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PSICOLOGIA EDUCACIONAL E SUAS CONTRIBUIÇÕES PARA O ENSINO E APRENDIZAGEM

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PSICOLOGIA 
EDUCACIONAL E SUAS 
CONTRIBUIÇÕES PARA O 
ENSINO E APRENDIZAGEM
Programa de Pós-Graduação EAD
UNIASSELVI-PÓS
Autora: Fernanda Germani de Oliveira Chiaratti
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
Reitor: Prof. Hermínio Kloch
Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol
Coordenador da Pós-Graduação EAD: Prof.ª Cláudia Regina Pinto Michelli
Equipe Multidisciplinar da 
Pós-Graduação EAD: Prof.ª Bárbara Pricila Franz
 Prof.ª Cláudia Regina Pinto Michelli
 Prof.ª Kelly Luana Molinari Corrêa
 Prof. Ivan Tesck
Revisão de Conteúdo: Kelly Luana Molinari Correa
Revisão Gramatical: Iara de Oliveira
Diagramação e Capa: 
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
370.15
C532p Chiaratti, Fernanda Germani de Oliveira
Psicologia Educacional e suas Contribuições para o En-
sino e Aprendizagem/ Fernanda Germani de Oliveira Chiarat-
ti. Indaial : UNIASSELVI, 2016.
104 p. : il.
 ISBN 978-85-69910-20-6
 1. Psicologia Educacional
 I. Centro Universitário Leonardo Da Vinci.
Copyright © UNIASSELVI 2016
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
 UNIASSELVI – Indaial.
Fernanda Germani de Oliveira Chiaratti
Possui graduação em Psicologia, pela 
Universidade do Vale do Itajaí (2000), mestrado 
em Educação pela Universidade Federal do Paraná 
(2003) e doutorado em Educação: Psicologia da 
Educação, pela Pontifícia Universidade Católica de São 
Paulo (2009). Atualmente, é professora dos Cursos de 
Psicologia e Pedagogia do Centro Universitário de Brusque 
(UNIFEBE) e coordenadora e professora do curso de 
Psicologia da Faculdade Avantis. Na EAD, publicou vários 
materiais didáticos, tais como: Psicologia da Educação; 
Psicologia do Desenvolvimento e Aprendizagem; 
Fundamentos da Ludopedagogia.
Sumário
APRESENTAÇÃO ......................................................................7
CAPÍTULO 1
Surgimento e Definição da Psicologia Educacional
no Brasil ...................................................................................9
CAPÍTULO 2
Implicações Práticas da Psicologia Educacional ao 
Processo Ensino e Aprendizagem .......................................39
CAPÍTULO 3
A atuação do Psicólogo Educacional ................................71
APRESENTAÇÃO
Caro(a) pós-graduando(a)!
Bem-vindo(a) à disciplina de psicologia educacional e suas contribuições 
para o ensino e aprendizagem. Este caderno de estudos foi organizado com o 
objetivo de contribuir para a realização dos seus estudos e para a ampliação 
de seus conhecimentos a respeito da importância da Psicologia Educacional no 
desenvolvimento e aprendizagem escolar. 
Convidamos para que adentre no universo das definições, contribuições 
e ações do psicólogo educacional, conhecendo sua história, sua prática no 
contexto educacional, suas teorias e as contribuições no processo de ensino e 
aprendizagem.
O objetivo da disciplina é conhecer as contribuições do psicólogo educacional 
no processo de ensino e aprendizagem para o exercício do magistério de nível 
superior. Para isso, os conteúdos estão divididos em 3 capítulos.
O Capítulo 1, surgimento e definição da Psicologia Educacional no Brasil, 
tem como finalidade apresentar a origem e o desenvolvimento da Psicologia 
Educacional no Brasil, suas concepções e funções na escola. 
No Capítulo 2, implicações práticas da Psicologia Educacional no processo 
ensino e aprendizagem, articulam-se as analogias e as insinuações da Psicologia 
Educacional na aprendizagem e a atuação do psicólogo nas diferentes áreas. 
Já no Capítulo 3, a atuação do psicólogo educacional, buscamos 
compreender as distinções de cada campo de atuação do profissional psicólogo 
educacional. Também nele, identificamos e analisamos a instrumentalização 
técnica do psicólogo escolar: entrevista, observação, estudo de caso, dinâmica 
de grupo, aconselhamento, testes, sociograma, avaliação psicodiagnóstica e 
encaminhamentos no processo de ensino e aprendizagem.
Os capítulos foram constituídos de forma didática e complementar. Eles 
apresentam o texto, com atividades de estudo, e indicam outras referências que 
podem ser consultadas a fim de complementar seus estudos.
Desejamos a você um bom trabalho e que aproveite ao máximo as matérias 
dos temas tratados nesta disciplina. Bons estudos e sucesso na sua vida 
acadêmica!
CAPÍTULO 1
Surgimento e Definição da 
Psicologia Educacional no Brasil
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
	Conhecer as informações relacionadas aos fundamentos da Psicologia Edu-
cacional.
	Compreender como o conhecimento da Psicologia é aplicado na educação 
escolar.
 Conhecer os aspectos históricos e teóricos que determinam os fenômenos 
ligados a Psicologia Educacional.
	Analisar as ações que preservam o profissional psicopedagogo.
	Identificar e diferenciar os campos de atuação do profissional que se relacio-
nam à educação e ao processo de ensino e aprendizagem.
10
 Psicologia Educacional e suas Contribuições para o
 Ensino e Aprendizagem
11
Surgimento e Definição da Psicologia
Educacional no Brasil
 Capítulo 1 
Contextualização
A Psicologia como ciência vem se desenvolvendo desde 1875, com o 
abandono das ideias abstratas e espiritualistas, desconsiderando os estados 
subjetivos na compreensão do homem e suas relações. Visto que a Psicologia é a 
“[...] ciência que estuda o comportamento, tem por objetivo compreender e prever 
o comportamento, o que pode resultar em ajuda para que as pessoas se realizem 
através das suas atividades.”. (PATTO, 1984, p. 18).
A Psicologia Escolar, assim como a Psicologia Clínica, ainda não tem sua 
atuação compreendida intimamente. Devido à construção histórica e à forma de 
surgimento dessas ciências, elas refletem, na atualidade, conceitos sociais um 
pouco negativos sobre as respectivas profissões. Conceitos esses advindos da 
época dos seus surgimentos, nos quais realmente não se tinha uma compreensão 
do sujeito, diferente do que essas profissões compreendem hoje. Para elucidar 
os motivos desses profissionais ainda serem vistos como identificadores de 
problemas e patologias, é necessário fazer um retrospecto histórico.
Assim, esse tópico tem como finalidade apresentar a origem e o 
desenvolvimento da Psicologia Educacional no Brasil, bem como suas concepções 
e funções na escola.
A Psicologia Educacional no Brasil
O estudo da história da Psicologia vai fornecer os alicerces, as raízes 
em que será construído esse conhecimento científico da Psicologia. Assim 
como em qualquer ciência, ela deve ver e observar com novos olhares, novos 
conhecimentos, novas respostas para perguntas ainda não respondidas. Essa 
nova ciência, a Psicologia, observou e registrou o desenvolvimento das crianças 
e dos jovens, conhecimento necessário ao desenvolvimento das 
novas concepções de educação, descrevendo o desenvolvimento da 
criança, seu aprendizado, sua capacidade e inteligência, bem como a 
sua possibilidade de produção do ensino e aprendizagem. 
Patto (1984, p. 19) traz a informação de que “[...] a primeira 
função desempenhada pelos psicólogos junto aos sistemas de ensino 
no Brasil, foi a de medir habilidades e classificar crianças quanto à 
capacidade de aprender e progredir pelos vários graus escolares.”.
A Psicologia Educacional tem a sua origem na crença racional 
e na argumentação de que a educação e o ensino podem melhorar 
A Psicologia 
Educacional tem 
a sua origem na 
crença racional e 
na argumentação 
de que a educação 
e o ensino 
podem melhorarsensivelmente como 
consequência da 
utilização correta 
dos conhecimentos 
psicológicos.
12
 Psicologia Educacional e suas Contribuições para o
 Ensino e Aprendizagem
sensivelmente como consequência da utilização correta dos conhecimentos 
psicológicos. A partir dos estudos sobre o papel da Psicologia como ciência e 
profissão, é possível compreender a trajetória histórica da Psicologia Escolar. 
É importante destacar que o desenvolvimento do capitalismo instaurou uma 
nova forma de relação social, marcada pelas relações de produção no século XIX, 
que impactaram as relações no âmbito da família, especialmente em relação ao 
papel da mulher nos espaços sociais.
Psicologia Escolar: a Psicologia Escolar define-se pelo âmbito 
profissional e refere-se a um campo de ação determinado, isto é, a 
escola e as relações que aí se estabelecem; fundamenta sua atuação 
nos conhecimentos produzidos pela psicologia da educação, por 
outras subáreas da psicologia e por outras áreas de conhecimento. 
(BARBOSA; SOUZA, 2012, p. 165).
Psicologia Educacional: a Psicologia Educacional pode ser 
considerada como uma subárea da psicologia, o que pressupõe 
esta última como área de conhecimento. Entende-se área de 
conhecimento como corpus sistemático e organizado de saberes 
produzidos de acordo com procedimentos definidos, referentes a 
determinados fenômenos ou conjunto de fenômenos constituintes 
da realidade, fundamentado em concepções ontológicas, 
epistemológicas, metodológicas e éticas determinadas. (BARBOSA; 
SOUZA, 2012, p. 165).
