles = refere-se à palavra “instrumentos de per-
cussão” (linha 7);
Linha 8: ela = refere-se à palavra “turma” (linha 10);
Linha 11: iniciativa = refere-se à expressão “levar a turma 
para apresentações musicais variadas” (linhas 10 e 11);
Linha 12: -lo = refere-se à palavra “instrumento” (linha 11).
Essa referência pode ser feita tanto para “frente” quanto 
para “trás”, construindo uma anáfora ou uma catáfora. Ou 
seja, nomeiam-se anáforas as palavras que, dentro do texto, 
retomam elementos textuais já mencionados, sem repeti-los. 
Já quando as palavras se referem a um elemento que ainda 
será mencionado no texto, nomeiam-se catáforas.
Vamos ver como isso se articula nos exemplos.
a) A solução é esta, que todos sejam dispensados.
 A palavra esta se refere a algo que será dito no texto 
posteriormente: “que todos sejam dispensados”. Por-
tanto, é uma catáfora.
Capítulo 3 Coesão Textual por Retomada ou Antecipação... 43
b) O médico atendeu a paciente, ele disse que o seu 
estado é grave.
 Nesse exemplo, tanto o termo ele quanto a palavra seu 
referem-se a termos já mencionados anteriormente, ou 
seja, configuram-se como anáforas. Ele refere-se à 
palavra médico e seu refere-se à palavra paciente.
c) Dilma sanciona lei que cria nova aposentadoria para 
servidores. A presidente falou sobre o novo modelo 
com a imprensa.
 Nesse exemplo, a expressão “A presidente” refere-se 
a outro termo já mencionado anteriormente, sendo, 
portanto, uma anáfora da palavra Dilma.
As anáforas e as catáforas podem pertencer a classes gra-
maticais como pronomes, verbos, numerais e advérbios ou ser 
apenas um sinônimo do referente. Podemos, portanto, dividir 
esses mecanismos de coesão em, pelo menos, duas classes:
 1ª coesão por retomada através de uma palavra gramatical 
(uso de pronome, verbo, numeral, advérbio), ou
 2ª coesão por retomada através do uso de palavras lexicais 
(retomada de um termo por meio da sua substituição por 
um sinônimo ou expressão correspondente e uso de Hipe-
rônimos e Hipônimos).
 
 
 
44 Produção Textual
Voltemos aos exemplos anteriores.
a) Em “A solução é esta,que todos sejam dispensa-
dos”, a coesão acontece por retomada através de 
uma palavra gramatical. O pronome demonstrativo 
“esta” está retomando a expressão sublinhada.
b) Em “O médico atendeu a paciente, ele disse que 
o seu estado é grave”, a coesão acontece por re-
tomada através de palavras gramaticais. O pronome 
pessoal do caso reto “ele” retoma a palavra “médico” 
e o pronome possessivo “seu” retoma a palavra “pa-
ciente”.
c) Em “Dilma sanciona lei que cria nova aposenta-
doria para servidores. A presidente falou sobre o 
novo modelo com a imprensa”, a coesão acontece 
por retomada através de palavras lexicais. A expres-
são “A presidente” tem sentido correspondente ao 
termo que se refere e é utilizada para substituir a pa-
lavra Dilma.
Vamos analisar com mais detalhes como a coesão por re-
tomada através de uma palavra lexical pode acontecer.
1º Uso de sinônimo ou expressão 
correspondente.
Conforme vimos no exemplo anterior, a retomada através de 
palavras sinônimas ou expressões correspondentes auxilia na 
garantia da coesão textual. Afinal, ao substituir uma palavra 
Capítulo 3 Coesão Textual por Retomada ou Antecipação... 45
por outra sinônima, podemos nos referir ao mesmo termo di-
versas vezes dentro do mesmo texto sem repeti-lo. Vejamos o 
exemplo.
Exemplo:
Juliana Roberts atendeu Pedro às 14h. A doutora teve, primeira-
mente, uma longa conversa com a mãe do garoto. Contou que 
a participação da família seria essencial no processo de recupe-
ração do trauma que o paciente sofreu. A psicóloga alertou que 
a presença dos pais nas consultas ajudaria no desenvolvimento 
físico e cognitivo do paciente.
Observe que há duas personagens que seguidamente são 
retomadas no texto. A primeira é Juliana Roberts e a segunda 
personagem é Pedro. Todos os termos que a eles se referem 
são palavras sinônimas ou expressões correspondentes. Veja-
mos:
O uso de palavras sinônimas garante a não repetição dos 
mesmos termos dentro do texto, evitando que ele se torne can-
sativo.
46 Produção Textual
2º Uso de Hipônimos e Hiperônimos
Vejamos primeiramente a definição de Hipônimos e Hiperônimos.
Definições segundo o Dicionário Priberam:
Hipônimo: [Linguística] Diz-se de ou palavra que, em relação à 
outra com significado mais geral ou abrangente, tem um signi-
ficado mais específico (ex.: rosa e gladíolo são hipônimos.hipôni-
mos de flor)
Hiperônimo: Diz-se de ou palavra que, em relação à outra ou 
outras com significado mais específico, tem um significado mais 
geral ou abrangente (ex.: flor é hiperônimo.hiperônimo de rosa e 
gladíolo).
Ou seja, palavras Hipônimas são aquelas que se rela-
cionam pelo sentido dentro de um conjunto, ligando-se por 
afinidades, características de certo grupo. Já as palavras Hi-
perônimas são aquelas que nomeiam, incluem os hipônimos. 
Vejamos alguns exemplos.
Hipônimos Hiperônimos
batata, cenoura, chuchu, beterraba etc. legumes
abacaxi, mamão, melancia, ameixa, banana etc. frutas
catapora, meningite, conjuntivite etc. doenças
azul, amarelo, verde, vermelho, roxo etc. cores
cachorro, gato, tubarão, macaco, borboleta etc. animais
cachorro, gato, baleia, macaco etc. mamíferos
Capítulo 3 Coesão Textual por Retomada ou Antecipação... 47
E como podemos fazer uso desse recurso para garantir a 
coesão dentro do texto? É o que vamos ver agora, observe.
A importância do lúdico no desenvolvimento da criança.
O brinquedo é oportunidade de desenvolvimento. Brincando, a 
criança experimenta, descobre, inventa, aprende e confere ha-
bilidades. Além de estimular a curiosidade, a autoconfiança e a 
autonomia, proporciona o desenvolvimento da linguagem, do 
pensamento e da concentração e atenção. (...) Um bichinho 
de pelúcia pode ser um bom companheiro. Uma bola é um 
convite ao exercício motor, um quebra – cabeças desafia a in-
teligência e um colar faz a menina sentir-se bonita e importante 
como a mamãe. Enfim, todos são como amigos, servindo de 
intermediários para que a criança consiga integrar-se melhor.
Maria do Rosário Silva Souza, disponível em: http://www.saudevidaonline.
com.br/artigo68.htm
Nesse texto, há a presença de um hiperônimo (brinquedo) 
que determina uma classe de objetos e de quatro hipônimos 
(bichinho de pelúcia, bola, quebra-cabeças e colar) que estão 
inseridos na categoria “brinquedo” e partilham de determina-
das características que os inclui, mesmo sendo objetos diferen-
tes, na mesma classe.
Na prática
Para encerrarmos este capítulo, faremos uma análise parcial 
de um texto para você ter como modelo. Nessa análise, des-
tacaremos os principais elementos coesivos, indicando tanto 
48 Produção Textual
os articuladores, vistos no Capítulo 1, quanto as anáforas e 
catáforas estudadas no Capítulo 2. Além dos elementos indi-
cados, procure outros que estão presentes e dê continuidade 
à análise.
Autoridade autoritária
Ao entrar em sala após o intervalo, para dar aula no 8º ano, o professor 
depara-se com brincadeiras comuns entre os adolescentes. Alguns imitam os 
outros e remedam gestos e falas. Borrachinhas e papéis voam na busca de 
alvos móveis que tentam se defender com cadernos e livros. Outros três jogam 
uma bolsa para lá e para cá, entre eles, enquanto uma garota tenta pegá-
-la, pedindo em vão para que a devolvam e parem com aquela “brincadeira 
idiota”. Assim, entre risadas e protestos, o professor dá um grito exigindo que 
parem, manda devolver a bolsa para a aluna, ameaça colocar um ou dois 
para fora da sala e rapidamente os estudantes se sentam e fazem silêncio.
Pouco depois, no decorrer da explicação, um celular toca e o professor ordena 
que o aparelho seja entregue. O dono diz que tinha se esquecido de acionar 
o modo silencioso, que “foi mal” e que não iria entregá-lo. O professor insiste, 
dizendo que eram as regras da escola, ameaçando enviar um bilhete aos pais 
e encaminhar o garoto à direção. O aluno responde que ele não tem esse di-
reito e, exaltado, insulta-o. Diante disso o professor expulsa o garoto da sala, 
que se retira dizendo um palavrão entre os dentes. Disfarçadamente, alguns 
colegas conferem se os celulares estão devidamente silenciados.
Estudos indicam que os professores empregam quase 1/3 do tempo de aula 
administrando conflitos interpessoais. Em uma pesquisa, acompanhamos inú-
meras escolas visando compreender quais eram as concepções sobre essas 
situações e, em decorrência delas, quais intervenções eram feitas. A maioria 
dos educadores consultados concebe os conflitos como negativos e danosos 
ao bom andamento das relações, sentindo-se inseguro, angustiado ou irritado 
quando se depara com casos de furto, dano ao patrimônio, agressão... E os 
esforços são empregados em três direções.
A primeira é evitar os conflitos. Para isso, elaboram-se regras e mais regras. 
(...). Dessa maneira, a escola promove a regulação exterior e esquiva-se da 
responsabilidade educativa, de formar os futuros cidadãos de nossa socieda-
de... Por certo, onde precisamos de controle, de vigilância, significa que não 
há Educação.
Capítulo 3 Coesão Textual por Retomada ou Antecipação... 49
Análise dos principais elementos coesivos do 
texto “autoridade autoritária”
a) Articuladores e as relações de sentido que estabele-
cem no texto
 Â Para: articulador que estabelece uma relação de condi-
ção.
 Â Enquanto: articulador que estabelece uma relação de 
temporalidade.
 Â Diante disso: articulador que estabelece uma relação de 
conclusão.
A segunda direção é a contenção. Desse modo, os educadores “terceirizam” o 
problema transferindo-o para o diretor ou o orientador, para a família, para os 
especialistas; procuram soluções prontas; utilizam punições e censuras vexató-
rias; incentivam a delação; culpabilizam; admoestam; associam a obediência 
à regra ao temor da autoridade, aomedo da punição, da censura e da perda 
do afeto. Esses mecanismos de controle – utilizados cotidianamente na es-
cola – funcionam temporariamente. Mas, além de reforçar a heteronomia, 
agravam o problema.
Uma terceira direção é ignorar os conflitos quando eles ocorrem entre os 
alunos, como aquelas presenciadas pelo professor, na descrição do início des-
te artigo. Várias pesquisas têm mostrado que a escola considera mais grave 
o embate com a autoridade, ou seja, quando se trata de indisciplina. Se a 
transgressão não atinge o professor, é vista como brincadeira da idade ou 
desavença de menor importância. Não nos surpreende quando encontramos 
essa mesma crença entre jovens de diferentes idades, que consideram pior 
desrespeitar um professor do que um colega. Como se vê, o problema não é 
o desrespeito a uma pessoa (qualquer que seja) e sim à determinada pessoa. 
Longe de pensar nos princípios das suas ações morais, tais alunos e educado-
res parecem acreditar que a regra existe em função de uma autoridade.
Trecho extraído do texto “Autoridade Autoritária” de Telma Pileggi Vinha, disponível em:
http://revistaescola.abril.com.br/crianca-e-adolescente/comportamento/autoridade-autorita-
ria-504466.shtml
50 Produção Textual
 Â Por certo: articulador que estabelece uma relação de 
conclusão.
 Â Mas: articulador que estabelece uma relação de oposi-
ção.
 Â Além de: articulador que estabelece uma relação de 
adição.
 Â Quando: articulador que estabelece uma relação de 
temporalidade.
 Â Se (linha 35): articulador que estabelece uma relação de 
condição.
b) Anáforas e Catáforas e os mecanismos de coesão pe-
los quais são utilizados
 Â Alguns e os outros: anáforas que retomam “os adoles-
centes” (linha 2). Coesão por retomada através do uso 
de palavras gramaticais: alguns e outros são pronomes 
indefinidos.
 Â Eles: anafórico que retoma “três” (linha 4). Coesão por 
retomada através do uso de palavra gramatical: eles é 
pronome pessoal.
 Â -la: anafórico que retoma a palavra “bolsa” (linha 4). 
Coesão por retomada através do uso de palavra grama-
tical: -la é pronome pessoal.
 Â Aluna: anafórico que retoma a palavra “garota” (linha 
4). Coesão por retomada através do uso de palavra le-
Capítulo 3 Coesão Textual por Retomada ou Antecipação... 51
xical (substituição lexical), aluna é uma substituição de 
garota.
 Â Aparelho: anafórico que retoma a palavra “celular” (li-
nha 9). Coesão por retomada através do uso de palavra 
lexical (relação de hiponímia e hiperonímia), celular é 
hipônimo de aparelho.
 Â Ele: anafórico que retoma a palavra “aluno” (linha 12). 
Coesão por retomada através do uso de palavra grama-
tical: ele é pronome pessoal.
 Â Educadores: anafórico que retoma a palavra “professo-
res” (linha 12). Coesão por retomada através do uso de 
palavra lexical (substituição por sinônimo), educadores 
é sinônimo de professores.
 Â Esses mecanismos de controle: expressão anafórica que 
retoma “ utilizam punições e censuras vexatórias; incen-
tivam a delação; culpabilizam; admoestam; associam a 
obediência à regra ao temor da autoridade, ao medo da 
punição, da censura e da perda do afeto”. Coesão por 
retomada através do uso de palavra lexical (substituição 
por expressão correspondente), “esses mecanismo de 
controle” é uma expressão de sentido equivalente para a 
lista apresentada de atitudes de controle exercidas pelos 
professores.
 Â Que: anafórico que retoma a palavra “jovens” (linha 
37). Coesão por retomada através do uso de palavra 
gramatical: que é pronome relativo.
52 Produção Textual
Ao final deste capítulo, é importante que você, caro alu-
no, observe de que forma o uso dos elementos coesivos pode 
ajudá-lo na construção de uma redação. Como mencionado 
no Capítulo 2, a escrita nos rodeia dia a dia, e, certamente, 
você faz uso dela com frequência. Como acadêmico, você 
deverá se preocupar em desenvolver essa habilidade. Nesses 
dois capítulos inicias, analisamos uma série de fatores que 
o auxiliarão na construção de textos, por isso, ao escrever, 
procure colocar em prática o uso desses elementos e seja o 
primeiro leitor do seu próprio texto, analisando de que forma 
você distribuiu os articuladores e como os referentes estão ou 
não presentes em sua produção.
Recapitulando
Neste capítulo estudamos a Coesão Referencial, um segundo 
mecanismo que pode garantir a coesão textual entre palavras, 
expressões, orações, períodos e parágrafos dentro do texto. O 
uso de anáforas, catáforas e repetições através da presen-
ça de sinônimos, hipônimos e hiperônimos também garante a 
organização e a progressão do texto, evitando que o texto se 
torne prolixo pela repetição exaustiva dos termos. Encerramos 
o capítulo fazendo uma análise parcial de um texto, unindo os 
conteúdos estudados neste capítulo e no anterior.
Capítulo 3 Coesão Textual por Retomada ou Antecipação... 53
Atividades
 1. Observe a tirinha abaixo e depois responda:
 
 
http://clientes.interconect.com.br/pontes/photo/CharlesBrown_AD1C/
minduim_thumb.jpg 
 
 
 
 
 
Indique V para Verdadeiro e F para Falso e depois marque 
a alternativa que indique a sequência correta das respostas.
( ) “Elas”, no segundo quadrinho, retoma “pessoas” do pri-
meiro quadrinho.
( ) “Isso”, no quarto quadrinho, retoma “pessoas nos carros” 
do primeiro quadrinho.
( ) “Isso”, no quarto quadrinho, é uma anáfora do trecho “tem 
de ir trabalhar até o fim da vida delas”.
a) V, F, V.
b) V, F, F.
c) V, V, V.
d) F, V, V.
e) V, V, F.
54 Produção Textual
Observe o texto abaixo e, em seguida, responda às ques-
tões 2 e 3.
Viagens supersônicas a planetas distantes. Lutas com gorilas. 
Bebês que sobem sozinhos no lustre. Cenas como essas só 
acontecem em filmes, livros e desenhos animados – ou na fala 
de uma criança pequena que conta sobre sua vida. Ficção e re-
lato de experiências vividas são gêneros diferentes, mas, nos pri-
meiros anos de vida, é comum que se combinem nas narrativas 
infantis, como apontou a linguista Maria Cecília Perroni no livro 
Desenvolvimento do Discurso Narrativo. Segundo ela, no entan-
to, esse recurso não deve ser entendido como um problema de 
falta de clareza entre o real e o imaginado. Ao contrário: é pre-
ciso encará-lo como um dos elementos mais importantes para 
o desenvolvimento cognitivo e afetivo dos pequenos. O que se 
testemunha nesse tipo de construção é justamente o nascimento 
do discurso narrativo – uma das principais estruturas de expres-
são de qualquer pessoa e uma essencial troca comunicativa.
Fonte:http://revistaescola.abril.com.br/educacao-infantil/0-
-a-3-anos/tem-monstro-meio-historia-489258.shtml
 2. No trecho “Ao contrário: é preciso encará-lo como um 
dos elementos mais importantes...” (linha 8), o ele-
mento sublinhado retoma que termo do texto?
a) “Bebês que sobem sozinhos no lustre” (linhas 1 e 2).
b) “...filmes, livros e desenhos animados” (linha 2).
c) “...esse recurso...” (linha 7).
d) “...o imaginado...” (linha 8).
e) “... um problema”(linha 7).
Capítulo 3 Coesão Textual por Retomada ou Antecipação... 55
 3. Os termos “essas” (linha 2), “sua” (linha 3) e “ela” 
(linha 6) retomam, respectivamente,
a) Cenas (linha 2); criança pequena (linha 3) e linguista 
Maria Cecília Perroni (linha 6).
b) Viagens supersônicas a planetas distantes. Lutas com 
gorilas. Bebês que sobem sozinhos no lustre (linha 1 e 
2); criança pequena (linha 3) e linguista Maria Cecília 
Perroni (linha 6).
c) Cenas (linha 2); criança pequena (linha 3) e narrativas 
infantis (linha 5).
d) Bebês que sobem sozinhos no lustre (linha 1); criança 
pequena (linha 3) e linguista Maria Cecília Perroni (li-
nha 6).
e) Viagens supersônicas a planetas distantes. Lutas com 
gorilas. Bebês que sobem sozinhosno lustre (linha 1 e 
2); fala (linha 3) e linguista Maria Cecília Perroni (linha 
6).
 4. Em qual dos elementos destacados há coesão por re-
tomada através do uso de sinônimo?
a) O que os professores querem realmente dizer aos pais 
é que eles não devem repassar à escola suas respon-
sabilidades na educação dos filhos.
b) Há relatos de professores contestados por pais porque 
atribuíram uma nota baixa a um aluno, ou por tê-lo 
repreendido por comportamento não adequado.
56 Produção Textual
c) Os professores sabem que sempre haverá a interferên-
cia da família na escola, a harmonia entre as partes é 
valiosa para a educação, nesse processo, os educa-
dores têm um papel fundamental.
d) É importante que os pais sejam informados sobre a 
linha pedagógica em que seu filho estuda.
e) O contato entre escola e pais deve ser constante, se 
necessário, a instituição deve convidá-los para uma 
conversa.
 5. Em qual das alternativas abaixo ocorrem hipônimos 
de profissão?
a) Carro, barco, automóvel.
b) Maçã, laranja, pêssego.
c) Ciclismo, tênis, basquetebol.
d) Pescador, médico, piloto.
e) Sabiá, corruíra, pintassilgo.
Referências bibliográficas
KOCH, Ingedore Villaça. A coesão textual. Editora Contexto, 
São Paulo, SP, 2010.
Dicionário Priberam. Disponível em: http://www.priberam.pt/
dlpo/
Capítulo 3 Coesão Textual por Retomada ou Antecipação... 57
FÁVERO, Leonor Lopes. Coesão e coerência textuais. Editora 
Atica, SP, 2004.
Gabarito
 1. a
 2. c
 3. b
 4. c
 5. d
Dr. Ítalo Ogliari
Capítulo 4
Coerência Textual
ÂÂNeste capítulo, após conhecermos e compreendermos aquilo que chamamos de coesão textual, discutire-
mos outro ponto fundamental para a boa escrita: a co-
erência. Não é novidade, sempre que temos o intuito de 
aprimorar nossa escrita, deparamo-nos com esses termos. 
Basta que nos lembremos de nosso tempo de escola ou de 
qualquer manual de redação que logo vem à lembrança 
as famosas coesão e coerência textual.
Capítulo 4 Coerência Textual 59
Prévio debate
Sendo a coesão, como estudamos, o próprio cuidado que de-
vemos ter ao escrever, utilizando um vocabulário amplo, rico 
em anafóricos, com uma linguagem econômica, com períodos 
bem elaborados, entre tantos outros pré-requisitos que tam-
bém fazem parte do jogo da escrita, a coerência é a própria 
lógica interna do texto (a construção de sentido no que se está 
tratando, com ideias bem colocadas e organizadas). A coesão 
e a coerência andam sempre juntas, por isso sempre são assim 
abordadas.
Se por um lado temos de ter um texto bem cuidado formal-
mente (ser coeso, objetivo, conciso, enxuto, preciso, dizendo o 
máximo com o mínimo), por outro lado devemos ter bons ar-
gumentos, conhecimento prévio sobre o tema, o que garante 
o sentido do que estamos debatendo.
