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UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO CURSO DE ENGENHARIA QUÍMICA RENATO LUIZ DE SOUZA JUNIOR RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM ENGENHARIA QUÍMICA Canoas, Junho de 2014. DADOS DE IDENTIFICAÇÃO ESTAGIÁRIO Nome: Renato Luiz de Souza Junior Número acadêmico: E-mail: renatojuniornh@hotmail.com EMPRESA OU INSTITUIÇÃO Razão social: BRASKEM S.A Caracterização Jurídica: CNPJ 42.150.391/0001-70 Endereço: Polo Petroquímico de Triunfo PERÍODO DE REALIZAÇÃO Relatório referente ao período de 19/03/2014 à 17/06/2014. ÁREA ONDE FOI DESENVOLVIDO O ESTÁGIO Área de atuação: Unidade de Petroquímicos Básicos O estágio foi desenvolvido na Unidade de Olefinas I, no Setor de Operação com atividades voltadas à Engenharia de Produção. ORIENTAÇÃO E SUPERVISÃO Coordenador de estágio: Prof. Émerson Alberto Prochnow Orientador de estágio: Prof. Luis Sidnei Barbosa Machado Supervisor local de estágio: Eng. Guiomar Gräff Canoas 2014 SUMÁRIO INTRODUÇÃO ................................................................................................... 3 1 A EMPRESA ................................................................................................... 4 2 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS .................................................................. 13 CONCLUSÃO ................................................................................................... 32 REFERÊNCIAS ................................................................................................ 33 INTRODUÇÃO O presente relatório descreve as atividades desenvolvidas na área de Engenharia Química - Setor de Produção da Unidade de Olefinas I, na Unidade de Insumos Básicos do Rio Grande do Sul, empresa de 1ª Geração Petroquímica pertencente à Braskem S.A, no período de março a junho de 2014. O estágio foi realizado em horário de turno concomitante às atividades já praticadas mas com constante supervisão do Engenheiro Estéfano Serpa Konzen, e do Professor Engenheiro Luis Sidnei Barbosa Machado, orientador da disciplina de Estágio Supervisionado. A unidade de Olefinas I é subdividade em Área Fria e Area Quente, na qual o estágio teve ênfase na Área Fria bem como todas as atividades realizadas foram direcionadas para equipamentos e variáveis relacionadas a mesm, assim sendo possível a aplicação dos fundamentos teórico e prático adquiridos no decorrer do curso de graduação. Neste relatório serão feitas a descrição e um breve histórico da empresa e, também, detalhadas as atividades desempenhadas e as ferramentas utilizadas no período de estágio. 1 A EMPRESA Com atuação no setor químico e petroquímico, a Braskem se destaca no cenário global como a maior produtora de resinas termoplásticas das Américas. Sua produção é focada nas resinas termoplásticas polietileno (PE), polipropileno (PP) e policloreto de vinila (PVC), além de insumos químicos básicos, como eteno, propeno, butadieno, benzeno, tolueno, cloro, soda e solventes, entre outros. Esses produtos compõem um dos portfólios mais completos do mercado, ao incluir também produtos diferenciados produzidos a partir de matérias primas renováveis. As unidades industriais da Braskem concentram-se no Brasil, Estados Unidos e Alemanha, países onde a companhia também mantém escritórios para condução de seus negócios. Possui, ainda, escritórios e bases comerciais na Argentina, México, Peru, Venezuela, Chile, Colômbia, Holanda e Cingapura. A Braskem tem como premissa uma atuação responsável e ativa em linha com o desenvolvimento sustentável e conta com uma estrutura diferenciada, com suporte de Centros de Tecnologia & Inovação, modernos laboratórios, assistência técnica e uma equipe composta por profissionais multidisciplinares. Figura 1: Unidade da Braskem em Camaçari. Fonte: Braskem, 2010. 1.1 HISTÓRICO DA EMPRESA A Odebrecht, multinacional brasileira, focada no ramo da construção civil, decide entrar no setor petroquímico, o que ocorre em 1979, um ano depois da inauguração do Pólo Petroquímico de Camaçari (BA). O início de sua trajetória na petroquímica foi a compra de um terço do capital votante da Companhia Petroquímica de Camaçari (CPC), produtora de PVC. Em 1984, a Odebrecht adquire participação no capital da Salgema, de Alagoas, fabricante de cloro soda, e em outras empresas: Poliolefinas (produtora de polietilenos); PPH (fabricante de polipropileno) e na Unipar (holding de empresas petroquímicas). Assim, nasce a Odebrecht Química S.A., com a missão de administrar as participações e investimentos do grupo no setor. Na década de 1990, o governo brasileiro inicia o processo de privatização do setor petroquímico. A Odebrecht compra parcela significativa da Copesul (Central de Matérias-Primas do Pólo Petroquímico do Rio Grande do Sul) e passa a integrar o grupo de controle. A partir daí, várias novas aquisições, no âmbito do Programa Nacional de Desestatização (PND) foram alargando a estatura da Odebrecht na petroquímica. A empresa compra o controle da PPH, da Poliolefinas, da Salgema e da CPC. A Odebrecht integra a PPH e a Poliolefinas, criando a OPP Petroquímica S.A. Integra, também, a Salgema e a CPC, criando a Trikem S.A., a primeira integração vertical do setor no país. Em parceria com o Grupo Mariani, a Odebrecht adquire, em 2001, o controle da Copene (Central Petroquímica de Camaçari), no estado da Bahia, e inicia um processo de integração de ativos, de primeira e de segunda geração, inédito no Brasil. Em 2002 nasce a Braskem, como petroquímica líder na América Latina, com unidades industriais e escritórios no Brasil, além de bases comerciais nos Estados Unidos e Argentina. A formação da empresa ocorreu a partir da integração de seis empresas: Copene, OPP, Trikem, Nitrocarbono, Proppet e Polialden. Ainda em 2003, a Braskem conclui a incorporação de empresas controladas (OPP Química, Nitrocarbono e Trikem). Em 2007, a Braskem adquire os ativos petroquímicos do Grupo Ipiranga, um importante movimento de mercado que deflagrou a consolidação do setor petroquímico brasileiro onde Petrobras, Grupo Ultra e Braskem fecham acordo para adquirir esse Grupo. Em um importante movimento de mercado, Braskem conclui negociação para aquisição da Quattor, em 2010. Outro movimento de grande relevância para a internacionalização da empresa foi a aquisição e incorporação dos ativos de polipropileno da norte-americana Sunoco Chemicals. Com essa operação, a Braskem inaugura operações fora do Brasil (BRASKEM, 2012). Figura 2 – Unidade de insumos básicos BA. Fonte: Braskem, 2010. 