Buscar

Normas Internacionais da Contabilidade

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 41 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 41 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 41 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Página 106 
3. NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE 
Agora estudaremos a contabilidade internacional, a fim de conhecer as normas e 
principais premissas que devemos de ter em conta quando realizarmos atividades 
contábeis fora da Espanha. 
3.1 O SISTEMA CONTÁBIL 
3.1.1 O sistema contábil 
Estrutura organizada através da qual se recolhem informações de uma empresa como 
resultado das suas operações, utilizando recursos como formulários, livros contábeis, 
etc., e que, apresentados à gerência, permitirá a tomada de decisões financeiras de 
maneira coerente. 
É um conjunto de normas, diretrizes e procedimentos que servem para controlar as 
operações e fornecer informações financeiras de uma empresa por meio da sua 
organização, classificação e quantificação. 
Ainda que seja difícil definir com precisão o sistema de contabilidade internacional, visto 
que por ser a nível global, existem muitas divergências entre países e regiões, 
mostraremos práticas unificadoras da contabilidade internacional. 
Em algumas ocasiões, a definição do sistema contábil tem sido considerada através dos 
objetivos, normas e práticas de uma determinada área, fortemente influenciados pelas 
necessidades dos usuários. Em outras ocasiões, se utilizam definições mais precisas do 
sistema de contabilidade, considerando que o sistema é delimitado pelas funções que 
deve cobrir e que, basicamente, se concretizam na produção de capital humano e 
intelectual capaz de satisfazer as necessidades existentes em relação ao campo contábil, 
assim como as possíveis mudanças que possam ocorrer. 
Em todo caso, no sistema contábil subjazem os conceitos, princípios gerais e práticas 
específicas de um país ou de uma determinada área geográfica. Assim, num contexto 
 
 
 
Página 107 
internacional a sua definição deve ser válida por meio de uma orientação comparativa, 
para poder delimitar as diferenças existentes no âmbito contábil a nível internacional. 
Ao falar sobre o sistema de contabilidade, é importante que reflitamos sobre os 
elementos que estão incluídos dentro desse termo, assim como a sua finalidade. 
Podemos considerar duas posições: 
- Restrito: as práticas de medição são em si objetos de análise e os seus atributos 
são os fatores discriminantes dos diferentes sistemas de contabilidade. 
- Amplo: as práticas de avaliação são atributos que pertencem a outro tipo de 
identidade mais complexa, nomeadamente os sistemas contábeis que, em 
conjunto com outros componentes, formam a sua estrutura. 
Consideraremos o sistema contábil de uma perspectiva ampla, o que implica a 
necessidade de definir a estrutura deste sistema. Os aspectos que esta definição 
abrange devem poder, através da interações entre eles, responder aos objetivos 
atribuídos pelo sistema, principalmente relacionados com o processo de identificação, 
registro e interpretação de eventos econômicos, gerando informação que seja útil e 
ajude na tomada de decisões. 
Na configuração de cada sistema de contabilidade intervém uma série de elementos de 
caráter interno e externo. Vamos conhecer esses elementos e os componentes que os 
compõem. 
3.1.2 Os agentes externos 
Os agentes externos são aqueles que fazem parte do ambiente de um país ou área 
geográfica e que podem influenciar consideravelmente na construção do sistema 
contábil. 
Assim, dedicaremos essa parte aos agentes externos que temos que levar em conta no 
que se refere à contabilidade internacional. 
 
 
 
 
Página 108 
- Sistema jurídico 
A influência do sistema jurídico sobre o comportamento contábil está caraterizada pela 
diferenciação que tem sido tradicionalmente feita entre dois modelos de sistema 
jurídico: aquele com base na leis comum (Common Laws) e aquele desenvolvido a partir 
do direito romano (Roman Laws). 
Portanto, a forma de ditar e estabelecer os regulamentos legais de um país influencia a 
forma de estabelecer as regras contábeis. 
Desta forma, a lei comum concentra-se em encontrar respostas pontuais para casos 
particulares, em vez de se centrar em emitir uma norma de caráter geral. Pelo contrário, 
os sistemas baseados na lei romana estabelecem um quadro normativo em que se 
descende a um importante nível de detalhe e os conceitos de dirigismo e lei codificada 
podem ser associados com esse modelo. 
Isto fará com que, considerando a tradição jurídica existente, em países cujo sistema 
jurídico se baseie na lei comum, normalmente pertencentes a área anglo-saxônica, o 
regulamento contábil não estabeleça critérios muito específicos e não indique, de forma 
precisa, como devem publicar-se as demonstrações financeiras. Nesses países, as regras 
básicas emanam da profissão contábil e não da lei. 
Os países em que sistema legal se baseia no direito romano, terão uma contabilidade 
normativa com um nível mais alto de detalhe com relação as regras contábeis e a 
maneira de apresentar a informação de caráter financeiro. Este regulamento será 
desenvolvido basicamente através de leis comerciais e planos contábeis. 
- Principal fornecedor de financiamento empresarial 
A existência de um modelo de financiamento empresarial concentrado num 
determinado núcleo causará, em grande medida, que a informação financeira esteja 
endereçada a atender as necessidades desse fornecedor de financiamento. 
 
 
 
Página 109 
No caso em que os fornecedores de financiamento sejam numerosos ou a sua ligação 
com a empresa seja escassa, será exigida a informação financeira com maior nível de 
detalhe e conteúdo. No entanto, quando a fonte de financiamento provenha de um 
pequeno número de agentes ou exista um elevado grau de ligação com a empresa, não 
será necessário que as informações produzidas e publicadas tenham um elevado nível 
de pormenor, já que as informações serão fornecidas às fontes financeiras por meios 
alternativos, por exemplo, através de relatórios adicionais ou aproveitando o 
conhecimento direto da situação da empresa. 
- Nacionalismo 
Em alguns países, especialmente nos menos desenvolvidos, é habitual encontrar uma 
tendência nacionalista em que aparece a identidade dos valores próprios de cada país 
ou determinada área. 
Com base nesta premissa, a contabilidade é uma ciência que não permite aos 
profissionais observar o seu ambiente para determinar as leis e princípios que o guiam. 
Pelo contrário, deve criar-se o sistema de contabilidade. Assim, cada país tem o direito 
de estabelecer as suas próprias regras. Esta tendência é conhecida como nacionalismo 
contábil. 
- Organização empresarial 
A forma como está estruturada a organização empresarial e, em particular, a forma de 
propriedade, também exerce influência significativa no desenvolvimento do modelo 
contábil. A separação entre a propriedade e a gestão empresarial gerou a necessidade 
de transferir mais informações contábeis ao exterior. 
A existência de um grande número de empresas cuja propriedade é compartilhada por 
um grande número de acionistas, que não têm acesso à informação interna da empresa, 
causará uma forte pressão para a geração de um sistema contábil orientado a 
publicação de informação correta e oportuna, tanto em qualidade como em quantidade. 
 
 
 
Página 110 
Pelo contrário, encontramos a empresa com propriedade familiar ou com investimentos 
dos bancos, onde a necessidade de informação será menor. 
Nos casos em que a propriedade da estrutura empresarial seja do Estado, a natureza 
dos sistemas contábeis tenderá a uma abordagem de caráter macroeconômica. 
As necessidades a serem cobertas pelo sistema contábil serão diferentes dependendo 
do tamanho da empresa, já que o foco de interesse não coincidirá no caso de grandes 
empresas e multinacionais com as necessidades de uma empresa de menor tamanho. 
- Nível de desenvolvimento do mercado acionário 
O grau de desenvolvimento do mercado acionário provocará nos investidores a 
necessidade de obter informaçãocontábil orientada a tomada de decisões. 
Quando existe um mercado acionário tradicional com uma importância significativa, a 
geração dos critérios que orientam o fornecimento dessas informações fica nas mãos da 
própria profissão e regulação contábil, em vez de órgãos específicos das bolsas de valor. 
É o caso de países como Reino Unido, Austrália e Estados Unidos. Nos países onde a 
importância do investidor individual é inferior, como são os países continentais 
europeus, os responsáveis de assegurar os interesses de informação dos investidores 
são os órgãos governamentais específicos dos mercados de ações. 
- Fatores culturais 
A existência de uma subcultura contábil é percebida como um fator que gera as 
diferenças entre os sistemas contábil a nível internacional. 
Esta subcultura contábil é refletida na existência de quatro valores contábeis que se 
desenvolvem entre polos opostos. Estes são: profissionalismo – controle regulatório, 
uniformidade – flexibilidade, conservadorismo – otimismo e segredo – transparência. 
- O profissionalismo e a uniformidade têm a ver com o exercício da autoridade no 
sistema contábil, assim como com o nível de exigência na aplicação normativa. 
 