Muitos acreditam que aquela pessoa que possui um bom 
texto, que redige bem, com clareza e desenvoltura, com bons 
argumentos, faz isso sem esforço, como se brotasse natural-
mente dela. Mas não é bem assim. Quem escreve bem tem, 
por trás, anos de prática, como quem toca um instrumento 
musical com maestria. De acordo com Lucília Garcez, autora 
do livro Técnicas de redação – o que é preciso saber para es-
crever bem:
Escrever é uma das atividades mais complexas que o ser 
humano pode realizar. Faz rigorosa exigência à memória 
e ao raciocínio. A agilidade mental é imprescindível para 
que todos os aspectos envolvidos na escrita sejam articu-
60 Produção Textual
lados, coordenados, harmonizados de forma que o texto 
seja bem sucedido. (2002, p. 3)
Isso tudo porque há, no ato da escrita, duas principais tare-
fas a serem cumpridas; ou melhor, um bom texto está dividido 
pelo sucesso de dois elementos, de dois grandes componentes: 
o tema (aquilo que está sendo escrito) e a forma (como aquilo 
está sendo expresso, organizado), o que fica sob responsabili-
dade da coerência, aliada sempre, claro, à coesão. Mas como 
podemos compreender melhor o que é ser coerente?
Definindo melhor a ideia de coerência
Não só o dia a dia em nosso ambiente de trabalho, o que é 
bem comum acontecer, mas a própria vida em geral nos exige, 
constantemente, que tenhamos a capacidade de expor ideias 
e de dar opiniões seguras; e pede que façamos isso, tanto na 
forma escrita quanto oral, com propriedade. É assim que nos-
sas ideias são aceitas e que nos tornamos convincentes. Não 
é através de um e-mail ou projeto longo e mal redigido que 
você conseguirá fazer com que sua proposta seja bem vista 
dentro de sua empresa, por seu chefe, ou mesmo dentro de 
sua escola.
Como a escrita é feita para ser lida e compreendida a dis-
tância, sem que o autor esteja junto no ato da leitura, expli-
cando determinadas coisas, sua elaboração exige uma orga-
nização precisa, clara, para que o leitor consiga compreender 
perfeitamente o que desejamos passar. Para isso (por não haver 
intervenções orais, gestos, tom de vozetc.), as relações entre as 
Capítulo 4 Coerência Textual 61
ideias colocadas “no papel” devem ser muito bem articuladas 
entre si. E é esta articulação entre as ideias, encaixando umas 
nas outras e dando um desenvolvimento lógico para o texto, 
podendo ser compreendido com lucidez ao longo da leitura, 
sem que o foco seja perdido, que chamamos de coerência: 
nada mais do que o poder de ser perfeitamente compreendido 
através da escrita, o que exige também, por consequência, 
conhecimento por parte do autor.
Por isso, produzir um texto de qualidade é requisito indis-
pensável para um bom profissional, independente de sua área 
de atuação. É sinal de que ele está seguro sobre o que dis-
serta. Quanto mais sabemos sobre um assunto, mais temos 
objetividade e vamos direto ao ponto, sem enrolar ou fugir do 
tema proposto: o que acontece frequentemente nas inúmeras 
dissertações problemáticas de concursos e vestibulares.
De acordo com Othon Garcia, em seu conhecido livro Co-
municação em prosa moderna (1988, p. 274), as falhas mais 
graves das redações estão na falta de ideias e em sua má 
concatenação. Aquele que não tem o que dizer escreve real-
mente mal, isso porque não consegue, da mesma forma, pôr 
em ordem seu pensamento.
A coerência do texto deriva de sua lógica interna, resul-
tante dos significados que sua rede de conceitos e re-
lações põe em jogo, mas também da compatibilidade 
entre essa rede conceitual – o mundo textual – e o conhe-
cimento de mundo de quem processa o discurso. (VAL, 
2004, p. 6)
62 Produção Textual
Vejamos, agora, para elucidar o que estamos afirmando, 
dois pequenos exemplos.
Texto coerente
O primeiro passo do caminho para uma melhoria da quali-
dade da Educação Básica brasileira é conhecer e entender o 
seu atual contexto. Para isso, devemos avaliar cada lugar a 
partir de suas peculiaridades, em um processo que passa pela 
região, pelo estado e município, chegando, por fim, à escola.
Texto com problemas de coerência
O primeiro passo do caminho para uma melhoria da qualida-
de da Educação Básica brasileira é conhecer e entender o seu 
atual contexto. Mas para isso, é preciso que os governantes 
também olhem para o contexto de seus governos. Não temos 
nem saúde nem saneamento básico em nossas cidades, sem 
falar na mídia, que nada nos ensina.
Observe como, no primeiro caso, o texto mantém-se em 
um mesmo foco, falando da importância de se conhecer e en-
tender o atual contexto do ensino brasileiro para que se possa 
melhorá-lo. E, para isso, o autor afirma que se deve chegar 
a cada lugar de forma individualizada, desde a região até a 
escola em si.
Capítulo 4 Coerência Textual 63
No segundo texto, veja como ele inicia com a mesma pro-
posta (falando da importância de se conhecer e entender o 
atual contexto do ensino brasileiro, para que se possa me-
lhorá-lo), mas logoparte para outro ponto, direcionando o 
debate para questões ligadas ao governo, que até caberiam se 
fosse um texto dissertativo completo, talvez em um parágrafo 
específico para isso. No entanto, depois, no período seguinte, 
o foco é novamente trocado, e questões como qualidade de 
vida, ligadas à saúde e saneamento básico, são colocadas em 
pauta, fugindo completamente da ideia primeira, finalizando, 
ainda, com uma crítica à mídia, que até então nada tinha a 
ver com o debate.
O maior problema de um texto sem uma coerência em 
suas ideias, é que se aborda de tudo um pouco e, ao mesmo 
tempo, não se trata de nada de forma mais concreta, com o 
mínimo de fôlego para que houvesse tempo de uma verdadei-
ra abordagem do assunto. Isso sem falar que um texto com 
ideias problemáticas torna-se, às vezes, não só desconexo, 
mas repetitivo, já que o autor, não tendo o que dizer, aborda 
um mesmo ponto com palavras diferentes, em voltas que não 
saem do mesmo lugar.
Outro ponto a ser notado, falando em repetições, são 
aquelas de palavras, o que denota um vocabulário pobre, em 
que o embaraço sobre o que se está debatendo acarreta ques-
tões não só de coerência, mas também de coesão, como no 
trecho: “... entender o seu atual contexto. Mas para isso, é 
preciso que os governantes também olhem para o contexto de 
seus governos.
64 Produção Textual
Por fim, podemos definir, dessa forma, coerência como 
foco, como a trajetória segura que as ideias fazem dentro de 
um texto e que dá, ao leitor, a perfeita possibilidade de com-
preendê-lo.
Como faço para ser coerente?
Como viemos discutindo ao longo deste capítulo, para que es-
crevamos de maneira coerente, é importante ter em mente que 
uma construção textual deve ser formada de um todo compre-
ensível e que, para isso, o autor deve saber encaixar as peças 
do texto e dar um sentido completo a ele. Assim, a primeira 
dica é lembrar que as palavras, apesar de possuírem seu senti-
do individual, criam novos sentidos, quando são relacionadas 
entre si. E a mesma lógica vale para as frases e para os pará-
grafos. Estando essas relações feitas da maneira adequada, a 
mensagem é compreendida com sucesso, senão, haverá falha 
na comunicação. As ideias devem dialogar, sendo uma a con-
tinuação da outra. A coerência, dessa forma, é o resultado da 
não contradição entre as palavras, as frases e os parágrafos 
de um texto. Pelo contrário: coerência é harmonia de sentidos.
Devido a isso, outra boa dica, para sermos coerentes na-
quilo que estamos dizendo, é mantermos os devidos cuidados 
com os conceitos das palavras. As palavras possuem significa-
dos que, se forem pensadas de forma equivocada pelo autor 
de um determinado texto, poderão ser aplicadas de maneira 
errônea, gerando um desacordo na comunicação. Para Maria 
da Graça Costa Val, autora do livro Redação e textualidade, 
Capítulo 4 Coerência Textual 65
“um discurso é aceito como coerente quando apresenta uma 
configuração conceitual compatível com o conhecimento de 
mundo do recebedor” (2004, p. 6).
Além do mais, é fundamental, para uma boa textualidade, 
que se leve em conta importantes características de estilo, tais 
como concisão, clareza, harmonia. São esses elementos que 
norteiam a compreensão imediata durante o ato da leitura de 
um texto, fazendo-o fluir com naturalidade diante dos olhos 
do leitor.
Podemos dizer que um texto conciso caracteriza-se por ex-
pressar apenas o essencial, evitando explicações óbvias e que 
não tenham pertinência com o assunto. Isso vem ao encon-
tro da praticidade moderna. Já um texto com clareza evita a 
imprecisão de vocabulário, o excesso intercalações, as ambi-
guidades no emprego de possessivos e relativos. Também se 
preocupa com a pontuação correta entre outros aspectos. Por 
outro lado, um texto harmonioso é aquele que se apresenta 
com elegância e soa bem aos ouvidos, evitando rimas, caco-
fonias, repetição de palavras etc.
Embora possa parecer uma obviedade, cabe ainda ressal-
tar que a correção gramatical também constitui um elemento 
de importância básica, tanto para a boa escrita quanto para a 
compreensão eficaz de um texto. Erros de natureza gramatical 
podem, inclusive, induzir um receptor de um texto a compre-
ender erroneamente seu sentido.
Por fim, a dica mais importante é lembrar que nunca sere-
mos bons escritores, independente do estilo do texto, sem que 
sejamos, antes, excelentes leitores. Um texto só é bem escrito 
66 Produção Textual
se seu autor domina, no mínimo, o tema que está debatendo, 
isso tudo sem contar que o hábito da leitura faz com que você 
escreva bem até mesmo sem perceber, pois lhe dá um amplo 
vocabulário e inúmeras possibilidades de articulação textual.
Recapitulando
Neste capítulo, o qual teve como principal objetivo ser um 
complemento do anterior, estudamos e conhecemos melhor 
aquilo que chamamos de coerência textual. Isso por termos 
visto que não existe um texto coerente sem haver coesão ou vi-
ce-versa. Ficou claro: ser coerente é estar atento à construção 
de sentido no que se está falando, com ideias bem colocadas 
e organizadas, e produzir um texto de qualidade é requisito 
indispensável para um bom profissional, independente de sua 
área de atuação. E lembre-se: para sermos coerentes, precisa-
mos saber do que estamos falando. Quanto mais conhecemos 
o assunto sobre o qual dissertamos, mais objetividade temos, 
sem enrolar ou fugir do tema proposto.
Atividades
Sem voltar ao texto, mas apenas relembrando o que foi lido 
neste capítulo, realize esta atividade, composta de 5 questões 
objetivas. Lembre-se de que, nas quatro primeiras questões, 
existe apenas uma única alternativa correta para cada questão.
 1. Leia –as seguintes afirmações.
Capítulo 4 Coerência Textual 67
I – Podemos dizer que a coerência textual está ligada à cons-
trução de sentido no que se está tratando dentro de um texto, 
com ideias bem colocadas e organizadas.
II –Não podemos afirmar que um texto coerente é automatica-
mente um texto que tenha coesão.
III – Podemos dizer que um texto coeso é automaticamente um 
texto coerente.
Agora, com base no que foi lido, assinale a alternativa 
correta.
a) Somente a afirmativa I está correta.
b) Somente a afirmativa II está correta.
c) Somente as afirmativas I e II estão corretas.
d) Somente as afirmativas II e III estão corretas.
e) Todas as afirmativas estão corretas.
 2. Assinale a alternativa correta.
a) Um texto só é coerente quando necessita de interven-
ções orais e gestos por parte do autor para que possa 
ser perfeitamente compreendido.
b) A pessoa que possui um bom texto, com clareza, de-
senvoltura e com bons argumentos, faz isso sem esfor-
ço, o texto brota naturalmente dela.
c) Quanto mais sabemos sobre um assunto, mais longo 
e complexo é nosso texto.
68 Produção Textual
d) Podemos definir a coerência textual como a trajetória 
segura que as ideias fazem dentro de um texto e que 
dá ao leitor a possibilidade de compreendê-lo.
e) Uma palavra, dentro de um texto, quando unida a ou-
tras, mantém seu significado, que é único sempre, in-
dependente do contexto.
 3. Com base no parágrafo que segue, assinale a alternativa 
correta.
O homem contemporâneo, através das redes sociais, 
desenvolve uma nova maneira de avaliar sua felicidade, 
comparando sua vida e suas conquistas com as alheias. 
Da mesma forma que busca o outro como espelho para 
si, expõe-se ingenuamente. E assim, o cotejo segue, fa-
zendo de tal prática algo rotineiro em nosso tempo.
a) O parágrafo mostra-se coerente, mas sem coesão.
b) O parágrafo mostra-se coeso, mas com problemas em 
sua coerência.
c) O parágrafo mostra-se sem coesão e coerência.
d) O parágrafo mostra-se coeso e coerente.
e) O parágrafo mostra-se incompleto, mas coerente.
 4. Maria da Graça CostaVal, ao afirmar que “um dis-
curso é aceito como coerente quando apresenta uma 
Capítulo 4 Coerência Textual 69
configuração conceitual compatível com o conheci-
mento de mundo do recebedor”, diz que
a) a perfeita compreensão do texto pelo autor, ao escre-
ver, implica que o leitor também o entenderá.
b) o responsável pela coerência de um texto é o recebe-
dor, que deve ter conhecimento de mundo.
c) um texto só é coerente quando um leitor, mesmo total-
mente despreparado para aquele tema, compreende 
exatamente tudo o que o autor disse.
d) um autor deve escrever um texto que não contenha seu 
conhecimento de mundo, pois ele pode ser diferente 
do conhecimento de mundo do leitor.
e) a leitura de um texto nada mais é do que um diálogo, 
por isso não só a gramática deve ser respeitada, mas 
os conceitos e os significados das palavras.
 5. Para um texto ser coerente, de acordo com nossos estudos, 
é preciso que ele seja composto por
a) ideias concatenadas.
b) ideias em sequência lógica.
c) ideias fragmentadas.
d) ideias óbvias.
e) ideias limitadas.
70 Produção Textual
Referências bibliográficas
GARCEZ, Lucília H. do Carmo. Técnicas de redação: o que é 
preciso saber para escrever bem. São Paulo: Martins Fon-
tes, 2002.
GARCIA, Othon. Comunicação em prosa moderna. Rio de Janeiro: 
FGV, 1988.
VAL, Maria da Graça Costa. Redação e textualidade. São Pau-
lo: Martins Fontes, 2004.
Gabarito
 1. c
 2. d
 3. d
 4. e
 5. a, b
Almir Mentz
Capítulo 5
O Parágrafo-padrão e a 
Estrutura Dissertativa
ÂÂNos capítulos anteriores, caro leitor, foram abordados três aspectos fundamentais, para que a redação de 
textos seja bem-sucedida e para que a qualidade lhe seja 
garantida. O primeiro capítulo diz respeito à leitura. O 
segundo, por sua vez, refere-se aos elementos de coesão 
textual, como referentes e anafóricos, além, é claro, do 
emprego dos articuladores das ideias abordadas no texto. 
Por fim, o terceiro desenvolve a articulação dos sentidos 
e o poder de persuasão, a fim de dar lógica ao texto e 
manter-se preso ao eixo temático.
72 Produção Textual
Neste capítulo, serão abordados os pontos referentes à pro-
dução de texto dissertativo. A dissertação será tratada como 
uma macroestrutura, isto é, como uma estrutura globalizada, 
que apresenta um fio condutor sobre o mesmo tema. Nele 
serão feitas algumas considerações que devem ser observadas 
no momento em que o enunciador se expressar, efetivamente, 
através de um texto escrito.
Escrever é refletir. Quando o futuro escritor decide produzir 
um texto dissertativo, cabe-lhe, inicialmente, determinar o tema 
sobre o qual dissertará. Para tanto, é preciso ter consciência de 
que o tema escolhido tem de ser de domínio, de conhecimento 
de quem o escreve. Esse conhecimento é adquirido através de 
leituras escolares e de experiências concretas. Através do texto, 
portanto, o seu autor expressa seus pensamentos em torno de 
determinado tema e faz a relação entre quem comunica por 
escrito e aquilo que está sendo comunicado.
Dissertar é discorrer sobre determinado assunto que está 
relacionado à questão cultural, como Ciência, Técnica, Arte, 
Filosofia..., é posicionar-se diante de uma dada ideia com ca-
ráter universal, abstrato, científico. A exposição dessas ideias 
deve ser feita impessoalmente. Supõe-se, através da disserta-
ção, o exame crítico de uma questão. Nessa tipologia textu-
al, o autor do texto pode defendê-la ou questioná-la através 
da apresentação de argumentos, que podem ser organizados 
com base em dados precisos, em observações e pesquisas fun-
damentadas. Tais argumentos devem ser adequados à inten-
ção que o autor tem ao redigir o texto dissertativo. Ao escolher 
essa tipologia, o autor deve ter consciência de que trata de um 
texto que traz, em sua essência, o intuito de transmitir infor-
Capítulo 5 O Parágrafo-padrão e a Estrutura Dissertativa 73
mações e de convencer o leitor das ideias apresentadas pela 
linguagem escrita.
A linguagem deve obedecer à norma culta. Isso significa 
que, nesse tipo de texto, podemos empregar períodos com-
postos. É evidente, entretanto, que o uso de períodos simples 
e, por conseguinte, mais curtos são mais impactantes em mo-
mentos relevantes da tecelagem do texto. Frases pouco ex-
tensas são tão importantes, que podem, por vezes, exercer o 
papel de articulador. Além disso, as palavras são utilizadas 
com o seu real sentido, isto é, exploram o sentido denotativo 
dos vocábulos. Figuras de linguagem são impróprias ao texto 
de cunho dissertativo. Contudo, quando empregadas, devem 
auxiliar na defesa de determinada ideia.
Estrutura do parágrafo-padrão
Em relação à estrutura do parágrafo e do texto dissertativo, 
essa compreende três partes: introdução, desenvolvimento e 
conclusão. Nesse tipo de texto, o parágrafo deve ser organiza-
do e ordenado em torno de uma ideia central. O texto é bem 
construído quando as ideias secundárias obedecem a uma se-
quência lógica e à coerência entre elas. A primeira deve conter 
a delimitação do assunto e o objetivo que o autor tem, ao 
escrever o texto sobre o tema escolhido. Delimitar o assunto é 
apresentar a ideia-núcleo, que deve ser elaborada sintética e 
objetivamente, enfim, sem floreios. A introdução deve ser bem 
elaborada, a fim de despertar interesse, vontade de o suposto 
leitor realizar efetivamente a sua leitura.
74 Produção Textual
Um dos maiores prazeres que o ser humano pode pro-
porcionar a si próprio está caracterizado no ato de viajar. 
Por mais radicada que uma pessoa possa ser no lugar 
onde nasceu, ela sempre alimenta curiosidades sobre 
outras paragens. Uma criança, de cinco a seis anos, 
que nasce à margem de um rio, já pergunta sobre o que 
existe do outro lado, o que há por detrás daquela coli-
na além da outra margem. É neste desejo inato de ver, 
ouvir, conhecer e experimentar, associado à primitiva ne-
cessidade de buscar novas fontes de sobrevivência, que 
se pode identificar a causa da disseminação da espé-
cie humana pelo planeta. Mesmo com o surgimento da 
agricultura e das consequentes sociedades e civilizações 
sedentárias, aquele desejo remoto de ver o que há “lá 
longe”, continua a atrair cada vez mais pessoas. Eis aí as 
causas primárias do turismo moderno, fortalecidas pelo 
progresso, pela tecnologia e pelo contínuo crescimento 
das diversas economias globalizadas, alavancando cada 
vez mais indivíduos à classe média e consumista. (Casti-
lho Schneider)
Uma composição textual de ideias deve manter uma uni-
dade entre elas, mesmo que essas sejam secundárias. Na ver-
dade, o que é vital para a constituição de um texto extenso, 
como o formado por mais de um parágrafo, ou mais breve (de 
5 a 8 períodos), como aquele organizado por apenas um pa-
rágrafo, é a relação entre as ideias através do sentido expresso 
por elas. É, pois, o caso do parágrafo acima que apresenta 
unidade entre suas ideias. A essa estrutura, mais breve, deno-
minamos parágrafo-padrão. Da mesma forma, como deve 
ocorrer, quando temos a intenção de nos comunicarmos por 
Capítulo 5 O Parágrafo-padrão e a Estrutura Dissertativa 75
escrito, pelo uso de textos mais longos, é preciso seguir alguns 
passos antes mesmo de proceder efetivamente à redação. Em 
primeiro lugar, devemos escolher o assunto. Posteriormente, 
faz-se necessário delimitá-lo, isto é, devemos nos ater a um ou 
dois aspectos sobre o assunto escolhido. Por fim, o autor do 
parágrafo deve definir o seu objetivo, de acordo com o texto 
que produzirá.
No que se relaciona à estrutura do parágrafo, é necessário 
ter em mente a mesma estrutura de um texto com vários pa-
rágrafos. A primeira frase do parágrafo apresenta o assunto, 
acompanhado de sua delimitação, bem como o objetivo que 
o autor tem ao redigi-lo. Temos, então, o tópico-frasal,que é 
a introdução do parágrafo. Após ter definido o tópico-frasal, 
selecionam-se as ideias que devem estar ligadas intimamente 
à delimitação do assunto. A última parte que compõe o pará-
grafo-padrão é a conclusão. Concluir não é repetir o que já 
foi dito. É, no entanto, acrescentar uma ideia ou uma opinião 
de forma coesa e coerente. Disso tudo, o mais relevante é re-
conhecer que, embora pequeno estruturalmente, o parágrafo-
-padrão tem o mesmo valor que um texto com mais de um 
parágrafo e cumpre sua função na sociedade.
Estrutura dissertativa
Qualquer texto dissertativo compreende, pois, três partes: in-
trodução, desenvolvimento e conclusão. Assim como no pará-
grafo-padrão, a primeira deve delimitar o assunto e estabele-
cer o objetivo que o autor tem ao escrever. A delimitação do 
76 Produção Textual
assunto consiste em apresentar a ideia-núcleo, que deve ser 
elaborada com clareza e objetividade, ou seja, sem rodeios. 