1.2 UNIDADES INDUSTRIAIS Com sede administrativa em São Paulo, a Braskem opera 28 unidades industriais em São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Bahia e Alagoas. A produção é focada em polipropileno (PP), polietileno (PE) e policloreto de vinila (PVC), assim como diversos produtos químicos e petroquímicos utilizados pelos mais variados segmentos da indústria. Além disso, no Brasil estão duas das três unidades do Centro de Inovação & Tecnologia da empresa, equipadas com recursos avançados para apoiar pesquisas de ponta, geração de amostras para testes e criação de novas soluções para Clientes e aprimoramento de produtos, tecnologias e processos já existentes. As Centrais de Petroquímicos Básicos da Braskem S.A., chamadas de Centrais de Primeira Geração, ou Unidades de Insumos Básicos (UNIB’s) localizam-se no Rio Grande do Sul, na cidade de Triunfo, em São Paulo, no ABC paulista, no Rio de Janeiro, na cidade de Duque de Caxias e na Bahia, na cidade de Camaçari. Essas Centrais são responsáveis pela produção de produtos petroquímicos derivadosdo craqueamento da Nafta, um sub-produto do petróleo. A Nafta é oriunda de Refinarias de petróleo tanto do Brasil quanto dos mais diversos países. As Centrais de Polímeros, chamadas de Centrais de 2ª Geração ou Unidades de Polímeros (UNIPOL’s), localizam-se em Triunfo (RS), Duque de Caxias (RJ), Marechal Deodoro (AL), Camaçari (BA), Cubatão, Paulínia, Mauá e Santo André (SP). Estas centrais são responsáveis pelo processamento e polimerização dos petroquímicos básicos nos mais variados tipos de resinas. Fazem parte da empresa, ainda, a Unidade Industrial de Cloro Soda, na cidade de Maceió (AL), além das Unidades Industriais dos Estados Unidos e Alemanha (BRASKEM, 2012). Figura 3 – Parque de esferas da Unidade de Insumos Básicos RS. Fonte: Braskem, 2010. 1.3 UNIDADE DE PETROQUÍMICOS BÁSICOS-RS A Braskem/UNIB-RS, empresa de primeira geração petroquímica teve origem da compra de ativos da empresa Copesul pelo grupo Braskem. A Copesul teve sua fundação no ano de 1978, sendo incorporada pela Braskem em 2005. A primeira geração é responsável pelo ciclo de negócios ligados à produção de matérias-primas básicas como eteno e propeno, fundamentais para a segunda geração, que cuida das resinas termoplásticas. As indústrias de Primeira Geração são as produtoras de petroquímicos básicos, produtos resultantes da primeira transformação de correntes petrolíferas (nafta, gás natural, etano etc.) por processos químicos como craqueamento a vapor, pirólise, reforma a vapor, reforma catalítica, destilação, extração líquido-líquido, etc. Os principais produtos primários são as olefinas: eteno, propeno e butadieno e os aromáticos: benzeno, tolueno e xilenos. Secundariamente, são produzidos ainda solventes e combustíveis (BRASKEM, 2009). A UNIB/RS subdivide-se em algumas Unidades das quais são elas: Unidade de Olefinas: Produz as principais commodities da indústria de 1ª Geração: eteno e propeno. Essa unidade transforma a nafta (ou condensado e GLP) em eteno, propeno, além das correntes de hidrocarbonetos gasosos com mais de quatro carbonos e as correntes líquidas, com cinco carbonos ou mais. A nafta recebida é primeiramente separada em frações e derivados, através dos processos de destilação atmosférica e a vácuo. As frações mais leves desta destilação serão purificadas por reação com hidrogênio (hidrotratamento), que remove as impurezas, para que posteriormente suas moléculas sejam quebradas rapidamente em altas temperaturas na pirólise, resultando, após separações especiais, principalmente em eteno e propeno. As frações mais pesadas da destilação são encaminhadas para a Unidade de Aromáticos, responsável por seu tratamento. Essas correntes são tratadas através de hidrogênio em altas temperaturas e pressões. Unidade de Aromáticos: faz o processamento das correntes gasosas e líquidas oriundas da Unidade de Olefinas, que após uma série de fracionamentos, resultam em produtos como o benzeno, tolueno, xileno, 1,3- butadieno, ETBE. Unidade de Utilidades: é a responsável pelo suprimento de água, vapor, energia elétrica e gases especiais (gás inerte, ar comprimido), imprescindíveis ao funcionamento da UNIB/RS e do Polo Petroquímico de Triunfo. Unidade de Transferência e Estocagem: responsável pela estocagem, em tanques e esferas, e deslocamento dos diversos produtos gasosos e líquidos oriundos das Unidades de Produção da UNIB/RS (BRASKEM, 2009). Figura 4: Unidade de insumos básicos RS. Fonte: Braskem, 2010. 1.3.1 Unidade de Olefinas A unidade de Olefinas I tem esse nome pois foi a primeira unidade de Olefinas no Polo Petroquímico do Sul a ser construída. A Olefinas I tem como matéria prima principal a Nafta que é proveniente, sobretudo da Refinaria Alberto Pasqualine (REFAP) e de refinarias localizadas principalmente no Oriente médio e são transportadas através de navio para a Braskem. Nessa unidade é onde se produz, separa e purifica os principais produtos produzidos pela Unidade de Insumos Básicos do RS. Como por exemplo, a Unidade de Olefinas tem o objetivo de produzir eteno, propeno e hidrogênio, basicamente. As correntes excedentes são encaminhadas para a Unidade de Aromáticos, que subdivide-se em Aromáticos-Líquidos e Aromáticos-Gases. Essas correntes são separadas através de Operações Unitárias e transformadas em produtos para a empresa. A Nafta chega até a Unidade através de gasoduto construído da REFAP até a Braskem ou então é enviada por navios quando esta é importada. Essa matéria prima é estocada em uma área específica para este fim na qual pertence a administração da unidade de Olefinas I. A Unidade de Aromáticos – Líquidos é responsável pela produção e tratamento das correntes denominadas de “gasolinas de pirólise”, oriundas da Unidade de Olefinas. Essas correntes são compostas de hidrocarbonetos com cadeias de cinco carbonos ou mais, possuindo Pontos de Ebulição intermediários, tornando-os líquidos a temperatura ambiente. Essas correntes são tratadas na Área de Hidrogenação de Gasolina de Pirólise (PGH) que promove a hidrogenação de cadeias lineares insaturadas, na presença de hidrogênio, em reatores de leito fixo, com catalisadores de Níquel, na forma de óxido de Níquel - que promove a primeira hidrogenação das ligações saturadas, Niquel-Molibdênio e Cobalto-Molibdênio, na forma de sulfetos, que fazem a hidrogenação de alguma ligação insaturada restante e também fazem a dessulfurização dos compostos de enxofre presentes na carga. As correntes são, então, separadas em Torres de Destilação Atmosférica e a