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Brasília-DF. 
Planejamento e Gerenciamento de 
emerGências, desastres 
 e ePidemias
Elaboração
Luiz Henrique Horta Hargreaves 
Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração
Sumário
APrESEntAção .................................................................................................................................. 4
orgAnizAção do CAdErno dE EStudoS E PESquiSA ..................................................................... 5
introdução ..................................................................................................................................... 7
unidAdE i
EMERGÊNCIA PRÉ-HOSPITALAR ............................................................................................................. 9
CAPÍtuLo 1
SISTEMAS dE EMERGÊNCIA E dESASTRES .................................................................................. 9
CAPÍtuLo 2
TRANSPORTE E EvACuAçãO dE fERIdOS EM APH .................................................................. 29
CAPÍtuLo 3 
SITuAçõES ESPECIAIS EM APH ............................................................................................... 41
unidAdE ii
dESASTRES......................................................................................................................................... 53
CAPÍtuLo 1
fASE PRÉ-IMPACTO ............................................................................................................... 53
CAPÍtuLo 2 
fASE IMPACTO ...................................................................................................................... 63
CAPÍtuLo 3
fASE PóS-IMPACTO (PóS-CRISE) ............................................................................................ 69
unidAdE iii
EMERGÊNCIAS quíMICAS, bIOLóGICAS E RAdIOATIvAS ...................................................................... 76
CAPÍtuLo 1 
dEfINIçõES E CONTExTO dE EMERGÊNCIAS quíMICAS, bIOLóGICAS E RAdIOATIvA .............. 76
CAPÍtuLo 2 
PLANEjAMENTO .................................................................................................................... 85
CAPÍtuLo 3 
TERRORISMO ........................................................................................................................ 95
CAPÍtuLo 4
EPIdEMIAS .......................................................................................................................... 105
rEFErÊnCiAS .................................................................................................................................. 113
4
Apresentação
Caro aluno
A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se entendem 
necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. Caracteriza-se pela 
atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela interatividade e modernidade 
de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da Educação a Distância – EaD.
Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos conhecimentos 
a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da área e atuar de forma 
competente e conscienciosa, como convém ao profissional que busca a formação continuada para 
vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.
Elaborou-se a presente publicação com a intenção de to rná-la subsídio valioso, de modo a facilitar 
sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a 
como instrumento para seu sucesso na carreira.
Conselho Editorial
5
organização do Caderno 
de Estudos e Pesquisa
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos, de 
forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões 
para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar sua leitura mais agradável. Ao 
final, serão indicadas, também, fontes de consulta, para aprofundar os estudos com leituras e 
pesquisas complementares.
A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos 
e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes 
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor 
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita 
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante 
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As 
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Sugestão de estudo complementar
Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, 
discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.
Praticando
Sugestão de atividades, no decorrer das leituras, com o objetivo didático de fortalecer 
o processo de aprendizagem do aluno.
Atenção
Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a 
síntese/conclusão do assunto abordado.
6
Saiba mais
Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões 
sobre o assunto abordado.
Sintetizando
Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o 
entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.
Exercício de fixação
Atividades que buscam reforçar a assimilação e fixação dos períodos que o autor/
conteudista achar mais relevante em relação a aprendizagem de seu módulo (não 
há registro de menção).
Avaliação Final
Questionário com 10 questões objetivas, baseadas nos objetivos do curso, 
que visam verificar a aprendizagem do curso (há registro de menção). É a única 
atividade do curso que vale nota, ou seja, é a atividade que o aluno fará para saber 
se pode ou não receber a certificação.
Para não finalizar
Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem 
ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.
7
introdução
Desastres ocorrem em qualquer lugar do mundo. Muitos sequer podem ser previstos ou 
monitorados. Para esses, a preparação e resposta são essenciais, de tal forma a diminuir os danos e 
as fatalidades. Há, no entanto, diversas situações potencialmente críticas que podem ser prevenidas 
e monitoradas. São os chamados desastres anunciados. Quando ocorrem em países que possuem 
a cultura da prevenção e investem em ações de mitigação, muitas vidas são salvas. No entanto, é 
triste assistirmos centenas e milhares de pessoas morrendo, pela falta de treinamento, de planos de 
emergência, bem como da ausência ou ineficácia de sistemas de alerta e alarme. 
Estudaremos, neste curso, a organização do atendimento pré-hospitalar, bem como situações 
chamadas de especiais, pois trataremos de condições que requerem atendimento altamente 
especializado, como nas emergências biológicas, químicas e radioativas. Nesse contexto, não 
poderíamos deixar de falar, ainda, sobre os desastres propriamente ditos, como: terrorismo e 
epidemias.
Um bom estudo para todos!
objetivos
 » Apresentar os principais conceitos de gerenciamento de crises em situações de 
emergência, desastres e epidemias;
 » Contextualizar o papel do gestor de emergência em eventos críticos, com ênfase na 
utilização de ferramentas como o Sistema de Comando de Incidentes;
 » Capacitar os pós-graduandos no reconhecimento de eventos críticos, bem como 
as fases que antecedem e ocorrem após a crise, apontando as principais ações e 
procedimentos a serem desenvolvidos nesses momentos;
 » Realizar estudo de casos que possam trazer lições aprendidas para ações futuras.
8
9
unidAdE iEMErgÊnCiA 
PrÉ-HoSPitALAr
Quando vemos ambulâncias do SAMU e dos bombeiros realizando socorros de emergência, 
facilmente entendemos a importância e a necessidade do atendimento pré-hospitalar. No entanto, 
esta é uma área deestudo bastante nova em nosso país e mesmo em sistemas mais antigos, como o 
dos paramédicos americanos ou o do SAMU francês. São sistemas diferentes e não devemos cair na 
tentação de querer discutir qual é o melhor. Cada um tem suas peculiaridades, críticas e vantagens. 
O importante é que o sistema funcione.
Neste capítulo, veremos como tudo começou, as diferenças entre os sistemas, falaremos sobre a 
Defesa Civil e sua contextualização na prevenção e resposta aos desastres e eventos críticos.
CAPÍtuLo 1
Sistemas de emergência e desastres
O atendimento pré-hospitalar, ou APH, como é conhecido no Brasil, é uma atividade relativamente 
recente, que data da década de 1960, nos Estados Unidos.
Provavelmente, poderão ser encontrados muitos autores que datam o atendimento pré-hospitalar 
como sendo o correspondente ao das Guerras Napoleônicas, quando o médico militar de Napoleão, 
Dominique Jean Larrey, preocupado com a sorte dos soldados feridos abandonados no campo de 
batalha, desenvolve um sistema de transporte rápido para o atendimento precoce, o que seria um 
protótipo das ambulâncias atuais.
figura 1. dr. dominique jean Larrey
fonte: napoleonbonaparte.wordpress.com
10
UNIDADE I │ EMERGÊNCIA PRÉ-HOSPITALAR
Veículo de transporte (ambulâncias voadoras) de feridos de Dominique Larrey.
figura 2. veículo de Transporte
fonte:< www.newscientist.com>
Esse médico teve, ainda, o mérito de organizar equipes com médicos cirurgiões e ajudantes, que 
eram equipados com materiais para prestação de primeiros socorros. Isso no século XVIII, por volta 
de 1790.
O trabalho do Dr. Larey foi importantíssimo. Certamente, ele revolucionou o atendimento médico 
nos campos de batalha e na chamada “medicina de combate”, mas considerar que o atendimento 
pré-hospitalar tem início com o Dr. Larey é discutível.
O trabalho do Dr. Larey era restrito à atuação em guerras, para atender a soldados feridos. Seus 
conceitos, naturalmente, foram aproveitados, para o aperfeiçoamento em guerras futuras, como 
nos grandes conflitos mundiais e, posteriormente, na Guerra da Coreia e do Vietnã. Entretanto, não 
podemos afirmar que, a partir do século XVIII, o APH passou a ser organizado nos grandes centros 
e a funcionar com objetivo de atendimento de pacientes de forma precoce até a remoção para o 
hospital. Esse conceito só vai surgir na década de 1960, em pleno século XX.
Há muitas ações colocadas em curso, ao longo da história, que inspiraram e contribuíram para 
diversas invenções modernas, mas não podemos fazer uma correlação direta dos fatos, pois há 
um enorme hiato entre a criação das ambulâncias do Dr. Larey e a organização dos serviços pré-
hospitalares. Há quem considere o Dr. Larey como sendo o fundador do SAMU francês, o que é, no 
mínimo, absurdo, pois aquele serviço foi criado, apenas, em 1968, mais de 100 anos depois.
Na verdade, podemos situar o início da organização do atendimento pré-hospitalar na década de 
1960, a partir do trabalho do Dr. Frank Pantridge, na Irlanda. Esse cardiologista foi o primeiro a 
utilizar um desfibrilador portátil e criou o conceito de Unidade Coronariana Móvel, na cidade de 
Belfast. Ex-veterano da Segundo Guerra Mundial, quando, como militar britânico, foi prisioneiro de 
guerra dos japoneses. Em 1967, publicou o artigo A Mobile Intensive-Care Unit in the Management 
of Myocardial Infarction, na conceituada revista Lancet.
11
EMERGÊNCIA PRÉ-HOSPITALAR │ UNIDADE I
figura 3. dr. frank Pantridge
fonte: <http://www.heartsine.com/HeartSine%20story%20images/pantridge.jpg>
figura 4. unidade Coronariana Móvel do dr. Pantridge
fonte: <www.nireland.com/gi4xfr/ambs.htm>
Os americanos, a partir de um artigo publicado na revista Science, em 1966, demonstraram sua 
preocupação com as condições em que os pacientes chegavam aos hospitais, ficando claro que havia 
necessidade de um atendimento pré-hospitalar.
Os franceses, utilizando um modelo em que o atendimento é realizado, inicialmente, por uma central 
de regulação e, a partir da avaliação do médico regulador, despacha o socorro mais adequado, criam 
o SAMU, em 1968. No modelo francês, os médicos urgentistas tripulam as ambulâncias e promovem 
a estabilização do paciente no local do evento.
Os especialistas em reanimação na França são os anestesiologistas, que também são reanimatologistas. 
