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Tema_3___Processos_Epidemicos

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Epidemiologia 
 
 
 
Processos Epidêmicos 
 
 
 
Profa. Dra. Ivana Maria Saes Busato 
 
 
 
Epidemiologia | Processos Epidêmicos 2 
 
Olá! O vídeo a seguir mostra os conteúdos que serão estudados nesta 
aula. Venha conferir! 
 
Introdução 
Nesta aula, estudaremos a pesquisa epidemiológica e sua importância 
para conhecer as condições e os determinantes de saúde, fundamentais para 
subsidiar as políticas de saúde voltadas para a população. 
Devemos ressaltar a necessária discussão sobre as pesquisas que 
envolvem seres humanos por meio da ética em pesquisa e da bioética, 
baseadas no respeito à dignidade humana e nas conquistas do avanço da 
ciência. Estudaremos, ainda, os fundamentos de pesquisa e os principais 
delineamentos desses estudos e suas aplicações. 
Boa aula a todos! 
 
Ética em Pesquisa e Bioética 
Minayo (2004) conceitua a pesquisa como uma atividade básica da 
ciência em sua indagação e construção da realidade. Nada pode ser 
intelectualmente um problema de pesquisa se não tiver sido, em primeiro lugar, 
um problema da vida prática. 
A pesquisa alimenta a atividade de ensino e a atualiza frente à 
realidade do mundo. 
As pesquisas com seres humanos geram preocupações éticas, pois 
podem impor riscos físicos, psicológicos e invasão de privacidade inaceitáveis 
 
 
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Ética é o conjunto de normas que regulamentam o comportamento de um grupo 
particular de pessoas, bastante conhecido entre as categorias profissionais. É 
fundamentada em três requisitos: percepção de conflitos (consciência), 
posicionamento entre a razão e a emoção de forma autônoma e ativa (autonomia) 
e coerência. 
 
aos participantes da pesquisa. Na elaboração de um estudo ou uma pesquisa, 
diversos pontos devem ser considerados, principalmente aqueles que 
envolvem aspectos éticos, morais e legais. 
 
 
 
 
 
Os aspectos éticos estão relacionados a pesquisas em situações que 
podem se caracterizar como geradoras de dilemas éticos. Devem-se 
considerar quatro diferentes perspectivas: 
I. Envolvimento de seres humanos − a pesquisa deve ser fidedigna 
cientificamente e justificada socialmente, ou seja, moralmente legítimas. 
Pesquisas com seres humanos implicam responsabilidades dos 
pesquisadores para com as pessoas objetos de estudo; 
II. Uso de animais − deve prever um tratamento humanitário, evitando dor e 
sofrimento. Nesses projetos, é preciso buscar o máximo de informação 
com o mínimo de animais, calculando-se adequadamente o número da 
amostra a ser utilizada; 
III. Relação com outros pesquisadores; 
IV. Relação com a sociedade. 
 
A Bioética surgiu no início dos anos 1970, nos Estados Unidos, a partir 
de uma publicação do cancerologista Van Rensselaer Potter, em 1971, quando 
lançou o livro “Bioética: ponte para o futuro”, que colaborou para popularizar o 
termo, bem como o estudo da Bioética. Rapidamente, essa ciência foi 
 
 
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A autonomia conceituada de forma abrangente é um conjunto de diversas 
noções, incluindo autogovernança, privacidade, escolha individual, 
liberdade para seguir seus desejos e decidir sobre seu comportamento. 
 
reconhecida internacionalmente, irradiando-se pela Europa e, em seguida, no 
restante do mundo. 
Inicialmente, a Bioética teve suas preocupações com uma questão de 
ética global, ou seja, com o futuro do planeta, a partir da constatação de que 
algumas novas descobertas e suas implicações, em vez de trazer benefícios 
para a espécie humana e para o futuro da humanidade, passaram a originar 
preocupações. 
Após os horrores da Segunda Guerra Mundial, a humanidade passou a 
conviver com dilemas no campo da Tecnologia, do Direito e da Medicina. Em 
1953, os estudos relacionados à estrutura do DNA e a biologia molecular 
ganharam destaque e, a partir de 1960, entrou em cena a pílula 
anticoncepcional e, ao mesmo tempo, os debates sobre transplantes de órgãos 
e a morte cerebral. Os casos de AIDS e sua descoberta ocorreram na década 
de 1980. Dessa forma, a sociedade começou a se deparar com novos temas e 
inusitadas questões perturbadoras. (MIRANI, 2004) 
A Bioética anglo-saxônica teve suas raízes em quatro princípios: 
 
Autonomia 
Visa reconhecer o direito de cada um em decidir acerca da utilização de 
determinado procedimento ou tratamento médico, livre de gerência ou pressão 
externa, levando em conta seus valores mais íntimos. 
 