Vácuo, dependendo do Ponto de Ebulição dos compostos a serem separados (BRASKEM, 2009). As diferentes correntes provenientes da PGH são enviadas, então, para Área de Transferência e Estocagem. As correntes alifáticas são enviadas como componentes da “Gasolina Comercial”, cuja formulação é feita na própria Área de Transferência e Estocagem e, posteriormente, vendida para comercialização. As correntes aromáticas são enviadas para Área de Extração de Aromáticos, que faz a separação do BTX (benzeno, toluneno, xilenos, C9) em um processo de extração líquido-líquido com o solvente Sulfolane®. Essa corrente de BTX é enviada para Área de Fracionamento de Aromáticos, que faz a separação desses diversos produtos. Parte da corrente de BTX pode, ainda, ser enviada para Área de Hidrodesalquilação de Aromáticos, que faz a conversão de cadeias aromáticas C7+ em benzeno, conforme a demanda de mercado. A Unidade de Aromáticos – Gases é responsável pela produção e tratamento das correntes gasosas secundárias, oriundas da Unidade de Olefinas. Na Área de Extração de 1,3-butadieno esse hidrocarboneto é obtido através de Destilação Extrativa usando o solvente dimetilformamida (DMF) que altera a volatilidade relativa dos componentes presentes na carga composta por hidrocarbonetos com quatro carbonos ou menos, em relação ao 1,3 butadieno. São, também, produzidos na Unidade de Gases, o etil-terc-butil-eter (ETBE), butano e propano. O ETBE é obtido através da adição de etanol com isobuteno contido numa corrente de hidrocarbonetos com quatro carbonos. A reação é catalisada por uma resina de troca iônica, de estrutura macrorreticular, fortemente ácida, tendo o grupamento SO3H como grupo ativo. A Área de butenos separa uma corrente de 1-buteno em butanos e butenos. A Área de propano faz a hidrogenação de propeno em propano. A Unidade de Aromáticos conta com uma moderna tecnologia de processo, que permite o atendimento de especificações rigorosas de mercados cada vez mais exigentes, até mesmo superando as especificações ASTM. As plantas que produzem ETBE, butenos, 1,3-butadieno, benzeno e tolueno possuem analisadores em linha para acompanhamento da qualidade destes produtos através da análise dos principais parâmetros de especificação.Além disso, amostras destes e dos outros produtos são regularmente analisadas pelo laboratório de controle de qualidade para determinar os demais requisitos de qualidade e, se for o caso, confirmar os resultados dos analisadores em linha (BRASKEM, 2009). Figura 5 – Unidade de produção de butadieno RS. Fonte: Braskem, 2008. 2 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS O estágio possibilitou a compreensão dos princípios relacionados ao sistema de produção e especificação de diversos produtos de uma central petroquímica. Aspectos relevantes de diversas Operações Unitárias, como extração líquido-líquido, destilação extrativa, processos termodinâmicos, escoamento de fluidos, reações de hidrogenação, bem como campanhas de leitos catalíticos, balanço material da unidade, paradas de manutenção e especificação de produtos, foram avaliados. Estudos de desempenho e eficiência energética das unidades, bem como softwares aplicados ao controle e gerenciamento da planta também foram analisados. Na sequência serão descritas as tarefas realizadas durante o estágio supervisionado na Unidade de Aromáticos da UNIB/ RS, da Braskem, juntamente com os recursos utilizados e conhecimentos aplicados e adquiridos. As atividades estarão relacionadas com os aplicativos desenvolvidos. 2.1 ACOMPANHAMENTO DE HAZOP A indústria petroquímica vem em um contínuo desenvolvimento ao longo do tempo, com isso, aumentando a produtividade e a diversidade de produtos gerados. Para que o mercado seja atendido em tempo satisfatório e com a qualidade do produto desejada, as unidades de produção têm tornado seus processos cada vez mais complexos, representando, na maioria das vezes, condições mais severas de operação, como pressão ou temperatura mais elevadas (MATOS, 2009). Para garantir a segurança dos sistemas, análises de perigos e de riscos cada vez mais detalhadas e abrangentes têm sido realizadas, seja por exigência das empresas ou dos próprios órgãos reguladores. O objetivo é obter maior segurança para o processo, garantindo a segurança para funcionários e comunidade, além de reduzir as chances de um acidente com grande impacto ambiental (MATOS, 2009). O Estudo de Perigo e Operabilidade, HAZOP (Hazard and Operability Studies) é uma ferramenta de análise que visa identificar desvios operacionais, ou seja, problemas de operabilidade de uma instalação de processo. Para esta avaliação é utilizada uma metodologia que desenvolve perguntas de forma sistemática e estruturada partindo do uso adequado de um conjunto de palavras guias aplicado a pontos críticos do sistema em estudo. O HAZOP tem como objetivo indagar de modo minucioso e metódico cada segmento de um processo. Para isso, é preciso focalizar em pontos específicos, os nós, buscando reconhecer todos os possíveis desvios das condições normais de operação, identificando as causas responsáveis por tais desvios e as respectivas consequências. Quando já estão verificadas as causas e as consequências, esta metodologia recomenda medidas para controlar e/ou eliminar o perigo, ou ainda reparar o problema de operabilidade da instalação (MIRANDA, 2008). O HAZOP busca identificar os perigos em relação aos problemas de segurança, os quais podem colocar em risco as pessoas e os equipamentos; e também os problemas de operabilidade, aqueles que podem causar perda de produção, afetar a qualidade do produto ou a eficiência do processo. Para a execução de um HAZOP de boa qualidade é preciso a participação de especialistas experientes, informações precisas, detalhadas e atualizadas a respeito do projeto ou processo da instalação a ser analisada (ALBERTON, 1996). O estudo de HAZOP acompanhado nesse estágio foi o da Área de Extração de Aromáticos. A análise realizada no projeto teve por objetivo avaliar os perigos associados ao projeto, reconhecendo os possíveis desvios das condições normais de operação e recomendando medidas preventivas que visem eliminar as causas dos perigos identificados, controlando e até minimizando seus efeitos. Baseando-se na matriz de risco adotada pela Braskem podemos classificar os possíveis desvios das condições normais de operação de acordo com a frequência esperada de ocorrência, severidade do desvio e o risco de ocorrência. Neste estudo foram identificados 138 cenários sendo dois deles de risco médio e 136 de baixo risco, conforme