A introdução deve ser bem elaborada, a fim de assegurar o 
interesse do leitor até o final do texto.
Nos últimos tempos, o acesso à Educação cresceu, mas, 
a despeito dessa boa notícia, a qualidade do ensino não 
melhorou. Há uma década, a porcentagem de cidadãos 
considerados plenamente alfabetizados permanece inal-
terada: 26%, segundo o Indicador de Alfabetismo Fun-
cional (Inaf), realizado pelo Instituto Paulo Montenegro 
e pela ONG Ação Educativa, em São Paulo. O levan-
tamento avalia, por meio de uma prova, as habilidades 
de leitura, escrita e Matemática da população entre 15 e 
64 anos. A classificação prevê quatro níveis: analfabetis-
mo, alfabetismo rudimentar, básico e pleno. Os resulta-
dos divulgados em 2012 também revelam boas (embora 
discretas) notícias, como a queda de 39% para 27% do 
número de analfabetos funcionais – categoria que reúne 
os níveis analfabeto e alfabetismo rudimentar. (FONTE: 
Revista Nova Escola, nº 254, Agosto 2012, p. 92).
Como você já deve ter estudado no capítulo anterior, o 
texto deve ser coerente e coeso. A segunda parte, o desen-
volvimento, tem de seguir, rigorosamente, a direção escolhida 
e apresentada na introdução. Assim, as ideias devem ser se-
lecionadas e organizadas lógica e adequadamente, a partir 
das mais gerais para as mais particulares, isto é, segue um 
método dedutivo (como no silogismo). Nesse momento, o nú-
mero de parágrafos construídos não obedece à norma rígida. 
É possível desenvolver tantos parágrafos quantos forem neces-
Capítulo 5 O Parágrafo-padrão e a Estrutura Dissertativa 77
sários, para que a ideia-núcleo (tese) seja bem fundamentada. 
Aconselha-se, porém, que se utilize apenas um parágrafo para 
cada argumento.
Ao analisar a fundo esses dois cenários – a estagnação 
de uma categoria e o decréscimo de outra -, é possível 
afirmar que estamos fazendo a lição de casa pela me-
tade. “Com a ampliação do acesso à escola, damos às 
pessoas a possibilidade de sair da condição de analfa-
betismo e chegar ao nível básico, mas não garantimos 
os meios para que elas atinjam o patamar pleno de al-
fabetização. Só a qualidade do ensino pode impulsio-
nar esse salto”, diz Ana Lúcia Lima, diretora executiva 
do Instituto Paulo Montenegro. A previsão para o futuro 
não é animadora. Os resultados do Inaf indicam que, se 
continuarmos com as atuais políticas públicas de Educa-
ção, não vamos avançar: não poderemos contar com o 
boom nas matrículas de anos atrás, que ajudou a mudar 
os dados. (FONTE: Revista Nova Escola, nº 254, Agosto 
2012, p. 92).
A terceira e última parte, a conclusão, retoma a ideia-nú-
cleo apresentada na introdução e desenvolvida a partir do se-
gundo parágrafo do texto. Nessa etapa, as ideias do desenvol-
vimento são recapituladas, e os argumentos expostos de forma 
concisa durante o texto são fechados. A dissertação pode ter 
como conclusão uma síntese, além de poder trazer uma solu-
ção para aquilo que o texto traz durante o desenvolvimento.
Para erradicar o analfabetismo absoluto nos próximos 
dez anos, reduzir pela metade o número de analfabetos 
78 Produção Textual
funcionais (como prevê o Plano Nacional de Educação 
– PNE, ainda em tramitação no Congresso Nacional) e 
garantir que mais gente alcance o nível pleno, é preciso 
melhorar a qualidade do ensino regular e dar atenção à 
Educação de Jovens e Adultos (EJA). Essa modalidade é 
a chance para quem não pode estudar e segue puxando 
o Inaf para baixo. (FONTE: Revista Nova Escola, nº 254, 
Agosto 2012, p. 92).
Ainda em relação à produção de texto dissertativo, é pre-
ciso que façamos algumas considerações a partir do que Luiz 
Carlos Travaglia nos apresenta em relação a essa tipologia 
textual e o ensino de língua.
Em relação à perspectiva do produtor do texto, o conhe-
cimento é imprescindível, para que o texto possa realmente 
cumprir com o seu papel fundamental: a comunicação. O 
enunciador, sob essa ótica, deve demonstrar competência 
comunicativa através do domínio do tema que desenvolverá, 
além de saber utilizar recursos linguísticos, a fim de produzir 
efeitos de sentido adequados para a situação de interação co-
municativa. O enunciador não faz parte do texto, ao contrário 
do que pode acontecer na descrição no que diz respeito ao 
espaço; tampouco age, faz acontecer, já que não está inseri-
do, em especial, no tempo de uma narração. Na dissertação, 
o autor do texto abstrai-se, pois, do tempo e do espaço.
É importante lembrar que o interlocutor é alguém que tem 
um pensamento, uma visão acerca do assunto que está sen-
do analisado. Por isso, quando o produtor textual decide se 
expressar por escrito, deve, antes de mais nada, escolher a 
tipologia própria para o objetivo que deseja alcançar. Quando 
Capítulo 5 O Parágrafo-padrão e a Estrutura Dissertativa 79
disserta, ele reflete sobre o assunto traçado no tópico-frasal. 
Não apenas isso. Também explica, avalia e conceitua o tema 
sobre o qual pretende comunicar algo, bem como expõe suas 
ideias, para demonstrar conhecimento daquilo que escreve. 
O enunciador faz associações sobre o que analisa durante a 
tessitura do texto.
No texto, o tempo é relevante. Podemos verificar o tempo 
referencial ou o tempo da enunciação. O primeiro é o tempo 
da ocorrência no mundo real em sua sucessão cronológica. O 
segundo, por outro lado, trata do momento da produção ou 
da recepção do texto que pode ou não coincidir com o refe-
rencial. É possível, portanto, que o tempo da enunciação seja 
posterior, simultâneo ou anterior. Enfim, observamos que textos 
dissertativos são presentes e, raramente, passados.
Os aspectos teóricos acima apontados podem ser observa-
dos a partir do texto abaixo, extraído da Zero Hora. Observe-
mos, então:
Ficha mais limpa
A Justiça se revela mais rigorosa em relação às exigências de 
moralidade na política do que o próprio Congresso através da 
ficha limpa. Na última semana, o Tribunal Superior Eleitoral 
(TSE) decidiu que a chamada Lei da Ficha Limpa valerá para 
todos os candidatos condenados por crimes graves em órgãos 
colegiados, incluindo casos nos quais a condenação seja an-
terior à sanção da lei, em 4 de junho. Prevaleceu, portanto, a 
80 Produção Textual
tese de que o Direito Eleitoral deve proteger a moralidade, e 
evitou-se assim o risco de o novo instrumento se tornar inócuo.
Mesmo levado a agir de alguma forma por um projeto de 
iniciativa popular apresentado em setembro do ano passado 
com o respaldo de 1,3 milhão de assinaturas, o Congresso 
vinha desde então hesitando em atender ao clamor popular. A 
aprovação só ocorreu depois do abrandamento do texto, que 
limitou o impedimento do registro de candidatura apenas para 
condenados em última instância. Mesmo assim, o Senado ain-
da tentou um recurso semântico para abrandar as exigências, 
mudando o tempo verbal “os que tenham sido”, como saiu 
da Câmara, para “os que forem”condenados. Felizmente, na 
interpretação do TSE, prevaleceu a tese do relator da con-
sulta sobre o projeto Ficha Limpa, ministro Cláudio Versiani, 
de que a causa da inelegibilidade incide sobre a situação do 
candidato no momento do registro, com prazo até 5 de julho. 
Como argumentou o relator, não se trata de perda de direito 
político, de punição, pois inelegibilidade não constitui pena. A 
condenação é que, por si só, sob esse ponto de vista, impede 
alguém de sair em busca de voto.
As razões ainda não foram suficientes. Foi preciso avançar. 
Somente o corporativismo dos políticos é capaz de justificar 
a necessidade de a Justiça Eleitoral se pronunciar, impedindo 
o registro de candidaturas que os próprios partidos deveriam 
vetar, em respeito aos eleitores. Confrontada com a exposição 
de sucessivos descalabros na política e na administração pú-
blica de maneira geral, a sociedade brasileira tem razões de 
sobra para se mostrar cada vez menos tolerante com práticas 
do gênero. Com essa manifestação da Justiça, perdem alguns 
Capítulo 5 O Parágrafo-padrão e a Estrutura Dissertativa 81
políticos que, a partir da ampliação do alcance da Lei, ficarão 
impedidos de concorrer em outubro e deverão, por isso, ten-
tar derrubar a norma. Em compensação, ganham os eleitores, 
pois assim correrão menos riscos de eleger quem tem contas a 
acertar com a Justiça. Esse é o tipo de deformação que só se 
mantinha pelo fato de ter sido associada a políticos a ideia de 
impunidade e pela insistência de muitos deles em buscar votos 
para garantir imunidade ou tratamento privilegiado.
O projeto que o TSE se encarregou de tornar um pouco 
mais rigoroso pode não ser abrangente o suficiente para as 
necessidades do país e não confere 100% de garantia ao elei-
tor de estar optando por um candidato ético. Diante da falta 
de disposição dos parlamentares em se mostrarem mais rigo-
rosos, entretanto, constitui um alento na luta pela moralização. 
Predominou, pois, a vontade do povo, a fim de corrigir mais 
uma das deformações da política brasileira. FONTE: ZERO 
HORA (Adaptado para este estudo).
Caro leitor, podemos perceber, no tópico-frasal, o assunto 
sobre o qual o autor do texto “Ficha mais limpa” fará uma 
reflexão sobre o assunto “Ficha Limpa” cuja abordagem dada 
trata do aspecto da moralidade na política brasileira. Essa é 
função primordial do tópico-frasal, que, nesse exemplo, está 
expresso claramente. Após a leitura do período inicial, é possí-
vel que saibamos como o texto será desenvolvido.
Para escrever bem, pressupõe-se conhecimento do autor 
sobre o tema cultural, ou seja, um tema a respeito da Política. 
No exemplo que estamos analisando, verificamos que quem 
produziu o texto tem domínio em torno do assunto escolhido. 
82 Produção Textual
Ainda estamos em período de eleições municipais. O tema é 
atual e, por essa razão, provavelmente desperte interesse do 
potencial leitor. Tem sido muito discutido em meios de comuni-
cação, como televisão, rádio e jornais. Observa-se que o au-
tor do texto apropriou-se do tema, através do que é veiculado 
nesses meios.
Nele, há um posicionamento sobre o tema. Com o objetivo 
de dar sustentação às suas ideias, o autor busca dados con-
cretos e exatos, que são divulgados pela mídia. Como detentor 
do conhecimento necessário para o seu objetivo, ele transmite 
ao leitor informações que garantem ao texto veracidade. As-
sim, o autor demonstra consciência sobre o seu real papel na 
sociedade.
No que tange à linguagem, no texto predomina o emprego 
da linguagem padrão. Através da linguagem direta, o texto 
parte de aspectos gerais, como a questão da moralidade po-
lítica a partir da aprovação e implantação da Lei da Ficha 
Limpa, e, posteriormente, o texto progride pela análise de pon-
tos particulares, como o fato que limitou o impedimento do 
registro de candidatura apenas para condenados em última 
instância e a causa da inelegibilidade que incide sobre a situa-
ção do candidato no momento do registro. Com exceção dos 
dois períodos iniciais do terceiro parágrafo, em todos os de-
mais, certificamo-nos de que os períodos são mais elaborados 
e mais complexos, por conseguinte. Isso não os torna menos 
importantes. Ao contrário, eles exercem a função articulatória 
das ideias apresentadas anteriormente às que serão desenvol-
vidas durante o parágrafo por eles introduzido. Enfim, o valor 
Capítulo 5 O Parágrafo-padrão e a Estrutura Dissertativa 83
semântico das palavras utilizadas no texto é real, pois cada 
vocábulo nele empregado tem sentido denotativo.
A estrutura textual obedece às normas. O primeiro pará-
grafo apresenta, através do primeiro período, o tema e a abor-
dagem sobre a qual o texto discorrerá, isto é, o autor escolheu 
“Ficha Limpa” como temática sob a ótica da moralização po-
lítica no Brasil.
O segundo parágrafo desenvolve a ideia-núcleo do primei-
ro. Nele são apontados aspectos que fundamentam a apro-
vação e aplicação da Lei da Ficha Limpa como fatores para 
a moralização da política nacional. Mostrou que houve uma 
queda de braço entre o Senado e o Tribunal Superior Eleitoral. 
Embora houvesse dois lados sobre a Lei, os que estavam a 
favor e os que estavam contra, “prevaleceu a da inelegibilida-
de que incide sobre a situação do candidato no momento do 
registro”. Dessa forma, o texto apresenta coerência entre as 
ideias apresentadas na introdução e no primeiro parágrafo de 
desenvolvimento.
O terceiro parágrafo ainda desenvolve a ideia expressa 
pelo tópico-frasal. O autor julga o argumento do parágra-
fo anterior inconsistente. Por essa razão, apresenta novo ar-
gumento: o corporativismo político. Isso ocorre pelo choque 
entre o valor moral e a prática na política e na administração 
pública. Os brasileiros ansiavam por uma solução para essa 
situação. Em vista disso, portanto, a Lei da Ficha Limpa foi 
aprovada.
O último parágrafo expressa a conclusão das ideias ex-
postas no texto. Nele, o autor retoma a ideia de que, embora 
84 Produção Textual
essa Lei não garanta ao eleitor a certeza de estar escolhendo 
um candidato sério, o primeiro passo foi dado, em busca da 
moralização política brasileira.
O autor do texto demonstra conhecimento sobre o assunto 
“Ficha Limpa”, pois o apresenta clara e objetivamente e nos 
aponta a abordagem que pretende lhe dar. Dessa forma, a 
elaboração da ideia-núcleo contempla os aspectos relevantes 
para a informação ao leitor, além de despertar o seu interesse 
pela leitura do mesmo. A competência comunicativa do enun-
ciador pode ser observada no decorrer do texto, haja vista o 
emprego linguístico adequado, bem como o uso dos recursos, 
como articuladores e anafóricos, a fim de lhe dar a exata rela-
ção de sentido desejada. Além disso, o produtor não participa 
do texto, isto é, não faz parte das ações e das situações expres-
sas no decorrer do contexto linguístico. Sob essa perspectiva, 
o texto desempenha, portanto, sua função comunicativa com 
primazia.
Quanto à seleção da tipologia textual, pode-se dizer que 
a escolha foi apropriada para o objetivo traçado pelo enun-
ciador. Esse texto faz uma reflexão sobre a situação atual da 
política nacional, sob o ponto de vista de garantir ao eleitor 
a possibilidade de eleger candidatos éticos e, consequente-
mente, assume o compromisso com a moralidade na política 
brasileira. Para tanto, utiliza informações sobre o significado 
da expressão “Ficha Limpa” no contexto atual, além, é claro, 
de buscar a sua origem, o objetivo de sua criação e de lançar 
mão de dados estatísticos. Verifica-se, pois, que a dissertação 
é o tipo de texto próprio para o que pretendia o autor, já que 
o contexto linguístico que o autor produziu tem a função in-
Capítulo 5 O Parágrafo-padrão e a Estrutura Dissertativa 85
formativa sobre determinado assunto (Ficha Limpa)e reflexiva 
sobre a sua criação em forma de Lei, para que proteja a so-
ciedade brasileira de pessoas cuja índole e ética apresentem 
deturpações.
O texto em estudo é presente. Tanto no que concerne à 
temática e à ótica, é possível relacionar o que o enunciador 
analisa no texto ao que, de fato, está acontecendo no mo-
mento da produção e da recepção do texto. Nesse caso, o 
autor do texto faz parte do grupo social que exige mudanças 
para coibirem o abuso de pessoas que se candidatam a algum 
cargo político ou público com a finalidade de usufruírem dos 
benefícios que dele possam advir e, por essa razão, assume o 
papel de formador de opiniões através da tipologia escolhida.
Através do texto FICHA MAIS LIMPA, extraído da Zero Hora, 
pudemos estudar questões refrentes ao texto dissertativo. Vi-
mos, pois, que essa tipologia textual é adequada quando pre-
tendemos analisar e interpretar dados da realidade por meio 
de conceitos abstratos. Isso acontece quando fazemos referên-
cia ao mundo real por intermédio de conceitos mais amplos, 
de generalizações, que são abstraídos do tempo e do espaço 
(1995). O texto dissertativo tem, portanto, caráter abrangente.
Recapitulando
Este capítulo teve como objetivo o de orientar os acadêmicos 
e demais interessados pelo assunto no que tange à produção 
de texto dissertativo.
86 Produção Textual
Dele fizeram parte algumas revisões teóricas gerais con-
cernentes à linguagem e à estrutura, que deverão orientar os 
acadêmicos durante a redação dos textos analíticos, críticos 
informativos, isto é, textos dissertativos que poderão ser solici-
tados pelo professor ou exigidos fora do contexto escolar.
Na sequência, abordou o desenvolvimento do caráter dis-
sertativo dos textos. Por considerar a linguagem parte do texto, 
este estudo apresentou os pontos que devem ser observados na 
tecedura do texto: objetividade, clareza e concisão das ideias.
Além dessa ênfase, este capítulo teve como proposta a rea-
lização, detalhada, da análise de um texto dissertativo.
Atividades
 1. As condições de bem-estar e de comodidade nos gran-
des centros urbanos são reconhecidamente precárias por 
causa, sobretudo, da densa concentração de habitantes 
em um espaço que não foi planejado para alojá-los. Com 
isso, praticamente todos os polos da estrutura urbana fi-
cam afetados: o trânsito é lento; os transportes coletivos, 
insuficientes; os estabelecimentos de prestação de serviço, 
ineficazes.
I – O texto acima é dissertativo, pois interpreta e analisa dados 
da realidade.
II – O texto é dissertativo, ainda que não haja nessa tipologia 
textual progressão temporal entre os enunciados, pois há rela-
Capítulo 5 O Parágrafo-padrão e a Estrutura Dissertativa 87
ção lógica entre eles, fator que impede a alteração da sequ-
ência deles.
III – O texto é considerado dissertativo, pois é um texto temáti-
co, cujo objetivo é o de analisar e o de interpretar as transfor-
mações na estrutura das grandes cidades.
IV – O texto é narrativo, pois é um texto ficcional e figurativo.
V – O texto é descritivo, pois, através do emprego de adjetivos, 
transmite uma imagem negativa dos grandes centros urbanos.
Sobre o texto acima é correto dizer que
a) estão corretas as afirmações I e V.
b) todas as afirmações estão corretas, exceto a III.
c) está correta apenas a afirmação II.
d) todas as afirmações estão incorretas.
e) estão corretas as afirmações I, II e II.
 2. Leia as afirmativas abaixo, para responder à questão cor-
retamente.
I – Tem personagens, cenário e enredo.
II – Transmite conhecimentos e destina-se a instruir e a con-
vencer.
III – Analisa e discute um ponto de vista.
IV – Apenas narra fatos cronologicamente organizados.
88 Produção Textual
Sobre dissertação é correto afirmar que
a) apenas a afirmação I está correta.
b) apenas a afirmação IV está correta.
c) todas as afirmações estão corretas.
d) somente as afirmações II e III estão corretas.
e) todas as afirmações estão incorretas.
 3. Assinale a alternativa que apresenta um texto dissertativo.
a) O brasileiro, nos últimos anos, tem revelado uma 
profunda descrença nas instituições políticas do país. 
Vários fatores têm concorrido para isso. Entre eles, 
pode ser citada a incapacidade do governo de con-
trolar a impunidade dos que fazem mau uso do di-
nheiro público.
b) “Eis São Paulo às sete da noite. O trânsito caminha 
lento e nervoso. Nas ruas, pedestres apressados se 
atropelam. Nos bares, bocas cansadas conversam, 
mastigam e bebem em volta das mesas. Luzes de tons 
pálidos incidem sobre o cinza dos prédios.”
c) “Eram sete horas da noite em São Paulo e a cidade 
toda se agitava naquele clima de quase tumulto típi-
co dessa hora. De repente, uma escuridão total caiu 
sobre todos como uma espessa lona opaca de um 
grande circo. Os veículos acenderam os faróis altos, 
insuficientes para substituir a iluminação anterior.”
Capítulo 5 O Parágrafo-padrão e a Estrutura Dissertativa 89
d) “Os lindos cabelos negros refluíam-lhe pelos ombros 
presos apenas com o aro de ouro que cingia-lhe a 
opulenta madeixa; o pé escondia-se em um pantufo 
de cetim que às vezes beliscava a orla da anágua, 
como um travesso beija-flor.”
e) “Era um casarão clássico das antigas casas negreiras. 
Assobradado, erguia-se em alicerces o muramento, de 
pedra até meia altura e, dali em diante, pau-a-pique. 
Esteios de cabriúva entremostravam-se, picados a 
enxó, nos trechos donde se esboroara o reboco. Jane-
las e portas em arco, de bandeiras em pandarecos. Pe-
los interstícios da pedra, amoitavam-se samambaias, 
fases de noruega, avenquinhas raquíticas. Em um 
cunhal, crescia anosa figueira, enlaçando as pedras 
na terrível cordoalha tentacular. À porta da entrada ia 
ter uma escadaria dupla, com alpendre e parapeito 
esborcinado.”
 4. Escreva V ou F, conforme sejam verdadeiras ou falsas as 
afirmações abaixo.
( ) O futuro autor de um texto dissertativo adquire o co-
nhecimento necessário sobre o assunto que pretende 
discorrer através de leituras escolares e de experiências 
concretas.
( ) Dissertar é discorrer sobre determinado assunto, é po-
sicionar-se diante de uma dada ideia com caráter uni-
versal, abstrato e científico, cuja exposição das ideias 
deve ser feita impessoalmente.
90 Produção Textual
( ) Na dissertação, as palavras são utilizadas com o sen-
tido figurativo, isto é, explora o sentido conotativo dos 
vocábulos.