 
 
Beneficência 
É o princípio que direciona o médico para a sua atividade e intervenção 
sempre em benefício do paciente. Está expresso no Juramento de Hipócrates 
Autonomia 
 
Beneficência 
 
Não maleficência 
 
Justiça 
 
 
 
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Riscos da pesquisa são as possibilidades de danos de dimensão física, 
psíquica, moral, intelectual, social, cultural ou espiritual do ser humano em 
qualquer fase de uma pesquisa e dela decorrente. 
 
Dano associado ou decorrente da pesquisa é o agravo imediato ou tardio ao 
indivíduo ou à coletividade, com nexo causal comprovado − direto ou indireto 
−, decorrente do estudo científico. 
 
(médico grego do século XII): “Aplicarei os regimes para o bem do doente 
segundo o meu poder e entendimento.” (MIRANI, 2004) 
Não maleficência 
Assegura que sejam minimizados ou evitados os danos físicos aos 
sujeitos da pesquisa. (MIRANI, 2004) 
 
 
 
 
 
 
Justiça 
Consiste em promover, dento do possível, um igualitário acesso dos 
cidadãos aos serviços públicos de saúde de boa qualidade. (MIRANI, 2004) 
 
A discussão sobre a Bioética nos países do Hemisfério Sul passa por 
crítica às amarras (ou limitações) conceituais sobre a Bioética anglo-saxônica, 
em que as discussões giram, preferencialmente, em torno das situações-limite 
decorrentes do desenvolvimento científico e tecnológico. Propõe-se estudar a 
ética das mais diferentes situações de vida, ampliando seu campo de influência 
teórica e prática do exclusivo âmbito biomédico e biotecnológico até o campo 
ambiental, passando, ainda, pelo campo da bioética social. (GARRAFA et al. 
2006) 
 
 
 
 
 
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Nesse início de século XXI, portanto, a questão ética adquire identidade pública. 
Não pode mais ser considerada apenas uma questão de consciência a ser 
resolvida na esfera da autonomia − privada ou particular −, de foro individual e 
exclusivamente íntimo. 
 
 
 
 
 
Hoje ela cresce de importância no que diz respeito à análise das 
responsabilidades sanitárias e ambientais, assim como na interpretação 
histórico-social mais precisa dos quadros epidemiológicos, como também é 
essencial na determinação das formas de intervenção a serem programadas, 
na priorização das ações e na formação de pessoal. Enfim, na 
responsabilidade do Estado frente aos cidadãos, principalmente aqueles mais 
frágeis e necessitados, como também frente à preservação da biodiversidade e 
do próprio ecossistema. 
No Brasil, a avaliação das pesquisas que envolvem seres humanos 
desmontou o Código de Deontologia Médica de 1984. Já em 1988, o Conselho 
Nacional de Saúde elaborou a primeira regulamentação de pesquisas em 
saúde − a Resolução Conselho Nacional de Saúde (CNS n. 1/88) − que foi 
atualizada em 1996 na Resolução CNS n. 196/96, um marco que determinou 
as Diretrizes e Normas Regulamentadoras de Pesquisa Envolvendo Seres 
Humanos, as quais instituíram a Comissão Nacional de Ética em Pesquisa 
(Conep). 
O Conep é vinculado ao Conselho Nacional de Saúde e tem a 
responsabilidade de coordenação dos Comitês de Ética em 
Pesquisa. 
A Resolução n. 466, de dezembro de 2012, atualizou as diretrizes 
alinhando aos documentos internacionais recentes, reflexo das grandes 
descobertas científicas e tecnológicas dos séculos XX e XXI, em especial: a 
 
 
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Para conhecer melhor a Declaração Universal sobre
Bioética e Direitos Humanos, 
acesse o site a seguir: 
<http://unesdoc.unesco.org/images/0014/001461/146180por.pdf> 
 
 
Os CEP vieram para resguardar a integridade e os direitos dos voluntários 
participantes, acompanhar o desenvolvimento da pesquisa e receber denúncias 
de abusos ou notificação de fatos adversos que possam alterar o curso normal do 
estudo. 
 
