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Aula 12 SEFAZ-CE - Economia - 2021 (Pós-Edital) Autor: Celso Natale Aula 12 29 de Junho de 2021 43058525869 - Avelino Souza bezerra 1 SUMÁRIO 1 Taxas de Câmbio ............................................................................................................................ 2 1.1 Taxa de câmbio nominal .......................................................................................................... 2 1.2 Taxa de câmbio real .................................................................................................................. 5 1.3 Paridade do Poder de Compra................................................................................................ 7 1.4 Condição Marshall-Lerner e Curva J ..................................................................................... 10 2 Regimes cambiais ........................................................................................................................ 13 2.1 Câmbio fixo .............................................................................................................................. 13 2.2 Câmbio flutuante (flexível)...................................................................................................... 14 2.3 Flutuação suja (dirty floating) ................................................................................................. 15 2.4 Bandas cambiais ...................................................................................................................... 16 2.5 Outros regimes cambiais........................................................................................................ 16 3 Taxa de câmbio de equilíbrio ..................................................................................................... 18 3.1 Oferta e demanda de divisas ................................................................................................. 18 3.2 A relação câmbio-juros ........................................................................................................... 21 3.3 A relação câmbio-inflação ...................................................................................................... 22 Resumo ................................................................................................. Erro! Indicador não definido. Resumo ................................................................................................................................................. 23 Questões Comentadas ....................................................................................................................... 24 Lista de Questões ................................................................................................................................ 46 Gabarito ............................................................................................................................................... 56 Celso Natale Aula 12 SEFAZ-CE - Economia - 2021 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 189407943058525869 - Avelino Souza bezerra 2 1 TAXAS DE CÂMBIO Iniciamos esta aula aprofundando alguns conceitos relacionados a taxas de câmbio. Eles são essenciais para compreendermos assuntos mais avançados, além de serem, eles próprios, objetos de questões. Comecemos pelas taxas de câmbio real e nominal. 1.1 Taxa de câmbio nominal A taxa de câmbio nominal (e) é o preço de uma moeda estrangeira medido em moeda nacional. No Brasil, é mais comum medirmos o preço do dólar americano em reais. Dessa forma, quando o Banco Central divulga que a taxa de câmbio é de 3, significa precisamos de 3 reais para comprar 1 dólar. Em outras palavras, a taxa de câmbio nominal mostra o preço relativo entre duas moedas. Se a taxa aumentar para 4, dizemos que a taxa de câmbio se elevou, e isso é o mesmo que dizer que houve desvalorização da moeda nacional, pois agora precisamos de mais reais para comprar o mesmo dólar. No Brasil, usamos a chamada cotação direta, também chamada convenção do incerto: medimos quanto de nossa moeda é necessário para adquirir uma unidade da moeda estrangeira. Dizemos que U$1 custa R$3. Se adotássemos o método indireto, ou convenção do certo, diríamos que R$1 compra U$0,33. Dá no mesmo, mas é um pouco inconveniente lidar com valores fracionários. Por isso, países com moeda forte (EUA, Inglaterra e países da zona do euro) adotam a convenção do certo, enquanto os demais adoram a convenção do incerto. Celso Natale Aula 12 SEFAZ-CE - Economia - 2021 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 189407943058525869 - Avelino Souza bezerra 3 CONVENÇÃO DO CERTO CONVENÇÃO DO INCERTO Indica quanto vale uma unidade da moeda doméstica em termos de moeda estrangeira. Indica o preço de uma moeda estrangeira em unidades da moeda nacional R$1,00 = U$0,33 R$1,00 = €0,29 R$1,00 = £0,25 U$1,00 = R$3,00 €1,00 = R$3,50 £1,00 = R$4,00 Adotado em países de moeda forte: EUA (dólar), Inglaterra (libras) e Zona do Euro (euro). Adotado nos demais países, inclusive no Brasil. Como utilizamos a convenção do incerto para medir o preço do real em relação a todas as outras moedas, quando a taxa de câmbio se eleva, a moeda nacional sofre desvalorização em relação à moeda estrangeira em questão. Isso é muito importante, e você não pode confundir! VALORIZAÇÃO, APRECIAÇÃO E AUMENTO X DESVALORIZAÇÃO, DEPRECIAÇÃO E QUEDA É muito importante que os termos acima tenham seu uso bastante claro para você, para não errar questões por “bobeira”. Então acompanhe o exemplo. Imagine que ontem a taxa de câmbio era R$3 (três reais por dólar). Se hoje a taxa está em R$4/U$, diz-se que a taxa aumentou e a moeda doméstica desvalorizou. Até aí tranquilo. Mas também se diz, nesse mesmo caso, que a taxa desvalorizou ou o câmbio desvalorizou. Pode parecer pouco intuitivo, mas pense sempre do ponto de vista de quem tem a moeda doméstica: para nós, que temos reais, a taxa de câmbio R$4/U$ vale menos do que a taxa de câmbio de R$3/U$, então dizemos que a taxa desvalorizou. Também sempre podemos substituir desvalorizou por depreciou. Celso Natale Aula 12 SEFAZ-CE - Economia - 2021 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 189407943058525869 - Avelino Souza bezerra 4 Aumento da taxa de câmbio = Desvalorização da taxa de câmbio = Depreciação da taxa de câmbio = Desvalorização da moeda doméstica Queda da taxa de câmbio = Valorização da taxa de câmbio = Apreciação da taxa de câmbio = Valorização da moeda doméstica IMPORTANTE: apreciação e valorização da taxa de câmbio significam a mesma coisa em termos práticos, ou seja, significam valorização da moeda doméstica em relação à moeda estrangeira. Mas em termos conceituais, apreciação ocorre como resultado das forças de oferta e demanda de mercado, enquanto valorização ocorre como resultado da atuação do governo e do Banco Central. O mesmo vale para depreciação e desvalorização. Essa diferença ficará mais clara quando vermos regimes cambiais. (CADE/Economista) A taxa de câmbio pode ser expressa pela convenção do certo ou pela convenção do incerto. Na Inglaterra e nos Estados Unidos, a convenção do certo cota a moeda nacional em termos da moeda estrangeira. Comentários: Os países de moeda forte adotam a convenção do certo, ou seja, preferem medir quanta moeda estrangeira podem adquirir com suas moedas. Na Inglaterra, são divulgadas cotações como esta: Real brasileiro: 4,25 Peso argentino: 20,15 Euro: 1,22 Dólar: 1,51 E sabem que essas cotações indicam quanto da moeda estrangeira podem comprar com uma libra esterlina. Gabarito: Certo Celso Natale Aula 12 SEFAZ-CE - Economia - 2021 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 189407943058525869 - Avelino Souza bezerra 5 1.2 Taxa de câmbio real A taxa de câmbio nominal informa o preço de uma moeda em relaçãoà outra, e apenas isso. Contudo, moedas servem para adquirir bens e serviços, e é isso que importa em termos de comércio internacional. Então, podemos dizer que a taxa nominal é o preço relativo das moedas de dois países. A taxa de câmbio real, por outro lado, é o preço relativo dos bens de dois países. Isso significa que a taxa de câmbio real informa a taxa na qual podemos trocar bens de um país por bens do outro país. Por isso, ela também é conhecida como termos de troca. A taxa de câmbio real também é definida como a taxa de câmbio nominal ajustada pelos preços: Onde: ereal = taxa de câmbio real e = taxa de câmbio nominal P* = preço estrangeiro P = preço nacional Vamos a um exemplo. Digamos que a taxa de câmbio nominal seja de 4 reais por dólar. Além disso, o Honda Civic custa 20.000 dólares nos Estados Unidos e 100.000 reais no Brasil: ereal= 4 X 20.000 100.000 = 0,8 Essa taxa de câmbio real de 0,8 significa que, na verdade, o americano não pode comprar, no mercado brasileiro, tanto quanto pensou que podia com seus dólares. Afinal, se ele pegar os 20.000 dólares que ele tem e comprar 80.000 reais, não conseguirá, com isso, comprar aqui o mesmo carro que compraria lá nos EUA. Isso também significa que o real vale mais que o dólar em termos reais. Afinal, não importa o número que está impresso na nota, mas quantos bens ela pode comprar! Na prática, é claro, não utilizamos o preço de um único bem para mensurar a taxa de câmbio real, mas sim índices de preços, que levam em consideração os preços dos principais bens e serviços. Portanto, na fórmula acima, considere P como o índice de preços nacional e P* como o índice de preços estrangeiro. É a taxa de câmbio real que “manda” nas importações e exportações. Se a taxa de câmbio real se elevar (desvalorizar), significa que houve desvalorização real da moeda nacional, e aumentarão as exportações. Celso Natale Aula 12 SEFAZ-CE - Economia - 2021 