( ) Na dissertação, a introdução deve conter a delimita-
ção do assunto e o objetivo que o autor tem ao escre-
ver o texto sobre o tema escolhido.
( ) No texto dissertativo, as ideias devem ser selecionadas 
e organizadas lógica e adequadamente, a partir das 
mais gerais para as mais particulares.
A sequência obtida é
a) F, F, F, V e V.
b) V, V, F, V e V.
c) V, V, V, F e F.
d) V, F, F, F e V.
e) F, V, V, V e F.
 5. Escreva V ou F, conforme as afirmações sejam verdadeiras 
ou falsas.
( ) O texto dissertativo apresenta na sua elaboração a 
função referencial da linguagem, pois centraliza-se na 
intenção de transmitir ao leitor dados da realidade de 
forma direta e objetiva.
( ) Na função referencial, o texto é escrito predominan-
te em primeira pessoa, a fim de que sua escritura se 
mantenha sempre impessoal.
Capítulo 5 O Parágrafo-padrão e a Estrutura Dissertativa 91
( ) As figuras de linguagem devem ser evitadas em textos 
dissertativos; no entanto, quando usadas moderada-
mente constituem-se em valiosos recursos expressivos.
( ) A frase “O trabalhador brasileiro, em sua maioria, re-
cebe salário mensal que tem como ponto referência a 
chamada Cesta Básica” tem cunho dissertativo, pois 
trata de assunto da realidade social e utiliza a lingua-
gem direta.
A sequência obtida é
a) V, V, V e V.
b) F, F, F e F.
c) V, F,V e V.
d) V, V, F e F.
e) F, F, V e V.
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92 Produção Textual
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FIORIN, José Luiz & SAVIOLI, Francisco Platão. Para entender o 
texto: leitura e redação. São Paulo: Ática, 1995.
Gabarito
 1. e
 2. a
 3. d
 4. b
 5. c
Almir Mentz
Capítulo 6
Texto Argumentativo
ÂÂNo capítulo anterior, prezado aluno, você estudou os aspectos referentes à produção de textos dissertati-
vos. Na sequência do estudo relativo à construção textual, 
veremos pontos importantes sobre o texto argumentativo.
94 Produção Textual
Argumentar é procurar convencer e persuadir. É o direito 
que temos de exercer a cidadania através da linguagem, so-
bretudo da linguagem escrita, a partir da demonstração da 
competência linguística. Em textos que podem ser encontrados 
em revistas e jornais, em discursos políticos e textos publicitá-
rios, ou ainda em textos redigidos sob quaisquer outras situa-
ções do quotidiano, tem-se como objetivo influenciar o leitor, 
a fim de que o mesmo aceite determinados pontos de vista. Em 
tal situação, busca-se que o leitor aceite determinada propos-
ta, por exemplo, através da utilização de razões, evidências, 
justificativas, ou até mesmo, por apelos emocionais.
Tradicionalmente, conhecemos como forma de argumenta-
ção o que chamamos silogismo. Ele é composto de premis-
sas, explícitas ou não, e de uma conclusão.
Exemplo: Todos os homens são mortais. Sócrates é homem.
Logo, Sócrates é mortal.
O raciocínio acima serve como exemplo para o que disse-
mos anteriormente. O silogismo nele apresentado é formado 
por três proposições: a premissa maior, a premissa menor e a 
conclusão.
As formas de argumentação são diversas. Podem ir de um 
simples questionamento a uma complicada hipótese. Não im-
porta. O que vale aqui é ter consciência de que tudo pode ser-
vir como argumento: desde um fato já de domínio público até 
uma situação do dia a dia poderão desencadear a base para a 
construção de um argumento. Aquilo que já é conhecido e que 
também pode ser suficientemente desencadeador, evidenciado 
Capítulo 6 Texto Argumentativo 95
por determinada situação do dia a dia, pode ser o ponto de 
partida para a construção de um argumento. À premissa cabe 
estar alicerçada em fatos de maneira que todo e qualquer lei-
tor possa aceitá-los como verdade. Segundo Mário Vilela e 
Ingedore Villaça Koch (2001), temos alguns exemplos desses 
dados considerados como adquiridos:
 Â determinadas constatações, como: Este novo escân-
dalo é mais uma prova de que o poder corrompe;
 Â determinadas verdades tidas como irrefutáveis, como: 
a democracia é um péssimo processo de exercício do 
poder, mas não há outro melhor;
 Â determinados valores que são indiscutíveis, como as 
ideias de justiça, de liberdade e de igualdade perante 
a lei etc.;
 Â determinados lugares comuns (= topoi), como: O es-
forço deve ser recompensado riqueza não traz felici-
dade etc. (página 546)
Esses são alguns exemplos de verdades que podem ser 
consideradas universais, pois a essência delas é múltipla. Em 
grande parte das vezes, encontramos uma mescla de tipos de 
textos. Podemos ter narração ou descrições em dissertações, 
ou os três em apenas um texto. No entanto, haverá a predomi-
nância de uma sobre as demais.
Quando alguém escreve e pretende que o leitor tenha em 
suas palavras a verdade, que as tenha como corretas e que 
também acredite nelas, encontramos o texto argumentativo. 
Contudo, a estrutura argumentativa estará presente tão-
-somente quando houver relação entre o tópico-frasal, os ar-
96 Produção Textual
gumentos e a conclusão. Então, com isso, temos a certeza de 
que a condição sine qua non, para que tenhamos um texto 
argumentativo, é a relação entre os termos estruturais.
Além disso, são imprescindíveis para o texto argumentativo 
marcadores gramaticais e marcadores de coesão e de co-
erência. Tais marcas estão diretamente ligadas aos verbos e à 
construção sintática e, por conseguinte, à semântica da frase.
Em relação às marcas gramaticais, isso significa dizer que 
a presença do verbo ser na construção de proposições é fun-
damental. Ademais, também é importante o uso de verbos que 
possibilitem a construção da relação causa e efeito, como 
causar, originar, ocasionar, suscitar..., além, é claro, de cer-
tos dicendi verba que designam ações de comunicação lin-
guística (como dizer, responder, afirmar, declarar, considerar, 
implicar, alegar, assegurar...). Em alguns estudos linguísticos., 
são também conhecidos como verbos declarativos. Em textos 
argumentativos, prefere-se o tempo presente, pois seu valor 
é amplo, é universal. Acerca do emprego de frases, os mais 
comuns para textos argumentativos são asserção ou a inter-
rogação (desde que no texto ela seja respondida pelo autor), 
e nunca frases imperativas.
De sua parte, no entanto, os marcadores de coesão e de 
coerência textuais indicam a ordenação dos argumentos e a 
sua respectiva conexão. Tal ordenação é marcada pelo em-
prego de conectores, como já que, assim, posto que, por con-
seguinte...
Capítulo 6 Texto Argumentativo 97
A partir do trecho abaixo do Sermão da Sexagésima, ve-
rificaremos alguns dos aspectos já abordados neste capítulo 
em torno da construção do texto argumentativo.
[...] O sermão há de ser de uma só cor, há de ter um só 
objecto, um só assunto, uma só matéria.
Há de tomar o pregador uma só matéria, há de defini-la 
para que se conheça, há de dividi-la para que se distin-
ga, há de prová-la com a Escritura, há de declará-la com 
a razão, há de confirmá-la com o exemplo, há de ampli-
ficá-la com as causas, com os efeitos, com as circunstân-
cias, com as conveniências que se hão de seguir, com os 
inconvenientes que se devem evitar, há de responder às 
dúvidas, há de satisfazer às dificuldades, há de impugnar 
e refutar com toda a força da eloquência os argumentos 
contrários, e depois disto há de colher, há de apertar, há 
de concluir, há de persuadir, há de acabar. Isto é sermão, 
isto é pregar; e o que não é isto, é falar de mais alto. 
Não nego nem quero dizer que o sermão não haja de ter 
variedade de discursos, mas esses hão de nascer todos 
da mesma matéria e continuar e acabar nela. (Sermão 
da Sexagésima. In: Pe. Antônio Vieira. Org. Alcir Pécora. 
Os Sermões. São Paulo: Hedra, 2000.)
Primeiramente, notamos que o texto apresenta uma das 
qualidades primordiais: a unidade. Através dela, percebemos 
que a riqueza de argumentos deve estar centralizada em um 
tema apenas, isto é, não é possível empregar argumentos di-
versos tematicamente, pois, nesse caso, o texto trataria de tudo 
e de nada ao mesmo tempo.
98 Produção Textual
Outro ponto que o fragmento aborda é o fato de que o 
texto deve ser completo em sua estrutura, ou seja, deve con-
ter introdução, desenvolvimento e conclusão. Isso ainda diz 
respeito, é claro, à questão da unidade. O texto tem de tratar 
sobre o mesmo assunto, o mesmo tema, sem que seja um 
emaranhado temático. Além disso, o texto de Pe. Antônio Viei-
ra nos alerta para um recurso fundamental na argumentação: 
o uso de citações de outros autores, por exemplo, a fim de 
comprovara tese apresentada. A isso chamamos argumento 
de autoridade, que dá ao texto argumentativo mais sustenta-
bilidade.
Vieira, o produtor desse texto, estabelece correlações lógi-
cas, a fim de relacionar causas e efeitos daquilo que está sen-
do afirmado e de lhe dar coerência entre suas partes compo-
nentes. Assim, a organização lógica das ideias apresentadas 
no texto torna-o persuasivo, isto é, realmente convincente. É, 
portanto, o emprego da coerência textual.
A partir do pensamento de Vieira, ainda podemos apreender o aspecto 
de que argumentos contraditórios devem ser refutados. O fato de um texto 
abordar um tema polêmico, não nos obriga a ignorar as ideias opostas às 
que vêm sendo desenvolvidas. Ao contrário, temos de expô-las objetiva e 
claramente, porém com a utilização de recursos argumentativos consisten-
tes para refutá-las.
O texto de Vieira serve-nos como uma grande lição a respeito de al-
guns recursos argumentativos para a construção dos textos que pretende-
mos produzir. Vejam, caros alunos, que nada é novo, no entanto estamos 
retomando e atualizando o que já foi concebido como fatores importantes 
para a produção argumentativa.
Capítulo 6 Texto Argumentativo 99
Um texto argumentativo é eficaz, quando apresenta argumentos que 
fundamentam a tese. É preciso dar ao texto poder de convencimento e de 
persuasão. Façamos isso de forma lógica e, consequentemente, racional 
com a utilização de fatos objetivos; ou ainda, pela emoção, isto é, para 
atingir o sentimento do interlocutor. Vejamos agora, prezado leitor, alguns 
tipos possíveis de argumentos.
Tipos de argumentos
1 – Argumento com base em citação: Como vimos a partir 
do texto do Pe. Vieira, citar trecho de texto de um reconhecido 
autor ou pensamento de determinada autoridade no assunto 
dá amparo ao texto, pois lhe confere prestígio.
Ex.: O cinema nacional conquistou nos últimos anos quali-
dade e faturamento nunca vistos antes. “Uma câmera na mão 
e uma ideia na cabeça” – a famosa frase-conceito do diretor 
Gláuber Rocha – virou uma fórmula eficiente para explicar os 
R$ 130 milhões que o cinema brasileiro faturou no ano passa-
do. Adaptado de Época, 14/04/2004.
2 – Argumento com base no senso comum: Fundamenta-
ção da tese através de argumentos que são compartilhados 
por parte considerável da sociedade. Em outras palavras, são 
argumentos aceitos universalmente, sem que haja necessidade 
de comprová-los. Nos exemplos dados por Cereja e Maga-
lhães (2000), “o homem depende do ambiente para viver”, ou 
ainda “a mulher de hoje ocupa um papel social diferente da 
mulher do século XIX”, podemos verificar que tais informações 
100 Produção Textual
já foram comprovadas historicamente e, por essa razão, não 
precisam de justificativa.
3 – Argumento com base em evidências: Apresentação de 
dados estatísticos, pesquisas, informações científicas..., a fim 
de comprovar a tese.
Ex.: São expedientes bem eficientes, pois, diante de fatos, 
não há o que questionar... No caso do Brasil, homicídios estão 
assumindo uma dimensão terrivelmente grave. De acordo com 
os mais recentes dados divulgados pelo IBGE, sua taxa mais 
que dobrou ao longo dos últimos 20 anos, tendo chegado à 
absurda cifra anual de 27 por mil habitantes. Entre homens 
jovens (de 15 a 24 anos), o índice sobe a incríveis 95,6 por mil 
habitantes. (Folha de S. Paulo. 14/04/2004)
4 – Argumento com base no raciocínio lógico: Instituição 
de uma relação de causa e efeito, cujo objetivo é o de manter 
a sequência dos parágrafos e, com isso, garantir o sentido do 
texto.
Ex.: Ao se desesperar em um questionamento em São Pau-
lo, daqueles em que o automóvel não se move nem quando 
o sinal está verde, o indivíduo deve saber que, por trás de sua 
irritação crônica e cotidiana, está uma monumental ignorância 
histórica.
São Paulo só chegou a esse caos porque um seleto grupo 
de dirigentes decidiu, no início do século, que não deveríamos 
ter metrô. Como cresce dia a dia o número de veículos, a ten-
dência é piorar ainda mais o congestionamento – o que leva 
Capítulo 6 Texto Argumentativo 101
técnicos a preverem como inevitável a implantação de perigos. 
(Adaptado de Folha de S. Paulo, 1º/10/2000)
Como podemos nos cientificar, para elaboramos um texto 
argumentativo, é preciso que dominemos o assunto sobre o 
qual estamos escrevendo e os recursos linguísticos utilizados, 
pois, como temos intenção de atingir um determinado objetivo 
e um público mais específico, é preciso que usemos uma lin-
guagem própria para o que pretendemos.
Além dos muros dos presídios
JARDEL DE CASTRO FLACH*
Há menos de um mês, minha visão em relação às peni-
tenciárias e aos apenados não fugia muito da tradicional: que 
se enquadra entre a indiferença à situação atual dos presí-
dios e o sentimento de ódio, infelizmente, que suscita comen-
tários do tipo “criminoso tem que sofrer, tem que morrer na 
cadeia, comer o pão que o diabo amassou etc.”. Entretanto, 
eu, administrador formado pela UFRGS com ênfase em Ma-
rketing, através de um concurso para agente administrati-
vo do Ministério Público do Rio Grande do Sul, tomei posse 
no cargo dia 3 de outubro e começando o seu exercício no 
dia seguinte. O lugar, no entanto, não me era muito familiar, 
pois entrei na Promotoria de Justiça de Controle e de Execu-
ção Criminal de Porto Alegre _ Grupo de Execução Criminal. 
 Nesse pouquíssimo tempo, já foi possível entender um pou-
co da complexidade da situação. Os familiares, por mais 
que não tenham cometido crimes, “cumprem” a pena junto 
ao apenado, e aqueles são em número muito superior a es-
102 Produção Textual
ses. Não faço atendimentos presenciais no Grupo de Execu-
ção Criminal, porém parte do meu trabalho é receber as li-
gações do principal telefone da promotoria: noto o nível de 
sofrimento e temor que uma mãe passa ao relatar como está 
a situação do seu filho que não recebe atendimento médico e 
está muito doente em algum dos presídios da Região Metro-
politana. Percebo o desespero da esposa de um detento que 
supostamente estaria sendo ameaçado de morte por alguma 
facção. Sinto a frustração de um pai que afirma que o filho 
apenado já deveria ter progredido de regime (fechado para 
o semiaberto), contudo não consegue que isso seja posto em 
prática. Logo, o sofrimento exacerbado no estabelecimen-
to prisional não se limita aos seus muros, pois os familiares 
estão em pensamentos e sentimentos junto aos presidiários. 
 Essa é uma entre as várias consequências extremamente ne-
gativas que transbordam dos presídios para a sociedade com 
uma força avassaladora. O argumento que tenta legitimar a 
situação atual, de que o apenado merece esse tipo de degra-
dação, é cego por vingança: um veneno que a sociedade toma 
sem se dar conta. Por fim, o ódio e a indiferença devem ceder 
espaço à sabedoria, dessa forma, o tratamento do problema 
da criminalidade como um todo teria pelo menos condições 
mínimas de efetividade. (*Administrador e servidor do Minis-
tério Público do Rio Grande do Sul) – Adaptado para esse 
estudo. Extraído da Zero Hora, de 27/10/2012, Artigos, p. 20.
Acima, o texto argumentativo é a forma escrita mais ade-
quada ao exercício da cidadania, pois o autor manifesta sua 
opinião sobre um fato do cotidiano. O autor do texto escreve 
com conhecimento sobre o que analisa. Nele, Jardel de Cas-
tro Flach mantém a estrutura, isto é, há uma relação entre o 
Capítulo 6 Texto Argumentativo 103
tópico-frasal, o desenvolvimento e a conclusão. Nesse caso, a 
unidade está mantida através da coerência e articulações entre 
as partes que compõem o texto.
Percebemos, ainda, que no segundo parágrafo do texto, 
responsável pelos argumentos, o autor demonstra competên-
cia linguística, quando utiliza, predominantemente, verbos no 
presente. Isso conota,sobretudo, o caráter universal do tema. 
Embora não seja aconselhado o emprego da primeira pessoa 
em textos argumentativos, o enunciador, nesse caso, fê-lo com 
maestria, porque o tema tem relação direta com sua recente 
atividade profissional, o que demonstra domínio sobre aquilo 
que pretende discutir através da linguagem escrita. Assim, po-
demos reconhecer a presença de subjetividade naquilo que diz, 
devido ao uso da primeira pessoa e, por conseguinte, a mani-
festação de sentimento. Vale dizer que, com isso, não podemos 
considerar erro em sua elaboração e, por se tratar de um texto 
veiculado em jornal, há uma tendência nessa construção.
Flach utiliza argumento com base em evidências. Para o 
autor, essa realidade deve mudar. A fim de comprovar a tese 
de que criminoso não tem que morrer atrás das grades e que 
não tem que sofrer, busca recursos argumentativos em sua ati-
vidade profissional cotidiana. Apresenta a situação atual do 
apenado no Brasil e questiona o fato de que todo presidiário 
“come o pão que o diabo amassou” e com ele os familiares, 
em especial, sofrem com o tratamento que o apenado recebe. 
No segundo parágrafo, traz-nos dados, frutos de sua experiên-
cia e de sua observação, de uma realidade dura e cruel.
Além disso, argumenta através da correlação entre causa e 
efeito. Dessa forma, é possível verificarmos que o fato de o de-
104 Produção Textual
tento sofrer com o tratamento a ele dispensado na prisão tem 
como consequência o sofrimento que pessoas ligadas ao ape-
nado demonstram em ações e na revolta contra a sociedade. 
Isto posto ao longo do texto, aponta para a coerência textual 
diretamente ligada ao título do texto, ou seja, o sofrimento que 
é evidenciado no interior das casas de detenção se estende 
além dos muros delas e atinge diretamente a sociedade.
Distinção entre texto dissertativo e 
argumentativo
É hora, caro leitor, de traçar, em breves palavras, a diferença 
entre texto dissertativo e texto argumentativo. Acreditamos que 
isso já tenha ficado claro para você, pois no capítulo anterior, 
que trata do texto dissertativo, e neste que desenvolve aspectos 
do texto argumentativo já lhe foi possível elaborar do alicerce 
dessa diferença.
Retomando o que foi dito no capítulo anterior, dissertar é 
desenvolver ou explicar um assunto, é apenas discorrer sobre 
o tema escolhido. Essa tipologia textual expõe o assunto de 
forma clara e objetiva. O texto dissertativo não está preocupa-
do com a persuasão, pois ele tem como compromisso apenas 
a exposição sobre dado assunto e, por essa razão, inclui-se no 
grupo de que fazem parte, por exemplo, o artigo científico, o 
relatório, o resumo, a resenha, a monografia... O seu objetivo 
inicial é, portanto, o de transmitir conhecimentos.
Capítulo 6 Texto Argumentativo 105
Ao contrário da dissertação, o texto argumentativo se ca-
racteriza pela persuasão ou pelo convencimento do leitor so-
bre o ponto de vista do autor do texto, através da exposição 
de argumentos. Assim, quando o texto, além de explicar, de 
informar algum aspecto sobre determinado assunto, também 
deseja persuadir quem o lê e, a partir da leitura, modifica o 
comportamento, temos, então, um texto argumentativo, ou 
ainda, conforme Souza e Carvalho (1995), um texto exposi-
tivo-argumentativo.
Recapitulando
Este capítulo teve como objetivo orientar os acadêmicos e de-
mais interessados pelo assunto no que tange à realização de 
textos argumentativos. Mostramos que, textos encontrados em 
revistas e jornais, em discursos políticos e textos publicitários, 
ou ainda textos redigidos em quaisquer outras situações do 
quotidiano, o objetivo primeiro é o de influenciar o leitor, a fim 
de que o mesmo aceite determinados pontos de vista. Nesse 
capítulo, enfatizamos que o enunciador faça com que o leitor 
aceite determinada proposta, por exemplo, através da utiliza-
ção de razões, evidências, justificativas, ou até mesmo, por 
apelos emocionais.
Dele fizeram parte algumas revisões teóricas gerais, con-
cernentes à linguagem e às características do texto argumen-
tativo, além de abordar os aspectos referentes à estrutura, pois 
tratamos a respeito das partes que o compõem: tópico-frasal, 
desenvolvimento através de argumentos e conclusão. A coe-
106 Produção Textual
rência entre essas três partes é um dos fatores que dá ao texto 
a unidade textual, aspecto primordial para a sua produção.
A linguagem é parte do texto. Por essa razão, este estudo 
apresentou os pontos que devem ser observados na tecedura 
do texto: correção gramatical, clareza e concisão das ideias, 
coesão e coerência textuais.
Apontamos, ainda, durante esse estudo a diferença existen-
te entre texto dissertativo e texto argumentativo, bem como os 
tipos de argumentos que podem consolidar a argumentação 
de um texto, isto é, que podem ser empregados para o con-
vencimento ou persuasão de leitor.
Atividades
 1. Leia o texto que segue para responder corretamente às 
questões de 01 a 03.