 
 
Página 111 
- O conservadorismo exerce a sua influência com a adoção de práticas de 
avaliação mais ou menos prudentes. 
- O segredo é apreciado no nível de informação fornecida pela empresa no 
exterior. 
Ao mesmo tempo, estes valores contábeis caracterizam o sistema contábil. 
Valores sociais Valores contábeis Sistemas contábeis /práticas 
-Individualismo / coletivismo 
- Distância com o poder 
- Eliminação do risco 
- Masculinidade / feminilidade 
- Profissionalismo 
- Conservadorismo 
 
- Segredo / transparência 
- Auditoria e aplicação 
- Avaliação de ativos e lucros 
 
- Publicação de informação 
 
 Reforço Reforço 
Desta forma, se estabelece a ligação entre as caraterísticas culturais e contábeis. Além 
disso, é possível explicar as diferenças entre os sistemas de contabilidade anglo-
americanos e os sistemas continentais-europeus, em termos da sua cultura. 
- Sistema político 
A vontade dos governos de controlar a atividade econômica dos seus países provoca 
com que os sistemas contábeis se adaptem às necessidades expressas. 
Aqui temos que diferenciar entre os Estados totalitários e os democráticos. 
3.1.3 Os agentes internos 
Juntamente com os agentes externos que podem influenciar o sistema contábil de cada 
país, temos que contemplar outros agentes, considerados como constituintes do 
próprio sistema contábil no seu processo de estruturação. São os agentes internos. 
 
 
 
Página 112 
- Influência fiscal na contabilidade 
A influência fiscal na contabilidade, em vez de ser parte integrante do ambiente, baseia-
se em uma dupla consideração: 
- Como um fator explicativo das diferenças entre os sistemas contábeis, ou seja, 
um agente externo. 
- Como um fator integrado no sistema contábil, na medida em que os critérios de 
avaliação contábil estão diretamente afetados pelos regulamentos fiscais. 
O mais relevante na relação entre os aspectos fiscais e sua influência nos aspectos 
contábeis é o grau em que o regulamento fiscal determina as práticas contábeis de 
avaliação, basicamente em termos de determinação dos rendimentos e das despesas. 
Na sequência desta premissa, existem duas correntes fundamentais: 
- Os sistemas contábeis em que os critérios fiscais prevalecem sobre os próprios 
critérios contábeis e em que a contabilidade se adapta à tributação, adotando 
os seus critérios. 
- A separação entre os critérios fiscais e contábeis, para que os dois sistemas sejam 
considerados independentes, de modo que apenas prevaleçam os critérios 
fiscais nos casos em que ambas as posições sejam irreconciliáveis. 
- Principais usuários da informação contábil 
Esta segunda variável interna está ligada a algumas das que apresentamos como 
externas, como os fornecedores de financiamento e o nível de desenvolvimento dos 
mercados de ações, visto que se comportam como utilizadores da informação contábil. 
Que existam diferentes tipos de usuários de informação fará com que eles exerçam 
pressão, a fim de satisfazer suas demandas informativas. Assim, os objetivos e as 
práticas do sistema contábil são ou devem estar fortemente influenciados pelas 
necessidades dos usuários. 
 
 
 
Página 113 
Nem todos os utilizadores dos diferentes países terão as mesmas necessidades, por isso 
existirão diferenças nos múltiplos sistemas contábeis. De acordo com o objetivo, os 
acontecimentos econômicos podem ser definidos diferentemente, com a utilização de 
métodos contábeis e de informação alternativas. 
- Nível de desenvolvimento da profissão contábil 
A existência da profissão contábil com um alto nível de desenvolvimento provoca que 
os profissionais, geralmente através de suas organizações, exerçam uma influência 
significativa sobre a normalização contábil do país. Desta forma, o nível de sofisticação 
da profissão contábil será mais importante do que o seu desempenho. 
Por sua vez, as caraterísticas da profissão contábil estarão determinadas pelo modelo 
de contabilidade existente. No entanto, também provocará um efeito de feedback, já 
que os profissionais de contabilidade também influenciarão no tipo de contabilidade 
praticada. 
Podemos estruturar em três vias as caraterísticas específicas da profissão contábil que 
plasmam sua influência no sistema: 
- A natureza e amplitude da profissão contábil. 
- A existência de associações profissionais. 
- A função de auditoria. 
- Estado da educação contábil 
Este segundo agente está intimamente relacionado com o anterior. A realização de uma 
profissão tem o seu início na existência de um sistema de educação e de pesquisa 
contábil firme e sólido. 
- Objetivos da contabilidade 
A natureza e os objetivos da contabilidade serão diferentes em cada país devido aos 
fatores acima mencionados. Não terão os mesmos objetivos um país comunista e um 
 
 
 
Página 114 
país capitalista, que outro em processo de desenvolvimento, um democrata ou um com 
um regime totalitário. 
3.1.4 Componentes do sistema contábil 
Existem dois componentes fundamentais no sistema contábil: 
- Subsistemas contábeis. 
- Estrutura do sistema contábil. 
As etapas que todos os sistemas contábeis devem abranger para alcançar os objetivos 
marcados são: 
- Configuração de um modelo regulatório: em primeiro lugar, cada sistema de 
contabilidade precisa da elaboração de uma estrutura regulatória que deve ser 
capaz de gerar um quadro de referência em que a empresa desenvolva sua 
atividade. Assim, a configuração de um modelo regulatório responsável pela 
definição das regras do jogo é uma etapa transcendente para o bom 
funcionamento do sistema. 
- Atuação de macro princípios: o desenvolvimento das caraterísticas de qualquer 
sistema de contabilidade se orienta pela definição das diretrizes básicas pelas 
quais, do ponto de vista operacional, discorre a sua atividade. Isso será possível 
graças a atuação de alguns macro princípios, dos quais derivam as regras 
contábeis operacionais e que contém a filosofia do sistema em si como 
materialização do pensamento contábil que o rege. 
- Atuação dos profissionais da contabilidade: esta atuação é observada nas 
diferentes áreas do sistema, tanto na elaboração quanto na aplicação do próprio 
regulamento normativo ou na verificação da informação contábil. Assim, o 
trabalho realizado por estes profissionais condiciona o funcionamento total do 
sistema contábil. 
 
 
 
Página 115 
- Formação dos profissionais: intimamente ligada a anterior. Esta formação 
orientará, em grande medida, sua forma de agir, exercendo influência no 
desempenho do sistema de contabilidade como precursor do capital humano 
envolvido nele.- Aplicação das práticas contábeis: a mecânica de atuação dos elementos que 
acabamos de apresentar emerge no exterior por meio da representação de fatos 
econômicos em termos contábeis. Este trabalho reflete-se na própria 
informação contábil, gerada pela aplicação das práticas contábeis de cada 
sistema em um sentido duplo: a transformação dos fatos econômicos a 
linguagem contábil, isso é, o processo de elaboração da informação e a maneira 
de estruturar a informação contábil para transmiti-las aos utilizadores. 
▪ Subsistemas contábeis 
Para poder conhecer um sistema de contabilidade e seu funcionamento é muito 
importante conhecer as partes que o delimitam, bem como as relações existentes entre 
estes componentes. 
Após o trabalho de Archer e McLeay (1992), se estabelecem três componentes que 
compõem a estrutura do sistema de contabilidade. Estes componentes são: 
- Regulador ou normativo: este primeiro componente ou subsistema está 
formado pelas instituições responsáveis pela elaboração e emissão dos 
regulamentos contábeis. As suas tarefas e funções centram-se na definição de 
normas e requisitos contábeis, assim como no controle da sua observância. 
- Contabilidade financeira e prática de auditoria: este elemento inclui as 
organizações profissionais e estruturas de trabalho em que se desenvolve a 
contabilidade e a auditoria. Relaciona-se com a tarefa de implementar as normas 
contábeis e os requerimentos de auditoria. 
- Capital humano: este último elemento está composto pelas instituições que 
oferecem treinamento contábil. O trabalho atribuído refere-se à provisão do 
 
 
 