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 189407943058525869 - Avelino Souza bezerra 6 De acordo com a definição de taxa de câmbio real, há três coisas que podem provocar essa elevação da taxa de câmbio: 1. Elevação da taxa de câmbio nominal; 2. Elevação do nível de preços estrangeiros; 3. Redução do nível de preços domésticos. Note que todas essas relações são pela convenção do incerto, e são elas que você levará em consideração na hora da prova, exceto se a questão disser o contrário. (TCU/Auditor Federal de Controle Externo) Julgue o seguinte item. A desvalorização da taxa de câmbio real favorece o setor de bens transacionáveis internacionalmente. Comentários: A desvalorização da taxa de câmbio real equivale à elevação da taxa de câmbio e desvalorização real da moeda doméstica. Quanto isso ocorre, os bens nacionais ficarão mais baratos para os países estrangeiros, que passarão a demandar maiores quantidades. Gabarito: Certo 1.2.1 Termos de troca Há outra forma simples de abordar os termos de troca. Trata-se do valor total das exportações de determinado país dividido pelo valor total de suas importações: TDT= VX VM Diz-se que há melhora nos termos de troca quando VX aumenta ou quando VM diminui. Dessa forma, tanto aumento da quantidade de exportações quanto em seu preço melhora os termos de troca. Um país como o Brasil, por exemplo, que é forte na exportação de commodities, observa melhoria em seus termos de troca quando o preço da soja aumenta no mercado internacional (ceteris paribus). A China, por outro lado, observa melhora nos termos de troca diante de valorização de bens manufaturados. Os Estados Unidos têm piora em seus termos de troca quando sobe o preço do petróleo, pois são um dos maiores importadores desse bem do mundo. Celso Natale Aula 12 SEFAZ-CE - Economia - 2021 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 189407943058525869 - Avelino Souza bezerra 7 É importante observar que a valorização da taxa de câmbio tende a aumentar as importações e reduzir o valor das exportações, provocando piora nos termos de troca. (MPU/Analista do Ministério Público da União) A valorização da taxa de câmbio, no Brasil, a) favorece a entrada de capitais externos. b) eleva os termos de troca. c) torna as importações mais baratas. d) diminui a dívida externa em dólar. e) é neutra em relação à taxa de inflação. Comentários: A valorização da taxa de câmbio, no Brasil, tende a aumentar as importações e reduzir as exportações, piorando os termos de troca. Portanto, a alternativa B está errada. É justamente por tornar as importações mais baratas que isso ocorre, e por isso nosso gabarito é a letra “c”. Gabarito: “c” 1.3 Paridade do Poder de Compra Dizemos que duas moedas estão em paridade de poder de compra (PPC) quando uma unidade da moeda nacional é capaz de comprar a mesma quantidade de bens no país ou no exterior. Portanto, a paridade é mensurada com base em uma cesta de bens, mas para simplificar a situação ilustrativa a seguir vou utilizar apenas um bem. Digamos, por exemplo, que um Toyota Corolla custe R$100.000 aqui no Brasil, e U$20.000 nos Estados Unidos. Nesse caso, se a taxa de câmbio for de R$5/dólar, dizemos que as moedas estão em paridade, porque, assim, os mesmos R$100.000 podem comprar o carro no Brasil ou nos Estados Unidos. Caso se desvie desse preço, por exemplo, custando R$80.000 no Brasil, alguém com apenas U$16.000 poderia comprar o carro. Teoricamente, isso aumentaria a demanda do veículo no Brasil, já que ele estaria relativamente mais barato por aqui, ao mesmo tempo que reduziria a demanda e o preço do veículo nos Estados Unidos, restaurando a paridade dos preços em dólares e reais. Existe um índice muito interessante baseado na teoria da paridade do poder de compra: o índice Big Mac. Isso mesmo. É o sanduíche. Como o restaurante que produz o Big Mac está presente praticamente em todos os países do mundo com uma produção padronizada, ou seja, sem Celso Natale Aula 12 SEFAZ-CE - Economia - 2021 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 189407943058525869 - Avelino Souza bezerra 8 diferenças relevantes de um país para o outro em termos de produto, sua escolha é bastante conveniente para comparar a paridade do poder de compra entre moedas. O nome que damos a esse fenômeno, no qual um bem idêntico tem o mesmo preço em dois países, é lei do preço único. A LEI DO PREÇO ÚNICO A existência de uma taxa de câmbio que “neutralize” os diferenciais de preços internos e externos depende de uma ferramenta analítica forte, a chamada “lei do preço único”. Segundo essa “lei”, um item produzido de determinada maneira em um país necessariamente deverá ter o mesmo preço que outro bem produzido de maneira idêntica em outro país. Se isso não se verifica é por conta da existência de distorções derivadas de intervenções de política econômica (como incentivos, controles de preços, tarifas etc.) e custos de transportes. Assim, um produto X produzido no país A terá o mesmo preço que o produto X produzido em B (preço único). Naturalmente, o produto X é um produto comercializável internacionalmente (tradeable). Gonçalves, Reinaldo. Economia Internacional . Elsevier Editora Ltda. Portanto, apesar de a teoria da paridade do poder de compra e a lei do preço único serem termos muito relacionados, não dizem a mesma coisa: ► Lei do preço único: aplica-se a bens individuais. ► Teoria da PPC: aplica-se ao agregado de todos os bens. Naturalmente, se a lei do preço único se aplica a todos os bens, então a PPC também ocorrerá. Contudo, a teoria da PPC não depende da lei do preço único, pois a ideia é que desvios entre os preços relativos de determinados bens podem ocorrer, mas no nível agregado e no longo prazo, esses desvios tendem a ser anulados pelos próprios mecanismos do mercado. Além disso, imagine, por exemplo, que os automóveis aqui no Brasil estão muito caros. Isso faria com que: ► a demanda por esses automóveiscaísse, diminuindo seus preços; ► a demanda por reais, que são utilizados para comprar os carros, também cairia, desvalorizando a taxa de câmbio. Portanto, voltamos à condição de paridade nesse mercado de automóveis. Contudo, empiricamente, ou seja, “na vida real”, tanto a PPC quanto a lei do preço único não se verificam de forma definitiva. Afinal, não precisaríamos de um Índice Big Mac se a lei do preço único fosse assim tão respeitada, não é? Celso Natale Aula 12 SEFAZ-CE - Economia - 2021 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 189407943058525869 - Avelino Souza bezerra 9 1.3.1 Bens não comercializáveis e barreiras comerciais Krugman destaca alguns motivos pelos quais a PPC não se verifica empiricamente: 1. Custos de transporte e barreiras comerciais: Ao contrário da suposição da lei de preço único, custos de transporte e restrições de comércio certamente existem. Essas barreiras de comércio podem ser altas o suficiente para impedir que algumas mercadorias e serviços sejam negociados entre os países. 2. Monopólios e oligopólios: As práticas monopolistas ou oligopolistas nos mercados podem interagir com os custos de transporte e outras barreiras de comércio para enfraquecer ainda mais a ligação entre os preços de mercadorias similares vendidas em países diferentes. 3. Índices de inflação diferentes: Como os dados da inflação relatados em diferentes países são baseados em diferentes cestas de mercadorias, não existe razão para as mudanças na taxa de câmbio compensarem medidas oficiais de diferenças de inflação, mesmo quando não há barreiras de comércio e todos os produtos são comercializáveis. Em situações mais específicas, os custos de transporte podem ser tão elevados que simplesmente inviabilizam que um bem ou serviço seja negociado internacionalmente. A esses bens, chamamos de não comercializáveis. Talvez você esteja pensando que o carro é um bom exemplo de bem não comercializável, mas existe um melhor: corte de cabelo. Pois é... mesmo que o corte de cabelo em Lisboa esteja muito barato em relação aos preços no Brasil, se você quiser comprar um tem basicamente duas opções: ou faz a viagem de Cabral você mesmo ou traz paga os custos para o profissional português vir para cá. Naturalmente, nenhumas das opções é viável, e isso fará com que a diferença de preços relativos possa persistir, diante da ausência da “concorrência” entre os profissionais no Brasil e em Portugal. A existência de bens e serviços não comercializáveis em todos os países faz com que o sistema de preços não estabeleça ligação entre as cestas compostas, em parte, exatamente por esses bens. De forma geral, construção civil, consultas médicas, cirurgias e serviços em geral são exemplos de bens não comercializáveis, enquanto produtos manufaturados, insumos e bens primários são exemplos de bens comercializáveis. E como os serviços representam a maior parte do PIB dos países desenvolvidos e em desenvolvimento, você pode imaginar o tamanho do impacto (e do desvio) dos bens não comercializáveis na PPC. Claro que existem serviços comercializáveis, especialmente após a revolução digital, especialmente serviços financeiros ou serviços médicos de valor elevado, como cirurgias. Por fim, em alguns casos, barreiras comerciais como tarifas podem inviabilizar tornar bens e serviços não comercializáveis. Celso Natale Aula 12 SEFAZ-CE - Economia - 2021 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 189407943058525869 - Avelino Souza bezerra 10 1.4 Condição Marshall-Lerner e Curva J Temos afirmado desde o início do curso que a depreciação real da moeda doméstica leva ao aumento das exportações e queda nas importações, ou seja, aumento das exportações líquidas (NX). Agora, conhecendo a taxa de câmbio real, compreendemos um pouco melhor por que isso acontece: o bem doméstico fica mais barato para os outros países, enquanto os bens