Na França não há paramédicos.
12
UNIDADE I │ EMERGÊNCIA PRÉ-HOSPITALAR
figura 5. Samu francês
fonte: <flickr.com>
Os americanos, por sua vez, tinham uma realidade diferente dos franceses e dos irlandeses em 
diversos aspectos. O primeiro deles diz respeito à extensão territorial. Os Estados Unidos são 
muito maior do que esses dois países, e isso tinha implicações na formação de equipes médicas. A 
população era muito maior e o salário dos médicos nos Estados Unidos estava entre os maiores do 
mundo. Como colocar médicos em ambulâncias?
A partir desses e de outros questionamentos, os Estados Unidos abrem o primeiro programa de 
residência em Medicina de Emergência, na Universidade de Cincinnati, em 1970, e estabelece 
padrões para o atendimento pré-hospitalar.
Surge, então, a figura dos Técnicos de Emergência Médica (EMT), que são classificados em diferentes 
níveis: básico, intermediário e paramédico. A forma e amplitude de atendimento dos EMTs variam 
de estado para estado americano. Em alguns, eles podem atuar no suporte avançado de vida, com 
base em protocolos, em outros, necessitam de supervisão médica on-line. O paramédico, portanto, 
é o nível mais avançado do EMT e não existe equivalente em nosso país.
figura 6. Símbolo dos EMTs americanos
fonte: <les2secouriste.skyrock.com/>
13
EMERGÊNCIA PRÉ-HOSPITALAR │ UNIDADE I
Para saber mais sobre a história do APH, acesse:
<http://www.nemsmf.org/ (inglês)>
Atualmente, praticamente todas comunidades americanas possuem um serviço de emergência pré-
hospitalar, seja ele básico ou avançado, rural ou urbano. A atuação dos médicos nesses sistemas é 
voltada para o treinamento, a supervisão, o controle de qualidade e o gerenciamento de serviços. 
Os serviços existem como estruturas governamentais ou pertencentes a empresas privadas. Os 
profissionais possuem diferentes níveis de treinamento; muitos atuam, também, como bombeiros 
ou policiais e, em sua maioria, são contratados e recebem salários, mas alguns serviços, sobretudo 
os rurais, são conduzidos por voluntários. (ARNOLD, 2006)
A ativação do serviço de emergência nos Estados Unidos é realizada pelo cidadão, a partir da ligação 
para um número único de emergência (911). A triagem é, então, realizada pelo operador da central 
de emergências, que definirá quais recursos serão despachados para o local (bombeiros, polícia, 
ambulâncias). Uma vez que o serviço é acionado, um profissional de emergência mantém contato 
permanente com o solicitante, por meio de ligação telefônica, de tal forma a orientá-lo até a chegada 
das equipes ao local. Frequentemente, policiais e bombeiros são os primeiros a serem despachados 
e os primeiros a chegarem, pois, usualmente, encontram-se mais próximos, dada a distribuição das 
unidades de patrulhamento e quartéis de bombeiros.
figura 7. Cartaz de divulgação do número único de emergências nos EuA.
fonte: <www.inewscatcher.com>
O atendimento, por sua vez, é realizado de forma a estabilizar o paciente e a removê-lo sem demora 
até o centro de referência. Segundo o modelo anglo-saxônico, convencionou-se chamar de “hora de 
ouro” o tempo decorrido a partir do momento do trauma até o seu atendimento em uma unidade 
especializada e que não deve ser superior a uma hora. Dentro dessa chamada “hora de ouro”, 
convencionou-se que o pré-hospitalar não deveria ocupar mais do que 10 minutos, no chamado “10 
minutos de platina”. (HARGREAVES, 2000)
No modelo chamado franco-germânico, representado comumente pelo sistema adotado pelo 
SAMU francês, o médico faz a regulação das chamadas de emergência e é tripulante das unidades 
14
UNIDADE I │ EMERGÊNCIA PRÉ-HOSPITALAR
de atendimento. O conceitode estabilização e transporte rápido é substituído pela estabilização 
cuidadosa e pelo tratamento no local.
Segundo Dick (2003), as principais diferenças encontradas entre os modelos franco-germânico 
(FG) e anglo-saxônico (AA) são as seguintes:
 » No AA, o paciente é trazido até o médico, enquanto que, no FG, o médico é levado 
até o paciente.
 » No FG, pacientes em situação de urgência, normalmente, são avaliados e tratados 
por clínicos gerais em seus consultórios ou na residência do paciente, com muito 
pouca abordagem no serviço de emergência. A maioria dos pacientes tratados na 
emergência de hospitais nos Estados Unidos não vai para o hospital, na Alemanha.
 » Pacientes em situações de emergência (risco iminente de morte) são tratados 
por médicos de emergência no local do evento e durante o transporte, no FG. 
Paramédicos, frequentemente, chegam primeiro ao local do evento e, até a chegada 
do médico, ele realiza os procedimentos iniciais de ressuscitação, básico e avançado.
 » Pacientes em situações de emergência podem ter que aguardar até 10 minutos pela 
viatura e equipes apropriadas, em 80% das respostas, e até cerca de 15 minutos em 
95% dos casos, no FG.
 » No AA, o despacho é feito por um operador de emergência, que pode enviar 
suporte básico ou avançado de vida. No segundo caso, a autoridade técnica maior 
da tripulação é o paramédico, que deve conduzir a estabilização e o transporte da 
vítima o mais rápido possível até o hospital.
 » O tempo total de atendimento pré-hospitalar no modelo FG é superior ao do AA.
 » A Medicina de Emergência é uma especialidade médica no AA, enquanto que, no FG, 
é considerada como um treinamento adicional para especialistas de outras áreas.
 » O atendimento de emergência no FG é conduzido não apenas por anestesistas, mas 
também por internistas, cirurgiões, pediatras e outros.
 » O sistema baseado em paramédicos, dos Estados Unidos, foi desenvolvido em 1973, 
não porque se acreditava ser superior ao FG, mas por razões econômicas e uma 
relativa deficiência de médicos disponíveis para a adoção de modelo similar ao FG. 
Em contrapartida, o modelo alemão foi desenvolvido em 1938, pelo cirurgião alemão 
Martin Kirchner, tendo sido adaptado, posteriormente, na década de 1950, para o 
atendimento dos pacientes em situações de emergência, que deveriam receber o melhor 
cuidado disponível, o que incluía o atendimento por médico qualificado. No modelo 
AA, o paramédico atua como uma extensão do departamento de emergência (por 
razões econômicas), enquanto que, no FG, o médico que atua no local do evento faz 
como extensão da unidade de terapia intensiva. O médico é capaz de avaliar e fornecer 
atendimento inicial a diversas situações críticas, tendo o paramédico como seu auxiliar.
15
EMERGÊNCIA PRÉ-HOSPITALAR │ UNIDADE I
Ainda de acordo com o mesmo autor, no FG, os médicos recebem um bom treinamento, embora o 
conceito e a estrutura utilizados sejam diferentes da padronização americana. No FG, a Medicina 
de Emergência é parte da grade curricular dos estudantes de Medicina, que devem, ao longo do 
curso, realizar cursos de suporte básico e avançado da vida, bem como treinamento específico 
para o atendimento de emergências. Além disso, a Medicina de Emergência é parte do exame final 
obrigatório. Após a conclusão do curso (6 anos), cada médico deve atuar em um sistema semelhante 
ao internato americano, por 18 meses, em que são exigidas atividades práticas de emergência.
No AA, a Medicina de Emergência é uma especialidade primária nos Estados Unidos (três anos).
Na avaliação do estudo apresentado por Dick (2003), chega-se às seguintes conclusões.
1. No FG, o médico é levado até o paciente, enquanto que, no AA, o paciente é levado 
até o médico.
2. No FG, médicos de emergência e paramédicos fornecem atendimento de terapia 
intensiva aos pacientes, o que permite alta qualidade no atendimento de emergência.
3. No FG, se os paramédicos possuem treinamento especializado, podem realizar 
alguns procedimentos, não apenas de suporte básico de vida, mas também avançado, 
sob supervisão médica.
4. No AA, o paramédico tem mais autonomia no atendimento do que no FG.
5. As taxas de morbidade e mortalidade têm decaído no FG e são semelhantes ao do 
AA, para as situações de emergência, compreendidas por aquelas conhecidas como 
“hora de ouro” do atendimento.
6. O custo per capita ou por atendimento de emergência, no FG, é similar ou até 
mesmo menor do que o do AA, com qualidade semelhante ou superior ao do AA.
7. Medicina de Emergência é uma especialidade médica no AA, enquanto, no FG, é 
uma supraespecialidade, ou seja, um treinamento adicional para especialistas de 
outras áreas.
O estudo em questão avalia, portanto, a questão da resposta pré-hospitalar, sem tecer maiores 
considerações a respeito do atendimento hospitalar que, nos Estados Unidos, é realizado por 
especialistas em emergência médica, enquanto, no FG, pelo próprio especialista que a patologia 
requer. O que poderia parecer uma vantagem, no caso de o atendimento, no FG, ser realizado pelo 
próprio especialista, recebe muitas críticas, pelo tempo e custo demandado, pois um paciente com 
traumatismo craniano leve, enquanto é muito bem atendido por um médico de emergência nos 
Estados Unidos, no modelo FG, é, frequentemente, avaliado por um especialista em neurologia 
ou em neurocirurgia, o que contribui para sobrecarregar o atendimento desses especialistas. Nos 
Estados Unidos, apenas casos referenciados pelos médicos de emergência são encaminhados aos 
outros especialistas.
A resposta em desastres no modelo francês é feita por intermédio do médico regulador do Serviço de 
Assistência Médica de Urgência (SAMU), que despacha equipes médicas para avaliação da situação. 