Patto (1984, p. 18) afirma que “[...] a análise da constituição histórica e da 
essência da psicologia científica é imprescindível, pois nos permitirá entender 
mais a fundo o significado de sua participação nas escolas.”. Ao longo da história a 
relação da Psicologia com a Educação no Brasil passou por mudanças, no entanto, 
ainda há muito por se fazer nessa área. Nesse contexto, na atualidade, observa-
se uma perspectiva crítica sobre a Psicologia Escolar, pois ao mesmo tempo em 
que a comunidade escolar espera pela atuação desses profissionais, ela olha com 
desconfiança para o trabalho deles. Nesse sentido, a comunidade escolar espera 
que o psicólogo contribua para a construção de um processo educacional que 
seja capaz de socializar o conhecimento historicamente acumulado e de contribuir 
para a formação ética e política dos sujeitos.
No que se refere aos fundamentos da Psicologia Educacional, desde 
o seu início no final do século XIX, marco da ligação da Psicologia com a 
Educação, foram elaborados quatro modelos (psicométrico, clínico, preventivo e 
compensatório) com base em posturas de atendimento psicológico nos ambientes 
educativos escolares. Coll (1980, apud COLL 2000) afirma que, ainda hoje, há 
13
Surgimento e Definição da Psicologia
Educacional no Brasil
 Capítulo 1 
influências desses modelos no trabalho de psicólogos e pedagogos responsáveis 
pela elaboração de políticas educacionais. 
“O modelo psicométrico, que mede, classifica e segrega, pois na proporção 
que os jovens e crianças são classificados e rotulados, corre-se o risco de 
aprisionar a diferença num sistema negativo e comparativo.”. (BOCK, 2001, p. 
63). O segundo modelo, clínico, que situa os problemas de aprendizagem nas 
influências ambientais, mais especificamente no desajuste familiar, e concomitante 
ao processo de biologização do comportamento, que favorece a patologização 
desses, tinha um terreno fértil para a disseminação da prática psicológica de 
psicoterapia e orientação familiar, frente a problemas de aprendizagem e à 
atribuição de rótulos.
O terceiro é o modelo preventivo, surgido na pós-primeira guerra, que deu 
início à fase da industrialização brasileira e ao surgimento do movimento de 
higiene mental. O profissional de Psicologia, naquela época, deveria adiantar-se 
aos problemas e cuidar do controle do bem-estar social e individual da nação. As 
crianças eram classificadas e preparadas para a indústria, com o objetivo de obter 
um indivíduo capaz de produzir. A Psicologia sempre esteve ligada aos interesses 
dos grupos dominantes:
[...] de forma a permitir o aumento do controle sobre os grupos 
sociais, a ampliação da capacidade produtiva dos trabalhadores, 
a distribuição de crianças de forma homogênea ou heterogênea 
nas classes, para garantir o aprendizado e disciplina, a seleção 
do homem certo para o lugar certo, a higienização 
moral da sociedade, o controle do comportamento, 
a classificação e diferenciação. (BOCK, 2001, p. 
25).
O quarto é o modelo compensatório, quando, a partir da década 
de 70, chegaram ao Brasil as ideias produzidas nos Estados Unidos, 
cuja necessidade era de conter as tensões geradas pelos movimentos 
reivindicatórios das minorias raciais, relatadas em diversos trabalhos 
que explicavam a discrepância escolar observada entre crianças dos 
vários níveis socioeconômicos. (MARTINEZ, 2009).
Segundo Patto (1984), o trabalho do psicólogo consistia 
no diagnóstico das deficiências dos carentes por meio de testes 
psicológicos, classificar a incapacidade ou não da criança, e, com 
outros profissionais da educação, programar meios psicopedagógicos 
e, assim, possibilitar o aprendizado dessas crianças. 
Segundo Patto 
(1984), o trabalho do 
psicólogo consistia 
no diagnóstico das 
deficiências dos 
carentes por meio de 
testes psicológicos, 
classificar a 
incapacidade ou não 
da criança, e, com 
outros profissionais 
da educação, 
programar meios 
psicopedagógicos e, 
assim, possibilitar o 
aprendizado dessas 
crianças.
14
 Psicologia Educacional e suas Contribuições para o
 Ensino e Aprendizagem
Segundo Reger (1980 apud PATTO, 1989, p. 68), o objetivo básico do 
psicólogo escolar é:
[...] ajudar a manter a qualidade e a eficiência do processo 
educacional através da aplicação dos conhecimentos 
psicológicos [...]. Enquanto educador comprometido com 
a identidade do acadêmico, o psicólogo escolar pode tentar 
ensinar outros profissionais no sistema escolar.
O crescimento da Psicologia Educacional no Brasil é realmente interessante. 
O número de psicólogos escolares no país aumentou, provavelmente, mais do 
que 100% na última década. Esse crescimento pode ser percebido pelo aumento 
no número de estudantes que estão procurando especializar-se como psicólogos 
escolares, seja em pós-graduação, seja em mestrado, seja em doutorado.
A Associação Brasileira de Psicologia Escolar (ABRAPEE) tem servido como 
ímã, atraindo os psicólogos escolares de todo o país preocupados em melhorar a 
qualidade e a natureza dos serviços psicológicos. A fundação oficial da ABRAPEE, 
em 1991, sinalizou o nascimento de um movimento nacional de profissionais que 
visam à melhoria dos serviços em Psicologia Escolar.
Oakland e Sternberg (1981, apud GUZZO; ALMEIDA; WECHSLER, 1993, p. 
2), afirmam que “[...] a preparação em psicologia, incluindo a psicologia escolar, 
é influenciada, em parte, e especialmente pela história, cultura e economia de 
cada país [...]”, apontando como fundamentais as diferenças internacionais na 
distribuição de serviços da área.
É conhecido como marco inicial da chamada Psicologia Escolar o trabalho 
de Wilhelm Maximilian Wundt (1832-1920), que após a criação do laboratório 
experimental de psicologia, no ano de 1879, deixa de ser apenas uma ramificação 
da filosofia para ser reconhecida como ciência. Nesta época, século XIX, no 
contexto social, ocorre a consolidação do capitalismo como forma de organização 
econômica nas sociedades ocidentais. Também é uma época regida pelo 
liberalismo, em que a sociedade feudal era substituída pela burguesia, o que 
possibilitava a superação do estado de servidão e a ascensão social obtida 
por méritos pessoais. Em paralelo, a atividade científica caminha em buscade 
conhecimento sobre as formas de adaptação dos variados organismos ao meio; 
à psicologia experimental delega-se a função de determinar os padrões de 
comportamento normais e anormais, como um modelo. (MARTINEZ, 2009).
Ao final do século XIX, os ideais da sociedade burguesa não haviam sido 
alcançados, ou seja, a existência de uma sociedade livre e justa em que o homem 
ascenderia por seu mérito pessoal por meio da igualdade social. A educação era 
vista como provedora de recursos para o desenvolvimento desse homem, mas 
15
Surgimento e Definição da Psicologia
Educacional no Brasil
 Capítulo 1 
o que aconteceu, na verdade, é que a igualdade tão desejada não chegou a ser 
alcançada por causa das diferenças individuais que hoje reconhecemos em cada 
pessoa e que, na época, não foi considerada. (MARTINEZ, 2009).
Segundo Guzzo e Wechsler (1993, p. 43), “[...] a psicologia escolar no Brasil 
teve seu início marcado mais pela psicometria. Era uma atuação marcadamente 
remediativa, com nuances do modelo médico dentro da situação escolar.”. 
Martinez (2009) reforça que, no Brasil, o caminho da Psicologia Escolar 
inspirou-se no modelo europeu existente, influenciado nos princípios do século XX 
pela criação do gabinete de Psicologia Científica da Escola Normal Secundária de 
São Paulo, no ano de 1914, cuja produção teórica baseava-se na psicofísica e 
psicometria.
Psicofísica: é “[...] uma ciência exata das relações entre o 
mundo físico e o mundo psíquico, consolidando o estudo experimental 
e a mensuração das sensações, destacando-os da fisiologia para 
isto que ele chamou de psicofísica.”. (PASQUALI, 1999, p. 34).
Psicometria: representa a teoria e a técnica de medida dos 
processos mentais, especialmente aplicada na área da Psicologia e 
da Educação. Ela se fundamenta na teoria da medida em ciências 
em geral, ou seja, do método quantitativo que tem, como principal 
característica e vantagem, “[...] o fato de representar o conhecimento 
da natureza com maior precisão do que a utilização da linguagem 
comum para descrever a observação dos fenômenos naturais.“. 
(PASQUALI, 1999, p. 34).
A Psicologia Escolar surgi para solucionar problemas de fracasso 
escolar na década de XX, inicialmente como uma estratégia política. 
Os problemas educacionais existiam muito antes disso, contudo, 
eram tratados com demérito. Grande parte da população brasileira 
era analfabeta, algo que não importava nem para a própria população 
e nem para os governantes, uma vez que o trabalho no Brasil era 
quase que totalmente agrário. Entretanto, com o processo de 
democratização no país, sentiu-se a necessidade de alfabetizar essa 
população. Esse processo educacional intimidava os políticos, pois uma parte da 
população que teve o privilégio de frequentar a escola, com o passar dos anos, 
apresentava-se contra o governo. (SOUZA, 1992 apud SOUZA, 1998).