estrangeiros ficam mais caros para o país em questão. Mas será que essa relação entre ereal (taxa de câmbio real) e NX (exportações líquidas) sempre ocorrerá dessa forma? Não necessariamente. Antes de qualquer coisa, lembre-se que quando falamos em exportações e importações, estamos nos referindo ao valor total, ou seja: ▶ A importação (M) é igual ao preço dos produtos importados multiplicado pela quantidade de produtos importados. ▶ A exportação (X) é igual ao preço dos produtos exportados multiplicado pela quantidade de produtos exportados. Com isso em mente, vamos prosseguir. Quando ocorre um aumento na taxa de câmbio real o que acontece no curtíssimo prazo é o aumento dos preços relativos dos produtos importados e redução no preço relativo dos produtos exportados. Ou seja, mesmo antes que os importadores e exportadores tenham tempo de adaptar seus padrões de consumo – antes que possam ajustar as quantidades: ▶ M se mantém (em dólares), pois, o preço dos produtos importados é o mesmo, sem que sua quantidade reduzisse. ▶ X diminui, pois os exportadores diminuem o preço em dólares para vender mais. Portanto, NX diminui no curtíssimo prazo. Contudo, quando exportadores e importadores têm tempo para ajustar suas quantidades, diante do aumento da taxa real de câmbio, as exportações líquidas aumentam. Essa é a condição Marshall-Lerner, e nos dá o formato da chamada curva J. Celso Natale Aula 12 SEFAZ-CE - Economia - 2021 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 189407943058525869 - Avelino Souza bezerra 11 Inicialmente, como reação à desvalorização da taxa de câmbio, as exportações líquidas diminuem. Passado um curtíssimo período, a condição Marshall-Lerner é atendida, com os agentes ajustando suas quantidades consumidas e, dessa forma, as exportações líquidas crescem. Portanto, como a condição Marshall-Lerner é observada na maior parte do tempo e das situações, podemos afirmar que a elevação da taxa de câmbio leva ao aumento das exportações líquidas. Um exemplo numérico pode ajudar. Imagine que uma economia tem a seguinte balança comercial: ▶ Taxa de câmbio real: R$4,00 / US$1,00; ▶ Exporta 500 toneladas de soja, por US$2,00/kg, totalizando US$1.000.000. ▶ Importa 1000 toneladas de aço, por US$0,50/kg, totalizando US$500.000. ▶ Exportações Líquidas: US$500.000. De repente, o câmbio deprecia (a taxa sobe), para R$5,00/US$1,00. O que vai ocorrer no curto prazo é que os preços serão rapidamente ajustados (pela expectativa de aumentar as quantidades vendidas), mas as quantidades não: ▶ Exporta 500 toneladas de soja, por US$1,50/kg, totalizando US$750.000. ▶ Importa 1000 toneladas de aço, por US$0,50/kg, totalizando US$500.000. ▶ Exportações Líquidas: US$250.000. Depois de algum tempo, contudo, a quantidade de soja exportada vai aumentar, pois seu preço está mais atraente. Ao mesmo tempo, as importações vão diminuir via quantidades, porque as pessoas vão comprar mais produtos internos para não pagar mais caro pelos importados: ▶ Exporta 800 toneladas de soja, por US$1,50/kg, totalizando US$1.200.000. ▶ Importa 700 toneladas de aço, por US$0,50/kg, totalizando US$350.000. ▶ Exportações Líquidas: US$850.000. Celso Natale Aula 12 SEFAZ-CE - Economia - 2021 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 189407943058525869 - Avelino Souza bezerra 12 Claro que eu defini todos esses valores arbitrariamente, mas a ideia foi explicitar o raciocínio por trás da curva J. (ES/Analista do Executivo - Ciências Econômicas) Acerca dos agregados monetários e dos instrumentos de política monetária adotados pelo Banco Central do Brasil (BACEN), julgue a afirmativa a seguir. Considerando-se a validade da condição de Marshall-Lerner e dos efeitos da chamada curva J, é correto afirmar que uma depreciação da taxa de câmbio gera, no curto-prazo, aumento das exportações líquidas. Comentários: Pelo contrário. Inicialmente, ocorre redução nas exportações líquidas, posto que os agentes não conseguem ajustar suas quantidades muito rapidamente, comoreação à alteração dos preços relativos. É o trecho inicial e decrescente da curva em “J”. Gabarito: Errado Muito bem! Agora que já conhecemos melhor as taxas de câmbio, podemos compreender o que são os regimes cambiais. Celso Natale Aula 12 SEFAZ-CE - Economia - 2021 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 189407943058525869 - Avelino Souza bezerra 13 2 REGIMES CAMBIAIS Sabemos que as taxas de câmbio tendem a variar. Afinal, são o preço de um bem (moeda estrangeira) e, como qualquer preço, está sujeito à Lei da Oferta e Demanda. Contudo, o governo pode entender que esse é um preço muito importante para ser deixado “solto”. Por outro lado, também pode concluir que é melhor deixar o câmbio flutuar, e é por aí que começamos esta parte da aula. 2.1 Câmbio fixo Sob o regime de câmbio fixo, a taxa de câmbio é determinada pelo governo. Mas isso não é feito por decreto! Em outras palavras, não basta o Presidente da República fazer um pronunciamento oficial dizendo que, a partir de agora, o dólar valerá R$0,50, e que você pode ir pra Miami fazer a festa... Ao estabelecer qual é a taxa de câmbio desejada, o Banco Central entra em ação, comprando e vendendo moeda estrangeira, até que essa taxa seja alcançada. Por exemplo: digamos que o dólar esteja valendo R$4, e o Banco Central se comprometa a alcançar a taxa de câmbio de R$3/dólar. Nesse caso, ele deve ir ao mercado e vender dólares. Isso aumentará a oferta e, como vimos, aumentos de oferta fazem cair os preços. Se depois mudarem de ideia e decidirem que a taxa deve ser de R$5, basta o Banco Central sair comprando dólares, o que pressionará a demanda e aumentará os preços da moeda estrangeira. O resultado será o aumento da taxa de câmbio. Note que no regime de câmbio fixo a taxa pode variar sim! Mas apenas de forma intencional, por parte do Governo e do Banco Central. E qual vantagem há em optar por um regime de câmbio fixo? Ou seja, quais fatores são determinantes para adoção dessa política cambial? Bem, a principal delas é a previsibilidade que esse regime proporciona; os agentes exportadores ficam muito mais seguros sobre quanto poderão comprar com os dólares que obtiveram vendendo suas mercadorias para os gringos, e os importadores saberão com facilidade de quantos reais precisarão para poderem comprar suas mercadorias em dólar. Dessa forma, há maior incentivo para o comércio e investimento internacionais. Legal, né? Celso Natale Aula 12 SEFAZ-CE - Economia - 2021 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 189407943058525869 - Avelino Souza bezerra 14 Além disso, o regime de câmbio fixo assume um importante papel em economias inflacionárias. Ele se torna a chama âncora cambial. Como é estabelecida a taxa de câmbio, os produtores nacionais pensam algumas vezes antes de aumentar seus preços, pois, se o fizerem, os consumidores passarão a demandar mais produtos importados. Dessa forma, os preços nacionais ficam ancorados. O Brasil fez amplo uso da âncora cambial, como vemos em aulas de Economia Brasileira. Mas acontece que também há desvantagens. A mais importante delas é que o Banco Central precisa ter muitos dólares para poder manter a taxa de câmbio fixa. E para ter muitos dólares, ele precisa estar pronto para comprar muitos dólares. O Banco Central compra dólares com reais. Quando o Banco Central entrega reais (haveres monetários) em troca de dólares (haveres não monetários), há criação de moeda, ou seja, política monetária expansionista! Se houver mobilidade de capitais, ou seja, se a moeda estrangeira puder entrar e sair do país sem grandes problemas, esse fluxo ocorrerá o tempo todo. Como ocorre com qualquer bem, se sua oferta aumenta há queda no preço, e se sua demanda aumenta, há elevação no preço. Como a taxa é fixa, mudanças no preço (taxa de câmbio) são indesejadas, e o Banco Central atuará o tempo todo comprando e vendendo moeda estrangeira, e expandindo e contraindo a oferta monetária de forma “não intencional”. Portanto, sob câmbio fixo, o Banco Central perde a autonomia na condução da política monetária, que passa a ser passiva em relação ao mercado de câmbio. Perceba que essa desvantagem é relativizada pela capacidade que a âncora cambial tem de manter o nível de preços sob controle, mas a política monetária não serve apenas para isso. Como mencionei, valorização ou desvalorização ocorrem quando o Governo e Banco Central atuam na taxa de câmbio. Portanto, é isso que ocorre sob o regime de câmbio fixo. 2.2 Câmbio flutuante (flexível) O regime de câmbio flutuante – algumas vezes chamado de regime de câmbio flexível – é o outro dos extremos: o Banco Central não intervém no mercado de divisas internacionais. Dessa forma, o que determina as taxas de câmbio são os interesses (e humores) do mercado. Se houver muita demanda por moeda estrangeira, haverá depreciação da taxa de câmbio e desvalorização da moeda nacional, e não há nada que o Banco Central fará a respeito. Quando um preço é determinado pelo mercado, a oferta pelo bem em questão iguala a demanda pelo bem em questão – há equilíbrio. No mercado cambial, isso significa a principal vantagem do regime de câmbio flutuante: o Balanço de Pagamentos fica em equilíbrio (entrada de divisas = saída de divisas). Celso Natale Aula 12 SEFAZ-CE - Economia - 2021 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 189407943058525869 - Avelino Souza bezerra 15 A desvantagem é a instabilidade. Os agentes não têm segurança alguma a respeito das taxas de câmbio, ao contrário do que ocorre no regime de câmbio fixo. Dessa vez, apreciação ou depreciação que ocorrem como resultado dos movimentos do mercado cambial. Agora que conhecemos os dois regimes cambiais extremos (fixo e flutuante), vejamos os intermediários. 