Página 116 
capital humano necessário para o funcionamento do subsistema prático e 
prestação de apoio intelectual ao regulador. 
Com este contexto e considerando o que estudamos até agora em relação aos sistemas 
contábeis, os agentes que anteriormente chamamos de agentes internos, serão 
chamados de subsistemas contábeis. 
Desta forma, definiremos os subsistemas contábeis como: 
Cada uma das partes que reiteradamente são encontradas no sistema contábil, 
configurando-o, e que coletando a informação surgida da contabilidade, sua atuação 
conjunta e organizada seja condição necessária e suficiente para realizar 
corretamente a atividade do sistema com relação a consecução dos seus objetivos. 
Sobre esta definição, podemos extrair as seguintes caraterísticas: 
- Recorrência: a conceituação como subsistema não se realiza para os 
componentes que se manifestam espontaneamente em um sistema contábil, 
senão que são atribuídos àqueles cuja existência se considera sistematicamente 
observada, embora com propriedades heterogêneas e em diferentes níveis de 
desenvolvimento. 
- Configuração: a definição do sistema contábil se realiza por meio das 
caraterísticas específicas de cada um dos subsistemas. 
- Informação do ambiente: a influência exercida pelos agentes externos no 
sistema revela-se, em seus diferentes aspectos, sobre cada uma das suas partes. 
Os subsistemas são moldados de acordo com as peculiaridades do ambiente 
contábil. 
- Conjunção e organização: devemos entender o sistema contábil como um todo 
em que cada subsistema realiza sua atividade dentro da rede configurada pelas 
interrelações dos subsistemas. 
- Condição necessária e suficiente: aqui devemos considerar dois aspectos: 
 
 
 
Página 117 
o A existência dos subsistemas deve ser vista como uma condição 
necessária para o bom funcionamento do sistema, porque cada um deles 
realiza um trabalho indispensável no modelo contábil, mantendo 
relações contínuas com o resto dos subsistemas e assimilando a 
influência do ambiente. 
o Deve ser condição suficiente porque os subsistemas configuram o 
próprio sistema e sua ação conjunta é que define a satisfação ou não das 
necessidades que lhe são atribuídas. 
- Consecução de objetivos: todo o conjunto do sistema contábil destina-se a 
satisfazer um vasto leque de necessidades divergentes a nível internacional, fato 
que causa que o processo de construção e subsequente desenvolvimento do 
sistema e, por conseguinte, de cada subsistema, esteja significativamente 
mediado pelos resultados desejados. 
▪ Estrutura do sistema contábil 
Tendo em conta as fases identificadas como necessárias para cobrir os objetivos de um 
sistema contábil, podemos considerar que este é composto pelos seguintes subsistemas 
de contabilidade: 
- Subsistema regulador: é a parte do sistema contábil responsável pela 
elaboração, emissão e implementação dos regulamentos contábeis que, 
conjugando com o processo de gestação da norma, as preocupações e 
necessidades dos diferentes agentes afetados por ela, irá reger a geração e 
publicação da informação contábil empresarial. 
- Subsistema de princípios contábeis: refere-se à parte do sistema contábil que, 
através da definição de conceitos contábeis fundamentais, traça a linha a seguir 
para obter demonstrações financeiras que reflitam a imagem fiel do patrimônio, 
a situação e os resultados da empresa. 
 
 
 
Página 118 
- Subsistema profissional: é a parte do sistema contábil que compreende a 
atividade exercida pelos profissionais da contabilidade e auditoria, combinando 
a proteção do interesse público e a satisfação das necessidades dos seus clientes, 
assim como a atuação da organização de profissionais contábeis e de empresas 
multinacionais de auditoria. 
- Subsistema de formação: responsável pelo desenvolvimento dos 
conhecimentos básicos e técnicas para a aplicação dos princípios e normas 
contábeis, assim como para transmiti-los a um grupo de agentes capazes de 
implementá-los posteriormente. Também é a parte responsável pela 
estruturação da rota lógica para obter, por parte dos profissionais, a qualificação 
profissional. 
- Subsistemas de práticas contábeis: devemos diferenciar entre dois subsistemas: 
o Subsistema de práticas de avaliação: encarregada de refletir os critérios 
objetivos seguidos no processo de reconhecimento, mensuração e 
avaliação contábil, incluindo nas demonstrações e relatórios financeiros, 
em termos monetários, os fluxos econômicos, direitos, obrigações e 
outras modificações na estrutura patrimonial da empresa, decorrentes 
das transformações realizadas. 
o Subsistema de práticas de informação: refere-se à parte que é 
responsável pela determinação da quantidade e formato da informação 
contábil previamente processada, que deve ser fornecida ao exterior, 
assim como a periodicidade e o mecanismo dessa comunicação. 
Para que o sistema contábil funcione eficazmente é muito importante que os 
subsistemas que compõem a sua estrutura atuem de forma coordenada entre eles. 
Estas interrelações entre os diferentes subsistemas são levantadas em relação aos 
seguintes termos: 
 
 
 
Página 119 
- O subsistema regulador exerce a sua influência sobre os outros subsistemas 
devido ao âmbito jurídico que gera e delimita as diretrizes que regulam a 
atividade do resto do sistema. 
- O subsistema de princípios contábeis é considerado como o guia operacional 
básico na atividade do resto dos subsistemas. 
- O subsistema de tipo profissional exerce a sua influência por meio da realização 
das diferentes tarefas habituais, tendo vários meios para isso: individualmente, 
através de organizações profissionais ou empresas de auditoria. 
- A atividade do subsistema de formação é estabelecida através da geração do 
capital humano necessário para o desempenho do resto dos subsistemas. 
- Os subsistemas de práticas atuam como receptores das eventuais deficiências 
dos outros subsistemas. O processo de feedback do sistema funciona através da 
inadequação entre as expetativas e os resultados obtidos. 
3.2 REGULAMENTO CONTÁBIL INTERNACIONAL 
Agora estudaremos as regulamentações contábeis internacionais, pelo que é essencial 
falar do IASB, que é o Comitê de Normas Internacionais de Contabilidade, um 
organismoprivado a nível mundial, criado para formular e publicar normas contábeis, 
buscando o interesse público, para a apresentação das demonstrações financeiras, que 
sejam aceitas em todo o mundo. 
A origem deste Comitê encontra-se em um congresso internacional de contabilidade 
ocorrido em Sydney em 1972. Após o encerramento, concluiu-se que era necessário 
elaborar uma série de regras contábeis de âmbito internacional. Na sequência deste 
congresso nasceu o ICCAP, O Comitê Internacional para a Coordenação da Profissão 
Contábil. 
Em 1977, a comissão de normas contábeis se transformou no IASC, atualmente IASB, e 
constituiu-se a IFAC, a Federação Internacional de Contadores, uma organização 
 
 
 
Página 120 
formada por organizações internacionais de profissionais contábeis que trabalham em 
empresas, no setor público e na educação. 
É importante notar que desde 1983, os membros de IFAC e IASC eram comuns. No 
entanto, em 24 de maio de 2000, a fim de promover a independência do organismo 
emissor das normas contábeis em relação ao organismo que regula a profissão de 
auditoria, deixaram de ser os mesmos. 
No final do ano de 1999, o Conselho de IASC implantou uma nova estrutura interna e 
em Janeiro do ano 2000 foi criado um Comitê de nomeação presidido pelo Presidente 
da SEC (Sistema Europeu de Contas), cuja missão principal era a nomeação dos 
administradores iniciais do IASC. Estas mudanças foram, basicamente, devida: 
- As novas exigências dos mercados de capitais. 
- As necessidades de uma maior independência destes organismos. 
- Os acordos adotados com a IOSCO (Organização Internacional de Reguladores 
de Valores). 
- Tentar que a SEC aceite como normas de qualidade as normas IAS, que são as 
normas contábeis emitidas pelo IASB. 
No mês de março de 2001 constitui-se a Fundação IASC com domicílio nos Estados 
Unidos e como organismo independente emissor de normas contábeis, sediada em 
Londres. 
Destacamos os seguintes objetivos da IASC: 
- Desenvolver normas contábeis únicas de elevada qualidade que ajudem na 
tomada de decisões e que exijam às empresas e organizações informação 
financeira de qualidade. 
- Promover o uso e a aplicação dessas normas. 
 
 
 
Página 121 
- Fomentar a convergência entre as normas contábeis locais dos diferentes países 
e os IAS adotando soluções de qualidade. 
O IASC é um organismo independente com dois órgãos principais: os administradores 
trustees e o IASB; órgãos reguladores que podem nomear outros órgãos de governo, de 
acordo com os artigos da sua constituição. 
É função do IASB: 
I. Ter a completa responsabilidade de todas as questões técnicas do IASC, 
incluindo a preparação e emissão das Normas Internacionais de Contabilidade, 
as Normas Internacionais de Relatório Financeiro e os esboços dessas normas. 
Serão incluídas as opiniões dissidentes, assim como a aprovação final das 
interpretações feitas pelo Comitê de Interpretações de Normas Internacionais 
de Relatório Financeiro. 
II. Publicar um esboço da norma sobre cada projeto e, por regra geral, publicar um 
esboço de exposição de todos os projetos, assim como um documento a 
discussão para comentário público dos grandes projetos. 
III. Ter total discrição em relação ao desenvolvimento da ordem da agenda técnica 
do IASB e das atribuições sobre as questões técnicas dos projetos: na 
organização do seu trabalho, o IASB pode terceirizar a investigação detalhada ou 
outros trabalhos a emissores nacionais de padrões. 
IV. Devemos considerar: 
a. Estabelecer procedimentos para examinar, dentro de um prazo razoável, 
os comentários sobre os documentos publicados. 
b. Formar grupos de trabalho ou outros tipos de grupos especializados de 
aconselhamento sobre os grandes projetos. 
c. Consultar o Conselho Assessor de Normas sobre os principais projetos, 
agenda das decisões e prioridades de trabalho. 
 