Declaração de Helsinque, adotada em 1964, e suas diversas versões até 2000; 
o Pacto Internacional sobre os Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, de 
1966; o Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos, de 1966; a 
Declaração Universal sobre o Genoma Humano e os Direitos Humanos, de 
1997; a Declaração Internacional sobre os Dados Genéticos Humanos, de 
2003; e a Declaração Universal sobre Bioética e Direitos Humanos, de 2004. 
(CNS 2012) 
 
 
 
 
Os Comitês de Ética em Pesquisa (CEP) possuem funções de avaliar 
protocolos de pesquisa envolvendo seres humanos, com prioridade nos temas 
de relevância pública e de interesse estratégico da agenda de prioridades do 
Sistema Único de Saúde, com base nos indicadores epidemiológicos, emitindo 
pareceres devidamente justificados, além de desempenhar papel consultivo e 
educativo em questões de ética. 
 
 
 
 
O Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), exigido nas 
pesquisas envolvendo seres humanos, é, em sua essência, derivada do 
princípio da autonomia, que deve ser respeitado antes de qualquer participação 
 
 
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Para conhecer melhor as legislações que envolvem a pesquisa com seres 
humanos, acesse o site do Conep a seguir: 
<http://conselho.saude.gov.br/web_comissoes/conep/index.html> 
 
como voluntário em uma pesquisa, mesmo que seja somente com questionário. 
O respeito à dignidade humana exige que toda pesquisa se processe com 
consentimento livre e esclarecido dos participantes, indivíduos ou grupos que, 
por si e/ou por seus representantes legais, manifestem a sua anuência à 
participação na pesquisa. 
A Resolução n. 466/12 define que o TCLE como documento no qual é 
explicitado o consentimento livre e esclarecido do participante e/ou de seu 
responsável legal, de forma escrita, devendo conter todas as informações 
necessárias em linguagem clara e objetiva para o completo esclarecimento 
sobre a pesquisa da qual o sujeito está se propondo a participar. 
Já o Termo de Assentimento é um documento elaborado em 
linguagem acessível para os menores, ou para os legalmente incapazes, por 
meio do qual, após os participantes da pesquisa serem devidamente 
esclarecidos, explicitarão sua anuência em participar da pesquisa, sem prejuízo 
do consentimento de seus responsáveis legais. No caso de realização de 
pesquisa com dados secundários, há a necessidade da autorização formal da 
instituição responsável pela informação, sempre respeitando o anonimato. 
 
 
 
 
Vamos conhecer um pouco da história da Bioética no vídeo a seguir. 
Confira! 
 
 
 
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Fundamentos de Pesquisa Epidemiológica 
A ocorrência e a distribuição dos eventos relacionados à saúde não se 
dão por acaso, existem fatores determinantes das doenças e agravos da saúde 
que, uma vez identificados, precisam ser eliminados, reduzidos ou 
neutralizados. O fundamento de toda pesquisa é o método científico, que se 
baseia na elaboração de hipóteses e na busca de evidências empíricas que 
possam contribuir para negá-las ou confirmá-las. 
 
 
 
As pesquisas são classificadas por meio de vários critérios. Quanto aos 
objetivos gerais da pesquisa em: 
 
Pesquisa exploratória 
Estabelece critérios, métodos e técnicas para a elaboração de uma 
pesquisa e visa oferecer informações sobre o seu objeto e orientar a 
formulação de hipóteses. 
A pesquisa exploratória visa a descoberta, o achado, a 
elucidação de fenômenos ou a explicação daqueles que não 
eram aceitos apesar de evidentes. 
Essa pesquisa oportuniza a obtenção de patentes nacionais e 
internacionais, a geração de riquezas e a redução da dependência tecnológica. 
Pesquisa descritiva 
A finalidade é observar, registrar e analisar os fenômenos ou sistemas 
técnicos, sem, contudo, entrar no mérito dos conteúdos. Nesse tipo de 
pesquisa, não pode haver interferência do pesquisador, o qual deve apenas 
Método científico é a reunião organizada de procedimentos racionais 
utilizados para investigar e explicar os fatos e os fenômenos da natureza, 
por meio da observação empírica e da formulação de leis científicas. 
 