Para Nunes (2014), o marco inicial da chamada Psicologia Escolar é o 
laboratório de psiquiatria do estatístico Francis Galton (1822-1911), nos anos 
noventa do século XIX, quando os pesquisadores europeus da área estavam 
A Psicologia Escolar 
surgi para solucionar 
problemas de 
fracasso escolar 
na década de XX, 
inicialmente como 
uma estratégia 
política.
16
 Psicologia Educacional e suas Contribuições para o
 Ensino e Aprendizagem
estudando questões relacionadas com as chamadas diferenças individuais 
e o desenvolvimento da inteligência e da personalidade. Os famosos testes 
psicológicos surgiram da necessidade de criar instrumentos que permitissem a 
mensuração e análise daqueles objetos de estudo.
Francis Galton era primo e discípulo de Charles Darwin.
Na mesma época, na França, o pedagogo e psicólogo Alfred Binet (1857-
1911) e o psicólogo e psicometrista Théodore Simon (1872-1961) desenvolvem 
o seu famoso teste para detectar na população escolar as crianças que deveriam 
receber um tratamento diferenciado a pedido do governo.
Teste de inteligência: Em 1905, o psicólogo francês, Alfred 
Binet, criou o primeiro teste de inteligência, a Escala de Inteligência 
Binet-Simon. Seu primeiro objetivo foi o de criar um instrumento 
que possibilitasse a identificação do perfil cognitivo dos alunos que 
necessitavam de ajuda especial. Binet sugeria que, quando o aluno 
apresentasse resultados prejudicados na escala de inteligência, 
isso poderia evidenciar uma necessidade de maior intervenção 
dos professores para facilitar a aprendizagem desse mesmo aluno. 
(ANASTASI, 1977, p. 74).
Foi assim, portanto, que a Psicologia Escolar nasceu, de mãos dadas com a 
psicometria, desenvolvendo, a partir daí, por mais de meio século, um conjunto de 
atividades das quais se destacavam a avaliação da prontidão, a organização de 
classes/diagnóstico e o encaminhamento das crianças-problemas.
No Brasil, o quadro não foi diferente. A Psicologia como profissão se 
desenvolveu inspirada no modelo dos grandes centros, principalmente os 
europeus, ou seja, um profissional autônomo-liberal, com atividades centradas no 
consultório particular, no rastro do prestígio social construído pela medicina.
Além disso, tal tipo de atuação profissional se desenvolveu teoricamente 
impregnado pelas ideias do chamado médico, segundo o qual o comportamento 
(interno ou expresso) é determinado basicamente por fatores subjacentes ao 
indivíduo, ou seja, como na medicina, em que um problema comportamental é 
entendido como sintoma de uma causa subjacente ao indivíduo. Enquanto tal 
causa não for tratada, não ocorrerá a “cura”. Nesse modelo, o papel do ambiente, 
embora considerado, é visto como secundário.
17
Surgimento e Definição da Psicologia
Educacional no Brasil
 Capítulo 1 
Esse conjunto de fatores acabou determinando as principais diretrizes em 
torno das quais a Psicologia como profissão se desenvolveu, caracterizada por 
uma ação remediativa (atuar depois que o problema apareceu), uma grande 
preocupação com a patologia (visa curar o indivíduo), buscando prioritariamente 
no indivíduo as causas de seus problemas psicológicos. Tais características 
marcaram a Psicologia em todas as suas áreas de atuação, inclusive, a chamada 
Psicologia Educacional.
Para aprofundar mais os estudos sobre o tema apresentado, 
leia a seguinte obra: 
BALBINO, V. C. R. Psicologia e psicologia escolar no Brasil. 
São Paulo: Summus, 2008.
Na abordagem internacional, o desenvolvimento da Psicologia Escolar é um 
fenômeno recente cujas origens estão no desenvolvimento social e profissional do 
psicólogo e da educação.
Nesse sentido, para Fagan (1988, p. 65): 
Os serviços psicológicos emergiram das atividades de Lightner 
Witmer, na clínica psicológica (1a nos EUA) que fundou na 
Universidade da Pensylvânia em 1896, tendo, por isso, sido 
considerado por muitos como o pai da psicologia clínica e 
escolar.
Nas décadas seguintes, cresce o número de credenciamentos de 
profissionais. Há um certo reconhecimento profissional e um aumento no volume 
de publicações que evidenciam, inclusive, a confusão de papéis e problemas 
de identidade profissional, ou seja, uma lacuna nos conceitos de Psicologia e 
Psicologia escolar.
Nesse mesmo período, tornando-se mais abrangentes as linhas 
de evolução histórica da Psicologia Escolar, deve-se considerar que o 
exercício profissional se modifica em sua história e desenvolvimento 
de sociedade para sociedade. (ARBUÉS; LOIS, 1979 apud GUZZO; 
ALMEIDA; WECHSLER, 1993).
Na Espanha, por exemplo, a Psicologia é reconhecida como 
profissão há pouco tempo, mesmo considerando a contribuição 
de estudiosos de renome e propulsores da psicologia científica e 
aplicada. Seu desenvolvimento ocorre de forma descompassada, 
como consequência das guerras civis que o país vivenciou ao longo 
de sua história. (ARBUÉS; LOIS, 1979 apud GUZZO; ALMEIDA;WECHSLER, 1993).
A Psicologia Escolar 
e a Psicologia 
da Educação 
ocupam campos 
diferenciados em 
sua ação, ou seja, 
a primeira é mais 
presente na atuação 
prática e a segunda 
é utilizada com mais 
frequência no meio 
acadêmico.
18
 Psicologia Educacional e suas Contribuições para o
 Ensino e Aprendizagem
Nesse país, a Psicologia Escolar e a Psicologia da Educação ocupam campos 
diferenciados em sua ação, ou seja, a primeira é mais presente na atuação prática 
e a segunda é utilizada com mais frequência no meio acadêmico. Os profissionais 
envolvidos em tarefas educacionais, por sua vez, são chamados “psicólogos 
educativos” ou simplesmente por psicólogos, sem outras denominações.
Para aprofundar seus estudos sobre ao assunto, indicamos a 
leitura da seguinte obra. Veja:
MALUF, M. R. (Org.) Psicologia educacional: questões 
contemporâneas. São Paulo: Casa do psicólogo, 2004.
No contexto escolar da época não foi diferente, pois os psicólogos que 
atuavam estavam voltados para a questão da quantificação dos problemas 
de aprendizagem. Esse olhar individualista dos processos e problemas 
escolares fez com que a Psicologia, dentro da escola, fosse mal interpretada 
tanto pela sociedade (famílias dos alunos e a comunidade onde a escola está 
inserida) quanto pelos profissionais da educação (professores e coordenadores 
educacionais), enfim, por todo o contexto escolar. (DAZZANI, 2010).
O processo de escolarização no Brasil, assim como em outros países, 
foi decorrente de leis que instauraram a escola para todos, gerando um 
grande problema. No início, o fazer da Psicologia Escolar estava voltado para 
readaptar os alunos que eram considerados problemáticos, fazendo com que se 
“encaixassem” dentro do sistema educacional, aspecto decorrente principalmente 
do fazer clínico da Psicologia da época. Os professores, de forma mais ampla a 
escola, encaminhavam os alunos para a sala do psicólogo escolar para resolver o 
problema e recolocar o aluno dentro de sala de aula. (DAZZANI, 2010). 
Devido à inserção do psicólogo no contexto escolar pelas teorias da 
aprendizagem, esse posicionamento levou à patologização de todas as 
dificuldades de aprendizagem dos alunos, sem recorrer a medidas voltadas 
para a própria gestão da escola e seu posicionamento ético-político-pedagógico. 
(DAZZANI, 2010).
Ora, se antigamente o fazer era individualizado, os alunos eram os 
responsáveis pelo seu próprio fracasso, e o psicólogo, utilizando métodos 
de avaliação de desempenho, avaliação dos processos psicológicos 
básicos, diagnosticando os alunos-problemas para a realização de trabalhos 
individualizados, retirava a responsabilidade da escola em que estavam inserido, 
19
Surgimento e Definição da Psicologia
Educacional no Brasil
 Capítulo 1 
bem como dos profissionais que nela atuavam, como, hoje, a Psicologia Escolar 
pode intervir de maneira que contemple todos os aspectos sociais, culturais, com 
responsabilidade ética e política em todos os processos do contexto escolar? Essa 
pergunta é decorrente, em grande parte, desde pensamento reflexivo que se deu 
a partir das novas concepções construídas durante a década de 1980, quando 
produções de artigos, livros e materiais científicos a respeito do modo como o 
psicólogo estava inserido nesse contexto começaram a trazer grandes críticas 
sobre a prática que se utilizava. Foi então que começou um grande processo de 
desmistificar o próprio fazer da Psicologia dentro da escola. A escola, por sua vez, 
acostumada com o modelo clínico por parte dos psicólogos, resistiu e ainda resisti 
às novas propostas da Psicologia Escolar. (GUZZO; WECHSLER, 1993).
As propostas da Psicologia Educacional, que tiveram grande destaque nos 
últimos anos, foram voltadas para uma escola democrática. (DAZZANI, 2010). 