 
 
Página 122 
d. Publicar as bases para as conclusões com as Normas Internacionais de 
Contabilidade, as Normas Internacionais de Relatório Financeiro e os 
esboços de exposição. 
V. Considerar a possibilidade de celebrar audiências públicas para discutir as regras 
propostas. É importante saber que não há obrigação de realizar audiências 
públicas para cada projeto. 
VI. Considerar a realização de provas de campo (tanto em países desenvolvidos 
como em países com mercados emergentes), a fim de garantir que as normas 
propostas sejam práticas e viáveis em todos os contextos, embora não haja 
nenhuma obrigação de efetuar provas de campo para cada projeto. 
VII. Indicar os motivos, em caso de não seguir nenhum dos procedimentos não-
obrigatórios estabelecidos. 
3.2.1 Normas Internacionais de Contabilidade (IAS) 
Conjunto de padrões que estabelecem como as demonstrações financeiras devem ser 
apresentadas, o que deve incluir e a sua forma de apresentação. 
Como levantado, estas regras foram emitidas pelo IASC, agora o IASB, a fim de 
homogeneizar a atividade contábil a nível global. 
A seguir estudaremos as Normas Internacionais de Contabilidade (IAS, acrônimo em 
inglês de International Accounting Standard) vigentes, para conhecer as questões e 
elementos que abrange. No entanto, encontramos nos anexos alguns exercícios para 
compreender melhor a sua aplicação e as normas de maior importância. 
- IAS 1 Apresentação das Demonstrações Financeiras: esta primeira regra 
estabelece os requisitos gerais para prosseguir com a apresentação das 
demonstrações financeiras, bem como guias para determinar sua estrutura e 
requisitos mínimos no seu conteúdo. 
 
 
 
Página 123 
- IAS 2 Estoques: oferece um guia prático para determinar o custo e o posterior 
reconhecimento como um gasto do período, incluindo qualquer deterioração 
que reduza a quantia escriturada de valor realizável líquido. Também fornece 
orientações sobre as fórmulas do custo usadas para atribuir custos aos 
inventários. 
- IAS 7 Demonstração dos fluxos de caixa: sua finalidade principal é exigir a 
prestação de informação sobre alterações no histórico de caixa e equivalentes 
de caixa de uma entidade através de uma demonstração de fluxos de caixa em 
que os fluxos de fundos do período sejam classificados dependendo se vêm de 
atividades operacionais, de investimento ou de financiamento. 
- IAS 8 Políticas contábeis, mudanças nas estimativas contábeis e erros: esta 
norma prescreve o critério para a escolha da política contábil e evidencia as 
alterações em políticas contábeis, nas estimativas contábeis e na correção de 
erros. 
- IAS 10 Eventos após o Período de Relatório: estabelece quando uma entidade 
deve ajustar suas demonstrações financeiras para eventos ocorridos após o 
período do relatório e a informação a revelar em relação a data do relatório e 
aos eventos ocorridos após o período informado. 
- IAS 12 Imposto de Renda: prescreve o tratamento contábil do imposto de renda. 
- IAS 16 Imobilizado: prescreve a contabilização de propriedades, instalações e 
equipamentos, para transmitir, através das demonstrações financeiras, 
informações sobre o investimento que a entidade tem em suas propriedades, 
instalações e equipamentos, assim como as alterações produzidas em tais 
investimentos. 
- IAS 17 Arrendamentos: se estabelecem, para locatários e locadores, as políticas 
contábeis adequadas para contabilizar e divulgar informações relativas aos 
arrendamentos. 
 
 
 
Página 124 
- IAS 18 Receita: aplica-se no momento de contabilizar as receitas das atividades 
ordinárias de venda de mercadorias, prestação de serviços e utilização por 
terceiros de ativos da entidade que produzam benefícios, royalties e dividendos. 
- IAS 19 Benefícios aos empregados: prescreve o tratamento contábil e a 
informação a revelar sobre os benefícios aos empregados. 
- IAS 20 Contabilização de subvenções governamentais e divulgação de 
assistência governamental: refere-se à contabilizaçãoda informação a revelar 
sobre as subvenções governamentais e outras formas de assistência 
governamental. 
- IAS 21 Efeitos das mudanças nas Taxas de Câmbio: prescreve a maneira de 
incorporar, nas demonstrações financeiras, as transações em moeda estrangeira 
e os negócios no estrangeiro, assim como a forma de alterar e adaptar as 
demonstrações financeiras à moeda escolhida. 
- IAS 23 Custos de Empréstimos: se estabelece que os custos por empréstimos 
que sejam diretamente atribuíveis à aquisição, construção ou produção de um 
ativo adequado, formem parte do custo desses ativos. O resto dos custos por 
empréstimos são considerados despesas. 
- IAS 24 Divulgações sobre partes vinculadas: esta norma tenta assegurar que as 
demonstrações financeiras de uma entidade contenham a divulgação da 
informação necessária sobre a possibilidade de que a existência de partes 
vinculadas, transações e saldos pendentes possam afetar sua situação financeira 
e resultados. 
- IAS 26 Contabilização e Relatórios Financeiros de Planos de Benefícios de 
Aposentadoria: se aplica nas demonstrações financeiras de planos de benefícios 
por aposentadoria. 
- IAS 27 Demonstrações Financeiras Consolidadas e Separadas: se estabelecem 
os requisitos de contabilização e divulgação de informação sobre investimentos 
 
 
 
Página 125 
em subsidiárias, negócios conjuntos e empresas associadas quando uma 
entidade prepara demonstrações financeiras separadas. 
- IAS 28 Investimentos em Entidades Associadas: sua finalidade é prescrever a 
contagem de investimentos em entidades associadas e estabelecer os requisitos 
para a aplicação do método da participação no registro de investimentos e 
negócios conjuntos. 
- IAS 29 Relatórios Financeiros em Economias Hiperinflacionárias: aplicada nas 
demonstrações financeiras, incluindo as demonstrações financeiras 
consolidadas de uma entidade em que a moeda funcional corresponda a uma 
economia hiperinflacionária. 
- IAS 32 Instrumentos financeiros – Apresentação: se estabelecem os princípios 
para apresentar os instrumentos financeiros como passivos ou patrimônio e para 
compensar ativos e passivos financeiros. 
- IAS 33 Lucros por Ação: esta norma estabelece os princípios para determinar e 
apresentar os lucros por ação das entidades, cujo efeito será melhorar a 
comparação dos rendimentos entre diferentes entidades no mesmo período, 
assim como entre diferentes períodos para a mesma entidade. 
- IAS 34 Relatório Financeiro intermédio: se estabelece o conteúdo mínimo da 
informação financeira intermédia, assim como os critérios para o 
reconhecimento e mensuração a ser adotado nas demonstrações financeiras 
intermédias, independentemente de serem apresentadas de maneira completa 
ou condensada, para um período intermédio. 
- IAS 36 Redução ao Valor Recuperável de Ativos: se estabelecem os 
procedimentos que uma entidade aplicará com o objetivo de assegurar que seus 
ativos estejam contabilizados por um montante não superior a seu montante 
recuperável. 
 