Exploratória 
 
Descritiva 
 
Explicativa 
 
 
 
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As bases do processo de pesquisa qualitativa estão na interpretação dos 
fenômenos e na atribuição de significados, não usando métodos e técnicas 
estatísticas, apenas a descritiva. 
 
descobrir a frequência com que o fenômeno acontece, ou como se estrutura e 
funciona um sistema, método, processo ou realidade operacional. 
Pesquisa explicativa 
Registra fatos, analisa-os, interpreta-os e identifica suas causas. Essa 
prática visa ampliar generalizações, definir leis mais amplas, estruturar e definir 
modelos teóricos, relacionar hipóteses em uma visão mais unitária do universo 
ou do âmbito produtivo em geral e gerar hipóteses ou ideias por força de 
dedução lógica. Visa identificar os fatores que contribuem para a ocorrência 
dos fenômenos ou variáveis que afetam o processo. Explica o porquê das 
coisas. 
As pesquisas se diferenciam, também, pela natureza da informação, 
sendo: qualitativa e quantitativa. 
Pesquisa qualitativa 
Responde questões muito particulares, preocupa-se, nas ciências 
sociais, com um nível de realidade que não pode ser quantificado e trabalha 
com um universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e 
atitudes (MINAYO, 2004). 
 
 
 
 
O pesquisador é o instrumento-chave, analisando os dados 
indutivamente, e o processo e seu significado são seus focos principais. 
 
 
 
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Para aprofundar os conhecimentos sobre a pesquisa qualitativa, consulte o 
trabalho de Minayo, 2004, presente nas referências. 
 
População é o número total de pessoas residentes e sua estrutura relativa 
em determinado espaço geográfico, no ano considerado; expressa a 
magnitude do contingente demográfico e sua distribuição relativa. 
 
 
 
 
Pesquisa quantitativa 
Considera que tudo pode ser quantificável − o que significa traduzir em 
números as opiniões e as informações, a fim de classificá-las e analisá-las. 
Requer o uso de recursos e de técnicas estatísticas (percentagem, média, 
moda, mediana, desvio-padrão, coeficiente de correlação, análise de regressão 
etc.). 
 
Podemos classificar as pesquisas, ainda, quanto à sua natureza: básica 
e aplicada. 
Pesquisa básica 
O objetivo é gerar conhecimentos novos e úteis para o avanço da 
ciência, sem aplicação prática prevista. Envolve verdades e interesses 
universais. 
Pesquisa aplicada 
O objetivo é gerar conhecimentos para a aplicação prática dirigida à 
solução de problemas específicos. Envolve verdades e interesses locais. 
 
Alguns conceitos são fundamentais para o planejamento em pesquisas 
epidemiológicas, como: população, amostragem, mensuração, variáveis, 
estimação, objetivos, hipótese e testes de hipótese. 
 
 
 
 
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Amostragem é um subconjunto de elementos pertencentes a uma 
população. Para que os resultados retirados da amostra possibilitem 
inferências válidas, ela deve ser representativa da população. 
 
Variável é uma característica de interesse que se pode medir. Variáveis 
independentes são aquelas que são manipuladas, enquanto variáveis 
dependentes são apenas medidas ou registradas. Existem dois grandes 
grupos de variáveis: categóricas (ou qualitativas) e numéricas (ou 
quantitativas).
Objetivos de Pesquisa 
Os objetivos do estudo são separados em geral e específicos. Os 
objetivos devem estar coerentes com a justificativa e o problema propostos. 
 
Os objetivos informam para que a pesquisa será realizada, ou seja, 
quais os resultados que pretende alcançar ou qual a contribuição que poderá 
proporcionar. Os enunciados dos objetivos devem começar com um verbo no 
infinitivo e este deve indicar uma ação passível de mensuração. A hipótese 
deve estar fundamentada em uma boa questão de pesquisa e, a priori, deve 
ser simples e especifica − é uma suposição que se faz a respeito de alguma 
coisa. 
 
 
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Ao emitir uma hipótese, o cientista tenta explicar os fatos já conhecidos. 
É importante deduzir da hipótese formulada uma série de conclusões lógicas e 
planejar experiências a fim de verificá-las Para testar a significância estatística, 
a hipótese de pesquisa deve ser formulada de modo que categorize a diferença 
esperada entre grupos de estudo. 
 
