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Resenha: Tendências e Perspectivas na Gestão: Modernidade e Pós-modernidade

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Tendências e Perspectivas na Gestão: Modernidade e Pós-modernidade 
 
 
Uma Análise crítica com base no texto de Tenório (2009), A Modernidade e a Pós-Modernidade 
servida em dois Jantares. 
Bárbara Bruna Mathias de Lima* 
 Após a leitura do texto de Tenório (2009), “A modernidade e a pós-modernidade servida em 
dois jantares”, inspirado na grande obra de Eça de Queirós, o romance “A Cidade e as Serras”, é 
possível distinguir, através dos discursos das personagens, os conceitos e entender os objetivos das 
correntes modernista e pós-modernista. Para tanto, esta resenha, assim como no ensaio de Tenório, 
se dividirá em dois momentos, lá dois jantares (um discute a modernidade e o outro a pós- 
modernidade), aqui, dois tópicos com o mesmo objetivo de discussão e entendimento, contudo, com 
intento de acrescentar alguns conceitos do âmbito organizacional e com a contribuição dos 
pensamentos de Jurgen Habermas e de François Lyotard, e citação dos autores Vieira (2005) e Ramos 
(1967) nas considerações finais. 
 
 
A Modernidade 
 
A modernidade pode ser datada, pelo menos em seu início no ocidente, a partir do momento 
em que o homem usa a razão para explicar fenômenos do dia-a-dia, isso, por volta do século XVI, 
quando o homem começa a se libertar de crenças religiosas para tais explicações. O indivíduo, 
portanto, recorre ao uso da ciência para tal, e como consequência desse esse processo, ocorrem as 
invenções, incorporações e aprimoramentos de tecnologias e a evolução de conhecimentos 
necessários às suas implementações. 
Para exemplificar esse processo, Tenório (2009) recorre ao cenário da obra de Eça de Queirós, 
a Rua do Ouvidor, localizada no Rio de Janeiro, e tida como pioneira de tais intervenções 
tecnológicas, como por exemplo, a iluminação a gás em substituição aos lampiões de azeite, a 
instalação dos primeiros elevadores, primeiras máquinas de costura, o telefone, o cinema, a 
eletricidade, etc., ou seja, onde a modernidade se fez conhecer pelo seu mecanicismo. Contudo, sem 
esquecer que a razão não fica apenas na tecnologia, esta última seria o meio com o qual se busca a 
racionalidade e o grande simbolismo dessa era. Assim, como se tem percebido, nessa rua também 
havia a presença de imprensa escrita, de livrarias-editoras, e era onde o povo se reunia e deliberava 
na busca de uma renovação política. 
Contudo, a tecnologia sempre foi confundida com progresso e civilização, como na fala de 
 