O grande vencedor
Se as pesquisas se confirmarem em São Paulo, o grande 
vencedor das eleições municipais será o ex-presidente Lula. Ele 
começou o ano enfrentando um câncer, passou incólume pelo 
julgamento do mensalão e ainda poderá emplacar um pro-
tegido, o famoso “poste”, como gestor da maior cidade do 
país. Lula passou até pela saia justa de uma foto amigável ao 
lado de Paulo Maluf, símbolo da corrupção. Uma vitória de Fer-
nando Haddad nas urnas apagará o mal-estar e a eficácia da 
aliança com o PP não será mais alvo de discussão. Fortalecido, 
apontará o candidato ao governo de São Paulo em 2014, a 
Capítulo 6 Texto Argumentativo 107
despeito das brigas internas. Tanta badalação chega a empol-
gar petistas saudosistas, que gostariam de ver Lula concorrendo 
de novo à presidência da República. Mas ele tem experiência 
suficiente para não cair nesta armadilha. Tanto que já avisou 
aos mais afoitos que trabalhará pela reeleição de sua primeira 
afilhada, a presidente Dilma Rousseff. (Texto extraído da Zero 
Hora, Artigos – Carolina Bahia, de sábado, dia 27/10/2012)
I – O texto acima é argumentativo, pois interpreta e analisa 
dados da realidade através de argumentos com base em evi-
dências.
II – O texto é argumentativo, ainda que não haja progressão 
temporal entre os enunciados, tampouco relação lógica entre 
eles, fator que impede a alteração da sequência deles.
III – O texto é considerado narrativo, pois é um texto temático, 
cujo objetivo é o de narrar fatos das transformações no quadro 
político nacional.
IV – O texto é narrativo, pois é um texto ficcional e figurativo.
V – O texto é descritivo, pois, através do emprego de adjetivos, 
transmite uma imagem negativa dos grandes centros urbanos.
Sobre o texto acima é correto dizer que:
a) Estão corretas as afirmações I e V.
b) Todas as afirmações estão corretas, exceto a III.
c) Está correta apenas a afirmação II.
d) Todas as afirmações estão incorretas.
e) Estão corretas as afirmações I, II e III.
108 Produção Textual
 2. Leia as assertivas e, após, assinale a alternativa correta.
I – O texto de Carolina Bahia apresenta como tópico-frasal o 
primeiro período.
II – O texto “O grande vencedor” tem como desenvolvimento 
argumentos com base em evidências, haja vista e enumeração 
de aspectos que, mesmo sem ser candidato, o vencedor será 
o ex-presidente Lula.
III – O texto é coerente, pois durante sua construção há ideias 
relacionadas entre si.
Sobre o texto é correto afirmar que:
a) Todas as afirmações estão incorretas.
b) Todas as afirmações estão corretas.
c) Apenas a afirmação I está correta.
d) Está incorreta apenas a afirmação II.
e) Estão corretas apenas as afirmações I e III.
 3. Leia as afirmações abaixo para responder à questão corre-
tamente.
I – Apresenta os elementos da narrativa.II – Apenas indica um ponto de vista.
III – Transmite conhecimentos e destina-se a instruir e a con-
vencer através de argumentos.
IV – Apenas narra fatos cronologicamente organizados.
Capítulo 6 Texto Argumentativo 109
Sobre texto argumentativo é correto afirmar que:
a) Apenas a afirmação I está correta.
b) Todas as afirmações estão corretas.
c) Apenas a afirmação III está correta.
d) Todas as afirmações estão corretas.
e) Todas as afirmações estão incorretas.
 4. Complete os espaços em branco, conforme os tipos de 
argumento.
(A) A apresentação de dados estatísticos, pesquisas, in-
formações científicas, a fim de comprovar a tese são 
argumentos com base em ____________________.
(B) Argumento com base em _________________ garante 
ao texto a relação entre causa e efeito.
(C) Argumento de ____________ é o recurso às ideias de 
alguém que, reconhecidamente, domina a matéria de 
que se fala – o chamado especialista; citação de uma 
obra, de uma instituição etc.
(D) Argumentos com base no ____________ são aceitos 
universalmente, sem que haja necessidade de compro-
vá-los.
A sequência obtida após completar os espaços em branco é:
a) autoridade, raciocínio lógico, senso comum, evidên-
cias.
b) evidências, senso comum, raciocínio lógico, autoridade.
110 Produção Textual
c) senso comum, raciocínio lógico, autoridade, evidên-
cias.
d) autoridade, raciocínio lógico, evidências, no senso co-
mum.
e) autoridade, no senso comum, evidências, raciocínio 
lógico.
 5. Escreva V ou F, conforme sejam verdadeiras ou falsas as 
afirmações abaixo.
( ) A estrutura argumentativa estará presente quando 
não houver relação entre o tópico-frasal, os argumen-
tos e a conclusão.
( ) No texto argumentativo são fundamentais os marca-
dores gramaticais e os marcadores de coesão e de 
coerência.
( ) Em textos argumentativo é importante o uso de verbos 
possibilitem a construção da relação causa e efeito, 
como causar, originar, ocasionar.
( ) O emprego de frases imperativa é adequado em texto 
argumentativo, haja vista poder esse texto expressar 
sentimentos.
A sequência obtida é:
a) F, F, F e F.
b) V, V, F e F.
c) V, V, V e F.
Capítulo 6 Texto Argumentativo 111
d) V, F, F e V.
e) F, V, V e F.
Referências bibliográficas
ANDRÉ, Hildebrando A. de. Curso de Redação. São Paulo: 
Moderno, 1998.
CEREJA, William Roberto & MAGALHÃES, Thereza Cochar. 
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CITELLI, Adílson. Linguagem e persuasão. São Paulo: Ática, 
2005.
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SOUZA, Luiz Marques de & CARVALHO, Sérgio Waldeck de. 
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Tipos, gêneros e subtipos textuais e o ensino de língua mater-
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FIORIN, José Luiz & SAVIOLI, Francisco Platão. Para entender o 
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112 Produção Textual
http://www.passeiweb.com/na_ponta_lingua/sala_de_aula/
portugues/redacao/dissertacao_e_narracao/argumentos. 
Acesso em 28/10/2012.
Gabarito
 1 a
 2 b
 3 c
 4 d
 5 e
Dr. Ítalo Ogliari
Capítulo 7
A Estrutura do Texto 
Narrativo
ÂÂNo capítulo anterior, ainda claro em nossa memória, estudamos sobre o texto argumentativo. Vimos que 
argumentar é expor ideias sobre um determinado tema, 
defendendo nosso ponto de vista de forma lógica e coe-
rente. No entanto, o texto argumentativo, mesmo sendo 
riquíssimo em sua estrutura, não carrega todos os elemen-
tos existentes do ato de escrever. Um deles, por exemplo, e 
que veremos agora, é a narração, a qual sempre encanta 
a todos que gostam de ler e de contar boas histórias.
114 Produção Textual
Do ato de narrar
O ato de narrar é, sem dúvida, uma das mais antigas práticas 
desenvolvidas pelo ser humano. O conhecido escritor inglês E. 
M. Foster considera a narrativa uma atividade atávica, ou seja, 
transmitida desde a idade mais remota da humanidade, vin-
culada a rituais pré-históricos do homem de Neanderthal e a 
manifestações registradas antes mesmo do uso da linguagem 
verbal como a conhecemos hoje.
Por outro lado, se a narração é anterior à nossa forma 
atual de verbalizar, a narrativa verbal (que é nosso ponto de 
interesse neste capítulo), originada da fábula, da oralidade, do 
simples ato de se reunir pessoas e de se contar algo, acompa-
nha, da mesma forma, o homem através dos tempos. E tudo 
isso muito antes, também, do nascimento da escrita. O ato de 
narrar tem sua gênese na simples necessidade de se contar 
histórias, relatar caçadas, grandes guerras, aventuras e faça-
nhas.
Os mitos, os temores e as lutas entre povos, orientais e oci-
dentais, desde seus primórdios civilizatórios, fizeram da narra-
ção através das palavras um elemento fundamental para que 
pudessem dar sentido à sua existência e situar-se no universo. 
Assim, nasceram as parábolas, que relacionam até hoje ho-
mem e cosmo, e nasceram as histórias que rememoravam o 
passado, contadas pelos mais antigos aos mais novos.
Segundo Mempo Giardinelli (1994, p. 18-19), em inúme-
ras culturas, como na China, na Índia e na Pérsia, o ato de 
narrar, assim como as histórias do grego Esopo, prosperou em 
Capítulo 7 A Estrutura do Texto Narrativo 115
forma de ensinamentos, de lições de vida, perpassando tanto 
pela intenção satírica, pela discussão moral, religiosa quanto 
pela crítica social. É através da narrativa que o ser humano, 
independente de sua época, transmite sua cultura e seu conhe-
cimento. Por isso, o homem é e sempre foi um ser narrativo, 
que sempre contou e ouviu histórias, sendo a idade do ato de 
narrar a mesma idade do homem.
O que é narrar?
Narrar, de acordo com Ulisses Infante (1998, p. 114), nada 
mais é do que encadear uma sequência de fatos em que per-
sonagens se movimentam dentro de um determinado espaço 
e recorte temporal. Em outras palavras, é usar a linguagem 
verbal para construir um universo dinâmico, onde existe ação, 
descrição, diálogo, tempo e espaço.
É preciso lembrar que a narração pode ser ficcional (ima-
ginária) ou não, já que é possível que contemos a alguém 
alguma coisa que nos aconteceu, buscando os fatos em nossa 
memória e dando a eles uma ordem lógica e compreensível. 
Como exemplo, podemos lembrar-nos de uma matéria de al-
gum jornal, em que algo importante ocorrido nos últimos dias 
é contado aos leitores. Vamos ver?
116 Produção Textual
Pizzaria é assaltada pela segunda vez em três 
meses na Capital
Por Letícia Costa
Dois homens armados assaltaram pela segunda vez em três meses a 
pizzaria Oca de Savóia, no bairro Moinhos de Vento, na Capital. Os 
bandidos entraram no local, na esquina das ruas Luciana de Abreu e 
Padre Chagas, por volta das 23h54min de domingo e teriam levado 
cerca de R$ 7 mil. Na hora, sete funcionários estavam na loja que 
estava fechando.
Eles entraram no local e ameaçaram a gerente. Um dos homens ficou 
em frente ao caixa e o outro entrou pela porta de acesso restrito aos 
funcionários. Um deles chegou e disse: "a casa caiu, não precisa ficar 
nervos a vagabunda, eu quero é dinheiro".
Gosto de trabalhar aqui, mas estou com medo, acho que o fato de ser 
mulher facilita a ação deles — disse a gerente.
Os proprietários da marca Oca de Savóia, Carlos Filho e Marcelo 
De Franceschi, argumentam que o local se tornou visado por não ter 
segurança da Brigada Militar (BM). Os bandidos não se intimidaram 
nem mesmo com a presença das câmeras de vigilância e da seguran-
ça local realizada por umaempresa privada.
Segundo o sargento Ricardo Ginez, do 9º Batalhão de Polícia Militar 
(BPM), uma viatura realiza ronda nos bairros Moinhos de Vento e Rio 
Branco, e no momento do assalto na loja da pizzaria, o veículo esta-
ria em outra ocorrência. Quando chegaram no local, os ladrões já 
tinham fugido.
Em fevereiro, bandidos entraram na mesma loja do Moinhos de Vento 
quando já estava fechada, ao arrombarem, levaram dinheiro e equi-
pamentos, como máquina de café.
— As autoridades se orgulham da Padre Chagas, mas é essa a reali-
dade, é isto que vamos ter para mostrar aos turistas que vierem para a 
Copa do Mundo — diz Carlos Filho.
Capítulo 7 A Estrutura do Texto Narrativo 117
Note que, mesmo sendo o exemplo acima uma notícia de 
um jornal, construído sobre um acontecimento verdadeiro, o 
texto não deixa de ser, principalmente nos dois primeiros pa-
rágrafos, uma narração como qualquer outra. Observe como 
existem personagens, espaço (o local onde ocorre o assalto), 
tempo (o horário e o dia), enredo (como tudo acontece) e 
até mesmo diálogo, representando a fala direta dos assaltan-
tes: todos os elementos de uma narrativa bem elaborada. Po-
rém, não se trata de uma ficção, e sim de algo que realmente 
aconteceu na cidade de Porto Alegre, capital do Estado do Rio 
Grande do Sul.
No entanto, quando falamos em narrativa, na maior parte 
das vezes, logo nos vem à cabeça a narrativa literária, a fic-
cional. E isso não é nenhum problema, já que é na narrativa 
de ficção que o homem cria, desde as mais antigas épocas, 
suas mais fantásticas histórias. A única diferença é que na 
ficção os acontecimentos são criados. Tudo, na verdade, é 
criado: as tramas são criadas, os enredos, as personagens 
e os lugares. Mesmo uma história ficcional se passando em 
um local que exista, o autor possui a liberdade para fazer 
desse espaço um lugar único em seu texto, como descrever 
uma cidade de maneira mais sombria do que a verdadeira, 
por exemplo; ou mesmo recriá-la em um futuro distante. As 
possibilidades dentro da ficção são infinitas. Segundo Ulisses 
Infante (114-115), é comum que um texto narrativo apresen-
te a seguinte estrutura:
118 Produção Textual
 Â Apresentação: momento em que são apresentadas al-
gumas personagens e expostas algumas circunstâncias 
da história, como o lugar onde a ação se desenvolverá, 
o local etc.
 Â Complicação: é a parte do texto em que se inicia pro-
priamente a ação, encadeando os episódios e conduzin-
do a história ao clímax.
 Â Clímax: é o ponto da narrativa em que a ação atin-
ge seu momento mais crítico, complexo e emocionante, 
tornando o desfecho inevitável.
 Â Desfecho: é a solução do conflito produzido pelas 
ações dos personagens, dando ao leitor, inclusive, a 
possibilidade de refletir sobre o acontecido.
É jogando de maneira criativa com essas quatro instân-
cias que o autor torna seu texto interessante. Escrever uma 
boa história não implica simplesmente contar algo, mas fazer 
isso de forma que a narrativa se torne instigante e curiosa. Por 
isso, não basta uma boa ideia se não temos prática na hora 
de elaborarmos o enredo, se não temos habilidade, o que 
ganhamos apenas através da leitura e do exercício da própria 
escrita. Vamos a um exemplo?
Capítulo 7 A Estrutura do Texto Narrativo 119
A noite em que os hotéis estavam cheios
Moacyr Scliar
O casal chegou à cidade tarde da noite. Estavam cansados da viagem; ela, grávida, 
não se sentia bem. Foram procurar um lugar onde passar a noite. Hotel, hospedaria, 
qualquer coisa serviria, desde que não fosse muito caro.
Não seria fácil, como eles logo descobriram. No primeiro hotel o gerente, homem de 
maus modos, foi logo dizendo que não havia lugar. No segundo, o encarregado da 
portaria olhou com desconfiança o casal e resolveu pedir documentos. O homem disse 
que não tinha, na pressa da viagem esquecera os documentos.
— E como pretende o senhor conseguir um lugar num hotel, se não tem documentos? 
— disse o encarregado. — Eu nem sei se o senhor vai pagar a conta ou não!
O viajante não disse nada. Tomou a esposa pelo braço e seguiu adiante. No terceiro 
hotel também não havia vaga. No quarto — que era mais uma modesta hospedaria — 
havia, mas o dono desconfiou do casal e resolveu dizer que o estabelecimento estava 
lotado. Contudo, para não ficar mal, resolveu dar uma desculpa:
— O senhor vê, se o governo nos desse incentivos, como dão para os grandes hotéis, 
eu já teria feito uma reforma aqui. Poderia até receber delegações estrangeiras. Mas até 
hoje não consegui nada. Se eu conhecesse alguém influente... O senhor não conhece 
ninguém nas altas esferas?
O viajante hesitou, depois disse que sim, que talvez conhecesse alguém nas altas esferas.
— Pois então — disse o dono da hospedaria — fale para esse seu conhecido da minha 
hospedaria. Assim, da próxima vez que o senhor vier, talvez já possa lhe dar um quarto 
de primeira classe, com banho e tudo.
O viajante agradeceu, lamentando apenas que seu problema fosse mais urgente: preci-
sava de um quarto para aquela noite. Foi adiante.
No hotel seguinte, quase tiveram êxito. O gerente estava esperando um casal de co-
nhecidos artistas, que viajavam incógnitos. Quando os viajantes apareceram, pensou 
que fossem os hóspedes que aguardava e disse que sim, que o quarto já estava pronto. 
Ainda fez um elogio.
— O disfarce está muito bom.
— Que disfarce? — perguntou o viajante.
— Essas roupas velhas que vocês estão usando — disse o gerente.
— Isso não é disfarce — disse o homem — são as roupas que nós temos.
O gerente aí percebeu o engano:
— Sinto muito — desculpou-se. — Eu pensei que tinha um quarto vago, mas parece 
que já foi ocupado.
O casal foi adiante. No hotel seguinte, também não havia vaga, e o gerente era metido 
a engraçado. Ali perto havia uma manjedoura, disse, por que não se hospedavam lá? 
Não seria muito confortável, mas em compensação não pagariam diária. Para surpresa 
dele, o viajante achou a ideia boa, e até agradeceu. Saíram.
Não demorou muito, apareceram os três Reis Magos, perguntando por um casal de fo-
rasteiros. E foi aí que o gerente começou a achar que talvez tivesse perdido os hóspedes 
mais importantes já chegados a Belém de Nazaré.
(Texto publicado no livro A Massagista Japonesa, Editora LPM: Porto Alegre, 1982)
120 Produção Textual
Voltando ao assunto de que tratávamos, sobre a organi-
zação do enredo, podemos ver, através da narrativa de Scliar, 
como o autor joga de forma inteligente com a curiosidade 
do leitor. O conto, em primeiro plano, narra a história de um 
casal sem identificá-lo precisamente. No entanto, para o final, 
o autor guarda um elemento surpresa, revelando-nos, através 
de três indicações, “Reis Magos”, “Belém” e “Nazaré”, que se 
tratava do casal José e Maria, dois dos mais importantes per-
sonagens bíblicos: José e Maria.
Outra grande vantagem que o autor da narrativa literária 
possui, como fez Scliar em seu texto, é poder mesclar livre-
mente elementos e personagens da realidade com a ficção, ou 
seja: mesclar seres e lugares reais com elementos e outras per-
sonagens criadas por ele, modificando ou recriado, inclusive, 
a ordem dos fatos, como foi a busca por hospedagem de José 
e Maria, reinventada por Moacyr Scliar. Nada diferente do que 
disse o filósofo grego Aristóteles ao discutir a criação literária 
em seus escritos sobre poética, afirmando que a arte não tem 
o compromisso de ser verdade, como tem a História, mas ape-
nas de parecer verdade, ou melhor: “não é dizer aquilo que 
aconteceu, mas aquilo que poderia acontecer” (ARISTÓTELES, 
2004, p. 23).
É possível também encontrarmos essa prática de maneira 
muito interessante nos romances históricos, em que os auto-
res fazem uso de acontecimentos marcantes de nossa história 
(como as grandes revoluções, os grandes momentos políticos) 
como pano de fundo de suas narrativas,até mesmo para dis-
cutir ou rediscutir tais fatos, como já foi feito inúmeras vezes, 
com questões ligadas à Ditadura Militar em nosso país.
Capítulo 7 A Estrutura do Texto Narrativo 121
O texto narrativo e o seu narrador
Depois de refletirmos um pouco sobre enredo, não podemos 
deixar de nos lembrarmos de outro elemento fundamental do 
texto narrativo: seu narrador, que nada mais é do que a voz 
que nos conta a história. A escolha do foco narrativo é extre-
mamente importante para o efeito que o autor deseja causar 
com seu texto. Muitos, por exemplo, são escritos na primeira 
pessoa (usando o “eu”), o que dá à narrativa um caráter mais 
intimista, aproximando o leitor daquele que está contando a 
história, quase como uma confissão (lembrando que, mesmo 
sendo em primeira pessoa, o narrador nunca pode ser confun-
dido com o autor do texto).
Outros textos são escritos na terceira pessoa (usando o 
“ele”), em que o narrador não é mais uma das personagens 
da história. E são esses (o narrador em 1ª pessoa e o narrador 
em 3ª pessoa) os dois principais focos que podemos dar à voz 
do narrador dentro de uma narrativa, que pode escolher nar-
rar no presente ou no passado.
A personagem de ficção
A personagem, assim como narrador, é também um dos 
elementos essenciais de uma narrativa, se não o mais im-
portante de todos. Ela pode ser classificada, primeiramente, 
como principal ou secundária, conforme o papel que de-
sempenha no enredo, e pode ser apresentada de maneira 
direta ou indireta.
122 Produção Textual
A apresentação direta de uma personagem ocorre quando 
ela aparece de forma clara no texto, tendo suas características 
físicas e/ou psicológicas descritas pelo narrador. Já a apresen-
tação indireta se dá quando ela aparece aos poucos e o leitor 
vai construindo a sua imagem com o desenrolar dos fatos, a 
partir de suas ações, do que ela vai fazendo e do modo como 
vai agindo.
Podemos dizer, também, que, sendo o personagem prin-
cipal o protagonista da história, é possível encontrarmos em 
várias narrativas um antagonista (uma personagem que atua 
contra o protagonista, impedindo-o de alcançar seus objeti-
vos). Há, da mesma forma, as personagens adjuvantes e coad-
juvantes, essas são personagens secundárias, mas que, muitas 
vezes, exercem papéis fundamentais na história.
O discurso das personagens
Sendo as personagens, como apontamos, essenciais ao tex-
to narrativo, pois provêm delas as ações que movimentam as 
histórias. Representar suas falas (seus diálogos) também se tor-
na um recurso, muitas vezes, indispensável para o sucesso de 
uma narrativa. É através dessa representação que “ouvimos” 
a voz das personagens, que podem ser classificadas, discursi-
vamente, como:
 Â Discurso direto: é aquele em que o narrador apresen-
ta, através de um sinal gráfico, como o uso de traves-
Capítulo 7 A Estrutura do Texto Narrativo 123
sões, a própria personagem falando diretamente, como 
vimos no texto de Scliar.
— Isso não é disfarce – disse o homem – são as roupas que 
nós temos.