Tal questionamento é decorrente de anos do temido fracasso escolar, em que os 
métodos utilizados, tanto pela escola quanto pelos psicólogos, contribuíram de 
maneira significativa para que os alunos-problemas não se adaptassem ao meio, 
devido a uma idealização de alunos perfeitos.
A crise de identidade da profissão do psicólogo escolar foi propulsora para a 
criação da Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional (ABRAPEE), 
ocorrida no início da década de 90. Ela é responsável por avaliar, orientar e 
reestruturar práticas, além de auxiliar a divulgar um novo profissional, que pode 
contribuir de maneira significativa no desenvolvimento da educação brasileira. 
Acerca da atuação nesse novo cenário que está sendo construído, o psicólogo 
escolar busca sintonizar todos os envolvidos no processo de aprendizagem em 
prol de uma formação com qualidade, não se sobrepondo a esse processo, mas 
contribuindo para escolarização. (MARINHO-ARAÚJO, 2001, apud MARINHO-
ARAÚJO, 2009).
Atividade de Estudos
1) Indique e comente os principais núcleos de trabalho e de pesquisa 
em torno dos quais nasce e se desenvolve a Psicologia da 
Educação durante as três primeiras décadas do século XX.
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20
 Psicologia Educacional e suas Contribuições para o
 Ensino e Aprendizagem
Como vimos, foram apresentadas as questões históricas da Psicologia 
Educacional, as quais tratam do estudo e da análise das mudanças de 
comportamento que se refletem nas pessoas como uma consequência de sua 
participação nos diferentes tipos de situações ou atividades educativas. 
Caro(a) pós-graduando(a), no próximo item estudaremos as tendências da 
Psicologia educacional, ou seja, independente do espaço social e da área de 
atuação que o psicólogo escolar esteja ocupando, as bases filosóficas e teóricas 
nas quais assenta seu trabalho são as mesmas, desde que elas lhe garantam a 
compreensão e a possibilidade de intervenção crítica e competente em contextos 
educativos.
As Tendências Dominantes no Estudo da 
Psicologia Educacional
Hoje, sabemos que a aprendizagem ocorre sob a ação de inúmeros 
fatores, os quais a Psicologia Educacional procura estudar e explicar. 
Conceber o trabalho da Psicologia Educacional como um estudo de 
dados objetivos, é primar pela observação do comportamento e das 
manifestações psíquicas como resposta dos organismos e de suas 
estruturas a estímulos gerados pelo meio.
A metodologia da abordagem objetiva analisar as leis naturais 
que determinam as ações humanas. O efeito depende de uma causa 
exterior e se realiza no organismo, na matéria e em normas de validade 
geral, o mais independente possível do caráter do sujeito. Como 
resultado da observação, o homem se torna um modelo que pode ser 
analisado de modo geral e imparcial. O propósito de tal observação 
é a planificação do comportamento visando à sua previsão e ao seu 
controle.
Na escola, a preferência pela objetividade gerou uma série de experimentos 
em laboratório, centrados na medição, nos testes e nos planos de aprendizagem 
encadeados sequencialmente. Tal análise do comportamento fragmenta 
a realidade, sendo a soma dos elementos parciais insuficiente para uma 
compreensão do fenômeno como um todo.
De seu lado, o enfoque da subjetividade sustenta que a relação homem/
sujeito observador predomina sobre a relação homem/objeto da observação. Mais 
que isso, sustenta que o sujeito é capaz de modificar e transformar o objeto. O 
indivíduo possui características intimistas que o impulsionam à ação. Essa visão 
Conceber o trabalho 
da Psicologia 
Educacional como 
um estudo de dados 
objetivos, é primar 
pela observação do 
comportamento e 
das manifestações 
psíquicas como 
resposta dos 
organismos e desuas estruturas a 
estímulos gerados 
pelo meio.
21
Surgimento e Definição da Psicologia
Educacional no Brasil
 Capítulo 1 
intimista dilui a influência externa, aliena o sujeito com relação ao meio social e 
histórico, ou seja, temos aqui um modelo abstrato de homem.
As repercussões dessa concepção de homem na escola conduziram a 
estudos centrados no comportamento do aluno e do professor em sala de aula. 
A utilização de técnicas não-diretivas, a ausência de sistematização, o abandono 
radical da experimentação quantitativa acabaram criando um outro tipo de 
fragmentação da realidade.
A Psicologia Educacional deve, assim, estabelecer um sistema de relações 
constantes entre sujeito e objeto. A ação do sujeito, estruturada por dados 
internos e externos, constitui e determina o motivo da observação. Isso significa 
que o estudo do homem se viabiliza quando consideramos a mediação recíproca 
entre sujeito e objeto, isto é, quando consideramos esses aspectos em interação 
constante.
O papel do psicólogo educacional permite ter uma atuação 
preventiva e educativa. Esse direcionamento pode neutralizar 
influencias negativas apresentadas pela escola, integração do corpo 
docente, compartilhamento dos saberes para que as informações 
cheguem a todos, levando em consideração a singularidade de 
cada realidade escolar, buscando harmonizar esses elementos. As 
técnicas, os planos de ação e quaisquer outros tipos de estratégias podem mudar 
de instituição para instituição, justamente por conta da singularidade que cada 
uma apresenta, contudo, sem perder o centro de sua prática, o qual deve sempre 
associar-se aos objetivos educacionais.
Nessa perspectiva, o trabalho desenvolvido pelo psicólogo tem um caráter 
social, visando à integração e à participação dos docentes, alunos, pais e a própria 
comunidade, pois a escola, além do processo de formação educacional, está 
diretamente envolvida na formação de cidadãos. Sendo assim, sua atuação busca 
fazer uma reflexão de que todos têm suas responsabilidades nesse processo 
formador do aluno, desfazendo a imagem de culpado por suas dificuldades. 
Aqui evidencia-se que adaptação e medição não são mais o resultado único da 
atuação, podendo servir de complemento dentro de um amplo plano de ação. 
(DEL PRETE, 1993).
Compreendendo a nova formação do psicólogo educacional, a 
multidisciplinaridade favorece suas práticas na escola, as quais podem abarcar 
elementos sociotransformadores. Essa formação habilita o psicólogo a desenvolver 
ações, como oficinas de orientação profissional, sexualidade e drogas; avaliar 
o plano pedagógico e, se necessário, readaptá-lo para melhor compreensão, 
relacionamento de professores e gestão administrativa, além de observar outras 
O papel do psicólogo 
educacional permite 
ter uma atuação 
preventiva e 
educativa.
22
 Psicologia Educacional e suas Contribuições para o
 Ensino e Aprendizagem
demandas existentes em cada instituição. Com a família, desenvolver projetos 
de orientação ou promoção de atitudes práticas no desenvolvimento do aluno, 
tornando-o mais participativo. (GUZZO, 1993).
Atividade de Estudos
1) Neste momento, cabe levantar algumas questões no âmbito 
da Psicologia Educacional, como, por exemplo, como integrar 
interesses, expectativas, desejos e motivações, tanto do sujeito-
aluno como da instituição-escola? Como o aluno responde 
à pergunta “quem sou eu”? Como a escola pode ajudá-lo a 
responder a essa e a outras questões de sua existência?
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Prezado(a) pós-graduando(a), neste tópico foram apresentados o 
desenvolvimento da Psicologia Educacional e, em seguida, serão apresentadas 
as tendências e as concepções atuais do psicólogo na educação.
As Concepções Atuais da Psicologia 
Educacional
A Psicologia Escolar, um dos mais recentes campos da Psicologia, deve, 
pois, trabalhar num sentido de atualizações, vislumbrando que a compreensão 
dos fundamentos psicológicos do processo educacional era necessária para levar 
a bom termo a teoria e a prática da educação, como visto anteriormente.
23
Surgimento e Definição da Psicologia
Educacional no Brasil
 Capítulo 1 
Figura 1 - O psicólogo educacional
Fonte: Disponível em: <https://goo.gl/1HF1G8>. Acesso em 26 de abr. 2016.
Na concepção de Pfromm Netto (1980 apud WECHSLER, 1995, p. 131-132):
São antigas, íntimas e fecundas as relações entre psicologia 
e escola. Hoje em dia, acha-se mais ou menos conciliada 
a diferenciação entre psicologia educacional e psicologia 
escolar, muito embora essas especialidades tenham muita 
coisa em comum [...].
Mas há autores, como Almeida (2003), que consideram Psicologia Escolar 
e Educacional como equivalentes à Psicologia Educacional, área mais geral 
e teórica, que se refere à investigação e à formação de professores e agentes 
educativos, enquanto a Psicologia Escolar focaliza a intervenção e a atuação dos 
profissionais psicólogos. 
Del Prete (1993, p. 126), traçando um paralelo entre Psicologia Educacional 
e Educação, menciona que:
Com base em algumas considerações sobre a história das 
relações entre psicologia e educação, defende-se que a 
identidade do psicólogo, pelo menos no contexto educacional 
brasileiro, deveria estar vinculada à sua autodenominação 
enquanto psicólogo escolar/educacional. As relações entre 
psicologia escolar e educação têm sido abordadas geralmente 
em um sentido unidirecional de contribuições da primeira 
à segunda, requeridas e/ou propostas antes 
mesmo do surgimento da psicologia como 
ciência.