 
*Graduada em Ciências Contábeis pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul - UFMS; Graduada em 
Administração pela Faculdade Estácio de Sá; Mestre em Administração Pública pela UFMS. Escritora do Blog 
www.umavidabarbara.com 
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mailto:barbara.lima@ufms.br
http://www.umavidabarbara.com/
um dos personagens ao se espantar com a quantidade de aparelhos na casa do amigo: “Acumulaste 
civilização Aluísio, Santo Deus!”. Como a característica da modernidade é sobretudo um homem 
racional, o anfitrião responde: “Sim, há confortos, mas falta muito. A humanidade ainda está mal 
apetrechada, [...] a vida conserva contradições não resolvidas, injustiças”. O “apetrecho” na fala deste 
personagem não se refere apenas às tecnologias, mas às questões sociais e verdadeiramente 
civilizatórias. 
O homem moderno para o alcance de sua razão e respostas para seus questionamentos, tem a 
necessidade do uso de tecnologias pela simplificação que estas lhe dão ao trabalho, modernizando 
suas tarefas. Porém, essa simplificação, por vezes, se volta contra o próprio homem e este se torna 
sua vítima, sendo apunhalado tanto físico quanto psicologicamente. Por exemplo, no cenário de Eça 
de Queiroz, as personagens se machucam com alguns equipamentos: um dos convidados espeta o 
dedo por desconhecimento, e o anfitrião conta que já se feriu em um processo mecânico que se 
assemelha ao encadernamento de um livro. Na esfera do psicológico, temos o jantar interrompido 
quando o elevador emperra ao subir com a comida, ou seja, dependência dessa tecnologia. Problemas 
ainda muito atuais, pois, quantas vezes trabalhadores são vítimas dentro um processo de 
industrialização? Ou, quantas vezes paramos nosso trabalho por queda de energia, internet, etc.? Ou 
seja, o ponto negativo da modernidade: a agressão física e psíquica da tecnologia sobre o homem. 
Este homem, considerado moderno, vive “uma vida de paradoxo e contradições”, apesar de 
Aluísio (personagem anfitrião) ser considerado um homem civilizado por morar em uma casa 
repleta de tecnologias, ele mesmo confessa que já chegou até passar sede, por considerar a água da 
cidade imprópria. Neste sentido, o homem “civilizado” deveria estar inserido numa sociedade 
também civilizada, porém o contexto demonstra tal contradição. Este homem também tem que 
recorrer aos costumes pré-modernos, quando a modernidade falha, às velas quando a luz acaba é um 
simples exemplo. Ou seja, por mais moderno que o homem seja, a racionalidade será apenas algo a 
mais, pois suas necessidades primitivas continuarão existindo, o modo como as supre é o que o torna 
um ser considerado moderno. 
Com a modernidade também veio a exclusão do homem (podemos considerar racional?), 
porque com ela se tem também o capitalismo (compreendido como sendo parte do desenvolvimento 
do racionalismo como um todo), e com este se tem a seleção do mais apto para economia, de modo 
que, enquanto o racional deveria incluir, neste ponto ele exclui. E esse paradoxo está nas falas das 
personagens, como quando: “O que nos prega a modernidade. Sempre com as suas contradições. 
Junto à modernidade, a solução, vem o problema.” Neste ponto, a pós-modernidade contesta a própria 
modernidade como veremos a seguir. 
 
 
A Pós-modernidade 
 
Há quem argumente que a modernidade ainda é um processo presente nos dias de hoje, o 
filósofo da linguagem Jurgen Habermas sustenta esta posição. Deste modo, não valeria o estudo da 
pós-modernidade separado da modernidade, já que essa seria apenas uma continuação do processo 
evolutivo da primeira, nesse entendimento, sem deixar de ser a própria modernidade. Contudo, apesar 
de não ser uma categoria específica de um determinado período, e sim, uma mudança no pensamento 
estético que flui a partir século XX, esse conceito pode ser estudado, segundo Jean- 
François Lyotard, como existente e distinto da modernidade. Com este intuito, se dá a segunda parte 
do texto de Tenório (2009), e a segunda parte desta resenha. 
Já no século XX, a modernidade, como entende Tenório (2009) não estava sendo 
contemplanta apenas no Rio de Janeiro, mas também em Recife, e outros estados brasileiros. O 
segundo cenário está inserido na capital pernambucana, e apesar da pós-modernidade ainda não 
tivesse chegado lá, o debate a respeito já se tinha fundamento. As personagens abrem o debate com 
o espanto da origem do termo modernidade e pós-modernidade ser hispânica e a ligação da pós- 
modernidade com o pós-industrial. 
Discutem sobre a pós-modernidade estar pautada no pluralismo, no temporário, na 
flexibilidade, etc., elementos que não estão presentes na modernidade. Ou seja, podemos dizer que o 
homem não é mais apenas racional em seu sentido instrumental (rígido e mecanicista), mas com a 
pós-modernidade, ele é racional em seu sentido material (substantivo). 
Sendo assim, a pós-modernidade veio no sentido de “quebra” da crença do progresso linear 
e a padronização do conhecimento e da produção, pois o pós-modernismo, em contraste, desconfia 
de conhecimento e processos “totalizantes ou universais”. Visto que inicialmente a modernidade era 
tida para a liberdade do homem, que em um segundo momento se vê aprisionado por suas 
consequências: a busca da produtividade, eficiência, etc. 
Nesse sentido, a flexibilização organizacional e do trabalho caracterizam uma gestão pós- 
moderna, pós-fordista, pós-industrial. 
 