Desenhos de Estudo Epidemiológico 
A pesquisa epidemiológica é realizada por meio de desenhos de estudo 
e a escolha do melhor tipo de estudo cabe ao pesquisador, diante da 
necessidade em elucidar a sua hipótese do estudo. Os desenhos de estudo 
podem ser diferenciados por meio de várias características, as quais veremos a 
seguir: 
Quanto ao método 
Podem ser: 
 Descritivos − são estudos que descrevem a caracterização de aspectos 
semiológicos, etiológicos, fisiopatológicos e epidemiológicos de uma doença. 
São utilizados para conhecer uma nova ou rara doença, ou agravo à saúde, 
estudando a sua distribuição no tempo, no espaço e conforme 
peculiaridades individuais; 
 Analíticos − são os modelos de estudo utilizados para verificar uma 
hipótese. O investigador introduz um fator de exposição ou um novo recurso 
terapêutico e o avalia, utilizando ferramentas bioestatísticas. Geralmente, 
constituem-se na base dos estudos primários. 
 
Quanto à unidade de observação 
 
 
 
Individuado − estuda o indivíduo ou parte do indivíduo; 
 Agregado − estuda populações. 
 
 
 
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Quanto à manipulação da exposição 
 Observacionais − são aqueles em que o pesquisador coleta informações 
sobre os atributos ou medidas de interesse, mas não influencia os eventos; 
 De intervenção − são aqueles em que o pesquisador deliberadamente 
influencia os eventos e investiga os efeitos da intervenção. 
 
Quanto à estratégia de observação 
 Longitudinais − são aqueles que investigam mudanças no tempo, ou seja, 
os indivíduos são observados em mais de uma ocasião; 
 Transversais − são aqueles em que os indivíduos são observados apenas 
uma vez. 
 
Quanto ao momento de análise da exposição e do 
desfecho 
 
 
 
 
 
Acompanhe, agora, a tipologia dos desenhos de investigação em 
epidemiologia: 
Unidade de 
observação 
Manipulação 
da exposição 
Estratégia de 
observação 
Tipos de desenhos 
Agregado Observacional Transversal Estudos ecológicos 
Longitudinal Estudos de tendência ou série 
temporais 
Prospectivos − são aqueles em que os dados são coletados através do 
tempo, a partir do início do estudo; 
Retrospectivos − são aqueles em que os dados se referem a eventos 
passados e podem ser adquiridos de fontes já existentes. 
 
 
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Intervenção Longitudinal Ensaios comunitários 
Individuado Observacional Transversal Seccionais ou transversais 
Longitudinal Estudos prospectivos (coorte) 
Estudos retrospectivos (caso-
controle) 
Intervenção Longitudinal Ensaios clínicos 
 
Assista ao vídeo a seguir, em que vamos revisar os desenho de estudo 
pelas suas caraterísticas. 
 
Tipos de desenhos de estudo 
Ensaios clínicos 
São estudos de intervenção na qual o investigador introduz algum 
elemento crucial para a transformação do estado de saúde dos indivíduos, 
visando testar hipóteses etiológicas ou avaliar a eficácia ou a efetividade dos 
procedimentos diagnósticos, preventivos ou terapêuticos. 
Experimento clínico 
É um experimento com pacientes, com o objetivo de avaliar novos 
tratamentos para uma doença ou condição. 
Pesquisa experimental 
São os estudos que envolvem modelos experimentais (como animais e 
cadáveres) e cultura de células e tecidos. Os desenhos são diferenciados pelo 
grau de controle experimental. 
 
 
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Ensaios clínicos 
Quando há controle sobre a variável independente, os ensaios podem 
ser diferenciados em controlados e não controlados, dada a presença ou 
ausência de um grupo de controle. 
Quanto ao controle da composição dos grupos, podem assumir as 
seguintes modalidades: 
 Randomizados − são realizados com a inclusão aleatória dos sujeitos da 
pesquisa, tanto no grupo de estudo quanto no grupo controle, com 
identidade comum na distribuição de características iniciais relevantes; 
 Não randomizados − consistem na seleção de grupo, com determinadas 
características para compor o grupo de estudo e o grupo controle de forma 
não aleatória; 
 Bloqueado − estudo com grupos formados exclusivamente de uma dada 
categoria da variável de confundimento a se controlar, bloqueando o efeito 
às outras classes da variável; 
 Pareado − é constituído por pareamento, garantindo uma composição 
rigorosamente equivalente em termos de algumas variáveis selecionadas; 
 Rotativo − estudo com estrutura baseada na alternância de grupos, ou seja, 
em um dado momento da pesquisa, o grupo experimental passa a ser o 
grupo controle. 
 
Quanto ao controle dos vieses, podem ser: 
 Duplo-cego − a seleção e a mensuração referente à variável dependente 
são feitas às cegas, ou seja, nem avaliador nem participantes têm 
conhecimento da alocação dos grupos; 
 Simples − somente o participante não sabe a qual grupo pertence; 
 Aberto − todos têm conhecimento da alocação dos grupos e da variável 
dependente. 
 