Ribeiro e Guzzo (1987, p. 88) afirmam que “[...]o psicólogo 
escolar deve ter objetivos mais amplos do que remediar problemas 
individuais.”. Se o trabalho do psicólogo na escola se restringir 
ao atendimento do aluno-problema, estará não só limitando sua 
Ribeiro e Guzzo 
(1987, p. 88) 
afirmam que “[...]
o psicólogo escolar 
deve ter objetivos 
mais amplos do que 
remediar problemas 
individuais.”.
24
 Psicologia Educacional e suas Contribuições para o
 Ensino e Aprendizagem
atuação, a qual poderia de outra forma atingir um número maior de estudantes, 
como também estará contribuindo diretamente para a manutenção do modelo 
educacional vigente e que é a origem e a causa de muitos dos problemas 
encontrados nas escolas.
Pela exposição histórica descrita acima, entende-se até que ponto os 
esforços dedicados à tarefa de proporcionar uma base científica à educação 
e ao ensino adotam formas diferentes. Essas formas respondem, de fato, às 
diferentes concepções, quando não claramente divergentes, das relações entre 
o conhecimento psicológico de um lado e a teoria e a prática educativa de outro.
Se é aceitável o princípio de que em todas as situações educativas intervêm 
uma série de variáveis e de processos de natureza psicológica, que deve ser 
considerada para compreendê-la e explicá-la, a questão consiste em determinar 
que função possuem essas variáveis e esses processos, de natureza não 
psicológica e presentes na situação educativa.
Consiste, também, em escolher um procedimento adequado para que sua 
análise e sua apreciação conduzam efetivamente a uma melhor compreensão 
e interpretação da situação educativa no seu conjunto e, eventualmente, a 
formulação de propostas concretas para intervir com o objetivo de modificá-la ou 
orientá-la para uma determinada direção.
Abaixo segue um quadro que descreve as convergências e divergências das 
diferentes escolas psicológicas atuais na educação.
Quadro 1 – Escolas psicológicas
Escolas psicológicasAplicação à educação escolar
A teoria psicanalítica freudiana
• Levar a criança a aprender e dominar os seus instintos.
• Seria impossível dar a liberdade sem nenhuma restrição 
para a criança desenvolver os seus impulsos.
• Entender as fases de desenvolvimento dos alunos, 
assim como a formação da personalidade e do próprio 
desenvolvimento e suas limitações.
• A ausência de restrições e de orientações pode produzir 
delinquentes, em vez de crianças saudáveis.
• Necessário encontrar o equilíbrio entre o proibido e a 
permissão.
• Tudo deve ser bem trabalhado, porque a repressão 
excessiva dos impulsos pode dar origem a distúrbios 
neuróticos.
25
Surgimento e Definição da Psicologia
Educacional no Brasil
 Capítulo 1 
A psicologia behaviorista: Skinner
• As agências educacionais usam do reforço para treinar, 
para exercícios e para toda a prática escolar.
• Trabalham para a aquisição do comportamento e sua 
manutenção.
• As famílias são os reforçadores primários, depois outras 
agências, também educacionais, prosseguem como refor-
çadores secundários.
• O reforço é uma constante e os comportamentos são 
condicionados ao longo de nossas vidas.
• Criou a instrução programada e as máquinas de ensinar.
• Ênfase à estimulação dos sentidos.
• Certos estímulos produzem determinadas respostas num 
organismo, pois basta aplicá-los corretamente.
• Para fixar um comportamento, basta apresentar um 
estímulo correto, e, para refutar, basta desestimular.
A Gestalt ou psicologia da 
configuração
• A preocupação é com a totalidade do comportamento 
do educando, deixando em segundo lugar as respostas 
isoladas e específicas.
• As experiências anteriores determinam em grande parte 
o desenvolvimento da aprendizagem.
• Acreditam que a principal maneira de aprender seja pelo 
insight.
• As forças sociais atuam para a formação do psicológico, 
aceitam, também, a participação do domínio afetivo no 
desenvolvimento da aprendizagem.
• O professor deve ter a sensibilidade suficiente para 
entender os sentimentos e as atitudes respectivas da faixa 
etária. 
• O professor não consegue transmitir conceitos prontos, a 
estimulação é interna e diferente em cada um.
• Há preocupação com a profundidade, com a solução de 
problemas, com a visão holística quando uma alteração, mesmo 
pequena, no todo ou nas partes, pode alterar tudo.
• Parte da ideia de que quando a criança adquire uma 
nova percepção de si mesma e do mundo que a rodeia, 
muda o comportamento.
26
 Psicologia Educacional e suas Contribuições para o
 Ensino e Aprendizagem
Fonte: Adaptado de Francisco Filho (2002, p. 30-35).
Enriqueça seus conhecimentos sobre o tema realizando a leitura 
do seguinte livro:
FRANCISCO FILHO, G. A psicologia no contexto 
educacional. Campinas: Átomo, 2002
Destacamos, também, a preocupação com a interdisciplinaridade 
na escola e o aprofundamento dos estudos sobre o cognitivismo 
piagetiano e o sociointeracionismo de Vygotsky. Esses estudos 
tomaram corpo no seio da Psicologia Educacional na vaga 
construtivista da década de 80. Somente a partir da década de 1990 é 
que a grande diversidade do trabalho do psicólogo educacional, para 
além dos muros da escola, trouxe reflexões mais críticas acerca da 
formação e atuação desse profissional.
Essas últimas décadas foram marcadas por novos encontros 
entre Psicologia e Educação, assumindo um direcionamento dialético 
da compreensão do desenvolvimento humano e não apenas das 
dificuldades de aprendizagem e comportamento, mas que perpassam 
ambientes mais amplos do contexto educacional, como, por exemplo, 
espaços comunitários, núcleos, associações, entre outros.
A psicologia humanista: Maria Montes-
sori e Carl Rogers
• O professor deve seguir as etapas de desenvolvimento 
da criança.
• Currículo e metodologia que trabalham o desenvolvi-
mento integral da criança, em que a auto realização ocupa 
um espaço importante.
• Divide o conhecimento em áreas, criando os centros de 
vivência, começando pela educação infantil.
• Acredita que o homem tem um potencial que pode ser 
desenvolvido naturalmente e o professor pode facilitar, 
criando condições, clima favorável, evitando o castigo e o 
constrangimento.
• O material pedagógico deve ser significativo e relevante; 
o respeito aos sujeitos é obrigatório; a escola deve ser 
aberta, livre e satisfazer as necessidades dos alunos.
• Aceita o fracasso, mas propicia novas experiências, 
aprendendo com ação, autoconfiança, autocrítica, em sala 
ambiente, com um currículo flexível, sem guias curriculares, 
em que todos são responsáveis.
A atuação dos 
psicólogos 
educacionais tem 
defendido a escola 
em sua função social 
e política como 
espaço marcado 
por diversas 
contradições, mas 
também como 
possibilidade de 
criação de uma 
sociedade mais 
justa. (MARINHO-
ARAÚJO, 2001 apud 
MARINHO-ARAÚJO, 
2009).
27
Surgimento e Definição da Psicologia
Educacional no Brasil
 Capítulo 1 
A atuação dos psicólogos educacionais tem defendido a escola em sua 
função social e política como espaço marcado por diversas contradições, mas 
também como possibilidade de criação de uma sociedade mais justa. (MARINHO-
ARAÚJO, 2001 apud MARINHO-ARAÚJO, 2009).
Atividade de Estudos
1) Sabe-se que, teoricamente, a atuação da Psicologia está 
voltada para a área da Educação e destinada à realização de 
pesquisas diagnósticas e intervenções psicopedagógicas em 
grupo ou individuais, levando em consideração programas de 
aprendizagem e as diferenças dos indivíduos. Diante disso, no 
que consiste a atuação do psicólogo na escola?
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Neste capítulo, conhecemos um pouco das concepções atuais da Psicologia 
educacional. A seguir, vamos conhecer a questão da identidade da Psicologia 
Educacional, Pedagogia e Psicopedagogia.
Psicologia Educacional, Pedagogia e 
Psicopedagogia
Definir as fronteiras de qualquer disciplina é um sério problema teórico. 
A Psicologia Educacional é considerada, por muitos autores, como ciência 
multidisciplinar. Já a Psicologia Escolar é vista como disciplina aplicada, ao lado 
da Psicologia do ensino.
A Psicologia Educacional compreende as noções psicológicas 
conectadas com a educação. Ela veio mostrar ao mundo que o ensino 
não pode ser baseado na vontade do professor, nem da escola, nem 
do programa, mas sim na capacidade da criança. A criança passa 
a ser medida do ensino, segundo suas capacidades, natureza, 
desenvolvimento mental e maturidade, para verificar se há condições 
ou não de aprender determinada coisa.
A Psicologia 
Educacional 
compreende as 
noções psicológicas 
conectadas com a 
educação.
28
 Psicologia Educacional e suas Contribuições para o
 Ensino e Aprendizagem
A Psicologia Educacional deve trabalhar no sentido de atualizações, 
vislumbrando que a compreensão dos fundamentos psicológicos do processo 
educacional era necessária para elevar o bom termo, a teoria e a prática da 
Educação. Não bastava, portanto, compreender as mudanças que ocorrem no 
psiquismo do ser em desenvolvimento, pois o processo educacional teria que 
ser concebido pelos psicólogos na sua complexidade, como interação constante 
entre a atividade educacional do professor e a personalidade em formação do 
aluno, avaliando novas ideias, teorias e técnicas que possam ser transferidas 
para a situação escolar, aproveitando os conhecimentos dos diversos campos da 
Psicologia para vitalizar o processo de ensino, tornando-o mais objetivo e com 
resultados progressivos.