 
 
Página 126 
- IAS 37 Provisões, Ativos e Passivos Contingentes: esta norma visa garantir que 
as bases adequadas para o reconhecimento e mensuração das provisões, os 
ativos e os passivos contingentes, assim como a divulgação de informação 
complementar suficiente através de notas para permitir aos usuários 
compreender a natureza, o calendário de vencimento e as quantidades das 
rubricas anteriores. 
- IAS 38 Ativos Intangíveis: se estabelece o tratamento contábil que devem 
receber os ativos intangíveis não referidos especificamente em outra norma. 
- IAS 39 Instrumentos Financeiros – Reconhecimento e Avaliação: esta norma 
aplica-se aos instrumentos financeiros que sejam parte de uma relação de 
coberturas que cumpram os requisitos da contabilidade de coberturas no âmbito 
do IFRS 9 (Norma Internacional Relatório Financeiro). 
- IAS 40 Propriedades para investimento: tem como objetivo estabelecer o 
tratamento contábil das propriedades de investimento e as exigências de 
divulgação de informação correspondentes. 
- IAS 41 Agricultura: prescreve o tratamento contábil, a apresentação das 
demonstrações financeiras e a divulgação de informação em relação à atividade 
agrícola. 
3.2.2 A contabilidade nos Estados Unidos. US GAAP 
Os US GAAP são os princípios de contabilidade geralmente aceitos e usados por 
empresas e organizações dos Estados Unidos. É uma combinação de padrões e das 
maneiras de contabilidade aprovados pelas organizações reguladoras. Estes padrões são 
o equivalente americano das Normas Internacionais de Contabilidade e de Relatório 
Financeiro. No entanto, estes princípios americanos são muito mais detalhados, 
refletindo o ambiente de contenciosos que prevalece nos Estados Unidos. 
Em termos de objetivos é importante que a informação financeira fornecida por 
empresas e organizações nos Estados Unidos seja útil para: 
 
 
 
Página 127 
- Apresentar os potenciais investidores e credores e outros usuários na tomada 
racional de investimento, crédito e outras decisões financeiras. 
- Apresentar os potenciais investidores e credores e outros usuários na avaliação 
dos montantes, prazos e da incerteza dos rendimentos futuros. 
- Oferecer informação sobre os recursos econômicos, as demandas de recursos e 
mudanças. 
- A tomada de decisões de caráter financeiro. 
- A tomada de decisões a longo prazo. 
- A melhoria no desempenho do negócio. 
- A manutenção dos registros. 
Para alcançar estes objetivos, temos que falar de quatro pressupostos básicos, quatro 
princípios básicos e quatro restrições. Estes são: 
Pressupostos 
- Contabilidade da entidade: a empresa deve ser independente dos seus 
proprietários ou de outras empresas, de modo que os rendimentos e as despesas 
da organização devem separar-se das despesas de caráter pessoal. 
- Empresa em andamento: a contabilidade baseia-se na ideia de que as empresas 
operarão, em regra geral, por um período de tempo indeterminado. Isso valida 
os métodos de capitalização de ativos, depreciação e amortização. Este 
pressuposto deixa de ser aplicável quando se inicia a fase da liquidação da 
entidade. 
- Pressuposto monetário da unidade: se deve estabelecer uma moeda estável, 
neste caso o dólar dos Estados Unidos. 
 
 
 
Página 128 
- Pressuposto de período de tempo: refere-se às atividades econômicas de uma 
empresa que podem dividir-se em períodos de tempo artificial. 
Princípios básicos 
- Custo histórico: este primeiro princípio estabelece como obrigação das 
empresas prestar contas e apresentar o relatório com base nos custos de 
aquisição superiores ao valor justo de mercado para a maioria dos ativos e 
passivos. A informação, portanto, é de confiança mas pouco relevante, existindo 
uma tendência para usar os valores razoáveis. A maioria das dívidas e títulos são 
relatados em valores de mercado. 
- Reconhecimento de rendimentos: estabelece a obrigação das empresas de 
registrar os rendimentos quando sejam realizáveis ou lucros mas não quando 
sejam recebidos em numerário. 
- Princípio de coincidência: sempre que razoável, as despesas devem ser 
acompanhadas dos rendimentos. Ou seja, deve haver uma coincidência entre 
despesas e rendimentos, de modo que seja possível conhecer em todos os 
momentos o que foi gasto juntamente com os rendimentos obtidos por tal 
despesa. No entanto, também devemos considerar as despesas que não têm 
uma ligação direta com o rendimento, como o pagamento dos salários dos 
nossos trabalhadores e as despesas administrativas. 
- Princípio de revelação completa: a informação comunicada deve ser suficiente 
para poder avaliá-la. Portanto, se apresentará a quantidade e tipo de informação 
que seja unicamente necessária, sem revelar informação sem sentido ou pouco 
relevante. 
Limitações 
- Princípio de objetividade: as demonstrações financeiras devem ter como base 
asprovas objetivas e refletir a realidade. 
 
 
 
Página 129 
- Princípio de importância: os elementos têm importância ou são significativos 
quando afetam as decisões de uma pessoa razoável. 
- Princípio de coerência: refere-se ao fato da empresa utilizar os mesmos critérios 
contábeis e métodos de ano para ano. 
- Princípio de conservadorismo: no momento da escolha entre duas soluções 
possíveis, a empresa vai escolher aquela que menos exagere os ativos e os 
rendimentos que devem ser recolhidos. Ou seja, deve ser prudente na tomada 
de decisões. 
Embora tenhamos salientado que as US GAPP são o equivalente às Normas 
Internacionais de Contabilidade, existem algumas diferenças entre elas, pelo que é 
necessário chegar a uma convergência entre as duas, identificando o terreno comum 
entre as GAPP e as IAS. 
Para alcançar essa compreensão ou estado de convergência, no outono de 2002, o 
Conselho Contábil de Normas Financeiras (FASB) dos Estados Unidos e o Conselho de 
Normas Internacionais de Contabilidade (IASB), sediado em Londres, emitiram um 
Memorando de Entendimento datado de 7 de março de 2003, onde os dois conselhos 
concordaram nos seguintes pontos: 
- Realizar um projeto a curto prazo com o nome de Convergência Internacional a 
Curto Prazo, para remover uma série de diferenças entre as US GAAP e as IRFS. 
- Eliminar outras diferenças existentes entre as US GAAP e as IRFS que 
permaneçam além de 1 de janeiro de 2005 por meio da coordenação de 
programas, isto é, através do esforço mutuamente discreto e de projetos 
substanciais dos dois Conselhos. Este projeto levará o nome de Projeto de 
Investigação Contínua sobre Convergência Internacional. 
- Continuar os progressos com os projetos conjuntos em curso. 
- Incentivar os respectivos órgãos interpretativos a coordenarem suas atividades. 
 
 
 
Página 130 
No processo de alcançar a convergência entre as normas contábeis europeias e 
americanas, temos que considerar duas ações: 
- Projeto de Convergência Internacional a Curto Prazo 
- Projeto de Investigação Contínua sobre Convergência Internacional 
Vamos conhecer mais concretamente estes dois projetos. 
Projeto de Convergência Internacional a Curto Prazo 
Neste primeiro projeto a curto prazo, podemos diferenciar três partes ou fases: 
- Redução das diferenças que surgem do projeto de melhoria das IAS 
As propostas apresentadas no projeto de melhoria das IAS possibilitam eliminar muitas 
das diferenças entre este padrão e as US GAAP. No entanto, como podem surgir novas, 
nesta primeira parte do projeto, o objetivo é eliminar as seguintes diferenças, a fim de 
chegar a um ponto de convergência: 
- Classificação das obrigações de refinanciamento. 
- Classificação das operações a pagar pelo depósito devido a violações do contrato 
de dívida. 
- Troca de ativos. 
- Mudança voluntária na Política Contábil. 
- Instrumentos Financeiros. 
- Redução das diferenças resultantes de Declarações de FASB recentemente 
emitidas 
Algumas das diferenças entre os dois regulamentos surgem como resultado das 
mudanças nas normas americanas feitas pela FASB. Assim, a segunda parte do projeto 
tenta reduzir ou eliminar algumas dessas diferenças, entre as quais destacamos: 
 
 
 
Página 131 
- Operações descontinuadas. 
- Custos contábeis associados às atividades de saída ou alienação. 
- Doações de natureza governamental. 
- Redução de outras diferenças 
Finalmente, a última parte do projeto destina-se a reduzir ou eliminar as diferenças que 
não foram trabalhadas nas duas etapas anteriores. Algumas são: 
- Inventários – capacidade ociosa e defeituosa. 
- Política contábil e mudanças nas estimativas contábeis. 
- Depreciação sobre os ativos a ser vendidos. 
- Imposto de renda. 
- Contratos de construção. 
- Relatórios financeiros com economias com hiperinflação. 
- Projetos conjuntos e consolidação proporcionada. 
- Relatórios financeiros intermédios. 
- Investigação e desenvolvimento. 
- Outros eventos recentes. 
Projeto de Investigação Contínua sobre Convergência Internacional 
Este segundo projeto de caráter contínuo, que visa alcançar a convergência entre as IAS 
e as US GAAP, lidará com as questões de maior magnitude e com as diferenças que 
requeiram uma ampla reconsideração. 
De acordo com o memorando IFAC, este projeto prossegue os seguintes três objetivos: 
 
 
 
Página 132 
- Identificação de todas as diferenças entre as US GAAP e as IAS. É muito 
importante que a lista dessas diferenças seja monitorada e atualizada 
continuamente à medida que surjam novas diferenças devido as possíveis 
atualizações ou que as diferenças existentes sejam resolvidas. 
- Categorização das diferenças com base na estratégia de resolução mais eficaz. 
Foram estabelecidas três estratégias possíveis: 
o A diferença deve resolver-se dentro do projeto de convergência a curto 
prazo. 
o A diferença deve resolver-se dentro de outro projeto importante já 
agendado por um ou pelos dois conselhos. 
o A diferença a resolver requer uma consideração ampla e profunda por 
um ou pelos dois conselhos. 
- Fornecer informação ao processo de preparação da agenda do conselho 
conforme seja necessário com o objetivo de atingir o alvo da convergência. 
Nos anexos, disponibilizamos links com informação mais aprofundada sobre o 
regulamento contábil nos Estados Unidos. 
3.3 A INFORMAÇÃO CONTÁBIL 
A informação contábil tem um papel fundamental em qualquer empresa ou organização 
já que permite identificar, registrar, medir, classificar, analisar e avaliar de forma 
sistemática e ordenada todas as operações e atividades desenvolvidas. Esta informação 
não é apenas útil para seu público interno, mas para todos que interagem, de alguma 
forma, com a empresa fora dela. 
No entanto, para que a informação contábil seja útil, deve cumprir duas caraterísticas 
qualitativas essenciais de tal forma que sirva para tomar as decisões mais apropriadas e 
convenientes a qualquer momento. Desta forma, a informação contábil deve ser tão 
relevante e fiável quanto possível. 
 