 Â Discurso indireto: o narrador conta aos leitores o que 
a personagem disse, mas continua na 3ª pessoa. As pa-
lavras da personagem não são reproduzidas, mas ditas 
pelo narrador.
O homem entrou na sala, irritado. Queria quebrar tudo e 
disse que precisava falar com Ana urgente.
 Â Discurso indireto livre: é uma combinação dos dois 
anteriores, confundindo as intervenções do narrador 
com a voz direta das personagens.
Enlameado até a cintura, Tiãozinho cresce de ódio. Se pu-
desse matar o carreiro... Deixa eu crescer!... Deixa eu ficar 
grande!... Hei de dar conta deste danisco...
(Guimarães Rosa. Sagarana. Rio de Janeiro: José Olympio, 
1998.)
Fechamento: curiosidades sobre o ato de 
narrar
Por fim, para fecharmos este nosso capítulo sobre o texto 
narrativo, vale lembrar algumas curiosidades. A primeira diz 
124 Produção Textual
respeito à questão da forma como uma narrativa é escrita. 
Geralmente, pensamos que uma narrativa deve ser redigida, 
necessariamente, em prosa. Isso não é verdade. Podemos ter 
um texto narrativo elaborado em verso, basta que nos lem-
bremos de muitas músicas que já ouvimos e que, apesar de 
serem escritas de maneira versificada, nos contam uma histó-
ria, como, por exemplo, a famosa canção Eduardo e Mônica, 
do Legião Urbana, onde podemos inclusive encontrar, entre 
aspas, discurso direto das personagens:
[...]
Eduardo abriu os olhos, mas não quis se levantar
Ficou deitado e viu que horas eram
Enquanto Mônica tomava um conhaque
No outro canto da cidade, como eles disseram
Eduardo e Mônica um dia se encontraram sem querer
E conversaram muito mesmo para tentar se conhecer
Um carinha do cursinho do Eduardo que disse
“Tem uma festa legal, e a gente quer se divertir”
Festa estranha, com gente esquisita
“Eu não tô legal, não aguento mais birita”
E a Mônica riu, e quis saber um pouco mais
Sobre o boyzinho que tentava impressionar
E o Eduardo, meio tonto, só pensava em ir para casa
“É quase duas, eu vou me ferrar”
[...]
A segunda curiosidade diz respeito ao tamanho de uma 
narrativa. Muitos acreditam que uma narrativa precisa ter a 
Capítulo 7 A Estrutura do Texto Narrativo 125
estrutura de um texto com relativa extensão, mas isso pode 
ser um equívoco também. Não há limites nem para o má-
ximo nem para o mínimo de um texto narrativo. Basta co-
nhecer os atuais minicontos, que, muitas vezes, são escritos 
com apenas uma ou duas frases, para entendermos que 
essa ideia é completamente abandonada. Assim, por exem-
plo, é a minúscula narrativa de Cíntia Moscovich, publicada 
no livro Os cem menores contos do século, organizado pelo 
escritor Marcelino Freire e que nos conta apenas o seguinte 
história:
Uma vida inteira pela frente.
O tiro veio por trás.
Recapitulando
Neste nosso sétimo capítulo, tratamos de um dos gêneros tex-
tuais mais utilizados pelo ser humano. Nele observamos que 
o ato de narrar é uma das mais antigas práticas desenvolvidas 
pelo homem, mesmo muito antes da escrita. E lembramos que 
narrar é, basicamente, encadear uma sequência de fatos em 
que personagens se movimentam dentro de um determinado 
espaço e recorte temporal. Vimos, também, que existem tipos 
diferentes de narradores e que uma narrativa não precisa ser 
redigida, necessariamente, em prosa. Podemos ter, em um tex-
to versificado, uma narração, como é comum em inúmeras 
poesias e em infinitas letras de músicas.
126 Produção Textual
Atividades
Sem voltar ao texto, mas apenas relembrando o que foi lido 
neste capítulo, realize esta atividade, composta de 5 questões 
objetivas. Lembre-se: existe apenas uma única alternativa cor-
reta para cada questão.
 1. Leia as seguintes afirmações.
I – Uma narrativa deve sempre carregar elementos ou per-
sonagens da realidade, não podendo ser nunca totalmente 
ficcional.
II – Uma narrativa só é ficcional quando não carrega nenhum 
elemento ou nenhuma personagem que realmente existiu.
III – Uma narrativa de ficção pode mesclar elementos do real 
com o ficcional, mas isso não a caracteriza mais como uma 
narrativa literária.
Agora, com base no que foi lido, responda.
a) Somente a afirmativa I está correta.
b) Somente a afirmativa II está correta.
c) Somente as afirmativas I e II estão corretas.
d) Somente as afirmativas II e III estão corretas.
e) nenhuma alternativa está correta.
Capítulo 7 A Estrutura do Texto Narrativo 127
 2. Assinale V ou F nas afirmativas abaixo e depois marque a 
alternativa que corresponde às suas escolhas.
( ) O ato de narrar nasce com a escrita.
( ) Para um bom texto narrativo de ficção, basta uma boa 
ideia.
( ) Mesmo uma história ficcional se passando em um lo-
cal que exista, desse espaço pode se tornar um lugar 
ficcional.
a) V, F, V.
b) F, V, F.c) F, F, V.
d) V, V, F.
e) F, V, F.
 3. Não é elemento do texto narrativo:
a) Personagem.
b) Espaço.
c) Tempo.
d) Embasamento teórico.
e) Foco narrativo.
128 Produção Textual
 4. Voltando ao texto de Moacyr Scliar, que lemos neste capí-
tulo, podemos afirmar que
a) é um texto narrado em 1ª pessoa, onde os protagonis-
tas contam sua própria história.
b) trata-se de um texto que não possui discurso direto, 
apenas discurso indireto e indireto livre.
c) constitui um texto bíblico, por isso, não ficcional, mas 
histórico.
d) caracteriza-se como um texto narrado em 3ª pessoa, 
onde um narrador conta a história das personagens.
e) é um texto dissertativo, pois o autor disserta sobre os 
acontecimentos ocorridos com o casal.
 5. Assinale a alternativa correta.
a) Textos narrativos são necessariamente escritos em pro-
sa.
b) Para um texto ser considerado narrativo, é necessário 
que apareçam, sempre, todos seus elementos (narra-
dor, personagem, tempo, espaço e diálogo).
c) Uma narrativa sempre deve ser no passado, pois um 
texto narrativo nunca pode ser narrado no presente.
d) Todas as narrativas são ficcionais, mesmo as que nar-
ram algo que aconteceu.
Capítulo 7 A Estrutura do Texto Narrativo 129
e) Uma personagem antagonista é aquela que atua con-
tra a protagonista, impedindo-a de alcançar seus ob-
jetivos.
Referências bibliográficas
ARISTÓTELES. Poética. São Paulo: Nova Cultural, 2004.
INFANTE, Ulisses. Do texto ao texto: curso prático de leitura e 
redação. São Paulo: Scipione, 2000.
GIARDINELLI, Mempo. Assim se escreve um conto. Tradução 
de Charles Kiefer. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1994.
MESQUITA, Samira Nahid de. O enredo. São Paulo: Ática, 
1997.
Gabarito
 1. e
 2. c
 3. d
 4. d
 5. e
Castilho Francisco Schneider
Maria Lizete da Silva Schneider
Capítulo 8
Caracterização e 
Estrutura do Texto 
Descritivo
ÂÂNo capítulo anterior, você teve oportunidade de estudar a estrutura e as características de textos narrativos, 
uma das tipologias textuais. Mas dissertar e narrar não 
constituem as únicas modalidades textuais de aplicação 
acadêmica. Por essa razão, o presente capítulo abordará 
outro tipo de texto, qual seja, a descrição.
Capítulo 8 Caracterização e Estrutura do Texto Descritivo 131
No mundo acadêmico, a informatização torna-se cada vez 
mais presente, até mesmo na sala de aula, seja ela virtual ou 
presencial. Tal fato, porém, não nos autoriza pressupor que, 
nesse meio, a escrita possa, algum dia, ser abolida. Em vista 
disso, é e continuará sendo fundamental que o acadêmico de 
qualquer área tenha, no mínimo, algumas noções da tipologia 
textual, bem como das características de um texto coeso, claro 
e proficiente.
No presente capítulo, você verá no que consiste o texto 
descritivo, suas características, sua tipologia e algumas dicas 
que possam nortear sua produção para fins acadêmicos.
Como você sabe, hoje, temos muitos recursos imagéticos 
que podem iluminar um texto descritivo. Mesmo assim, há ca-
sos em que a palavra escrita e o texto em si precisam dar 
conta da comunicação e revelar, o mais fielmente possível, os 
detalhes do objeto da descrição. Segundo Martins (2007), a 
descrição prescinde de ação (a qual é típica do texto narra-
tivo), pois “é uma estrutura pictórica, onde os aspectos sen-
soriais predominam”. Descrever, segundo ela, envolve “uma 
contemplação e uma apreensão de algo objetivo ou subjetivo” 
(Martins, 2007), sendo fundamental que o autor possua algum 
grau de sensibilidade.
Martins (2007) estabelece uma comparação entre o pintor 
e o autor de um texto descritivo, o qual, assim como a pintura, 
“focaliza cenas ou imagens, conforme permita a sensibilidade 
(Martins, 2007) de quem o escreve.”
132 Produção Textual
A mesma autora apresenta-nos um esquema para visualizar 
as subdivisões que o texto descritivo pode assumir. Aqui não 
iremos reproduzir literalmente esse esquema, todavia, convém 
mencionar que, para ela, o texto descritivo pode apresentar-se 
sob a forma literária ou não literária, sendo que ambas as mo-
dalidades podem ser executadas de forma subjetiva, objetiva 
ou mista, conforme você poderá conferir nos exemplos que 
exporemos adiante.
Seja uma descrição literária ou não literária, Martins (2007) 
ressalta que cabe considerar os seguintes aspectos: o objeto 
da descrição, o qual pode ser real ou imaginário e o modo 
da descrição, que será objetivo ou subjetivo.
A descrição literária não se preocupa com a exatidão da 
imagem descrita, uma vez que visa expor as impressões sen-
soriais que determinado objeto deixa no autor. Assim, evitam-
-se os detalhes, pois o essencial é dar a noção de conjunto, 
ressaltando os traços principais. Por tal razão, é importante 
selecionar esses traços, para que o texto não dê a ideia de 
fotografia, mas seja apenas a imagem do objeto e exponha 
como o autor o vê e sente.
Veja abaixo a descrição da apresentação de Cecília, perso-
nagem central de O Guarani de José de Alencar:
Capítulo 8 Caracterização e Estrutura do Texto Descritivo 133
Caía a tarde.
No pequeno jardim da casa do Paquequer, uma linda moça se 
embalançava indolentemente em uma rede de palha presa aos 
ramos de uma acácia silvestre, que estremecendo deixava cair 
algumas de suas flores miúdas e perfumadas.
Os grandes olhos azuis, meio cerrados, às vezes se abriam lan-
guidamente como para se embebedarem de luz, e abaixaram 
de novo as pálpebras rosadas.
Os lábios vermelhos e úmidos pareciam uma flor de gardênia 
dos nossos campos, orvalhada pelo sereno da noite; o hálito 
doce e ligeiro exalava-se formando um sorriso. Sua tez alva e 
pura como um froco de algodão, tingia-se nas faces de uns 
longes cor-de-rosa, que iam, desmaiando, morrer no colo de 
linhas suaves e delicadas.
O seu trajo era do gosto o mais mimoso e o mais original que é 
possível conceber; mistura de luxo e de simplicidade.
Tinha sobre o vestido branco de cassa um ligeiro saiote de riço 
azul apanhado à cintura por um broche: uma espécie de arminho 
cor de pérola, feito com penugem macia de certas aves, orlava o 
talho e as mangas, fazendo realças a alvura de seus ombros e o 
harmonioso contorno de seu braço arqueado sobre o seio.
Os longos cabelos louros, enrolados negligentemente em ricas 
tranças, descobriam a fronte alva, e caíam em volta do pescoço 
presos por uma rendinha finíssima de fios de palha cor de ouro, 
feita com uma arte e perfeição admirável. (...)
(O Guarani – José de Alencar)
134 Produção Textual
Em geral, personagens (tipos) podem ser descritos física ou 
psicologicamente. Nos aspectos físicos, é comum observar-se 
a predominância da objetividade, enquanto os aspectos psico-
lógicos são descritos de maneira mais subjetiva.
No texto literário são frequentes as descrições de pessoas 
(personagens), em seus aspectos físicos e psicológicos, de ob-
jetos e de ambientes.
Nada impede que uma descrição seja expressa em um tex-
to poético, como o trecho em que João Cabral de Melo Neto 
apresenta um dos personagens de Morte e vida Severina.
- De sua formosura
já venho dizer:
é um menino magro,
de muito peso não é,
mas tem o peso de homem,
de obra de ventre de mulher.
- De sua formosura
deixai-me que diga:
é uma criança pálida,
é uma criança franzina,
mas tem a marca de homem,
marca de humana oficina. (...)
Capítulo 8 Caracterização e Estrutura do Texto Descritivo 135
“De repente, cinquenta metros à sua frente, viu mais um mendi-
go abordando os transeuntes em um local movimentado. Tenta-
va conseguir uns trocados para uma possível refeição noturna. 
Tinha barba longa e branca. Seus cabelos eram revoltos como 
os de Einstein zombando do mundo, mas parecia que ele zom-
bava era do banho. A pele estava seca, sem brilho, desidratada,roçada pelo tempo. Vestia um casaco preto, remendado com 
tiras brancas. Cheirava a azedo cítrico.”
(Augusto Cury – O futuro da Humanidade)
Compare, nos três textos literários acima, a adjetivação, os 
advérbios, as minúcias, a subjetividade da escrita romântica 
de Alencar com a concisão, a secura, a objetividade do texto 
modernista de João Cabral de Melo Neto e com a simplicida-
de direta e enxuta de Augusto Cury.
Por outro lado, você poderá perceber que os textos descriti-
vos não literários ocupam-se do objeto com uma maior preci-
são, com uma exatidão de detalhes, o que envolve até mesmo 
o vocabulário escolhido. Empregando, predominantemente, a 
denotação, o autor expõe como o objeto se apresenta efetiva-
mente. Temos, então, o texto objetivo. A descrição não literária 
igualmente pode ter como alvo pessoas, objetos e ambientes. 
Da mesma forma que no texto literário, aqui também podemos 
empregar um maior ou menor grau de objetividade ou subje-
tividade.
Seja qual for o texto descritivo, sempre é importante levar 
em conta o objetivo que se pretende atingir. Há casos em que 
a objetividade absoluta, principalmente em áreas tecnológi-
136 Produção Textual
cas, torna-se indispensável. As instruções de operação de um 
Boeing ou de um batiscafo, por exemplo, precisam ser rigo-
rosamente objetivas, técnicas, mas, ao mesmo tempo, claras, 
simples, diretas, sem margem para ambiguidades ou conota-
ções, sob risco de pequenos ou grandes desastres.
Na sequência, você poderá observar dois exemplos de des-
crições não literárias mais objetivas ou menos objetivas.
NA NOVA CAPITAL DO CAZAQUISTÃO não faltam edifícios 
exóticos, alguns bem descritos por irreverentes apelidos locais. 
Banana (um vistoso prédio comercial amarelo), Sete Barris (um 
conjunto de prédios de apartamento), Isqueiro (o Ministério dos 
Transportes e Comunicações). Mas uma dessas construções, um 
monumento nacional chamado Baiterek, não inspira apelidos, 
pela simples razão de que não se parece com nada. Pelo me-
nos, nada deste planeta.
O Baiterek, que significa “Álamo Alto”, é uma torre de 97 me-
tros, reforçada por um exoesqueleto de aço pintado de branco. 
No topo há uma esfera de vidro dourada. Diz a epígrafe em sua 
base que o monumento representa o mito cazaque de Samruk, 
uma ave sagrada que todo ano pôs um ovo de ouro – o Sol – na 
copa de uma gigantesca árvore da vida. (...)
Revista National Geographic – John Lancaster – fevereiro 2012
Capítulo 8 Caracterização e Estrutura do Texto Descritivo 137
O trem, de cor azul, letreiros em amarelo, locomotiva e quatro 
vagões, já estava parado na estação Chilca. À primeira vista, 
parecia inimaginável que ele pudesse mergulhar dentro daquela 
cordilheira. À esquerda da ferrovia, corre o Urubamba, reple-
to de enormes rochas arrastadas pela enchente de janeiro. À 
esquerda do rio, erguem-se gigantescos morros, escalavrados, 
áridos, quase nus. À direita da ferrovia, quase assustador, azul e 
branco, surreal, entre nuvens, imenso, ergue-se o Nevado Verô-
nica, cinco mil e duzentos metros, rodeado por outros picos ne-
vados. Adiante, o caminho para Macchu Picchu, sempre serpe-
ando as espumantes águas do Urubamba, até Águas Calientes, 
charmosa cidadezinha aos pés de montanhas verde-escuras, 
neblinosas, úmidas. Coisa de guardar na retina para sempre. 
(Castilho F. Schneider)
Veja, abaixo, duas descrições, a primeira de uma pessoa e 
a segunda de um ambiente.
Marcos Caruso, excelente ator teatral, é homem de limitar-se a 
falar o essencial. Mesmo assim, está sempre de bom humor e 
sorridente. Quase totalmente calvo, magro, esbelto, de estatura 
relativamente alta, não é dado a formalidades, o que se verifica 
tanto no modo de trajar como no modo de agir, marcados pela 
sobriedade. É inteligente, espirituoso. Também aprecia atuar na 
telinha. (Castilho F. Schneider)
138 Produção Textual
A moradia de Chiquinha, na periferia da cidade, possui poucos 
cômodos, os quais, aliás, nada têm de cômodo. O ambiente 
maior e mais usado é aquele que serve simultaneamente de 
cozinha e sala. A peça possui duas portas, a rigor, uma porta 
e um cortinado de palitos ocos de bambu, enfiados em fios de 
nylon. A tal porta é a única da casa e o cortinado conduz aos 
demais dois “aposentos”: um banheiro e um quarto. A cozinha 
é aproximadamente quadrada, com cerca de 16m2. A mobília, 
fogão, geladeira, balcão da pia, televisão, mesa, tudo é velho. 
Ao entrar, logo após a porta, está um estofado um tanto ense-
bado, cuja cor original é apenas adivinhável. É assim o lar da 
pobre criança. (Castilho F. Schneider)
No que concerne ao aspecto formal do texto descritivo, é 
importante empregarmos os verbos com moderação, prefe-
rencialmente, nas formas nominais, no presente e no pretérito 
perfeito do indicativo. Predominam verbos que denotam fenô-
meno ou estado. Você poderá observar em todos os exemplos 
acima (literários e não literários) o predomínio desse tipo de 
verbos, embora apareçam também alguns verbos de ação. 
O texto descritivo faz largo uso de adjetivos, advérbios e de 
estruturas comparativas, o que também fica bem evidente nos 
exemplos apresentados.
Dicas
Branca Granatic (2002), em seu livro Técnicas básicas de re-
dação, mostra vários esquemas que podem ser bastante úteis 
na produção de seus textos descritivos. Ela apresenta diversos 
Capítulo 8 Caracterização e Estrutura do Texto Descritivo 139
esquemas que podem nortear você na elaboração de diferen-
tes tipos de descrição.
Granatic apresenta dois esquemas diferentes para descre-
vermos pessoas, dos quais o primeiro parece ser o mais práti-
co. Esse esquema propõe a elaboração de uma descrição com 
quatro parágrafos: introdução, dois desenvolvimentos e con-
clusão. Na introdução, segundo ela, você vai dar uma ideia de 
caráter geral, sem pormenores.
Já no desenvolvimento, você pode produzir um parágrafo 
abordando os aspectos físicos (altura, peso, cor, rosto, vestu-
ário etc.), com muitos ou poucos detalhes, dependendo da 
extensão que seu texto pretende ou precisa apresentar. No pa-
rágrafo seguinte, conforme tal esquema, você terá que ater-se 
às características psicológicas da pessoa (caráter, gostos, tem-
peramento, objetivos etc.).
Na conclusão cabe, então, retomar algum outro aspecto 
geral que você considere relevante.
Os esquemas que essa autora nos apresenta para descre-
ver objetos, ambientes e paisagens são semelhantes. Todos 
partem de ideia básica de um texto acadêmico simples, em 
quatro parágrafos, do tipo que você elabora a título de exercí-
cio para praticar sua textualidade.
Assim, ao descrever um objeto, você traça seu aspecto geral, 
como origem, localização (introdução), os detalhes, formato, 
dimensões, peso, material, textura etc. (desenvolvimento) e uma 
observação de caráter geral sobre sua utilidade (conclusão).
140 Produção Textual
Na descrição de um ambiente, você igualmente inicia dan-
do uma noção geral do mesmo na introdução, apresentando os 
detalhes de sua estrutura e de seu conteúdo no desenvolvimen-
to, concluindo com uma observação da atmosfera do ambiente.
Veja abaixo a descrição de um ambiente, no caso, uma 
sala de aula.
Nossa sala de aula, hoje, apresenta quase todas as características 
típicas de um ambiente convencionalmente destinado ao ensino para 
alunos que frequentam um curso superior. Seu tamanho é o suficiente 
para abrigar os quarenta e dois alunos que compõem a turma do 
curso de Administração.
Estamos em uma sala com aproximadamente oito metros de largura 
por onze de comprimento. O acesso à mesma dá-se por uma porta 
em folha dupla, na parte da frente. Esta abre para fora. As paredes 
são pintadas em um tom verde-claro, agradável aos olhos, enquanto 
o teto é de cor branca. O assoalho está revestido com um laminado 
marrom-escuro. Em toda a largura da parededianteira, há um quadro 
branco com cerca de um metro e vinte de altura. À direita dos alunos 
sentados, observam-se três grandes janelas, cobertas por persianas de 
cor branca. A iluminação, fluorescente, é muito boa.
