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INTRODUÇÃO A síndrome de Loeffler (pneumonia eosinofílica) representa o comprometimento do trato respiratório causada por uma infecção parasitária, com alterações radiológicas; É uma enteroparasitose – doença negligenciada –, causada por helmintos intestinais; FATORES DE RISCO É endêmica, geralmente, em países com baixo desenvolvimento econômico; o Baixa qualidade de saneamento básico; o Falta de acesso à água potável; o Pouca instrução da população; Áreas de clima quente e úmido (regiões tropicais no Brasil), que apresentam condições propicias para a sobrevivência e embrionamento dos ovos do parasita; Inadequadas práticas de higiene pessoal e doméstica; ETIOLOGIA Nos helmintos: Ascaris lumbricoides, Necator americanus, Strongyloides stercoralis e Ancylostoma duodenale. As larvas de Strongyloides e ancilóstomos têm menor chance de desencadear eosinofilia pulmonar ou sintomas; Quando ingeridas, as larvas filarioides de A. duodenale originam vermes adultos sem passar pela etapa de migração pulmonar. As larvas durante o ciclo de vida têm capacidade de migrar através dos pulmões, e causar eosinofilia pulmonar; Transmissão: Ascaris lumbricoides (possuem grande capacidade de aderência): o Ocorre pela ingestão de água ou alimentos contamicudos com ovos contendo a larva L3; o Contaminação das águas de córregos que são utilizadas para irrigação de hortas levando a contaminação de verduras com ovos viáveis; o Pode ocorrer pela contaminação do depósito subungueal com ovos viáveis, principalmente em crianças; Strongyloides / ancilóstomos: pela pele e ingestão de água/ alimentos contaminados; PATOLOGIA Ciclo de loss As larvas penetram a parede intestinal na altura do ceco, atingindo vênulas ou vasos linfáticos; Saem para o sistema porta, depois chegam ao fígado – provocar focos hemorrágicos e necróticos que causam fibrose –, VCI, coração, pulmões (4 a 5 dias), traqueia e faringe; As larvas infectantes (L3) chegam aos pulmões e após 8 dias se transformam em L4 rompem os capilares, penetram nos alvéolos e mudam para L5, sobem pelas vias aéreas, provocam tosse na epiglote, podendo ser expelidas pela expectoração ou deglutida, e descem pelo trato alimentar até o intestino delgado; Reação imunológica A resposta imune ocorre pelo desenvolvimento de uma hipersensibilidade do tipo I com resposta de anticorpos caracterizada por elevada produção de IgE total e específica anti-áscaris por meio de uma resposta modulada pelo Th2 de linfócitos T-CD4; A Interleucina 4 (IL-4) influencia os linfócitos a se diferenciarem em TH2, que produz mais IL-4 (responsáveis por aumentar a produção e liberação de eosinófilos pela medula e influenciar os linfócitos B a produzir IgE), IL-5 (influencia a medula a produzir e liberar eosinófilos e os linfócitos B a produzir IgA) e IL- 13 (promove aumento da produção de muco e aumento da motilidade gastrointestinal); As citocinas produzidas pelas TH2 induzem a produção de IgE pelas células B, e ativação de eosinófilos, mastócitos e basófilos, respectivamente. Os eosinófilos liberam espécies reativas de oxigênio (EROs) que combatem os parasitas, mas lesam o parênquima pulmonar; Além disso, eles realizam quimioatração de neutrófilos e macrófagos e produção de substâncias autacoides, como os eicosanóides, responsáveis por parte da sintomatologia ao intensificarem a inflamação; Liberação de histamina; Tanto dentro dos eosinófilos, células fagocitária e células tecidual há produção de prostaglandinas: o A fosfolipase-A2 ativada é responsável por extrair o ácido aracdônico dos fosfolipídios de membrana para que possa ser convertido em prostaglandinas (dor, febre e inflamação) e tromboxanos por meio das enzimas cicloxigenases (Cox) e em