 
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Esses estudos consistem na avaliação da condição de um grupo de indivíduos 
com relação à presença ou à ausência da doença ou à exposição em um mesmo 
ponto no tempo, com base na avaliação individual do estado de saúde de cada 
um dos membros do grupo, produzindo, assim, indicadores globais de saúde. 
 
Estudos de caso 
Consistem de um cuidadoso e detalhado relato, por um ou mais 
profissionais, do perfil de um único caso. 
Estudos de série de casos 
Consistem em um cuidadoso e detalhado relato da experiência de um 
grupo de pessoas com um diagnóstico comum. 
Relato de casos 
Também chamado de série de casos-tipo de estudo descritivo, é um 
relato detalhado de um ou mais casos − ou mesmo de uma série de casos −, 
com minuciosa descrição de uma manifestação da doença, relatando, em 
profundidade, as características de interesse que podem sugerir hipóteses 
etiológicas e representam as interfaces entre a clínica e a Epidemiologia. 
 
 
 
 
São de grande utilidade para a realização de diagnósticos de saúde de 
uma população e, em geral, usam amostras representativas pela 
impossibilidade de avaliação de todos os indivíduos da população em estudo. 
São baseados, ainda, em modelos conceituais que consideram a 
interdependência entre indivíduos e a conexão desses com os contextos 
biológico, físico, social e histórico em que vivem e possuem vantagens de baixo 
custo, de alto potencial descritivo e de simplicidade analítica. 
 
 
 
 
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Os problemas decorrentes desses estudos estão na 
vulnerabilidade para vieses de seleção e baixo poder analítico 
(inadequado para testar hipóteses causais). 
Estudos de coorte 
São os únicos capazes de abordar hipóteses etiológicas e consistem na 
observação de grupos comprovadamente expostos a um fator de risco como 
causa da doença a ser detectada no futuro. Um grupo de
indivíduos é 
selecionado por presença ou ausência de exposição a um fator particular e, 
então, acompanhados por um período de tempo específico (follow-up), a fim de 
determinar o desenvolvimento de uma doença ou condição – esses são os 
estudos de coorte prospectivos, chamados também de coorte concorrente. 
Outro tipo de coorte é a coorte histórica, com característica 
retrospectiva, que envolve grupos selecionados, por terem sido expostos a 
fatores de risco em potencial e por dispor de registros sistemáticos da 
exposição e do efeito, e são analisados os dados disponíveis antes do 
momento da realização da pesquisa. É um estudo individuado e com grupos de 
indivíduos com características específicas, que contêm registros, por exemplo, 
em prontuários. 
Os estudos de coortes analisam as associações de exposição e efeito 
por meio da comparação da ocorrência de doenças entre expostos e não 
expostos ao fator de risco. Eles possuem a vantagem de produzir medidas 
diretas de risco, têm alto grau de poder analítico, simplicidade de desenho e 
facilidade de análise. Contudo, têm problemas com perdas de segmento, o que 
é inadequado para doenças de baixa frequência e alto custo relativo. 
Estudos de caso-controle 
Têm as características de observacional, longitudinal, retrospectivo e 
analítico, em que um grupo de casos (indivíduos com a doença ou fator 
protetivo) é comparado quanto à exposição a um ou mais fatores e ao grupo de 
 
 
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indivíduos semelhante ao grupo de casos − chamado de controle (sem a 
doença ou sem fator protetivo). 
Possuem vantagens de apresentar resultados rápidos e de baixo custo, 
além das amostras dos grupos poderem ser pequenas. São indicados para a 
investigação de doenças raras e apresentam algumas limitações, como a 
dificuldade para selecionar os participantes do controle e para o caso dos 
dados da exposição serem inadequados. 
Estudos ecológicos 
São estudos em que a observação e a análise é feita sobre 
determinadas características da população, localizada em certas áreas 
geográficas. Abordam áreas geográficas ou blocos de população bem- 
-delimitadas. 
As unidades de medida não são indivíduos, mas grupos 
populacionais. 
Esses estudos analisam dados globais de populações inteiras, 
comparando a frequência de doença entre diferentes grupos populacionais 
durante o mesmo período ou a mesma população, em diferentes momentos, 
geralmente com correlação entre indicadores de condições de vida e 
indicadores de situação de saúde. 
Podem ser classificados em subtipos: 
1. Investigações de base territorial − bairro, município e países; 
2. Estudos de agregados institucional − escolas, fábricas e prisões. 
 