Esse campoé uma ciência aplicada aos comportamentos escolares ou 
conjunto de conhecimentos psicológicos relacionados com situações que são 
peculiares nas instituições de ensino. Seu objetivo é dar suporte a atuação 
profissional do psicólogo como membro de uma equipe de educadores.
É preciso, portanto, salientar dois aspectos dessa realidade: teoria e prática, 
dinamicamente integradas, constituindo uma unidade de práxis. A Psicologia 
Educacional deve ser práxis reflexiva e criadora, o que implica, por parte do 
profissional de Psicologia, um grau elevado de consciência e a procura constante 
de soluções para seu trabalho, seja para adaptar-se a novas situações, seja para 
satisfazer a novas necessidades.
O profissional consciente será capaz de conhecer a realidade 
e nela interferir buscando alternativas transformadoras. Então, o 
psicólogo educacional, para exercer seu trabalho com competência, 
precisa saber e saber ser. (LIBÂNEO, 1994).
“Saber” se refere ao desenvolvimento do conhecimento, 
que permite uma análise crítica da realidade e, a partir dela, 
estabelecer com clareza seus objetivos; compreender o fenômeno educação, 
seus determinantes históricos, suas relações com o sistema social, com a 
vida dos alunos/professores e com a sua própria, para adequar e selecionar 
ações psicológicas de intermediação, as quais utilizará visando aos objetivos 
educacionais maiores, relacionados à formação da cidadania.
O “saber ser” envolve aspectos sociais e inter-relacionais na escola, ou 
seja, o comprometimento será na direção de contribuir com a retomada da 
aprendizagem para si e para todos os que integram a escola. Para isso, ele deverá 
comprometer-se, também, com uma proposta educacional que caminhe nesta 
direção libertadora e que estará formando pessoas capazes de, constantemente, 
num trabalho de descoberta, análise e formação de consciência, contribuir para 
O psicólogo 
educacional, para 
exercer seu trabalho 
com competência, 
precisa saber 
e saber ser. 
(LIBÂNEO, 1994).
29
Surgimento e Definição da Psicologia
Educacional no Brasil
 Capítulo 1 
a transformação da realidade em que vivem, na direção da maior justiça social e 
realização das pessoas.
É preciso direcionar o seu ser na escola para relações não autoritárias, 
procurando interrogar os sintomas que a escola apresenta, as situações 
repetitivas que parecem ser naturais, mas que não respondem às necessidades, 
pesquisando as razões pelas quais não se consegue mudar o cotidiano, sempre 
por meio de um questionamento intenso com todos os integrantes da instituição. 
Assim, cada situação escolar precisará ser enfrentada com o saber e o 
saber ser nas alternativas de atuação – o fazer – decididas por meio da análise 
cuidadosa da realidade, da utilização adequada do conhecimento teórico e da 
conservação dos compromissos e objetivos maiores.
Dessa forma, a Psicologia Educacional, em seu sentido mais amplo, 
investiga os fundamentos psicológicos e as características do processo de 
educação. Na educação formal, estuda o processo bipolar da interação entre a 
atividade educacional do educador e a personalidade em desenvolvimento do 
aluno. Na educação informal, abrange todas as situações em que a educação, em 
seu sentido mais abrangente, ocorre, como, por exemplo, abrigos de crianças e 
jovens, clubes e meios sociais. Nessa perspectiva, a Psicologia Escolar pode ser 
designada como Psicologia Escolar/Educacional. Surge, assim, uma Psicologia 
Educacional conectada ao processo, visto em sua complexidade, sustentado no 
reconhecimento da natureza social do comportamento humano, na convivência 
com a pluralidade metodológica e no reconhecimento das bases culturais da 
aprendizagem e do desenvolvimento psicológico.
A Psicologia Educacional é um âmbito da atuação profissional 
que começa a se configurar nas primeiras décadas do século XX em 
torno da dimensão projetiva ou tecnológica e da dimensão técnica 
ou prática da Psicologia da Educação e do Ensino. Estabeleceu-
se, progressivamente, nos sistemas educativos das sociedades 
ocidentais, a partir dos anos 50. Ela constitui, na atualidade, o âmbito 
de intervenção psicoeducativa mais importante, porque se refere à 
educação escolar.
A Psicopedagogia pode ser definida como uma nova área 
de atuação profissional, que busca uma identidade e requer 
uma formação de nível interdisciplinar. Estuda a aprendizagem 
humana normal e patológica, buscando reintegrar o processo de 
construção do conhecimento do sujeito que apresenta problemas de 
aprendizagem. (RUBINSTEIN, 2012).
30
 Psicologia Educacional e suas Contribuições para o
 Ensino e Aprendizagem
A Pedagogia e a Educação, igualmente, é uma descoberta, uma 
invenção, como área do conhecimento, que tem uma especificidade 
e que sintetiza a necessidade do ser humano de transmitir aos seus 
descendentes um conjunto de técnicas ou de informações, sem o 
que a vida ou uma melhor qualidade de vida estará constantemente 
ameaçada. (FERREIRA, 2004).
Figura 2 - O trabalho do pedagogo
Fonte: Disponível em: <https://goo.gl/Ev5Au9>. Acesso em: 25 de abr. 2016
Aprofunde seus estudos, realizando a leitura da seguinte obra:
RUBINSTEIN, E. Psicopedagogia: uma prática, diferentes 
estilos. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2012.
Alguém dirá que os problemas de aprendizagem são exclusividade dos 
psicólogos, sendo uma disciplina obrigatória na sua formação profissional. Os 
problemas de aprendizagem podem ser considerados em três perspectivas: 
específica, genérica e circunstancial. 
A específica é exclusividade dos psicólogos, pois eles sabem, melhor 
do que qualquer outro profissional, lidar, por exemplo, com os problemas da 
relação professor-aluno que, independente da matéria, dificultam ou inibem a 
aprendizagem escolar da criança.
Em sua perspectiva genérica, os conhecimentos da Psicologia não 
pertencem aos psicólogos. Assim, faz parte da identidade da Psicopedagogia 
31
Surgimento e Definição da Psicologia
Educacional no Brasil
 Capítulo 1 
definir as teorias e as técnicas psicológicas que, com as devidas transformações, 
são necessárias para cumprir seu papel. E se essas teorias e técnicas, como 
sempre é o caso, vierem a se modificar totalmente, em função dessas novas 
utilizações, faz parte do compromisso do psicopedagogo registrar essa gênese e 
saber analisar a razão e as consequências dessas atualizações.
O psicopedagogo, como profissional, compromete-se com 
analisar e se possível intervir nos aspectos que dificultam ou, 
eventualmente, favorecem a aprendizagem de conteúdos escolares, 
tanto em termos gerais (como estudar e se organizar para as tarefas 
escolares) quanto em termos específicos (alfabetização e matemática), 
em uma perspectiva individual ou clínica, coletiva ou institucional, ele 
só pode fazê-lo em uma perspectiva genérica e circunstancial desse 
processo.
Numa perspectiva genérica porque mesmo voltada para uma 
área particular, por exemplo, dificuldade de aprendizagem, busca, em 
certos aspectos, que a criança possa ser devolvida ao contexto do aproveitamento 
escolar em sala de aula. Além disso, genérica porque pode trabalhar com 
instrumentos, jogos ou conteúdos específicos, quando no contexto escolar todos 
esses elementos e muitos outros completam os requisitos da programação de 
uma disciplina. 
Já a perspectiva circunstancial se dá porque, como acontece em todas as áreas 
clínicas, a Psicopedagogia só é requerida quando, em uma perspectiva individual ou 
coletiva, algo não vai bem na aprendizagem escolar da criança ou da classe, bem 
como quando se quer incrementar ou aprofundar aspectos dessa aprendizagem e o 
contexto normal da sala de aula não pode dar conta disso.
A tarefa do psicopedagogo é interpretar o processo de aprendizagem, 
verificar o que está por trásda linguagem, da organização, do universo de 
significações, de representações, de desejo daquele que não aprende. No 
trabalho psicopedagógico procura-se a relação do sujeito com o conhecimento e o 
significado que o aprender tem para ele.
O psicopedagogo, 
como profissional, 
compromete-se 
com analisar e se 
possível intervir 
nos aspectos 
que dificultam ou, 
eventualmente, 
favorecem a 
aprendizagem de 
conteúdos escolares
32
 Psicologia Educacional e suas Contribuições para o
 Ensino e Aprendizagem
Figura 3 - O trabalho do psicopedagogo
Fonte: Disponível em: <http://goo.gl/LG5Asy>. Acesso em: 25 de abr. 2016.
E a escola será sempre, tanto no plano individual quanto coletivo, a instituição 
socialmente designada para transmitir os conhecimentos científicos necessários 
à cidadania plena. No Brasil, as denominações psicólogo escolar, psicólogo 
educacional e psicopedagogo têm sido utilizadas para expressar a atuação 
profissional que aplica conhecimentos oriundos da Psicologia às questões 
educacionais, sobretudo na escola.