A mobília da sala compõe-se de quarenta e cinco classes, feitas de um 
material semelhante a PVC. Todas são iguais, de cor bege. Há ainda 
uma mesa maior do mesmo material, destinada aos professores. A pro-
fessora de Redação Acadêmica, hoje, está muito bem vestida e, a título 
de aquecimento, solicitou esta breve descrição de nossa sala de aula.
O ambiente em nossa sala de aula é bastante amistoso e agradável. Os 
professores são bastante didáticos e eficientes. A maioria dos colegas 
são solícitos uns com os outros, o que, possivelmente, é favorecido pelo 
fato de a maioria dos professores organizarem os alunos em círculo.
(Castilho Schneider)
Capítulo 8 Caracterização e Estrutura do Texto Descritivo 141
Independente da tipologia textual, escrever, sobretudo es-
crever bem, requer muita leitura e, acima de tudo, muita práti-
ca. Podemos comparar a boa textualidade com natação e com 
o ato de dirigir. Como na escrita, para bem nadar e bem diri-
gir, você pode estudar e até decorar todas as teorias existentes 
sobre a melhor forma de desempenhar essas atividades. Mas, 
sem dirigir, não dirige nada e sem nadar, não nada nada. Eis 
aí um paralelo que nos dá uma ideia do quanto é importante 
praticar a escrita, para que um acadêmico se torne um produ-
tor de textos coesos, coerentes e claros.
Recapitulando
Desejamos ter deixado claro que o ato de descrever, essen-
cialmente, caracteriza-se como uma espécie de fotografia em 
forma de palavras e que os textos de natureza descritiva po-
dem apresentar-se de forma objetiva ou subjetiva, sejam eles 
literários ou não literários. Da mesma forma, esperamos que 
as dicas e orientações aqui apresentadas sejam úteis para os 
acadêmicos da disciplina de Produção Textual dentro e fora da 
sala de aula.
Atividades
 1. Assinale as assertivas verdadeiras.
a) A descrição literária ocupa-se do objeto com uma pre-
cisão mais acurada do que a descrição não literária.
142 Produção Textual
b) O trecho de O Guarani pode ser considerado um texto 
descritivo técnico-romântico.
c) Para Branca Granatic, no desenvolvimento de uma 
redação descritiva, fazem-se apenas comentários dos 
aspectos psicológicos.
d) Há aspectos comuns entre a atividade de descrever e a 
de pintar.
e) Um texto descritivo, em geral, emprega adjetivos e ver-
bos que não expressam movimento.
 2. Analise as afirmações abaixo, para assinalar a alternativa 
correta.
I) A presença de verbos de ligação é comum nos textos des-
critivos.
II) A linguagem conotativa costuma predominar nos textos des-
critivos não literários.
III) Em um texto descritivo técnico a objetividade absoluta pode 
ser fundamental.
a) Apenas I está correta.
b) I e II são falsas.
c) I e III são verdadeiras.
d) As três assertivas constituem verdades.
e) Apenas a terceira afirmação contém uma verdade.
Capítulo 8 Caracterização e Estrutura do Texto Descritivo 143
 3. Assinale a alternativa que pode ser considerada verdadei-
ra, de acordo com o que você estudou no capítulo.
a) Na introdução de um texto descritivo, é frequente ana-
lisarmos um detalhe que posteriormente será retoma-
do no desenvolvimento.
b) Não constitui erro empregar uma maior objetividade 
na descrição dos aspectos físicos do que na dos psico-
lógicos.
c) Devido à quantidade de recursos de imagem, hoje, 
dificilmente, um texto descritivo precisa dar conta de 
como um objeto é na realidade.
d) O texto descritivo, no geral, prescinde do emprego de 
formas nominais.
e) A classe gramatical mais empregada no texto descriti-
vo é o advérbio.
 4) Indique a única assertiva correta, no que diz respeito à 
tipologia textual.
a) Uma descrição literária tem como alvo exclusivamente 
pessoas, objetos e ambientes.
b) Segundo Branca Granatic (2002), ao descrever um 
objeto, cabe traçar inicialmente seu aspecto geral, 
para, depois, expor seus detalhes.
c) Ao descrever personagens (tipos) em seus aspectos fí-
sicos, emprega-se, preferencialmente, a subjetividade.
144 Produção Textual
d) Uma descrição literária preocupa-se sempre com a 
exatidão do objeto descrito.
e) O texto descritivo não literário vê o objeto sem obser-
var os detalhes físicos com precisão.
 5) Considere as assertivas e, então, marque a alternativa cor-
reta.
I – Uma descrição pode estar presente até mesmo em um texto 
poético.
II – Tanto em um texto literário como em um não literário po-
dem verificar-se a objetividade e a subjetividade.
III – É comum a presença de ambiguidades na descrição de 
um objeto mecânico, como um motor.
a) Somente a I é verdadeira.
b) Apenas a II está correta.
c) I e II são afirmações verídicas.
d) Somente a III está correta.
e) II e III são verdadeiras.
Referências bibliográficas
ALENCAR, José de. O guarani. 11. ed. São Paulo: Ática, 1984.
GRANATIC, Branca. Técnicas básicas de redação. 4. ed. São 
Paulo: Scipione, 2002.
Capítulo 8 Caracterização e Estrutura do Texto Descritivo 145
KOCH, Ingedore Villaça; ELIAS, Vanda Maria. Ler e escrever: 
estratégias de produção textual. 2. ed. São Paulo: Contex-
to, 2011.
MARTINS, Dileta Silveira; ZILBERKNOP, Lúbia Scliar. 26. ed. 
Português instrumental: de acordo com as normas da ABNT. 
São Paulo: Atlas, 2007.
NETO, João Cabral de Melo. Morte e vida severina. Rio de 
Janeiro: Record, 1976.
Revista National Geographic. Astana. Ano 12 – nº 142 – 
31/01/2012 –
Gabarito
 1. d, e;
 2. c;
 3. b;
 4. b;
 5. c.
Castilho Francisco Schneider
Maria Lizete Schneider
Capítulo 9
Correspondência 
Oficial – Ata, Ofício, 
Requerimento, E-mail
ÂÂNo Capítulo 8, você teve oportunidade de estudar no que consiste o texto descritivo, cuja aplicabilidade 
acadêmica está, consideravelmente, presente ao longo de 
diversos cursos. Saber escrever bem é uma atividade que, 
além de exigir prática, requer capacidade de observação 
e uma considerável sensibilidade.
Capítulo 9 Correspondência Oficial – Ata... 147
No presente capítulo, vamos analisar brevemente quatro 
tipos de textos técnicos, dos quais, ao longo de sua carreira, 
você certamente terá que lançar mão alguma vez. O ofício, o 
requerimento, a ata e o e-mail constituem alguns dos tipos de 
redação técnica mais empregados na correspondência oficial 
e entre empresas. Para ampliar seu domínio sobre o uso ade-
quado desses documentos, o importante é praticar bastante.
Antes de detalharmos esses textos, é necessário que você re-
vise algumas qualidades de estilo já estudadas no Capítulo qua-
tro: clareza, concisão e correção gramatical, para que eles atin-
jam seu objetivo principal, a comunicação de forma eficiente.
Outro aspecto relevante a ser considerado nesses textos 
oficiais é a impessoalidade, enfatizada no Manual de Redação 
da Presidência da República (2002). Isso evita a presença de 
impressões pessoais nessas correspondências, pois, embora 
assinadas por um indivíduo, representam um Serviço Público.
Também trataremos aqui de algumas introduções e fechos 
mais modernos para esses tipos de textos, já que ainda há al-
guns vícios no emprego dos mesmos. Hoje, temos necessidade 
de comunicação mais rápida e objetiva.
Introduções e fechamentos mais eficientes
É interessante observarmos que nesses tempos de Internetês, de 
pressa e concisão, soam quase barrocas algumas expressões que 
muitos insistem em manter em uso nas introduções e nos fechos 
de ofícios e cartas comerciais. A persistência de seu emprego ca-
racteriza um estilo administrativo-burocrático e ultrapassado que 
148 Produção Textual
não condiz com a fluidez necessária na comunicação moderna.O importante, hoje, é ir direto ao “miolo” da mensagem.
Deparamo-nos com muitas introduções e fechamentos de 
textos que empregam palavras e expressões desnecessárias, as 
quais nada acrescentam à essência da mensagem. Essas só 
tomam espaço e tempo do leitor.
Introduções
Em vez de Utilize...
Vimos, por intermédio do presente, 
levar ao conhecimento de V.Sa. que...
Informamos a V.Sa. que...
Este tem por finalidade levar ao 
conhecimento de V.Sa. que
Informamos a V.Sa. que....
Temos a satisfação (honra, prazer...) 
de comunicar a Vossa Senhoria que...
Comunicamos a Vossa Senhoria 
que...
Anexo à presente segue...
Cumpre-nos informar....
Anexamos...
Informamos ou outro que se 
adeque....
 Fechos
Nossos protestos de elevada estima e 
consideração (ou apreço)...
*Respeitosamente, (para 
autoridades superiores, inclusive 
o Presidente da República)
Sem mais para o momento... *Atenciosamente, (para 
autoridades de mesma 
hierarquia ou hierarquia inferior)
Sendo o que se nos oferece para o 
momento...
Nada diz ao leitor da mensagem 
esta frase.
* Segundo o Manual de Redação da Presidência da República, os quinze fechos 
usados anteriormente foram padronizados em apenas esses dois.
Capítulo 9 Correspondência Oficial – Ata... 149
Vejamos agora mais detalhadamente os quatro tipos de 
correspondência que este capítulo propõe analisar.
Ofício
Podemos definir ofício como comunicação escrita usada, prin-
cipalmente, pelos órgãos do governo e autarquias. É empre-
gado pelas autoridades entre si, entre subalternos e superiores, 
e entre a Administração e particulares, em caráter oficial, con-
forme Kaspary (2007).
Ainda, segundo Kaspary (2007), geralmente, o ofício trata 
de conteúdos administrativos, porém pode abordar também 
assuntos de caráter social, vinculados aos relacionamentos 
das autoridades, em virtude de seu cargo ou função.
Partes do ofício
 1) Timbre (cabeçalho) – identifica o órgão expedidor.
 2) Índice e número – iniciais do órgão expedidor, seguidos 
pelo número do ofício. É colocado junto à margem es-
querda. Ex.: Of. nº DP/156/2012 (Ofício nº 156, do ano 
de 2012, expedido pelo Departamento de Pessoal).
 3) Local e data – na mesma altura do índice e do número, 
em direção à margem direita. Não se abrevia a localida-
de. Ex.: Porto Alegre, 19 de abril de 2012.
150 Produção Textual
 4) Assunto – resumo do assunto principal, utilizado apenas 
quando os ofícios são extensos. É colocado junto à mar-
gem esquerda.
 5) Vocativo – tratamento e cargo ou função do destinatário, 
seguidos, de preferência, por dois-pontos (:). O Manual 
de Correspondência da Presidência da República (2002) 
utiliza uma vírgula (,) e inicia o parágrafo, abaixo, com 
letra maiúscula.
Ex.: Senhor Superintendente:
Senhor Superintendente,
 6) Texto – exposição do assunto. Vide introdução de ofício no 
quadro acima. Se o ofício for longo, recomenda-se nume-
rar os parágrafos, com exceção do primeiro.
 7) Fecho – fórmulas de cortesia. Ver fechos de ofício no qua-
dro acima.
 8) Assinatura – nome do remetente, seu cargo ou função. 
O designativo do cargo ou função deve vir separado por 
vírgula, pois trata-se de um aposto.
Ex.: Aline Moraes,
Presidente.
 9) Endereço – (destino) caracterização do tratamento e de-
signação do cargo ou função do destinatário, seguidos da 
localidade de destino. O endereço é colocado embaixo, 
junto à margem esquerda da folha, no ofício dito tradicio-
nal.
Capítulo 9 Correspondência Oficial – Ata... 151
IMPORTANTE: No ofício indicado no Manual de Correspon-
dência da Presidência da República (2002), o endereçamento 
será colocado logo após o índice e o número do ofício. Veja o 
segundo exemplo de esquema abaixo.
Ex.: Ao Senhor Domingos Oliveira,
Delegado de Polícia de Gramado,
Gramado – RS.
Mesmo que o ofício tenha mais de uma folha, o endereça-
mento irá somente na primeira.
 10) Iniciais – siglas do redator e do digitador em maiúsculo.
 11) Uma diagonal (/) logo abaixo do endereçamento, junto 
à margem esquerda, significa que o documento contém 
anexos, cuja quantidade é indicada logo após a diagonal. 
Ex.: /3 (contém 03 anexos).
 ESQUEMA DE DIGITAÇÃO, conforme Kaspary (2007), de 
um Ofício tradicional.
Esta apresentação é utilizada na Câmara de Deputados, con-
forme Manual de Redação Oficial da Câmara de Deputados 
(2004), que pode ser acessado pela Internet, site:bd.camara.
gov.br/bd/bitstream/.../bdcamara/.../manual_redacao.pdf
152 Produção Textual
TIMBRE
Índice e número Local e data..................
3 espaços duplos
2,5 cm) vocativo: ------------------
3 espaços duplos
início do texto de introdução. ---------------------------- 1,5 cm
3 cm ---------------------------------------------------------------------
----------------
----------------------------------------------------------------------------
---------
início do texto de explanação ---------------------------
----------------------------------------------------------------------------
---------
----------------------------------------------------------------------------
---------
2 espaços duplos
fecho ----------------------------------
3 espaços duplos
assinatura,
cargo ou função.
Endereçamento....................
............................................
2 espaços duplos
iniciais.......................
Capítulo 9 Correspondência Oficial – Ata... 153
Exemplo de ofício
TIMBRE
Of. n° 04/12 Canoas, 16 de março de 2012.
Senhora Coordenadora:
Informamos a Vossa Senhoria que os alunos, de quarta a oita-
va séries, desta Unidade Escolar irão participar das Olimpíadas 
de Língua Portuguesa que ocorrerão durante o mês de outubro 
deste ano.
Atenciosas Saudações,
Hermes da Fonseca,
Diretor.
A Senhora fulana de tal
Coordenadora do COMDEC – Canoas – RS
MEG/MLS
ESQUEMA DE DIGITAÇÃO, conforme o Manual de Redação 
Oficial da Presidência da República (2002).
Esta nova apresentação é utilizada nos órgãos Federais 
que seguem o Manual de Redação Oficial da Presidência da 
República e pode ser acessado pela Internet, site: http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/manual/ManualRedPR2aEd.PDF
154 Produção Textual
TIMBRE
Índice e número Local e data..................
3 espaços duplos
Endereçamento....................
............................................
2 espaços duplos
Assunto: __________________
2,5 cm vocativo: ------------------
3 espaços duplos
início do texto de introdução. ---------------------------- 1,5 cm
3 cm ---------------------------------------------------------------------
----------------
----------------------------------------------------------------------------
---------
início do texto de explanação ---------------------------
----------------------------------------------------------------------------
---------
----------------------------------------------------------------------------
---------
2 espaços duplos
fecho ----------------------------------
3 espaços duplos
assinatura,
cargo ou função.
2 espaços duplos
iniciais.......................
Capítulo 9 Correspondência Oficial – Ata... 155
Requerimento
Este é um tipo de correspondência ao qual um cidadão pode 
recorrer para solicitar a uma autoridade pública ou serviço 
público, a apreciação ou solução de um caso do peticionário 
(pessoa física ou jurídica). O requerimento caracteriza-se por 
ter amparo legal, sendo essa a razão pela qual só pode ser 
dirigido a autoridades públicas.
Para solicitações de natureza semelhante, quando dirigi-
das a instituições particulares empregamos a carta ou o ofício. 
Todavia, segundo Kaspary (2007), podemos dirigir um reque-
rimento a um colégio particular, uma vez que exerce uma es-
péciede delegação de atividade própria do poder público.
Estrutura do requerimento
 1) Vocativo ou Destinatário – título, nome do cargo ou fun-
ção e, em muitos casos, o endereço da autoridade desti-
natária. Evita-se empregar o nome civil da autoridade.
 2) Identificação e qualificação do requerente – se pessoa 
física, nome (em maiúsculo) e outros dados pessoais (na-
cionalidade, estado civil, idade, naturalidade, domicílio, 
identificação documental (CIC e CI), profissão etc.) do re-
querente. Dependendo da natureza da solicitação, podem 
se fazer necessários dados mais ou menos específicos. 
Assim, se você se dirigir à Universidade, um dado funda-
mental é seu número acadêmico, o qual, em uma solici-
156 Produção Textual
tação dirigida à Prefeitura, não vem ao caso. Tratando-se 
de pessoa jurídica, é importante informar nome e outros 
dados (endereço, ramo de atividade etc.) da entidade re-
querente, igualmente de acordo com a natureza do pedido 
e as exigências da repartição à qual o documento se des-
tina.
Quando se trata de requerimento individual de pessoa 
física, é dispensável, por ser desnecessária, a expressão 
“abaixo assinado” após o nome do requerente, já que 
este, de qualquer maneira, terá de assinar o documento.
O requerente, seja uma pessoa física, ou pessoa jurídica, 
sempre deve expressar-se na terceira pessoa: FULANO 
DE TAL requer......(jamais: requeiro ou venho requerer).
 3) Texto – explanação do pedido que pode buscar apoio em 
leis, decretos, portarias etc., bem como manifestar seu mo-
tivo e finalidade, tudo expresso em uma linguagem clara e 
concisa.
Nos tempos de hoje, estão completamente fora de uso 
expressões do tipo “vem mui respeitosamente...”, “vem 
à presença de...”, “para que se digne a...” e outras do 
mesmo estilo, as quais costumavam acompanhar o ver-
bo requerer, que introduz a formulação propriamente 
dita do pedido. Basta empregar o verbo requerer, su-
ficientemente claro e expressivo por si só. Não se está 
pedindo nenhum favor e, além do mais, não só a fala 
mas também a linguagem empregada em documentos 
evoluiu.
Capítulo 9 Correspondência Oficial – Ata... 157
 4) Fecho – fórmulas de cortesia, que, aliás, tendem a ser 
abolidas.
– Nestes termos,
Pede deferimento.
ou abreviadamente: N.T.
P.D.
– Termos em que pede deferimento
ou abreviadamente: T. E. Q. P.D (pouco usada)
– Espera deferimento.
ou abreviadamente: E.D.
– Aguarda deferimento.
ou abreviadamente: A.D.
– Pede deferimento.
ou abreviadamente: P. D.
Deve-se evitar a fórmula “Pede e espera deferimento”. 
Para quem pediu, é óbvio, só resta esperar...
 5) Local e data.
 6) Assinatura.
158 Produção Textual
Exemplo de requerimento
Excelentíssimo Senhor Secretário da Educação do Município de 
Canoas:
FULANO DE TAL, brasileiro, separado judicialmente, CI, CIC, 
empresário, residente na rua Cel. Genuíno, 130, em Porto Ale-
gre, tendo estudado na Escola Municipal Josué Guimarães no 
ano de 1991, requer a Vossa Excelência que lhe seja fornecida 
uma cópia do seu Histórico Escolar desse período.
Nestes Termos,
Pede deferimento.
Canoas, 16 de março de 2012.
FULANO DE TAL
Ata
Ata é um documento que constitui o resumo escrito dos fatos e 
das decisões tomadas em uma assembleia, sessão ou reunião 
para um determinado fim. É necessário que ela seja um regis-
tro metódico e exato.
Capítulo 9 Correspondência Oficial – Ata... 159
Normas para elaboração
Uma ata, geralmente, é transcrita a mão pelo secretário da 
reunião, em livro próprio. Este deve conter um termo de aber-
tura e um termo de fechamento, ambos assinados pela auto-
ridade máxima da entidade ou por quem receber daquela au-
toridade delegação para tanto. A mesma autoridade também 
deve numerar e rubricar todas as folhas do livro.
Uma vez que a ata constitui documento de valor jurídico, 
deve ser lavrada de tal forma, que nada lhe poderá ser acres-
centado ou modificado. Em caso de ocorrer um engano de 
redação, o secretário deverá usar a expressão “digo”, com o 
fim de retificar o pensamento. Se esse engano for notado no 
final da ata, escreverá, então, a expressão – “em tempo: Onde 
se lê........, leia-se.......”.
Os números devem ser escritos por extenso em atas, evitan-
do-se, também, as abreviações. No intuito de se evitar acrés-
cimos, as atas devem ser redigidas sem deixar espaços em 
branco e sem margem de parágrafos.
Preferencialmente, emprega-se o pretérito perfeito do modo 
indicativo na redação desse documento.
Em relação à assinatura, todas as pessoas presentes de-
vem fazê-la ou, quando deliberado, apenas o presidente e o 
secretário.
Também é permitida a transcrição da ata em folhas digita-
das (ou datilografadas), desde que as mesmas sejam conve-
nientemente arquivadas, o que impossibilita fraude.
160 Produção Textual
A ata deve ser redigida por um secretário do órgão ou, na 
ausência desse, por um secretário “ad hoc”, isto é, eventual, 
designado na ocasião da reunião ou somente para ela.
Esse documento deve ser um registro fiel dos fatos trans-
corridos em uma determinada reunião e, por essa razão, sua 
linguagem deve ser simples e despretensiosa, clara, precisa e 
concisa.
Há casos muito especiais em que são usados formulários já 
impressos, como os das seções eleitorais, por exemplo.
Partes da ata
As partes que compõem uma ata variam de acordo com a na-
tureza das reuniões cujos eventos a mesma registra. Todavia, 
as mais indispensáveis e que com mais frequência aparecem, 
além do título e das assinaturas, são as que seguem:
 1) dia, mês, ano e hora da reunião (por extenso);
 2) local da reunião;
 3) pessoas presentes, devidamente qualificadas (conselhei-
ros, professores, delegados etc.);
 4) presidente e secretário dos trabalhos;
 5) ordem do dia (discussões, votações, deliberações etc.);
 6) fecho.