Possuem vantagens na facilidade de execução e baixo custo relativo, 
simplicidade analítica e capacidade de gerar hipóteses. Os problemas podem 
ser encontrados no baixo poder analítico e no pouco desenvolvimento das 
técnicas de análise de dados, sendo vulnerável à chamada “falácia ecológica”. 
 
 
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Alguns autores classificam esses estudos como uma subdivisão dos estudos 
ecológicos. 
 
 
Conheça mais sobre o “Estudo de Framingham”, acessando o site a seguir: 
<http://www.framinghamheartstudy.org/> 
 
Estudos de séries temporais 
São estudos de agregados, observacionais e longitudinais, em que uma 
mesma área ou população é investigada em momentos distintos no tempo. 
 
 
Experimentos de intervenção comunitária e estudo de intervenção 
Envolvem intervenções coletivas, comunidades inteiras ou grupos 
populacionais. A exposição é coletiva, ou seja, são investigações com estudo 
de agregados que tomam como unidade de observação a análise de dados − 
os agregados ecológicos ou institucionais − e incorporam, ainda, alguma 
intervenção de alcance coletivo. 
As doenças cardiovasculares são a principal causa de morte na maioria 
os países ocidentais desde o final da Segunda Guerra Mundial. Em 1948, 
iniciou-se o Framingham Heart Study (“Estudo de Framingham”), que tinha 
como objetivo identificar as causas dessas doenças. 
Veja mais sobre esse estudo no vídeo a seguir. Confira! 
 
 
 
 
 
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Qualquer tipo de estudo apresenta problemas de amostragem; uma forma de 
identificar quais são e como podem afetar determinado estudo que esteja sendo 
realizado é realizando a validação do estudo. 
 
Validade em Estudos Epidemiológicos 
Todo pesquisador, ao realizar um estudo epidemiológico, pode estar 
sujeito a erros que podem interferir ou alterar o resultado desse estudo. Podem 
ser sistemáticos e viciarem o bom andamento do estudo. Para dar maior 
confiabilidade ao trabalho, o pesquisador deve, portanto, estar atento para que 
não ocorram muitos erros, os quais também são definidos como vieses. 
 
 
 
A definição de validade em uma pesquisa epidemiológica é 
basicamente a ausência de erros sistemáticos e a ausência de erros aleatórios. 
Os problemas que ocorrem em relação à precisão estão diretamente ligados à 
população do estudo. Já as distorções de um estudo causado por erros 
sistemáticos (problemas ligados à validade do estudo) são denominados de 
vieses. 
Segundo Medronho (2009), o viés se refere ao tamanho da discrepância 
entre o valor verdadeiro de uma medida na população-alvo e o valor de sua 
estimativa na população real. Os vieses podem ser de seleção, de informação 
e de confundimento. 
Viés de seleção 
Ocorre quando o problema do estudo é causado por fatores envolvidos 
na seleção dos participantes ou por fatores que podem influenciar na 
participação dos selecionados. Podem se dividir em: 
 
 
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 Viés de seleção − ocorre quando a seleção dos indivíduos participantes do 
estudo, seja com relação à base de exposição ou com relação à doença 
objeto do estudo, depende de outro eixo de interesse; 
 Viés de sobrevivência seletiva − é ligado à perda de indivíduos previamente 
escolhidos ou já participantes de um estudo; 
 Viés de Berkson − quando duas doenças podem estar associadas entre si; 
geralmente ocorre em estudo de caso-controle; 
 Viés de detecção − é o viés de seleção que pode induzir uma 
superestimação de determinada causa, o que, obviamente, resultaria em 
uma superestimação da medida de associação; 
 Viés de diagnóstico − ocorre quando existe a ausência de algum teste 
diagnóstico definitivo que possa influenciar no resultado final do estudo. 
 
Viés de informação 
É referente às distorções nos resultados, decorrentes de erros na 
mensuração ou na captação dos dados, e ocorrem por erros de classificação, 
os quais se subdividem em duas categorias: 
 
 
 
 
 
 
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Geralmente os doentes tendem a ter melhor memória do que os controles 
sobre o objeto do estudo; além disso, frequentemente há falhas nas 
informações necessárias. 
 