16
UNIDADE I │ EMERGÊNCIA PRÉ-HOSPITALAR
É, então, acionado o chamado Plano Vermelho, se a situação se configura como acidente com 
múltiplas vítimas. O atendimento no local do evento com o sistema de triagem é bem semelhante 
ao utilizado nos Estados Unidos, com a ressalva de que, no modelo FG, a avaliação e o atendimento 
inicial já são conduzidos por médicos, enquanto que, nos Estados Unidos, quem desempenha essas 
funções é o paramédico. O médico, naquele país, apenas em situações muito específicas e/ou graves, 
é deslocado para o local do evento, o que é feito em conjunto com o Corpo de Bombeiros. No modelo 
FG, uma vez acionado o Plano Vermelho (simultaneamente é acionado o chamado Plano Branco, 
destinado a colocar os hospitais em alerta), as equipes médicas passam a atuar em conjunto com os 
demais profissionais de socorro (bombeiros, polícia etc.).
PArtE 1 – APH no Brasil
O modelo de resposta em emergências e desastres no Brasil possui algumas peculiaridades.
Não há um modelo nacional de Planos de Desastre, tampouco de resposta coordenada. Algumas 
poucas cidades possuem planos específicos, mas não há a cultura nem a doutrina do emprego do 
ICS (Incident Command System) no gerenciamento de crise, de um modo geral. A maioria dos 
hospitais sequer sabe o que é um Sistema de Comando de Incidentes.
Até pouco tempo, não existia, no Brasil, um sistema ou modelo predominante de atendimento de 
emergência pré-hospitalar e cada estado ou município adotava o que julgava ser melhor para sua 
região. Assim, enquanto no Rio de Janeiro predominava o modelo franco-germânico, na maioria 
das demais regiões existia um modelo misto, com utilização de socorristas, técnicos de enfermagem 
e médicos (que só eram deslocados após avaliação do suporte básico ou mediante protocolos) ou, 
simplesmente, não existia modelo algum e o atendimento era feito por bombeiros ou pela prefeitura. 
(HARGREAVES, 2000)
Em 2003, com a criação do SAMU, no âmbito do SUS, o Brasil passou a adotar o modelo franco-
germânico, com protocolos e estrutura semelhantes ao SAMU francês. Segundo informações do 
Ministério da Saúde, disponibilizadas no site do SAMU, atualmente, há 70 Serviços de Atendimento 
Móvel de Urgência, implantados e em operaçãono Brasil. Ao todo, 266 municípios são atendidos 
pelo SAMU.
A Portaria no 1.863/GM, de 29 de setembro de 2003, do Ministério da Saúde, que “Institui a Política 
Nacional de Atenção às Urgências, a ser implantada em todas as unidades federadas, respeitadas as 
competências das três esferas de gestão”, estabelece, no inciso 4 do art. 2o , o seguinte.
Estabelecer que a Política Nacional de Atenção às Urgências, composta pelos 
sistemas de atenção às urgências estaduais, regionais e municipais, deve ser 
organizada de forma que permita:
[...]
4 – fomentar, coordenar e executar projetos estratégicos de atendimento 
às necessidades coletivas sem saúde, de caráter urgente e transitório, 
decorrentes de situações de perigo iminente, de calamidades públicas e 
17
EMERGÊNCIA PRÉ-HOSPITALAR │ UNIDADE I
de acidentes com múltiplas vítimas, a partir da construção de mapas de 
risco regionais e locais e da adoção de protocolos de prevenção, atenção e 
mitigação dos eventos.
A Portaria no 2.048/GM do Ministério da Saúde, de 5 de novembro de 2002, 
determina que: os Corpos de Bombeiros Militares (incluídas as corporações 
de bombeiros independentes e as vinculadas às Polícias Militares), as Polícias 
Rodoviárias e outras organizações da Área de Segurança Pública deverão 
seguir os critérios e os fluxos definidos pela regulação médica das urgências 
do SUS, conforme os termos deste Regulamento.
A Portaria no 2.072/GM, de 30 de outubro de 2003, institui o Comitê Gestor Nacional de Atenção 
às Urgências e determina, em seu art. 3o, que seja elaborado o “Plano de Atenção aos Desastres”.
Assim, o Brasil possui diretrizes nacionais para a resposta de emergência, segue o modelo franco-
germânico de resposta a emergências e urgências pré-hospitalares, possui órgãos estaduais, para 
conduzir as operações de gerenciamento de crises e resposta estratégica de emergências, mas não 
possui um sistema de comando e controle de fato instituído (salvo em poucas cidades), tampouco 
um Plano de Atenção aos Desastres, como modelo nacional. Cada corporação e organização segue 
suas próprias orientações operacionais e administrativas, em alguns estados, sob a coordenação da 
Defesa Civil, mas sem que haja uma padronização de respostas para eventos críticos, como parte de 
uma doutrina ou cultura.
figura 8. Ambulâncias do SAMu no brasil
fonte: <saude.al.gov.br>
O Brasil, embora esteja construindo sua história no APH, sobretudo na área pública, ainda precisa 
de muito amadurecimento, no que diz respeito às relações institucionais e na construção de uma 
doutrina para a área. Infelizmente, ainda são comuns os conflitos entre bombeiros e integrantes do 
SAMU, com disputas que não fazem o menor sentido e só prejudicam os pacientes.
Não basta um serviço ter ambulâncias para ser considerado como APH. Sendo público ou privado, 
é necessário que haja algumas características presentes.
 » Ter equipe treinada em APH e unidades dedicadas a esse tipo de atendimento.
18
UNIDADE I │ EMERGÊNCIA PRÉ-HOSPITALAR
 » Ser apenas de Suporte Básico de Vida, situação de muitos Corpos de Bombeiros no país, 
de Suporte Básico e Avançado de Vida ou, ainda, apenas de Suporte Avançado de Vida, 
mais comumente encontrado em serviços privados.
 » Contar com a presença de regulação médica.
 » Possuir unidades especialmente equipadas para APH, podendo, no entanto, ser 
especializadas para um tipo de atendimento (UTI Pediátrica, Coronária, de Trauma etc.).
 » Ter equipes em condições de atuação em sistema de pronto-emprego.
As unidades de suporte avançado de vida, obrigatoriamente, devem ser tripuladas com médico 
e enfermeiro.
Não existe, no Brasil, a atividade de Paramédico, nem de Técnico de Emergência Médica. Existem 
Técnicos de Enfermagem com treinamento de emergência, mas que em nada se assemelham, em 
termos de formação e função, aos do EMT americano. Os Técnicos de Enfermagem, no Brasil, não 
podem atuar sem supervisão de enfermeiro e nenhuma medicação pode ser fornecida sem a devida 
prescrição médica. Procedimentos invasivos, como a entubação orotraqueal, são privativos do médico. 
A desfibrilação externa automática pode ser realizada por qualquer pessoa que tenha sido treinada, no 
entanto, a desfibrilação convencional, apenas por médico. Acesso venoso periférico pode ser realizado 
por profissionais de enfermagem, desde que haja prescrição médica e jamais por socorristas.
A atividade de socorrista é entendida como sendo a prestação de suporte básico de vida por pessoas 
que tenham sido treinadas em primeiros socorros. Não é profissão regulamentada em nosso país.
Com relação ao pronto-emprego, é importante que tenhamos em mente que, quanto mais rápido o 
atendimento inicial, maiores as chances de sobrevivência do paciente, no entanto, isso não autoriza 
a ambulância a se deslocar em alta velocidade. Sua localização deve ser devidamente estudada, para 
que esteja próxima das ocorrências, quando existirem.
O tempo de resposta ao atendimento corresponde às seguintes fases.
1. Tempo decorrido do evento até a chamada de socorro.
2. Tempo decorrente do recebimento da chamada até o despacho do socorro.
3. Tempo do recebimento do despacho do socorro até o início do deslocamento das 
unidades.
4. Tempo do deslocamento das unidades até o local do evento.
Embora o espaço seja produto da velocidade pelo tempo, o que nos incentivaria 
a correr, a energia cinética liberada, é igual ao produto da massa pela velocidade 
elevada ao quadrado, dividida por dois, ou seja, não é correndo que conseguiremos 
resolver a falta de planejamento ou de recursos materiais.
Não é admissível que, pela falha na resposta nos itens de 1 a 3, o item 4 seja utilizado para compensar 
o tempo decorrido.
19
EMERGÊNCIA PRÉ-HOSPITALAR │ UNIDADE I
O item 1 é independente do serviço, mas os itens 2 e 3 são diretamente relacionados à organização 
e disponibilidade de recursos materiais e humanos do serviço de APH. O item 3 deve ser o mais 
curto possível.
Assim, o serviço de APH é fundamental no atendimento a vítimas, decorrente dos mais variados 
agravos à saúde, mas há necessidade de organização, coordenação, treinamento e planejamento.
O SAMU utiliza o termo “urgências” para toda situação crítica, mas, na literatura, 
encontramos a diferenciação entre emergência (risco iminente de morte) e a 
urgência (necessidade imediata de atendimento, mas sem risco iminente de morte). 
Seria a diferença do vermelho para o amarelo, na triagem.
Na ausência de um serviço estruturado, como o SAMU, em muitos locais, 
durante anos, os bombeiros assumiram o papel de atendimento de emergência 
pré-hospitalar. Com a implementação do SAMU, contudo, esse processo foi 
incrementado e novos papéis definidos. O combate a incêndios, o salvamento 
e o resgate são atividades típicas de bombeiros, enquanto a assistência pré-
hospitalar é típica do SAMU. Onde há bombeiros em quantidade suficiente e com 
treinamento adequado para, além de atender as atividades típicas da Corporação, 
também realizar ações de pré-hospitalar, melhor ainda, uma vez que podem 
atuar em conjunto com o SAMU. O suporte básico de vida pode ser prestado por 
bombeiros e o avançado pelo SAMU, sem nenhuma necessidade de conflito ou 
vaidades. A coordenação desses atendimentos deve ser sempre técnica, já que 
há vidas em “jogo”. Assim, quem coordena atendimento pré-hospitalar deve ser 
o SAMU, independente de haver cooperação de outros órgãos, como bem está 
definido pelo Ministério da Saúde. Da mesma forma, quem tem a autoridade para 
coordenar ações de salvamento e resgate são os especialistas dos bombeiros.
 Para saber mais sobre Regulação Médica nas emergências, acesse:
<http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/Manual%20de%20 Regulacao%20
Medica%20das%20Urgencias.pdf>
Quando há ações conjuntas a serem coordenadas, o comando deve ser conjunto, como bem preconiza 
o modelo do Sistema de Comando de Incidentes. Não há razão para ser diferente e, enquanto os 
conflitos dessanatureza existirem, ainda estaremos longe do amadurecimento necessário para a 
existência de um bom sistema de atendimento de emergências. 