 
 
Página 133 
Esta informação deve ter uma utilidade notável, potencial ou real para os fins 
perseguidos pelos diferentes destinatários. A informação contábil e financeira será 
relevante quando for susceptível de influenciar a tomada de decisões. A natureza 
relevante da informação implica a possibilidade de alterar uma decisão e ajudar os 
usuários a fazer previsões sobre as consequências de eventos passados, presentes ou 
futuros ou confirmar e corrigir expectativas prévias. 
A informação contábil e financeira deve ser também fiável, isto é, capaz de representar 
as caraterísticas e condições básicas dos fatos contábeis. Junto com a relevância, a 
fiabilidade implica uma informação imparcial, objetiva e verificável, que constrói uma 
representação fiel dos fatos que descreve e prossegue o princípio da prudência 
avaliativa que, em geral, se concentra na contabilização de todos as perdas no momento 
em que se conhecem e na contabilização de ganhos apenas quando são recebidos de 
forma eficaz. 
A relevância e a fiabilidade compõem um elemento essencial da informação contábil e 
financeira. A ausência de uma destas caraterísticas pode prejudicar a outra. 
Além destas duas caraterísticas principais é interessante apresentar outros critérios que 
caracterizam a informação contábil. Estes critérios são: 
- Utilidade: a informação contábil deve ser útil. Primeiro para conhecer realmente 
a situação econômica da empresa e, em segundo lugar, para ajudar a tomar as 
decisões corretas. 
- Pertinência: a informação contábil deverá sempre concordar com objetivos e 
necessidades dos usuários. 
- Clareza: a informação contábil será consultada tanto pelos usuários internos 
como externos. Por isso a importância da redação clara e organizada, sem muitos 
tecnicismos, para que seja compreensível aosnão especialistas no âmbito 
contábil e financeiro. 
 
 
 
Página 134 
- Comparabilidade: a informação deve ser disposta de maneira que permita 
compará-la com a informação contábil e financeira de outras empresas ou com 
a informação da mesma empresa em diferentes períodos de tempo. 
- Oportunidade: é muito importante que a informação contábil seja fornecida no 
tempo, forma e lugar apropriado. 
- Objetividade: é imprescindível que a informação financeira seja objetiva, sem 
qualquer preconceito. Portanto, deverá referir-se aos fatos como são, sem 
disfarçar a situação nem criar algo diferente do que existe. Isso poderia 
prejudicar a tomada de decisões com relação a organização. 
- Integridade: a informação contábil deve representar um todo, sem omissões e 
incluindo tudo aquilo necessário para alcançar uma representação íntegra e 
fidedigna da situação contábil. 
- Certeza: é muito importante que exista segurança em relação aos dados e 
informações divulgados, por isso a importância da verificação. 
- Prudência: na elaboração da informação contábil e financeira é preciso ser 
prudente, de modo que todos os fatos serão registrados no momento certo, 
quando sejam efetivos, nem antes nem depois. 
3.3.1 Normas Internacionais de Relatório Financeiro 
As Normas Internacionais de Relatório Financeiro são, igual que as Normas 
Internacionais de Contabilidade, padrões internacionais promulgados pelo IASB, que 
estabelecem os requisitos de reconhecimento, medição, apresentação e informação 
para divulgar sobre as transações e fatos econômicos que afetam uma empresa e 
refletem nas demonstrações financeiras. 
Estas normas foram desenvolvidas com o objetivo de criar um regulamento claro e 
uniforme relativo as regras de avaliação aplicáveis as contas anuais e consolidadas de 
determinadas formas sociais, bancos e outras instituições financeiras. Estas normas 
 
 
 
Página 135 
foram concebidas pensando em grandes empresas, com relevância no ambiente 
econômico e com projeção internacional. Trata-se de uma série de regras obrigatórias 
na União Europeia. 
Da mesma forma como fizemos com as Normas Internacionais de Contabilidade, 
apresentaremos as Normas Internacionais de Relatório Financeiro juntamente com uma 
breve descrição e, para sua plena consulta, fornecemos uma seção exclusiva nos Anexos. 
As Normas Internacionais de Relatório Financeiro são: 
- IFRS 1 Adoção, pela primeira vez, das Normas Internacionais de Relatório 
Financeiro: esta primeira norma estabelece a maneira como as entidades devem 
realizar a transição para a adoção das Normas Internacionais de Relatório 
Financeiro para a apresentação das demonstrações financeiras. 
- IFRS 2 Pagamento baseado em ações: esta norma exige que uma entidade 
reconheça as transações de pagamento baseadas em ações nas suas 
demonstrações financeiras, incluindo as transações com os seus empregados ou 
terceiros a serem liquidadas em numerário, por outros ativos ou por 
instrumentos de patrimônio da entidade. 
- IFRS 3 Combinações de negócios: requer que todas as combinações de negócios 
sejam contabilizadas de acordo com o método de compra, assim como também 
a identificação do comprador como a pessoa que obtém o controle sobre a outra 
parte incluída na combinação ou no negócio. Define como deve ser medido o 
custo da combinação (ativos, passivos e patrimônio) e o critério de 
reconhecimento inicial na data da aquisição. 
- IFRS 4 Contratos de seguros: o principal objetivo desta norma é estabelecer 
melhorias limitadas para contabilizar e divulgar informações sobre os contratos 
de seguro. 
- IFRS 5 Ativos não circulantes mantidos para a venda e as operações 
descontinuadas: são os ativos que satisfazem os critérios para ser considerados 
 
 
 
Página 136 
como mantidos para a venda e cujo valor é o mais baixo entre o seu valor líquido 
e o seu valor razoável menos os custos de venda e depreciação na cessação do 
ativo. Também são os ativos que satisfazem os critérios classificados como 
mantidos para a venda e que se apresentam separadamente no corpo do 
balanço patrimonial e nos resultados das operações descontinuadas que devem 
ser apresentados separadamente na demonstração de resultados do exercício. 
- IFRS 6 Exploração e avaliação de recursos minerais: define a exploração e 
avaliação dos recursos minerais, a participação no capital das cooperativas, o 
direito de emissão (poluição), a determinação de se um acordo é ou contém um 
contrato de locação, o direito por juros de desmantelamento, a restauração e a 
reabilitação ambiental. 
- IFRS 7 Instrumentos financeiros – divulgações: implica a exigência de que as 
entidades, nas suas demonstrações financeiras, divulguem a informação 
necessária para que os utilizadores possam avaliar a relevância dos instrumentos 
financeiros na situação financeira e no desempenho da entidade. 
- IFRS 8 Segmentos de operação: a entidade deve revelar informações que 
permita que os usuários, de seus estados financeiros possam avaliar a natureza 
e os efeitos financeiros das atividades empresariais que desenvolve, assim como 
dos entornos econômicos onde opera. 
- IFRS 9 Instrumentos Financeiros: se estabelecem os princípios para os relatórios 
financeiros sobre ativos e passivos financeiros, para que se apresente 
informação útil e pertinente aos utilizadores das demonstrações financeiras e 
possam avaliar os montantes, calendário e incerteza dos fluxos de caixa futuros 
da entidade. 
- IFRS 10 Demonstrações Contábeis Consolidadas: esta norma estabelece os 
princípios para a preparação e apresentação das demonstrações financeiras 
consolidadas nos casos em que uma organização controle uma ou mais 
entidades diferentes. 
 