Capítulo 9 Correspondência Oficial – Ata... 161
Exemplo de ata
TIMBRE
Ata da reunião ordinária nº 02/2008
Aos vinte e sete dias do mês de março de dois mil e doze, às dezoito 
horas e trinta minutos, reuniram-se no auditório da Escola Estadual de 
Ensino Fundamental Josué Guimarães, a equipe diretiva, professores, 
funcionários, pais e alunos para uma reunião geral a fim de tratar do 
Calendário Escolar de dois mil e oito. A direção apresentou o calen-
dário distribuído da seguinte forma: início do ano letivo em três de 
março de dois mil e oito, encerrando-se o primeiro semestre em vinte 
e três de julho do corrente ano; na sequência haverá um recesso de 
uma semana até dois de agosto para os alunos e trinta de julho para 
os professores; o segundo semestre iniciar-se-á em quatro de agosto 
de dois mil e oito, encerrando aos vinte e dois de dezembro do mesmo 
ano. Também ocorrerão atividades letivas nos sábados a saber: dez 
de maio (homenagem ao Dia das Mães, aniversário da Escola, dia da 
Solidariedade); dia cinco de julho (comemoração de Festa Junina); dia 
treze de setembro (homenagem à Semana Farroupilha). Os feriados 
previstos são Sexta Feira Santa, em vinte e um de março, Tiradentes, 
em vinte e um de abril, dia do Trabalho, nos dias um e dois de maio, 
Corpus Christi, nos dias vinte e dois e vinte e três de maio e dia do 
Professor em quinze de outubro. Os presentes aprovaram na íntegra 
esse calendário. Não havendo outros assuntos na pauta a diretora en-
cerrou a reunião. Nada mais havendo a constar, lavro a presente ata, 
que será assinada por mim e pelos demais presentes. Canoas, vinte e 
sete de março de dois mil e oito. Maria Lizete Schneider – secretária. 
Juçara Rodrigues – diretora...........................................................
.....................................................................................................
..............................................
...................................................................................................................................................
162 Produção Textual
E-mail (Correio eletrônico)
Embora o e-mail não seja uma correspondência especifica-
mente oficial, merece aqui uma breve análise, pois é um tipo 
de comunicação que está presente em quase todos os estilos 
de correspondência.
A palavra e-mail tem sua origem em electronic mail (do 
inglês). Constitui um tipo de texto que se caracteriza pela ra-
pidez, baixo custo, facilidade operacional e comunicação em 
tempo real, concorrendo com outros tradicionais meios de co-
municação.
Por ser um texto de veiculação praticamente instantânea, 
o e-mail requer uma série de cuidados, no que diz respeito à 
correção gramatical, pois um texto mal escrito revela pressa e 
falta de cuidado, além de sinalizar falta de respeito com o des-
tinatário. Como em qualquer outra correspondência, o e-mail é 
portador da imagem do órgão público ou da empresa em nome 
do qual é emitido. É fundamental observar também o cuidado 
com a clareza, concisão, impessoalidade e linguagem gentil.
Estrutura
Estrutura: - vocativo;
 - texto;
 - forma de despedida;
 - nome do emitente;
– (as outras informações, já estão no corpo do próprio e-mail).
Capítulo 9 Correspondência Oficial – Ata... 163
Exemplo de e-mail
Sr. Álvaro Silva
Informamos que a diretoria não deverá aprovar o projeto da for-
ma como ele se encontra, porque a quantia a ser desembolsada 
para a sua execução é vultosa.
Atenciosamente,
Laura Alves.
De: Remetente da mensagem
Para: Receptor da mensagem
Cc: (Com cópia) Outros receptores da mensagem
Assunto: Identificação do assunto a ser tratado na mensagem
Neste capítulo, vimos que os documentos escritos são de 
grande importância, tanto para quem escreve quanto para 
quem lê. Por isso, reforçamos aqui a ideia de que a redação 
de documentos deve ser de forma clara, concisa e impessoal. 
Assim, observando esses itens, fica mais fácil o repasse de in-
formações e o entendimento para o nosso leitor.
Devido ao reduzido espaço disponível para cada capítulo, 
foram analisados aqui apenas quatro tipos de Correspondên-
cia Oficial: Ata, Ofício, Requerimento e E-mail. Cremos que os 
mesmos sejam de ampla aplicação na carreira do pedagogo. 
Cientes da existência de diversos outros tipos, recomendamos 
que, em caso de necessidade, livros exclusivos sobre Corres-
pondência Oficial podem e devem ser consultados.
164 Produção Textual
Recapitulando
Você viu, neste capítulo, algumas informações elementares so-
bre a construção e o uso de alguns tipos de correspondência 
oficial. Certamente, ao longo da carreira profissional, você 
terá que escrever ofícios, enquanto comunicação de algum 
órgão público ou de uma autarquia, dirigir-se a uma autorida-
de através de requerimentos, ou registrar os fatos de reuniões 
pedagógicas por meio de atas e, até mesmo, enviar e-mails, 
embora esse último tipo não seja uma correspondência oficial 
propriamente dita. Por essa razão, é necessário que estas mo-
dalidades textuais sejam bem dominadas.
Atividades
 1. Marque V (verdadeiro) ou F (falso) para as afirmações 
abaixo, considerando os aspectos gerais da correspondên-
cia oficial.
( ) Opiniões e posicionamentos pessoais devem ser evita-
dos em correspondências oficiais.
( ) Não há problema algum em empregar a primeira pes-
soa em uma correspondência que representa um ser-
viço público.
( ) O Manual de Redação da Presidência da República 
não se manifesta a respeito da impessoalidade em tex-
tos oficiais.
Capítulo 9 Correspondência Oficial – Ata... 165
( ) Com a pressa dos dias atuais, não se veem mais textos 
que empregam expressões desnecessárias.
( ) Não fica bem o uso de expressões arcaicas nas intro-
duções e nos fechos de ofícios.
Escolha a alternativa que contempla a sequência cor-
reta.
a) V, F, F, F, V.
b) F, V, F, F, V.
c) V, F, V, F, F.
d) V, V, V, F, F.
e) F, F, V, V, V.
 2. Assinale a alternativa que apresenta uma introdução mo-
derna para uma correspondência oficial.
a) Temos o prazer e a satisfação de comunicar a Vossa 
Senhoria que...
b) Vimos, por intermédio da presente, levar ao conheci-
mento de Vossa Senhoria que...
c) Comunicamos a Vossa Senhoria que...
d) Este tem por finalidade coloca Vossa Senhoria a par 
de...
e) É com imenso prazer que vimos à presença de Vossa 
Senhoria comunicar que...
166 Produção Textual
 3. Três dos fechos abaixo não dizem nada a um possível lei-
tor, além de serem ultrapassados. Indique-os.
a) Respeitosamente....
b) Sem mais para o momento...
c) Nossos protestos de estima...
d) Sendo o que se nos oferece para o momento...
e) Atenciosamente...
 4. Assinale a única afirmação verdadeira.
a) O ofício caracteriza-se como uma comunicação inter-
na empregada por órgãos públicos.
b) Normalmente, um ofício trata de conteúdos adminis-
trativos.
c) Predominantemente, ofícios são usados para abordar 
assuntos sociais.
d) O cabeçalho, ou timbre é dispensável em ofícios.
e) Não é necessário que um ofício tenha um número e o 
nome do órgão expedidor.
 5. Considere as três assertivas para, depois, indicar a alterna-
tiva correta.
I – Em um ofício longo, é recomendável enumerar os parágra-
fos.
II – O requerimento pode ser utilizado por cidadãos para solici-
tar a uma autoridade ou serviço público a solução de um caso.
Capítulo 9 Correspondência Oficial – Ata... 167
III – A ata constitui um documento escrito o qual registra as 
ocorrências e as decisões de assembleias e reuniões em geral.
a) Apenas a I é afirmação verídica.
b) I e II são verdadeiras.
c) II e III são afirmações incorretas.
d) Apenas a III é verdadeira.
e) I, II e III são verdadeiras.
Referências bibliográficas
KASPARY, Adalberto J. Correspondência oficial: normas e mo-
delos. 18.ed. Porto Alegre: Edita, 2007.
Manual da Redação Oficial da Presidência da República, 
2002. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/manual/Ma-
nualRedPR2aEd.PDF
Manual de Redação Oficial da Câmara de Deputados – 2004. 
bd.camara.gov.br/bd/bitstream/.../bdcamara/.../manu-
al_redacao.pdf
Redação empresarial/ [Obra] org. pela Universidade Luterana 
do Brasil (Ulbra). – Curitiba: Ibpex, 2008.
MEDEIROS, João Bosco. Correspondência: técnicas de comu-
nicação criativa. 19.ed. São Paulo: Atlas, 2008.
168 Produção Textual
Gabarito
 1) a;
 2) c;
 3) b, c, d;
 4) b;
 5) e.
Castilho Francisco Schneider
Maria Lizete da Silva Schneider
Capítulo 10
Sutilezas da Língua 
Portuguesa
ÂÂNo capítulo anterior, foram estudados alguns tipos de textos, cuja prática é relativamente frequente no dia 
a dia de diversas carreiras profissionais. Na construção 
deles, é comum surgirem dúvidas em relação ao emprego 
de certas palavras ou expressões. Eis a razão pela qual 
algumas delas serão analisadas no presente capítulo.
170 Produção Textual
Tais expressões ou palavras precisam ser internalizadas 
pelo uso ou pela consulta frequente a gramáticas e dicioná-
rios. Se você tem o hábito da leitura, certamente, domina boa 
parte delas. Algumas dessas estendem sua incerteza ao domí-
nio oral, porém, a maioria limita-a ao campo da escrita.
Veja, na sequência, as mais comuns.
 1. A fim (de)/afim
Você emprega a fim (de) para indicar meta, objetivo, fina-
lidade.
Estamos a fim de viajar nas férias.
Afim deve ser usado para expressar semelhança, afinidade.
Seu emprego não está afim com sua competência.
Eles têm interesses afins.
 2. Ao par/a par
Empregamos ao par quando tencionamos dar ideia de va-
lores cambiais.
Dificilmente, o Guarani ficará ao par do Real neste século.
Capítulo 10 Sutilezas da Língua Portuguesa 171
Por sua vez, escrevemos a par, quando queremos transmitir 
a noção de estar ciente. Ambos são normalmenteseguidos da 
preposição de.
Fiquei a par do acidente quinze minutos após sua ocorrência.
 3. A cerca de/acerca de/há cerca de
A semelhança fonética dessas três expressões contribui 
para que o acadêmico confunda seu uso correto.
A expressão a cerca de denota distância ou tempo até de-
terminado local ou evento.
Encontramo-nos agora a cerca de cem quilômetros da 
fronteira.
Estamos a cerca de duas horas do início do espetáculo.
Usamos acerca de para indicar o mesmo que a respeito 
de, sobre.
Prefiro calar acerca desse assunto.
Já há cerca de indica um tempo decorrido ou uma quanti-
dade aproximada.
172 Produção Textual
Já moro aqui há cerca de doze anos.
Há cerca de dois mil desaparecidos após o temporal.
 4. Ao encontro de/de encontro a
A primeira dessas duas locuções você usa para dar a no-
ção de favorável a, para junto de.
Essa eleição vem ao encontro de interesses escusos.
De encontro a, por sua vez, significa contra, em oposição 
a, movimento contrário.
A derrota política veio de encontro aos interesses do ex-prefeito.
 5. A/há
Ambas as palavras podem indicar tempo. Eis aí a principal 
razão de eventuais dúvidas. A denota um tempo ainda por vir 
e não tem valor de faz, enquanto há indica tempo decorrido, 
sendo equivalente a faz.
Eu nasci há cinquenta anos.
Não existiremos daqui a um bilhão de anos.
Capítulo 10 Sutilezas da Língua Portuguesa 173
 6. Para eu/para mim
Empregamos para eu (tu, nós...) quando temos o pronome 
pessoal na função de sujeito. No geral, segue infinitivo impes-
soal ou pessoal (flexionado).
Era para nós estarmos aqui às três horas.
É para eu escrever este capítulo?
Para mim (ti, você...) é usado quando a expressão não é 
seguida de verbo ou o pronome não for sujeito do verbo que 
ali estiver. (Mim não age.)
Traga duas caixas de trufas para mim.
 7. Em fim/enfim
Na primeira expressão, fim é substantivo e ela significa no 
final, ao passo que enfim é advérbio com sentido de finalmente.
Em fim de linha não separamos a palavra aí.
Ufa! Até que enfim vocês chegaram.
174 Produção Textual
 8. Em vez de/ao invés de
Em vez de tem o sentido de em lugar de, em substituição a.
Em vez de aula, tivemos uma palestra no auditório.
Já ao invés de significa ao contrário de.
Ao invés de suspender o ataque, resolveram intensificá-lo.
 9. Aonde/donde/onde
Aonde expressa movimento para algum lugar e é usado 
com verbos de movimento.
Você vai aonde nas férias?
Podemos dizer que donde é oposto de aonde, pois, igual-
mente, é empregado com verbos que expressam movimento, 
mas de algum lugar, procedência, causa.
Donde você tirou essa ideia?
Já onde, a mais empregada dessas três palavras, deve ser 
usada com verbos em situações estáticas, que não expressem 
movimento.
Capítulo 10 Sutilezas da Língua Portuguesa 175
Onde fica a lotérica mais próxima?
Não sabia onde estava minha agenda.
 10. O porquê dos porquês
São quatro as variações que “essa palavra” pode sofrer, 
dependendo do seu sentido e da sua posição na frase.
a) Porque (uma palavra) é a forma mais encontrada e 
tem o sentido de porquanto, por causa que, pois. É 
articulador de causalidade.
Vamos sair daqui, porque isto vai explodir.
Porque faltou chuva, diminuiu a produtividade da soja.
b) Porquê (uma palavra) é um substantivo, aceita artigo e 
plural.
Ignoro os porquês da ignorância do ditador.
Entender o porquê de uma tese é essencial.
c) A expressão por que (duas palavras) sempre é cons-
tituída pela preposição por, seguida pelo pronome 
que, sendo equivalente às expressões por que motivo, 
pelo(a) qual, o motivo pelo qual (singulares ou plu-
rais).
176 Produção Textual
Você sabe as razões por que desisti da festa.
Desconheço por que ele se atrasou tanto.
d) Por quê (duas palavras) é empregado em fim de per-
guntas diretas, ou em frases positivas que terminam 
com essa expressão.
Você faltou à reunião, por quê?
Ela se irrita facilmente, mas hei de descobrir por quê.
 11. A princípio/em princípio
A primeira dessas expressões emprega-se para indicar 
início, inicialmente.
A princípio, a viagem transcorreu bem.
Você emprega em princípio como sinônimo de em tese.
Em princípio, não temos por que discordar da teoria da relati-
vidade.
 12. Se não/senão
Você escreve esta expressão separado toda vez que a partí-
cula se puder ser trocada por caso (condicionalidade).
Capítulo 10 Sutilezas da Língua Portuguesa 177
O acordo será nulo, se não cumprires a tua parte.
Senão pode ter a acepção de caso contrário, a não ser, 
mas, defeito (substantivo).
Sua imagem não era nada, senão frivolidades.
Nada podíamos fazer nada, senão rir da situação.
 13. Demais/de mais
Demais é um advérbio de intensidade, sendo sinônimo de 
muito ou é pronome indefinido (os outros), quando precedido 
de os.
Com o calor, o trabalho físico cansa demais.
Enquanto um fala, os demais ouvem.
Já de mais significa em excesso, em demasia, é o contrário 
da expressão de menos.
Não farei o concurso: há candidatos de mais.
 14. Cujo
Empregamos esse pronome relativo para indicar posse, 
como sinônimo das locuções de que, do qual, de quem. Cujo 
178 Produção Textual
estabelece uma relação de posse entre o termo anterior e o 
posterior. Jamais cujo(a), cujos(as) são seguidos de artigo. 
Concorda com a coisa possuída.
A estória, cujo conteúdo parece falso, é escabrosa.
O ouro, cujas características são, desde muito, apreciadas, já 
causou muitos infortúnios.
 15. Ver/vir
Estes dois verbos são motivo de frequentes dúvidas na re-
dação de acadêmicos. Isso verifica-se, principalmente, nas 
formas (flexões) em que ver assume i e vir assume e. Certa-
mente, o agravamento dessa dúvida está no fato de o futuro 
do subjuntivo do verbo ver flexionar-se exatamente igual ao 
infinitivo pessoal do verbo vir. Nesse caso, apenas o contexto 
pode nos revelar qual dos dois verbos está sendo empregado.
No dia em que vocês virem a aurora boreal, jamais esquecerão 
a imagem. (ver)
Prepararam-se por meses para virem ao show de Madonna. (vir)
Há outros tempos desses dois verbos que, eventualmente, 
também são confundidos, como o pretérito perfeito de ambos 
ou o futuro do subjuntivo de vir.
Capítulo 10 Sutilezas da Língua Portuguesa 179
Nós vimos o que aconteceu ao vivo. (ver)
Viemos para a festa com trajes adequados? (vir)
Quando viermos, queremos encontrar toda a família reunida. 
(vir)
Você precisa ter um cuidado especial para não usar vie-
mos ao invés de vimos, problema encontrado em vários tipos 
de correspondências. Na frase: “Viemos aqui para rir ou para 
chorar?”, o correto seria usar vimos, que é o presente do ver-
bo vir.
 16. A nível/em nível
Conforme Sacconi, é preferível evitarmos o emprego de a 
nessa locução, por ser mais característica da língua francesa. 
Em português, portanto, é mais comum usarmos em nível (de).
A conferência de paz transcorreu em nível amistoso.
O acadêmico que possui o hábito de leitura, desde os anos 
iniciais de escolarização, adquire, naturalmente, uma flexibili-
dade vocabular e, quando precisa escrever de improviso, sem 
acesso a dicionário ou gramática, não se vê em apuros. Se 
quer empregar uma palavra de cuja grafia não tem certeza, 
recorre a algum sinônimo. Caso queira usar a palavra disen-
teria, mas está em dúvida sobra a grafia da sibilante /s/ ou 
sobre as duas vogais (i/e ou e/i), ele poderá empregar um si-
180 Produção Textual
nônimo (diarreia, por exemplo), talvez menos elegante, porém 
eficiente.
Esperamos que as informações apresentadas no presente 
livro sejam de proveito, não apenas ao longo da vida acadê-
mica dos potenciais usuários, mas também possam ser fonte 
de consulta para egressos de universidades, já atuandoprofis-
sionalmente no mercado de trabalho.
Recapitulando
O domínio do emprego adequado das palavras e expressões 
apresentadas no presente capítulo, bem como de muitas ou-
tras, é adquirido pelo usuário com muita leitura, com a consul-
ta frequente a dicionários e gramáticas. Distinguir entre “acer-
ca de/a cerca de/há cerca de”, “afim/a fim”, “ao encontro de/
de encontro a” pode fazer grande diferença e evitar interpreta-
ções confusas em textos acadêmicos ou em correspondências.
Atividades
 1. Assinale a alternativa em que o pronome cujo está 
incorretamente empregado.
a) Os animais, cujas espécies estão definidas no catálo-
go, em sua maioria, são desconhecidos.
Capítulo 10 Sutilezas da Língua Portuguesa 181
b) As caixas, cujos os conteúdos eram suspeitos, estava 
lacradas.
c) Os textos, cujos erros assinalei, precisam ser revistos.
d) Estava muito preocupada com o noivo, cujo estudo de 
saúde não era muito otimista.
e) O povo sério, cujas vidas estão em constante perigo, 
quer a paz.
 2. Analise as frases que seguem, para responder à ques-
tão em relação ao emprego da expressão cerca de.
I – A cerca de quinze anos eu morava no centro.
II – Não tenho leituras suficientes para opinar acerca de lite-
ratura.
III – Entrei na área porque a cerca do terreno estava caída.
a) I, II e III são verdadeiras.
b) I e II são verdadeiras.
c) I e III são verdadeiras.
d) Somente I é verdadeira.
e) II e III são verdadeiras.
 3. Leia as afirmações que seguem e assinale V (verdadeiro) 
ou F (falso).
( ) Para enviar a correspondência, precisamos saber aon-
de o cliente mora.
182 Produção Textual
( ) Já estamos a par do que ocorreu ontem aqui no escri-
tório.
( ) Porque você não quis ir à festa?
( ) Você não prestou atenção: em vez de trazer linguiça, 
trouxe salame.
( ) Para mim dar esta resposta, preciso pensar um pouco.
Agora, assinale a alternativa que apresenta a sequência 
correta.
a) V, F, V, V, V.
b) V, F, F, V, F.
c) V, V, F, F, F.
d) F, V, F, V, F.
e) V, F, V, F, V.
 4. Escolha as alternativas em que a expressão ou palavra su-
blinhada está corretamente empregada.
a) Abaixo de sol escaldante, a atividade física dos traba-
lhadores da carvoaria cansava de mais.
b) A seca está rigorosa, porque este ano está ocorrendo 
o fenômeno conhecido como El Niño.
c) Ao invés de participar da natação, o atleta decidiu fa-
zer a prova dos cem metros.
d) Gostaríamos de saber aonde você foi ontem à noite.
Capítulo 10 Sutilezas da Língua Portuguesa 183
e) A tarefa era difícil, mas em fim conseguimos concluí-la 
a contento.
 5. Analise as três frases e, depois, indique a alternativa correta.
I – A expressão “a fim de” costuma ser empregada para signi-
ficar afinidade.
II – “De encontro a” é empregado para denotar oposição.
III- Na locução “por que”, sempre está envolvido o emprego 
de uma preposição.
a) II e III são verdadeiras.
b) Somente a I está correta.
c) I e II estão corretas.
d) I, II e III estão certas.
e) Apenas a III é verdadeira.
Referências bibliográficas
CAPUTO, Ângelo... (et al.). Linguagem e comunicação nas re-
lações sociais. Canoas: Ulbra, 2010.
MARTINS, Dileta Silveira; ZILBERKNOP, Lúbia Scliar. 26. Ed. 
Português instrumental: de acordo com as normas da ABNT. 
São Paulo: Atlas, 2007.
NETO, Pasquale Cipro; INFANTE, Ulisses. Gramática da lín-
gua portuguesa. São Paulo: Scipione, 1999.
184 Produção Textual
SACCONI, Luiz Antonio. Não erre mais. 24. Ed. São Paulo: 
Atual, 1998.
.................................... Nossa gramática completa. 29. Ed. 
São Paulo: Nova Geração, 2009.
Gabarito
 1. b;
 2. e;
 3. d;
 4. b; d
 5. a

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