Nosso país ainda tem muito no que avançar com relação ao APH. Há milhares de locais onde, 
simplesmente, inexiste um APH organizado, bem como há outros onde, inexplicavelmente, existe 
competição entre serviços públicos, com bombeiros, Samu e até mesmo polícia, atuando de forma 
contrária aos interesses da população, como vimos acima. Esses serviços devem atuar de forma 
integrada, em que cada um responde por sua área de especialização. Em um incêndio, a autoridade 
é o bombeiro, em uma ocorrência policial, é a polícia e, na emergência médica, é o médico. Simples 
assim. Há, também, muitos problemas envolvendo serviços públicos e privados e equipes de APH 
com profissionais que atuam apenas em hospitais.
20
UNIDADE I │ EMERGÊNCIA PRÉ-HOSPITALAR
Desastre é qualquer evento crítico que excede a capacidade de resposta da sociedade.
(Ciottone)
É uma questão cultural que deve passar por diversas modificações. Começa nos currículos escolares, 
com a população, desde cedo, aprendendo primeiros socorros e a acionar os serviços de emergência 
apenas quando necessário. Os profissionais de segurança pública e saúde, ao trabalharem de forma 
integrada, otimizam o atendimento de APH. É dessa forma que Seattle, nos Estados Unidos, possui 
um dos melhores serviços de APH do mundo.
Há necessidade de protocolos organizados, da utilização do Comando de Sistema 
de Incidentes (ICS) para eventos que o exijam, bem como da interação com os 
serviços hospitalares.
É um caminho que pode ser longo, mas que deve ser percorrido!
PArtE 2 – Segurança pública
Iniciaremos nosso estudo em Segurança Pública, falando da Prevenção e Resposta em Incidentes 
Críticos, como um dos elementos de Gestão de Crises em Defesa Civil.
O conceito de Defesa Civil é discutido em diferentes países do mundo, desde a década de 1920, 
objetivando preparar a população civil para ataques militares. Essa preparação foi fundamental 
ao longo dos anos, sobretudo, durante a Segunda Guerra Mundial. Durante os anos 1950 e 1960, 
contudo, houve a organização de serviços de Defesa Civil em diversos países, motivados pela Guerra 
Fria e o medo de uma guerra nuclear.
Foi, no entanto, na década de 1970, mais precisamente durante a Conferência Diplomática para 
Reafirmação e Desenvolvimento da Lei Humanitária Internacional em Conflitos Armados (1974-
1977), que o papel da Defesa Civil, como instituição de proteção dos civis em situações de conflitos, foi 
não apenas reconhecido como importante, como inserido no Protocolo Adicional I das Convenções 
de Genebra.
Esse Protocolo define Defesa Civil (Proteção Civil) como “conjunto de ações humanitárias voltadas 
para a proteção de populações civis contra perigos oriundos de hostilidades ou desastres, de tal forma 
a assisti-las em suas necessidades imediatas e assegurar as condições necessárias à sua sobrevivência”.
O símbolo internacional da Defesa Civil, também chamada de Proteção Civil em alguns locais, é um 
triângulo laranja em fundo azul, mas cada país fez suas adaptações a esse símbolo.
O surgimento da Defesa Civil, no Brasil, dá-se a partir de 1942, com a entrada do Brasil na Segunda 
Guerra Mundial.
21
EMERGÊNCIA PRÉ-HOSPITALAR │ UNIDADE I
 Para conhecer mais sobre a história da Defesa Civil no Brasil, acesse o link abaixo: 
<http://www.defesacivil.gov.br/historico/brasil.asp>
Desde então, diversas mudanças foram ocorrendo na estrutura da Defesa Civil, até chegarmos 
à configuração atual de Secretaria Nacional de Defesa Civil, órgão do Ministério de Integração 
Regional. O Órgão Superior da Organização do Sistema Nacional de Defesa Civil, no Brasil, é o 
Conselho Nacional de Defesa Civil (CONDEC), responsável pela formulação e pela deliberação de 
políticas e diretrizes do sistema. O CONDEC é composto por representantes de diversos órgãos 
governamentais do Poder Executivo.
A Secretaria Nacional de Defesa Civil é responsável pela articulação, coordenação e supervisão 
técnica do sistema, constituindo-se em Órgão Central.
Abaixo do Órgão Central, há os Órgãos Regionais, que, por meio das Coordenadorias Regionais de 
Defesa Civil (CORDECs), são responsáveis pela coordenação e pela articulação do sistema em nível 
regional e, por essa razão, estão presentes nas 5 macrorregiões brasileiras (Norte, Nordeste, Centro-
Oeste, Sudeste e Sul).
Em nível estadual, essa coordenação está a cargo das Coordenadorias Regionais de Defesa Civil e 
do Distrito Federal (CEDECs) e, em nível municipal, das Coordenadorias Municipais (COMDEC) e 
Núcleos Comunitários (NUDECs) de Defesa Civil.
O instrumento legal que trata e dispõe sobre o Sistema Nacional de Defesa Civil e o Conselho 
Nacional de Defesa Civil é o Decreto nº 7.257, de 2010, e a Lei nº 12.340, também, de 2010. Em abril 
de 2012, foi sancionada a Lei nº 12.608, que institui a Política Nacional de Proteção e Defesa Civil 
– PNPDEC; dispõe sobre o Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil - SINPDEC e o Conselho 
Nacional de Proteção e Defesa Civil - CONPDEC; autoriza a criação de sistema de informações e 
monitoramento de desastres; altera as Leis nos 12.340, de 1o de dezembro de 2010, 10.257, de 10 de 
julho de 2001, 6.766, de 19 de dezembro de 1979, 8.239, de 4 de outubro de 1991, e 9.394, de 20 de 
dezembro de 1996; e dá outras providências.
Legislação sobre Defesa Civil <http://www.defesacivil.gov.br/legislacao/index.asp>
Organização do Sistema Nacional de Defesa Civil <http://www.defesacivil.gov.br/
sindec/organizacao.asp>
Política Nacional de Defesa Civil <http://www.defesacivil.gov.br/sindec/politica.asp>
Defesa Civil nos Estados <http://www.defesacivil.gov.br/sindec/estados/index.asp>
Objetivo da Defesa Civil <http://www.defesacivil.gov.br/sindec/index.asp> 
22
UNIDADE I │ EMERGÊNCIA PRÉ-HOSPITALAR
figura 9. Logo da defesa Civil do brasil
fonte: <http://www.defesacivil.gov.br/sindec/organizacao.asp> 
A Constituição Federal brasileira, em seu art. 144, assim dispõe.
Da Segurança Pública
Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de 
todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das 
pessoas e do patrimônio, por meio dos seguintes órgãos.
I – Polícia Federal.
II – Polícia Rodoviária Federal.
III – Polícia Ferroviária Federal.
IV – Polícias civis.
V – Polícias militares e corpos de bombeiros militares. 
Ao definir as ações dos corpos de bombeiros, diz que: “aos corpos de bombeiros militares, além das 
atribuições definidas em lei, incumbe a execução de atividades de defesa civil”.
Essa é uma discussão antiga em diversos meios, pois há muitas pessoas que enxergam, nessa 
afirmação, que a execução das atividades de defesa civil é prerrogativa exclusiva dos corpos de 
bombeiros. Não é. Uma vez que as ações de defesa civil são inerentes a vários órgãos e, também, 
à sociedade organizada, os corpos de bombeiros têm o dever constitucional de executarem as 
atividades de defesa civil (não podem deixar de fazê-lo), mas não é uma exclusividade. Mesmo 
porque, se assim fosse, estaríamos relegando o conceito amplo de defesa civil às atividades 
específicas de bombeiro. Naturalmente que, entre as ações de defesa civil, há algumas que são típicas 
da atividade de bombeiro, como a de salvamento e de combate a incêndios e, nesse caso, devem 
ser realizadas por bombeiros, sempre que possível. Infelizmente, muitos são os municípios que 
sequer dispõem de um destacamento de bombeiros, além de termos, em nosso país, uma tradição 
forte de bombeiros voluntários, como em outros países, como o Chile. No Brasil, a maior parte dos 
bombeiros voluntários está no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina.
Nos Estados Unidos, a Defesa Civil foi transformada em Agência Federal de Manejo de Emergências 
(FEMA) e é parte do Departamento de Segurança Interna (Homeland Security Department), 
surgido após os atentadosde 11 de setembro. 
23
EMERGÊNCIA PRÉ-HOSPITALAR │ UNIDADE I
<http://www.dhs.gov/index.shtm> Departamento de Homeland Security
<http://www.fema.gov> FEMA
Ao colocar a FEMA no mesmo Departamento em que estão órgãos de combate ao terrorismo, os 
Estados Unidos centralizaram as ações de prevenção e resposta às mais diferentes situações críticas 
em uma única instituição, visando ao trabalho integrado e seguindo uma única política de ações.
Isso já não ocorre no Brasil. Aqui temos diferentes órgãos, sob a responsabilidade de diferentes 
ministérios, muitas vezes tratando de temas comuns. Não é à toa que uma pergunta é sempre feita 
no Brasil, quando se trata de resposta a desastres. Quem assume a coordenação?
Embora o Sistema de Comando de Incidentes (ICS), que estudaremos em breve, seja uma excelente 
ferramenta, ainda é pouco utilizado no Brasil e não resolve todas as situações de crise, estando mais 
indicado para resposta a emergências e desastres. Há, no entanto, outras crises a serem resolvidas 
em Segurança Pública.
Ao tratarmos de Prevenção e Resposta a eventos críticos e em particular a desastres e incidentes 
com múltiplas vítimas, são fundamentais que primeiro saibamos definir essas situações.
Diante de incidentes com magnitudes diferentes, independente de sua natureza, há necessidade 
de resposta articulada e organizada. Sutingco (CIOTTONE, 2006, cap. 30) afirma que “muitos 
incidentes, independente de tratar-se de um desastre ou incidentes menores, frequentemente, 
requerem resposta coordenada de uma variedade de agências ao longo de um já estabelecido sistema 
de comando e controle. O Incident Command System (ICS) foi criado para ser utilizado na cena de 
emergências e tem se tornado um instrumento-modelo de comando, controle e coordenação de uma 
efetiva resposta de emergência”.