2.3 Flutuação suja (dirty floating) O regime de flutuação suja é aquele no qual o Banco Central intervém pontualmente para evitar oscilações bruscas na taxa de câmbio, decorrentes de ataques especulativos. Nesse caso, o câmbio flutua livremente enquanto o mercado experimenta estabilidade. O Banco Central entra comprando ou vendendo divisas estrangeiras apenas quando os movimentos cambiais podem desestabilizar a economia ou atrapalhar os objetivos econômicos. Também pode aparecer nas provas como flutuação administrada, que é apenas outra forma de dizer a mesma coisa. Esse é o regime adotado no Brasil desde o abandono da âncora cambial (câmbio fixo), em 1999, assunto que aprofundamos em Economia Brasileira. Celso Natale Aula 12 SEFAZ-CE - Economia - 2021 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 189407943058525869 - Avelino Souza bezerra 16 2.4 Bandas cambiais No regime de bandas cambiais, o Banco Central determina um piso e um teto para a taxa de câmbio, permitindo que ela varie dentro desse intervalo (a banda). Sendo assim, quando a taxa se aproxima do teto, por exemplo, o Banco Central entra vendendo moeda estrangeira. Dessa forma, o câmbio é flutuante enquanto está dentro dos limites, e torna-se fixo quando se aproxima deles. 2.5 Outros regimes cambiais Há alguns outros tipos de regimes cambiais menos cobrados, mas ainda assim importantes para quem quer se diferenciar dos demais candidatos à sua vaga. Não é fácil lembrar-se de todos eles, mas você deve fazer um esforço, posto que podem cair na sua prova (inclusive com os termos em inglês). • Conselho de moeda (Currency board): A função de um Currency Board é trocar moeda nacional (que ele próprio emite) por moeda estrangeira a uma taxa fixa, e vice-versa. É um arranjo mais comum em países com baixa credibilidade. Para tanto, o país precisa ter reservas na exata proporção da moeda doméstica em circulação, e a adoção desse regime faz com que a moeda nacional seja apenas uma perfeita substituta da moeda estrangeira. Na prática, é um regime de câmbio fixo no qual o Governo não tem liberdadepara variar sua taxa de câmbio, e a função de emissão de moeda não é do Banco Central. • Banda rastejante (Crawling band): Consiste no regime de bandas cambiais no qual as bandas são ajustadas por um fator previamente definido. Geralmente esse fator é a Celso Natale Aula 12 SEFAZ-CE - Economia - 2021 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 189407943058525869 - Avelino Souza bezerra 17 inflação, e o objetivo é manter a taxa de câmbio real inalterada, impedindo assim aumento nas importações e, consequentemente, pressão depreciativa na taxa de câmbio. • Minidesvalorizações (Crawling peg): É algo como a banda rastejante, mas sem as bandas. Portanto, é um regime de câmbio fixo no qual a taxa é ajustada por um fator determinado. (SEFAZ-ES/Consultor do Executivo) A macroeconomia, que permite avaliar o desempenho da economia como um todo, centra-se na análise dos grandes agregados macroeconômicos. Com relação a esse assunto, julgue o item subsequente. Uma das vantagens associadas ao sistema de taxas de câmbio fixos advém do fato de que esse sistema constitui uma forma simples de âncora para a política monetária, conhecida como âncora cambial. Comentários: De fato, a âncora cambial constitui uma vantagem do regime de câmbio fixo, posto que ajuda a manter o nível de preços sob controle, ficando a cargo da política monetária apenas a manutenção do nível da taxa de câmbio. Gabarito: Certo Celso Natale Aula 12 SEFAZ-CE - Economia - 2021 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 189407943058525869 - Avelino Souza bezerra 18 3 TAXA DE CÂMBIO DE EQUILÍBRIO Agora vamos abordar o mercado de câmbio como qualquer outro mercado, onde forças de oferta e demanda interagem, mas exploraremos suas particularidades relacionando com o que vimos nesta aula e ao longo do curso. A taxa de câmbio de equilíbrio é aquela que iguala a oferta e a demanda por moeda estrangeira, assim como ocorre com os preços no caso de bens e serviços. 3.1 Oferta e demanda de divisas Para compreender esse mercado cambial, convém conhecermos seus agentes, ou seja, quem oferta e quem demanda moeda estrangeira. Veja no quadro a seguir. MERCADO CAMBIAL DEMANDAM DIVISAS OFERTAM DIVISAS Importadores Exportadores Turistas brasileiros no exterior Turistas estrangeiros Investidores brasileiros no exterior Investidores estrangeiros Multinacionais estrangeiras no Brasil Multinacionais brasileiras no exterior Vamos nos concentrar, agora, no ponto de vista dos principais ofertantes e demandantes de divisas: importadores e exportadores. Veja o caso do exportador. Ele vende seus produtos para o resto do mundo e recebe em dólares. Ele pode fazer várias coisas com esses dólares, inclusive guardá-los ou vendê-los. Caso a taxa de câmbio aumente, ou seja, caso esses dólares passem a valer mais, o exportador ficará mais propenso a vender, aumentando a oferta de dólares no mercado brasileiro. Essa relação positiva entre a taxa de câmbio (preço da moeda estrangeira) e sua quantidade ofertada determina o formato ascendente da curva de oferta de divisas. Celso Natale Aula 12 SEFAZ-CE - Economia - 2021 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 189407943058525869 - Avelino Souza bezerra 19 Por outro lado, quando a moeda estrangeira perde valor em relação à moeda doméstica (taxa de câmbio diminui), há maior incentivo para comprar produtos estrangeiros. Assim, os importadores passam a demandar mais moeda. Portanto, a relação negativa entre taxa de câmbio e quantidade demandada de divisas resulta na seguinte curva de demanda. A essa altura do curso, você deve estar bastante ciente do que ocorre no ponto onde as duas curvas se cruzam: o equilíbrio (E): Celso Natale Aula 12 SEFAZ-CE - Economia - 2021 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 189407943058525869 - Avelino Souza bezerra 1 20 Em um regime de câmbio flutuante com livre mobilidade de capitais, a taxa de câmbio sempre irá convergir para a taxa de equilíbrio. Em regime de câmbio fixo, por outro lado, caso a taxa seja fixada acima da taxa de equilíbrio, haverá excesso de oferta, e consequente, o Banco Central terá que comprar muitas divisas para evitar que a taxa diminua. O raciocínio inverso é válido no caso de taxas inferiores àquela de equilíbrio: haverá excesso de demanda, e o resultado dependerá do regime cambial vigente. Agora, daremos um passo adiante, considerando outra variável que tem influência na taxa de câmbio: a taxa de juros. Celso Natale Aula 12 SEFAZ-CE - Economia - 2021 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 189407943058525869 - Avelino Souza bezerra c 21 3.2 A relação câmbio-juros Se os juros reais de um país forem superiores aos juros reais internacionais, esse país tende a atrair divisas. Afinal, o dinheiro vai para onde ele é mais bem remunerado. Então, se chamarmos os juros domésticos do Brasil de r e os juros internacionais de r*, podemos concluir que quanto maior for a diferença entre r* e r, maior será a oferta de moeda estrangeira no Brasil. Ignorando questões como o prêmio de risco de um investimento, podemos ir além e concluir que sempre que r for maior que r*, acontecerá uma persistente entrada de moeda estrangeira no Brasil. A consequência disso será o deslocamento da curva de oferta para a direita, e a consequente valorização cambial: Queda no preço (no caso, a taxa de câmbio). Esse é o resultado esperado em qualquer mercado onde há elevação da oferta. Claro que isso não ocorrerá indefinidamente... mas numa análise mais imediata, o diferencial positivo entre os juros internos e externos provocará esse efeito. Até aí tudo bem. É o mercado se ajustando. E se o câmbio for fixo? Nesse, a conclusão é importante: a taxa de câmbio determinada pelo Banco Central será a taxa de equilíbrio quando verificada a condição de paridade entre juros internos e externos, ou seja, quando eles forem iguais. Caso contrário, a entrada ou saída de capitais implicará em mudanças constantes na taxa de equilíbrio e, portanto, ela não poderá ser a taxa fixada pelo BC. Celso Natale Aula 12 SEFAZ-CE - Economia - 2021 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 189407943058525869 - Avelino Souza bezerra e 22 3.3 A relação câmbio-inflação É amplamente aceito pela doutrina e pelas bancas que desvalorizações da moeda nacional (aumento da taxa de câmbio) tendem a aumentar a inflação. Um dos motivos, é que quando a moeda doméstica está valendo pouco, os produtos importados ficam mais caros para as empresas brasileiras que utilizam alguns desses produtos como insumos, portanto, isso significa aumento nos cursos de produção nacionais e, portanto, aumento nos preços. Além disso, quando a moeda estrangeira está valorizada, os consumidores brasileiros também se deparam com produtos importados mais caros! Isso significa que os produtores nacionais terão espaço para aumentar seus preços, mesmo que não utilizem insumos importados, pois os produtos vindos de fora se tornam menos competitivos. Isso é um incentivo não apenas para subirem seus preços, como também é um desestímulo à eficiência da produção nacional! Afinal, eles não precisam competir com intensidade com o resto do mundo pelo mercado interno. Excelente! Chegamos ao final desta aula. Ou melhor, quase: ainda falta nossa bateria de questões! Celso Natale Aula 12 SEFAZ-CE - Economia - 2021 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 189407943058525869 - Avelino Souza bezerra 6 23 RESUMO A taxa de câmbio nominal é o preço de da moeda estrangeira medida em moeda nacional. • Isso se adotarmos a convenção do incerto, como fazem países cuja moeda não é considerada forte (como o Brasil). • Sendo assim, aumento da taxa, desvalorização da taxa e depreciação da taxa são termos para quando a moeda nacional passa a valer menos, enquanto