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TERAPIA POR RESTRIÇÃO E INDUÇÃO AO MOVIMENTO (TRIM) 1 Helen Pereira Acadêmica de Fisioterapia 1.1 DEFINIÇÃO As lesões ocorridas no sistema nervoso central podem acarretar déficits em diferentes sistemas, como uma estratégia de treinamento e reabilitação das alterações no sistema nervoso motor, a terapia de restrição e indução ao movimento (TRIM) pode ser utilizada no tratamento de acidentes vasculares encefálicos, traumatismo craniano, doenças da medula espinhal, esclerose múltipla, paralisia cerebral, entre outras. (TAUB, 2012) O método de tratamento consiste em três componentes: I – prática intensiva do membro superior parético, com tarefa específica, 6 horas por dia, durante duas semanas; II – restrição do membro superior saudável para promover uso do membro prejudicado durante 90% das horas de vigília; III – adoção de métodos comportamentais com intenção de transferir os ganhos de terapia na vida dos pacientes; (Kwakkel et al., 2016). A restrição do membro saudável é feita por meio de luva ou tipoia durante 90% do dia para realizar o treinamento de atividades de vida diária, visando a recuperação da funcionalidade de extremidade superior parética. 1.2 CONTEXTO DE CRIAÇÃO A TRIM teve suas primeiras pesquisas por Edward Taub e seus colegas, em 1980. Anteriormente os trabalhos eram realizados em machos primatas, tendo embasamento teórico pela superação da Teoria do Desuso, voltado para o desuso aprendido. Os resultados observados mostraram que os primatas conseguiam voltar a utilizar o membro superior afetado nas tarefas diárias. O estudo de Taub foi um ensaio clínico e envolveu 9 crianças com sequelas pós acidente vascular encefálico, e nele as crianças utilizavam da TRIM durante 90% do dia. Os achados significativos do ensaio clínico foram: função motora, destreza e relato de utilização do braço. Posteriormente, a pesquisa foi repetida com 222 crianças com alterações neurológicas após acidente vascular encefálico. 1.3 INDICAÇÃO A TERAPIA A TRIM ou terapia de constrição e indução ao movimento, como também conhecida é indicada para indivíduos com diagnóstico de acidente vascular encefálico, traumatismo cranioencefálico, esses geralmente após 6 meses do acontecido, em uma fase aguda e de maiores ganhos, paralisia cerebral, entre outras doenças neurológicas que levem a hemiplegia e diminuição da capacidade de uso do membro superior e extremidade acometida, tem suporte de carregamento e esteja estável. (SIDNEY KIMMEL MEDICAL COLLEGE, 2021) 1.4 OBJETIVOS DO RECURSO TERAPIA POR RESTRIÇÃO E INDUÇÃO AO MOVIMENTO (TRIM) 2 Helen Pereira Acadêmica de Fisioterapia De acordo com pesquisas, a TRIM induz ao indivíduo a neuroplasticidade, com a formação de várias conexões anatômicas decorrentes de neurogênese, aumento da eficácia sináptica, além de aumentar o recrutamento dos neurônios presentes na extremidade afetada. (Liepert et al, 2000) A imobilização do membro saudável irá reduzir o fluxo das informações somatossensoriais, induzindo a utilização do potencial subclínico do membro afetado, o que favorece o reestabelecimento da função motora. Os resultados positivos são mais vistos quando o método é aplicado precocemente, pois evita a adoção e desenvolvimento de movimentos compensatórios. (SOUSA, TERRA, CARBONERO, CAMPOS, 2012) A fisiologia da TRIM ainda é constantemente estudada, porém, os mecanismos fisiológicos que podem explicar a sua eficácia são os de não uso aprendido e reorganização cortical uso dependente. O não uso é uma fase a ser superada, fazendo a restrição do membro saudável e estimulando o uso frequente do membro acometido. A reorganização cortical varia através do treinamento repetitivo e sustentado, que reverterá a perda da representação cortical do membro devido ao desuso (BROL, BORTOLOTO, MAGAGNIN, 2009) De acordo com Diniz (2003), o treinamento repetitivo fará com que seja recrutado grande número de neurônios adjacentes a lesão para inervar os músculos paréticos. Essa técnica efetiva de recuperação funcional, em estudos envolvendo acidente vascular encefálico mostrou uma melhora de cerca de 24% dos casos, com melhora continua até 3 meses após aplicação. 1.5 APLICAÇÃO DO RECURSO A aplicação da técnica pode ser feita por fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais (CIMT, 2021). O protocolo original criado por Taub consiste em duas semanas de treinamento do membro parético, com prática intensiva, diariamente, 6 horas por dia, com restrição do membro superior saudável através de tipoia ou faixa, durante 90% do período de vigília. Ao longo do tempo, outros estudos vêm mostrando eficácia com modificações no protocolo, sendo menos cansativo para a criança e estimulando o uso do outro membro da mesma forma. As tarefas a serem realizadas pela criança envolve as tarefas de autocuidado e atividades de vida diária, entretanto, a definição de exercícios específicos deve ser embasada na avaliação da criança e suas características, sendo importante tarefas relevantes para a criança, que a motive a usar o membro lesado. TERAPIA POR RESTRIÇÃO E INDUÇÃO AO MOVIMENTO (TRIM) 3 Helen Pereira Acadêmica de Fisioterapia
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