o Quadro 1. Quadro 1: Matriz de Risco Braskem Nesta avaliação foram verificados 15 nós de estudo, os quais estão apresentados no Quadro 2. O Quadro 3 mostra uma das planilhas do estudo do HAZOP realizado na Área de Extração de Aromáticos da Unidade de Aromáticos, que não apresentou desvios em relação às condições normais de operação que resultassem em cenários de risco inaceitáveis pelos critérios de aceitabilidade adotados pela Braskem. Dentre os 138 cenários, apenas dois foram classificados como risco médio, exigindo a proposição de cinco recomendações técnicas e economicamente viáveis para minimizar ou mitigar seu risco. Dentre os cenários de risco baixo, apenas dois foram classificados na categoria de severidade crítica, indicando a necessidade de realização posterior de estudos de vulnerabilidade. Quadro 2: Planilha de identificação dos nós de estudo do HAZOP da Área de Extração de Aromáticos Nó Descrição 1 Linha de carga da unidade saindo da A32 (32TQ02/03/04/05) via 22B01A/B, até 22T01, inclusive. 2 Linha de topo da 22T01 passando pelo 22P01 e 22P03 (casco), até a 22T02, inclusive. Inclui as linhas de desvio do 22P01. 3 Linha de reciclo de água, passando pela 22B03A/B até montante do 22P01 e/ou 22P03 (casco) 4 Linha de fundo da 22T01, passando pelo 22P02A/B/C/D (casco) até a 22T03, inclusive. 5 Sistema de dosagem de anti-espumante: 22V09, 22V06, 22B13A/B até linha de carga para 22T03, a jusante dos 22P02A/B/C/D 6 Linha de topo da 22T03, passando pelo 22P05 (casco) até a 22V02; e, linha do 22V02 (fase HC) passando pela 22B04A/B até 22T01, incluindo a linha de entrada no prato 95 (FIC03), prato 15 e na linha de entrada de carga da 22T01 (FIC02). 7 Linha da bota 22V02 (fase água) passando pela 22B05A/B, e fundo da 22T02 até a entrada da 22T05. 8 Linha de fundo da 22T03 passando pela 22B14A/B, até 22T04, inclusive. 9 Linha de topo da 22T02 passando pela 22B02A/B, até Área Sul e A25. Inclui a Linha de reciclo, e envio de Rafinado para a carga. 10 Linha de topo da 22T04, passando pelo 22P07A/B (casco) até 22V03, via 22B08A/B. 11 Linha da bota do 22V03 (fase água) passando pela 22B07A/B, até 22T02, incluindo a linha de reposição de água pela 22HV01, e, descarte de água pela 22HV02. 12 Linha de reprocesso de solvente dos 22V07 e 22V08, passando pelas 22B09 e 22B10, até 22T03 (envio e retorno). Nota: O alinhamento do 22V08 para reprocesso de solvente no 22V01 (tag da linha: 1 1/2' 22-HC-01-059.1-DA3) não foi considerado no HAZOP, pois este alinhamento nunca foi usado. 13 22P08, linha de topo (vapor de arraste), passando pelo 22V01 e 22P09, até entrada no fundo da 22T04; e,/linha de fundo do 22P08 passando pela 22B12A/B até 22LV08 e entrada da 22T04 e sua linha de circulação. 14 Linha de fundo da 22T04 passando pela 22B06A/B, passando pelo 22P08 (tubos), 22P02A/B/C/D (tubos) e 22FL01 até 22T01. Inclui a linha de solvente até 22V01 (reg. Solvente), e linha de desvio do P02A/B/C/D e linhas do solvente primário, secundário e terciário 15 Sistema de Tocha da A22 e A23 (22V04) Quadro 3: Planilha de estudo de perigos e operabilidade da Área de Extração de Aromáticos Estudo de Perigos e Operabilidade (HAZOP) Sistema: A22 - Extração e Retificação Nó 1: Linha de carga da unidade saindo da A32 (32TQ02/03/04/05) via 22B01A/B, até 22T01, inclusive. Data: 21/05/11 Intenção: Prover C6C8 bi-hidrogenado para a A22 na vazão e composição de projeto, e realizara extração de aromáticos na 22T01. Vazão = 55 t/h (projeto), 54 t/h (normal), Pproj = 12 kgf/cm²g, Pnormal = 12kgf/cm²g; Temperatura = 40º C Referência: UP-22-04-01/6 rev. 37 Desvio Causas Fatores Relevantes Efeitos Cat Sev Cat Freq Cat Risc o Ações / Recomendaçõ es Nov Sev Nov Freq Nov Risco Res p. Nº Fluxo maior Abertura indevida da 22FV01 Atenuantes: - 22FV01 é falha fecha - 22PSV01 - 22PV01 Aumento de pressão na 22T01 ocasionando distúrbios operacionais. BA OC BA 1 Fluxo menor ou nenhum Fechamento indevido da 22FV01 Atenuantes: - 22FIC01 Agravantes: - 22FV01 é falha fecha Queda de pressão na 22T01 ocasionando distúrbios operacionais. BA OC BA 2 Parada da 22B01A/B Atenuantes: - 22B01 possui reserva - 22FIC01 Queda de pressão na 22T01 ocasionando distúrbios operacionais. BA OC BA 3 Bloqueios indevidos a montante da 22B01A/B Atenuantes: - 22FIC01 Queda de pressão na 22T01 ocasionando distúrbios operacionais. BA OC BA 4 2.2 DESENVOVIMENTO DE PLANILHAS AIPR Embora o conceito de risco esteja ainda bastante associado a perigos e impactos negativos, cresce a necessidade das empresas de buscarem através de um controle de perdas a transformação dos riscos em ganhos potenciais para a organização. Nesses últimos anos, está se despertando a consciência de se obter como boa prática de gestão empresarial, um elemento essencial na desenvoltura da Governança Corporativa: um planejamento adequado para gerir os riscos que ameaçam a corporação. Em meio a um conjunto de legislação aplicável, normas certificáveis e outras que contribuem para a gestão de aspectos relativos à qualidade, segurança, meio ambiente e saúde, é de fundamental importância o tratamento específico dos riscos de processo, através de um sistema de gestão, de forma que este não somente venha subsidiar os demais sistemas de gestão corporativos, bem como manter a interação entre eles (MIRANDA, 2008). A organização é segmentada em áreas ou departamentos, com a determinação do respectivo local de atuação de cada departamento, na qual o processo ou tarefa está inserido: Determinação dos processos e tarefas: Cada departamento deve cadastrar os seus processos e tarefas em uma planilha apropriada. Classificação do Aspecto (perigo) /Impacto (dano) de SSMA: conforme preconizam as normas ISO 14001 e OHSAS 18001, os aspectos e impactos, constantes da ISO 14001 e os perigos e danos relacionados na OHSAS 18001, cada processo ou tarefa ao ser cadastrado pela Unidade Operacional no SGI (Sistema de Gestão integrado), terá seu aspecto/impacto associado, e a classificação destes quanto à tipificação devem ser de: segurança, saúde e meio ambiente (MIRANDA, 2008). As planilhas AIPR (Aspectos, Impactos, Perigos e Riscos) são uma metodologia quantitativa aplicada na Braskem para subsídio à Gestão de Riscos Operacionais de Segurança, Meio Ambiente e Saúde. Nas planilhas (Figura 8) foram identificadas as atividades relacionadas relevantes e levantados os aspectos Ambientais, de Saúde e Segurança, sendo relacionados à respectiva legislação aplicável, os documentos normativos associados e as partes interessadas. São identificadas, também, as causas da geração de determinado aspecto e as