queda da taxa, valorização da taxa e apreciação dataxa significam o oposto. A taxa de câmbio real é o preço relativo dos bens de dois países. • ereal= e X P∗ P Termos de troca podem ser entendidos como: TDT= VX VM Paridade de poder de compra (PPC) ocorre quando uma unidade da moeda nacional é capaz de comprar a mesma quantidade de bens no país ou no exterior. Segunda a Lei do Preço Único, um item produzido de determinada maneira em um país, necessariamente, deverá ter o mesmo preço que outro bem produzido de maneira idêntica em outro país. A PPC não se verifica, principalmente, por causa de bens não comercializáveis e tributos. Um regime cambial é a atuação (ou não) do governo no câmbio. • Sob câmbio fixo, o governo determina a taxa e o Banco Central a persegue. A vantagem é a previsibilidade, mas precisa de amplas reservas e a política monetária torna-se passiva. • No câmbio flutuante, o governo e o Banco Central não intervêm. A vantagem é o equilíbrio do Balanço de Pagamentos. • Outros regimes são: bandas cambiais, flutuação administrada, conselho de moeda. Celso Natale Aula 12 SEFAZ-CE - Economia - 2021 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 189407943058525869 - Avelino Souza bezerra b 24 QUESTÕES COMENTADAS 1. (2013/CEBRASPE-CESPE/MPU/Analista - Economia) Em relação ao papel do câmbio no processo de industrialização substitutiva de importações, julgue o item a seguir. Quando a desvalorização do câmbio torna os preços de importação maiores que os internos, aumenta a demanda por bens produzidos no país. Comentários: Aqui a intuição e a teoria econômica concordam: se você pretende comprar um bem qualquer, e precisa decidir entre comprar do Brasil ou importar, você tenderá a comprar por aqui caso o câmbio desvalorize. A única coisa que pode confundir aqui é o uso dos termos; lembre-se que desvalorização do câmbio equivale a depreciação da taxa, aumento da taxa ou, simplesmente, “dólar mais caro”. Gabarito: Certo 2. (2000/ESAF/RECEITA FEDERAL DO BRASIL/Auditor Fiscal) Considere que tenha ocorrido uma desvalorização nominal da taxa de câmbio de 10% num determinado período. Considerando o conceito de taxa de câmbio utilizada no Brasil e o conceito de câmbio real que leva em conta a inflação interna e externa, pode-se afirmar que, a) se a inflação externa foi de 10% no período e a inflação interna foi de 25% no período, houve uma desvalorização real da taxa de câmbio. b) se a inflação externa foi de 20% e a inflação interna foi de 5% no período, houve uma valorização real da taxa de câmbio. c) se tanto a inflação interna quanto a externa foram de 5% no período, não houve alteração na taxa de câmbio real. d) se a inflação externa foi de 15% no período e a inflação interna foi de 30% no período, houve uma desvalorização real da taxa de câmbio. e) se a inflação externa foi de 5% e a inflação interna foi de 20% no período, houve uma valorização real da taxa de câmbio. Comentários: Essa questão é antiga, mas extremamente didática. Vamos usar nossa fórmula para chegar à taxa de câmbio real em cada uma das alternativas. Podemos, para facilitar os cálculos, partir da hipótese de que, antes da desvalorização nominal da taxa de câmbio tínhamos o seguinte: Celso Natale Aula 12 SEFAZ-CE - Economia - 2021 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 189407943058525869 - Avelino Souza bezerra f 25 ereal= e X P* P = 1 X 100 100 =1 a) se a inflação externa foi de 10% no período e a inflação interna foi de 25% no período, houve uma desvalorização real da taxa de câmbio. Nesse caso, P* (índice de preços externo) passará a ser 110 e P passará a ser 125, enquanto e sofre desvalorização (aumento da taxa) de 10%: ereal= 1,1 X 110 125 =0,968 Portanto, houve valorização real da taxa de câmbio (redução da taxa de câmbio, que passou de 1 para 0,968. A alternativa A não pode ser nosso gabarito. b) se a inflação externa foi de 20% e a inflação interna foi de 5% no período, houve uma valorização real da taxa de câmbio. Dessa vez, teremos: ereal= 1,1 X 120 105 =1,26 Alternativa errada. Houve desvalorização (aumento) da taxa de câmbio. c) se tanto a inflação interna quanto a externa foram de 5% no período, não houve alteração na taxa de câmbio real. Vejamos: ereal= 1,1 X 105 105 =1,1 Novamente desvalorização (aumento) da taxa de câmbio. Alternativa errada. d) se a inflação externa foi de 15% no período e a inflação interna foi de 30% no período, houve uma desvalorização real da taxa de câmbio. Teremos, então: ereal= 1,1 X 115 130 =0,97 Dessa vez, houve valorização (redução) da taxa de câmbio. Alternativa errada. e) se a inflação externa foi de 5% e a inflação interna foi de 20% no período, houve uma valorização real da taxa de câmbio. Por fim, temos: Celso Natale Aula 12 SEFAZ-CE - Economia - 2021 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 189407943058525869 - Avelino Souza bezerra 26 ereal= 1,1 X 105 120 =0,96 Realmente, houve valorização (redução) da taxa de câmbio real. Alternativa correta. Gabarito: “e” 3. (2014/FCC/SABESP/Analista de Gestão - Economia) O regime cambial brasileiro atual é o de Câmbio Flutuante, no qual a cotação da moeda estrangeira pode sofrer oscilações diárias. Essas oscilações podem ter movimentos de desvalorização ou valorização da taxa de câmbio. Favorece as importações de um país, no curto prazo, quando, na taxa de câmbio, há oscilações a) na valorização no valor da cotação. b) na desvalorização no valor da cotação. c) no aumento brusco no valor da cotação. d) na diminuição da liquidez de moeda estrangeira. e) na queda significativa das Reservas Internacionais. Comentários: O que favorece as importações é dólar barato. Afinal, fica mais atraente comprar produtos importados com o real valendo bastante. De forma mais técnica, a valorização da taxa de câmbio, como consta na letra “a”, favorece as importações. Claro que a questão é mal redigida ao falar em “oscilações na valorização”. Afinal, “oscilações” quer dizer instabilidade, mas não tem jeito de resolver se não desconsiderarmos esse termo. Note que o aumento brusco no valor da cotação significa aumento da taxa, ou seja, desvalorização, e por isso “c” não é nosso gabarito. As demais alternativas, acredito, têm seus erros mais claros, como “b” que é o exato oposto do gabarito. Gabarito: “a” 4. (2014/FCC/ALEPE/Analista Legislativo) A desvalorização cambial da moeda nacional pode a) aumentar a receita dos produtores com exportações e diminuir o custo com insumos importados. b) diminuir a receita dos produtores com exportações e aumentar o custo com insumos importados. Celso Natale Aula 12 SEFAZ-CE - Economia - 2021 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 189407943058525869 - Avelino Souza bezerra 27 c) diminuir a receita dos produtores com exportações e manter inalterado o custo com insumos importados. d) aumentar a receita dos produtores com exportações e aumentar o custo com insumos importados. e) aumentar a receita dos produtores com exportações e manter inalterado o custo com insumos importados. Comentários: A tendência diante da desvalorização cambial é o aumento no volume e, portanto, nas receitas de exportação, ao mesmo tempo em que há encarecimento no valor das importações. Por isso, letra “d” é o melhor gabarito, embora o uso da palavra “pode” torne qualquer alternativa um possível gabarito. Por exemplo: pode ser que os custos com insumos importados diminuam (letra “a”), uma vez que apesar do aumento no preço, se a quantidade cair o suficiente, o custo total diminui. Gabarito: “d” 5. (2016/IESES/BAHIAGÁS/Analista de Processos Organizacionais) A importância dos efeitos dinâmicos da taxa real de câmbio sobre o balanço comercial pode ser observada a partir da “curva J”, onde uma depreciação real leva inicialmente a uma melhoria na balança comercial e em seguida a uma deterioraçãoda mesma. Comentários: Novamente, a questão inverte as coisas. Mas você não errará esse tipo de questão, não é? Gabarito: Errado 6. (FCC/2010/METRÔ-SP - Economista) Uma desvalorização da taxa de câmbio da economia, caso seja válida a condição de Marshall- Lerner, provocará a) aumento das importações. b) equilíbrio no balanço de pagamentos. c) diminuição das exportações. d) decréscimo da entrada de capitais estrangeiros no país. e) aumento das exportações líquidas. Comentários: Celso Natale Aula 12 SEFAZ-CE - Economia - 2021 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 189407943058525869 - Avelino Souza bezerra 28 Quando válida (e ela é, em regra, válida), a condição Marshall-Lerner determina que a desvalorização da taxa de câmbio levará ao aumento das exportações líquidas. Gabarito: “e” 7. (2018/FGV/BANESTES/Analista Econômico-Financeiro - Gestão Financeira) Um país possui uma taxa de juros sobre depósitos em moeda nacional de 10%, e sobre depósitos em moeda estrangeira, de 5%. Sabe-se que uma unidade da moeda estrangeira vale 4 unidades da moeda nacional. Considera-se que há livre mobilidade de capitais e que os depósitos são substitutos perfeitos, isto é, igualmente desejáveis. De acordo com a condição de paridade de juros, o valor da moeda estrangeira ao final do período de investimento é, aproximadamente, de: a) 3,60; b) 3,80; c) 4,20; d) 4,40; e) 4,60. Comentários: Nesse caso, temos que tratar a aplicação como um bem qualquer, de forma que a taxa de câmbio deverá ser dada pela relação entre o valor de cada depósito ao final do período. Sendo assim, perceba que o valor em moeda nacional será de 4,40 (4,00 + 10%), enquanto o valor em moeda estrangeira alcançará 1,05 (1,00 + 5%). Portanto, a condição de paridade é que: 4,40 / 1,05 = 4,190476... Portanto, aproximadamente 4,20. Gabarito: “c” 8. (2017/FCC/ARTESP/Especialista em Regulação de Transporte - Economia) A hipótese do Efeito da Curva J preconiza que no curto prazo a) o mercado