 
Considerações Finais 
 
A ideia de modernidade se dá pela busca dohomem por sua libertação, emancipação, a partir 
de então ele mesmo dita as regras, e busca respostas, sem a necessidade de um ser superior para tudo. 
Para que esse progresso ocorresse, houve o advento da tecnologia, até então para facilitar esse 
processo. Porém, o outro lado da modernidade está galgado aos parâmetros de desempenho e 
acoplado no capitalismo, e essa busca constante de desempenho leva o homem a uma posição de 
submissão à racionalidade instrumental. Assim, a pós-modernidade chega para a “quebra”, 
oferecendo uma pedagogia emancipadora, ao invés meios, recursos, empregabilidade, é na verdade, 
esclarecimento, conhecimento, variações, que para Vieiras (2005), denomina-se teoria crítica, uma 
posição (ou reposição) de tomada de conhecimento sobre nosso papel no mundo. 
As personagens, em primeiro momento, podem ser consideradas como pós-modernistas no 
sentido do diálogo proposto por Habermas, mas não são emancipatórios, segundo Vieiras (2005) no 
sentido em que, como por exemplo na segunda ceia, apesar de discutirem uma pós-modernidade, se 
surpreendem quando o termo não é vindo dos países mais ricos, e, portanto, para ser pós-moderno 
uma boa crítica seria fruto do diálogo respeitoso do norte e do sul, ou seja, seria a teoria “P” de 
Guerreiro Ramos (1967), que ao contrário da “N”, a modernidade não está localizada em algum lugar 
do mundo precisamente que possa servir de modelo. 
Porém, a modernidade não está envelhecida, ela continua em processo e em evolução, assim, 
segundo Habermas, a pós-modernidade seria apenas parte desse processo de modernidade. O que 
estaria obsoleto nos dias de hoje seria o uso da razão instrumental e mecanicista. Portanto, partindo 
desse raciocínio, técnicas administrativas que cumprem seu papel no sentido de um progresso linear, 
mecanicista e automático (fordismo - o trabalhador como objeto a ser administrado), estariam 
também obsoletas. 
Podemos também aceitar que no pós-moderno contém a modernidade inicial, mas como uma 
outra etapa distinta como entende François Lyotard. Ainda assim, as consequências da modernidade 
continuariam, não estando morto tal conceito, apesar de dilemas paradoxais, esta nos trouxe e nos 
traz contribuições significativas. Portanto, um entendimento ou outro, não extingue nenhum dos dois 
polos. Cabe à administração o reconhecimento das duas modernidades e a tentativa de harmonizá- 
las, no sentido de libertação do homem dentro do contexto capitalista. 
 
 
Referências 
 
VIEIRA, Marcelo Milano Falcão. Teoria Crítica e Pós-Modernismo: principais alternativas à 
hegemonia funcionalista. RAE, São Paulo, p. 59-70, 2005. 
 
RAMOS, Alberto Guerreiro. A Modernização em nova perspectiva: em busca de modelo de 
possibilidade. Revista de Administração Pública, Brasília, DF, V. L. n. 2, p 7-44, 1967. 
 
TENÓRIO, Fernando Guilherme. A Modernidade e a pós-modernidade servida em dois jantares. 
Cadernos EBAPE.BR, Rio de Janeiro, v. 7, n. 3, artigo 5, set. 2009.

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