medidas de controle adotadas, conforme as normas ISO14001 e OHSAS 18001. Figura 6: Planilha AIPR. Fonte: Braskem/2012 2.3 CONSOLIDAÇÃO DE MATRIZ DE CAUSA E EFEITO O sistema de instrumentação e controle da Unidade de Aromáticos era feito por relés de comando e está sendo migrado para um sistema CLP (Controlador Lógico Programável). Os primeiros CLPs foram desenvolvidos inicialmente para a substituição dos sistemas de controle baseados em relés. Desde então, os CLPs evoluíram e são muito utilizados em sistemas de controle em todos os tipos de plantas industriais. Computadores comerciais começaram a ser utilizados como controladores em sistemas de controle de grande porte. Devido ao fato do computador ser programável, este proporciona uma grande vantagem em comparação com a lógica por interligação elétrica, utilizada em sistemas com relés (SEIXAS, 2002). A partir de uma demanda existente na indústria automobilística norte- americana, o Programmable Logic Controller (PLC), ou Controlador Lógico Programável (CLP), foi desenvolvido no início dos anos 70. O CLP é um computador projetado para trabalhar no ambiente industrial. Os transdutores e atuadores são conectados a robustos cartões de interface (SEIXAS, 2002). Atualmente, as plantas industriais normalmente precisam manipular tanto o controle digital quanto as malhas analógicas com o mesmo sistema de controle. Estes sistemas são normalmente chamados de Programmable Controllers, ou Controladores Programáveis, por não serem limitados a operações com condições lógicas (SEIXAS, 2002). Uma característica positiva dos sistemas baseados em relés está na descentralização do controle em um grande número de relés discretos. Como os relés são dispositivos eletromagnéticos, eles têm uma vida útil limitada. Portanto, os sistemas baseados em relés necessitam de uma manutenção contínua. Outra desvantagem destes sistemas é o tempo gasto para alterações na lógica de um sistema existente. Atualmente, os sistemas baseados em relés só são viáveis em sistemas com poucas entradas e saídas e em plantas com um elevado nível de interferência elétrica, onde computadores e CLPs não podem ser utilizados (HAYKIN, 1999). Para realizar a migração desses sistemas, que será feitas por empresas especializadas, sob supervisão das equipes de engenharia de automação da Braskem. Após as etapas de identificação dos sistemas e documentação necessários, foi necessária a elaboração de uma Matriz de Causa e Efeito. A matriz de causa e efeito é uma matriz de processos do QFD (Quality Function Deployment ou Desdobramento da Função Qualidade) usada para relacionar e priorizar as variáveis de processo com os requisitos da área operacional, através de uma ordenação numérica, usando como fonte primária o mapeamento do processo. O objetivo desta matriz é evidenciar as variáveis do processo que estão associadas com as características de qualidade, para auxiliar na identificação das variáveis críticas para a qualidade do produto que devem ser monitoradas e/ou otimizadas. O preenchimento da matriz de causa e efeito permite a visualização da importância de cada variável constituinte do processo. Com o resultado desta matriz se obtém um pareto que pode ser usado como ponto de partida na elaboração de técnicas de análise de riscos, como a FMEA (Análise do Modo e Efeito de Falha), por exemplo, ou técnicas de identificação de perigos, como a “WHAT IF” e planos de controle. (MATOS E TEN CATEN, 2002). Como Matriz de Causa e Efeito foi elaborado um documento que mostra, de forma matricial, os intertravamentos de um sistema e a interferências deles no processo. Permite a visualização de cada parâmetro do processo (variável independente) em cada parâmetro do produto (variável dependente) além de auxiliar na priorização da importância da variável chave de entrada no processo (iniciadores) e de saídas (causas). Durante o estágio foi acompanhado o estudo do índice de importância definido que foi avaliado com base na importância de cada item e aspectos estratégicos da empresa, como impacto nos custos e na produtividade. A escala utilizada teve uma pontuação de 1 a 10, onde a saída mais importante recebeu o número mais alto, conforme exemplo do Quadro 4. 1 1 1 -1 1 -1 2 2 2 -1 2 -1 1 1 3 -1 3 -1 1 1 4 -1 1 1 4 -1 1 5 -1 5 -1 1 1 1 1 1 -1 1 -1 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 1 N O TA Al ar m e 02 4- PA LC I-2 11 .2 (P ai ne lL oc al e no S D C D ) EFEITO Al ar m e 02 4- PA LC I-2 12 .1 n o SD C D Al ar m e 02 4- PA LC I-2 12 .2 n o SD C D Pe rm is sã o de p ar tid a p/ B BA a ux . Ó le o 02 4- B- 01 2. A Pa ra da p / B BA a ux . Ó le o 02 4- B- 01 2. A 1 Li ga B BA a ux . 0 24 -B -0 12 .A n a pa ra da BB A 02 4- B- 00 3. A Pa ra da d o co m pr es so r 0 24 -C -0 02 .A Li be ra çã o do c om pr es so r 0 24 -C -0 02 .A Pa ra da d o co m pr es so r 0 24 -C -0 02 .B 02 4- XS LB -0 12 .A 02 4- XS H B- 01 2. A 02 4- XS C O C -0 02 .A Fe ch a 02 4- SP -0 12 Ab re 0 24 -S P- 01 2 Al ar m e 02 4- PA LC O -2 12 .2 (P ai ne l L oc al ) Al ar m e 02 4- PA LC I-2 11 .1 (P ai ne l L oc al e no S D C D ) CAUSA TA G 02 4- XA C O -0 12 02 4- XA C O -0 13 02 4- TA H C O -0 17 .A 02 4- PA LC O -2 12 .1 D ES C R IÇ Ã O Al ar m e 02 4- XA C O -0 12 (0 20 -C D -0 01 ) Al ar m e 02 4- XA C O -0 13 (P ai ne l L oc al ) Al ar m e 02 4- TA H C O -0 17 .A n o SD C D Al ar m e 02 4- PA LC O -2 12 .1 (P ai ne l L oc al ) Al ar m e 02 4- TA H C O -0 17 .B (P ai ne l L oc al ) Al ar m e 02 4- LA H C O -0 05 .A n o SD C D TAG DESCRIÇÃO FLUXOGRAMA DE ENG. NOTA 02 4- XS C O C -0 02 .A 02 4- XS C O C -0 02 .B 02 4- XS C O C -0 02 .B 02 4- SP -0 12 02 4- PA LC I-2 12 .1 02 4- PA LC I-2 12 .2 02 4- XS LB -0 12 .A 02 4- XS H B- 01 1. A 02 4- XS H B- 01 1. B 02 4- XS C O B- 01 2. B 02 4- TA H C O -0 17 .B 02 4- PA LC O -2 12 .2 02 4- LA H C O -0 05 .A 02 4- PA LC I-2 11 .1 02 4- PA LC I-2 11 .2 02 4- SP -0 12 024-PB-010.A Emergência parada do compressor 024-C-002.A/B HR-D-0024-004-0002- 0001 024-PB-010.B Botoeira p/ parada de emergência HR-D-0024-004-0002- 0001 024-TSHCO-017.A Temperatura alta na saída dos 024-C-002.A HR-D-0024-004-0002- 0001 024-PSLCO-212.1 Pressão baixa do óleo lubrif. do 024-C-002.A HR-D-0024-004-0002- 0001 024-PSLCO-212.2 Pressão baixa de óleo lubrif icante do 024-C-002.B HR-D-0024-004-0002- 0001 024-LSHCO-005 Nível alto 024-V-003 HR-D-0024-004-0002- 0001 024-PSLCI-211.1 Pressão baixa de óleo de lubrif icação de 024-C-002.A 024-PLSCI-211.2 Pressão baixa de óleo de lubrif icação de 024-C-002.B SEM TAG Alarme no painel local 024-LC-002.A/C 024-PSLCI-003.A Pressostato óleo BBA 