de câmbio é instável e que taxas de câmbio flexíveis reduzirão, rapidamente, um desequilíbrio comercial. b) o saldo da balança comercial de um país pode piorar frente a um choque de desvalorização do câmbio, aumentando após certo período de tempo. c) a soma da elasticidade de preços da demanda por importações e por exportações é inferior a uma unidade. Celso Natale Aula 12 SEFAZ-CE - Economia - 2021 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 189407943058525869 - Avelino Souza bezerra 29 d) a soma da elasticidade de preços da demanda por importações e por exportações é igual a uma unidade. e) o mercado de câmbio é estável e que taxas de câmbio flexíveis aprofundarão, rapidamente, um desequilíbrio Comentários: Inicialmente, como reação à desvalorização da taxa de câmbio, as exportações líquidas (saldo da balança comercial) diminuem. Passado um curtíssimo período, a condição Marshall-Lerner é atendida, com os agentes ajustando suas quantidades consumidas e, dessa forma, as exportações líquidas crescem. Gabarito: “b” 9. (2018/CEBRASPE-CESPE/EBSERH/Analista Administrativo - Economia) Acerca dos conceitos de teoria econômica, julgue o item subsequente. Um sistema de câmbio flexível de flutuação controlada é indicativo de que o governo pratica algum tipo de intervenção nos mercados cambiais. Comentários: De fato. A forma de controlar a flutuação do câmbio é intervindo no mercado cambial, o que o governo faz em regimes de câmbio com flutuação administrada, por meio, geralmente, do Banco Central. Gabarito: Certo 10. (2019/CEBRASPE-CESPE/SLU DF/Analista de Gestão - Economia) Acerca das políticas monetária, fiscal e de comércio exterior, julgue o item a seguir. Celso Natale Aula 12 SEFAZ-CE - Economia - 2021 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 189407943058525869 - Avelino Souza bezerra 30 A lei da oferta e da procura não se aplica à taxa cambial, porque essa taxa é administrada pelo Banco Central do Brasil. Comentários: A lei da oferta e da procura se aplica à taxa cambial. Até mesmo quando a taxa é administrada, ou até fixa, o Banco Central controla a taxa de câmbio por meio da compra e venda de moeda, ou seja, oferta e procura. Gabarito: Errado 11. (2018/CEBRASPE-CESPE/EBSERH/Analista Administrativo - Economia) Julgue o item seguinte, a respeito das características da economia brasileira e das relações comerciais e financeiras do Brasil com outros países. A taxa de câmbio real efetiva é uma medida de competitividade das exportações brasileiras: a sua elevação indica perda de competividade dos produtos brasileiros no exterior. Comentários: É a taxa de câmbio real que “manda” nas importações e exportações. Se a taxa de câmbio real se elevar (desvalorizar), significa que houve desvalorização real da moeda nacional, e aumentarão as exportações, pois os produtos brasileiros ficarão mais baratos para o resto do mundo e, por isso, mais competitivos. Gabarito: Errado 12. (2018/FCC/CL DF/Consultor Técnico Legislativo - Economista) Em seu sítio na internet, o Banco Central do Brasil publicou, com data de 14/06/2018, nota com o seguinte teor: O Banco Central reafirma que ofertará o total de US$ 24,5 bilhões em contratos de swap cambial entre os dias 08 e 15 de junho, conforme anunciado anteriormente. O BC continuará acompanhando as condições de mercado de câmbio e atuando para prover liquidez e contribuir para seu bom funcionamento. Da mesma forma, o BC e o Tesouro Nacional continuarão a atuar de forma coordenada no mercado de juros para prover liquidez e contribuir para seu bom funcionamento. Para a semana que vem, o BC estima oferecer montante em torno de US$ 10 bilhões em contratos de swaps. Esse montante poderá ser ajustado para cima ou para baixo, dependendo das condições de mercado. O Banco Central reafirma que não vê restrições para que o estoque de swaps cambiais exceda consideravelmente os volumes máximos atingidos no passado. Celso Natale Aula 12 SEFAZ-CE - Economia - 2021 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 189407943058525869 - Avelino Souza bezerra 31 Com base nessa nota, pode-se considerar que o Banco Central a) atua em um modelo de câmbio fixo. b) tem claras restrições quantitativas à sua própria atuação no mercado cambial por meio de instrumentos alternativos à negociação à vista da moeda estrangeira. c) atua para corrigir oscilações que trazem insegurança ao mercado. d) entende que o mercado cambial brasileiro é suficientemente estável, sendo desnecessária a atenção às condições de mercado. e) permitirá que os agentes econômicos privados realizem, entre si, operações de swap cambial, ao que o Banco Central não colocará limite. Comentários: A mensagem é que o Banco Central irá intervir no mercado de câmbio diante de oscilações. O curioso é que se esse anúncio for recebido com credibilidade suficiente, o efeito desejado (controle da taxa de câmbio) ocorrerá mesmo antes que o BC precise comprar ou vender qualquer contrato de câmbio. Gabarito: “c” 13. (2018/FGV/ALERO/Analista Legislativo - Economia) O regime de bandas cambiais é adotado em diversos países e é um instrumento importante para controle do câmbio pelo Banco Central (BC). Sobre o regime de bandas cambiais, assinale a afirmativa correta. a) O BC fica comprometido a comprar e a vender divisas a uma taxa pré-definida por ele mesmo. b) A taxa de câmbio se ajusta de modo a equilibrar o mercado de divisas, considerado de livre concorrência. c) A taxa de câmbio é livremente determinada pelo mercado, mas sua instabilidade é limitada pela intervenção do BC, o qual procura orientar os movimentos cambiais. d) É um regime flutuante quando a taxa estiver dentro de um intervalo definido e passa a um regime fixo, quando atinge os limites do intervalo. e) O BC corrige apenas o diferencial entre a taxa nominal de câmbioe a soma das taxas de inflação interna e externa. Comentários: No regime de bandas cambiais, o Banco Central determina um piso e um teto para a taxa de câmbio, permitindo que a ela varie dentro desse intervalo (a banda). Sendo assim, quando a taxa se aproxima do teto, por exemplo, o Banco Central entra vendendo moeda estrangeira. Na prática, o câmbio pode flutuar livremente dentro da banda, mas é fixo em seus limites. Gabarito: “d” Celso Natale Aula 12 SEFAZ-CE - Economia - 2021 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 189407943058525869 - Avelino Souza bezerra 32 14. (2017/CEBRASPE-CESPE/CACD/Diplomata) Virtualmente, todos os grandes países estabeleceram um banco central como “emprestador de última instância” para reduzir a probabilidade de que uma falta de liquidez se torne uma crise de solvência. A prática levou à questão do papel de um “emprestador internacional de última instância” que pudesse auxiliar os países a estabilizar o valor das suas moedas e reduzir a probabilidade de sua forte desvalorização em consequência da falta de liquidez, que, por sua vez, poderia causar um grande número de falências. Charles Kindleberger. Manias, pânicos e crises. 6.ª ed. São Paulo: Saraiva. Tendo como referência inicial esse fragmento de texto, julgue o item a seguir, pertinente às funções e competências de um banco central. Dada a relação existente entre as políticas monetária e cambial, os efeitos da política monetária executada pelo banco central de um país dependem fundamentalmente do tipo de regime cambial adotado. Assim, em um sistema de taxas de câmbio flexíveis com mobilidade internacional de capital, a fixação da taxa de juros básica como instrumento para o objetivo de estabilizar preços é inalcançável. Comentários: A questão estaria correta se falasse no regime de câmbio fixo com mobilidade de capital, mas ela falou em câmbio flexível. Quando o câmbio é flexível (ou flutuante), o governo pode conduzir a política monetária de forma ativa, já que não precisa se preocupar em manter a taxa de câmbio em qualquer patamar. Gabarito: Errado 15. (2018/IADES/APEX/Analista - Prospecção de Projetos) Os países adotam regimes cambiais em função das respectivas conjunturas econômicas e políticas de governo. O regime cambial adotado no Brasil desde 1999 é a) fixo ou administrado. b) bandas cambiais. c) crawling peg. d) flutuante puro (clean floating). e) flutuante administrado (dirty floating). Comentários: O regime de flutuação suja, ou flutuação administrada, é aquele no qual o Banco Central intervém pontualmente para evitar oscilações bruscas na taxa de câmbio, decorrentes de ataques especulativos. Celso Natale Aula 12 SEFAZ-CE - Economia - 2021 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 189407943058525869 - Avelino Souza bezerra 33 Nesse caso, o câmbio flutua livremente enquanto o mercado experimenta estabilidade. O Banco Central entra comprando ou vendendo divisas estrangeiras apenas quando os movimentos cambiais podem desestabilizar a economia ou atrapalhar os objetivos econômicos. De fato, esse é o regime adotado no Brasil desde o abandono da âncora cambial (câmbio fixo), em 1999, assunto que aprofundamos em Economia Brasileira. Gabarito: “e” 16. (2003/ESAF/RECEITA FEDERAL DO BRASIL/Auditor Fiscal) A formação de taxas cambiais leva em conta, a um tempo, as expectativas do mercado em relação ao equilíbrio de longo prazo das economias e fatores conjunturais que condicionam, no curto prazo, a oferta e demanda no mercado de moedas. A esse respeito, é correto afirmar: a) os regimes de câmbio fixo, mas ajustável, também conhecidos como "flutuação suja", proporcionou grande estabilidade ao sistema financeiro internacional no período entre as duas guerras mundiais. b) regimes de câmbio fixo implicam o compromisso do governo de converter sua moeda em outra a um preço pré-determinado. Nesse caso, o volume de reservas e o fluxo líquido de divisas são os principais responsáveis pela confiança que possa ter o