Segundo Teixeira (1992, p. 110):
A psicopedagogia surge no Brasil como uma das respostas ao 
grande problema do fracasso escolar, preocupando-se com 
a criança que não aprende, que mal aprende, que não quer 
aprender, que não gosta de estudar, enfim multirrepetentes 
com dificuldades de aprender.
A prática psicopedagógica surge da interação entre Psicologia 
e Pedagogia com a intenção de trabalhar as dificuldades de 
aprendizagem, tendo em vista a interação inadequada de vários 
aspectos, como, por exemplo, cognitivo, afetivo e social, reconhecidos 
como sintomas das dificuldades de aprendizagem. Define-se 
psicopedagogia como “[...] a aplicação da psicologia experimental à 
pedagogia [...]” (FERREIRA, 1993, p. 141) ou como “[...] pedagogia 
baseada cientificamente na psicologia da criança.”. (PIERON, 1981, 
p. 41).
A prática 
psicopedagógica 
surge da interação 
entre Psicologia e 
Pedagogia com a 
intenção de trabalhar 
as dificuldades de 
aprendizagem.
33
Surgimento e Definição da Psicologia
Educacional no Brasil
 Capítulo 1 
A Psicopedagogia implica a possibilidade de empregar na Pedagogia os 
resultados de pesquisas realizadas na Psicologia, o que permite a possibilidade 
de recorrer aos dados levantados pela Psicologia nos processos de ensino e 
aprendizagem. Os profissionais psicopedagogos se dedicam a quatro estratégias 
básicas, que envolvem: a) orientação de estudos; b) trabalho sobre conteúdos 
escolares; c) desenvolvimento de raciocínio; d) atendimento de crianças 
deficientes ou comprometidas. Ainda, utilizam trabalhos corporais e artísticos, 
derivados de linhas de atendimento como a Psicanálise e o Psicodrama.
Conforme Teixeira (1992), o psicólogo educacional, atuando como 
psicopedagogo, desenvolve seu trabalho atendendo profissionais da escola e 
crianças que apresentam problemas de aprendizagem, podendo optar por um 
trabalho individual ou grupal, propício para troca de experiências e a reelaboração 
dos modelos de aprendizagem. Pode-se dizer que a visão psicopedagógica 
permite ampliar a atuação do psicólogo na área escolar e é necessária sempre 
que puder ou precisar considerar as características psicológicas do sujeito que 
aprende.
Figura 4 - O trabalho do psicólogo educacional
Fonte: Disponível em: <https://goo.gl/9jDZfJ>. Acesso em: 25 de abr. 2016.
Macedo (1987, PFROMM NETTO et al., 1992) menciona, ainda, que o papel 
do psicopedagogo só se faz necessário na medida em que a escola passa a não 
cumprir seu papel de ensinante e não consegue transmitir o saber, gerando o 
encaminhamento de crianças para profissionais diversos, como tentativa de sanar 
sua dificuldade, transferindo a responsabilidade para a criança. Quando se trata 
de crianças com baixo nível socioeconômico, com notas baixas, desatentas, 
sem aproveitamento adequado, temos um encaminhamento a classes especiais, 
atualmente denominado atendimento especializado, repetência, exclusão ou 
evasão; já para as classes média e alta, são encaminhadas ao psicólogo ou 
psicopedagogo.
34
 Psicologia Educacional e suas Contribuições para o
 Ensino e Aprendizagem
O quadro a seguir demonstra a formação e as competências de cada 
profissional. Veja:
Quadro 2 – Competências profissionais
Fonte: O autor.
Atividade de Estudos
1) A Psicopedagogia implica a possibilidade de empregar na 
Pedagogia os resultados de pesquisas realizadas na Psicologia, 
o que permite a possibilidade de recorrer aos dados levantados 
pela Psicologia nos processos de ensino e aprendizagem. Diante 
disso, descreva e explique as quatro estratégias básicas que 
envolvem os profissionais da área da Psicopedagogia.
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Neste tópico, pós-graduando(a), estudamos sobre a questão da identidade 
da Psicologia Educacional, Pedagogia e Psicopedagogia. Não se esqueça das 
leituras complementares sugeridas ao longo desse capítulo.
Profissional Formação Competências
Psicólogo Graduação em Psicologia
Oferecer condições de desenvolvimento e 
adequação a contextos que se modificam cons-
tantemente, possibilitando-lhes agir de forma 
reflexiva diante da diversidade de situações.
Pedagogo Graduação em Pedagogia
O primeiro que provavelmente irá perceber e 
identificar que a criança está com variações de 
comportamento ou dificuldades pertinentes ao 
desenvolvimento no seu aprendizado.
Psicopedagogo
Pós-graduação em Psicope-
dagogia
Identifica e faz as intervenções no âmbito das 
dificuldades de aprendizagem e propõe estraté-
gias para minimizá-las.
35
Surgimento e Definição da Psicologia
Educacional no Brasil
 Capítulo 1 
Algumas Considerações 
Neste capítulo, foi possível compreender como o conhecimento da Psicologia 
é aplicado na educação escolar, uma vez que o sistema educacional no Brasil, 
da educação Infantil ao Ensino superior, apresenta inúmeros problemas e graves 
consequências sociais, como, por exemplo, crianças fora da escola, violência, 
marginalização, distorção da idade/série, dificuldades de aprendizagem e evasão.
Mudar o enfoque na compreensão, avaliação e intervenção dentro desse 
sistema, significa construir uma nova proposta de formação profissional capaz de 
capacitar o psicólogo em seu campo de atuação. O psicólogo educacional deverá 
ajudar a construir a revolução educacional, ou seja, aquela que devolverá à escola 
o seu verdadeiro papel de espaço institucional para o desenvolvimento integral.
A importância do psicólogo escolar se destaca na compreensão do ser 
humano como um todo, independente do espaço social e da área de atuação que 
esteja ocupando, as bases filosóficas e teóricas nas quais assenta seu trabalho 
são as mesmas, desde que elas lhe garantam a compreensão e a possibilidade 
de intervenção crítica e competente em contextos educativos.
Referências
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e atuação profissional. Campinas: Alínea, 2003.
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36
 Psicologia Educacional e suas Contribuições para o
 Ensino e Aprendizagem
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37
Surgimento e Definição da Psicologia
Educacional no Brasil
 Capítulo 1 
NUNES, L. L. et al. Contribuições da perspectiva crítica de base histórico-cultural 
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38
 Psicologia Educacional e suas Contribuições para o
 Ensino e Aprendizagem
CAPÍTULO 2
Implicações Práticas da Psicologia 
Educacional ao Processo Ensino e 
Aprendizagem
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
� Compreender como o processo de ensino e aprendizagem e a Educação se 
relacionam com os princípios psicológicos.
� Distinguir a atuação do psicólogo nas diferentes áreas profissionais.
�	Conhecer as contribuições do psicólogo educacional no processo ensino e 
aprendizagem.
40
 Psicologia Educacional e suas Contribuições para o
 Ensino e Aprendizagem
41
Implicações Práticas da Psicologia Educacional ao 
Processo Ensino e Aprendizagem
 Capítulo 2 
Contextualização
Há muitos séculos, as escolas e outras instituições parecem ter se 
transformado em templos de aprendizagem, mas uma coisa muito importante, a 
qual devemos ter presente e da qual frequentemente nos esquecemos, é que a 
aprendizagem escolar constitui apenas um tipo muito particular de aprendizagem 
entre muitos outros e, embora hoje ocupe um lugar de destaque, nem sempre 
foi dessa forma, porque na maior parte das sociedades não haviam escolas e as 
pessoas aprendiam mesmo antes que aparecesse a instituição escolar.
Nós, seres humanos, aprendemos muito e os outros ajudam-nos 
poderosamente nessa tarefa. Porém as coisas que aprendemos são inúmeras 
e variadas, assim como as conjunturas nas quais aprendemos. A aprendizagem 
humana não pode reduzir-se a um só tipo de ensino.
Assim, para entender o que acontece na instituição escolar, qual é a potência 
da aprendizagem e quais são suas limitações, é preciso analisar a aprendizagem 
humana em seu conjunto, pois os indivíduos aprendem de diversas formas em 
função de seus interesses, de suas possibilidades e das situações em que se 
encontram.
Entre os professores, muitas ideias falsas sobre o processo de ensino e 
aprendizagem, ou seja, do processo educativo, já estão sendo supridas por outros 
modelos. Hoje, não basta punir ou recompensar o aluno para que ele aprenda; 
despejar informações sobre os acadêmicos não é o mais relevante; apenas falar 
a matéria na aula é insuficiente; não basta que o aluno memorize as informações 
para que empregue na prática.
A aprendizagem ocorre sob a ação de inúmeros fatores, os quais a Psicologia 
Educacional procura estudar e explicar. Às vezes, o aluno “[...] não aprende por 
razões simples, como, por exemplo, o acontecimento de ter permanecido em casa 
por causa da chuva, ou o fato de os pais não darem muita importância à escola, e 
assim por diante.”. (ANTUNES, 2000, p. 47).
Assim, as informações sobre o comportamento, oferecidas pela Psicologia, 
podem ajudar o trabalho do professor. Neste capítulo, descreveremos sobre as 
analogias e insinuações da Psicologia Educacional na aprendizagem e a atuação 
do psicólogo nas diferentes áreas.