A maioria dos planos de atendimento de múltiplas vítimas é inadequada e, usualmente, inferior 
aos procedimentos adotados na resposta diária de emergências. Essa constatação ocorre tanto em 
comunidades, com resposta avançada de emergência médica, quanto naquelas em que há apenas o 
sistema de resposta básico. (BUTMAN, 1982)
Os acidentes com múltiplas vítimas são aqueles em que, independente da natureza do evento, 
causam lesão a diversas pessoas simultaneamente. Nessas circunstâncias, é comum a resposta 
desorganizada por parte de equipes de emergência, seja no atendimento inicial, seja na definição 
do hospital de destino. Um exemplo de acidente com múltiplas vítimas foi o atentado de 11/09 ao 
World Trade Center, em Nova York (EUA). Nos desastres, a situação é diferente. A capacidade de 
resposta é inferior à magnitude do evento e, assim, a maioria das decisões estratégicas é tomada com 
base na estrutura existente e, frequentemente, o caos é estabelecido. Há em comum, no entanto, 
com as duas situações, a necessidade de resposta organizada, gerenciada com base em conceitos 
estratégicos, gerenciamento de crise e qualidade no atendimento.
Os chamados eventos críticos de grande porte, como acidentes com múltiplas vítimas e desastres, 
além de causarem comoção popular, requerem atendimento básico e especializado, de forma 
24
UNIDADE I │ EMERGÊNCIA PRÉ-HOSPITALAR
coordenada e baseada em planejamento adequado à realidade local, bem como treinamento 
continuado das equipes de emergência e da população.
A resposta de emergência deve ser baseada nessas situações de forma integrada, com comando 
unificado pelo conceito internacionalmente conhecido como “Incident Command System”, ou seja, 
um sistema de comando para incidentes, em que as diversas faces da resposta, como operações e 
logística, são tratadas de forma objetiva e com planejamento focado nas ações em curto, médio e 
longo prazo.
Em situações de desastre, como furacões ou em grandes tempestades em que há isolamento e grande 
destruição de cidades, sobretudo no interior do país, frequentemente, há um número de vítimas 
superior à capacidade de resposta das equipes de atendimento e hospitais da região. O atendimento 
é, usualmente, descoordenado e até mesmo improvisado. Poucas são as cidades preparadas para 
contingenciamento de emergências e desastres. Não há diferenças entre desastres e catástrofes. 
Ambas as palavras possuem o mesmo significado. No entanto, encontramos com maior frequência, 
em inglês e em espanhol, o equivalente à desastre (disaster e desastre, respectivamente), enquanto 
os franceses preferem o equivalente à catástrofe (catastrophe).
Os nossos problemas começam a partir da definição. Não há um consenso, em nosso país, quanto a 
esses termos, apesar de internacionalmente consolidados.
A Defesa Civil brasileira considera desastre “o resultado de eventos adversos, naturais ou 
provocados pelo homem, sobre um ecossistema vulnerável, causando danos humanos, materiais 
e ambientais e consequentes prejuízos econômicos e sociais”. Essa é uma definição ampla demais 
e, se a adotássemos, praticamente qualquer evento da natureza que provocasse qualquer tipo de 
dano ou prejuízo seria considerado um desastre, o que gera um grande problema, pois, assim, 
quando acionar um Plano de Desastres? A Defesa Civil (<http://www.defesacivil.gov.br/desastres/
recomendacoes/declarar/index.asp>) adota, ainda, os termos “Emergência em Desastre” e “Estado 
de Calamidade em Desastres”, o que acaba gerando alguma confusão e redundância, pois, por 
definição internacional, um desastre já é uma situação de emergência e de calamidade pública. Seria 
muito importante que todos seguissem a mesma nomenclatura e doutrina, no caso, a internacional.
Uma situação de desastre requer o esgotamento da resposta local, pela superioridade da magnitude 
do evento. Assim, adotaremos a definição internacionalmente aceita de desastre, que é aquela 
definida por Ciottone, em seu livro Disaster Medicine (2007), “Desastre é qualquer evento que excede 
a capacidade organizada de resposta da sociedade”. Ou seja, não basta um evento ser de grande 
magnitude, nem crítico, nem que cause muitos danos ou muitas mortes. Para ser um desastre, a 
capacidade de resposta organizada deve ser excedida pelo impacto ocorrido. Do contrário, teremos 
acidentes com múltiplas vítimas ou mesmo grandes tragédias, que implicam dor e sofrimento, mas 
não se traduzem por planos específicos.
Os incidentes são definidos, pela FEMA, como sendo “uma ocorrência, seja causada pelo homem ou 
por um fenômeno da natureza, que requer ações de resposta, para prevenir ou minimizar perdas de 
vida ou danos à propriedade e/ou ao meio ambiente”. É com essa definição que iremos trabalhar.
A formação de Gabinete de Crise é comumente negligenciada e muitos são os mitos que envolvem 
o atendimento de emergências e desastres. O Gabinete de Crise, no entanto, deve providenciar o 
25
EMERGÊNCIA PRÉ-HOSPITALAR │ UNIDADE I
gerenciamento de informações e do conhecimento necessário ao gerenciamento completo do evento, 
bem como a integração e a coordenação da resposta como um todo.
Os desastres, quanto a sua natureza, podem ser os seguintes.
 » Naturais: tornados, furacões, terremotos etc.
 » Provocados pelo homem: terrorismo, incêndios, acidentes aéreos etc.
 » Mistos: parte causada pelo homem e parte decorrente de fenômeno da natureza. 
Ex.: uma pessoa atira um cigarro aceso na mata, que, por estar muito seca e o vento 
favorável, produz incêndio florestal.
 » Siderais: causados por elementos espaciais.
 » PARTE 3 – Legislação brasileira aplicada ao APH.
Há diversos aspectos na legislação brasileira a serem aplicados ao APH. O primeiro deles diz respeito 
à omissão de socorro. Segundo o Código Penal, é crime:
Art. 135 – Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à 
criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em 
grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública:
Pena – detenção, de um a seis meses, ou multa.
Parágrafo único - A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão 
corporalde natureza grave, e triplicada, se resulta a morte.
Assim, com relação ao socorro de pessoas feridas ou em grave e iminente perigo, não se pode 
omitir socorro. No entanto, para que o crime esteja configurado, as seguintes condições devem 
ser satisfeitas.
 » Exista alguém inválido ou ferido em grave em iminente perigo.
 » Exista criança abandonada ou extraviada.
 » Seja possível prestar assistência sem se expor a risco pessoal.
 » Deixar de pedir socorro da autoridade pública.
Podemos perceber, portanto, que, se alguém passa diante de um carro em chamas, não se espera que 
essa pessoa arrisque sua vida, para tentar salvar os passageiros do veículo. Da mesma forma, prestar 
assistência significa poder de fato ajudar. Se uma pessoa verifica que outra foi atropelada, mas não 
possui conhecimentos de primeiros socorros, o mais adequado é chamar o socorro especializado 
(SAMU, Bombeiros) ou ainda um médico ou enfermeiro que presencia o acidente. Os primeiros 
socorros podem e devem ser iniciados, se as condições não oferecem risco pessoal a quem socorre, 
mas, se as condições da vítima não permitem sua remoção do local, o mais prudente seria chamar e 
aguardar o socorro, sem que houvesse qualquer omissão diante da lei.
26
UNIDADE I │ EMERGÊNCIA PRÉ-HOSPITALAR
A omissão de socorro existe quando um ferido em condição grave, por exemplo, simplesmente é 
ignorado por quem causou a sua lesão, ou por qualquer outra pessoa que, ciente dessa condição, 
opta por não fazer nada.
Da mesma forma, equipes de socorro que, podendo atuar diante de uma emergência, deixam de 
fazê-lo, também podem ser responsabilizadas.
Atuações desastradas no atendimento podem, também, levar a processos por lesão corporal, bem 
como por tentativa de homicídio ou mesmo homicídio. 
É comum, em filmes de ação, vermos pessoas, diante de alguém com grave dificuldade respiratória, 
apelarem para traqueostomias (ou cricotireoidectomias) com canetas esferográficas, como se fosse 
um procedimento de fácil execução para salvar vidas. Esse é um ato heroico de difícil execução e 
que não deveria ser ensinada e nem praticada por leigos ou pessoas que não estejam habilitadas a 
executá-las. Uma interpretação errada dos sinais e sintomas poderia levar alguém com obstrução 
parcial de vias aéreas ser submetido a um procedimento que pode até mesmo ser fatal ou trazer 
danos irreversíveis às cordas vocais. Mesmo cirurgiões experientes teriam dificuldades em realizar 
procedimentos dessa natureza, em ambiente pré-hospitalar e de forma improvisada.
É fundamental, portanto, que os profissionais de saúde conheçam suas limitações técnicas e legais, 
antes de realizarem qualquer procedimento na área de saúde.
A autorização legal para a prática profissional vem da realização de cursos técnicos ou de graduação. 
A pós-graduação, via de regra, não confere autorização para ninguém atuar como graduado naquela 
área. Assim, um engenheiro não pode exercer a advocacia, pelo fato de ter concluído uma pós-
graduação em direito, e nem alguém que não seja médico pode exercer a medicina, independente 
do curso de pós-graduação realizado.
Desta forma, temos o chamado Suporte Básico de Vida, que pode ser praticado por qualquer pessoa 
treinada e que tem como característica principal a não realização de procedimentos invasivos 
(entubação, acesso venoso etc.), nem o uso de medicamentos. O desfibrilador externo automático 
pode ser utilizado no suporte básico de vida, por qualquer pessoa que saiba utilizá-lo e é um 
importante instrumento para a reanimação, quando bem indicado.
O Suporte Avançado de Vida, por sua vez, só pode ser realizado por médicos e enfermeiros, 
cada um dentro de suas respectivas áreas de atuação e implica na utilização de medicamentos e 
procedimentos invasivos.