mercado na estabilidade da moeda em questão. c) regimes de câmbio flutuante implicam a atribuição aos governos da responsabilidade de intervir no mercado de moedas, por meio da venda de títulos públicos e operações de mercado aberto, sempre que a variação de sua moeda em relação a outras aproximar-se de valores previamente estabelecidos. d) regimes de câmbio fixo implicam o compromisso de pelo menos dois governos de converter suas respectivas moedas, uma na outra, a um preço determinado pelas condições de mercado. Nesse caso, o volume de trocas e o influxo líquido de divisas são os principais responsáveis pela confiança que possa ter o mercado na estabilidade da moeda em questão. e) No sistema conhecido por currency board, o governo estabelece um órgão responsável por conduzir as desvalorizações programadas, correspondentes às necessidades de financiamento do setor público e à evolução das taxas de inflação. Comentários: Embora a alternativa “a” esteja fora do escopo da aula, o período entre as duas guerras mundiais contempla a grande depressão de 1930. Nenhum regime cambial seria capaz de prover estabilidade naquelas circunstâncias. Já a alternativa “b” está correta; sob regime de câmbio fixo, os agentes só ficarão seguros quanto à manutenção da taxa caso a autoridade monetária disponha de grandes reservas de divisas. Isso teve papel muito importante na implantação do Plano Real. Celso Natale Aula 12 SEFAZ-CE - Economia - 2021 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 189407943058525869 - Avelino Souza bezerra 34 O câmbio flutuante não implica atribuição nenhuma ao governo, a não ser deixar a taxa ser determinada livremente pelo mercado. A descrição da alternativa “b” é compatível com um regime de bandas cambiais. O regime de câmbio fixo não implica o compromisso de dois governos, mas apenas de um, que deverá buscar a taxa determinado comprando e vendendo divisas. Por isso a alternativa “d” está errada. Por fim, o erro da alternativa “e” está em mencionar desvalorizações programas, necessidades de financiamento do setor público e evolução das taxas de inflação. Afinal, na prática, o Currency Board é um regime de câmbio fixo no qual o Governo não tem liberdade para variar sua taxa de câmbio, e a função de emissão de moeda não é do Banco Central. Gabarito: “b” 17. (2002/CESPE/SENADO FEDERAL/Consultor Legislativo) Julgue o item em seguida. Em um regime de câmbio fixo, a quantidade de reservas internacionais possuídas pelo Banco Central do Brasil (BACEN) não afeta as expectativas dos agentes econômicos com relação a manutenção da estabilidade da taxa de câmbio. Comentários: Pelo contrário! Os agentes sabem que, caso as reservas internacionais estejam baixas, o Banco Central terá dificuldades para manter a taxa de câmbio fixa. Dessa forma, a previsibilidade proporcionada pelo regime de câmbio fixo fica prejudicada. Gabarito: Errado 18. (2010/VUNESP/CEAGESP/Analista – Economia) O regime cambial em que é estabelecido um valor máximo e mínimo para a taxa de câmbio, e quando ela está entre estes dois valores flutua livremente, é denominado regime de a) bandas cambiais. b) câmbio flutuante. c) câmbio fixo. d) minidesvalorizações. e) maxidesvalorizações. Comentários: Questão conceitual: o regime que define um teto (valor máximo) e um piso (valor mínimo) para a taxa de câmbio define uma banda cambial na qual a taxa pode oscilar. Celso Natale Aula 12 SEFAZ-CE - Economia - 2021 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 189407943058525869 - Avelino Souza bezerra 35 Gabarito: “a” 19. (2014/VUNESP/DESENVOLVE/Economista) A política na qual o governo abre mão da política monetária no caso de perfeita mobilidade de capitais é a política de: a) metas inflacionárias. b) taxas de câmbio flutuantes. c) taxas de câmbio fixas. d) mini desvalorizações cambiais. e) bandas cambiais. Comentários:A mais importante entre as desvantagens do câmbio fixo é a perda da autonomia da política monetária. Por isso, a alternativa “a” é nosso gabarito. Se houver mobilidade de capitais, ou seja, se a moeda estrangeira puder entrar e sair do país sem grandes problemas, esse fluxo ocorrerá o tempo todo, e o Banco Central precisará comprar e vender moeda estrangeira o tempo todo. Portanto, sob câmbio fixo, o Banco Central perde a autonomia na condução da política monetária, que passa a ser passiva em relação ao mercado de câmbio. Perceba que essa desvantagem é relativizada pela capacidade que a âncora cambial tem de manter o nível de preços sob controle, mas a política monetária não serve apenas para isso. É interessante notar que também há certa perda de autonomia em “bandas cambiais” (letra “e”), mas diante da alternativa “c” e do termo “abre mão” no enunciado, nosso caminho fica mais claro. Gabarito: “c” 20. (2007/CESPE/TCU/Auditor) Julgue o seguinte item. Sob o sistema de câmbio flexível, o governo obriga-se a modificar o câmbio de acordo com a paridade do poder de compra. Comentários: Nada disso. Essa definição combinaria com um crawling peg. No câmbio flexível, há justamente a ausência de compromissos relativos ao câmbio. Gabarito: Errado Celso Natale Aula 12 SEFAZ-CE - Economia - 2021 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 189407943058525869 - Avelino Souza bezerra 36 21. (2007/CESPE/TCU/Auditor do Tribunal de Contas da União) Julgue o seguinte item. No regime de câmbio fixo, há maior estabilidade da taxa de câmbio real. Comentários: Não... no regime de câmbio fixo a taxa fixa é a nominal. A taxa de câmbio real poderá variar normalmente, de acordo com a relação entre os preços internos e externos (inflação no país e inflação no exterior). Gabarito: Errado 22. (2007/CESPE/TCU/Auditor do Tribunal de Contas da União) Em um mundo onde o comércio entre países é cada vez mais intenso, o estudo da economia internacional é crucial para o entendimento das questões econômicas. Com relação a esse assunto, julgue os itens A fixação das taxas de câmbio reduz os riscos inerentes ao comércio internacional, porém, sacrifica a capacidade do Banco Central de utilizar políticas fiscais e monetárias para garantir a estabilidade econômica. Comentários: Essa questão foi considerada correta e não foi anulada! Perceba que como o Banco Central fica comprometido em manter a taxa de câmbio no patamar determinado, perde sua capacidade de utilizar a política monetária como instrumento de estabilidade econômica. Contudo, não é o Banco Central quem conduz a política fiscal! Eu sei que não é justo, mas é bom que você conheça esse tipo de questão. Gabarito: Certo 23. (2007/CESPE/TCU/Auditor do Tribunal de Contas da União) Julgue o seguinte item. No regime de câmbio fixo, os bancos centrais ficam a postos para comprar e vender a própria moeda a um preço fixo, expresso em dólares (ou em outra moeda tomada como padrão). Comentários: Exatamente isso. Caso haja pressão de demanda pela moeda estrangeira, causando alta em seu preço, o Banco Central deve intervir ofertando essa moeda, a fim de manter o câmbio fixo. Gabarito: Certo Celso Natale Aula 12 SEFAZ-CE - Economia - 2021 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 189407943058525869 - Avelino Souza bezerra 37 24. (2018/IADES/APEX/Analista - Prospecção de Projetos) A taxa de câmbio é uma medida de conversão entre moedas e depende de diversos fatores conjunturais e estruturais que influenciam a respetiva variação ao longo do tempo. Uma das consequências, para a economia do país, quando a moeda nacional está desvalorizada, é o a) aumento das importações. b) aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) nas operações de turismo. c) aumento de viagens dos residentes ao exterior. d) crescimento das sobretaxas aos produtos importados. e) impacto no crescimento da inflação. Comentários: A moeda nacional desvalorizada significa que “o dólar está caro”. Com isso, importações e viagens ao exterior ficam mais caras, desestimulando essas atividades, e tornando as alternativas “a” e “c” incorretas. O aumento do IOF ou o crescimento de sobretaxas não guarda relação direta com o câmbio, e é até mesmo contraproducente por parte do governo tomar essas iniciativas, o que torna as alternativas “b” e “d” também incorretas. Nosso gabarito, a letra “c”, está correta em afirmar que a inflação tende a crescer, pois, com menor concorrência dos produtos estrangeiros, pelos motivos explicados no começo destes comentários, os produtos domésticos têm mais liberdade para terem seus preços elevados. Gabarito: “e” 25. (2018/VUNESP/IPSM SJC/Analista de Gestão Municipal – Economia) A taxa de câmbio de um país é o preço da moeda nacional em relação a uma moeda estrangeira, em geral o dólar. Em um contexto de câmbio flexível, se aumentada a entrada de capitais externos, a) a moeda nacional tende a se valorizar e a balança comercial tende a ter deficit. b) a moeda nacional tende a se desvalorizar e a pressionar a inflação. c) a moeda nacional tende a permanecer inalterada e as reservas internacionais tendem a aumentar. d) a moeda nacional irá se valorizar e o preço das commodities internacionais aumentarão. e) aumenta o risco de investimento no país. Comentários: Se aumenta a oferta de dólares, por exemplo, o preço cai. Se o preço cai, significa queda da taxa de câmbio, valorização da moeda nacional. Com câmbio flexível, essa valorização se efetiva, e isso nos deixa entre “a”, “d” e “e”. Celso Natale Aula 12 SEFAZ-CE - Economia - 2021 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 189407943058525869 - Avelino Souza bezerra 38 A alternativa “a” é o gabarito, pois a moeda fortalecida favorece importações e desfavorece exportações, ou seja, tende a reduzir o saldo da balança comercial, embora eu considere dizer que “tende a ter déficit” um pouco exagerado. Afinal, e se houvesse, antes, um superávit enorme? Nesse