024-B-003.A HR-D-0024-004-0002- 0001 024-FSLCO-018 Fluxo baixo na saída do 024-C-002.A/B HR-D-0024-004-0002- 0001 024-PB-003 Acionamento sistema de parada de emergência reator SD- 01 024-PB-008 Rearme para 024-TJSHCO-001 024-TSHCO-001 Alarme 024-TSCHO-001 (024-TE-006) HR-D-0024-004-0001- 0001 024-TSHCO-002 Alarme 024-TSCHO-002 (024-TE-018) HR-D-0024-004-0001- 0001 024-TSHCO-003 Alarme 024-TSHCO-003 (024-TE-009.A) HR-D-0024-004-0001- 0001 024-TSHCO-004 Alarme 024-TSHCO-004 (024-TE-007) HR-D-0024-004-0001- 0001 024-TSHCO-005 Alarme 024-TSHCO-005 (024-TE-010.A) HR-D-0024-004-0001- 0001 024-TSHCO-006 Alarme 024-TSHCO-006 (024-TE-008.A) HR-D-0024-004-0001- 0001 024-PSLCO-003.B Pressostato de óleo BBA 024-B-003.B HR-D-0024-004-0002- 0001 Li be ra çã o do c om pr es so r 0 24 -C -0 02 .B Pa rti da d a bo m ba a ux ilia r d e ól eo 0 24 -B - 01 1. A em A ut om át ic o Pa rti da d a bo m ba a ux ilia r d e ól eo 0 24 -B - 01 1. B em A ut om át ic o Pe rm is sã o de p ar tid a p/ B BA a ux . Ó le o 02 4- B- 01 2. B Quadro 4: Matriz de causa e efeito da Unidade de Hidrodesalquilação de Tolueno A matriz de causa e efeito, depois de devidamente preenchida com os itens originários do mapeamento do processo e do diagrama de causa e efeito, foi avaliada e pontuada pelos engenheiros de produção e de processo. Nesta oportunidade foram discutidos os relacionamentos das variáveis de processo com os requisitos de qualidade, para obter-se quantitativamente a importância das variáveis do processo. Após a análise das matrizes de causa e efeito há a necessidade da utilização de uma técnica de identificação dos perigos. Foi realizada, então, uma Análise What If para identificar os possíveis perigos envolvidos na migração do sistema de instrumentação. O procedimento What-If é uma técnica de análise geral, qualitativa, cuja aplicação é bastante simples e útil para uma abordagem em primeira instância na detecção exaustiva de riscos, tanto na fase de processo, projeto ou pré- operacional, não sendo sua utilização unicamente limitada às empresas de processo (ALBERTON, 1996). A finalidade do What-If é testar possíveis omissões em projetos, procedimentos e normas e ainda aferir comportamento e capacitação pessoal nos ambientes de trabalho, com o objetivo de proceder à identificação e tratamento de riscos (ALBERTON, 1996). A técnica se desenvolve através de reuniões de questionamento entre duas equipes. Os questionamentos englobam procedimentos, instalações, processo da situação analisada. A equipe questionadora é a conhecedora e familiarizada com o sistema a ser analisado, devendo a mesma formular uma série de quesitos com antecedência, com a simples finalidade de guia para a discussão. Para a aplicação o What-If utiliza-se de uma sistemática técnico- administrativa que inclui princípios de dinâmica de grupo, devendo ser utilizado periodicamente. A utilização periódica do procedimento é o que garante o bom resultado do mesmo no que se refere à revisão de riscos do processo (ALBERTON, 1996). Da aplicação do What-If resultam a revisão de um largo espectro de riscos, bem como a geração de possíveis soluções para os problemas levantados, além disso, estabelece um consenso entre as áreas de atuação como produção, processo e segurança quanto à forma mais segura de operacionalizar a planta. O relatório do procedimento fornece também um material de fácil entendimento que serve como fonte de treinamento e base para revisões futuras (DE CICCO e FANTAZZINI, 1986). Segundo DE CICCO e FANTAZZINI (1994) existem algumas etapas básicas quando da aplicação dessa técnica: a) Formação do comitê de revisão: montagens das equipes e seus integrantes; b) Planejamento prévio: planejamento das atividades e pontos a serem abordados na aplicação da técnica; c) Reunião de formulação de questões: formulação de questões "O QUE - SE...", começando do início do processo e continuando ao longo do mesmo, passo a passo, prevendo todas as situações possíveis de ocorrer; f) Reunião de respostas às questões (formulação consensual): em sequência à reunião de formulação das questões há o desenvolvimento de respostas escritas às questões. As respostas serão analisadas, sendo cada uma categorizada como: resposta aceita pelo grupo tal como submetida; resposta aceita após discussão e/ou modificação; aceitação postergada, em dependência de investigação adicional. Deve chegar-se ao consenso entre os participantes para o fortalecimento da análise de riscos; g) Relatório de revisão dos riscos do processo: o objetivo é documentar os riscos identificados na revisão, bem como registrar as ações recomendadas para eliminação ou controle dos mesmos. No Quadro 5 está representada uma das análises What If realizadas. Quadro 5: Planilha de análise What- if ANÁLISE “WHAT-IF” EMPRESA: BRASKEM – UNIB 2 RS UNIDADE/ÁREA: AROMÁTICOS DESCRIÇÃO DO SERVIÇO: Migração das A3/4 (Áreas de Gases) para Triconex, com interferência nas áreas em operação (Áreas de Líquidos) DOCUMENTOS DE REFERÊNCIA: - Diagrama de interligação Intools; - Matriz Causa&Efeito A21/122/24 “O que pode ocorrer se” PERIGO IMPACTO/CONSEQÜÊNCIA AO PROCESSO SALVAGUARDAS EXISTENTES RECOMENDAÇÕES Nº. DO CENÁRIO Ocorrer o acionamento indevido do XXPSLCI03B durante a migração dos sinais da A3 dopainel YY Atuação do XXPSLCI03B, levando a uma parada da XXB03B Atuação do intertravamento do SD01, levando a parada da A24 XXB03B possui bomba reserva (XX03A) R1) Confirmar lógica de atuação do 24PSLCI03, conforme descrito na Matriz Causa e efeito. 1 Ocorrer o acionamento indevido do XXLSL14, durante a migração dos sinais Atuação indevida de alarme no painel Geração de alarmes indevidos na A122 Operador ciente das manobras durante a migração R2) Informar ao operador do painel no momento da manobra 2 Ocorrer o acionamento indevido do YYSCI102, durante a migração dos sinais da A3 do painel XX Não partida da XXB02B, em caso de parada da XXB02A Falta de quench para o XXR01B YYB02B disponível para operação R3) Em caso de indisponibilidade da YYB02B, jumpear o YYXSCI102. 3 Ocorrer o acionamento indevido do XXPY74, XXRZSL25 e XXHS25, durante a migração dos sinais da A3 do painel YY Desarme da XXB02B Falta de quench para o XXR01B XXB02A disponível para operação (partida automática), para o caso de atuação do intertravamento e parada da XXB02B R4) Jumpear YYXY01, evitando a atuação da YYROV01. 