O fato de uma vítima morrer durante um atendimento não significa que tenha havido erro 
profissional ou que o socorrista tenha sido culpado e seja processado por homicídio, que pode ser 
doloso (houve a intenção de matar) ou culposo (sem a intenção de matar). Existe, ainda, o chamado 
dolo eventual, que ocorre quando a pessoa, sem a intenção de matar, assume o risco de provocar a 
morte, mesmo podendo evitá-la. Poderia ser o caso, por exemplo, de alguém que dirige bêbado, em 
alta velocidade ou na contramão. 
Para que o homicídio seja culposo, há necessidade de que o resultado (a morte) não tenha sido 
desejado e que tenha ocorrido por negligência, imprudência ou imperícia.
27
EMERGÊNCIA PRÉ-HOSPITALAR │ UNIDADE I
A negligência ocorre pelo descuido, pela falta de cuidado e atenção. Como exemplo, podemos dar 
o do profissional que deixa de perceber que o monitoramento do paciente não está sendo feito por 
não ter sido colocado de forma adequada ou ainda uma medicação que foi aplicada sem ter sido 
conferida se era de fato para aquele paciente.
A imprudência ocorre quando se age sem precaução, de forma precipitada. É o caso, por exemplo, 
do transporte aeromédico realizado com condições de risco desnecessários ao paciente. Não é à toa 
que nossas avós já diziam que “canja de galinha e prudência” não fazem mal a ninguém. Quem atua 
na área de saúde não pode ser precipitado. 
A imperícia, por sua vez, ocorre quando alguém realiza um procedimento sem que possua 
conhecimentos técnicos para realizá-lo. É o caso, como citado anteriormente, de alguém que não 
sendo médico, resolve fazer uma traqueostomia com uma caneta ou mesmo uma faca e o paciente 
morre. Se a morte foi consequência do procedimento mal realizado, o socorrista pode ser processado 
por homicídio culposo ou dependendo do caso, até mesmo por dolo eventual.
Não podemos, no entanto, confundir a morte decorrente de acidentes ou patologias, que ocorrem 
durante as tentativas de resgate, em que a equipe, infelizmente, não conseguiu evitar, apesar de todos 
esforços realizados, dentro de protocolos técnicos amplamente aceitos, com aquelas resultantes de 
falhas técnicas (erros) ou provocadas.
Uma questão sempre discutida é com relação à declaração de morte no ambiente pré-hospitalar. Quem 
pode declarar a morte? Bom, se os sinais de morte são evidentes (ex.: decapitação, decomposição), 
está óbvio que a vítima está morta e nenhuma manobra de reanimação será tentada. Nesse caso, o 
local deve ser isolado, até a chegada da autoridade policial. 
Nos casos em que não é possível determinar há quanto tempo a vítima encontra-se em parada 
cardiorrespiratória ou quando ocorreu há poucos minutos, a equipe de reanimação deve iniciar todos 
esforços dentro de seus conhecimentos técnicos e sua habilitação legal, com vistas à recuperação 
do paciente. As manobras devem ser continuadas, até a chegada de suporte avançado, chegada 
ao hospital ou até que um médico declare que a vítima está morta. Em casos extremos, em que 
não haja médicos na região, o óbito pode ser declarado por duas testemunhas idôneas que tiverem 
presenciado alguém morto, segundo a legislação vigente.
Com relação ao sigilo profissional, temos que é crime o seguinte.
“Código Penal art.325 – Revelar fato de que tem ciência em razão do cargo e 
que deva permanecer em segredo, ou facilitar-lhe a revelação.
Pena – detenção de 6(seis) meses a 02(dois) anos, ou multa, se o fato não 
constitui fato mais grave”
A Constituição Federal também assim se manifesta.
Art.5o inciso X – “São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a 
imagem das pessoas, assegurado o direito à indenização pelo dano material ou 
moral decorrente de sua violação”
28
UNIDADE I │ EMERGÊNCIA PRÉ-HOSPITALAR
Todos os Códigos de Ética das profissões da saúde também proíbem a divulgação de fatos que 
tenham sido conhecidos em virtude do atendimento realizado.
No atendimento pré-hospitalar, isso não é diferente. O fato da vítima estar em local público ou do fato 
ter sido divulgado pela mídia não dá direito ao profissional de comentar detalhes nem informações 
sobre o paciente, sem a devida autorização do paciente ou nos casos expressos em lei (justa causa 
ou dever legal).A justa causa ocorre, por exemplo, quando um paciente morreu em decorrência de 
uma enfermidade infectocontagiosa e a população pode ser estar em risco. Ainda assim, todos os 
esforços devem ser tomados para que apenas as informações realmente pertinentes e necessárias 
sejam reveladas. A morte da vítima não cessa a obrigação da guarda de sigilo profissional. Todo 
cuidado, portanto, deve ser tomado, sobretudo em declarações públicas.
A normatização do atendimento pré-hospitalar é feita por meio da Portaria no 2048/GM, do 
Ministério da Saúde, de 5 de novembro de 2002.
A Resolução do Conselho Federal de Medicina no 1.672/2003, dispõe sobre o transporte inter-
hospitalar de pacientes e dá outras providências. 
Em 2003, como já visto anteriormente, o Ministério da Saúde institui a Política Nacional de Atenção 
às Urgências, por meio da Portaria no 1863/2003.
< http://www.saude.mg.gov.br/atos_normativos/legislacao-sanitaria/estabelecime 
ntos-de-saude/urgencia-e-emergencia/portaria_2048_B.pdf>
<http://www.portalmedico.org.br/resolucoes/cfm/2003/1672_2003.htm>
<http://dtr2001.saude.gov.br/sas/PORTARIAS/Port2003/GM/GM-1863.htm>
29
CAPÍtuLo 2
transporte e evacuação de feridos 
em APH
O transporte de pacientes e evacuação de feridos é de grande importância, uma vez que o atendimento 
pré-hospitalar vai até a chegada do paciente ao hospital.
Quais meios de transporte de pacientes podem ser utilizados? Nos filmes, assistimos, com frequência, 
a utilização de helicópteros? Será que eles têm indicação para todos os casos? 
Neste capítulo, estudaremos os diferentes meios de transporte de pacientes e evacuação de feridos.
PArtE 1 – transporte terrestre
O transporte de pacientes por meio terrestre é o mais conhecido e convencional e, usualmente, é 
feito por ambulâncias. Já estudamos os primeiros modelos de ambulância propostos por Dominique 
Larrey, nas guerras Napoleônicas, e sabemos que, desde então, os modelos foram ficando cada vez 
mais sofisticados.
Por meio terrestre, podemos entender o transporte feito por ambulâncias, como também o 
atendimento de emergência prestado pelas moto-ambulâncias (“motolâncias”) e as bicicleta-
ambulâncias (“bikelâncias”). As motos e as bicicletas, apesar de receberem o nome de ambulâncias, 
não são voltadas para o transporte de pacientes propriamente ditos, com exceção de algumas 
regiões do Brasil que adaptaram macas para serem colocadas em cima de bicicletas de quatro 
rodas. Em geral, o objetivo das motos e bicicletas é poder circular em locais de difícil acesso aos 
veículos maiores ou mesmo para chegar mais rápido. A vantagem é que, com frequência, esses 
veículos possuem equipamentos, como o desfibrilador externo automático, e são conduzidos por 
profissionais de emergência treinados.
figura 10. Motolâncias do SAMu
fonte: <http://blogs.estadao.com.br/jt-cidades/tag/motolancia/>
30
UNIDADE I │ EMERGÊNCIA PRÉ-HOSPITALAR
figura 11. bikelância do SAMu-df
fonte: <www.samu192.df.com.br>
O atendimento em motos e bicicletas, naturalmente, exige rigoroso treinamento e habilidades 
específicas, havendo necessidade de curso de formação, uma vez que possui riscos não apenas para 
o condutor, como também para as pessoas que transitam nas ruas. As motos são excelentes meios 
de transporte para se chegar a pacientes críticos, quando o local é de difícil acesso, o que inclui 
não apenas trânsito complicado, com grandes “engarrafamentos”, como também em locais onde 
a estrada não permite a passagem de veículos maiores, como praias e áreas rurais, muitas vezes 
castigadas pelas chuvas. O objetivo é chegar rápido, para estabilizar o paciente. As bicicletas, por 
sua vez, tem grande utilidade em parques e áreas de lazer.
Há, também, uma viatura muito empregada em socorro, que não é também uma ambulância, mas 
tem grande aplicabilidade e importância, que é a viatura de intervenção rápida. Trata-se de um 
carro, geralmente, equipado com equipamentos de suporte avançado de vida e tem por objetivo 
chegar rápido ao local, também com o objetivo de estabilizar o paciente crítico. As viaturas dessa 
natureza têm por característica principal serem de dimensões inferiores às das ambulâncias, o que 
garante maior mobilidade no trânsito, permitindo, também, chegar a locais de difícil acesso para as 
ambulâncias convencionais. 
figura 12. veículo de Intervenção Rápida
fonte: <samujoinville.blogspot.com>
31
EMERGÊNCIA PRÉ-HOSPITALAR │ UNIDADE I
Empregamos muito o conceito da necessidade de chegada rápida ao local. Contudo, é importante 
termos em mente que chegar rápido não significa, necessariamente, descumprir regras de trânsito. 
Quando bem distribuidos os recursos, eles podem estar rapidamente disponíveis, sem colocar em 
risco a vida da equipe e pacientes.
Aprendemos na Física que S=VT, em que S representa espaço, V, a velocidade e T, o tempo. Assim, 
quanto maior a velocidade, menor o tempo para se chegar a determinado lugar. O problema dessa 
equação, quando aplicamos para o atendimento de emergência, é que devemos nos lembrar da 
energia cinética e sua fórmula, que é aquela associada ao movimento. A energia cinética é igual 
à massa, multiplicada pela velocidade ao quadrado, dividido por dois. Ou seja, quanto maior a 
velocidade maior será a energia liberada e, em caso de acidente, absorvida pelo veículo acidentado 
e seus ocupantes. Acidentes com ambulâncias, infelizmente, são frequentes e, por essa razão, todo 
cuidado é pouco. 