 
 
Página 137 
- IFRS 11 Acordos conjuntos: pretende estabelecer os princípios para a 
apresentação de informação financeira por entidades que tenham participação 
em acordos controlados de maneira conjunta. 
- IFRS 12 Divulgação de participação em outras entidades: esta norma exige que 
as entidades divulguem informação que permita aos utilizadores das suas 
demonstrações financeiras avaliar a natureza das suas ações em outras 
entidades e os riscos que isso possa supor, assim como os efeitos de tais ações 
na situação financeira, desempenho financeiro e fluxos de caixa. 
- IFRS 13 Mensuração do Valor Razoável: se estabelece um marco para a medição 
do valor razoável ou justo. Também requer a divulgação de informação sobre as 
medições desse valor. 
- IFRS 14 Contas de Diferimentos de atividades reguladas: são especificados os 
requisitos de informação financeira para os saldos das contas de atividades 
diferidas que surgem quando uma entidade fornece bens ou serviços a clientes 
a um preço ou taxa sujeitos a regulação de tarifas. 
- IFRS 15 Rendimentos de atividades ordinárias provenientes de contratos com 
clientes: se estabelecem os princípios a aplicar por uma entidade para 
apresentar informação útil aos utilizadores das demonstrações financeiras sobre 
a natureza, o montante, o calendário e a incerteza dos rendimentos de 
atividades ordinárias e fluxos de caixa decorrentes de um contrato com um 
cliente. 
- IFRS 16 Arrendamentos: se estabelecem os princípios para reconhecer, medir e 
apresentar a informação para divulgar sobre arrendamentos. Sua finalidade é 
assegurar que os inquilinos e proprietários forneçam informação relevante, 
representando fielmente estas transações. Esta informação fornece uma base 
para os usuários das demonstrações financeiras para poder avaliar o efeito que 
os arrendamentos têm sobre a situação financeira, desempenho financeiro e 
fluxos de caixa de uma entidade. 
 
 
 
Página 138 
- IFRS 17 Contratos de Seguros: se estabelecem os princípios para reconhecer, 
medir e apresentar a informação para divulgar dos contratos de seguro incluídos 
dentro da norma. O objetivo principal é garantirque uma entidade forneça a 
informação relevante, representando fielmente estes contratos. Esta 
informação fornece uma base para os usuários das demonstrações financeiras 
para poder avaliar o efeito que os contratos de seguros têm sobre a situação 
financeira, desempenho financeiro e fluxos de caixa de uma entidade. 
Como já comentamos, estas regras podem ser consultadas integralmente nos anexos. 
3.4 ANÁLISE INTERNACIONAL DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS 
Como sabemos, um dos principais objetivos da contabilidade é fornecer informações 
úteis que contribuam para uma correta tomada de decisões pelos usuários de tais 
informações. 
Naturalmente, cada país tem as suas próprias regras em termos contábeis, embora, 
como já vimos, exista uma série de regulamentos internacionais de contabilidade que 
visam alcançar a convergência e a harmonização entre os diferentes países. 
No entanto, agora apresentaremos os critérios que podem dificultar a análise contábil 
a nível internacional. No seguinte tópico, abordaremos o processo de convergência ou 
harmonização contábil internacional. 
Existem dois aspectos que causam dificuldades ao analisar as demonstrações 
financeiras: 
- Os problemas que derivam das diferenças culturais. 
- Os problemas que derivam das diferenças no ambiente econômico. 
3.4.1 Problemas derivados das diferenças culturais 
Evidentemente, a divulgação de mais ou menos informação fiscal e contábil por parte 
das empresas, a frequência e a oportunidade da sua publicação e a facilidade de acesso 
 
 
 
Página 139 
pelos utilizadores, entre outros aspectos, dependem da cultura contábil de cada país. 
Além do aspecto cultural, devemos mencionar as diferenças linguísticas e as 
terminologias diferentes em cada país. 
Os aspectos relacionados com as diferenças culturais com as quais lidaremos são: 
- Diversidade de conteúdo da informação contábil. 
- Oportunidade e frequência da informação contábil. 
- Acesso e fiabilidade da informação contábil. 
- Diferenças no idioma e na terminologia contábil. 
- Diversidade de conteúdo da informação contábil 
A cultura do país ou área geográfica influencia na diversidade de conteúdos 
contemplados nas informações contábeis e financeiras de uma empresa. No entanto, o 
tipo de informação em causa não depende apenas da região em que a empresa está 
localizada, mas da própria empresa. 
Hoje, a questão da transparência é fundamental. Portanto, a maioria das empresas 
tenta ser transparente com a informação que emite e comunicar o máximo possível com 
os seus usuários. No entanto, há também empresas mais relutantes que se dedicam a 
emitir pouca informação ou informação focada apenas em um aspecto, como podem 
ser os ganhos. 
Atualmente, a nível internacional, as Normas Internacionais de Relatório Financeiro 
estabelecem um conjunto de domínios que as empresas devem abordar a nível 
informativo na elaboração das suas contas anuais. Isso significa que devem incluir os 
mesmos tópicos de informação em suas contas, facilitando a análise e a compreensão 
da informação contábil para todos os usuários. 
 
 
 
 
 
Página 140 
- Oportunidade e frequência da informação contábil 
Além do tipo de conteúdo tratado nas informações contábeis, temos também que 
comentar a frequência com que esta informação é disponibilizada aos usuários. Em 
outras palavras, devemos considerar o tempo que se leva para publicar a informação 
uma vez fechado o exercício contábil. 
A dificuldade não se encontra no prazo, mas no fato que não todos os países publicam 
a informação ao mesmo tempo. 
As diferenças no período de publicação, uma vez que o exercício é fechado, assim como 
a frequência em que a informação é atualizada é de grande importância, especialmente 
hoje, onde o ambiente empresarial internacional é muito dinâmico e exige informações 
atualizadas no momento. 
O interesse e a necessidade de informação imediata estão associados ao fato de que, 
em muitos países, há mudanças súbitas na economia e nas políticas, causando 
consequências negativas para as empresas locais e nacionais em um curto período de 
tempo. É por isso que é interessante ter as demonstrações que recolhem esses efeitos. 
Apesar disso, a realidade é que a apresentação de informação contábil com frequência 
maior que uma vez ao ano é quase inexistente. Somente nos Estados Unidos e no 
Canadá se exige informação contábil de maneira trimestral. No caso da Europa, embora 
em alguns países esteja estabelecida a obrigação de apresentar informações 
intermédias as empresas presentes no mercado de valores, esta informação limita-se 
apenas a dados abreviados e um breve comentário sobre as operações. 
- Acesso e fiabilidade da informação contábil 
O acesso à informação contábil a nível internacional é fundamental para analisar a 
situação econômica global, que muitas vezes pode ser complicada devido ao escasso 
acesso que podemos encontrar em determinados países. 
 
 
 
Página 141 
Os Estados Unidos são provavelmente o país com acesso mais fácil a informação 
contábil. Isto deve-se, por um lado, a obrigação das empresas de apresentarem um 
grande volume de informação de natureza contábil e, por outro lado, a variedade de 
serviços existente nesse país. 
No entanto, as dificuldades não são somente o acesso à informação, mas também o fato 
de saber se esta informação é ou não fiável. Como vimos ao abordar sobre as 
caraterísticas contábeis, é de extrema importância que reflita verdadeiramente a 
realidade, sem omitir nem transformar nada. 
- Diferenças no idioma e na terminologia contábil 
Finalmente, o último aspecto com relação a questão cultural é aquele que se refere à 
linguagem e terminologia contábil. 
Naturalmente, cada empresa apresenta a informação contábil em sua própria língua, 
fazendo com que a informação não possa ser consultada facilmente. Além disso, pode 
acontecer que alguma expressão ou conceito em uma língua não tenha uma definição 
concreta em outra, o que aumenta a dificuldade de compreensão. 
Mas não se trata apenas de diferentes línguas, já que a mesma língua, utilizada em 
diferentes países ou áreas geográficas, pode apresentar diferentes terminologias. Isto é 
o que acontece com o inglês do Reino Unido e dos Estados Unidos, com ou espanhol da 
Espanha e de qualquer outro país da América Latina, ou com o português do Brasil e de 
Portugal ou de qualquer outros dos países lusófonos. 
3.4.2 Dificuldades associadas às diferenças no ambiente econômico 
Outro elemento que pode dificultar a análise contábil a nível internacional se refere ao 
ambiente econômico do país ou área geográfica em que as empresas estão localizadas. 
Aqui devemos considerar fatores como o crescimento da economia do país, o nível de 
crescimento dos preços, as taxas de juros, o grau de intervenção governamental, etc. 
 