leuotrienos (broncoconstritores) através das enzimas lipoxigenases(Lox) Os septos alveolares ficam espessados pelo infiltrado composto de eosinófilos e células gigantes ocasionais. Nos pulmões ocorrem vários pontos hemorrágicos na passagem das larvas para os alvéolos. Há edemaciação dos alvéolos com infiltrado inflamatório por polimorfonucleares neutrófilos e eosinófilos; Os sintomas relacionados a infecção extra intestinal geralmente ocorrem em crianças e estão associadas ao estado nutricional e imunitário; A reação de hipersensibilidade (por IgE) leva à obstrução brônquica e sibilância. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS A intensidade das alterações provocadas relaciona-se diretamente à quantidade de larvas do parasita, presentes no hospedeiro; Pode ser assintomática; Mas na maioria das vezes é caracterizada por tosse seca, dispneia asmatiforme moderada, febre baixa, respiração ofegante, desconforto subesternal, mialgia, anorexia, dor torácica e expectoração com sangue (hemoptise). Pode ocorrer hepatomegalia. A urticária ocorre durante os primeiros cinco dias da doença em cerca de 15 por cento dos casos. Os helmintos produzem discretas alterações inflamatórias na mucosa intestinal, que por sua vez podem acarretar alterações da secreção e da motilidade intestinais, resultando em diarreia, redução da absorção de alguns nutrientes (especialmente vitamina A), intolerância à lactose e perda de apetite; No exame físico: mais da metade dos pacientes apresenta estertores crepitantes e sibilos na ausência de consolidação focal. Os sintomas geralmente diminuem em 5 a 10 dias; DIAGNÓSTICO História clínica e Exame físico; Raio-x: o Evidenciam infiltrado alvéolo-intersticial não segmentar com margens mal definidas, caracterizados como focos de consolidação do espaço aéreo e opacidades focais em vidro fosco; o Podem ser visíveis opacidades redondas ou ovais que variam de tamanho; o Localizadas preferencialmente na periferia, mas que podem ter qualquer localização e ser unilateral ou bilateral o É provável que estejam presentes quando a eosinofilia no sangue excede 10%; o Essas alterações são “migratórias” e podem se tornar convergentes em áreas peri-hilares; o Desaparecem após várias semanas; Exames laboratoriais: o Análise do escarro: pode demonstrar eosinófilos e cristais de Charcot-Leyden - consistem em lisofosfolipase, uma enzima derivada de eosinófilos. Também são observados em outras infecções pulmonares parasitárias; o Sorologia: Os níveis de imunoglobulina total (Ig) G e IgE total costumam estar elevados durante o início da infecção. Há eosinofilia Altas concentrações de Proteína C- reativa o Exame de fezes: Não é útil para o diagnóstico de infecção pulmonar; Os ovos são geralmente detectados nas fezes pelo menos 40 dias após os sintomas pulmonares (negativo durante a síndrome); Nessa fase (larvas nos pulmões) os parasitas ainda não são adultos e não produzem ovos; Os ovos refletem infecção adquirida 2 a 12 meses antes. TRATAMENTO Drogas anti-helmínticas: para também evitar manifestações tardias da parasitose, tais como diarreia, desnutrição e oclusão intestinal. o Benzimidazóis: Albendazol, Mebendazol e Ivermectina. o Os medicamentos são eficientes contra vermes adultos, não havendo ação contra as larvas Broncodilatadores inalatórios: para alívio do sibilo e da tosse; Glicocorticoides também podem ser utilizados, e são bastante efetivos na diminuição da inflamação celular e da eosinofilia. A droga mais usada é a Prednisona, a qual age suprimindo a migração de leucócitos, revertendo o aumento da permeabilidade capilar e reduzindo a produção de prostaglandinas por inibir a atividade da enzima fosfolipase-A2 (PLA-2).
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