4 Ocorrer o acionamento indevido do XXLSLL88 durante a migração dos sinais da A03 do painel XX Atuação (fechamento) da XXFV08 e XXLV04 Corte de carga para XXT01 levando a parada da XXT01, e aumento no nível do XXV02 e XXV03, levando liquido para XX21V04, gerando danos aos XXC01 - XXLAH03 (XXV02/03) XLSHCO06 (intertravamento nível alto XXV04) R5) Jumpear XXLSLL88 e XXLSLL90 5 Ocorrer o acionamento indevido do YYXY01, YYXY25 e YYXSCO65, durante a migração dos sinais da A3 do painel XX Desarme da XXB02B Falta de quench para o XXR01B XXB02A disponível para operação para o caso de atuação do intertravamento e parada da 21B02B R6) Jumpear YYXY01, YYXY25 evitando a atuação da YYROV01. 6 2.4 ACOMPANHAMENTO DA CRIAÇÃO DE UM MODELO DE DMC Uma avaliação global das interações entre as operações unitárias, mesmo que preliminar e baseada em heurísticas, sempre fez parte da boa prática de síntese de processos. A partir da década de 1960, no entanto, esta preocupação ganhou muito terreno. Na verdade, a grande mudança foi causada não por uma ideia nova, mas por uma ferramenta nova, o recurso computacional acessível, que revolucionou a abordagem de síntese de processos e permitiu a criação de novas áreas de conhecimento, tanto na matemática quanto na engenharia. A partir de então, tornou-se viável incluir mais de um equipamento na etapa de otimização do processo como um todo, ou seja, aplicar conceitos da área de Engenharia de Sistemas para as Indústrias de Processos, dando origem à área de engenharia de sistemas de processo (VIEIRA et al, 2005). Algumas tarefas típicas da área de engenharia de processo são: dados o fluxograma do processo, as condições de operação e todas as especificações dos equipamentos, projetar o melhor sistema de controle para a unidade. Dados as matérias primas e produtos desejados e informações sobre a cinética das reações, definir o melhor fluxograma de processo. Dados o fluxograma de processo e novas especificações para o produto, definir novas condições de operação e/ou especificações dos equipamentos. Dados o fluxograma do processo, as especificações dos equipamentos e as especificações dos produtos, propor mudanças na unidade de forma a melhorar sua operação e lucratividade. Buscando o aprimoramento da operação e a diminuição de perdas a partir de uma visão global do processo de Aromáticos foram avaliadas a viabilidade da implantação de um sistema de novos controladores multivariáveis, através de DMCs. O controle DMC (Dynamic Matrix Control) é um dos mais populares métodos de modelo de controle preditivo. É especialmente eficiente para sistemas de controle MIMO (multiple-input multiple-output), com múltiplas entrada e saídas. O Controle DMC baseia-se num modelo de resposta discreto time step (tempo de passo) que calcula um valor desejado da variável manipulada que permanece inalterado durante o time step seguinte. O novo valor da variável manipulada, que dá a soma de mínimos quadrados de erro entre o set point e os valores previstos da variável controlada. O número de time steps que o DMC usa para a sua previsão é chamado de "horizonte de previsão" (SCHERER, 2009). A ferramenta DMC é um software específico para controle avançado que tem como principal entrada um modelo matemático que reproduz um equipamento em questão (torre, reator, forno). Dessa forma, a partir de testes na planta industrial os modelos matemáticos são obtidos e depois são aplicados ao software, que interage com o SDCD (Sistema Digital de Controle Distribuído) existente manipulando variáveis críticas do processo automaticamente, através de um sistema de malha fechada (SCHERER, 2009). As principais características do DMC são: a) resposta linear ao degrau como modelo da planta; b) função objetivo quadrática em um horizonte de predição finito; c) saídas futuras da planta são especificadas para rastreamento de set- point; d) entradas ótimas são calculadas como solução de um problema de mínimos quadrados. O modelo de resposta ao degrau utilizado pelo algoritmo DMC relaciona mudanças nas saídas do processo a soma ponderada das entradas passadas, referidas como movimentos de entrada (CORRIOU, 2004). Os pesos das entradas de controle (movimentos de entradas) são os coeficientes da resposta ao degrau. Utilizando o modelo de resposta ao degrau, saídas futuras podem ser calculadas a partir de combinação linear de movimentos de entrada futuros. A matriz de conexão entre as entradas e as saídas é a Matriz Dinâmica. Com esta representação, o vetor ótimo de entradas pode ser calculado analiticamente como a solução a um problema de mínimos quadrados (CORRIOU, 2004). O objetivo do controle DMC é rastrear o set-point no sentido dos mínimos quadrados, penalizando os movimentos de entrada. Isto é equivalente a aumentar a magnitude dos termos diagonais na matriz quadrada de solução antes da inversão, resultando em controle menos agressivo (CORRIOU, 2004). A fim de implantar o controle avançado de processos, as seguintes fases devem ser executadas: coleta de dados, pré-teste, teste, identificação de modelo e comissionamento, segundo o projeto conceitual para implementação de sistema de controle avançado da unidade de Aromáticos relacionadas a seguir: Coleta de dados para o Pré-teste: a coleta de dados para o pré-teste é a fase onde a equipe da execução do projeto adquire informações sobre o controle básico do processo e sobre a operação das unidades. Nesta fase a instrumentação e os controles são identificados por unidade e equipamento, as estratégias de controle básico são estudadas e os problemas principais dos instrumentos e do controle regulatório são identificados. Pré-Teste: o pré-teste é conduzido para determinar as operações atuais da planta. As atividades nesta etapa incluem análises detalhadas do processo, da instrumentação e do controle, e a resolução de alguns problemas encontrados já durante a fase precedente (coleta de dados) e também durante esta mesma fase. A ideia geral no teste preliminar é, após realizar correções no processo, gerar diversos movimentos nas variáveis manipuladas e observar a magnitude dos movimentos que devem ser usados nos testes de planta (etapa posterior), assegurando que as malhas de controle não estejam operando de forma manual e que as estratégias de controle estejam alinhadas. A participação da equipe de instrumentação da planta nesta fase é fundamental. Teste de planta: o teste de planta é a fase a mais importante na implementação de controle avançado. Com uma qualidade elevada e um teste bem conduzido na planta, a correlação e os comportamentos das variáveis dependentes e independentesao longo do tempo (ganhos) são identificados e consequentemente as influências significativas para cada variável controlada são reconhecidas. De fato, o teste de planta fornece o modelo dinâmico