42
 Psicologia Educacional e suas Contribuições para o
 Ensino e Aprendizagem
As Relações Entre a Psicologia 
Educacional e a Aprendizagem
Conforme aponta Antunes (2000), ao longo da nossa história a 
Psicologia tornou-se parte constitutiva do pensamento educacional 
brasileiro. Isso significa que é possível localizar, com maior ou menor 
grau de clareza e importância, diferentes contribuições da Psicologia 
provenientes de variadas tendências teóricas nos processos 
constitutivos dos ideários pedagógicos que fundamentam práticas e 
propostas educacionais no Brasil.
Assim, se é verdade que os conhecimentos psicológicos podem efetivamente 
contribuir para “[...] a elaboração de propostas mais sólidas que brotem em 
progressos do processo ensino-aprendizagem, é fundamental que o psicólogo 
escolar compreenda e domine tanto os referenciais da psicologia, quanto da 
educação.”. (SALVADOR et al., 2000, p. 43).
“A finalidade principal da psicologia educacional é utilizar e 
aplicar os conhecimentos, os princípios e os métodos da psicologia 
para a análise e o estudo dos fenômenos educativos.”. (SALVADOR 
et al., 2000, p. 44).A Psicologia Educacional, no decorrer das duas primeiras décadas do 
século XX, identifica-se com as tentativas de utilizar e aplicar na educação todos 
os conhecimentos potencialmente relevantes, proporcionados pelas pesquisas 
desenvolvidas no âmbito da Psicologia científica nascente. (SALVADOR et al., 
2000).
Contudo, existem três áreas ou campos da pesquisa psicológica que se 
sobressaem entre outros. Por seu interesse potencial na educação escolar 
chegam a constituir, além da diversidade comentada, o núcleo da Psicologia 
Educacional durante esse período: “[...] o estudo e a medida das diferenças 
individuais e a elaboração de testes, a análise dos processos de aprendizagem e 
a psicologia da criança.”. (DEL PRETE; DEL PRETE, 2001, p. 34).
Em relação aos processos de aprendizagem, podemos destacar as 
influências dos primeiros psicólogos da educação: Edward L. Thorndike e Charles 
A Psicologia tornou-
se parte constitutiva 
do pensamento 
educacional 
brasileiro.
43
Implicações Práticas da Psicologia Educacional ao 
Processo Ensino e Aprendizagem
 Capítulo 2 
H. Judd. Entre as leis de aprendizagem formuladas por Thorndike, a lei do efeito 
“[...] é talvez a que teve maior repercussão para o desenvolvimento posterior da 
psicologia da aprendizagem.”. (PILETTI, 1994, p. 20).
Lei do efeito: segundo essa lei, as condutas aprendidas são as 
que satisfazem um determinado impulso, positivo ou negativo, ou 
seja, as que atendem uma necessidade e evitam um perigo, enquanto 
as condutas que impedem a satisfação de uma necessidade do 
organismo ou que o atemorizam não se aprendem. 
Fonte: Piletti (1994, p. 20).
Devemos a Thorndike a primeira sistematização consistente do estudo da 
aprendizagem. Em 1905, publica elements of psychology, obra em que:
Estabelece uma série de leis de aprendizagem que são 
fruto das pesquisas realizadas no laboratório, tanto com 
seres humanos como com animais. O seu livro educational 
psychology, publicado no ano de 1903, é uma das primeiras 
tentativas de definir e delimitar o campo de trabalho da 
psicologia educacional. (PILETTI, 1994, p. 22).
Desejável seria que as teorias repercutissem na educação, 
tornando mais eficiente o trabalho dos educadores e influindo na 
prática escolar. Felizmente, alguns pesquisadores da aprendizagem 
têm oferecido conclusões a que chegam diretamente aos professores. 
E a Psicologia vem a contribuir na Educação, no estudo das diversas 
fases de desenvolvimento das pessoas e no estudo da aprendizagem 
e das qualidades que a tornam mais eficiente e mais fácil.
Em nossos dias, tal é a importância da Psicologia Educacional 
e da aprendizagem que todos necessitam pensar sobre o seu 
significado. 
No capítulo 1, estudamos sobre a Psicologia Educacional. Agora, 
vamos compreender o que é aprendizagem e a sua relação com esta área do 
conhecimento.
“A aprendizagem é um fenômeno, um processo bastante 
complexo. Hoje existem muitas teorias que falam sobre a 
aprendizagem. Elas são analisadas pela psicologia educacional.”. 
(PILETTI, 1994, p. 29).
A Psicologia vem 
a contribuir na 
Educação, no estudo 
das diversas fases 
de desenvolvimento 
das pessoas e 
no estudo da 
aprendizagem e 
das qualidades 
que a tornam mais 
eficiente e mais fácil.
A aprendizagem 
é um fenômeno, 
um processo 
bastante complexo. 
Hoje existem 
muitas teorias 
que falam sobre a 
aprendizagem.
44
 Psicologia Educacional e suas Contribuições para o
 Ensino e Aprendizagem
Hilgard (apud CAMPOS, 1987) define a aprendizagem como um processo 
pelo qual uma atividade tem origem ou é modificada pela reação a uma situação 
encontrada, desde que as características da mudança de atividade não possam 
ser explicadas por tendências inatas de respostas, maturação ou estados 
temporários do organismo, por exemplo, fadiga ou drogas.
Coelho e José (1999) definem aprendizagem como o resultado da 
estimulação do ambiente sobre o indivíduo já maduro, que se expressa, diante 
de uma situação-problema, sob a forma de uma mudança de comportamento em 
função da experiência.
A aprendizagem envolve o uso e o desenvolvimento de todos 
os poderes, capacidades e potencialidades do homem, tanto físicas 
quanto mentais e afetivas. Isso significa que a aprendizagem não 
pode ser considerada somente um processo de memorização, 
tampouco que emprega apenas o conjunto das funções mentais ou 
unicamente os elementos físicos ou emocionais, pois todos estes 
aspectos são necessários. (COELHO; JOSÉ,1999).
Podemos descrever a aprendizagem como sendo “[...] um processo de aqui-
sição e assimilação, mais ou menos consciente, de novos padrões e novas formas 
de perceber, ser, pensar e agir.”. (PILETTI, 1994, p. 31). Agora que definimos o que 
é aprendizagem, vamos conhecer as especificidades da Psicologia Educacional. 
A Psicologia Educacional busca prevalecer-se dos princípios e dos co-
nhecimentos que as pesquisas psicológicas oferecem acerca do com-
portamento humano para tornar mais eficiente o processo de ensino e 
aprendizagem.
A contribuição da Psicologia Educacional compreende dois 
aspectos fundamentais, segundo apresenta Piletti (1994):
a) Compreensão do aluno: compreensão de suas 
necessidades, suas características individuais e seu desenvolvimento 
nos aspectos físico, emocional, intelectual e social. É uma pessoa 
concreta, com qualidades e preocupações.
b) Compreensão do processo educativo: para o educador, 
não é suficiente conhecer o aluno. É necessário que ele saiba como funciona 
o processo de aprendizagem, quais os fatores que promovem ou atrasam a 
aprendizagem, como o aluno pode aprender de maneira mais eficiente, além 
de outros aspectos ligados à situação de aprendizagem envolvendo o aluno, o 
A Psicologia 
Educacional busca 
prevalecer-se dos 
princípios e dos 
conhecimentos 
que as pesquisas 
psicológicas 
oferecem acerca 
do comportamento 
humano para tornar 
mais eficiente o 
processo de ensino 
e aprendizagem.
45
Implicações Práticas da Psicologia Educacional ao 
Processo Ensino e Aprendizagem
 Capítulo 2 
professor e a sala de aula.
A Psicologia Educacional deve estabelecer um sistema de relações 
constantes entre sujeito e objeto. A ação do sujeito, estruturada por fenômenos 
internos e externos, compõe e determina o motivo da observação, isso 
significa que o estudo do homem se viabiliza quando consideramos 
a mediação recíproca entre indivíduo e objeto, ou seja, quando 
analisamos esses aspectos em interação constante.
A principal finalidade da Psicologia Educacional é, segundo 
Salvador et al. (2000, p. 12), “ [...] analisar os processos mentais 
mediante os quais a criança assimila esse sistema de experiência social 
acumulada, que são as disciplinas incluídas no currículo escolar.”.
É útil aos professores “[...] conhecer as teorias predominantes desenvolvidas 
pelos psicólogos da aprendizagem, para que entendam a orientação do ensino 
nas escolas atuais e optem pela prática escolar que desejarem.”. (ALMEIDA, 
2003, p. 58).
Entendemos, assim, que “[...] as contribuições fundamentais da psicologia 
educacional a prática pedagógica, a aprendizagem, são aquelas que podem 
lançar luz sobre alguns aspectos do ensinar e aprender.” (MARTINEZ, 2009, p. 
171).
Será que, se o educador explicar certinho, o sujeito aprende? Como explicar 
as coisas para uma criança? E, se a deixarmos agir, montar quebra-cabeças, 
brincar com pedrinhas, estará aprendendo? O que ela estará aprendendo? E, se 
a criança não aprende, será sinal de algum distúrbio?
É sobre essas questões que a Psicologia Educacional pode pensar, uma vez 
que, no transcorrer de sua história, ela tem enfocado, como objeto de estudo, o 
desenvolvimento humano, os processos de ensino e aprendizagem, 
que certamente contribuem

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