As ambulâncias no Brasil são classificadas conforme o disposto na Portaria no 2048/2002 e que faz 
parte da Política Nacional de Atenção às Urgências e Emergências.
 Visite o site:
<http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/Politica%20Nacional.pdf.>
Aqui são, também, definidas as atribuições de cada membro das equipes de APH, entre outras. A 
referida Portaria, dispõe conforme a seguir.
“As dimensões e outras especifi cações do veículo terrestre deverão obedecer às 
normas da ABNT – NBR 14561/2000, de julho de 2000.
As ambulâncias são classificadas da seguinte maneira.
TIPO A – Ambulância de Transporte: veículo destinado ao transporte em 
decúbito horizontal de pacientes que não apresentam risco de vida, para 
remoções simples e de caráter eletivo.
TIPO B – Ambulância de Suporte Básico: veículo destinado ao transporte 
inter-hospitalar de pacientes com risco de vida conhecido e ao atendimento 
pré-hospitalar de pacientes com risco de vida desconhecido, não classificado 
com potencial de necessitar de intervenção médica no local e/ou durante 
transporte até o serviço de destino.
TIPO C – Ambulância de Resgate: veículo de atendimento de urgências pré-
hospitalares de pacientes vítimas de acidentes ou pacientes em locais de difícil 
acesso, com equipamentos de salvamento (terrestre, aquático e em alturas).
TIPO D – Ambulância de Suporte Avançado: veículo destinado ao atendimento 
e transporte de pacientes de alto risco em emergências pré-hospitalares e/ou 
de transporte inter-hospitalar que necessitam de cuidados médicos intensivos. 
Deve contar com os equipamentos médicos necessários para essa função.
32
UNIDADE I │ EMERGÊNCIA PRÉ-HOSPITALAR
TIPO E – Aeronave de Transporte Médico: aeronave de asa fixa ou rotativa 
utilizada para transporte inter-hospitalar de pacientes e aeronave de asa 
rotativa para ações de resgate, dotada de equipamentos médicos homologados 
pelo Departamento de Aviação Civil – DAC.
TIPO F – Embarcação de Transporte Médico: veículo motorizado aquaviário, 
destinado ao transporte por via 100 marítima ou fluvial. Deve possuir os 
equipamentos médicos necessários ao atendimento de pacientes conforme 
sua gravidade.”
É fundamental que a equipe de APH seja treinada, conheça os equipamentos a serem utilizados e 
que os pacientes estejam estabilizados para remoção. O transporte terrestre, ao ser escolhido como 
sendo o meio a ser utilizado, deve levar em consideração o seguinte.
 » Condições de saúde do paciente.
 » Estabilização hemodinâmica.
 » Distância a ser percorrida.
 » Condiçõesda estrada a ser utilizada.
 » Equipamentos disponíveis (reserva de oxigênio, por exemplo).
 » Avaliar custo x benefício da remoção.
Ao avaliar o quesito equipamentos, espera-se que haja autonomia de uso de pelo menos o dobro 
do tempo previsto para o transporte, sobretudo, naqueles realizados de forma eletiva. Assim, se o 
tempo previsto para o transporte de um paciente é de 30 minutos, deve haver oxigênio e bateria 
para os equipamentos de monitoramento, para, pelo menos, 60 minutos. Essa é uma das razões 
pelas quais transportes terrestres não serem indicados para grandes distâncias.
 figura 13. Interior de ambulância de Suporte Avançado de vida (Tipo d)
33
EMERGÊNCIA PRÉ-HOSPITALAR │ UNIDADE I
PArtE 2 – transporte aéreo
 “Alonga o voo. A imensidão recorta.
Domina, assim, o espaço, o Azul domina,
Já que o seio da terra não comporta,
O grandioso ideal que te fascina.
Sonha! Teu próprio sonho te transporta.
Acima de ti mesmo – Asas empinam!
Es quase um Deus! Ser homem pouco importa.
Se a conquista do céu, faz-se divina.
Ser como as águias. Voa nas alturas.
Transpõem o etéreo, as siderais planuras,
Da Via Láctea a célica mansão.
Sobe ainda mais, num frêmito inaudito.
-Percorre as cordilheiras do infinito.
Heroico bandeirante da amplidão.”
Palmyra Wanderley (1922)
O transporte aeromédico é, muitas vezes, romanceado no imaginário das pessoas. É comum 
vermos, em filmes e novelas, helicópteros realizando salvamentos e transporte de pacientes 
críticos para os hospitais.
Na vida real, contudo, embora o transporte aeromédico seja de grande utilidade para muitas 
situações, trata-se de recurso que precisa ser muito bem indicado e, ao mesmo tempo, equipado e 
operado com padrões altos de excelência, dado o risco que envolve a sua utilização.
Há, basicamente, dois tipos de aeronaves. As chamadas de asa fixa (aviões) e as rotativas 
(helicópteros). Há, também, dois tipos de operações com aeronaves. Os MEDEVACS e os CASEVACS. 
São termos militares, mas que podem ser aplicados ao transporte civil.
figura 14. Transporte aeromédico
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UNIDADE I │ EMERGÊNCIA PRÉ-HOSPITALAR
Fonte: <http://www.pjf.mg.gov.br/noticias/view.php?modo=link2&idnoticia2=33240>
Os MEDEVACS (Medical Evacuations) são operações de transporte de pacientes eletivos. São 
aqueles casos em que pacientes internados em uma unidade hospitalar necessitam ser removidos 
para outros hospitais, geralmente, com melhores recursos. Pode ser entendido, também, como o 
transporte de pacientes que estão no campo de batalha (mas que já foram estabilizados em uma 
unidade de campanha) para um hospital. 
Os CASEVACS (Casualty Evacuations) são operações que visam a resgatar o ferido no local em 
que se encontra até uma unidade que prestará o atendimento mais imediato. Caso, por exemplo, 
das aeronaves do Corpo de Bombeiros ou da Polícia Rodoviária, quando descem nas rodovias para 
transportar feridos graves, que, embora tenham recebido os primeiros socorros, requerem um 
atendimento hospitalar imediato.
Os termos acima, por vezes, são controversos, mas são úteis para nós, para que possamos, em outras 
palavras, diferenciar o transporte inter-hospitalar do pré-hospitalar.
A Política Nacional de Atenção às Urgências diferencia a natureza dessas operações ao chamar de 
CASEVAC as aeronaves de Asas Rotativas (Helicópteros) para atendimento pré-hospitalar móvel 
primário e prevendo como requerido o seguinte.
Conjunto aeromédico (homologado pelo Departamento de Aviação Civil – DAC): 
maca ou incubadora; cilindro de ar comprimido e oxigênio com autonomia 
de, pelo menos, 2 horas; régua tripla para transporte; suporte para fixação de 
equipamentos médicos. Em seguida, elenca todos materiais e equipamentos 
necessários para esse tipo de transporte. Observem que o CASEVAC, por sua 
própria natureza e especificidades, diz respeito, basicamente, a operações com 
aeronaves de asa rotativa (helicópteros). 
O MEDEVAC, por sua vez, diz respeito a “aeronaves de Asas Fixas (Aviões) e Aeronaves de Asas 
Rotativas (Helicópteros) para atendimento pré-hospitalar móvel secundário ou transporte inter-
hospitalar”, caracterizado por ser assim definido.
Conjunto aeromédico (homologado pelo Departamento de Aviação Civil 
– DAC): maca ou incubadora; cilindro de ar comprimido e oxigênio com 
autonomia de, pelo menos, 4 horas; régua tripla para transporte; suporte para 
fixação de equipamentos médicos.
35
EMERGÊNCIA PRÉ-HOSPITALAR │ UNIDADE I
Essa mesma Política trata da formação e capacitação das equipes de transporte aeromédico.
Capacitação Específica dos Profissionais de Transporte Aeromédico: os 
profissionais devem ter noções de aeronáutica e de fisiologia de voo. Essas 
noções devem seguir as determinações da Diretoria de Saúde da Aeronáutica e 
da Divisão de Medicina Aeroespacial, abrangendo o seguinte.
Noções de aeronáutica
1. Terminologia aeronáutica.
2. Procedimentos normais e de emergência em voo.
3. Evacuação de emergência.
4. Segurança no interior e em torno de aeronaves.
5. Embarque e desembarque de pacientes.
Noções básicas de fisiologia de voo
1. Atmosfera.
2. Fisiologia respiratória.
3. Estudo clínico da hipóxia.
4. Disbarismos.
5. Forças acelerativas em voo e seus efeitos sobre o organismo humano.
6. Aerocinetose.
7. Ritmo circadiano.
8. Gases, líquidos e vapores tóxicos em aviação.
9. Ruídos e vibrações.
10. Cuidados de saúde com paciente em voo. 
É prevista, ainda, capacitação adicional para esses profissionais. 
Enquanto no transporte primário (CASEVAC) das vítimas as condições clínicas da vítima, muitas 
vezes, apresentam-se como críticas e até mesmo desesperadoras, deve-se ter em mente que a decisão 
do transporte e do atendimento não cabe apenas ao médico, mas também ao piloto. Vários são os 
casos de acidentes com aeronaves que, na vontade de socorrer as vítimas, ignoraram condições 
meteorológicas severas ou condições de terreno adversas.
O SAMU-DF apresenta para o transporte aeromédico as seguintes indicações.
 » Tempo de chegada da ambulância terrestre superior a quinze minutos para casos 
graves.
 » Diferença de tempo terrestre aéreo para transporte superior a quinze minutos para 
casos graves.
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UNIDADE I │ EMERGÊNCIA PRÉ-HOSPITALAR
 » Indisponibilidade de transporte terrestre.
 » Acesso terrestre difícil ou impossível (montanhas, ilhas etc.).
O SAMU-DF, em protocolo assinado pelo Dr. Otávio Melo Junior, apresenta as seguintes diretrizes 
a serem utilizadas antes do voo e no interior das aeronaves. 
 » ANTES DO EMBARQUE
 › Informar pacientes colaborativos sobre as características do transporte.
 › Avaliar o paciente.
 › Avaliar os exames laboratoriais e de imagem, se presentes.