empírico da planta. Além disso, a estratégia utilizada no teste de planta permite que a equipe participante do projeto compreenda inteiramente o processo, suas restrições e outras particularidades. Algumas simulações e ajustes de parâmetros também são feitos nesta etapa para aumentar o desempenho do controlador. A fim de se obter um desempenho aceitável da unidade, o operador pode mover qualquer variável independente considerada necessária a qualquer tempo, durante o teste de planta. A única restrição requerida na operação é a de que a estrutura de controle regulatório do teste de identificação da planta seja mantida, e que os movimentos das variáveis independentes não sejam correlacionados uns com os outros. O operador pode decidir o tamanho e a direção da perturbação, de qualquer variável independente, feita durante este teste em degrau. A perturbação deve ser grande o suficiente para que se possa poder medir a resposta, mas não deve ser tão grande que acabe por forçar um movimento compensatório ou desestabilizando a unidade. Identificação do Modelo: os dados do teste de resposta ao degrau são analisados usando-se um programa de identificação para desenvolver um modelo que correlaciona cada uma das variáveis dependentes (controladas) ao conjunto de variáveis independentes. A partir desta análise, um modelo dinâmico acurado descrevendo o comportamento do processo é desenvolvido. Predições do comportamento do modelo com dados de teste de planta são gerados e comparados para validar o modelo. As etapas de coleta de dados e pré-teste e teste de planta foram acompanhadas durante o estágio. O acompanhamento foi referente a Coluna Separadora de Tolueno 23T02, torre de destilação atmosférica da Área de Fracionamento de Aromáticos. A pressão dessa coluna é controlada por selagem com gás inerte (N2) sobre o vaso de refluxo 23V03. Os vapores de topo são condensados no permutador de calor 23P05. O tolueno condensado é parcialmente usado como refluxo para a coluna e parcialmente enviado à Unidade de Hidrodesalquilação, sendo o excesso resfriado pelo permutador de calor 23P11 antes de ser enviado para o tanque de tolueno, a partir do qual, se atingir as especificações requeridas, o tolueno pode ser transferido para tanques de armazenagem final. As colunas são aquecidas por meio de permutadores termossifão 23P06 com vapor de alta pressão dessuperaquecido. O produto de fundo da coluna flui diretamente para a coluna 23T03, Coluna Separadora de Xilenos. O acompanhamento do processo, coleta de dados e pré-teste para implantação do DMC foram realizados através de gráficos do software Aspen. Todo o comando e alterações na planta são realizados pelos operadores de processo através do sistema de controle em malha de processo SDCD (sistema digital de controle distribuído). Figura 7 – Gráfico refluxo x carga da torre. Fonte: Braskem 2012. A variável manipulada foi o refluxo da torre de destilação e observados a influência nas diversas variáveis controladas. A Figura 10 mostra a influência do time step test no fluxo de entrada de carga para a torre. Figura 8 – Gráfico refluxo x vazão de vapor e temperatura do prato de entrada de carga. Fonte: Braskem 2012 A Figura 11 relaciona a influência do time step test na temperatura do prato de entrada de carga da torre de destilação. Refluxo da torre Carga para 23T02 Temperatura do prato de entrada de carga Refluxo da torre Vazão de vapor para o refervedor Figura 9 – Gráfico refluxo x vazão de fundo da torre. Fonte: Braskem 2012 A Figura 12 demonstra a influência do time step test na vazão de vapor para o permutador termossifão, responsável pelo aquecimento da coluna, e da vazão de saída de fundo da torre. O modelo de resposta ao degrau utilizado pelo algoritmo DMC relaciona mudanças nas saídas do processo a soma ponderada das entradas passadas, referidas como movimentos de entrada. Os dados do time step test são utilizados para construção do modelo de resposta de degrau, utilizado na implementação do DMC. Refluxo da torre Vazão de vapor para o refervedor Produto de fundo da torre CONCLUSÃO Na formação do futuro profissional, além dos conhecimentos técnicos agregados, o estágio supervisionado possui grande importância no aspecto do relacionamento interpessoal na Empresa, pela convivência com os diversos profissionais envolvidos, suas formas de trabalho e experiências técnicas. As atividades desenvolvidas na Unidade de Aromáticos da UNIB/RS possibilitaram a complementação dos conhecimentos adquiridos na Universidade, contribuindo assim, para a formação profissional do aluno. Visando sempre a integração do estagiário com os trabalhos executados na empresa, os profissionais que formam o grupo de engenheiros de produção da unidade mostraram-se presentes e prestativos sempre que era necessário e possível. A participação nas atividades relacionadas foi de grande valor para o aprendizado e capacitação do estagiário. REFERÊNCIAS ALBERTON, A. Uma metodologia para auxiliar no gerenciamento de riscos e na seleção de alternativas de investimentos em segurança. Dissertação de mestrado em Engenharia de Produção. Florianópolis, 1996. BRASKEM S.A. (2009) Apostila técnica da Unidade de Aromáticos UNIB/RS. BRASKEM S.A. (2012) Disponível em www.braskem.com.br CORRIOU, J. Process control- theory and applications. França, 2004. DE CICCO, F. FANTAZZINI, M. Prevenção e Controle de perdas – uma abordagem integrada. Fundacentro. São Paulo, 1986. DE CICCO, F. FANTAZZINI, M. A identificação e análise de riscos. Revista Proteção – Suplemento especial n º 2. Novo Hamburgo, abril de 1994. HAYKIN, S. VAN VEEN, B. Sinais e sistemas. São Paulo, 1999. MATTOS, J. Aplicação do HAZOP dinâmico na avaliação de perigo operacional em coluna de destilação de uma planta de separação de ar. Dissertação de mestrado. Rio de Janeiro. Novembro, 2009. MATOS, J. TEN CATEN, C. Utilização da metodologia seis sigma em processos de reação química em batelada. XXII Encontro Nacional de Engenharia de Produção. Outubro, 2002. MIRANDA, M. Metodologia de avaliação de riscos operacionais de segurança, meio ambiente e saúde ocupacional: uma contribuição ao gerenciamento de riscos das organizações. Niterói, 2008. SCHERER, H. Controle preditivo com otimização distribuída aplicada a colunas de destilação. Dissertação de mestrado. Florianópolis, julho de 2009. SEIXAS, C. Evolução dos sistemas de controle. Minas Gerais, 2002. VIEIRA, R. SECCHI, A. BISCAIA, E. Engenharia de sistemas de processo. Fronteiras da engenharia química. Rio de Janeiro, 2005.
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