 
 
Página 142 
Em suma, estes são fatores que podem ter um impacto sobre o desenvolvimento 
contábil. 
Um elemento importante a considerar é a moeda utilizada para expressar as 
demonstrações financeiras de uma empresa. Como regra geral, os países utilizam a sua 
própria moeda para a elaboração de demonstrações financeiras. Por isso, ao verificar 
esta informação de outro país é difícil analisá-la com uma moeda que não é a própria. É 
claro que, na Europa isso não representa um problema porque o euro é a moeda 
comum, mas ocorre quando ao analisar as demonstrações financeiras de alguns países 
dos Estados Unidos, América Latina ou Ásia. 
3.5 HARMONIZAÇÃO CONTÁBIL INTERNACIONAL 
Em termos de definição e no contexto contábil, a harmonização refere-se ao ato de 
conciliar as regras existentes dos diferentes países, visando alcançar a uniformidade na 
execução dos sistemas contábeis. Trata-se de um processo que envolve a combinação 
de critérios e normas contábeis, a fim de fornecer informações de qualidade e uniformes 
nos mercados de capitais, facilitandoa interpretação aos usuários, a comparabilidade e 
a análise dessas informações. 
A necessidade de realizar esta harmonização deve-se à crescente globalização dos 
negócios e dos mercados de capitais, assim como ao aumento da necessidade de 
financiamento internacional das empresas, o que precipitou a uniformidade da 
informação contábil para ajudar a tomar as decisões empresariais corretas. 
Como levantamos, os países apresentam uma série de diferenças nos seus critérios e 
práticas contábeis, sustentados por fatores de natureza econômica, política, jurídica, 
social e cultural. Assim, quando uma empresa ou entidade prepara as suas contas anuais 
baseadas nos princípios contábeis do seu próprio país, no momento em que procura 
financiamento exterior, os mercados de capitais não poderão avaliar essa informação e 
compará-la com a informação contábil de outra empresa de outro país, devido a 
variação na forma de realizar as contas anuais e apresentar a informação contábil. 
 
 
 
Página 143 
Esta situação fez com que os mercados exigissem que as demonstrações financeiras de 
suas empresas fossem estabelecidas e formuladas de acordo com os Princípios 
Contábeis Aceitos do ambiente em que residem esses mercados, ou que, em última 
análise, as contas anuais sejam acompanhadas de uma conciliação dos resultados 
contábeis apresentados e dos obtidos com a aplicação dos Princípios Contábeis do 
estado em cujo mercado desejam operar. No entanto, esta segunda prática pode 
dificultar a interpretação da informação financeira e a sua adaptação pode causar 
elevados custos para as entidades, pela coexistência de diferentes regulamentos 
contábeis. É por isso que é preferível utilizar um regulamento contábil único entendido 
por ambos os países. 
A fim de saber como funciona o processo de harmonização, apresentaremos este 
processo a nível internacional e europeu. 
▪ O processo de harmonização a nível internacional 
Em cada país, os responsáveis pela promulgação de normas contábeis são, em conjunto 
ou separadamente, órgãos reguladores e organismos profissionais. No entanto, esta 
situação pode causar diferenças substanciais entre os regulamentos contábeis, o que 
prejudica a comparabilidade da informação contábil publicada pelas empresas. 
A fim de lidar com esta situação, nasceram dois regulamentos de informação financeira 
que visam alcançar a harmonização contábil a nível internacional. Estes regulamentos 
são: 
- Normas Internacionais de Contabilidade e Normas Internacionais de Informação 
Financeira (IAS e IFRS), emitidas pelo International Accounting Standards Board 
(IASB). 
- Princípios Contábeis dos Estados Unidos (US GAAP) emitidos pelo Financial 
Accounting Standards Boards (FASB). 
Estas duas agências definiram um caminho de convergência, assumindo o compromisso 
de adotar as medidas legais necessárias para permitir o reconhecimento dos dois 
 
 
 
Página 144 
regulamentos contábeis em ambas as jurisdições. Além disso, e como um sinal da 
vontade de contribuir de forma favorável ao processo de convergência e harmonização, 
o Securities and Exchange Comission (SEC), órgão de fiscalização dos mercados de 
valores mobiliários americanos, eliminou a exigência de conciliação com os US GAAP das 
demonstrações financeiras emitidas com normas IAS ou IFRS. 
Em relação aos regulamentos contábeis europeus e americanos, lembramos que nos 
anexos é possível consultar suas regras e princípios, e ver as diferenças existentes em 
ambos. 
▪ O processo de harmonização a nível europeu 
Começa na década de 1970 quando ocorre uma grande dispersão normativa entre os 
mercados dos países membros, dando lugar à necessidade de estabelecer um 
regulamento contábil comum. 
Este processo de amortização está estruturado em três estágios principais. 
Primeira fase: 1970 – 1990 
O processo de harmonização contábil foi implementado em uma série de diretivas 
contábeis que estabeleciam conteúdos mínimos para formular a informação contábil 
exigida por cada um dos países membros e cujo objetivo fundamental era a proteção 
dos sócios e de terceiros relacionados com a empresa. 
Destacamos as diretivas contábeis estabelecidas durante esse período: 
- IV Diretiva, de 25 de julho de 1978 sobre a regulação das contas anuais. 
- VII Diretiva, de 13 de junho de 1983 sobre as contas consolidadas. 
- VII Diretiva, de 10 de abril de 1984 sobre a habilitação das pessoas responsáveis 
da auditoria das contas anuais. 
 
 
 
 
 
Página 145 
Segunda fase: 1990 – 2002 
A criação das diretivas contábeis não foi muito bem sucedida. Dessa forma, nesses anos 
houve uma fase de estudo e análise das diferentes alternativas que permitiriam que a 
União Europeia alcançasse a harmonização da contabilidade. Assim, durante esta 
segunda fase, a União Europeia, através da Comissão Europeia, utilizou o caminho das 
comunicações, reafirmando a necessidade de usar um único órgão normativo em todos 
os Estados-membros. 
Terceira fase: a partir de 2002 
Iniciada no ano de 2002 e ativa até hoje, destacou-se pela adoção da Regulamentação 
do Parlamento Europeu e do Conselho 1606/2002 sobre a aplicação das Normas 
Internacionais de Contabilidade, também conhecida como Regulamento de Aplicação 
para a IAS (DOCE nº 243 de 11 de setembro de 2002). 
O presente regulamento implica a concretização formal da decisão tomada pela União 
Europeia para alcançar um modelo de informação comum das contas anuais com um 
elevado grau de proximidade dos regulamentos do IASB. 
Entre outros, os principais objetivos da aplicação do presente regulamento são: 
- Contribuir de forma eficaz e rentável para o funcionamento do mercado de 
capitais. 
- Manter a confiança nos mercados financeiros. 
- Reforçar a livre circulação de capitais no mercado interno. 
- Contribuir para que as sociedades da União Europeia possam concorrer, em 
condições de igualdade, pelos recursos financeiros disponíveis nos mercados de 
capitais europeus e mundiais. 
Estes objetivos só podem ser alcançados através da aplicação de um único conjunto de 
normas internacionais de contabilidade, para que todas as empresas dos diferentes 
 
 
 
Página 146 
países possam apresentar as suas informações contábeis da mesma forma e seguir as 
mesmas normas, regras e princípios. 
A aplicação do presente regulamento foi obrigatória para os exercícios financeiros 
iniciados a partir de 1 de janeiro de 2005 na formulação das contas anuais consolidadas 
das empresas cujos valores mobiliários, à data do encerramento do balanço, teriam sido 
admitidos a cotação em um mercado regulamentado de qualquer Estado-membro. Em 
qualquer caso, antecipou-se que a aplicação dessa legislação seria prolongada até a 
formulação das contas anuais individuais e/ou das contas consolidadas de sociedades 
não cotadas, à escolha do Estado-membro. 
Ao mesmo tempo regulou-se, através de duas disposições transitórias, um diferimento 
na aplicação desta regra até o início dos exercícios em 1 de janeiro de 2007 para as 
seguintes situações: 
- Aquelas sociedades cujos valores de renda fixa sejam os únicos admitidos a 
cotação em um mercado regulado de qualquer estado membro. 
- As empresas cujos valores sejam admitidos na cotação oficial de um país que não 
seja membro da Comunidade e que por este motivo tenham utilizado normas 
contábeis internacionalmente aceitas a partir de um exercício financeiro iniciado 
antes da publicação do regulamento em aplicação. Em conclusão, estes são os 
grupos que formularam contas anuais consolidadas de acordo com os princípios 
americanos. 
Após a publicação do presente regulamento, foram promulgados outros, adotando 
diferentes IAS/IFRS. Entre eles, salientamos o Regulamento (CE) nº 1725/2003 da 
Comissão, de 29 de setembro de 2003, que adota a grande maioria das Normas 
Internacionais de Contabilidade. Para consulta, disponibilizamos um link nos anexos.

Continue navegando