 › Monitorizar o paciente com cardioscópio, oxímetro de pulso e monitor não 
invasivo da tensão arterial.
 › Efetuar as imobilizações que forem necessárias.
 › Suplementar oxigênio em pacientes pneumopatas, cardiopatas, com distúrbios 
circulatórios, politraumatizados, queimados e com trauma ocular isolado.
 › Sedar e conter pacientes agitados.
 › Realizar no solo todos os procedimentos invasivos.
 › Obter acesso venoso periférico.
 › Drenar tórax de paciente com suspeita de pneumotórax .
 › Efetuar cateterismo nasogástrico em pacientes com patologia abdominal, 
comatosos ou com traumatismo raquimedular.
 › Introduzir cateter vesical em pacientes inconscientes, com traumatismo 
raquimedular ou distúrbios hemodinâmicos.
 › Estabilizar politraumatizados com a prancha longa, KED e colar cervical.
 › Imobilizar fraturas de membros, evitando a utilização de dispositivos infláveis.
 › Evitar contato do paciente com superfícies metálicas no caso de eventual 
cardiversão
 » NO INTERIOR DA AERONAVE
 › Continuar a suplementação de oxigênio e ventilação mecânica.
 › Manter imobilização cervical e de lesões músculo-esqueléticas.
 › Preparar material para assistência básica à ventilação (bolsa/máscara), aspiração 
e oxigenoterapia e medicações de urgência para utilização imediata.37
EMERGÊNCIA PRÉ-HOSPITALAR │ UNIDADE I
 › Dispor de aspirador manual portátil, em caso de falha do equipamento.
 › Infundir medicações críticas por meio de bomba infusora.
 › Proteger os ouvidos do paciente e, caso ele esteja lúcido, utilizar fone para 
radiocomunicação.
 › Manter o paciente aquecido.
 › Fixar o paciente a maca e todos os equipamentos.
 › Antes da decolagem, verificar se o paciente está confortável e seguro.
 › Durante o voo, qualquer alteração dos parâmetros hemodinâmicos deve ser 
anotada.
Sob o ponto de vista deste curso, é importante ao profissional que irá, de alguma forma, auxiliar 
nas operações com aeronaves conhecer algumas regras de segurança. É o caso, por exemplo, dos 
desastres, quando há o pouso de helicópteros em áreas críticas, tanto para resgate de pessoas 
isoladas quanto para transporte de feridos ou entrega de mantimentos.
O Ministério da Aeronáutica elaborou as “Instruções para Operação de Helicópteros para Construção 
e Utilização de Helipontos ou Heliportos” que podem ser consultadas em <http://www2.anac.gov.
br/biblioteca/portarias/port018GM5.pdf>
O Corpo de Bombeiros do Paraná elaborou uma cartilha muito interessante, em que apresenta as 
regras de segurança a serem adotadas para operações com helicópteros, que podem ser encontradas na 
íntegra em <http://pt.scribd.com/doc/62929463/98/Seguranca-nas-operacoes-com-helicopteros>
Os principais pontos apresentados nessa Cartilha são os seguintes.
As operações que envolvam helicópteros devem ser realizadas observando-se todos os preceitos de 
segurança, pois a aeronave exige uma criteriosa rotina de segurança que deve ser seguida, para evitar 
que acidentes ocorram. As recomendações abaixo são válidas para o emprego em qualquer tipo de 
helicóptero e garantem ao combatente e à guarnição da aeronave a segurança mínima, por isso devem 
ser sempre observadas. A seguir, fatores de segurança a serem observados pelas equipes de terra.
a. Mantenha-se afastado no mínimo a 20m do helicóptero quando ele estiver próximo 
ao solo. Procure ficar agachado para maior proteção.
38
UNIDADE I │ EMERGÊNCIA PRÉ-HOSPITALAR
b. Aproximar-se somente pela frente do helicóptero, para que o piloto tenha sua 
visualização. Jamais se aproxime do rotor de cauda.
c. Em terrenos inclinados, aproxime-se sempre pelo nível mais baixo.
d. Não olhe para o helicóptero quando ele está prestes a levantar voo. Use proteção para 
vistas, pois objetos podem ser lançados, devido ao deslocamento de ar ocasionado 
pelo movimento do rotor.
e. Ao aproximar-se do helicóptero com equipamentos e ferramentas, mantê-los 
próximo ao solo e segurá-los firmemente.
39
EMERGÊNCIA PRÉ-HOSPITALAR │ UNIDADE I
f. Somente pessoal qualificado deve colocar cargas e pessoas no helicóptero. Seguir as 
orientações do Comandante da Aeronave.
g. Procure sempre indicar a direção do vento ao piloto.
h. Mantenha entulhos, material cortado nos incêndios florestais e qualquer tipo de 
objeto no mínimo a 30 metros da área de manobra dos helicópteros.
i. Não descarregue, nem lance nenhum material ou equipamento do helicóptero 
enquanto o mesmo não estiver estabilizado no solo.
j. Em caso de acidente com a aeronave, após a retirada dos tripulantes e guarnição, 
mantenha distância e procure isolar a área.
Conheça os sites:
<http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/Politica%20Nacional.pdf>
<http://www.samu192df.com.br/samu/aeromedico/MostradiretrizesAero.
jsp?idnoticia=10>
PArtE 3 – outros meios de transporte
Outros meios de transporte incluem as chamadas “ambulanchas”, que são embarcações adaptadas 
para atuarem como ambulâncias e correspondem ao que foi normatizado pelo Ministério da Saúde, 
como a seguir.
TIPO F – Embarcação de Transporte Médico: veículo motorizado aquaviário, 
destinado ao transporte por via 100 marítima ou fluvial. Deve possuir os 
equipamentos médicos necessários ao atendimento de pacientes conforme sua 
gravidade.
Em geral, esse tipo de ambulância tem sua maior aplicabilidade em regiões onde o acesso por rios, 
lagos ou mesmo pelo mar, é mais ágil ou necessário, como no socorro às populações ribeirinhas ou 
que residem em ilhas e outras regiões com acesso restrito à ambulâncias terrestres.
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UNIDADE I │ EMERGÊNCIA PRÉ-HOSPITALAR
figura 15. Ambulancha do SAMu
fonte: <http://portal.saude.gov.br/portal/saude/visualizar_texto.cfm?idtxt=24348>
De acordo com o SAMU, as ambulanchas estão assim distribuídas em nosso país.
AMBULANCHAS SAMU 192 
REGIÃO NORTE
1. Porto Velho - RO
2. Macapá - AP
3. Manaus - AM
4. Belém – PA
REGIÃO SUDESTE
1. Rio de Janeiro//RJ
Percebemos, por esses números, que ainda há necessidade de muitas outras. Para um número 
atualizado, consultem sempre o portal do Ministério da Saúde.
41
CAPÍtuLo 3 
Situações especiais em APH
Neste capítulo, estudaremos diferentes situações que envolvem o APH e que diferem do atendimento 
rotineiro ou emprego usual de recursos.
PArtE 1 – Eventos de grande público 
(Mass Gathering)
Há um termo em inglês que é utilizado quando há um grande número de pessoas envolvidas em 
um mesmo evento. O termo é Mass Gathering. Não há uma definição rigorosa quanto ao que 
seriam esses tipos de evento, mas admite-se que acima de 1.000 pessoas reunidas ao mesmo tempo 
seria um exemplo desse tipo de situação. Esse é um conceito adotado pelo Colégio Americano de 
Médicos de Emergência (ACEP) e, também, pela Associação Americana de Médicos de Sistemas 
de Emergência Médica (NAEMSP). Como dissemos, esse não é um número exato e há variações 
em torno dele, dependendo do local a ser realizado. Um ginásio lotado com 500 pessoas também 
poderia ser considerado um evento de grande público. É importante que cada serviço de emergência 
tenha sua própria definição e, ao mesmo tempo, as ações a serem desenvolvidas a partir de então.
figura 16. Estádio de futebol lotado (exemplo de Mass Gathering)
fonte: Choi,Wuyeong
Esse é um tópico especialmente importante em um país como o nosso, que possui muitas festas 
populares que arrastam multidões, como o Carnaval, além de eventos desportivos, como as partidas 
de futebol e, sobretudo, a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016.
42
UNIDADE I │ EMERGÊNCIA PRÉ-HOSPITALAR
Assim, podemos ter um Mass Gathering quando há o seguinte.
 » Grande público (geralmente > 1.000 pessoas) em espaço limitado.
 » Número de pessoas elevado confinadas em espaço reduzido.
De um modo geral, a previsão de público deve seguir a regra de 01 pessoa sentada ou 02 em pé/m². O 
número de ingressos disponibilizados deve ser, portanto, compatível com a área destinada ao público.
Há um termo em inglês que, com frequência, causa confusão com o Mass Gathering. Quando temos 
um incidente com número elevado de feridos e, eventualmente, de mortos, dizemos que há um 
Incidente com Múltiplas Vítimas ou Acidente de Massa, que, em inglês, recebe o nome de Mass 
Casualty, como veremos em breve.
Há basicamente dois tipos de Mass Gathering.
 » Eletivos.
 » Inesperados. 
Os eletivos são aqueles que foram planejados com antecedência, como grandes shows de música, 
eventos desportivos, entre outros. Os inesperados, por sua vez, são aqueles que se formam sem uma 
preparação prévia. Um exemplo seriam passeatas que se formam de um momento para o outro e 
vão ganhando a adesão de populares.
Estima-se que haverá problemas médicos de 0,2 a 06 pacientes/1.000 pessoas e de 0,3 a 
0,4/1.000.000 em virtude de parada cardíaca, conforme estudos publicados por John Meredith, 
em sua obra Mass Gathering Events: Pre-Event Analysis and the Response Annals of Emergency 
Medicine, Vol.11. Issue 4, 2002.
É fundamental, no Planejamento de Eventos de Grande Público, que as seguintes variáveis e ações 
sejam realizadas e conhecidas.
1. Informações preliminares.
2. Mapa e reconhecimento do local.
3. Levantamento de ameaças, vulnerabilidades e riscos.
4. Mitigação para danos conhecidos.
5. Estimativa Médica de Situação
6. Treinamento.
7. Briefing (reunião destinada a explicar

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