Os vieses de informação podem ser ainda: 
 Viés de memória – é característico dos estudos retrospectivos, pois, como a 
própria definição faz entender, a informação depende da memória; 
 
 
 
 Viés de suspeição da exposição – ocorre, geralmente, devido ao 
conhecimento prévio da etiologia da doença em estudo, o que acaba por 
viciar esse estudo a uma informação tendenciosa e supervalorizada, 
sobretudo entre os doentes; 
 Viés de prevaricação, falsa resposta ou não aceitação – pode ocorrer em 
estudo referentes a doenças ou situações que podem trazer 
constrangimento pessoal ou familiar; é o caso de estudos que envolvem o 
uso de drogas ou doenças que podem gerar discriminação ou embaraço 
para os envolvidos. 
 
Isso porque, muitas vezes, esses grupos acabam por omitir ou 
emitir informações não verdadeiras e isso pode enviesar o 
estudo. 
 
Confundimento 
Refere-se à situação em que existe falta de condição de comparação
entre as populações exposta e não exposta, em relação ao risco de adoecer, 
decorrente da existência de uma ou mais variáveis − denominadas variáveis de 
confundimento, confundidoras ou de confusão. 
 
 
 
Epidemiologia | Processos Epidêmicos 24 
 
Acompanhe que tipo de viés pode ocorrer nos principais desenhos de 
estudo: 
Tipo estudo Tipo de Viés 
Transversais Viés de seleção, viés de informação e viés de sobrevivência. 
Coorte Confundimento, viés de seleção e viés de informação não 
diferencial e diferencial. 
Caso-controle Viés de seleção, viés de informação, viés na identificação da 
exposição, viés do entrevistador e viés de memória. 
Ecológicos Viés ecológico (falácia ecológica) – é originado de uma fonte 
inadequada sobre fenômenos individuais na base de 
observações de grupos. O principal problema nesse tipo de 
análise é a suposição de que os mesmos indivíduos são, 
simultaneamente, portadores do problema de saúde e do 
atributo associado. 
Intervenção Viés de seleção, perdas de seguimento e não cooperação, 
Viés de aferição e viés de informação. 
 
 
Síntese 
Assista ao vídeo a seguir, em que apresentaremos uma síntese dos 
assuntos estudados nesta aula. 
 
 
 
Epidemiologia | Processos Epidêmicos 25 
 
 
1. Assinale a alternativa correta sobre a definição de “viés”: 
a. Refere-se ao tamanho da discrepância entre o valor verdadeiro de uma 
medida na população-alvo e o valor de sua estimativa na população 
real. 
b. Viés de memória é característico dos estudos prospectivos. 
c. Em estudos transversais, o viés mais comum é o de memória. 
d. Viés de seleção está relacionado a distorções nos resultados 
decorrentes de erros na mensuração. 
 
2. Os desenhos de estudo se diferenciam por várias características. 
Correlacione as colunas corretamente e assinale alternativa correta: 
( ) Transversal I – individuado, observacional, retrospectivo, longitudinal, 
descritivo. 
( ) Ecológico II – agregado, observacional, transversal, descritivo. 
( ) Caso-controle III – individuado, observacional, transversal, descritivo. 
( ) Ensaio clínico IV - individuado, longitudinal, observacional, prospectivo 
descritivo. 
( ) Coorte V – individuado, intervenção, longitudinal analítico. 
 
a. III – II – I – IV – V 
 
 
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b. II – I – III – V – IV 
c. I – II – III – IV – V 
d. III – II – I – V – IV 
 
 
 
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Referências 
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ed., rev. e ampliada. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2013. 
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KJELLSTRÖM, T. [tradução e revisão científica Juraci A. Cesar]. 2. ed. São 
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2012. Aprova as seguintes diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas 
envolvendo seres humanos. Diário Oficial [da] República Federativa do 
Brasil, Brasília, DF, 12 dez. 2012. Disponível em: <http://conselho.saude.gov.br 
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enfoque latino-americano. São Paulo: Gaia, 2006. 
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MEDRONHO, R. A. et al. Epidemiologia. São Paulo: Atheneu, 2009. 
MINAYO, M. C. de S. Pesquisa social: teoria, método e criatividade. 23. ed. 
Petrópolis, RJ: Vozes, 2004. 
PUTTINI, R. F.; PEREIRA JUNIOR, A.; OLIVEIRA, L. R. de. Modelos 
explicativos em saúde coletiva: abordagem biopsicossocial e auto- 
-organização. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-
73312010000300004&script=sci_arttext>. Acesso em: 29 jun. 2013.

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