caso, tenderia apenas a reduzir o superávit. A alternativa “b” está errada também por causa do estímulo às importações: com maior competição externa, os produtores nacionais tendem a segurar mais seus preços. Cabe ressaltar que a alternativa “e” está errada, mas não completamente. Uma das coisas que eleva o risco de investir em determinado país é instabilidade cambial, ou seja, se a moeda de um país oscila muito, os investidores consideram mais arriscado investir nesse país. Então, qualquer oscilação na moeda, mesmo que positiva, tende a aumentar o risco de investir no país, mesmo que de forma ínfima. Então, ainda bem que a alternativa “a” estava “mais certa”. Gabarito: “a” 26. (2016/FCC/COPERGÁS/Economista) Considere a situação em que um país enfrenta desequilíbrios que levam a uma pressão de desvalorização da moeda local frente às moedas internacionais. Considere também que esse país tem uma economia aberta, com livre movimento de capitais, tendo implantada uma política de câmbio fixo. É correto afirmar que a) os desequilíbrios são ajustados rapidamente, uma vez que o regime cambial deixa de requerer intervenções do Banco Central. b) o Banco Central deve contar com moeda estrangeira em nível suficiente para enfrentar situações de excesso de demanda por esta. c) a autoridade deve atuar primeiramente sobre os efeitos da balança comercial, já que as movimentações financeiras internacionais são consideradas fora desse regime cambial. d) o Banco Central terá mais liberdade que no câmbio flutuante, pois não precisará comprar moeda estrangeira, quando a oferta desta é muito maior que a demanda. e) a intervenção da autoridade se dará por meio de banda cambial que terá variação diária, cuja efetividade é alcançada se a banda for determinada em parceria com os bancos centrais dos países vizinhos. Comentários: Em caso de excesso de demanda por moeda estrangeira, a taxa de câmbio tendea valorizar. Para manter o câmbio fixo estipulado, o Banco Central precisará atender a essa demanda excessiva, ofertando moeda estrangeira. Para isso, evidentemente, ele precisará possuir estoque de divisas suficiente, exatamente como afirmado na alternativa “b”. Gabarito: “b” Celso Natale Aula 12 SEFAZ-CE - Economia - 2021 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 189407943058525869 - Avelino Souza bezerra 39 27. (2016/CEBRASPE-CESPE/TCE-SC/Auditor Fiscal de Controle Externo) Com relação aos instrumentos de política fiscal, monetária e cambial, julgue o item que se segue. No currency board, a quantidade de moeda em circulação passa a depender do montante líquido de divisas detido pelo país, eliminando, no nível doméstico, as funções clássicas do banco central. Comentários: Um conselho de moeda , ou currency board tem a função de trocar moeda nacional (que ele próprio emite) por moeda estrangeira a uma taxa fixa, e vice-versa. É um arranjo mais comum em países com baixa credibilidade. Para tanto, o país precisa ter reservas na exata proporção da moeda doméstica em circulação, e a adoção desse regime faz com que a moeda nacional seja apenas uma perfeita substituta da moeda estrangeira. Na prática, é um regime de câmbio fixo no qual o Governo não tem liberdade para variar sua taxa de câmbio, e o Banco Central perde sua função clássica de emissão de moeda. Gabarito: Certo 28. (2014/VUNESP/SP-URBANISMO/Analista - Financeira e Orçamentária) Se a taxa de câmbio em 1.º de janeiro de 2015 é de R$ 2,00/US$, a inflação no Brasil no ano de 2015 é 8%, enquanto a inflação do resto do mundo é 20%, a taxa de câmbio em 1.º de janeiro de 2016 que mantém a paridade de poder de compra de um ano antes é, aproximadamente. a) R$ 1,80/US$. b) R$ 2,00/US$. c) R$ 2,16/US$. d) R$ 2,40/US$. e) R$ 2,56/US$. Comentários: Essa questão tem alguns problemas técnicos, mas não é obscuro o que a banca “quis dizer”. Sendo assim, começamos definindo que em 1º de janeiro de 2015 o índice de preços nacional era de 100 enquanto o índice de preços internacional era de 50 (poderiam ser quaisquer números, desde que um fosse o dobro do outro). Dessa forma, os R$2 (100/50) compram a mesma quantidade de bens no Brasil ou no exterior. Em 2016, o índice de preços nacional passa a ser 108 por causa da inflação, enquanto no resto do mundo o índice passa a ser 60. Agora, a taxa de câmbio que mantém a paridade é 1,80 (108/60). Celso Natale Aula 12 SEFAZ-CE - Economia - 2021 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 189407943058525869 - Avelino Souza bezerra 40 Perceba também que se a inflação internacional foi superior à inflação doméstica, só poderia haver valorização da taxa de câmbio, e assim apenas a letra “a” poderia ser o gabarito. Gabarito: “a” 29. (2006/FCC/BNB/Economista) Os principais fatores a determinar o saldo da balança comercial são: o nível de renda da economia e do resto do mundo, a taxa de câmbio e os termos de troca. Sobre o assunto, é possível afirmar que: a) quanto mais valorizada a moeda nacional em relação às moedas estrangeiras, menor a competitividade dos produtos nacionais, e, portanto, maior o estímulo às exportações e o desestímulo às importações. b) quanto menor a renda do país, menor será a demanda por produtos importados; logo, piora o saldo da balança comercial. c) quanto menor a renda do resto do mundo, menor a demanda por produto do país, melhorando o saldo da balança comercial. d) quanto melhores os termos de troca, isto é, quanto mais caros forem os produtos exportados em relação aos produtos importados, melhor será o saldo da balança comercial. e) quanto mais desvalorizada a moeda nacional em relação às moedas estrangeiras, maior a competitividade dos produtos nacionais e, portanto, maior o desestímulo às exportações e o estímulo às importações. Comentários: O saldo da Balança Comercial é dado por X-M. Os termos de troca são dados por X/M. Dessa forma, quanto melhores forem os termos de troca, melhor será o saldo da balança comercial. Gabarito: “d” 30. (2016/CESPE/TCE-PA/Auditor de Controle Externo) Com referência aos planos econômicos adotados pelo Brasil após 1950 e às diversas estratégias de estabilização adotadas na economia brasileira, julgue o item a seguir. A melhora das exportações brasileiras após 1983 resultou das vantagens dos termos de troca, decorrentes do aumento do preço do petróleo e da redução dos preços das commodities no mercado internacional. Comentários: Apesar de ser, aparentemente, assunto de Economia Brasileira, basta saber que o Brasil é um grande exportador de commodities e importador de petróleo para concluir que tal movimento não pode trazer vantagens nos termos de troca. Pelo contrário. Celso Natale Aula 12 SEFAZ-CE - Economia - 2021 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 189407943058525869 - Avelino Souza bezerra 41 Gabarito: Errado 31. (2014/CEBRASPE-CESPE/CACD/Diplomata) Acerca dos fluxos internacionais de bens e capital, dos regimes de câmbio e da relação câmbio- juros, julgue (C ou E) o item a seguir. A política de desvalorização da moeda nacional, que cria a necessidade de mais unidades de moeda nacional para manter a equivalência com uma unidade de moeda estrangeira, resulta em aumento das exportações, diminuição das importações e proteção do mercado interno contra a competição externa. Comentários: Desvalorizar a moeda significa elevar a taxa de câmbio, ou seja, tornando necessário um volume maior de moeda nacional para adquirir a mesma quantidade de moeda estrangeira. Então, a primeira parte da questão está correta. Vejamos as demais afirmações: ► aumento das exportações: verdade! Os exportadores brasileiros adoram quando o real perde valor. Afinal, eles vendem a dólar, mas pagam suas contas com reais. Para eles, é um ótimo negócio. ► diminuição das importações: também é verdade. Afinal, fica mais “caro” importar, então as pessoas comprar menos produtos estrangeiros. ► proteção do mercado interno contra a competição externa: é uma consequência do item anterior. Se fica mais difícil importar, as famílias e as empresas compram mais do mercado doméstico. Portanto, tudo perfeito nessa questão. Gabarito: Certo 32. (2019/IADES/CACD/Diplomata) No que concerne a regimes de câmbio e a determinantes da política cambial, julgue o item a seguir. Ao alienar reservas em moeda estrangeira, o Banco Central reduz a oferta de moeda doméstica disponível. Na ausência de operações de esterilização compensatórias, essa transação poderia ter como resultado a depreciação da moeda doméstica. Comentários: Quando o BC aliena (vende) moeda estrangeira, ele diminui a oferta de moeda doméstica, até aí a questão já está certa. Afinal, ele está colocando moeda estrangeira no mercado e retirando reais da economia. E a quantidade de reais na economia é a própria oferta doméstica. Celso Natale Aula 12 SEFAZ-CE - Economia - 2021 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 189407943058525869 - Avelino Souza bezerra 42 Contudo, essa operação aumenta a oferta de moeda estrangeira, e isso tende a apreciar a moeda doméstica. Afinal, os reais se tornam mais escassos e, portanto, mais valiosos. Na ausência de operações de esterilização, que poderia ser, por exemplo, algum tipo de política monetária expansionista, a apreciação da moeda doméstica é o resultado. Gabarito: Errado 33. (2015/CEBRASPE-CESPE/CACD/Diplomata) Considerando que, ao se analisar a formação de preços no mercado cambial, constata-se a existência de dois tipos básicos e de diversos tipos intermediários de regimes cambiais, julgue (C ou E) o item a seguir. No sistema conhecido como crawling band, fixa-se uma faixa dentro da qual a cotação da moeda pode flutuar livremente; o piso e o teto não podem ser alterados durante todo o período em que o sistema for adotado. Comentários: A crawling band é uma
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